25.10.16

Capítulo 26

A preguiça era tanta para largar a cama que Joseph se estranhou. Eram sete e meia da manhã de um sábado que prometia, segundo o noticiário, ser muito ensolarado. Estava na hora de levantar, caso contrário chegaria atrasado ao trabalho. O que implicava era: o corpo estava terrivelmente cansado e dolorido, e consequentemente sedento de conforto e descanso. O namorado de Selena tinha insistido tanto para que Joe se juntasse ao seu grupo de amigos que o rapaz o fez, vale resaltar que timidamente a início. Porém Joe não podia negar, tinha sido muito divertido. Eles jogaram futebol em um campo gramado à noite depois do trabalho. A princípio não estava à vontade com a ideia, pois a preocupação com Demi não deixava. Aquela tarde não tinha sido fácil para ela, e muito menos para ele. Ambos estavam preocupados e em estado de alerta. Assim que saíram da delegacia Demi decidiu que iria diretamente para o apartamento da mãe, ela estava tão assustada que chegava estar pálida. E Joe a levou e se despediu com um abraço apertado. Era de partir o coração só de pensar no estado dela. Então Ed o animou com o convite para jogar futebol assim que ele voltou para a Gyllenhaal, claro que Joe cogitava a ideia de passar a noite sondando Demi para saber como ela estava, mas ele tinha ficado sem jeito e preferiu enviar uma mensagem para ela antes de sair e assim que voltou para casa.

   - Animo. – Ronronou se espreguiçando e foi aí que o corpo gritou de dor. Um banho morno resolveria, ao menos mandaria boa parte daquela moleza embora. Primeiro Joe se alongou e logo em seguida partiu para o banheiro para tomar um banho caprichado como ele sempre fazia antes de ir trabalhar, porém dessa vez o rapaz se demorou em frente ao espelho. Ele ficava um pouco diferente com a barba começando aparecer, parecia mais velho e sério. Porém não era ruim. Joe esboçou um pequeno sorriso tímido e partiu para o closet.

Ele estava tão ansioso para chegar a Gyllenhaal e encontrar Demi, e ao mesmo tempo estava confuso porque não conseguia escolher roupas que lhe agradavam. O que estava errado? Ele era tão prático, mas dessa vez não sabia se vestia uma camisa branca ou uma vermelha. Será qual das duas Demi mais gostaria? Joe se perguntava escolhendo entre as calças jeans. Demorou pelo menos cinco minutos e acabou que ele optou por uma camisa de botões xadrez de um verde escuro com preto. Puxou as mangas até a altura dos cotovelos como tinha observado que a maioria dos homens fazia e no pulso esquerdo colocou o relógio de prata que pertencia ao falecido pai. Não estava ruim. Ao menos ele achava que não.

   - Ed. – Disse assim que atendeu ao celular enquanto penteava o cabelo como sempre fazia: de lado arrumadinho como Clara tinha o ensinado desde pequeno.

   - Deixei as crianças na creche, estou perto do seu apartamento, quer carona? – Ele tinha outros planos que incluía passar no apartamento de Demi para que eles pudessem caminhar juntos até a Gyllenhaal.

  - Espere.. – Murmurou olhando a hora no relógio então arregalou os olhos. Ele estava atrasado! Dez minutos atrasado! – Estou te esperando. – Demi já deveria estar na Gyllenhaal e ele ainda penteava o cabelo! Completamente atrapalhado Joe buscou pela bolsa e por um pouco o notebook e os documentos caíram já que o zíper estava aberto. Ele arrumou tudo muito rápido, pôs a alça da bolsa no ombro e saiu do quarto a longos passos em direção à cozinha. – Ei menina, bom dia. – Lucy estava grande e gordinha, os pelos marrons estavam brilhantes por conta do recente banho e a cadelinha se espreguiçava dando um longo bocejo. – Estou atrasado, mas quando eu voltar para casa a gente brinca, ok? – Joe encheu uma tigela com leite e a outra com ração para filhotes. Só deu tempo de acariciar as orelhinhas da cadelinha a observando comer, e o celular vibrou no bolso, era Ed. – Estou descendo. – Ao menos tinha dado tempo de cuidar de Lucy.

Joe preferiu descer de escada já que para usar o elevador envolvia uma série de coisas, e ele estava muito atrasado, a última coisa que poderia acontecer era perder o emprego. Oh Deus! Aquilo estava definitivamente fora de cogitação. Trabalhar na Gyllenhaal era bom, claro, tirando o fato de Jake estar no controle. A empresa tinha um nome muito forte, o que era bom para o currículo, e pagava um bom salário que era o suficiente para uma pessoa começar a vida sozinha. E tinha Demi, a razão para ele estar atrasado, porém bem vestido.

   - Você está bem? – Ed perguntou esboçando um sorriso zombeteiro e arqueando as sobrancelhas assim que Joe adentrou o carro ofegando.

   - Estamos atrasados! – Disse colocando o cinto de segurança e respirando fundo.

   - Estamos, mas você tem certeza que não está se esquecendo de nada? – Perguntou Ed e Joe franziu o cenho. – Os seus óculos. – Oh droga! Ele não subiria aquele tanto de escada só para buscar os óculos.

   - Está tudo bem, eu não sou tão cego. – Sofreria um pouquinho para ler, mas ele só teria que ter mais concentração e muita paciência.

   - Você nunca se atrasa, o que aconteceu? – Ed finalmente deu partida no carro para o alivio de Joseph.

   - Ontem foi muito puxado, acordei quebrado. – Comentou sentindo as costas doerem. E então as bochechas coraram. – E eu demorei a escolher o que vestir. – Joe revirou os olhos quando Ed o olhou de sobrancelhas arqueadas, porém as bochechas coraram e ele ficou completamente sem jeito já que aquele não era o real motivo para o atraso.

   - Nada mal, gostei da camisa. – As bochechas de Joe continuaram coradas e Ed riu dando um leve soco no braço do amigo. – Estou falando sério!

   - Eu acho que a Demi vai gostar. – Comentou timidamente e Ed aproveitou que o sinal estava vermelho para olhar para Joe com bastante atenção.

   - Pensei que você estava com a Mary. – Disse de cenho franzido e Joe deu de ombros. – Qual é? Você quer mesmo ficar com a Demi depois de tudo que ela fez? – Dessa vez quem franziu o cenho foi Joseph.

   - Eu gosto dela, de verdade. – Começou a dizer sentindo o coração acelerar só por estar falando de Demi. – Não consigo evitar. Ela é tão linda. – O sorriso que surgiu nos lábios dele era tão verdadeiro, Joe a queria com todas as suas forças, queria vê-la bem e feliz ao lado dele. – Não consigo ficar chateado com ela, muito menos sentir raiva. – Disse quando o carro voltou a se mover. – Não posso julgá-la, Ed. Ela acreditou nele por que.. Por que.. – Joe respirou fundo pensando em tudo que poderia dizer. – Porque ela quer ser feliz. É tudo que ela quer, entende? Ter alguém para amar e que a ame. Foi por isso que ela ficou com ele, ela não tem culpa das coisas terríveis que o Jake fez.

   - Tudo bem. – O tom de voz de Ed era tão sério e grave, Joe preferiu ficar em silêncio esperando pelo que o amigo iria dizer. – Eu só não acho justo ela machucar a Selena por causa de um cara. Isso é tão egoísta. – Comentou minutos mais tarde. – Esse cara provavelmente matou o próprio avô e a Selena se arriscou tanto, ele disse coisas nojentas a ela, tentou levá-la para cama. – Continuou a dizer focado no trânsito. – Nós tentamos avisar, eu não sei, posso estar sendo injusto com a Demi, mas se ela realmente se importasse com a Sel ou até mesmo com você, ela nos ouviria. Nós somos amigos, e os amigos sempre cuidam um do outro. – Joe respirou fundo e fitou o movimento da rua pela janela do carro. Por um lado Ed tinha razão, Demi deveria ter acreditado que Jake era um canalha quando Selena disse, mas ele a entendia de uma forma que Ed e Selena não conseguiriam entender.

   - Ela errou. – Começou a dizer. – Mas agora ela sabe a verdade. Não podemos culpá-la por querer ser feliz. A vida foi cruel com ela. – Ele sabia muito bem o que era sentir a falta de um pai e de uma mãe, como era frustrante tentar se relacionar com as pessoas e nunca dar certo. Mas ele tinha certeza que de alguma forma tinha sido mais doloroso para Demi, pois ela tinha uma mãe que não a amava e não fazia questão de esconder aquela falta de sentimentos.

   - A vida é cruel com todos, Joseph. – Disse Ed. As palavras frias e duras. – Eu perdi os meus pais e a minha irmã, você perdeu os seus pais, a Sel só quer proteger a melhor amiga que não dá a mínima para ela. Não é fácil para ninguém e nunca será, o que nós não devemos fazer é virar as costas para as pessoas que se importam.

   - Não a julgue. – A voz soou tão baixinha. Joe respirou fundo fitando os próprios dedos que não viu o sorriso que Ed esboçou quebrando todo aquele clima pesado entre eles.

   - Bem.. – Começou a dizer estacionando o carro no estacionamento do prédio da Gyllenhaal. – Você realmente gosta dela, não é? – Joe apenas assentiu ainda cabisbaixo. – Ok! A Demi é uma mulher incrível, mas também é muito confusa e imatura em alguns aspectos, não a deixe te machucar e não a machuque, tudo bem? – Joe fitou os olhos de Ed e assentiu.

   - Eu vou lutar por ela. – Os dois acabaram sorrindo e trocaram um breve abraço.

Conforme o elevador se aproximava do departamento de Designer o coração de Joe batia mais rápido. Ele estava tão ansioso para ver Demi, só era ela que o interessava. E ele a queria com todas as forças, queria tomá-la nos braços para beijá-la com paixão e dizer tudo que sentia. As bochechas de Joe coraram bruscamente quando as portas metálicas finalmente se abriram indicando que eles tinham chegado ao departamento desejado.

    - Boa sorte! – Ed disse sorrindo e Joe assentiu respirando fundo conforme caminhava em direção à mesa onde trabalhava. Pelo visto o dia já tinha começado há muito tempo na Gyllenhaal, todos trabalhavam a todo vapor concentrados em seus objetivos. Joe olhou para todos os lados a procura de Demi e não a encontrou, a porta do escritório dela estava fechada, mas pelas persianas entreabertas era possível vê-la trabalhando no computador.

   - Joseph? Bom dia! – A voz feminina quebrou o transe e então Joe olhou para a dona da voz delicada e feminina: Mary. – Está tudo bem? – Ela perguntou esboçando um sorriso encantador e Joe assentiu não muito interessado. Mary era realmente uma mulher bonita e a definição de feminino e delicado. Mas ela não o atraia, ele gostava mesmo era de como Demi ficava linda vestindo camisa larga com símbolos de super-heróis e shorts curtos. – Você não respondeu minhas mensagens. – Ela disse um tanto sem jeito e as bochechas de Joseph coraram. Ele olhou para a mulher a sua frente e para todo o movimento do departamento. A maioria das pessoas trabalhava e ele e Mary eram os únicos que realmente estavam desocupados.

   - Eu saí co..com o Ed. – Disse baixinho e gaguejando. Aquela ideia de tentar algo com Mary definitivamente não o agradava, pois ele sabia que de uma forma ou de outra Mary acabaria magoada caso desenvolvesse algum sentimento por ele. O que já tinha acontecido. – Nós jogamos futebol, desculpe por não respondê-la. – A voz ainda soava baixinha e ele se esforçou para esboçar um sorriso para Mary.

   - Tudo bem! O que você acha da gente sair para almoçar? – Joe mordeu o lábio inferior e desviou o olhar de Mary para encontrar Demi na porta do escritório o olhando. Diabos! Ele não sabia o que fazer.

   - Eu vou ver na minha agenda.. – Que desculpa esfarrapada era aquela? As bochechas de Joe ficaram mais vermelhas que o comum e ele engoliu em seco ao olhar para o lado e encontrar Selena de sobrancelhas arqueadas o olhando. – Quer diz..zer, eu ach..cho que vou trabalha at..té mais tarde, tenho muitas coisas para f..fazer. A gente se vê. – Droga! Ele quase derrubou um enorme vaso com flores de tão atrapalhado e constrangido que estava, recompôs-se e caminhou em direção a Demi mesmo estando terrivelmente sem graça. – Bom dia. – Murmurou assim que estava em frente a ela e bem, mesmo com a situação embaraçosa um sorriso surgiu nos lábios dele. Demi estava tão linda como sempre. Ele gostava muito de como ela ficava perfeita vestindo camisa branca e saia secretária, os cabelos marrons soltos e tão lindos com todas aquelas mechas sedosas.

   - Bom dia Joseph. – Demi acabou sorrindo para ele, ela estava tão surpresa por ele ter se aproximado sem simplesmente ignorá-la como tinha acontecido algumas vezes. – Você está bem? – Perguntou sem conseguir conter o riso já que Joe continuava vermelho.

   - Eu.. eu.. eu est.. Você está linda! – Será que ele tinha dito alto demais? Joe engoliu em seco quando a barulheira cessou e ele sentiu todas as pessoas os olhando. Bem, ele tinha certeza que tinha falado alto demais. Até Demi estava corada.

   - Você também. – Ao menos ele ganhou um beijinho na bochecha. – Você está vermelho Joe. – Demi sorriu o olhando. Ele estava tão lindo com aquela camisa xadrez, o verde combinava perfeitamente com os olhos dele.

   - Você também. – Ele disse e esboçou um pequeno sorriso. – Você está bem? – Perguntou adentrando os bolsos das calças com as mãos. – Eu queria ter ficado com você ontem à noite, mas.. – Ele tornou a corar sem saber o que deveria dizer para concluir aquela frase. - O Ed me chamou para jogar futebol. – Demi assentiu e olhou na direção de Selena que os olhava curiosa como sempre, ela sorriu para a amiga e voltou a olhar para Joe.

   - Passei à noite com a minha mãe. – Disse franzindo o cenho ao se lembrar de como o dia passado tinha sido pesado. Ela estava com tanto medo e Dianna tinha passado a noite com ela na única cama de solteiro de todo o apartamento. – Eu estou bem, só com um pouco de medo de sair sozinha, mas bem. – Joe assentiu sem conseguir olhá-la, ele só se perguntava quando eles finalmente iriam se beijar.

   - Vou estar por aqui. – Disse finalmente a olhando nos olhos. – Qualquer coisa é só me chamar. – Demi assentiu e viu Joseph caminhar em direção à mesa onde trabalhava ainda trocando olhares com ela. Por que diabos Jake tinha colocado aquela câmera dentro do escritório dela? Se aquele maldito aparelho não estive escondido em uma de suas prateleiras ela podia simplesmente arrastar Joseph para dentro do escritório e beijá-lo até que perdesse completamente o fôlego. Demi olhou na direção da mesa dele e sorriu ao vê-lo se organizar para trabalhar. Como um homem poderia ser tão bonito como ele era? Mesmo sem os óculos geek que o deixava simplesmente sexy, Joe continuava de cair o queixo. O sorriso só sumiu dos lábios de Demi quando ela acabou fitando Mary que não parecia nenhum pouco feliz com a cena de minutos atrás.

***

Aquele dia estava sendo tão estranho. Começou com o bom dia carinhoso de Dianna. Demi não tinha entendido muito bem toda a proteção da mãe, Dianna estava sendo tão compreensiva e toda hora perguntava se estava tudo bem. Ela até tinha deixado que Demi deitasse com a cabeça no colo e a cobriu com o cobertor. Aquilo era definitivamente fora do comum. Depois a escolta policial até a Gyllenhaal tinha sido, como tudo que estava acontecendo naquele dia, estranha. Porém Demi se sentiu protegida. Bem, e mais tarde quando Joseph se atrapalhou todo para dizer um simples “Bom dia”? O coração dela quase saiu pela boca. Será que ele tinha noção de como estava lindo? De como ela ficava feliz quando ele se aproximava? Joe era simplesmente de deixar qualquer mulher morrendo de calor.

Demi sorriu e mordeu o lábio inferior. Estava no horário de almoço e desde que tinha brigado com Selena ela almoçava sozinha. Mas estava envolvida demais pensando em Joseph para ficar triste. Ela o procurou em uma das mesas daquele refeitório e não encontrou, apenas Selena e Ed que estavam na mesa ao lado. As bochechas de Demi coraram e ela esboçou um tímido sorriso para Selena.

   - Você sabe onde o Joe está? – Perguntou com um pouco de receio para a amiga. Era até difícil sustentar o olhar de Sel uma vez que Demi estava tão envergonhada por ter feito a escolha errada.

   - Ele está trabalhando. – Foi Ed quem respondeu. Demi assentiu sem olhá-lo porque da última vez que tinha falado com Ed, bem, eles tinham discutido em frente ao Café Wha? no dia do aniversário de Sel. Foi muito estranho virar as costas para os amigos, mas de alguma forma Demi sentia que as coisas estavam melhorando entre ela e Selena já que Sel a olhava daquela forma que ela conhecia muito bem.

O almoço estava tão sem graça e ter Selena e Ed ao lado era tão sufocante que Demi perdeu a fome e resolveu voltar para o departamento, de escada é claro. A ideia de topar com Jake era tão desagradável que Demi enfrentou o jogo de escada com determinação e respirou fundo sentindo o coração acelerar por saber que àquela hora não teria ninguém trabalhando, apenas Joseph. Ela caminhou em direção ao escritório e a cada passo o frio na barriga aumentava. E piorou quando ela confirmou a teoria que Joe estava sozinho. Deus! Demi contou até dez para tentar acalmar o coração, não deu muito certo, mas mesmo assim ela caminhou em direção à mesa onde Joe trabalhava e sorriu quando ele a notou.

   - Oi. – Disse sem conseguir conter um sorriso.

   - Oi Dem. – O apelido carinhoso soava tão bem na voz dele. Demi se recostou na mesa e observou o que Joseph fazia. Ele estava literalmente atolado em trabalho.

   - Você não desceu para almoçar. – Disse ainda fitando a quantidade de papeis na mesa de Joe.

   - Eu não posso deixar acumular mais trabalho. – Disse Joe buscando pelo lápis para voltar a fazer suas anotações, bem, ele tentaria já que Demi lhe tiraria toda atenção.

   - Eu também estou cheia de coisas para fazer. – Demi sorriu fitando as revistas em quadrinhos que estavam no canto da mesa. – Batman: Faces da morte? – Ela era curiosa demais, pegou a primeira revista que lhe interessava e a folheou. – Você não me disse que estava lendo. – Disse fingindo estar emburrada e Joseph riu anotando agilmente alguma coisa no papel.

   - Na verdade eu estava relendo. – Ele disse arriscando olhá-la. – Estou começando ler A solução Apocalíptica. É dos X-men. – Joe franziu o cenho sentindo arrepios estranhos quando sem querer ele fitou as pernas de Demi. Ela era linda até ali. – Se quiser eu posso te emprestar Faces da morte. – Olhando-a, Joe respirou fundo e deixou que a vontade de beijá-la o guiasse. Ele se levantou e olhou para os lados torcendo para que estivesse sozinho com Demi, e como estava, ele a olhou e sorriu quando ela largou a revista para abraçá-lo. – Eu quero te abraçar desde que cheguei. – Disse a beijando na testa e a abraçando contra o peito.

   - Eu também. – Demi se aproveitou do abraço o máximo que pode, então finalmente o olhou nos olhos e deixou que Joe a beijasse na boca daquele jeito tímido dele, mas que também era tão sincero e apaixonado. Ela espalmou o peito dele com as mãos e as subiu para acariciar o rosto sentindo os pelinhos da barba lhe pinicar, mas a sensação era tão boa que continuou o acariciando até que sentiu a necessidade de enroscar os dedos nos cabelos curtos da nuca. – O que foi? – Perguntou Demi distribuindo beijinhos pelo rosto de Joe quando eles terminaram o beijo e Joe continuou de olhos fechados e sorrindo.

   - Eu.. eu só estava pensando. Te beijar é tão bom. – Joe tornou a beijá-la e abraçá-la com carinho. – Tão bom Demi. – Demi sorriu e o beijou no peito abraçando o corpo forte com força. Se dependesse dela passaria o resto de seus dias nos braços dele.

   - Eu também adoro te beijar Joe. – Demi sorriu para ele e se sentiu cada vez mais motivada a distribuir beijinhos pelo rosto de Joe quando o fez e o rapaz sorriu. – Você está tão lindo com essa camisa. – Ela disse e o beijou um pouco abaixo da orelha e distribuiu beijos por toda aquela extensão do pescoço.

   - Você gostou? – Ele perguntou todo sorridente feliz por estar recebendo carinho e atenção de Demi. – Eu escolhi pensando em você. – Quando eles se olharam sorriram e trocaram um beijo delicado e apaixonado, Joe tentava quebrar toda a distância entre eles e Demi se agarrava cada vez mais ao corpo forte desejando se fundir a ele. – Você também fica linda com essa camisa. – Se aninhando ao peito dele Demi fechou os olhos para apreciar aquele momento nos braços do homem que fazia o coração dela bater tão forte, era tão diferente das outras vezes que ela se apaixonou. Com Joseph tudo parecia certo, não existia medo, insegurança ou qualquer outro sentimento negativo.

   - Se aquela maldita câmera não estivesse no meu escritório a gente podia passar a tarde toda juntos. – O jeito que ela disse foi tão manhoso que Joseph a beijou com carinho na bochecha.

   - Infelizmente tenho esta pilha de problemas para resolver. – Demi revirou os olhos quando olhou para Joe e o viu de sobrancelhas arqueadas. Ela o olhou nos olhos e suspirou. O verde era tão lindo e suave, uma imensidão tão apaixonante. – Mas eu adoraria passar à tarde com você. – Os dois sorriram e trocaram um beijo breve, se abraçaram e então as bochechas de Demi coraram bruscamente quando Selena e Ed entraram em seu campo de visão.

   - Eu acho que já vou. – Sussurrou Demi no ouvido de Joe que riu e a beijou na bochecha. – Por favor, desça para almoçar, ok? – Ela estava tão envergonhada por saber que Selena e Ed estavam ali presenciando tudo.

  - Se eu tiver tempo, eu desço. – Demi estreitou os olhos e negou balançando a cabeça. Joseph tinha a saúde frágil e ela sabia que não era nada bom para ele ficar sem comer. Ela só não sabia que Joe não tinha tomado nem o café da manhã.

   - A gente se vê. – Ignorar a presença de Selena e Ed era praticamente impossível, mas Demi não queria voltar para o escritório sem se despedir de Joe com um beijo nem que fosse na bochecha, ela só não esperava que Joe roubasse um selinho como ele tinha feito.

    - A gente se vê. – Ela assentiu sem conseguir conter o sorriso, pegou a revista em quadrinhos na mesa do rapaz e lançou um olhar intenso e apaixonado a ele antes de virar as costas. Passar por Selena só alargou o sorriso de Demi, que de tão corada que estava sorriu cabisbaixa sabendo que Sel também estava sorrindo e feliz por ela finalmente ter enxergado que Joseph era o homem perfeito para ela.


Parecia que quanto mais ansiosa Demi ficava para que desse a hora de ir embora, mais o ponteiro do relógio demorava a se deslocar. Estava sendo doloroso e entediante ficar sentada naquela cadeira por tanto tempo, ainda mais em um sábado. E saber que estava sendo vigiada era tão assombroso que Demi cogitou a ideia de mostrar língua para a câmera ou até mesmo revirar os olhos mostrando para Jake como ela desaprovava aquele método de “segurança”. Ao menos ele não a incomodou e muito menos deu sinal de vida.

Em algum momento da tarde enquanto estava escorada no batente da janela do escritório vez fitando a prancheta em mãos vez admirando a vista da cidade enquanto comia chocolate, Demi pensou em como diria para Jake que tudo tinha acabado entre eles. Ela também tinha parado para pensar na história da câmera e das fitas escondidas atrás daqueles livros na estante no escritório presidencial que pertencia a Jake. A sensação ruim a tomou quando ela se lembrou de que o assassino de Jason Gyllenhaal tinha roubado as fitas das filmagens da noite do assassinato e do que Jason tinha lhe contado sobre Jake. Eles não estavam bem e tinham discutido dias antes do magnata ser assassinado. Tudo era tão estranho e parecia estar interligado... Mas também não fazia muito sentido até porque no dia que Jason foi morto Jake estava com ela. Eles partilharam a mesma cama completamente nus. Ficaram boa parte da noite acordados trocando carinhosos e conversando. Jake estava normal, não parecia alguém que supostamente tinha encomendado a morte do próprio avô e Demi achava aquela teoria pesada demais até mesmo para Jake.

Ela realmente precisava parar de pensar em tantas besteiras e voltar a trabalhar, tinha muita coisa a ser feita e foi o que ela fez. Trabalhou duro lutando contra os pensamentos que não envolviam os projetos e documentos. Fez o melhor que pode naquelas horas a mais de trabalho até que o celular vibrou e ela sorriu quando viu o nome de Joe na tela.

“Posso te acompanhar até o seu apartamento? Estarei te esperando às seis em frente ao prédio.”.

Em questão de segundos Demi respondeu a mensagem e verificou a hora. Dez minutos para às seis da tarde. Ela realmente tinha perdido a noção da hora. Geralmente saia no horário de almoço no sábado, mas o trabalho acumulado era tanto que ainda teria que trabalhar em casa. Só de pensar que dentro de dez minutos ela estaria com Joe, Demi agilizou o que estava fazendo e guardou o material que levaria para casa dentro da bolsa e os demais na prateleira do escritório. Conferiu-se no espelho e retocou o batom. Estava tudo nos conformes.

Naquele horário o departamento já estava praticamente vazio, Demi trancou o escritório e engoliu em seco quando percebeu que Mary também esperava pelo elevador. Será que ainda estava em tempo de descer de escada sem que Mary percebesse? Porém era tarde demais para virar as costas, Mary tinha a notado e forçou um sorriso que toda mulher perceberia que era falso.

   - Pensei que estava quebrado. – Ok, ela não estava a fim de conversa, e muito menos de ficar sozinha com Mary. Mas o destino trabalhava na direção oposta e o elevador estava vazio. Demi murmurou baixinho um palavrão e adentrou ao elevador torcendo para que ele chegasse logo ao hall. – Então... Tudo bem? – Mary perguntou e Demi respirou fundo se preparando psicologicamente para a conversa que aconteceria mesmo contra sua vontade.

   - Tudo bem. – Afirmou cabisbaixo. – E com você? – Perguntou por pura educação e quando Mary respondeu que estava tudo bem Demi franziu o cenho quando a porta do elevador se abriu e bem, lá estava Jake. Ele não disse nada, apenas lançou a ela um olhar duro e olhou para Mary parecendo não estar nenhum pouco feliz por estar com elas. Tudo foi realmente muito estranho, mas no final das contas ela tinha saído ilesa daquele momento desagradável no elevador.

Demi preferiu esperar no hall da empresa enquanto Jake e Mary saiam lado a lado, eles até tinham trocado algumas palavras, mas cada um seguiu um caminho. – Está tudo bem? Você está pálida. – Agora era seguro e ela estava aliviada por estar com Joe.

   - Acho que nunca mais vou usar o elevador. – Murmurou caminhando sem pressa ao lado de Joe. – Não tenho boas experiências. No prédio em que moro o elevador é uma bagunça e o da Gyllenhaal está começando a virar uma pequena sala de tortura que sobe e desce bem devagar. – Acabou que ela riu junto com Joe, mas era verdade. Usar o elevador nunca era uma boa opção.

   - Subir e descer de escada é um castigo. – Disse Joe a olhando e Demi assentiu. As pernas doloridas eram a prova viva que não era nada agradável usar a escada. – Vamos atravessar? – Era a desculpa perfeita para que ele pegasse na mão dela. O toque era tão gentil, Demi sorriu enlaçando os dedos aos dele e eles esperaram que o sinal ficasse vermelho para os carros e atravessaram na faixa. Aquele final de tarde estava tão lindo. O céu ainda tinha os vestígios do dia misturado aos da noite, os faróis dos carros e o movimento das ruas davam uma sensação tão boa de missão cumprida. Ela tinha vencido mais um dia em meio a todos os obstáculos que vinha enfrentando desde muito jovem.

   - Obrigada por me acompanhar. – Disse assim que chegaram ao outro lado da rua. Ela estava se sentindo tão segura com Joe, caso estivesse sozinha já teria entrado em pânico imaginando mil e uma teorias que nunca aconteceriam. Mas ele estava lá tomando todos os pensamentos dela.

   - Eu não vou deixar que ninguém te machuque. – Entrelaçando mais os dedos aos dela, Joe sorriu e a beijou na testa e em troca Demi selou os lábios aos dele.

   - Joseph.. – Demi acariciou o rosto do rapaz com a ponta dos dedos e tornou a beijá-lo na boca, acariciou os cabelos da nuca dele e respirou fundo ainda de olhos fechados. Ele era tão apaixonante. Demi o olhou e sorriu quando Joe sorriu, fez carinho na mão dele e o abraçou de lado feliz por Joe ter a abraçado de volta. Porém não demorou muito para que Demi sentisse o peso do corpo de Joe, ele estava mole e parecia tão confuso. – Joe? Você está bem? – Ela perguntou preocupada tentando segurá-lo da melhor forma que podia, mas ele era tão grande e pesado que Demi sentia que o deixaria cair a qualquer momento.

   - E..eu.. – Murmurou Joe enxergando o dobro. Tudo estava confuso e ele sentia que aos poucos perdia as forças.

   - Joseph? Respira fundo! – Demi estava tão nervosa e sem saber o que fazer, estava sozinha no meio de uma multidão que apenas olhava o que acontecia sem dar nenhum suporte a ela. – Ei, vai ficar tudo bem. – Ela disse o olhando quando Joe a olhou ainda tonto. A primeira pessoa que Demi pensou foi Selena, e ela não hesitou em discar o número da amiga que atendeu ao telefone de imediato. – Sel, o Joseph.. Ele não está bem. – Como Selena tinha dito, Demi tentou se acalmar e explicou toda situação para a amiga que prometeu que chegaria logo já que estava ali perto. – Joe, respira fundo, ok? Eu vou cuidar de você. – Ao menos ele parecia mais esperto já que assentiu e tentou se recompor sem sucesso. – Eu estou aqui meu anjo, nada de ruim vai acontecer. – Demi sentiu o coração disparar no peito quando ele forçou um sorriso e assentiu. Ela não se lembrava de ter ficado tão preocupada como estava, ela só queria que Joe ficasse bem.

   - Dem? – Ao escutar a voz de Sel, Demi pensou que desabaria em choro, mas ela foi firme e ajudou Joseph a caminhar junto com Ed. Não desgrudaria dele tão cedo, pois estava com tanto medo de perdê-lo.

   - Ei, vai ficar tudo bem. – Disse Demi para Joe assim que estavam acomodados ao banco de trás do carro de Selena. Ela o tocou no rosto para checar se ele estava febril ou algo do tipo, mas Joe não apresentava nenhum sinal de temperatura elevada.

   - Dem, eu estou bem. – O esforço dele para dizer aquelas palavras tinha sido tão grande que Demi franziu o cenho não gostando nada daquela situação e depositou um selinho nos lábios de Joe.

   - Nós já estamos chegando. – Demi não conseguia tirar os olhos de Joe, estava tão preocupada e tentava não pensar em besteiras. Era um pouco difícil se controlar para não surtar, ela realmente não sabia como agir naquele tipo de situação, mas com Sel a guiando as coisas eram tão diferentes. O hospital mais próximo não ficava muito longe, porém por conta do horário de pique o carro ficou preso em pelo menos em três sinaleiros e Sel já estava começando a ficar nervosa com o estado de Joseph, porém Ed, no banco do carona, tentava manter Joseph acordado a todo custo entretendo o rapaz.

***

   - Você precisa ficar calma. – Disse Selena abraçando Demi. O médico e os enfermeiros tinham levado Joseph para examiná-lo e Demi estava tão preocupada que não conseguia ficar quieta, a mente estava a mil e ela não conseguia ficar simplesmente sentada. – Ele vai ficar bem, Dem. – Demi respirou fundo e se acomodou ao abraço de Selena. Era definitivamente o melhor e mais acolhedor abraço do mundo.

   - Estou preocupada. – Murmurou e Sel lhe acariciou o cabelo e a beijou na testa.

   - Ele vai ficar bem. – Selena abraçou Demi contra o peito e deixou que a amiga ficasse ali o tempo que achasse necessário. Ela também trocou olhares com Ed que estava sentado ao lado observando como Demi estava preocupada com Joe. – Daqui a pouco o médico trará notícias. – Demi assentiu desfazendo do abraço, respirou fundo e fitou as próprias mãos para não ter que olhar para Selena já que ela tinha certeza que estava corada. O melhor seria esperar pelo médico. Foi desconfortável todo aquele silêncio entre ela, Ed e Sel, mas conforme os minutos se passavam Demi se envolvia com a movimentação das pessoas da sala de espera e com a programação da televisão. Até que notou o mesmo médico que tinha atendido Joseph se aproximar da recepção.

   - Como o Joseph está? – Ela se apressou em se aproximar e ousou a fazer aquela pergunta mesmo que bruscamente.

   - Senhorita Lovato.. – Demi não entendia o porquê do leve sorriso nos lábios do homem mais velho que certamente sabia o nome dela por conta das informações no prontuário de Joe. – Só foi uma queda brusca de pressão. O seu amigo tem a saúde muito frágil e complicada. Ele não se alimentou corretamente hoje, está fraco, mas está sob os nossos cuidados e logo ficará bem. – Ansiosa como sempre Demi perguntou sobre as visitas e assim que o médico disse que Joe já poderia receber visitas, ela apressou o passo até o quarto do rapaz.

   - Joseph? – Depois de duas batidas à porta ele havia respondido. Quando adentrou o quarto Demi franziu o cenho. Joseph parecia tão pálido e cansado. – Ei, como você se sente? – Ela colocou uma mecha do cabelo atrás da orelha e se sentou à beirada da cama.

   - Cansado, mas bem. – Joe forçou um sorriso e buscou a mão de Demi para enlaçar os dedos aos dela. – Eu não queria preocupá-la. – Ele disse depois que ela o beijou na boca. – Às vezes isso acontece, não faz essa cara. – Ele não esperava que Demi ficasse tão preocupada como ela estava, mas por um lado estava feliz porque ela se importava.

   - Você não se alimentou Joseph. – Disse de cenho franzido e chateada com a situação.

   - Tinha tanta coisa para resolver, e hoje é sábado. Eu não queria ficar até mais tarde. – Demi resmungou um palavrão, mas assentiu. – O tempo passou muito rápido e eu acabei me esquecendo do almoço.

   - De agora em diante eu vou ficar no seu pé. – Ela o abraçou e o beijou na bochecha. – Não quero que você fique doente, e não é para ficar sem alimentar! – Bem, uma coisa Demi e Clara tinham em comum, elas não deixariam a bronca de lado.

   - Você fica tão linda brava. – Demi revirou os olhos, mas acabou sorrindo para ele. – Eu vou me cuidar, prometo. – Ele a acolheu nos braços quando Demi o abraçou repousando a cabeça em seu peito.

   - Ei Joe. – Envergonhada Demi se ergueu e caminhou ficando ao lado de Selena quando Ed se aproximou de Joe.

   - O médico disse que o Joe vai passar a noite aqui. – Disse Selena tentando puxar assunto com Demi que assentiu um tanto sem jeito.

   - Vou ficar aqui com ele. – Jamais deixaria que Joe passasse à noite sozinho. O silêncio entre elas se tornou constrangedor e Demi se perguntou a que ponto a situação com Selena tinha chegado. Silêncio constrangedor? Deus! Mas ela também não sabia o que dizer e não sabia como sustentar o olhar de Selena.

   - Vou pegar café na máquina, vem comigo? – Tudo bem, era apenas Selena. Demi assentiu sabendo que seria mais constrangedor ficar naquele quarto ouvindo a conversa de Joe e Ed que estavam tão entretidos que nem as olhava. No final das contas não tinha sido tão ruim caminhar com Sel em direção à máquina de café que ficava no final do corredor. – Não vai querer? – Selena perguntou assim que a máquina encheu o copinho de café.

   - Não, obrigada. – Demi não a olhou, mas Selena percebeu quando ela colocou uma mecha do cabelo atrás da orelha e mordeu o lábio inferior.

   - Então.. Você e o Joseph estão juntos? – Perguntou Selena quebrando o silêncio entre as duas.

   - Nós não conversamos sobre isso. – Começou a dizer Demi e logo fez uma pausa. – Mas eu quero ficar com ele, sabe, apenas com ele. – Sel assentiu sorrindo e Demi sorriu também.

   - Fico muito feliz por você. O Joe é um cara muito legal. – Demi sabia que era e queria ter escutado Selena mais cedo. Estar com Joe era tão diferente de estar com Jake. Ele a fazia se sentir viva e feliz, ela sempre estava ansiosa para estar com ele e Joe oferecia a melhor sensação de segurança que uma mulher poderia desejar. Sem contar a vontade de agarrá-lo...

   - E você e o Ed? – Perguntou para que o silêncio não voltasse a incomodá-las, mas na verdade ela queria mesmo era Selena de volta.

   - Estamos superando aos pouquinhos, a morte da Sophia não foi fácil para ele e muito menos para as crianças. Mas nós estamos bem. – Demi sorriu assentindo. O coração gritava cada vez mais para que ela continuasse a conversa com Sel e não largá-la nunca mais.

   - Sel? – Ela precisava dar aquele passo, precisava acabar logo com aquela situação e ser feliz ao lado das pessoas que amava. Demi respirou fundo quando Selena a olhou nos olhos, e ela não ousou em desviar o olhar da amiga. – Eu sinto a sua falta. – Disse ainda sem jeito. – Me desculpa por ser tão imatura? Sempre acreditei em você, eu só não queria enxergar porque eu.. Eu estava chateada por você sempre ter razão sobre os caras que eu me envolvia. Você tem razão por me achar ingênua. – Tudo tinha saído tão rápido antes mesmo dela ter consciência do que dizia. Estava corada e não sabia se diria mais coisas a Selena ou se ficava calada esperando a reação da amiga. Mas a segunda opção pareceu mais atrativa e Demi umedeceu os lábios fitando o chão.

   - Dem, eu também sinto a sua falta. – Disse Selena e Demi sentiu um enorme alivio preenchê-la. – Nós podemos conversar sobre isso outro dia? E em um lugar mais apropriado? – Bem, Sel não tinha a desculpado.. porém não tinha recusado as desculpas. Demi assentiu levemente corada, mas sorriu quando Selena a envolveu num abraço apertado tendo todo o cuidado do mundo para não sujá-las de café, o que acabou sendo motivo de riso entre as duas. – Os nossos garotos estão nos esperando, vamos? – Tornando a assentir, Demi envolveu os dedos aos de Sel quando ela lhe ofereceu a mão e juntas elas caminharam em direção ao quarto como sempre faziam: juntas e agarradas.


Continua... Oii! Finalmente o capítulo saiu!! A Demi e o Joe estão se aproximando como um casal, amém né? E teve um pouquinho de Semi. Espero que vocês tenham gostado, eu tô um pouquinho desanimada, mas é em geral, por isso que tô demorando para escrever :/ Enfim, obrigada pelos comentários!! Respostas AQUI

13.10.16

Capítulo 25



Passar a noite em claro não estava nos planos de Demi. A cena se repetia toda vez que ela fechava os olhos e tentava esquecer, mas tudo que via era os lábios de Mary tocando os de Joe. Por que estava doendo tanto? Por que diabos ela se importava? Em algum momento da noite as lágrimas molharam o tecido de algodão do travesseiro, Demi agarrava a extremidade da coberta contra o queixo e deixava que as lágrimas rolassem. Tinha ficado quieta, tão quieta deitada na cama de solteiro que nem parecia ela. Os pensamentos a consumia furiosamente e a consciência gritava que a culpa era dela, apenas dela. Por que tinha que ser orgulhosa demais? Ela tinha feito questão de mostrar a Selena ou a qualquer pessoa que ela era uma mulher, não uma criança inocente como todos apontavam o tempo todo. Foi por conta de toda a proteção de Sel que ela tinha feito àquela bagunça. E o pior era que agora ela realmente se sentia acuada, culpada e sem saber o que fazer para reverter à situação que tinha criado porque, oh Deus! Era doloroso de admitir, porque ela se sentia como uma criança inocente por não ter enxergado quem Jake era. Selena não o agarraria, não mesmo. Aquilo era um fato e engolir o papel ridículo que ela tinha feito estava a rasgando por dentro. Jake era um canalha e ela iria mostrar o problema que ele tinha encontrado ao pensar que poderia enganá-la. Faria com muito prazer, pois se não fosse por todas as mentiras que ele tinha inventado ela não o defenderia e certamente Joseph não estaria sendo beijado por Mary.


Pensar demais levava tempo, levava muito tempo e quando o sono finalmente a venceu o sol já tinha nascido e não demorou uma hora de relógio para o despertador tocar avisando que era a hora de acordar para mais um logo e cansativo dia. Trabalhar na Gyllenhaal era gratificante, e geralmente quando o despertador tocava Demi ficava feliz, por mais que queria dormir até depois das onze, em pensar que iria ter um dia divertido de trabalho, que se sentaria em sua mesa e faria o que mais amava: dar vida aos projetos da empresa com cores e detalhes fascinantes. Mas agora.. Droga! Demi resmungou manhosa, escondeu-se debaixo do cobertor e o som irritante parou. O cochilo não durou cinco minutos e o maldito despertador estava tocando novamente a irritando profundamente.


- Demetria? – Sonolenta e sentindo a cabeça pesar, Demi se sentou a cama e olhou para a mãe que não parecia nenhum pouco feliz por estar de pé naquele horário. – Não vai se levantar? Essa coisa já tocou muitas vezes! – Tinha tocado apenas duas vezes! Agr! Por que diabos Dianna tinha que ser tão sistemática e mal humorada? Tombando a cabeça, Demi encostou as costas à cabeceira da cama e choramingou baixinho. E adivinha? A culpa também era dela por passar a noite em claro, aliás, toda aquela bagunça era culpa dela.


- Droga! – Ronronou quando o despertador tocou mais uma vez e Dianna a gritou do quarto. Conviver com a mãe não era uma maravilha, Dianna até poderia estar começando abaixar a guarda, mas ainda sim era uma mulher esnobe com um espírito ranzinza e egoísta. Infelizmente as pálpebras estavam se fechando aos poucos, o corpo relaxou e quando Demi pensou que finalmente iria dormir. Bem, o despertador tocou mais uma vez e ela se levantou assustada procurando por aquele pequeno e irritante aparelho.


- Você é impossível! – Resmungou Dianna abrindo a porta do quarto lançando a Demi um olhar nada amigável. – Pensei que você tinha superado esse problema com o despertador. – Demi forçou um sorriso enquanto se espreguiçava. Ao menos Dianna se lembrava dos problemas que ela tinha com acordar cedo.


- Não consegui dormir. – Ela acabou ficando sozinha naquele quarto, Dianna não deu ouvidos ao que ela iria dizer e fechou a porta bruscamente. Ora, ela nem assentiu nem nada. Cansada demais para pensar em como a mãe a tratava com descaso, Demi demorou no banho, pois vez ou outra cochilava enquanto a água do chuveiro lavava o corpo. O conjunto de roupa que escolheu nada mais era que jeans escuros, uma blusinha folgada com alguns babados e sapatos fechados com um salto discreto. Então estava quase pronta. Só faltava acertar o batom cor de cereja e colocar os pequenos brincos que imitavam brilhantes. – Mãe, já estou indo. – Demi tinha pensado em sair de casa sem dizer nada a Dianna, mas por via das dúvidas lá estava ela insistindo em algo que era complicado demais para dar certo. – Vou deixar dinheiro para o café da manhã. – Disse assim que Dianna tirou a máscara preta dos olhos e a olhou.


- Cadê o seu casaco? – Resmungou e Demi franziu o cenho sem saber o que dizer. – Vai esfriar, você não viu no jornal? – A resposta era óbvia, ela não tinha assistido ao jornal porque estava com os fones de ouvido tentando trabalhar.


- Eu não trouxe nenhum casaco. – Murmurou Demi sem olhar para Dianna. Por alguma razão ela se sentia estranha por estar naquele quarto onde já tinha visto tantas coisas quando ainda era criança. Nem sempre Amélia estava por perto para protegê-la da fúria da mãe.. Quando deu por si Dianna estava a sua frente e lhe oferecia um blazer preto que parecia ser muito caro.


- Pode ficar com ele. – Demi analisou a peça sentindo as bochechas ruborizarem, não disse nada além de um baixo “obrigada” e saiu com o blazer perfeitamente dobrado no braço direito e a bolsa no ombro esquerdo.


Como sempre o dia estava lindo. O sol brilhava no céu com algumas nuvens e Nova York já estava a todo vapor! Demi cogitou a ideia de passar no apartamento em que morava para buscar pelos óculos de sol já que a alegria dos raios de sol que incidiam para todos os eixos estava a irritando. O dia podia estar maravilhoso, as pessoas animadas com os seus cafés e as crianças felizes caminhando com os seus pais rumo à escola, mas Deus! Ela não tinha conseguido dormir, estava cansada e provavelmente teria uma bela dor de cabeça caso não ingerisse alguma coisa. Pensar em comer reavivou um pouco do animo de Demi e passar na Rocco’s pareceu uma ideia maravilhosa.


Por um momento Demi se esqueceu de todos os problemas que a cercava enquanto flertava com Mike e Johnny, os irmãos Rocco’s sempre lhe tiraria o fôlego com toda aquela beleza absurda. Eles eram simplesmente sexies e fofos trabalhando naquela padaria. Comer muffins acompanhados por frappuccino sentada ao banco de frente ao balcão principal onde Johnny atendia os clientes foi tão divertido que por um pouco Demi perdeu a hora já que o rapaz era simpático e parecia estar animado naquele dia já que ele não parava de conversar enquanto atendia aos clientes.


Foi simplesmente divertido e delicioso aquele tempo de nada mais que vinte minutos. Um dos melhores minutos desde o aniversário de Selena, um sorriso verdadeiro chegava a estar estampado nos lábios de Demi que retomava o caminho em direção à Gyllenhaal. E conforme se aproximava do prédio a tensão voltava tentando sufocá-la, mas Demi tentava a todo custo pensar em outros assuntos vez ou outra até sorriu sozinha com os próprios pensamentos. Seria mais um dia de trabalho fazendo o que ela mais gostava. Pensaria positivo. Não deixaria que Jake e toda a bagunça que o acompanhava a vencesse, ela iria mostrar para ele que não se brincava com fogo. Não mesmo. Ela ficaria atenta a todos os movimentos dele enquanto jogava o mesmo jogo que ele.


- Bom dia Demi! – Demi sorriu para a colega de trabalho que trabalhava no hall da empresa. Ainda estava envolvida em seus pensamentos que teve que piscar duas vezes e sincronizar todos os pensamentos para aquela etapa que viria naquela manhã: Trabalho, Jake, Joseph e Mary e Selena com Ed de brinde. Tudo bem, ela poderia dar a volta por cima. Engolindo em seco Demi resolveu que não usaria o elevador naquela manhã, não quando aquela invenção maravilhosa era sinônimo de problema logo no começo do dia. Ora, ela tinha conseguido virar o jogo e melhorar pelo menos cinquenta por cento do humor com o café da manhã na Rocco’s que até tinha se esquecido de que tinha passado a noite em claro. Ter um conflito visual com Selena e desejar agarrar Joseph não seria legal.


Bem, entre duas péssimas alternativas, subir um jogo de escada tinha sido um castigo cruel. O peito não parava de subir e descer com pressa e os lábios estavam secos. Demi se encostou a parede e fechou os olhos por alguns segundos sentindo as pernas moídas. Diabos! Qual era mesmo o problema dela? Voltar a correr no Central Park e parar de comer pizza. Fez aquela nota mental, pois sabia que se estivesse correndo regularmente não teria passado tanto sufoco para subir de escada até o departamento que trabalhava. Era nessas horas que Selena fazia mais falta com toda aquela disciplina para se manter em forma correndo e se alimentando de forma saudável.


- Tudo bem! – Demi respirou fundo segundos depois com a respiração mais controlada e as pernas descansadas. Ela não poderia fugir de Joseph. Teria que encará-lo de cabeça erguida como se nada tivesse acontecido na noite passada. Ela nunca tinha o visto beijar Mary. Enganar a memória não estava dando certo, pois quanto mais ela tentava apagar a cena de seus pensamentos a maldita se repetia como se estivesse em um loop.


Sem saída Demi resmungou baixinho e começou a caminhar em direção ao escritório tentando não olhar para os lados e não pensar em Joseph. Mas infelizmente era complicado demais, assim que chegou a área onde a maioria dos funcionários trabalhavam em suas mesas separadas, Demi observou como o departamento ainda estava vazio julgando pela quantidade de cadeiras vazias. Ele estava lá. O engraçado era: o olhar dele foi exatamente de encontro ao dela, o coração de Demi quase saiu pela boca conforme ela o encarava. Eram tantos sentimentos! Queria dizer como sentia muito por ser idiota, queria dizer a Joe que ela não o queria apenas como um amigo, queria se jogar nos braços dele e enfrentar o mundo com ele. Mas tudo que Demi fez foi abaixar a cabeça e caminhar diretamente para o escritório fechando rapidamente a porta atrás de si uma vez que estava protegida do olhar matador de Joseph. Como um homem poderia ser tão envolvente como ele? Demi se escorou na porta e fechou os olhos enquanto umedecia os lábios. Além de ser brutalmente lindo com aqueles olhos verdes hipnotizantes e intensos, Joseph era um amor. Simplesmente o homem mais divertido e carinhoso que ela tinha conhecido. Nenhum dos ex-namorados sequer chegava aos pés de Joe. Ah! E quando ele corava e gaguejava? Os pensamentos de Demi foram interrompidos e as bochechas quase pegaram fogo quando ela se lembrou da câmera instalada naquela sala. Diabos! Os músculos enrijeceram por conta do nervoso e completamente desconfortável Demi caminhou até a mesa onde trabalhava e se acomodou à cadeira começando a se organizar para trabalhar.


Será que Jake estava em frente ao computador a vigiando? Demi lançou um breve olhar na direção que suspeitava ser onde a câmera estava instalada e voltou a tentar focar a atenção no que fazia no computador. Tinha muito trabalho para ser feito e ela estava uma bagunça, tudo começava pelo cansaço e o sono que tentavam derrubá-la, logo vinha Joseph que estava a enlouquecendo aos pouquinhos e a matando de calor.. Seguido da maldita câmera. Será que tinha uma escuta, ou só a câmera bastava? Sem jeito Demi tirou o blazer que Dianna havia lhe dado e o colocou na cabeceira da cadeira giratória onde estava sentada. Ela teria que se concentrar, não dava para cochilar no sofá ou mesmo naquela cadeira, bem..Caso ela colocasse um dos livros em frente a câmera o problema estaria resolvido.. Era uma boa ideia, mas criaria outros problemas.


O pensamento estava longe e apoiando a cabeça com a mão esquerda que era sustentada pelo braço de cotovelo apoiado à mesa, Demi abaixou a cabeça de forma que ela tinha certeza que não daria para perceber na filmagem. Aos poucos as pálpebras caiam vez ou outra subiam, até que em um ponto tudo ficou escuro e o corpo mole. Demi bocejou cabisbaixa e por alguns segundos cogitou a ideia de girar a cadeira para ficar de frente a parede onde o ângulo da câmera não alcançava, ela poderia dormir tranquilamente, porém o sono era tão forte que não deu tempo de girar a cadeira nem nada, o primeiro suspiro foi baixo indicando que ela tinha conseguido dormir mesmo estando em uma posição bem improvável.


O sono na posição desfavorável era estranhamente bom, ou talvez fosse apenas uma ilusão já que o cansaço era tanto que ela estava confundindo as coisas. Quase caindo para o lado esquerdo, Demi resmungou ainda no mundo dos sonhos quando o celular começou a tocar baixinho logo ficando alto. Quem estava ligando uma hora daquela da manhã? Se acomodando a cadeira, Demi buscou o celular dentro da bolsa e verificou o número não era registrado na tela. Poderia ser algum cliente da Gyllenhaal que tinha conseguido o seu número através de alguma rede social ou algo do gênero. Poderia ser qualquer pessoa, Demi só não esperava que aquele pesadelo viesse à tona.


- Polícia de Nova York. Srta. Lovato, solicitamos a sua presença para novas informações sobre o caso do roubo seguido por tentativa de estupro. – Os olhos de Demi estavam tão arregalados e o medo aos poucos a cercava. Não importava o que a polícia queria informá-la, as lembranças daquela noite viam em flashes impedindo que a conversa ao telefone progredisse. O beco escuro, a lâmina da faca contra o pescoço, os lábios repugnantes tocando a pele sensível. A mulher ao telefone marcou um horário e Demi apenas concordou alheia a tudo que era dito naquela ligação. Desde aquela noite tudo tinha mudado de uma forma tão drástica, ela não era mais a mesma mulher tagarela e ultimamente estava tão confusa, tão decepcionada com ela mesma. Atordoada, Demi se levantou quando a chamada foi encerrada e caminhou de um lado para o outro. Mordeu o lábio inferior e colocou uma mecha do cabelo atrás da orelha. Por que ela não tinha uma boa intuição a respeito daquela situação? Estava começando a entrar em pânico e não sabia o que fazer, em quem se apoiar ou qualquer coisa. A bagunça só piorava a cada segundo em que as lembranças vinham em rápidos flashes. Dianna gritando com fúria que ela era fruto de um estupro; As palavras asquerosas daquele homem nojento a acurralando contra a parede gelada do beco escuro; As palavras de Selena e o olhar de decepção de Joseph. Adentrando os cabelos com os dedos, Demi fechou os olhos e então caminhou em direção à porta para sair daquela sala que a sufocava só de pensar que estava sendo filmada. A princípio não conseguiu girar a maçaneta, o nervoso não deixava, mas quando o fez o olhar machucado dela encontrou o de Joseph que se preparava para bater à porta.


- Joe... – Ele não hesitou quando Demi o abraçou apertado, e nem o faria. Abraçou o corpo dela de volta tentando não corar com todos os olhares que recebia do pessoal que trabalhava naquele departamento. Ele protegeria aquela mulher e cuidaria dela. Não deixaria que Demi fosse atormentada outra fez com aquela história covarde, ele conhecia os sentimentos dela e sabia como ela tinha sido brutalmente traumatizada com a verdade sobre o pai. Ao menos ele seria um bom amigo para Demi.


- Eu estou aqui. – Disse baixinho próximo a orelha dela e então sentiu as lágrimas começarem a molhar a camisa. Ele odiava quando ela chorava, e na noite de passada quando a viu quase se bateu por fazê-la chorar.


Para não chamar mais atenção, Joe abriu a porta do escritório de Demi e o adentrou com a mulher ainda chorando em seu peito. Era tão errado o que as pessoas faziam com ela. De cenho franzido a guiou para o sofá e se sentou deixando que Demi chorasse em seu ombro. Ela era tão bonita e tão frágil. Beijou-lhe a testa carinhosamente e a abraçou de lado repousando a palma da mão que era roçada pelas mechas de cabelo castanho nas costas.


- Nós ainda não sabemos o qu.. que é. – Ele gaguejou quando ela o olhou nos olhos e então guiou a mão que estava nas costas dela para arrumar os óculos de grau ao rosto.


- Eu estou tão cansada. – O olhar estava tão apagado e realmente demonstrava como Demi estava cansada e confusa. Joe assentiu pensando em se desculpar por deixar que Mary o beijasse na noite passada, mas tantas coisas estavam envolvidas e aquele pensamento pareceu ser estúpido e irrelevante. Demi era apenas uma amiga da qual ele estava apaixonado.


- Eu estou aqui. – Tornou a dizer lutando contra a vontade de abraçá-la contra o peito e beijar a boca dela. Joe preferiu ficar quieto e Demi se sentia tão segura nos braços dele que acabou fechando os olhos se permitindo dormir.


Os minutos se passaram e Joe estranhou todo aquele silêncio de Demi, sabia mais que ninguém que ela odiava ficar em silêncio, foi então que ele percebeu que ela dormia com a cabeça escorada em seu peito. Tinha sensação melhor que aquela? O coração quase saiu pela boca quando ele a observou dormir. Cada detalhe do rosto de Demi era tão perfeito, tão bem desenhado e ele tinha vontade de contornar os lábios delicados dela com os dedos antes de selá-los com os dele. Por um pouco não o fez, mas apenas sorriu e acariciou a bochecha dela aproveitando para colocar uma mecha do cabelo castanho atrás da orelha. Respeitando o sono dela, Joe se acomodou mais ao sofá e não conseguiu resistir, acabou por abraçar Demi contra o peito, o que a fez se aninhar a ele ainda mais. A sensação era tão boa, o rapaz não conseguia parar de sorrir sentindo o coração de Demi bater contra o peito. As curvas do corpo esculpido eram tão suaves e ela parecia tão delicada completamente linda dormindo agarrada a ele.


Como as coisas tinham mudado. Há poucos meses só de pensar em trocar uma palavra com uma mulher os objetos a sua volta eram derrubados e ele ficava tão vermelho de envergonha. Céus! Sem contar que gaguejava, bem, aquilo não tinha mudado muito, vez ou outra ele acabava gaguejando. O que mudava era: estava apaixonado, tão perdidamente apaixonado por Demi. Era um homem independente, tinha alugado um lugar para morar, tinha uma cachorrinha que arrancava cada sorriso de seus lábios! Lucy era o seu orgulho. Ah! Tinha amigos, finalmente amigos que gostavam da companhia dele. Não se esquecia de Rose e Derick no Texas, porém ter mais nomes na lista de amigos era muito legal.


Joe tornou acariciar a bochecha de Demi, estava gostando muito de tê-la acolhida em seus braços. Beijou-a na testa e quase teve um ataque cardíaco quando a mão dela lhe espalmou o peito e os lindos e femininos olhos marrons fitaram os dele.


- Tem muito tempo que eu estou dormindo? – A voz estava mansa e cheia de manha, Joe sentiu um arrepio estranho percorrer o corpo, mas negou balançando a cabeça. Demi estava mais calma, porém tão sem graça quanto Joe. Ela tinha perdido o controle das emoções quando se jogou nos braços dele e chorou, mas não podia ignorar o fato de que Joe estava seguindo em frente. Era justamente por aquele motivo que ela tinha passado a noite toda em claro. Não fazia sentido se aninhar a ele daquela forma. Demi se afastou forçando um sorriso e usou a almofada do sofá como apoio.


- Acho que não tem meia hora. – O rapaz não a olhou, umedeceu os lábios e respirou fundo. Estava tão bom ter Demi em seus braços, ele podia vigiar o sono dela por uma eternidade sem reclamar. – Você está bem? – Perguntou Joe dessa vez a olhando nos olhos e Demi assentiu com aceno.


- Eles não disseram nada demais. – Disse cruzando as pernas e fitando as unhas porque não conseguiria fitar aqueles olhos verdes hipnotizantes sem pensar em algo obsceno e muito apaixonado. – Eu só.. só pensei em tudo que aconteceu nesses últimos dias, fiquei preocupada e acabei desabando. – Demi arriscou olhá-lo nos olhos e suspirou. – Desculpe por desabar sobre você. – Murmurou e Joe franziu o cenho.


- Eu sei que aconteceram muitas coisas. A culpa não é sua por acreditar Demi. – Ela entendeu muito bem o que ele queria dizer. Só não sabia se concordava com as palavras de Joe. Quem tinha tomado às decisões tinha sido ela, portanto tinha culpa sim.


- Eu acredito na Sel e em tudo que ela me disse. – Depois que disse aquela frase o silêncio tomou conta do escritório, Demi olhou para Joe que estava pensativo, mas ele acabou assentindo calado. – Estamos sendo filmados. – Disse baixinho ao se lembrar da maldita câmera.


- Ele colocou uma câmera aqui também? – Murmurou Joseph e Demi franziu o cenho quando ele a olhou.


- Você sabia? – Ela perguntou e Joe assentiu não querendo falar muito sobre aquele assunto já que Jake estava os monitorando.


- Está pronta para ir à delegacia? – Quando Joe fez aquela pergunta Demi se sentiu tão aterrorizada que arregalou os olhos e xingou baixinho. Estava com medo.


- Temos que ir agora? – Ela perguntou não gostando nada daquela ideia e Joe assentiu pacientemente.


- Eles disseram que você tinha concordado em ir agora pela manhã. – Ela nem se lembrava da conversa, mas assentiu a contra gosto. – Se não estiver à vontade posso ligar e a gente vai quando você estiver melhor. – Como era possível um homem ser tão gentil? Demi o olhou, os olhos sorriam para ele, e ela acabou mordendo o lábio inferior. Queria abraçá-lo como tinha feito minutos atrás, dormir nos braços dele sentindo o carinho em sua bochecha e o perfume masculino, queria beijá-lo e ser feliz com ele.


- Não estou confortável com a ideia, mas acho melhor resolver logo isso. – Joe assentiu. Ele também não estava confortável com a ideia de ir à delegacia, estava preocupado com o que a polícia tinha a dizer e mais preocupado ainda com a reação de Demi, tanto que quando recebeu a ligação estava no refeitório da empresa se preparando para o café da manhã, mas a fome foi toda embora quando ele soube do que se tratava a ligação, só conseguia pensar em Demi.


- Quer que eu espere lá fora? – Ele perguntou se levantando do sofá e Demi franziu o cenho.


- Só preciso pegar a minha bolsa. – Ela disse também se levantando e caminhando em direção à mesa para organizar o material de trabalho que mais uma vez se acumularia. – Não vai te atrapalhar? – Perguntou buscando pelas chaves e a bolsa na prateleira.


- Posso ficar algum tempo a mais do meu horário. – Ela faria o mesmo, porém preferia trabalhar em casa.


- Obrigada Joe. – Demi o abraçou quando se aproximou e quase o beijou na bochecha, mas hesitou, preferiu olhá-lo nos olhos e sorrir em agradecimento. – Eu não sei o que faria sem você.


Joe sorriu de volta pensando em dizer algumas palavras para Demi, mas não o fez, simplesmente depositou um beijo carinhoso na testa dela e disse um “Vamos?” como todos os homens diziam quando as mulheres demoravam demais para se arrumar. Eles receberam muitos olhares quando saíram daquele escritório, e ambos ficaram corados. Demi ficou a esperar por Joseph na porta do escritório quando ele foi buscar pelos objetos pessoais na mesa de trabalho. E de onde estava Demi observou Joe trocar algumas palavras com Ed e logo com Mary, que aparentava estar preocupada. Não pareciam íntimos como um casal, estavam mais para amigos que tinham se beijado e tudo tinha ficado estranho entre eles. Demi os observou por alguns minutos e logo o olhar foi lançado diretamente sobre a mesa de Selena. E como se a amiga pudesse sentir que ela a olhava, Sel a olhou e Demi esboçou um pequeno sorriso que foi retribuído. Ela queria tanto se aproximar de Selena e conversar, queria pedir desculpas e nunca mais trocá-la por nada ou por ninguém.


- Demi? Vamos? – A voz de Joseph interrompeu seus pensamentos e quando Demi voltou a olhar Selena, ela abaixou a cabeça para voltar a trabalhar. Será que ainda teria uma chance de consertar as coisas?


- Vamos. – Enquanto caminhava com Joe em direção ao elevador Demi pensava na amiga e em como ela fazia falta, as coisas nunca seriam as mesmas sem Selena. Não fazia sentido ter que ficar longe de Sel. – Pensei em descer de escada. – Murmurou Demi e Joe arqueou as sobrancelhas apertando o botão do elevador.


- São muitos andares. – Ele disse e ela sorriu sem graça pensando em dizer que usar o elevador ultimamente estava complicado por conta dos encontros desagradáveis que aconteciam ali.


- Como a Lucy está? – Demi perguntou assim que adentraram o elevador. Ela não queria ficar em silêncio, pois caso ficasse os pensamentos iriam enlouquecê-la.


- Está bem, não para de crescer e sente muita a sua falta. – A conversa morreu ali, porém não foi desconfortável o silêncio que seguiu e Demi conseguiu um pouco de paz de espírito ao lado de Joe sem deixar que as bobagens que pensava a levasse a insanidade. Era bom estar com Joseph justamente por aquilo, ela não precisava ser uma tagarela por vinte e quatro horas consecutivas. Às vezes trocavam olhares e chegaram até trocar um sorriso. Demi estava feliz por Joe estar permitindo que ela se aproximasse dele novamente depois de tudo que ela tinha feito. Ele ainda era frio algumas vezes, mas o fato de estar ali para protegê-la e apoiá-la era tão importante para ela.


Não demorou que o elevador chegasse ao hall do prédio. E de alguma forma Demi se sentiu nervosa por ter que ir à delegacia, hesitou um pouco e travou no meio do caminho, mas quando olhou para Joseph ele a encorajou a seguir em frente dizendo que não a abandonaria.


- Independente do que eles disserem, eu vou estar aqui, ok? – Joe tinha uma mão no ombro dela e a olhava no fundo dos olhos tentando lhe passar segurança. Demi o abraçou forte e ele retribuiu o abraço não gostando nada de como Demi estava tensa e amedrontada. – Eu vou estar sempre aqui para você. – Tornou a dizer forçando um sorriso quando eles se olharam e Demi assentiu.


- Obrigada! – Ela disse o agradecendo com todas as suas forças. Demi queria mesmo era beijá-lo na boca, mas sabia que acabaria estragando as coisas caso o fizesse, Joe se afastaria de novo.


O hall da empresa não estava movimentado como o de costume, e Demi suspeitou que deveria ser por conta daquele horário da manhã. Todos os funcionários já estavam trabalhando e ansiavam pelo horário do almoço, era assim que as coisas funcionavam por ali. Quando se aproximaram da porta de saída Demi franziu o cenho ao ver Jake cruzá-la na companhia da secretária, eles não pareciam felizes e quando o presidente da Gyllenhaal passou por ela, ele não a cumprimentou a início.


- Bom dia. – Ele tinha sido tão ríspido que deveria ser o pior bom dia que Demi já tinha recebido em toda a vida. – Para onde vocês vão? – Perguntou sem rodeios e Demi franziu o cenho lançando um breve olhar para Joe e logo para Jake que nem tirou os óculos de sol para olhá-la.


- Temos que ir a delegacia. – De repente Jake ficou duro de tão tenso, a feição indecifrável e os lábios em uma linha. Foi ai que ele tirou os óculos e franziu o cenho. – Eles têm informações do homem que.. que tentou.. – Demi não conseguiu concluir a frase, mas ficou subentendido o que ela queria dizer e Jake apenas assentiu sem olhá-la nos olhos.


- Não demore, vocês estão sendo pagos para trabalhar. – Ele não disse mais nada, virou as costas e seguiu caminho com a secretária a sua cola.


- Isso foi muito grosseiro. – Murmurou Demi tão surpresa por Jake ter dito aquelas palavras, ela nunca imaginou que ele fosse daquele tipo e Joe que estava ao seu lado não disse nada, pois sabia que Demi não tinha culpa por ter acreditado no teatro de Jake enquanto ele mostrava quem realmente era nas costas dela.


- Acho melhor a gente pegar um taxi. – Ele não queria que Demi caminhasse até a delegacia por mais que tinha certeza que o caminho até lá seria muito agradável na companhia dela e de toda a beleza de Nova York, queria ao menos uma vez levá-la para qualquer lugar que fosse de carro confortável e protegida.


- A delegacia não fica muito longe daqui, podemos caminhar até lá. – Franzindo o cenho Joe negou murmurando um não e bateu a mão para o primeiro taxi que passou por eles, que por sinal estava ocupado.


- Vamos pegar um taxi, será mais rápido. – Joe bateu a mão para pelo menos três taxis que passavam naquela rua principal do prédio da Gyllenhaal, mas foi na quarta tentativa que o taxi finalmente estava livre. Ele fez questão de abrir a porta traseira para Demi e se sentou ao lado dela dizendo ao taxista o destino deles. – Está tudo bem?


Demi preferia olhar as ruas a olhar para Joe, ele estava sentado tão próximo a ela, o calor do corpo a incendiando e ela podia sentir o olhar dele a penetrando aos pouquinhos. – Está tudo bem. – Afirmou tentando soar natural, mas foi um pouco impossível já que a voz saiu tensa e carregada de medo.


- Nós vamos enfrentar isso juntos, ok? – Demi assentiu respirando fundo. Ela não sabia por que estava tão nervosa com a situação. Joe estava ali com ela e bastava, ela tinha certeza que ele não deixaria que nada de mal acontecesse, mas ainda sim o maior estrago já estava feito há muito tempo: o psicológico.


Joe só percebeu que estavam próximos da delegacia quando viu o movimento de viaturas e policiais, e bem, a mão tremula de Demi também lhe chamou atenção. Ela estava nervosa e ele não a julgava, a história dela era tão pesada e de partir o coração. Ele poderia entender um pouco como era crescer sem ter um pai e uma mãe, mas Deus tinha sido generoso com ele ao lhe dar uma segunda mãe que era a avó Clara que sempre tinha cuidado dele desde bebê. Já Demi não teve a mesma sorte, cresceu sozinha e em algum momento da vida tinha encontrado Selena que era como se fosse a sua irmã. Tempos depois ela descobriu a verdade sobre o pai e por um pouco também tinha sido estuprada. Era uma pena existir homens covardes àquele ponto. De cenho franzido Joe fez questão de pagar o taxi e ajudar Demi a descer do carro lhe segurando a mão. Ah! Ele tinha adorado segurar a mão delicada dela.


- Respira fundo, está bem? – Demi sorriu um tanto nervosa, mas assentiu. Joe estava sendo tão fofo e protetor e ela estava gostando tanto de receber tanta atenção dele e de todos aqueles toques acidentais que vez ou outra aconteciam.


Infelizmente não deu para disfarçar mais quando a imagem da delegacia estava a sua frente. Demi resmungou ficando parada onde estava observando aquele cenário de terror. Ninguém parecia feliz, a não ser os policiais que comiam rosquinhas e tomavam café em copos descartáveis. Na sala de espera havia pessoas que pareciam cansadas e mal humoradas entretidas com alguma coisa que passava na televisão que por sinal estava um pouco alta demais, Demi adentrou os cabelos com os dedos e franziu o cenho flagrando um policial a olhando de cima a baixo. A feição séria e detalhista.. Parecia-lhe familiar.


- Dem, vamos. – Ele tinha a chamado pelo apelido que Selena usava. Demi sorriu mesmo atordoada e contra vontade caminhou ao lado de Joe até a recepção onde a secretária os atendeu depois de mil e um telefonemas. – Nós estamos aqui para..- Ela não conseguiu prestar atenção no que Joe dizia a recepcionista, apenas percebeu que ele estava tímido e vez ou outra gaguejava, porém preferia que ele falasse já que ela não daria conta do recado. Preferia ficar calada e paranoica pensando em muitas besteiras. – Temos que esperar. – Disse Joe assim que se despediu da secretária com um tímido obrigado. – Temos que esperar. – Tornou a dizer quando Demi o olhou. – O pessoal que está cuidando do seu caso teve um contratempo.


- Nós podemos ir embora? – Foi à primeira coisa que veio na cabeça dela. Ficar na delegacia não parecia agradável. E se algum bandido resolvesse fazer uma chacina por vingança ou qualquer absurdo daqueles que costumavam passar no jornal?


- Vamos esperar. Não deve demorar muito. – Demi pensou que Joe a levaria para se juntar ao grupo de pessoas infelizes que assistiam à televisão, mas ele os guiou para um conjunto de três cadeiras acolchoadas que ficavam em um corredor perto de um bebedouro. Ali parecia tranquilo e a presença de um vaso branco com uma planta bonita, que Demi não tinha notado a inicio, dava vida ao ambiente.


- Eu não gosto daqui. – Murmurou cruzando as pernas e Joe riu cabisbaixo.


- O tempo passa rápido, daqui a pouco nós vamos embora. – Ele a olhou e Demi assentiu respirando fundo.


- Desculpe, eu estou sendo chata. – Disse colocando uma mecha do cabelo atrás da orelha e Joe não ousou em desviar o olhar do rosto bonito dela. – Eu não consegui dormir essa noite. – Começou a dizer com um pouco de receio, pois não queria que Joe desconfiasse que ele era o motivo da noite em claro. – E quando eles me ligaram eu entrei em pânico. – As bochechas dela coraram e Demi revirou os olhos para si mesma. Ela tinha mesmo pegado aquela mania.


- Se quiser você pode cochilar. – Demi assentiu arrumando a bolsa no colo e um tanto sem jeito ela deitou a cabeça no ombro de Joe. Não recusaria aquela oferta, jamais! Estava desconfortável, pois ambos estavam tensos, mas Joe ajeitou o corpo mesmo sentindo o frio na barriga golpeá-lo conforme Demi se aninhava cada vez mais a ele. – Eu sei que eu já disse isso e está virando clichê. – Começou a dizer quando viu que as mãos dela estavam tremulas. – Mas tudo vai ficar bem, ok? Eu prometo. – Definitivamente tinha usado todo o estoque de coragem para conseguir enlaçar os dedos aos dela. O engraçado era que ela sempre estava pronta e nunca demonstrava tanto nervoso como acontecia com ele. Demi automaticamente envolveu os dedos aos dele e deu um jeitinho de se enroscar ainda mais ao corpo dele daquela forma que estavam. Era tão bom! Arriscando-se mais um pouco Joe a beijou na testa e quando percebeu os olhos marrons de Demi fitavam os dele tão intensamente. Ela desfez o enlace dos dedos e os levou para a barba que ele deixava crescer, acariciou-a desde o canto esquerdo do maxilar até o queixo e sorriu.


Céus! O suspiro que deixou escapar entregou todos os sentimentos dele por ela. Joe sentia o corpo queimar de paixão que não sabia mais o que era certo e o que era errado, só sabia que queria juntar os lábios aos de Demi. Resolveu acariciar o rosto dela da mesma forma que ela tinha o acariciado, contudo ele foi mais curioso e tocou suavemente os lábios dela com polegar direito, os entreabriu e Demi fechou os olhos esperando o que estava por vir. Ele queria tanto mordiscar aqueles lábios bonitos, tocá-los com os dele enquanto envolvia o corpo feminino com os braços. Ela estava o esperando e ele tentava controlar o coração agitado demais, encostou os lábios aos dela sentindo a textura macia e quente atingi-lo em cheio. Mas não deu tempo do beijo acontecer, chamaram o nome de Demi e de repente ela ficou tão tensa.


- Eu estou aqui. – Joe tornou a dizer colocando uma mecha do cabelo castanho dela atrás da orelha e acabou a beijando na boca com um selinho demorado.


- Tubo bem! – Demi franziu o cenho e respirou fundo antes de segurar a mão que Joe lhe oferecia, mas quando ela o fez se sentiu tão protegida só pelo fato de estar com ele.


Aquele prédio era tão cheio de salas e departamentos, caso estivesse sozinha não conseguiria sequer dar um passo, mas Joe a guiava a segurando pela mão em direção à sala onde o delegado responsável pelo caso os esperava.




- Bom dia! – Murmurando um bom dia Demi apertou a mão do delegado sentindo cala frios, pois da última vez que tinha o visto ele tinha feito tantas perguntas ainda naquele beco frio enquanto os paramédicos cuidavam Joe. – Sentem-se. – Assim que se acomodou na cadeira acolchoada Demi procurou pela mão de Joe e a envolveu com a dela. Respirou fundo ainda nervosa, olhou para os lados observando o arquivo e as persianas entreabertas da parede de trás do móvel. – Srta. Lovato. – Demi franziu o cenho ao olhar para o homem de meia idade vestido com roupas sociais escuras e o distintivo pendurado por um cordão no pescoço. – Mandei chamá-los para avisar que o Sr. Peterson responderá pelos crimes cometidos em liberdade. – Joe engoliu em seco e levou a mão livre à testa. Já Demi estava com os olhos castanhos arregalados e os lábios pálidos. – É muito improvável que ele os procure por vingança ou algo do tipo, mas nós manteremos algumas viaturas nas proximidades da residência de vocês por precaução. – Vingança ou algo do tipo. Demi umedeceu os lábios e apertou mais a mão de Joe. Ela estava começando a entrar em pânico.


- Por qu..que ele responderá em liberdade? – Murmurou Demi mordendo o lábio inferior e olhando para os papeis sobre a mesa.


- Segundo os advogados, o réu sofre de problemas de saúde que não podem ser tratados numa penitenciária. – Aquelas palavras tinham sido ditas com tanto desgosto. – Resumindo, a família tem dinheiro. – Joe assentiu balançando a cabeça em um gesto de negação. Infelizmente o dinheiro também conseguia burlar a justiça. – Nós os manteremos seguros. – A conversa acabou ali, despediram-se com um aperto de mão e ambos saíram calados da sala.


- Demi? – Chamou quando já estavam do lado de fora do prédio e Demi o olhou um tanto atordoada. – Está tudo bem, ninguém vai te machucar. – Ele não deixaria que nenhum homem a machucasse de forma alguma. Valia tanto para um bandido estuprador quanto para Jake. – Eu prometo. – Demi se agarrou a Joe o abraçando com força sem se preocupar se todos estavam os olhando ou se o abraço estava demorando demais. Ela só queria se sentir segura nos braços dele.


Continua... Tô sem internet por isso demorei para postar, até o próximo capítulo e obrigada pelos comentários!