22.4.14

Mini Fic - Capítulo 1


Joe Jonas ajudava um casal de idosos a descer as escadas de um antigo prédio de São Francisco até a calçada, quando o ar foi tomado por uma explosão de chamas e fumaça vinda de uma janela do segundo andar. Depois de dez anos como bombeiro, Joe sabia que nenhum incêndio podia ser considerado rotineiro. Nenhuma labareda queima sempre do mesmo jeito. E, às vezes, o pedido de socorro mais comum tornava-se o caso mais complicado, o mais perigoso.
 — Todo mundo para fora! — ordenou o capitão Todd à equipe. — O incêndio está piorando e vamos mudar para uma operação defensiva. Joe ainda tinha a mão no cotovelo da senhora de cabelos grisalhos e ela virou-se para ele com um olhar horrorizado.
 — Demi e Summer ainda estão lá dentro.
Ele sabia que a mulher estava quase em estado de choque, por isso, falou com ela com voz clara e firme.
— Quem são Demi e Summer?
— Minhas vizinhas, a mãe e a garotinha. Eu as vi entrando no apartamento delas há pouco tempo. — A mulher observou os outros moradores ao redor reunidos em volta dos caminhões de bombeiro enquanto viam seus pertences serem consumidos pelas chamas imensas, cada vez mais descontroladas.
 — Elas não estão aqui fora. — Ela agarrou o braço dele com força. — Você tem que entrar lá para salvá-las. Joe não era o tipo de bombeiro que acreditava em superstições; não tinha uma rotina regular, mas acreditava em seu instinto. E seu instinto dizia que havia um problema. Um problemão.
— Em qual apartamento elas estão? - Ela apontou para as janelas do terceiro andar. — Número 31. Estão no andar mais alto, no apartamento do canto. — A mulher parecia prestes a cair no choro. Segundos depois, ele encontrou seu parceiro Eric e o capitão em meio a uma
multidão de pessoas que tomavam conta da calçada e da rua.
— Precisamos voltar. Uma mãe e sua filha ainda podem estar lá. No terceiro andar, apartamento do canto. - Todd olhou de Joe para o fogo queimando dentro do prédio.
— Sejam rápidos, rapazes — ordenou, depois orientou o restante da equipe a direcionar os jatos das mangueiras para o apartamento, para tentar manter as chamas sob controle. Juntos, Eric e Joe puxaram a mangueira para dentro do prédio. Ao colocarem as máscaras, seus fones de ouvido foram ativados. Subiram as escadas o mais rápido possível, através da espessa fumaça que pairava sobre o ar, como o nevoeiro tão famoso de São Francisco. Com a ajuda dos aparelhos para respirar, eles estavam protegidos, mas um civil não aguentaria muito sem essas rajadas frequentes de oxigênio. Joe esforçou-se para deixar de lado seus temores pela mãe e filha e concentrou-se na subida do primeiro e do segundo andar até chegar ao terceiro. Chegaram rápido até o apartamento 31, mesmo arrastando a mangueira pesada através da fumaça espessa e pelos degraus íngremes e estreitos. Tentaram abrir a porta, que obviamente estava trancada. Joe tirou a machadinha do extintor de incêndio.

 — Se alguém estiver perto da porta, se afaste. Vou derrubá-la com a machadinha. — Mesmo gritando, a voz dele foi abafada pela máscara. A fumaça estava espessa, quase a ponto de ser cortada com uma faca. Será que encontrariam alguém vivo lá dentro?
— Você consegue? — Eric perguntou, enquanto tomava alguns jatos de oxigênio. Em vez de responder, Joe ergueu a ferramenta pesada para trás e acertou a ponta do machado contra a porta, bem ao lado da maçaneta. Uma porta oca teria se partido ao meio em poucos segundos, mas essa de madeira antiga era tão grossa que ele precisou bater várias vezes seguidas até ela se mexer. Quando sentiu o batente começando a ceder, ele chutou a porta. Finalmente, a porta se abriu e ele entrou. Enquanto colocava a machadinha no cinto, Joe alcançou a mangueira e começou a puxá-la para dentro, mas ela não se mexia.
— Está enroscada. Preciso de mais mangueira. - Ele olhou para trás e viu Eric puxando a mangueira com toda a força.
— Vou ter de voltar lá embaixo para ver onde está enroscada. - Ambos sabiam o quanto a situação era perigosa, com um bombeiro deixando seu parceiro para trás para soltar a mangueira. Joe, porém, não podia voltar com Eric. Não quando vidas estavam em jogo; não se os sessenta segundos que levaria para ajudar com a mangueira significassem a morte de uma criança naquela noite. As chamas queimavam acima de sua cabeça e, mesmo não estando na situação adequada, Joe abriu o bocal da mangueira e começou a jogar água no teto, tentando afastar as chamas. Podia sentir o calor de quase 400 graus atingindo seu macacão enquanto adentrava cada vez mais o apartamento. O apartamento era claramente um dos focos do incêndio, provavelmente onde tudo começou, a julgar pela fuligem branca e preta já cobrindo os móveis que ainda não haviam queimado. Pensando ter ouvido alguém pedir ajuda, ele parou. Com a mangueira ainda enroscada, não teve escolha a não ser soltá-la e ir em direção ao som. Uma porta branca com um espelho estava fechada e ele chutou-a, estilhaçando o espelho embaixo de suas botas com pontas de aço. No momento em que uma nova rajada de fumaça atravessou a porta, a visão dele ficou turva por alguns segundos, mas, mesmo não conseguindo enxergar ninguém dentro do pequeno banheiro, sabia exatamente onde procurar. Joe puxou a cortina do chuveiro e encontrou uma mulher segurando a filha nos braços, dentro de uma antiga banheira com pés de ferro.
Ele encontrou Demi e Summer.
— Demi, você se saiu bem, muito bem — disse a ela através da máscara. Os olhos dela estavam tão arregalados e tão assustados que ele sentiu um aperto no peito. — Vou ajudar você e Summer a sair daqui agora. Ela abriu a boca e tentou dizer algo, mas tudo o que conseguiu fazer foi tossir, com os olhos fechados enquanto as lágrimas escorriam pelo rosto. Ele tirou uma das luvas para tomar o pulso da garotinha desacordada. Agradecendo a Deus por ainda estar estável, ele colocou a luva de volta e, então, pegou a garota. Os olhos da mãe se abriram e, por um momento, brincaram de cabo de guerra antes de ela soltar a menina. Os lábios dela se mexeram em uma súplica silenciosa: Por favor. Sabia que não podia deixá-la sentir medo, que não podia permitir que o terror dela o impedisse de fazer o que precisava ser feito para tirá-las vivas dali. Mesmo assim, ficou olhando para ela mais do que deveria. O amor que sentia pela filha era tão evidente na expressão do rosto dela que era como se ele já a conhecesse há muito tempo, e não apenas há alguns segundos, no meio do que parecia uma zona de guerra. — Vou pegar a Summer e vamos engatinhar para fora daqui. Consegue fazer isso? -
 Ela assentiu e ele agarrou-lhe o braço para ajudá-la a escorregar pela ponta da banheira. Ela tremia, mas dava para perceber que era batalhadora. Depois de ajudá-la a sair da banheira, tirou a máscara de oxigênio e colocou-a sobre o rosto dela, para que seus pulmões pudessem receber um pouco de ar puro. Ela tentou empurrar, tentou colocar a máscara sobre o rosto da filha, mas ele previra esse movimento e balançou a cabeça.
 — Você precisa disso primeiro — alertou, em voz alta, para que ela pudesse ouvi-lo através da máscara. — Do contrário, será um peso morto e nenhum de nós sairá daqui vivo. - Então, Demi puxou a máscara e encaixou-a no rosto. Os olhos dela se arregalaram quando inalou o oxigênio pela primeira vez, e Joe sabia que tinha de retirar a máscara para que ela pudesse tossir algumas vezes antes de colocá-la de volta, segurando-a suavemente no lugar enquanto ela recebia o que tanto precisava. Quando ela balançou a cabeça e olhou ansiosamente para a filha, ele tirou a máscara, relutante, e colocou-a sobre a boca e o nariz de Summer. A garotinha se movimentou um pouco e tossiu. Estavam todos deitados no chão para evitar o calor e ele estava prestes a dizer a Demi quais seriam os próximos passos do plano de fuga quando o alarme do detector de movimento disparou. Era preciso reprogramá-lo antes que alguém da equipe pudesse ficar preocupado por ele estar machucado. Era tão perigoso quanto o inferno estar naquele apartamento no terceiro andar, e ele não queria mais ninguém de sua equipe ali, a não ser que não houvesse outra opção. Com a visibilidade quase nula, ele gritou:
 — Vamos engatinhar encostados no rodapé da parede para ficarmos abaixo da fumaça e do calor até encontrarmos a porta. Percorreram vagarosamente o caminho pelo rodapé até encontrarem a porta. Joe carregava Summer sob o braço esquerdo e observava Demi com frequência enquanto continuavam o caminho pela sala de estar, que estava milhões de vezes mais quente do que o banheiro. Ele rezava para que ela não desmaiasse com o calor. Por precaução, de vez em quando a ajudava, colocando o braço livre ao redor da cintura dela e puxando-a para a frente. Ela não se afrouxava nos braços dele, o que era uma coisa boa, mas podia sentir o quanto Demi estava fraca, o quanto estava lutando com todas as forças para permanecer consciente. Finalmente chegaram até a ponta da mangueira.
— Você está indo muito bem — animou-a. — Tudo o que precisamos fazer é agarrar a mangueira e segui-la até embaixo.
Ele pegou a mão dela e colocou-a sobre a rígida mangueira pressurizada. Ao ter certeza de que ela tinha conseguido, ficou atrás para ajudá-la a empurrar, erguendo-a quando suas pernas se dobravam, a cada metro, ou quando estava tossindo muito para continuar por conta própria.
Estava bastante difícil atravessar o calor e a fumaça, mesmo com seu macacão e seu reservatório de ar, e ele a admirou muito. Ele deveria estar carregando dois pesos mortos para fora daquele prédio, e não só a garotinha. O fato de Demi se segurar daquele jeito faria a diferença entre a vida e a morte.
— Vire-se — ele disse a ela quando alcançaram a base no topo das escadas.
— Vamos descer de costas. E vamos continuar nos movimentando aconteça o que acontecer. Ele se posicionou atrás dela de novo, descendo os degraus para pegá-la caso ela caísse. A garotinha estava se mexendo nos braços dele e Joe rezava para que ela não acordasse no meio desse inferno em chamas. Ouvindo um barulho alto de alguma coisa se abrindo, ele viu parte da parede ao lado da porta da frente que tinha arrebentado cair aos pedaços. Agarrado a Demi, ele andou com ela e a filha o mais rápido que pôde, muitos degraus abaixo. Ela abaixou a cabeça e tinha os braços sobre os cabelos, para evitar cair dura feito uma pedra.
— Continue andando! — ele gritou.
Cada segundo que passava enquanto desciam um degrau depois do outro era longo e perigoso. Ele podia sentir o quanto os degraus eram finos e gastos, e sabia que podiam despencar a qualquer momento. Quando conseguiu ouvir os gritos de sua equipe sobre o som das pequenas explosões que pipocavam ao redor deles, Joe decidiu que era hora de correr.
Ele ficou em pé para descer o mais rápido que pôde, com uma pessoa sob cada braço.
Quase no final da escada, Joe finalmente conseguiu ver o que tinha impedido seu parceiro de voltar para cima para ajudá-lo com a mangueira. Uma enorme viga do teto caíra sobre o corrimão, deixando toda a área em chamas. A julgar pela água e pela fumaça que saíam, ele imaginou que Eric tivesse se concentrado em apagar aquele fogo antes que queimasse toda a escadaria e deixasse Joe e as vítimas presos no andar de cima.
De algum modo, precisava passar pela viga, mas ela era muito grande e estava muito quente para atravessar sem colocar Demi no chão. Que droga! Ele não queria deixá-la ali sozinha, sujeita a qualquer coisa que pudesse acontecer enquanto levasse Summer para fora.
Graças a Deus, nesse exato momento, através da fumaça, ele ouviu uma voz gritando:
— Entregue-as para a gente. — E, momentos depois, Eric e Todd tiravam mãe e filha de seus braços para levá-las a um lugar seguro.  Por incrível que pareça, foi nesse instante que Demi perdeu a consciência, e os dedos fortes que estiveram agarrados aos braços dele foram ficando frouxos, enquanto Eric a tomava de Joe.
Quando gritou para Eric — A mãe acabou de desmaiar —, a atenção de Joe estava tão focada nela que ele esperou tempo demais para se desviar da viga em chamas. Ouviu um estalido alto um milésimo de segundo antes de um pedaço do teto despencar direto sobre sua testa. Ele caiu no chão com a mesma força que a viga que o atingira. A escuridão tomou conta de seus olhos. A última coisa que ouviu foi o alarme de movimento de seu cinto disparar.


Continua.. Como disse, vou fazer a maratona desta fic.. Espero que gostem e comentem bastante para obterem novos capítulos. No momento estou escrevendo LSS. 
ps: Quem não leu a sinopse, leia aqui


3 comentários:

  1. Diva...que perfeito u.u
    adorei tudooo
    super ansiosa para ler mais...
    não demora a postar
    beijos

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  2. Bom já adorei essa mini fic. Estou ansiosa por mais :))
    Fabíola Barboza

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  3. OMG que perfeito isso
    Eu achei demais você colocando o Jie como bombeiro (gente que não queria um bombeiro desses não é ashjbsksba ta parey) ameeeei o/
    Continuaaaa :3

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