19.12.18

Capítulo 18 - Parte I/II


Tarde da noite não tinha como resolver muita coisa. Havia farmácias que funcionavam por vinte e quatro horas e que até faziam entregas, mas quando Demi se acomodou aos braços da mãe deitada ao sofá, Dianna decidiu que era melhor deixar a filha descansar.

Com a hora avançada, o aquecedor ligado numa temperatura deliciosa e o silêncio, só restava dormir para encarar o novo dia. Mas o sono de Demi por um pouco não veio. Os olhos estavam arregalados e se mover era muito estranho porque existia aquela possibilidade de estar grávida que a deixava incomodada e assustada. Dianna dormiu e Joseph estava tranquilo dormindo que chegava a suspirar. Quem diria que ela ficaria acordada por tanto tempo? Geralmente era a primeira a ceder e dormia até suspirar.

Acontecia que a mente já estava uma bagunça antes mesmo de saber se o enjoo era ou não fruto de uma gravidez.

Abandono materno e paterno, conviver com a prostituição, família de baixa renda, escola, faculdade, trabalho, relacionamentos fracassados. E se ela fosse uma mãe tão ruim quanto a que tinha? E se ela estragasse a vida de um inocente com traumas e humilhações como estragaram a dela? E se.. E se Joe partisse e a deixasse com um bebê? Foram tantos pensamentos que era o suficiente para Demi até mesmo imaginar um bebezinho de olhos verdes chorando num berço enquanto ela o olhava sem saber o que fazer.. Mas de partir o coração foi imaginar um dia chuvoso, um caixão preto e uma lápide o esperando para guarda-lo para toda eternidade. A alma ficaria partida e com uma feriada incurável. Jamais se recuperaria, jamais seria capaz de amar e sequer poderia respirar. Como viveria se ele ousasse em partir? As lágrimas rolaram com tanta intensidade ao observar Joe dormir.


 Demi tinha o olhado por tanto tempo, estudou a beleza do rapaz mais tarde já calma, pensou em milhares e milhares de situações que a levou a chorar e sorrir. O sono a tomou quando ficar de olhos abertos era uma missão difícil, pois as pálpebras estavam cansadas e toda hora fechavam mesmo contra vontade da moça.

Só foi uma pena que o sono não durou nem duas horas. Quando se ergueu, a cabeça pareceu pesar quilos e quilos! Demi franziu o cenho se sentindo tonta e cansada. Dormir com Dianna era muito bom, mas a posição que escolheram no sofá estava muito longe de ser confortável, o que certamente resultaria em muitas dores no corpo no decorrer do dia.

   - Mãe? – Chamou quando sentiu no couro cabeludo o leve carinho dos dedos da mãe. – Tem muito tempo que você está acordada? – Perguntou se aninhando mais a Dianna e numa ação automática, fechou os olhos porque era o que ela geralmente fazia: voltava a dormir quando acordava, mas depois que se lembrou dos acontecimentos da noite passada, dormir era a última opção, e agora os olhos castanhos de Demi demonstravam tanta atenção quanto os de uma coruja.

   - Alguns minutos. Você estava muito inquieta. – Disse Dianna impassível a olhando e observando. – Enjoada? – Aquele assunto.. Demi sentiu o coração bater mais rápido e ao sustentar o olhar da mãe, foi demonstrando medo e receio conforme assentia negativamente.

   - Eu vou lavar o rosto e escovar os dentes. Preciso ir à farmácia agora mesmo. – A roupa do dia passado não estava ruim. Demi só a incrementaria com um cachecol e touca, pois as manhãs eram tão frias quanto às noites. Erguendo-se, com muito receio espreguiçou o corpo, bocejou e franziu o cenho pronta para ficar em pé.

   - Não quer comer primeiro? – Perguntou Dianna e Demi negou no mesmo instante se lembrando de como Anna estava enjoada, até a pasta de dente provocava enjoos. Ela esperava que não sofresse o mesmo, e nem que ficasse mole e enjoada deitada numa cama.

Muita calma. Muita calma e tranquilidade. Respirar fundo estava ajudando a não surtar. Ao chegar ao banheiro, Demi se olhou no espelho enquanto respirava fundo. Era como se dissesse a si mesma que tudo estava bem e que não precisava ter medo e muito menos ficar apavorada. Assim cada etapa foi feita: o rosto foi pacientemente molhado ajudando-a despertar, uma escova para dentes foi improvisada com nada mais que o dedo, e na hora de fazer xixi, Demi franziu o cenho porque ela não tinha o costume de fazer aquele tanto.

   - Vai acordá-lo? – Era uma boa pergunta. Demi olhou para mãe e depois para Joe. Tudo seria diferente quando o namorado estivesse acordado e ciente do que acontecia. Talvez fosse melhor não contar nada enquanto não havia certeza...

   - Não. Ele precisa descansar. – Mesmo tensa, Demi sorriu porque até dormindo Joe conseguia ser um amor. Ele era todo grandão, as bochechas carregavam o leve rubor de sempre, o cabelo um charme bagunçado e o sofá era um pouquinho pequeno para abriga-lo. – Amo você. – Disse quando estava sozinha com o rapaz. Ela se agachou em frente ao sofá e sorriu arrumando a coberta ao corpo de Joe para depois beijá-lo demoradamente na bochecha e roubar um selinho.

Se fosse positivo, ele ficaria com ela? Ele amaria o bebê? Eles seriam uma família? Demi franziu o cenho observando Joe. Em teoria era muito fácil, já na prática.. Tudo mudaria e nas atuais circunstâncias, seria sofrido. A cabeça sempre estava cheia de complexos e incertezas. Os dedos deslizaram para dentro das mechas do cabelo curto e Demi observou Joe franzir o cenho, mas não foi nada que o fez despertar. Um bebê. Menino ou menina? Falaria papai ou mamãe primeiro? Era confuso! Simplesmente confuso! Ao mesmo tempo em que estava assustada e não aprovava a ideia, queria muito que fosse verdade.

   - Vamos? – A voz de Dianna a pegou de surpresa porque a mente a levava para outra dimensão. Ao assentir, Demi beijou a bochecha de Joe, o que o fez ronronar o nome dela. – Vocês são colados. – Comentou Dianna assim que fechou a porta do apartamento.

   - Nós passamos boa parte do tempo juntos. – Seria bom se distrair, mas o assunto não a ajudava a parar de pensar no enjoo da noite passada. – Eu estou preocupada. – Disse um pouco impaciente esperando pelo elevador e Dianna franziu o cenho quando a olhou.

   - Independente do resultado, eu vou estar com você. – Eram palavras simples que toda mãe dizia a filha, mas para Demi ouvir aquela frase a emocionou e o coração bateu mais rápido porque era a primeira vez que Dianna dizia palavras de mãe.

***

 O dia não tinha começado caindo neve e de tempo fechado, o sol estava brilhando timidamente no céu e os raios emitidos pela estrela iluminavam e irradiavam um calor delicioso de sentir. Nova York era uma vista maravilhosa com ou sem neve, e naquela manhã estava agradável caminhar pelas ruas da cidade permitindo que os passos fossem mais lentos, assim foi a ida de Demi e Dianna à farmácia. Estavam de braços dados, demoraram-se nos passos porque conversavam sobre a Inglaterra, o tempo de Nova York e Dianna arriscou perguntar sobre o relacionamento de Demi com o Joe mesmo com a menina extremamente envergonhada.

   - Quando eu estava grávida de você, nos dois primeiros meses eu sentia muito enjoo e sonolência. – Comentou Dianna como se fosse ajudar Demi a distrair, e tudo que ela fez foi franzir o cenho e murmurar um tanto agoniada. – Ei, espera. – Demi estava ansiosa demais, toda hora murmurava e refazia as contas do período menstrual contando nos dedos pensando que o aplicativo tinha algum erro, então por isso quase não prestava atenção na mãe e estava ansiosa para fazer o teste mesmo que o resultado a mataria do coração. Antes que Demi abrisse a porta, Dianna a segurou pelo braço e a olhou nos olhos. – Não tenha medo, meu anjo. Ter um bebê é difícil, mas é a melhor coisa que pode acontecer com uma pessoa. O Joe te ama, vocês estão juntos e nada vai dar errado. Vocês são totalmente capazes de cuidar de outra vida. Vocês estão melhores que eu e o seu pai, não precisa ter medo. – Demi queria dizer que o medo de perder Joe era maior que qualquer desejo, que o medo de não ser uma boa mãe a assustava, mas tudo que ela conseguiu fazer foi envolver Dianna num abraço apertado.

   - Eu espero que sim. – Disse a olhando nos olhos e segundos depois voltou a atenção para porta abrindo-a.

   - Demi? – A voz de Joe foi o suficiente para o coração de Demi ir à boca por conta do nervoso. E quando o rapaz se ergueu ainda sonolento, tudo que Demi fez foi sorrir porque não queria que Joe percebesse o quão tensa ela estava. – Onde vocês estavam? – Perguntou se espreguiçando ainda sonolento. A sorte era que elas tinham passado numa padaria para comprar pães e o bolo que Demi tanto tinha insistido para o café da manhã.

   - Comprar pães. – Para esconder o nervoso, Demi sorriu e se acomodou ao sofá porque queria abraçar o namorado e beija-lo na bochecha. – Você está quente. – De certa forma ficar perto de Joe a acalmava, mesmo com todo nervoso. Demi o abraçou pela cintura e o beijou no ombro, mas logo Joe a abraçou forte e a beijou na bochecha.

   - Bom dia Dianna. – Concentrar-se em algo diferente que o calor delicioso que emanava do corpo dele com o de Demi, foi difícil. Joe queria poder voltar a dormir numa cama espaçosa e confortável e Demi estaria abraçada a ele, nua e manhosa.

   - Bom dia, Joseph. Dormiu bem? – Dianna sorriu simpática, e imaginou que se o rapaz dissesse que o sofá era confortável, ele estaria mentindo porque o espaço era pequeno para um homem grande.

   - Não foi ruim, só um pouquinho dês..desconfortável. – Vermelho ele estava porque tinha decidido que não iria mentir para sogra, e resultado disso foi quase uma gagueira que o deixaria constrangido, caso a fala embolasse mais. Acontecia que quando as mulheres tinham a atenção focada toda nele, Joe sentia um nervoso incomum que o atrapalhava de ter uma linha de raciocínio contínua e coerente. Sorte era que a pior parte daquela fase já tinha passado.

   - Dá próxima vez que você dormir aqui, nós organizamos o quarto da Demi. – Dianna os olhou e sorriu um pouco ansiosa com a ideia de ser avó. Analisou a filha nos braços do namorado e a vontade de chorar quase falou mais alto. Será que era como diziam? “O meio faz a pessoa?”. Demi sempre foi rodeada de maus exemplos, influenciada a entrar no mundo da prostituição, mas resistiu e conseguiu ser uma pessoa melhor. Observando como o casal tinha sincronia e que claramente se amava, a felicidade tomou conta do coração de Dianna porque a filha tinha um caminho fantástico a seguir, fosse amoroso, familiar ou profissional. – Vamos tomar café? – Perguntou gentilmente olhando para Joe para depois para Demi focando o olhar no dela por um tempo há mais.

   - Podem ir na frente, eu preciso ir ao banheiro. – Quem disse que Demi conseguiu olhar para Joe ou para Dianna? O nervoso a pegou de jeito e a ansiedade poderia mata-la a qualquer momento. O coração batia tão rápido que a incomodava. Quando começou a se sentir sufocada e zonza, Demi rompeu o abraço de Joe e se levantou um pouco atordoada olhando para o chão.

   - Dem, eu posso lavar o rosto antes de você entrar? – Lavar o rosto e improvisar uma escova para os dentes. Joe nem percebeu o estado de Demi porque se acomodou ao sofá sentado para poder calçar o tênis e vez ou outra arriscava olhar para Demi, mas como ela estava de costas, não dava para perceber o quão estranha ela estava, só a tensão.

   - Tudo bem. – Não foi como o de costume, nem mesmo tinha um sorriso pequeno que mostrava como ela estava feliz por tê-lo por perto. Joe interpretou o comportamento estranho como vergonha de Dianna, já Demi teve que se concentrar para respirar fundo e ficar calma quando o rapaz virou as costas caminhando à direção do banheiro.

   - Você quer um copo com água? – Perguntou Dianna preocupada a segurando nos braços ao perceber como os lábios mudaram do avermelhado para o esbranquiçado em pouco tempo, a face estava pálida e a respiração de Demi tentava ser mais eficiente em vão. – Respira fundo e fica calma. – Pediu tentando não ficar desesperada porque só atrapalharia. A primeira ideia foi acomodar a filha ao sofá e abana-la usando a capa de uma agenda. Sorte foi que surgiu efeito. Aos poucos a menina voltou à cor normal e parecia mais calma.

   - Ele está me deixando nervosa. – Ronronou Demi cobrindo o rosto com as mãos. A ideia era tentar parecer normal, mas o desespero estava atrapalhando tudo e só de olhar para Joe, a imagem de um bebê vinha a mente junto a toda bagunça feita pelos pais. – Mãe, e se eu realmente estiver? – Perguntou deitando a cabeça na almofada do sofá para olhar para cima.

   - Será uma nova etapa na sua vida, e tudo ficará bem. – Dianna a puxou para os braços e gentilmente a beijou na testa. – Eu vou estar aqui, prometo que não vou a lugar nenhum e não vou ser a mãe chata que sempre fui. – O olhar que trocaram foi sincero, e através dele Demi soube que não existiam falsas promessas.

   - Eu vou precisar muito de você. – Quando a primeira lágrima rolou, Demi a limpou rapidamente e beijou a bochecha da mãe para que pudesse ficar quietinha se sentindo segura nos braços da mulher que mais amava em todo o mundo.

   - Eu não sabia que estava tão tarde. A tia Laura deve estar preocupada. – Por que ele era tão fofo? Demi demorou um pouco a processar as palavras de Joe. Olhou-o nos olhos sentindo o coração bater mais rápido de paixão.

   - Você vai ao hospital que horas? – Perguntou Demi tentando disfarçar a tensão, mas quando se acomodou ao sofá, Deus! Era uma mistura louca de sentimentos. O medo de estar grávida, o medo de perder o homem que amava, a paixão misturada ao amor que sentia por Joe. Ele não podia abala-la daquela forma! O suéter verde moldado ao corpo forte, o cabelo não tinha tomado forma com os dedos molhados e então estava um pouco bagunçado.

   - Depois do almoço. – Não era hora para pensar em como queria agarrar Joe e fazer amor com ele. Demi assentiu e desviou o olhar porque a preocupação e a lembrança que Dianna estava ali com eles a deixou envergonhada.

 - Vão adiantando o café da manhã. – Sorte que a sacola era de papel. Quando segurou o teste, a sensação era a de estar com uma bomba em mãos. Demi saiu o mais rápido possível da sala, e quando chegou em frente a porta do banheiro teve que respirar fundo e se recostar a parede.

Era uma loucura! A cada segundo os pensamentos ficavam mais embaralhados com as lembranças da infância, o medo de perder Joe e a falta de amor de Dianna durante vinte e três anos. O choro veio quando a imagem de Inácio veio a mente. Por que tinha que ser confuso? Por que tinha que ser difícil? A emoção estava a flor da pele e Demi não conseguia se conter sozinha, tudo que precisava era dos braços de Selena para ampara-la. Pensar em tudo que tinha acontecido não a levaria a lugar algum porque não tinha como alterar o passado.  

A coragem para entrar no banheiro surgiu do nada, mas já era meio caminho andado. Demi fechou a porta e se sentou a tampa do vaso sanitário. Iria ficar louca se continuasse pensando e morreria de ansiedade se não soubesse o que estava acontecendo com o corpo.

Tirar o teste de gravidez da sacola de papel custou muito! As mãos estavam altamente trêmulas que se alguém a visse, pensaria que era algo como Mal de Parkinson. Que imagem estúpida! Quem diabos ficaria feliz fazendo um teste de gravidez? Demi franziu o cenho observando o design da caixa. Uma mulher sorridente segurando aquela coisa que mais parecia um termômetro. Era a primeira vez que ela comprava um teste de gravidez, a primeira vez que chegava a suspeitar que estava grávida. Como aquilo foi acontecer? Bem.. Demi revirou os olhos com o próprio pensamento. Talvez se ela tivesse um pouquinho de juízo e não agarrasse Joe o tempo todo... E o maldito anticoncepcional. Talvez se os dois fossem menos empolgados e mais prudentes com o sexo, a situação não aconteceria tão cedo.

Demi enrolou o máximo que pode. Leu todo o conteúdo das instruções, verificou a data de validade e a de fabricação, e a cada palavra que lia, a ansiedade fazia com que a barriga doesse um pouco mais. Quando a mente a levou longe com a imaginação do design na caixa do teste de gravidez, Demi franziu o cenho porque ela até se imaginava editando aquela imagem e colocando todas aquelas letras cor de rosa bonitas e discretas com as palavras “Pregnancy Test”.

Fazer o teste que era bom, nada! O máximo que Demi conseguiu foi tirar o teste da caixa e deveria ter quinze minutos que ela o olhava e tremia a perna esquerda ansiosamente.

   - Dem, você está bem? – Era a voz de Dianna depois de duas batidas à porta. Demi levantou num pulo e abriu a porta para a mãe.

   - Eu não tenho coragem. – Disse tão nervosa que sentiu todo o corpo ficar mole de ansiedade. – Eu estou com medo. – Resmungou chorosa e Dianna a abraçou forte.

   - Quando eu encostar a porta do banheiro você vai fazer esse teste, meu anjo. E independente do resultado, nós vamos ficar juntas. – Dianna sustentou o olhar de Demi até que a mesma assentiu balançando a cabeça para depois abraça-la com força. – Vamos, Dem. Vai ficar tudo bem. – Dianna não queria dizer a Demi que estava feliz com a ideia de ser avó porque sabia que só deixaria a filha mais atordoada.

   - Mãe? – O lado criança sempre falaria mais alto que o adulto. De olhos marejados, Demi olhou para mãe. Era como uma súplica para que Dianna não a deixasse novamente e tudo que ela fez foi dizer “Eu vou estar aqui do lado de fora te esperando, meu amor”. O olhar não negava. Demi assentiu segundos depois e chorosa começou a se preparar para fazer o teste no Box.

Diga-se de passagem.. Aquele teste foi um desastre! Demi tropeçou no tapete e quase caiu sobre o Box, tinha dado muito trabalho para tirar a calça e o frio a incomodou. Depois de feito, tudo que podia ser ouvido eram as batidas fortes e rápidas do coração que pareceu vir à garganta. E a coragem de olhar o resultado? Demi se vestiu e quando pegou o teste no chão, quase desfaleceu porque havia duas fitas. Duas fitas!

Ela iria morrer! O choque da confirmação foi tão grande que se não tivesse se sentado ao vaso, cairia no chão. A visão até ficou turva e a audição estranha por alguns segundos, Demi se sentiu enjoada e muito fraca, fraca a ponto de não ter força nos membros.

Era muita responsabilidade! Muita responsabilidade para quem não tinha maturidade para determinadas situações. E se ela ficasse sozinha? O choro ficou mais alto quando Dianna adentrou o banheiro, e se a porta não tivesse sido fechada, Joe viria correndo para saber o que estava acontecendo.

   - Vai ficar tudo bem. – Disse Dianna a abraçando. Ao contrário de Amélia, tudo que ela faria seria dar apoio e suporte a Demi. Estaria sempre presente e cuidaria da filha como nunca tinha feito.

 Demi não conseguiu dizer nada, só deixou que a mãe a confortasse e a protegesse naquele abraço especial que parecia ter o poder de melhorar o dia de qualquer pessoa. Estar nos braços de Dianna recebendo o carinho e todas as palavras carinhosas era tão bom e tinha o poder de acalma-la.

   - Não tenha medo, eu tenho certeza que você será a melhor mãe de todo o mundo. – Foi um choque de realidade. Demi sustentou o olhar da mãe e não conseguiu retribuir ao sorriso. Melhor mãe de todo o mundo.

   - Dem? – Era a voz de Joe e Demi ficou alarmada ao ouvi-la pensando na possibilidade de o namorado descobrir o que estava acontecendo. – Está tudo bem? – Perguntou e Demi franziu o cenho sem saber o que dizer.

   - Está.. Eu..eu..eu.. só estou conversando com a Selena, já vou sair. – Era a melhor desculpa que Demi poda inventar. Ela olhou para Dianna e deu de ombros porque jamais contaria naquele instante.

   - Ele estava preocupado. – Disse Dianna a olhando. Demi sabia que sim. Joe era muito prestativo e observador. Um homem cuidadoso e muito atencioso que sempre se preocupava com ela. E deveria ter quase uma hora que ela estava no banheiro.

   - Eu sinto que vou surtar a qualquer momento. – Resmungou abrindo a torneira porque precisava lavar o rosto para tentar amenizar o rosto inchado do  recente choro.

   - Filha, você não precisa. Não tem como reverter essa situação. D’agora para frente, tudo que nós temos que fazer é seguir em frente. Você tem a mim, o seu pai, as suas irmãs, a Selena e principalmente o Joe. Ele é um homem e vai estar com você. – Dianna a observou atentamente lavar o rosto e respirar fundo várias vezes.

   - Eu só não quero que ele ou ela passe por tudo que passei. E eu não sei se posso garantir isso. O Joe está doente. Eu estou desempregada e cheia de traumas por culpa sua e do meu pai. Não posso suportar a ideia de alguém viver o mesmo que vivi. – Não era para ter soado agressivo, e de certa forma não soou. Demi nem percebeu o que tinha dito já que a cabeça estava em outro lugar, já Dianna perdeu todo o ânimo e por um pouco não chorou. – Minha cabeça está uma bagunça. – Resmungou se recostando a pia e olhando para o teste de gravidez largado no chão.

   - Não, meu anjo. Nada do que aconteceu com você vai acontecer com o seu filho porque você é uma mulher forte e batalhadora. – O sorriso de Dianna foi fraco, mas sincero. – Não esconda do Joe. Ele precisa saber o quanto antes. – Não houve mais tempo para mais conversa. Dianna abriu a porta do banheiro e esperou por Demi do lado de fora, que só jogou o teste de gravidez no lixo comprovando mais uma vez que eram duas fitas.

   - Está tudo bem? – Aflito. Joe sentia que tinha algo de errado desde que Dianna o deixou sozinho na cozinha para ir buscar algo no quarto. Agora Demi tinha a ponta do nariz vermelha e não o olhava nos olhos. O rapaz repassou mentalmente tudo que tinha feito nas últimas vinte e quatro horas procurando por um erro que tinha magoado a namorada, mas não justificava toda a impassibilidade de Demi. – Tudo bem? – Tornou a perguntar de cenho franzido porque Demi não tinha o respondido. – Dem? – Chamou um pouco desesperado e só depois que Demi ergueu a cabeça para olha-lo e assentiu.

   - Compramos pão misto para você. – A tentativa de Dianna era amenizar o clima estranho que os envolviam, e maior parte dele vinha de Demi que não dizia uma palavra, mas estava tão tensa que era contagioso.

   - Eu não posso comer sem aplicar insulina antes e esperar uma hora. – Disse Joe de cenho desviando o olhar da namorada com muito custo para olhar Dianna. – Eu passo mal. – Explicou rapidamente porque ele estava curioso para saber o porquê de todo o mistério de Demi. – Vou para casa, a minha tia está me esperando para o exame de agora à tarde. Ela deve estar preocupada. – Estava estranho e desconfortável. Joe observou a reação de Demi, que continuava impassível como se nem mesmo tivesse ouvido o que ele tinha dito.

   - Eu não queria que a sua primeira vez aqui em casa fosse tão desastrosa. – Joe era um bom rapaz e Demi era apaixonada por ele, então Dianna queria que o rapaz se sentisse em casa e fosse bem recepcionado. – Da próxima vez, nós vamos arrumar o quarto da Demi e você lembra de trazer insulina. – Gentilmente Dianna sorriu quando o rapaz assentiu se levantando.

   - Está tudo bem. Eu não tinha planejado passar a noite aqui, mas não foi nada desastroso. – A noite não foi como ele tinha planejado, mas também não tinha sido ruim. Joe passou a maior parte do tempo sentado ao sofá observando Demi interagir com a mãe toda sorridente sem esconder como estava feliz, então já era o suficiente para que ele ficasse feliz também. – Nós ainda teremos muitas oportunidades. – Frisou desviando o olhar de Dianna brevemente para Demi. – Vamos marcar um almoço no meu apartamento para você conhecer a minha tia. – Se ele estava conversando com Dianna, o foco deveria ser ela. Joe se sentiu um mal educado, mas não podia ser diferente. Demi conseguia roubar toda atenção dele com aquele jeito estranho.

   - Combinado. Só me avise antes porque quero preparar um prato para levar. – O sorriso de Dianna foi realmente sincero porque ela estava gostando de ter uma vida diferente e que não incluía a prostituição. Conhecer a tia de Joe a deixaria mais próxima ao rapaz, assim como ele também ficaria a Demi.

   - Eu ligo avisando. – As bochechas de Joe ficaram coradas quando ele sorriu cabisbaixo por que sempre ficaria envergonhado. – Dem, você vem comigo? – Chamou à namorada porque se ele se lembrava bem, Demi tinha dito que o acompanharia a consulta.

   - Demi? – Foi Dianna que a chamou. Demi arregalou os olhos ao olhar para a mãe. A mente estava em outro lugar que Demi nem mesmo sabia do que a mãe e o namorado estavam falando porque simplesmente não tinha escutado nada.

   - Eu estou indo embora. Tenho que me alimentar e me organizar para consulta hoje à tarde. Você vem comigo? – Joe foi o mais paciente possível. Ele sempre era porque não conseguia ficar bravo com Demi. Nem mesmo quando ela o tirava do sério.

   - Eu.. – A primeira coisa que Demi fez foi olhar para Dianna como se perguntasse se ela poderia ir com Joe. Estava sendo infantil, mas se não fosse, também não seria ela. – Vou ficar com a minha mãe, mas vou com você ao hospital. – No momento tudo que Demi queria era sumir porque não sabia o que pensar e muito menos o que iria fazer a partir daquele dia.

   - Então eu já vou. – Joe esperou que Demi tomasse algum partido, mas quando ela não se levantou, ele franziu o cenho e depois forçou um sorriso para Dianna quando a flagrou o olhando. – Até qualquer dia, Dianna. – Disse gentilmente a olhando e quando Dianna o abraçou, só restou abraça-la de volta.

   - Até, querido. Vai ficar tudo bem com a sua saúde, estou torcendo por você. – Joe assentiu sorrindo e olhou para Demi na esperança que ela também estivesse o olhando.

   - O Joe está de saída, Demi. Você não vai leva-lo a porta? – Disse Dianna porque ela tinha percebido que Joe estava ansioso para falar com Demi a sós. – Demi! O Joe está indo. – Tornou a dizer e Demi assentiu rapidamente se levantando.

   - Você está bem? – A porta do apartamento mal tinha sido fechada e Joe fez a pergunta concentrado em Demi.

   - Estou. – Não adiantava mentir para ele. Demi olhou para os lados incomodada com o olhar intenso de Joe. Ela sabia que ele não desistira enquanto não descobrisse o que estava acontecendo. – Estou um pouco tensa, hoje é a apresentação do TCC da Anna, tem a sua consulta. Muitas coisas estão acontecendo rápido demais. Acho que não estou conseguindo acompanhar. A Selena casa em menos de duas semanas. – “Eu estou grávida.” Era realmente muita informação para processar em menos de uma semana. E a mais importante de todas tinha a chocado num nível que Demi jamais imaginou. – E.. estou preocupada com você. – Não era mentira. Demi o olhou nos olhos pela primeira vez com sinceridade e derramou uma lágrima quando Joe a abraçou forte pela cintura.  

   - Amor, não precisa ficar preocupada comigo. – As mãos apertaram levemente a cintura feminina e Joe encostou mais os corpos. – Odeio quando você fica distante. Eu estou me cuidando e estou confiante que não vou precisar de um transplante, mas se eu precisar... Sei que vou conseguir. Eu só preciso que você fique comigo agora Dem, por favor. Quando você fica estranha, eu não sei o que fazer. – As sobrancelhas de Joe estavam franzidas mostrando claramente o semblante preocupado do rapaz.

   - Desculpa, Joseph. Eu só estou muita desgastada com tudo isso. É muita coisa. – Demi o abraçou para não mostrar como estava abalada. E sentir o abraço de Joe a confortou de uma forma quase mágica, era como se através daquele gesto toda energia negativa evaporasse. – Diz que me ama. – Pediu entre lágrimas porque ela precisava ouvir, precisava sentir e confirmar que Joe a amava.

   - Ei. – O nariz foi roçado ao dela, os lábios brevemente selados para depois Joe colocar uma mecha do cabelo longo atrás da orelha e secar as lágrimas de Demi de cenho franzido. – Eu amo você. Amo você. – A voz soou firme e grossa. Os olhos estavam fixos aos dela, mas Demi desviava o olhar a todo o momento claramente assustada. – O que foi, gatinha? – Ele a beijou na bochecha com muito carinho, abraçou Demi contra o peito e deixou que ela chorasse. – Meu amor, você não vai me perder. Eu prometo que vou ficar aqui por um bom tempo. Não fica assim, você parte o meu coração. – Quando desfez o abraço, Joe limpou as lágrimas de Demi e arriscou beija-la na boca começando com leves selinhos. – Vamos, eu quero um sorriso e ouvir que você me ama. – Se fosse outra pessoa, Demi jamais iria sorrir, era que Joe conhecia muitos artifícios para quebrar todo aquele gelo. – Um sorriso coisa gostosa. – Ele a beijou na curva do pescoço, e mesmo assim Demi continuou rígida de tensão, mas quando ouviu os múrmuros do namorado sobre como ela era linda, o sorriso aos pouquinhos foi surgindo. Era muito bom ser mimada com beijinhos distribuídos por todo o rosto, ter os dedos enlaçados e poder sentir o calor do homem que ela amava tanto envolvê-la. – Eu estou esperando o meu eu te amo. – Disse quando fingiu que iria beija-la e Demi fez careta quando ele afastou a cabeça a deixando na vontade.

   - Eu amo você, Joseph. – Nem na ponta dos pés Demi conseguia ficar alta suficiente para beija-lo na boca, sempre era preciso que o rapaz se curvasse. E foi o que ele fez. Primeiro a beijou na testa, na ponta do nariz e então a atiçou com um selinho demorado.

   - Amo você. – Quando a voz de Joe soava rouca, Demi jurava que poderia derreter. Ele ficava sério e absurdamente sexy. O beijo que trocaram pareceu leva-los a outra dimensão. Joe envolveu as mechas do cabelo marrom de Demi com os dedos e a encostou contra o batente de madeira escura da porta. Beijaram-se trocando toques nas costas, cintura e teve uma hora que uma mão de Joe apertou o traseiro de Demi sobre o jeans.

   - Joseph. – Aquele tipo de beijo era o que os levavam a cama. Era o tipo que fazia com que toda realidade sumisse por horas e horas. E atingida pela realidade, Demi preferiu interromper a troca de carinhos para abraçar Joe pensando no bebê que carregava no útero.

   - Hoje você vai dormir comigo? – Perguntou Joe um pouco ofegante. Ele não podia negar que estava ansioso para ter Demi por uma noite só para dar atenção para ele. A noite que planejava para os dois envolvia pétalas de rosas, chocolate, luz de velas e músicas românticas.

   - Eu.. – Tinha o que inventar como desculpa? O tempo que sustentou o olhar de Joe a fez se sentir mal só por pensar que estava cogitando dar um bolo no rapaz. – Nós vamos dormir juntos hoje. – Não tinha como negar e muito menos inventar algo. Mais cedo ou mais tarde, ela teria que contar, e talvez seria naquela noite.

   - Eu te amo! – O selinho foi tão delicioso. Demi sorriu porque Joe também sorria de orelha a orelha a olhando. – Nós precisamos de um momento só nosso, está muito chato ter que te compartilhar o tempo todo. Estou começando a sentir ciúmes. – Resmungou manhoso a abraçando forte contra os braços e Demi fez careta, mas também quis morder as bochechas de Joe. – Vou roubar você só para mim, princesa. – Ele sempre era carinhoso e um amor. Demi o beijou no peito e quando descansou a cabeça ali, respirou fundo.

   - Eu sinto a sua falta, Joe. – As conversas durante as madrugadas, as noites de amor, as risadas por conta das brincadeiras de Lucy, assistir desenho animado pela manhã. Não tinha nada melhor a fazer, e só era bom porque era com Joe. Demi envolveu o pescoço dele com os braços e respirou fundo quando o olhou nos olhos.

   - Vem para casa comigo? Nós podemos assistir desenho juntos e descansar do almoço agarrados nos sofá. – Demi riu de como ele soou manhoso. Olhou-o nos olhos e depois que teve um beijo roubado, ela assentiu sentindo um senhor frio na barriga.

   - Eu só vou avisar a minha mãe que vou com você. – Se ele a deixasse caminhar, é claro. Demi fechou os olhos quando foi abraçada por trás e beijada atrás da orelha esquerda... – Eu já volto. – O selinho a fez sorrir. Demi olhou para Joe, sorriu e adentrou o apartamento porque iria acabar fazendo uma besteira se sustentasse o olhar dele por muito tempo.

   - É incrível como esse rapaz tem o dom de te fazer feliz. – Não tinha como esconder o sorriso. Demi sentiu as bochechas corarem e pôs-se cabisbaixa. – Contou para ele? – Perguntou Dianna desviando o olhar do celular para ter a atenção única e exclusivamente para Demi.

   - Não. Estou melhor, mas ainda em choque. Estou pensando em contar hoje à noite, se eu não surtar antes de contar. – Demi nunca perderia a oportunidade de se aninhar a Dianna, então quando a mãe se acomodou ao sofá, ela deu um jeitinho de se roçar a ela porque era muito manhosa.

   - Um bebê é uma novidade de deixar qualquer um surpreso. – Os dedos na região do ventre foi o suficiente para Demi arregalar os olhos e perder a cor porque tocar a região deixava tudo mais real. – Mas vocês dois trabalharam nisso juntos, ele precisa saber o mais rápido possível. – Demi fez careta ao ouvir o comentário da mãe, mas acabou rindo mesmo envergonhada. Se tinha um trabalho que ela levava muito a sério, era fazer amor com Joe em todo tempo que os dois tinham livre. – Estou mentindo? – Dianna riu junto com a filha, e Demi assentiu risonha. – Eu acho que você deve contar para ele antes de contar para as suas irmãs e a Selena. Ele não deve ser o último a saber. – Joe não era do tipo que ficava chateado, mas ele sempre mostrou tanto interesse por ser pai, que talvez ele realmente ficasse chateado caso fosse o penúltimo a saber, porque o último sem sombra de dúvidas seria Inácio.

   - O meu pai vai ser o último a saber. – Resmungou Demi de cenho franzido pensando em todo o drama que o pai faria. – Eu vou pensar no que vou fazer, só vim avisar que estou indo com o Joe. – Disse se erguendo para beijar a bochecha da mãe e depois abraça-la com força.

   - Deixa o seu pai comigo. – Demi fez careta olhando para Dianna porque o ciúme falou um pouco mais alto. – Você vai ficar bem? – Perguntou preocupada a olhando e Demi franziu o cenho porque não podia prometer nada a mãe naquelas circunstâncias.

   - Mãe, eu não sei se vou ficar bem. Tem muita coisa acontecendo na minha vida agora. – Foi a primeira vez que Demi conseguiu controlar o choro. Chorar não adiantaria nada, e não tinha nada a fazer a respeito. – Eu estou desempregada, o Joe está doente, eu estou tentando me acostumar em ter você, o papai e as meninas. Isso nem me preocupa tanto, eu só não quero perder o Joe, e agora com um bebê, eu não posso perdê-lo de forma alguma, mas não tem nada no mundo ao meu alcance que eu possa fazer para reverter essa doença. Me sinto impotente e com muito medo por essa pessoinha que está a caminho. – Um bebê. Aliás, o bebê dela e Joe. Era inacreditável! Eles sempre discutiam o assunto e agora era real. Quando o coração bateu um pouco rápido, Demi se sentiu assustada. O sentimento era diferente e ela teve vontade de chorar, mas não porque tinha medo...

   - Eu entendo. Vamos pensar sempre positivo. O Joe vai ficar bem, você vai abrir o seu escritório, nós vamos organizar uma festa de casamento para você e tudo estará nos conformes para recepcionarmos essa pessoinha daqui a nove meses. Eu não fui uma boa mãe antes, mas agora eu estou determinada a ser e quero que tudo na sua vida seja lindo e feliz. – A mão de Dianna estava novamente a acariciando no ventre e Demi observou o carinho com certa curiosidade. Engraçado era que ela sempre estava fazendo o mesmo com Selena e só agora tinha notado como podia ser estranho. – Fica tranquila e conversa com o Joe. – Dianna a beijou na testa e Demi assentiu a envolvendo num abraço.

   - Obrigada mamãe. – Murmurou manhosa distribuindo beijinhos pelo rosto de Dianna para depois sussurrar que a amava.

   - Eu também amo você. – Toda vez que Demi ouvia aquelas palavras o sorriso ia de orelha a orelha e ela se sentia mais sortuda que uma pessoa que tinha ganhado na loteria. – Não faça estripulias e cuida muito bem do meu netinho, Demetria! – Demi não soube se sorria ou chorava. Abraçou a mãe e assentiu ronronando. – E não é para você sumir. Quero ver você pelo menos uma vez ao dia, mocinha. – Era tão bom ouvir aquelas palavras, e principalmente saber que Dianna estava mudada para muito melhor do que Demi poderia sonhar. – Amo você bebê. – O apelido fez Demi rir sapeca gostando muito de receber os beijos da mãe.

   - Eu também mamãe. Mais tarde nós conversamos. – Uma hora elas tinham que desgrudar, mas estava tão bom todos aqueles abraços que Dianna resolveu levar Demi até a porta e só entrega-la nos braços de Joe. – Amo você. – Disse Demi mais uma vez porque nunca se cansaria de dizer e ouvir aquelas palavras.

   - Cuida muito bem da minha princesa. – Disse Dianna a Joe e o rapaz assentiu todo sorridente porque os braços estavam rodeando a cintura de Demi e ele não poderia estar mais feliz.

   - Eu vou cuidar. – Disse aproveitando para beijar a bochecha de Demi e abraça-la com um pouquinho de mais força.

Quem disse que Demi queria desgrudar da mãe? Aconteceu que quando ela se lembrou que ficaria sozinha com Joe, automaticamente ficou desesperada. Sem auxílio, Demi não sabia como agir porque a situação era muito diferente das quais ela já estava acostumada. Mas não teve jeito, ela teve que se despedir de Dianna para seguir o dia ao lado de Joe.

   - Não gosta mais de Coldplay? – Perguntou Joe estranhando o comportamento de Demi. Ela tinha trocado The Scientist, Yellow e agora nem mesmo deu oportunidade para Fix You.

  - Estou enjoada dessas músicas. – Se Demi dissesse que choraria horrores ao ouvir aquelas músicas, seria motivo para suspeitas.

   - Você é linda, sabia? – Demi não esperava o elogio, mas sorriu de orelha a orelha quando Joe se curvou para beija-la no pequeno intervalo de tempo que tiveram no sinal vermelho. – Preciso da chave do seu apartamento. – Joe voltou a dirigir concentrado em guiar o carro com segurança, e Demi arqueou uma sobrancelha olhando o movimento naquela manhã. Não estava tão frio como alguns dias atrás. O sol tinha aparecido naquela manhã e agora quebrava mais aquele gelo deixando um tempo até agradável. A desvantagem era que um pouco da tonelada de neve esparramada pela cidade estava derretendo e tudo virava uma bagunça quando aquilo acontecia.

   - Por quê? – Joe nunca tinha pedido a chave do apartamento dela, e não tinha nenhum problema, era que Demi era curiosa demais e queria saber o que o namorado faria.

   - A nossa noite. Eu acho que é melhor ser lá.. Teremos mais privacidade já que a tia Laura e a Lucy estão no meu apartamento. – Joe a olhou brevemente e buscou a mão esquerda de Demi para enlaçar os dedos aos dela sobre a marcha do carro.

   - Quando nós chegarmos do TCC da Anna, eu entrego a chave. Tudo bem? – Perguntou observando os dedos enlaçados aos dele e Joe assentiu.


Laura estava brava, o que resultou numa bronca que deixou Joe de bochechas coradas e todo sem jeito, mas logo a tia já tinha esquecido o acontecido e preparava o almoço. Daquela vez Demi não tinha insistido para cozinhar, e tão pouco quis ficar com Joe no quarto porque sabia que o rapaz a seduziria muito fácil. Resultou que os dois ficaram deitados no sofá da sala assistindo desenho animado com Lucy entre eles.

Cheiros e comida. Era o que mais preocupava Demi. Na hora do almoço, se tinha uma colher média de arroz no prato era muita coisa, então os outros alimentos foram ainda mais restritos, o que resultou numa refeição simples e muito questionável. Joe não entendeu, e quando Laura insistiu que Demi colocasse mais comida, difícil foi inventar uma desculpa que não magoasse o ego da mulher.

   - Você está bem? – Quantas vezes Laura já tinha feito a pergunta? Demi olhou brevemente a mulher nos olhos, assentiu e desviou o olhar puxando a respiração fundo. Por algumas vezes a tontura a incomodou, os cheiros estavam começando a incomoda-la e que sono era aquele? Se bobeasse, Demi dormiria escorada a porta do carro. A verdade era: os sintomas da gravidez estavam presentes comprovando mais uma vez que o teste de farmácia não tinha falhado e um bebezinho viria ao mundo dentro de oito meses e alguns dias.

   - Está bem mesmo? – Perguntou Joe do banco de trás se curvando para conseguir ficar pertinho de Demi que estava acomodada no banco do carona. Laura dirigia a caminho do hospital para que o sobrinho pudesse fazer mais um dos exames necessários para aferir o estado de saúde, e daquela vez Joe faria uma prova de função pulmonar.

   - Estou bem. Só com um pouquinho de sono, não dormi direito essa noite. – Não era mentira. Demi tinha passado boa parte da noite acordada pensando na gravidez, na saúde do namorado, no emprego e consequentemente no futuro. – Querem que eu feche a janela? – Carro novo possuía cheiro forte, e com o de Joe não tinha sido diferente. Até o momento Demi não tinha sentido enjoo, mas também não deu nenhuma brecha para o sintoma, assim, a janela do carro estava um pouco acima da metade.

   - Sim. – Só ela que não sentia aquele frio?! Joe e Laura estavam congelando com a janela entreaberta, e Demi revirou os olhos ao fecha-la porque aqueles dois nunca se acostumariam com a temporada de inverno nova-iorquina. Agora era controlar o organismo, se fosse possível, para não vomitar com o próprio cheiro.

   - Como você está se sentindo? – Perguntou Demi ao sentir os dedos de Joe a tocando no ombro como ele fazia quando queria enlaçar os dedos aos dela.

  - Me sinto ótimo. – Talvez fosse um pouquinho de exagero. As palpitações eram assustadoras quando surgiam do nada, ficar deitado por muito tempo estava começando a resultar em falta de ar e apesar de não estar desmaiando com frequência como nos meses anteriores, Joe se sentia indisposto a praticar exercícios, a fraqueza não o encorajava a se exercitar.

   - Ótimo? – Demi sorriu o olhando. Ele realmente parecia bem como dizia. A pele morena possuía um leve corado, os olhos verdes estavam brilhantes e cheios de inocência misturada a felicidade, e a sombra de um sorriso sempre estava nos lábios do amado. Existia homem mais fofo? Demi olhou para trás e sorriu quando ele sorriu todo tímido. Joe ficava muito bonito vestindo camisa social e gravata, e ainda por cima o trench coat preto ficou muito bem no corpo atlético.

   - Ótimo. – Se ele não a beijasse, não seria ele. Foi um selinho, aliás, uma série de selinhos molhados nos lábios de Demi, que sorriu de olhos fechados.

   - Os pombinhos podem deixar isso para depois? – Laura os deixou tão sem jeito! E claro que estavam corados, porém sorridentes, principalmente Joe que não conseguia parar de pensar na noite que passaria com Demi. Ele já estava cheio de planos e queria desfrutar do momento da melhor forma possível.

   - Nós vamos jantar juntos hoje. – Disse o rapaz para tia antes que ela inventasse de prendê-lo em casa para que ele ficasse deitado o dia todo como se estivesse seriamente doente..

   - Eu jamais pensei que você fosse dar trabalho depois de grande. – Comentou Laura. Tudo que ela queria era que Joe ficasse onde poderia vê-lo e socorrê-lo caso algo acontecesse, então se Joe não ficasse em casa ficaria complicado ajudar o sobrinho porque Nova York era grande e tinha um trânsito péssimo. – Nós vamos conversar com o médico sobre o que você pode ou não fazer. – Não teve como o comentário soar de outra forma, o que acabou deixando muito explícito que o que Laura queria dizer era sobre sexo. O clima no carro só não foi desastroso porque quando Joe murmurou um “Ouch” claramente emburrado, foi motivo de riso.

   - Não precisa ficar preocupada, eu vou cuidar desse menino e não vou deixar que ele faça traquinagens. – Demi sorriu ao olhar para trás. Joe estava todo corado e sem jeito que nem tinha sustentado o olhar dela.

   - Já está chegando? – Murmurou Joe observando o movimento dos carros e pessoas naquela tarde. Estava nevando fraquinho, mas ainda sim a cidade estava carregada de neve em cada pedacinho.

   - Segundo o GPS, faltam apenas três metros. – Disse Laura e Demi assentiu. O caminho era muito familiar pelas vezes que Joe já tinha sido internado às pressas e pelo histórico daqueles últimos seis meses. Até mesmo Demi tinha passado mal, foi àquele mesmo hospital com Selena para descobrir o sexo do bebê e foi onde também ficou internada quando Mary a agrediu.

   - Nós nem chegamos e eu já quero ir embora. – Disse Joe olhando para o teto do carro, para depois os bancos novinhos em couro ainda com o plástico de fábrica. O espaço era confortável e aconchegante, dava até para dormir tranquilamente. Melhor ainda seria se ele pudesse estrear o carro com Demi. O pensamento até o fez sorrir e todo curioso ele observou a namorada. Ela sempre era tão bonita. Maquiada ou de cara lavada, usando roupas arrumadas ou pijamas, de cabelo penteado ou parecendo um ninho de passarinho.

   - Você vai fazer todos os exames, Joseph. – Laura soou séria. E não era para menos, ela não deixaria que Joe fugisse de forma alguma ou que ele burlasse alguma regra. Já Demi observou a mulher ao lado e depois Joe pelo retrovisor. Ele precisava ficar bem porque o bebê que estava por vir exigiria muito de ambos.

   - Eu vou fazer todos os exames. – Resmungou o rapaz entediado, mas logo forçou um sorriso quando encontrou o olhar da tia pelo retrovisor. – Prometo que vou me cuidar. – Não era para soar tão descontente. Era que fazer exames era muito chato, tomar remédios e seguir normas médicas era ainda pior. Já não bastava a diabetes junto à hipertensão para deixa-lo de cabelo em pé...

   - Será rápido e para o seu próprio bem. – Não demorou nada para o carro estar estacionado. Laura foi a primeira a sair. Joe agilizou o passo e antes que Demi pudesse abrir a porta, ele já o fazia por ela.


   - Eu odeio isso. – Resmungou Joe de cenho franzido observando a arquitetura do hospital. E se ele tivesse que tirar sangue de novo? Só de sentir aquele cheiro de metálico e desinfetante hospitalar Joe perdia o ânimo. Era tão triste ter que sentir o diafragma gelado do estetoscópio nas costas e no peito praticamente todo mês, e a picada das agulhas que nem incomodava mais o perfurando nas veias.

   - Eu estou com você. – Estava difícil manter o sorriso e tentar parecer com ela mesma. A cabeça processava muitas informações ao mesmo tempo, maioria delas era irrelevante e só tinha como objetivo enlouquecê-la. – Só temos essa saída, então vamos fazer tudo da melhor forma. – Demi sustentou o olhar de Joe e quando ele suspirou cansado assentindo, ela o abraçou pelo pescoço. – Eu estou com você. – Tornou a dizer o olhando nos olhos. – E preciso que você esteja comigo, por favor. – Se Joe soubesse o que aquelas palavras realmente significavam, ele teria a abraçado com mais garra e a beijado com mais paixão.

   - Eu estou com você, princesa. Sempre vou estar. – Joe a beijou gentilmente na testa e quando a abraçou foi procurando se sentir mais seguro e encorajado a entrar naquele hospital para enfrentar um monstro de sete cabeças que se regeneravam. – Eu amo você. – Era tão ruim ficar longe dos braços dela. Olhou-a curioso porque Demi era muito baixinha perto dele, o salto não tinha ajudado muito a deixa-la maior.

   - Eu também amo você. – Por um pouco as lágrimas rolaram. Demi teve que disfarçar com um sorriso de orelha a orelha, mas quando Joe se curvou para beija-la nos lábios, foi como tomar um choque que a fez se sentir mais viva e apaixonada.

   - Vamos? – Demi o olhou e assentiu envolvendo os dedos aos dele. Assim, caminharam lado a lado em direção a Laura que os esperavam na recepção com um pequeno sorriso nos lábios porque não tinha como olhar para aquele casal e não pensar em como eles eram feitos um para o outro.

   - O médico já está esperando. – Disse Laura.

O fato era: ninguém sorria ao ouvir aquele tipo de frase. Joe tentou não parecer tão desanimado e desencorajado como se sentia. Ele olhou para tia, depois para Demi e esboçou um sorrisinho sem graça, em troca recebeu sorrisos largos e palavras encorajadoras que realmente fizeram efeito quebrando aquele clima tenso que estava prestes a engoli-lo.




Surpresas nem sempre eram bem recebidas, mas aquela foi um tanto interessante. Ao entrar no consultório médico, esperavam encontrar um médico, como tinha sido informado e era de costume. Mas lá estava uma senhora sorridente e baixinha que se apresentou como Dra. Thaís.

   - Você é a mãe desse rapaz? – Os fios de cabelo escuro batiam na altura dos ombros em cachos grandes e bonitos. Os óculos tinham a armação vermelha e curiosamente combinavam com o batom. A mulher deveria ter por volta de sessenta anos, possuía pele de um marrom escuro, olhos castanhos cor de mel e um sorriso largo e contagiante nos lábios. Era baixinha mesmo usando scarpin negros.

   - Tia. – Aliviada, Laura retribuiu ao sorriso por encontrar uma profissional de bom humor e estava fazendo daquele momento o mais simples e descontraído possível. Joe precisava de pessoas com bom humor e que o tratasse bem, não o contrário.

   - Então é de família esses olhos magníficos? – Perguntou a doutora. Joe assentiu corado se deixando guiar pela mulher que olhou para Demi procurando por alguma característica que a encaixaria como membro da família Jonas, mas a moça era muito diferente de Laura e Joe. – Vocês são namorados? – Perguntou a procura do estetoscópio e quem assentiu foi Demi sempre simpática. – Querido, não precisa ficar tenso. O procedimento é simples, você já será liberado. – Dessa vez não houve o tom descontraído, e no lugar dele só o gentil e atencioso. Joe assentiu olhando para Laura como uma criança assustada. – Vocês vão ter bebês lindos. – Se não fosse o batom, os lábios de Demi mostrar-se-iam esbranquiçados, tão pálidos quanto a pele da moça no momento ao ouvir a frase. O coração até bateu mais rápido e saltava demasiadamente a ponto de Demi pensar que ele poderia rasgar o peito. Sorte foi que o desconforto com o comentário não foi perceptível e Demi até estava sentada quando a tontura veio por conta da preocupação. – Eu quero saber mais sobre você. Pode me contar enquanto tira a parte de cima para que eu possa examiná-lo? – Corado. Como alguém podia corar daquela forma? Joe assentiu com um aceno e começou a se despir começando pelo trench coat com ajuda de Laura para depois desabotoar os botões da camisa social.

   - Meu nome é Joseph, mas gos..gos.to de ser cha..cha..chamado de Joe. – Ele não se sentia o mesmo Joe de sempre porque estava com medo, e era muito difícil ficar aliviado nas circunstâncias atuais da saúde. Joe se sentia tão intimidado que se não se controlasse, a gagueira o pegaria de jeito e ele voltaria a ser aquele mesmo rapaz extremamente tímido de meses atrás. – Sou texano, órfão, diabético, hipertenso e formado em análise de redes. – A careta dele e o murmuro foi por conta do diafragma do estetoscópio tocando as costas. Estava tão quentinho e confortável, e o aparelho gelado o fez arrepiar!

   - Respira fundo. – Pediu Thaís e Joe o fez começando a se sentir nervoso. – Continue contando. – Foi depois que o rapaz respirou fundo algumas vezes e a doutora anotou os dados no prontuário.

   - Estou morando em Nova York tem seis meses. – Dizer aquela frase foi como assistir um filme de tudo que tinha acontecido naquele tempo em terras nova-iorquinas. E automaticamente Joe olhou para Demi pensando que ela tinha sido a melhor coisa que o aconteceu, ela e Lucy. – Eu tenho uma cadelinha chamada Lucy, estou namorando a Demi praticamente desde que cheguei. – Os dois sorriram. Joe e Demi. Aquele comecinho do relacionamento foi uma descoberta deliciosa para ambos. Para Joe, era o primeiro contato com uma mulher, e para Demi, era o primeiro contato com um homem que não tinha nenhuma experiência e era completamente diferente de todos os outros que ela conhecia.

   - Já temos planos para o casamento? – O sorriso de Thaís foi contagiante. Joe sorriu corado, e assentiu olhando para namorada.

   - Eu tenho alguns problemas de saúde. Agora estou tentando ficar saudável porque quero casar o quanto antes. – Não existia um homem mais sonhador e de coração puro. Joe foi tão feliz nas palavras que usou, e os olhos dele miravam Demi com paixão. E para ela, ouvi-las causou uma mistura de felicidade e medo. Felicidade porque Joe sempre demonstrava que o queria com ela era sério e verdadeiro. Medo porque ela estava grávida e naturalmente pensava que poderia ser abandonada.

   - Esse tipo de rapaz é muito raro, Demi. – Sorrindo, Demi assentiu olhando para Thaís e quando ela fitou Laura, sentiu as bochechas corarem porque a tia de Joe a olhava com curiosidade, mas sorriu gentilmente. – Pode vestir a camisa, querido. Nós já vamos começar a prova de função pulmonar. – Quando Thaís se aproximou de Laura para trocar algumas informações, Demi se aproximou de Joe e sorriu quando ele o fez.

   - Você está bem? – Ela perguntou guiando os dedos a barba por fazer para acaricia-lo na bochecha e no queixo.

   - Estou, acho que a pior parte ainda está por vir. – Aqueles olhares sempre prometiam. E para não ficar constrangedor, caso os dois fossem flagrados, Joe começou a se vestir.

   - Eu vou estar aqui com você, não vai ser ruim. Se você sentir medo, pode apertar a minha mão. – A emoção a faria chorar. Estava acontecendo como se fosse algo normal. Demi envolveu os dedos aos do namorado, olhou-o nos olhos e não conseguiu fitar nada mais que o verde lindo dentro dos sessenta segundos. O impacto das palavras dela o tocou na alma, Joe se sentiu acolhido e protegido, e muito amado. Por isso que ele se curvou para beija-la na boca mostrando como a amava e apreciava o apoio de Demi, porque sem ele, tudo seria mais difícil.

Continua... Oláa! Quanto tempo! Não desisti do blog, acontece que eu acabei ficando numa prova final, que foi ontem e agora está tudo bem! Então eu não tinha conseguido desenvolver o capítulo até onde eu gostaria de postar, mesmo que esteja dividido, até esse ponto dá para vocês entenderem, e também tem a parte mais legal de todas! Espero que vocês estejam gostando, a fanfic não vai ficar parada, tem muita coisa para acontecer! Obrigada pelo apoio de vocês, até qualquer hora <3 

2.12.18

Aviso


Boa tarde! Tudo bem com vocês? Eu estou bem! Passei para avisar que vou demorar um pouco mais a postar o próximo Capítulo de Em busca do amor - Segunda Temporada. É que essa semana é a última semana de aula - amém - e consequentemente a de provas e trabalhos, termino tudo dia 08, daí vou desenvolver o resto do Capítulo e posto. Espero que estejam gostando da história.. Se bem que eu acho que ninguém curtiu muito o fato da Demi estar grávida hahaha Se tiverem sugestões, por favor, fiquem à vontade! Beijo no core e uma excelente semana para vocês!! 

16.11.18

Capítulo 17

Ansiedade. Preocupação. Mais ansiedade. Sentada de pernas cruzadas, Demi olhava a hora no visor do celular a cada um minuto, às vezes nem mesmo chegava a se formar um minuto. Só era que estava demorando em avançar o tempo. A casa estava movimentada com os Lovatos para comemorar o aniversário de quinze anos de Megan. Tias, tios, primos e primas. Selena, Ed, Scott e Augusto, Ana e o pequeno Harry deveriam ser os únicos que não eram da família, só faltavam Joe e Rick. Joseph já estava a caminho, motivo da ansiedade de Demi. E Rick não estava na festa, Anna não tinha o convidado por que continuava a dormir pesarosamente cansada e muito enjoada. A ausência da moça foi motivo de tantas perguntas, mas a velha desculpa do TCC colava muito bem.

   - Ele está a caminho? – Gentilmente Selena repousou a mão na coxa direita de Demi e curvou-se ficando mais próxima a amiga para conseguir ver o que ela fazia no celular.

   - Está. – Por mais ansiosa que estava para chegada de Joe, Demi se sentia mal porque não queria que o namorado saísse de casa. Estava frio, perigoso lá fora e Joe tinha tido um dia cansativo. Começou acordando muito cedo para se preparar a fazer a maratona de exames que o esperava. – Estou preocupada com ele.. – O olhar de Demi se perdeu em observar Megan conversando animadamente com as primas e Amber, fitou também o pai conversando com os irmãos e depois respirou fundo voltando a olhar o celular na palma da mão. – Acho que convida-lo não foi correto. – O coração estava partido, dolorido e era tudo que ela podia sentir por todo o tempo. O motivo se resumia exclusivamente ao medo de perder Joe para a doença ou qualquer outra coisa que poderia tira-lo dela. – Ele.. Ah, Sel. – Demi franziu o cenho quando teve vontade de chorar, enlaçou os dedos aos de Selena e descansou a cabeça no ombro dela.

   - Você quer um copo com água? – Perguntou Ed um pouco sem jeito e preocupado por ver Demi triste.

   - Obrigada Jesse. – Não dava para desabar em choro logo aí no meio de tanta gente que Demi ainda não conhecia direito, então sorrir mostrando que estava “bem” foi a melhor escolha. – Ele está chegando, vou espera-lo na saída do fundo. – Quando se levantou, Demi sustentou o olhar de Selena o tempo necessário para que a amiga entendesse que ela estava bem.

Ter tias e tios era muito estranho, e na maioria das vezes Demi não sabia o que dizer a eles e nem se deveria chama-los pelo “título”. Mas Inácio fazia questão e os irmãos e irmãs dele também, por isso Demi parou para trocar algumas palavras com uma das tias e alguns minutos depois seguiu na direção da cozinha ao sentir o celular vibrando. Ele tinha chegado e a maior vontade de Demi era de abraça-lo forte e dizer que o amava. Ansiosa, a barriga doeu e as mãos ficaram úmidas, mas Demi respirou fundo e não parou de caminhar.

   - Hann, o papai disse que daqui a pouco vem buscar mais comida. – Hannah deveria entender o recado. Demi a olhou e teve vontade de rir porque os lábios da menina estavam avermelhados, as roupas e o cabelo desgrenhados. Hannah só não perdia para Augusto. A camisa do rapaz estava com alguns botões abertos, o cabelo castanho bagunçado e com certeza na calça jeans o volume o deixaria constrangido.

   - Você está indo para algum lugar? – Perguntou Hannah esperançosamente porque se Demi fosse sair, ela iria junto. Não dava para ficar perto de Augusto e não matar toda aquela saudade acumulada de dias e mais dias sem poder ver o namorado por conta das regras do pai.

   - O Joe chegou. – Demi esboçou um sorriso fraco quando Hannah franziu o cenho e depois arqueou uma sobrancelha. – É melhor vocês procurarem um lugar mais reservado. – Disse antes de virar as costas para seguir caminho.

   - Dem. – Hannah estava prestes a beijar os lábios do namorado, mas ao se lembrar do que queria dizer a irmã, mordeu o lábio inferior e a chamou ainda com os braços rodeando a cintura de Augusto. – Você sabe o que está fazendo? – Perguntou cautelosamente sustentando o olhar de Demi.

   - Sei. – Demorou um pouco para Demi afirmar, e quando o fez, foi com toda a certeza que carregava. – Vão para um quarto. – Disse a menina e Hannah riu. Passar com Augusto para o segundo andar seria uma missão impossível, claro, do jeito convencional, de outro jeito.. Bem, já era uma diferente história.

No final daquela tarde o vento soprava sem pressa, a neve tinha dado trégua e mais cedo um restinho do sol tinha aquecido um pouco da neve, claro que não durou muito e nem foi o suficiente para derreter aquela quantidade horrolenta de gelo. O caminho da porta da cozinha até o portão não estava tão precário quanto dias atrás. Inácio tinha empurrado a neve para as laterais das pedras que formavam o caminho até o portão e em compensação, à direita e esquerda estavam com uma quantidade de neve que deveria chegar a quase um metro!

O carro estava parado do outro lado da rua, e Demi estranhou o porquê de Joe não descer. Antes de atravessar, a moça arrumou o trench coat ao corpo, olhou para os dois lados da rua e se aproximou do carro o estudando para saber se não passaria a maior vergonha de todo o mundo ao abrir a porta de um carro idêntico ao de Joe, mas de outra pessoa. Mas lá estava ele. Os olhos verdes livres dos óculos de grau, o cabelo escuro já grande o suficiente para pentea-lo charmosamente de lado, a barba uma sombra de pelos escuros, o suéter verde. Demi o olhou e quase chorou, mas quando Joe sorriu, ela o abraçou mesmo com a marcha a atrapalhando, assim como o painel de controle do carro.

   - Você está bem? – Demi respirou fundo, sustentou o olhar depois de atentamente observa-lo procurando por algo que a deixaria muito preocupada.

   - Estou bem. – O sorriso dele a aqueceu. Demi roubou muitos selinhos, beijou as bochechas e depois roçou os lábios. – Estou com saudades de você. – Resmungou Joe tentando puxa-la para o colo porque queria ter o máximo de contato com Demi.

   - Reclina o banco. – Pediu Demi sem sair dos braços dele mesmo daquele jeito desconfortável, o que foi motivo para riso porque ficava muito ruim reclinar o banco e empurra-lo para trás. – Está bem melhor. – Chegou a soar manhoso, e não era para menos, ela ficou grudada a Joe e gostava muito de ter os braços dele a envolvendo e de poder ouvir o coração batendo.

   - Você está bem? – Perguntou Joe minutos mais tarde depois de toca-la na cintura por baixo de todas aquelas roupas que Demi vestia e acaricia-la do jeito que gostava.

   - Estou bem. – Foi um ronrono. Os olhos estavam fechados e Demi suspirou absurdamente manhosa com o beijo que recebeu na bochecha. – Me conta da consulta. – Perguntou depois de roubar um beijo para depois se aninhar ao corpo dele.

   - A tia Laura solicitou todos os exames que você pode imaginar. – As bochechas de Joe coraram porque quando ele teve que tirar a camisa para ser examinado, explicar o que significavam os arranhões de unhas nas costas foi muito embaraçoso. Para a médica, Joe disse num murmuro que Lucy costumava brincar de uma forma agressiva, se ela acreditou, o rapaz não fazia ideia, só tinha sido mesmo constrangedor o fato de Laura estar com ele e saber a verdade. – Doeu tanto quando tiraram sangue. Eu nunca mais quero passar por isso. – O suspiro de Joe foi triste porque ele sabia que não seria a última vez que teria que passar por procedimentos médicos, mas o beijinho que recebeu de Demi o fez sorrir. – Fiz eletrocardiograma, radiografia do tórax, ecocardiograma e uma tomografia computadorizada multicorte. Amanhã eles vão verificar como estão os meus pulmões, pode ser que tenha algum problema com eles, os sintomas são semelhantes aos de insuficiência cardíaca. Estou cansado de hospital, quero ficar em casa com você. – A vontade de Demi era de segura-lo nos braços e nunca mais soltar. Ela se ergueu para olha-lo, tocou-o no rosto e com muito carinho o beijou na testa para depois abraça-lo.

   - Você tem que ir, temos que fazer tudo direito e todos os exames possíveis para que o médico possa estudar o seu caso e saber exatamente o que deve ser feito. – Beija-lo nunca era ruim, por isso que Demi o beijou na testa e depois nos lábios apreciando como os dele eram suaves e macios. – A sua saúde está em primeiro lugar, e nós vamos cuidar dela. – Demi suspirou com o olhar que recebeu de Joe, mostrava como ele estava cansado e havia uma pontada de tristeza o incomodando. – O que está te deixando com esse biquinho? – Ela tentou ser carinhosa para quebrar aquele ar tenso de Joe, e por um segundo ajudou porque o rapaz sorriu e a abraçou com mais força até que ela fez careta.

   - Eu quero ficar bem logo. – Disse focando o olhar no dela. – Eu estou começando a me sentir cansado e doente. – Demi não esperava ouvir aquelas palavras, elas foram ditas baixinho e Joe não a olhava mais. – Estou tendo palpitações e me assusta sentir o meu coração bater. A médica disse que preciso me alimentar melhor porque os meus glóbulos vermelhos não estão na quantidade adequada e eu posso ficar anêmico. Dem, eu já estava cansado da diabetes e da hipertensão, e agora isso. – As lágrimas rolaram sem que Joe nem mesmo percebesse, ele suspirou e franziu o cenho se sentindo sensível e muito assustado com tudo que estava acontecendo com a saúde. – Eu só queria ser normal, eu tenho vinte e três anos e estou com medo de morrer. – Foi um murmuro e resultou em muitas lágrimas dos dois. Quando o abraçou possessivamente, Demi se sentiu péssima por não poder fazer nada para mudar aquela situação, pois se pudesse, daria toda a vitalidade que tinha para que Joe ficasse bem e saudável.

   - Você é normal, meu anjo. Essas coisas fazem parte da vida, e nós temos que aprender a conviver com essas situações e jamais abaixar a cabeça. Nós vamos derrotar essas doenças juntos. – Os dedos foram enlaçados aos dele, e o beijo que trocaram foi simples e transmitia a segurança que precisavam. – Você vai ficar bem. – Era horrível sentir o medo de Joe, geralmente ele se mostrava tão confiante, mas quando a abraçou e suspirou ainda derramando lágrimas, Demi percebeu como ele estava frágil e precisava dela. – Você vai ficar bem, meu menino. – Demi o beijou na boca e sorriu quando o olhou nos olhos.

   - Obrigado por ficar comigo, Dem. Seria muito mais difícil se eu não tivesse você. – Nos braços dele, Demi sorriu e assentiu com um murmuro manhoso e sussurrou que o amava. – Também amo você, gatinha. – Facilmente ele a deitou no banco e cobriu o corpo dela com o dele aproveitando para beija-la no queixo e aspirar o cheiro delicioso que vinha do cabelo enquanto a beijava na curva do pescoço e abaixo da orelha. – O que você acha? – Alcançar o porta- luvas não foi o problema, e de lá Joe tirou uma pequena caixinha enfeltrada onde estavam as alianças de namoro.

   - Tudo bem, não tem um motivo para não voltarmos a usar. – Ela disse olhando para as alianças e depois para os olhos do amado.

   - Eu quero te pedir em casamento. – Depois que tinha colocado a aliança no dedo dela, Joe o beijou e sorriu porque Demi fez o mesmo. – Estou dizendo por que quero saiba que as minhas intenções com você são puras. – Foi tocar no assunto que Joe se lembrou de Inácio e de como seria complicado fazê-lo entender que a intenção nunca foi machucar Demi.

   - Eu sei que são, assim como as minhas. – Sorrindo, ela o acariciou no rosto e levemente o arranhou no cabelo da nuca. – No momento eu quero que o seu foco seja a sua saúde. Nós pensamos em casamento depois. – O biquinho que Joe fez foi o motivo do sorriso de Demi, ela o abraçou e o beijou na boca até que o namorado retribuía o beijo na mesma proporção. – Você já tem o aceito, não precisa ficar preocupado. – E mais uma vez, Joe se lembrou de Inácio. Era como se algo estivesse o alertando o tempo todo para contar a Demi sobre a situação do dia passado.

   - Dem, o seu pai está bravo comigo. – Foi uma afirmação, mas quando Demi franziu o cenho e depois arqueou uma sobrancelha, Joe assentiu confirmando mais uma vez o que tinha dito. – Ele foi ao meu apartamento ontem à noite e disse que era para eu ficar longe de você. – Resmungou de cenho franzido. – Ele tem razão em estar bravo, ele sabe o que aconteceu no Texas e se não gostava de mim antes, agora não tem nenhuma possibilidade dele gostar. – Se fosse pai de uma menina cujo namorado tivesse a traído, Joe faria o mesmo que Inácio porque não iria querer ver a garotinha de coração partido. Que antes partissem o coração dele!

   - Eu não contei nada para ele. Você está falando sobre a Rose e a Evelyn? – Demi franziu o cenho pensando em como Inácio tinha descoberto, quando Joe assentiu. – Só contei para Sel e as meninas. Elas não contariam. – Aos poucos Demi relembrou da noite quando conversou com as irmãs sobre o término com Joe. Elas tinham conversado muito sobre o assunto, e pouco depois de finalizá-lo, Inácio tinha batido à porta para entregar as pizzas. Ele poderia muito bem ter escutado parte da conversa.

   - Ele está bravo comigo. Não quero entrar com você, todo mundo vai me olhar torto. Vai ser desconfortável. – Não tinha como garantir que o tratariam bem. Demi sabia que as irmãs eram tão protetoras quanto o pai, mas também sabiam que ela amava Joe e que não gostaria que ele fosse maltratado.

  - Você vai estar comigo. Preciso que alguém pegue docinhos para mim. – Murmurou risonha o beijando na bochecha e Joe arqueou uma sobrancelha curioso. – Amor, eu já peguei tanto docinho que estou com vergonha de pegar mais, preciso de alguém para pegar docinhos para mim. – Joe acabou rindo apaixonado pelo jeito fofo e o sorriso feliz da namorada.

   - Então você quer que eu entre com você só para pegar docinhos? – Perguntou brincalhão e Demi assentiu toda sorridente, e gargalhou quando os dedos dele fizeram cócegas na barriga. – Estou muito magoado com você, Demetria. – Então ele fez mais cócegas e juntamente com ela, riu contagiado pela felicidade e o jeitinho de criança de Demi.

   - Talvez. – Confessou ainda rindo. Uma revanche seria perfeita, mas quando Demi tentou ataca-lo com cócegas, facilmente Joe imobilizou os pulsos e continuou a fazendo rir. – Joseph! – Aos poucos o riso cessou e os dedos dele não faziam mais cócegas. Demi sustentou o olhar sem ousar em interrompê-lo, tocou-o no peito largo e o segurou nos ombros e inquieta, relaxou mais o corpo ao banco. O toque dos lábios foi suave, um leve roçar, mas que depois se transformou num beijo com direito a toques de língua. – Você vai estar comigo e ninguém vai te maltratar, está bem? – A boca estava tão próxima a dele e a respiração quente se misturava.

   - Você tem certeza? Eu não quero causar problemas logo no dia do aniversário da sua irmã. – Demi negou prontamente, roçou os lábios aos dele e o tocou no rosto.

   - Está tudo bem. Eu vou conversar com o meu pai para esclarecer essa situação. – Demi o beijou no queixo e suspirou porque o corpo de Joe estava todo sobre o dela. – Hoje eu vou para casa com você. Nós vamos dormir juntinhos, o que você acha? – O sorriso dele foi a resposta que ela precisava. Demi sorriu igual de orelha a orelha e o beijou na bochecha ronronando algo sobre Joe ser muito pesado.

   - Eu estou com saudades de você. Vamos dormir no seu apartamento. – Aquele sorrisinho Demi conhecia muito bem, e por isso ela o acertou com um leve tapa e sorriu envergonhada. – O que? Eu preciso de carinho e atenção. – Disse depois de beija-la e mordê-la no queixo. – É uma recomendação médica. Repouso, carinho e muita atenção. – Os sorrisos se desmancharam quando se beijaram colando cada pedacinho do corpo.

   - Vamos entrar. A depender da quantidade de docinhos que você pegar para mim, prometo pensar sobre a possibilidade. – O biquinho dele foi beijado com uma série de selinhos, então Demi tentou empurra-lo sem nenhum sucesso, e acabou que Joe cedeu apenas depois de beija-la calorosamente na boca.

   - Então pode se preparar. – A intenção era empurra-lo com força tentando novamente partir para o banco do carona, mas Joe a segurou nos braços quando ela se ergueu e tornou a roubar um beijo e mordê-la na orelha.

   - Vamos, bebê. Prometo que nós namoramos mais tarde. – O beijo no pescoço era demais, Demi ronronou manhosa, mas se livrou dos braços de Joe a rodeando na cintura para conseguir passar para o banco do carona. – Joseph. – Quando o olhou, Demi acabou rindo porque ela tinha ganhado um tapa no bumbum e Joe tinha aquele sorriso esperto nos lábios pronto para induzi-la a fazer uma loucura. – Comporte-se, garotão. Agora nós vamos aproveitar a festa. – O “Sim, querida” foi tão desanimado que Demi teve que beijar o biquinho de Joe até que ele sorria.

   - Eu comprei um presente para Megan. É surpresa. – O sorriso de menino dele não foi para implicar com Demi e deixa-la mais curiosa, porém foi inevitável. A mulher fez a melhor cara de cachorrinho carente com direito a biquinho e tudo mais.

   - Você não vai me contar o que é? – Perguntou Demi sem conseguir desviar o olhar do presente e Joe assentiu achando fofo como ela estava coradinha. – Joseph. – O murmuro manhoso não adiantaria, e nem o beijo na bochecha seguido de uma mordida na orelha.

   - Surpresa, gatinha. – Como sabia que Demi iria insistir, Joe saiu do carro a deixando com cara de poucos amigos e quando abriu a porta oferecendo a mão para ela, o olhar carente estava lá para tentar convencê-lo. – Vem cá. – Chamou e no instante seguinte Demi estava nos braços dele o abraçando porque era manhosa e estava frio. – Ainda é surpresa. – Sussurrou a beijando na testa e o murmuro dela só o fez rir e puxa-la pela mão depois de trancar o carro. – Eu quase ia me esquecendo. – Quando ele parou foi quase no meio da rua, Demi franziu o cenho o olhando e o rapaz sorriu. – Comprei para você. – Era uma barrinha de chocolate e ao vê-la, Demi umedeceu os lábios e quis juntar Joe ao chocolate. Seria uma mistura deliciosa.

   - Obrigada, amor. – Ronronou o beijando no músculo do braço. – Se você continuar comprando chocolate para mim todos os dias, eu vou virar uma bolinha. – Não que ela se importasse com o peso, comer chocolate era sempre fantástico.

   - Vai ser a bolinha mais linda que eu vou apertar e morder muito. – Ao chegaram a calçada, Demi sorriu de olhos fechados sentindo os braços de Joe a envolver e o beijinho dele atrás da orelha.

   - Eu te amo, amor. – Disse baixinho e ele sussurrou que também a amava a virando para que pudessem trocar um breve beijo.

   - Você vai me proteger? – Demi tinha o puxado pela mão, mas Joe não tinha a acompanhado razão de estar com receio de Inácio. O homem era bravo e decidido, então o risco de ser colocado para fora sobre gritos e pontapés era muito grande. – O seu pai. – Disse um pouco sem graça quando Demi franziu o cenho.

   - Ele não vai bater em você, prometo. – Ela o puxou de novo, mas Joe não saiu do lugar e continuava a olhando como uma criança medrosa. – Eu vou te proteger. – Era o que ele queria ouvir. Demi o abraçou de lado e o beijou na bochecha carinhosamente. – Você está bem protegido, querido. Quando quiser ir embora, é só dizer. – Demi riu quando ele arqueou a sobrancelha. O agora não contava. A festa de Megan estava divertida e mal tinha começado, Demi jamais a perderia, por isso acelerou o passo. Joe a enrolaria o dia todo se ela deixasse.

Entrar pelos fundos era menos chamativo que entrar pela frente, ainda mais acompanhada de um homem vistoso como Joe. A vantagem de entrar pela cozinha era positiva a ponto de Demi conseguir comer mais docinhos porque não tinha ninguém além de Joe para evidenciar o fato. Até para ir se enturmando com o pessoal ficava melhor. A vergonha dos tios e tias ainda era grande, mas conforme os encontravam pelo caminho até a sala, Joe era devidamente apresentado.

   - Onde está Megan? – Perguntou Demi a Isabella roubando a atenção da irmã que estava concentrada em algo que Scott contava.

  - Hum.. Está por aí. – Bella umedeceu os lábios e sustentou o olhar de Demi por mais tempo do que deveria como se através daquela conexão pudesse descobrir se estava tudo bem, para depois olhar para Joe e sorrir. – Você está bem, cunhado? – As bochechas de Joe ficaram coradas, mas ele abraçou Isabella quando ela se levantou e a beijou carinhosamente na testa depois de assentir.

   - O seu pai está aqui? – Perguntou Joe a Demi. Não demoraram com Bella e Scott, apenas trocaram cumprimentos e partiram na direção de Megan para que Joe pudesse presentea-la e desejar os parabéns. A menina tinha ficado desconfiada, claro que não foi nada perceptível para quem não a conhecia bem como Demi e os mais íntimos, mas recebeu de bom grado o presente e deixou que Joe a abraçasse mesmo todo coradinho.

   - Ele está por aqui, querido. – Fazer uma pausa da festa no corredor não foi nada ruim. Demi aproveitou que estava a sós com o namorado para abraça-lo pelo pescoço e fechar os olhos apreciando o momento. – Selena, o Ed e as crianças também. Só relaxa e aproveita a festa comigo. – Naquele momento Demi se sentiu tão envolvida a Joe e absurdamente carente dos carinhos do rapaz, razão a qual a moça o induziu a abraça-la e recostando-se a parede, os lábios foram de encontro ao queixo barbado. – Amo você. – Disse baixinho o beijando na curva do maxilar e Joe umedeceu os lábios.

   - Eu também amo você. – Não foram carregadas de calor como as palavras de Demi. Enquanto ela o beijava, aninhava-se e ronronava manhosa, Joe não conseguia relaxar, o olhar estava alternado a procura da presença de outra pessoa no corredor, mais precisamente Inácio. – Dem. – Chamou de cenho franzindo e um pouco desesperado porque quando Demi ficava daquele jeito, ele sabia muito bem o que ela queria, e no momento estava literalmente fora de cogitação trocar até mesmo um inocente selinho. – Aqui não. Fica quieta. – Sussurrou se esquivando dos beijos dela e o que veio depois o deixou confuso. Não era compreensível a situação? Ele tinha sido grosso e mal educado? Os olhos de Demi marejaram! E ela parecia horrorizada com a situação. – Dem, eu.. Nós estamos na casa do seu pai. – Disse se sentindo terrivelmente culpado e Demi assentiu limpando uma lágrima e se afastando dele. Ah não! O que tinha com ela?

   - Tudo bem, eu entendo. – Que atitude era aquela? A primeira vez que Joe enfrentava o tipo de situação com Demi. Manhosa? Ela era. Mas achar que ele não a desejava por afasta-la era a primeira vez.

   - Demi, o que foi? – Claro que o lado apaixonado e preocupado dele falaria mais alto. Quando percebeu que ela estava se afastando, Joe a abraçou por trás e a beijou gentilmente na bochecha. – Nós estamos na casa do seu pai na festa da sua irmã. A casa está cheia e se alguém nos flagrar, vai ser muito chato, princesa. – Disse quando ela permaneceu calada, e tentou soar o mais suave e carinhoso que conseguia porque parecia que até um soprar de vento faria Demi chorar.

   - Vocês dois não tem jeito. – A sorte foi que era apenas Selena, mas mesmo assim Joe ficou assustado que o coração bateu mais rápido e o incomodou.

   - Selena! – Demi até riu, abraçou a amiga carinhosamente, mas quando olhou para o namorado, a preocupação a tomou. – Você está bem? – Perguntou atentamente o olhando e segundos depois Joe assentiu ainda respirando fundo e tentando ficar calmo.

   - Dem, eu estava te procurando. – Agora era Inácio. Demi mal olhou para o pai, a atenção estava toda voltada para Joe porque ela tinha medo do que poderia acontecer justamente quando se deparassem com Inácio depois da brincadeira de Selena.

   - Senhor Lovato, boa tarde. – Se ele estava com medo, não demonstrou. A voz soou impecável e a mão não tremia quando Joe a ofereceu para que fosse apertada numa forma de cumprimento.

   - Garoto. – Inácio manteve o olhar sobre Joe por bons segundos examinando-o, apertou a mão firmemente e depois olhou para Demi. – Acabei de verificar como sua irmã está. Estou preocupado. Não estou exagerando, Anne está pálida de tanto vomitar. – Agora estava explicado. Só uma das filhas doentes para desconcentra-lo do caso: namorado.

   - Você tem certeza? – Bem, não tinha como não ter certeza sobre alguém vomitar com frequência. Demi só não sabia o que diria ao pai porque Anna não estava doente como ele achava, ela estava tendo enjoos por conta da gravidez então leva-la ao hospital significaria descobrir a verdade e possivelmente deixar o pai furioso. – Porque.. Porque não tem cinco minutos que eu estava com ela. Está tudo bem, ela até está se arrumando para descer. Disse que está morrendo de fome. – Mentir não era uma boa saída, mas para proteger a irmã naquele momento, Demi o faria. Só Anna tinha o direito de contar sobre o bebê e ela o faria na hora ideal, segundo seus conceitos.

   - Mas.. – Inácio estava tão confuso. Ele olhou para trás, franziu o cenho e coçou o cabelo da nuca. – Tem certo tempo que fui ao quarto. – Murmurou ainda confuso. – Acabei de voltar de lá, a porta estava trancada e fiquei muito preocupado, por isso vim buscar ajuda. – Explicou-se um pouco corado e Demi sorriu agradecendo pela mentira ter se encaixado no contexto.

   - Não precisa ficar preocupado, ela está bem. – Quando abraçou o pai de lado, Demi olhou para trás para se certificar que Joe estava bem, e o que o encontrou a deixou de coração partido e aliviada. O olhar perdido e de menino carente era merecedor de todo o amor do mundo. E aquela carinha emburrada também, mas Demi continuou caminhando com o pai porque não queria que ele voltasse à atenção para Joe.

   - Ele é exigente, mas é um pai excepcional. – Disse Selena a Joe observando Demi caminhar abraçada ao pai conversando e sorrindo descontraída.

   - Ele é. – Joe adentrou os bolsos da calça com as mãos e respirou fundo. – Mas é muito chato e man..dã..dão. – O motivo de gaguejar era porque o rapaz sentia medo de Inácio e de que Selena o achasse ousado demais. – Ele fica no meu pé mais do que no pé dos outros rapazes. – Explicou-se um pouco envergonhado começando a caminhar ao lado da amiga.

   - Ele fica no seu pé porque a Demi é muito importante para ele, Joseph. Inácio sabe tudo que ela sofreu na mão da mãe, e agora ele não quer mais sofrimento para ela. – Selena sabia que Inácio tinha um coração enorme e gentil porque ele a tratava com carinho, respeito, cuidado e amor, como se ela fosse uma das filhas dele. A história de Demi também estava lá para deixa-lo mais vulnerável e protetor. – Você é um bom rapaz, Joe. – Disse o olhando nos olhos. – Mas você a magoou mais de uma vez, é claro que ele vai ficar no seu pé. O que os olhos meninos fizeram? Scott é um amor, Augusto só é um rebelde apaixonado influenciado por Hannah que consegue o convencer de fazer o que ela quer. – Joe franziu o cenho ao olhar para Selena. Não esperava que ela ainda estivesse magoada e na defensiva com ele.

   - E o Rick? É médico, bonito e rico. – Ele não escondeu como estava ofendido. Olhou para Selena e estreitou os olhos.

   - Joseph. Você pisou na bola. – Selena parou em frente ao rapaz e sustentou o olhar. – Não estou dizendo que os outros são melhores que você. Só estou dizendo que você magoou a Dem. Só não o faça novamente que tudo vai ficar bem. – Joe franziu o cenho enquanto olhava para Selena. Ele queria dizer como tinha se sentido quando brigou com Demi pouco antes de ir ao Texas, dizer que ela também o magoou, mas quando Harry se aproximou correndo com a irmã junto aos sobrinhos mais novos de Inácio, a atenção de Selena estava toda nas crianças e no pequeno Harry que sabiamente explicava aos garotinhos e garotinhas que na barriga da mãe morava um irmãozinho.

   - Não vai ficar aí parado, vai? – Ao ouvir a voz de Ed, Joe sorriu e abraçou calorosamente o amigo. – Você está com uma cara péssima, Jonas. – Joe quis xingar Ed quando teve o cabelo bagunçado. Sempre dava tanto trabalho para deixa-lo arrumadinho.

   - A sua namorada estava me importunando. – Resmungou Joe quando percebeu que Selena estava longe o suficiente para não ouvir o que ele tinha dito. – O pai da Demi quer arrancar o meu couro. Estou doente. Não tenho muitos motivos para estar feliz. – Ed arqueou uma sobrancelha e sorriu.

   - Quando a Demi te der uns bons amassos, você vai ficar feliz rapidinho. – Era certeza que Joe iria ficar corado, ele sempre ficava e Ed riu o puxando para que pudessem se acomodar nuns puffs cor de rosa que estavam mais afastados da concentração de pessoas. – Não é como se o Inácio fosse o seu melhor amigo e a Selena.. Hum, você sabe. Esse negócio dela com a Demi é.. Às vezes eu tenho a impressão que elas vão fugir juntas a qualquer momento. – Dessa vez quem arqueou uma sobrancelha foi Joe, e então Ed levantou discretamente o copo de caldo de frango que tomava na direção da namorada. – Você não pode considerar a Selena como uma amiga fiel, assim como eu não posso considerar a Dem. – Era uma pontada de ciúmes e curiosidade sobre aquelas duas que incomodava a Ed. Ele olhou atentamente para a noiva que estava toda sorridente conversando com Isabella e Amber enquanto Demi a abraçava por trás também participando da conversa.

   - Você tem razão, ele nunca foi o meu melhor amigo e nunca vai ser. Mas ele é o pai da mulher que eu amo, não podemos viver trocando farpas para sempre. Aliás, ele atira as farpas, eu apenas me machuco com elas. – Se ele enfrentaria Inácio? Jamais! O homem era grande e tinha certo porte físico, pelo menos sobre as típicas camisas xadrez dava para imaginar um corpo forte.

   - Você pode bajula-lo, mostrar que você se importa com a Demi e não vai machuca-la. Chame-o para sair com a gente. Podemos fazer um passeio até agradável. Eu, você, o pai da Selena e o pai da Demi. Uma noite em amigos. – Ed riu imaginando como seria tenso, mas também ficou curioso para saber se daria certo um passeio entre os quatro. – Se você está achando ruim agora, imagina quando a Demi estiver grávida. Não importa se o seu sogro é um cara legal ou não, você vai receber uma dura que jamais vai esquecer. Aconteceu comigo, eu nunca tinha sentido medo de outro homem, até ser chamado na casa da Selena para conversar sozinho com o pai dela. – Ed até respirou fundo, olhou para o chão por alguns segundos e assentiu negativamente massageando o cenho com a mão livre. – Nós não conversamos sobre o que aconteceu no Texas. Tudo que eu sei é através dos resmungos da Selena sobre você. – Então Selena estava realmente brava. Joe a olhou por breves segundos e depois voltou a atenção para Ed.

   - Eu.. – Joe apertou a curva do pescoço e arrumou o cabelo com as mãos achando curioso como o lustre da sala oferecia um charme especial a sala de uma decoração rústica ao mesmo tempo em que era moderna. – Eu quase beijei uma moça que conheci, e bebi na noite da formatura da Rose, acabei ficando com ela. Nada mais que beijos, segundo a Rose. Não me lembro de nada. – Disse a Ed o olhando nos olhos. – Eu estava chateado, mal humorado e com muita raiva de tudo que aconteceu. Me arrependi por ter sido um idiota. Não foi intencional, só foi acontecendo. É muito difícil administrar algumas situações sozinho, Ed. Quando a Demi encontrou a família, eu a e Sel sofremos com a ausência dela. Foi difícil compartilha-la com esse tanto de gente. Nos acostumamos, mas o jeito que o Inácio me tratou não foi legal. – Joe olhou para o homem e se perguntou se o problema era Inácio ou se ele era um cara fraco que não aguentava um pouco de pressão. – Cada um tem sua maneira de olhar para uma situação. Acho que outro cara poderia ter levado na esportiva todas essas implicâncias, mas me senti ofendido com todos os olhares duvidosos, a forma que sou tratado como um garoto que não sabe o que quer da vida. No dia que ele pediu a minha carteira de motorista na frente de todos foi constrangedor. Nós brigamos por causa dele e ela me disse coisas que me machucaram. No Texas eu.. Eu perdi a cabeça e fiz besteira, e estou arrependido. – Joe suspirou quando olhou para Ed percebendo o quão sério e concentrado o amigo estava.

   - Infelizmente acontece e você tem que aprender com os seus erros, Joe. – Ed era mais velho e mais experiente, então sabia melhor do que ninguém como relacionamentos funcionavam. – Errar é normal, mas cometer o mesmo erro é vacilo. O que aconteceu, aconteceu. A Demi te perdoou e é o que importa, só não faça mais. – Joe assentiu prontamente. Ele nunca mais iria omitir um fato.

   - Desculpe interromper, Ed. Mas eu estou sequestrando o meu gatinho. – Demi só não se acomodou no colo de Joe porque ficaria muito envergonhada, então o abraçou pelos ombros e sorriu quando Joe olhou para cima esboçando um sorrisinho de menino. – Não está com fome? – Perguntou quando o abraçou de lado e Joe negou num murmuro. – Amor, você precisa comer. – Salgados e docinhos estavam fora de cogitação. Refrigerante não era uma opção, então não sobrava nenhuma alternativa.

   - A tia Laura me obrigou a almoçar um prato carregado de comida, e eu comi uma maçã depois, estou bem, Dem. – Ele disse quando ela o levou para cozinha.

   - São seis e meia da noite. Você não pode ficar esse tanto de tempo sem comer, Joseph. – Demi o recostou no balcão e o abraçou aproveitando para se aninhar a ele feliz. – Vou preparar um suco para você. – Não tinha como resistir.  Quando o olhou nos olhos, Demi guiou as mãos para o cabelo da nuca e ergueu a cabeça para que Joe pudesse encaixar os lábios nos dela. – Bebê, me deixa cuidar de você. – Disse nos lábios dele e Joe assentiu suspirando e voltando a beijá-la.

   - Vamos para casa, Dem. – Ronronou a abraçando e olhando na direção da entrada da cozinha para verificar se ninguém estava prestes a entrar.

   - Só mais um pouquinho. – Demi o beijou e o mordeu no lóbulo da orelha. – O meu pai não vai brigar com você. – Disse Demi observando que Joe não parava de olhar na direção da entrada da cozinha. – Fica tranquilo. – Ela o beijou no queixo e suspirou se agarrando a ele. – Joseph, me abraça. – Ronronou manhosa sentindo a falta dos braços fortes dele a envolvendo. – Eu estou muito carente. – Sussurrou para ele. – E você me deixa maluca, não é uma boa combinação, coisa gostosa. – Então lá estava ela novamente tentando ataca-lo. Joe sorriu porque gostava de quando Demi demonstrava o quanto se sentia atraída por ele.

   - Então vamos para casa que eu prometo que vou te dar muito carinho e te deixar satisfeita. – Sutilmente ele a virou contra o balcão e guiou as mãos para o traseiro da namorada o apertando com vontade. E o sorriso de Demi foi de orelha a orelha.

   - Só se formos agora? Mais tarde não está valendo? – Demi queria que a mão dele a acariciasse em outro lugar, porém era muito arriscado. – Eu quero muito você. – Disse baixinho quando ele a beijou brevemente no pescoço. O corpo chegava a esquentar de uma forma deliciosa só pelo fato de Joe estar ali com ela.

   - Eu vou te torturar se formos mais tarde. – Foi um dilema escolher o que faria. Se fosse embora naquele momento, Megan ficaria chateada. Mas se fosse embora mias tarde, Joe a torturaria. Seria ruim? O que ele faria? Demi esboçou um pequeno sorriso sapeca e depois mordeu o lábio inferior. A curiosidade sempre falaria mais alto.

   - Eu vou adorar ser torturada, desde que eu esteja nua e com você. – Ela o beijou demoradamente na bochecha, acariciou a mão grande dele observando a aliança cor de prata. Em troca, Joe a apertou na cintura a puxando para ele e a beijou no canto da boca. – Vou fazer suco de laranja para você. – Agarre-o! O que estava acontecendo? Demi sempre desejou Joe, mas o jeito que desejava agora era muito diferente. Quando estava alguns passos do namorado, ela o olhou de cima a baixo. Ofegou, umedeceu os lábios e quando olhou para os olhos de Joe, sentiu o coração disparar no peito. Ele era bonito demais! Desde o cabelo arrumandinho as pernas grossas moldadas pelo jeans. Até o bumbum dele Demi queria apertar, deslizar as mãos pelos músculos largos dos braços, espalmar o peito largo e gemer manhosa o olhando nos olhos.

   - O que foi? – Perguntou Joe esboçando um sorriso fofo sustentando o olhar dela e Demi franziu o cenho.

   - Estou admirando a vista. – E para pirraça-lo, Demi o olhou na direção do zíper da calça e lambeu os lábios. – Uma bela vista, querido. – Corado e excitado! Demi sorriu o achando incrivelmente fofo e sexy, então se aproximou para abraça-lo e dizer o olhando nos olhos: – Eu amo você. – E por fim trocaram um beijo, na verdade dois beijos de perder o fôlego.

   - Eu também amo você. – Joe a abraçou por trás e sussurrou no ouvido dela e a mordeu no lóbulo da orelha aquecendo ainda mais o corpo feminino.

Suco de laranja. Era aquilo que Demi tinha a fazer. Então ela precisava de laranjas. Não, mangas! O efeito de Joe era exatamente aquele. Demi estava confusa, excitada e louca para agarrar o namorado. Enquanto isso Joe continuava escorado ao balcão, os braços cruzados sobre o peito e aquele sorriso de menino o deixando absurdamente sexy. Alguém deveria multa-lo ou alerta-lo que ele não deveria ser tão lindo. Quando os pensamentos voltaram para o lugar correto, Demi mordeu o lábio inferior e pensou: se ele vai me torturar, porque também não posso tortura-lo? Objetivando fazer daquele momento um dos joguinhos de sedução que tanto a divertida e a fazia ansiar pelo que estava por vir, pegar laranjas na fruteira exigiu muito jogo de cintura.

Demi reconhecia muito bem os atributos que tinha, e adorava usa-los nos momentos corretos. Parada em frente à fruteira, desabotoar o trench coat exigiu uma técnica que era uma aliada infalível à sedução: usar e abusar de ações mais demoradas. Quando os botões estavam desabotoados, Demi quase deixou o casaco cair no chão, e daí lembrou que estava na casa do pai e tudo que faria teria que ser mais sutil e numa linguagem que apenas Joe entenderia. Ele estava olhando. Tão envolvido que o olhar acompanhava os movimentos dela. Ótimo. Ao entregar o casaco para ele segurar, Demi apenas sorriu e voltou à missão de pegar as laranjas rebolando o traseiro e sempre que podia, olhava para Joe deixando claro como ela estava ansiosa para ficar sozinha com ele.

   - Esse foi o melhor suco de laranja da minha vida. – Os dois estavam escorados no balcão. Trocaram poucas palavras depois que Demi entregou o copo com suco natural de laranja para Joe acompanhar os poucos salgados que iria comer.

   - Você tem que se alimentar, querido. – Gentilmente ela o beijou no ombro e sorriu o olhando. – Você é um homem grande e precisa de energia, principalmente agora que.. que nós temos essa luta para enfrentar. – Não foi o melhor sorriso, e estava longe de ser um feliz, mas quando Joe sutilmente a empurrou e sorriu a olhando, Demi também o fez.

   - E que nós vamos ganhar. – Ser otimista não custava nada. Joe sorriu confiante quando Demi assentiu sem olha-lo. Daí ele percebeu, mais uma vez, como a mulher que ele amava era linda e preciosa.

   - Nós vamos. – Demi sorriu para a tia mais velha que buscava salgados e então buscou o celular no bolso do casaco quando o sentiu vibrar.

“Não quero montar a minha árvore de natal sem a minha estrela. Você tem um tempinho para ficar com a mamãe, anjo?”. – Dianna.

Sim, o natal estava batendo na porta! Eram tantas coisas acontecendo que Demi tinha se esquecido completamente daquele fato. Seria o primeiro natal que ela estaria completamente feliz, pois havia paz com a mãe, tinha encontrado Inácio e descoberto irmãs incríveis, Selena e Anna estavam grávidas, e não existia um presente mais gratificante que Joe. Ao pensar em tudo de bom que tinha acontecido, Demi sorriu involuntariamente e feliz, respondeu a mensagem da mãe.

“Eu estou morrendo de saudades de você!!! Estou na festa da Meggy, daqui a pouco acaba e eu vou direto para aí ficar com você <3”. – Demi.

Não teria nada que a impediria de ficar com a mãe naquele resto de noite, na verdade, ao olhar para o lado, Demi franziu o cenho porque ela realmente queria compartilhar a cama com Joe naquela noite e passar bom tempo nos braços dele o amando. Como faria para unir os dois desejos?

   - Vocês estão aí. – Demi sorriu ao observar que Anna parecia mais saudável e disposta. Provavelmente a companhia de Rick estava a ajudando. – Acho que já vão cantar parabéns. – Disse a moça ao se aproximar do balcão e Demi aproveitou para estuda-la melhor.

   - Você está bem? – Demi não cumprimentou Rick como costumava fazer, olhou-o brevemente esboçando um pequeno sorriso e voltou toda atenção para irmã.

   - Menos enjoada, mas ainda muito sonolenta. – Disse a moça recostando no namorado. – Só levantei porque o papai não parava de ir ao meu quarto. Ele está preocupado e eu não quero que ele saiba que será vovô agora. – O melhor foi à reação de Joe. Ele arregalou os olhos e não soube disfarçar a surpresa.

   - Você está bem? – Rick perguntou e Joe assentiu tossindo um pouco. Ah! Ele podia sentir as bochechas coradas e o nervoso começar a toma-lo. Inácio ficaria uma fera, mas daquela vez não seria com ele!

   - É segredo. – Disseram Demi e Anna assim que o rapaz corado já estava mais calmo. – Eu vou contar, mas não agora, preciso me preparar. – Anna olhou para Demi e depois para Joe tendo a certeza que teria a ajuda deles. Já era difícil demais apenas a ideia de que o TCC seria apresentado no dia seguinte, imagina se Inácio estivesse por dentro dos últimos acontecimentos? A apresentação por si só já era tensa, imagina a pressão no olhar do pai?

   - Isso vai ser muito complicado. – A intenção de Joe não era assustar ainda mais a Anna, e muito menos chatear Demi, mas não teve como ele segurar aquela fala. Seria muito complicado lidar com Inácio e ao pensar naquela questão, a vontade de ser pai ficava um pouco mais distante. – Desculpa, eu não quero assusta-la é só que.. – Ele achou melhor ficar quieto. As bochechas coraram e o coração bateu um pouco mais rápido.

   - É realmente complicado, não tem outra definição. – Disse Rick enlaçando os dedos aos de Anna quando a abraçou por trás. – Mas que graça teria se não fosse? Nosso sogro só é um homem muito preocupado porque os tesouros dele são únicos. – Soou tão confiante e apaixonado. Discretamente Joe espiou o casal trocando um beijo apaixonado e então olhou para Demi.

   - Não fica preocupado. – Sussurrou Demi o abraçando de lado e ele assentiu retribuindo o abraço e a beijando na bochecha.

   - Vamos cantar parabéns? – Isabella os chamou da entrada da cozinha e como sempre, estava com Scott juntinho a ela.

Parecia que o que mais havia naquela festa eram casais. E as meninas de Inácio então estavam bem acompanhadas. Demi e Joe. Anna e Rick. Bella e Scott. Hannah e Augusto. Selena não fazia parte das irmãs, mas era uma das jovens acompanhadas.

A cantoria foi calorosa e de arrancar sorrisos. As meninas sempre eram espirituosas e o que não faltava de forma alguma era criatividade para fazer a outra passar vergonha, e daquela vez não foi diferente. Não era porque o aniversário pertencia a rainha da bagunça que ela não sofreria com as brincadeiras que costumava fazer. Então Isabella aproveitou para deixar a irmã de bochechas coradas na frente de toda a família na hora do “Com quem será? Com quem será que a Megan vai casar?!”, e Hannah, que não era boba nem nada, disse pelo menos três nomes de garotos da escola de uma forma pensativa que era brilhante, pois dava a entender que era verdade e que Megan tinha mais de um pretendente.

Na hora das fotos... Salve a tecnologia, pois se fosse ao método antigo, não teria filme fotográfico para registrar a quantidade de foto tirada. E detalhe, não era apenas um smartphone que capturava as imagens. Megan teve que sorrir e olhar para pelo menos quatro celulares e tirar foto com muita gente, claro, incluindo a linda foto de família onde estavam todas as irmãs com a aniversariante e o pai.

Depois de o bolo cortado e distribuído para os convidados, todos pareciam mais calmos e relaxados, deveria ser também porque já estava ficando tarde e era um dia de meio de semana, ou seja, muita gente tinha saído direto do trabalho para a festa. As crianças eram as únicas que estavam a todo vapor, como sempre. Alicia era uma dela, ou pelo menos tentava ser já que a pequena não dava conta de correr como Harry, o sobrinho de Ed, ou como a prima Isla. Os adultos estavam distribuídos. Hannah tinha tomado chá de sumiço com Augusto, Isabella conversava com Scott junto ao tio David, Anna cochilava no ombro de Rick sentada ao lado de Inácio. Demi e Joe estavam sentados próximos a Selena e Ed, a conversa não estava muito animada porque a atenção sempre era roubada pelo som melódico vindo do piano. Megan tinha resolvido tocar, e o som que a menina construía era delicioso de ouvir, ela tinha até arriscado cantar algumas vezes com a ajuda de Amber, e parecia que quanto mais o tempo avançava, mais animada Megan ficava.

Clássicos do cinema foram tocados, trilha sonora de jogos, algumas das músicas mais atuais e quando pensavam que a menina estava ficando cansada, lá vinham mais músicas. Uma de fato foi a última, e com certeza a que mais chamou a atenção. The Scientist do Coldplay não foi tocada de forma qualquer. A música envolvia tanto a Megan que a menina se deixava levar pelo coração, e ao toca-la, os olhos estavam fechados e o coração a mil.

Depois da última nota, Demi observou como Megan parecia estática. O corpo rígido numa postura reta logo estava frouxo como se perdesse as forças. A menina não olhou para trás quando se levantou, mas os passos rápidos indicaram que ela não estava bem, por isso Demi se levantou as pressas para ir atrás da irmã a tempo de aborda-la ainda no corredor. Os olhos castanhos estavam marejados, as feições tristes e quando Megan a envolveu num abraço apertado, Demi não teve coragem de pedir que ela não chorasse porque ninguém deveria sofrer tão cedo com a falta da mãe.

***

   - Eu odeio como as coisas são. – Dentro do carro poucas palavras tinham sido ditas, e agora em frente ao prédio onde Dianna morava, Demi tinha sentido a liberdade de dizer aquelas palavras a Joe. – Megan é só uma criança, ela deveria estar radiante. – Resmungou emburrada porque odiava quando uma das irmãs ficava triste, e naquele caso, todas tinham ficado quando souberam que Megan chorava pela mãe. – Isso é tão injusto. – Reclamou cruzando os braços sobre o peito e minutos mais tarde olhou para Joe sem entender o porquê de ele estar calado.

   - A vida é assim, princesa. Injusta. – A voz soou cansada. Joe relaxou o corpo no banco do carro e observou o pouco movimento de pessoas na rua. – Eu daria tudo para ter pelo menos um dia com os meus pais, uma hora que fosse. Eu só queria sentir como eles me amavam, ouvir a voz, sentir o cheiro, o toque. – Pior que perder um pai ou uma mãe, era crescer sem ter uma única lembrança, apenas histórias contadas por familiares e desconhecidos.

   - Desculpa, amor. Eu sinto muito. – Murmurou Demi envergonhada e Joe assentiu.

  - Está tudo bem, Dem. – Disse levando a mão a dela. – Cuida dos seus pais e sempre demonstre como você os ama. – Ao fita-lo nos olhos, Demi assentiu. A vida tinha dado a ela uma única e rara chance de ter uma família fantástica, e Demi jamais poderia ser grata suficiente por ter tantas pessoas para amar e ama-la.

   - Sobe comigo para dizer um oi para mamãe? – O suspiro triste foi de partir o coração. Demi o beijou no braço e sorriu porque Joe ficava fofo quando estava emburradinho. – Essa cara só porque eu não vou dormir com você hoje? – Perguntou tentando não sorrir e agarra-lo.

   - Você está sendo muito requisitada ultimamente. Quase não ficamos juntos. – Era ciúme. Quando Joe franziu o cenho, Demi gargalhou e deu um jeitinho de abraça-lo da forma que conseguia.

   - Joseph, nós ficamos juntos a maior parte do tempo, não seja egoísta. – Assentindo, Demi sorriu quando ele a olhou de sobrancelha arqueada. – Tudo bem. Nos últimos dias eu tenho passado muito tempo com as minhas irmãs, mas nesses últimos meses nós ficamos bem grudados. – Nos seis meses de namoro, praticamente moravam juntos. Dormiam agarrados e acordavam nus, brigavam por besteiras ao mesmo tempo em que se derretiam de amor um pelo outro.

   - É que eu preciso de você. – Não era egoísmo. Joe umedeceu os lábios e olhou para o couro do volante como se fosse algo realmente interessante. O medo de estar doente o desconcentrava de ter esperanças e o assustava, ter Demi por perto para apoia-lo fazia toda diferença. – Preciso muito, quando nós estamos juntos, me sinto muito seguro e bem. – Explicou a olhando. – Mas tudo bem, você também tem que ficar com a sua mãe. – Ficar emburrado era inevitável. Joe cruzou os braços e ficou impassível olhando para o volante.

   - Não faz isso comigo, amor. – Como o cinto estava a atrapalhando, Demi o tirou e guiou os lábios para o pescoço do namorado. – Eu sou apenas uma mulher. – Ronronou o mordendo na orelha e o apertando na coxa. Joe quase se deixou vencer. Ele quis gemer alto e se entregar aos carinhos de Demi, mas não o faria. – Joseph! – Demi quis estapea-lo porque odiava quando ele ficava emburrado e irredutível. Ela parou os carinhos para olha-lo e revirou os olhos com muita vontade. Era muito difícil lidar com situações daquele tipo. As meninas queriam que ela estivesse por perto, assim como Inácio. Selena precisava de ajuda com o casamento e de alguém para mimá-la, além de Ed, porque era demasiadamente manhosa e carente. Joseph era um namorado grudento, estava doente e Demi queria muito ficar o tempo todo com ele, mas também havia Dianna. Era um sonho poder finalmente chamar a mulher de mãe, e agora que elas estavam bem Demi mal tinha tempo para ficar com ela. – Eu vou subir, Sr. Emburrado. Vem apenas cumprimentar a sua sogra, chato. – Se ele podia ficar emburrado, porque ela também não ficaria? Demi só pegou a bolsa e saiu do carro. Estava frio e nevando, por isso apressou o passo e quando estava na parte coberta do prédio, ouviu o resmungo de Joe.

   - Está muito frio. – Como um homem podia ser tão reclamão? Demi revirou os olhos ainda o olhando e deu de ombros caminhando em direção ao elevador. Era Nova York em pleno dezembro, sempre foi frio e sempre seria.

   - Você gostou da festa? – Perguntou Demi quebrando o silêncio dentro do elevador. O andar onde Dianna morava era um dos primeiro, e apesar de ser um curto período dentro do cubículo, ficar em silêncio era chato.

   - Gostei. Ao menos o seu pai não brigou comigo. – Joe coçou a nuca e sorriu um tanto sem graça. Inácio estava muito envolvido com os irmãos e em agradar Megan, ele tinha no máximo lançando um ou dois olhares intimidantes ao rapaz.

   - Vou conversar com ele de novo. – Disse Demi pensando no que Joe tinha contado mais cedo. – Ninguém vai brigar com você. Aliás, só eu. – Ela sorriu quando as portas do elevador se abriram no andar desejado e já naquele corredor, sorriu ainda mais porque a sensação de estar ali era nostálgica.

   - Eu não quis ser chato no carro. – O abraço por trás a pegou de surpresa, e Demi ficou quieta sentindo o calor a envolver e o beijinho delicioso atrás da orelha arrepia-la. – Mas é verdade: você me faz bem e eu fico seguro quando estamos juntos. – Sussurrou a abraçando com mais força e Demi assentiu de olhos fechados.

   - Eu também, Joseph. – Aos pouquinhos Demi se virou e aspirou o cheiro dele no pescoço. – Fica comigo aqui hoje? O que você acha? – Perguntou o abraçando pelo pescoço e Joe franziu o cenho um pouco surpreso com o convite.

   - Mas esse momento é para ser seu e da sua mãe. Acho que eu vou estragar as coisas. – Disse um pouco sem jeito a apertando na cintura e Demi sorriu de orelha a orelha.

   - Você não vai. Aposto que a mamãe vai gostar muito se a gente ficar aqui com ela hoje. Ela também vai te conhecer melhor e passar mais tempo comigo. Não vai ser ruim. – O beijo no queixo e depois vários deles no pescoço era só para convencê-lo, e o melhor de tudo era que estava funcionando.

   - Não vamos combinar nada. Só vamos deixar acontecer. – A proposta pareceu perfeita e então Demi assentiu concordando. – Contando que eu durma com você, está valendo. – O beijo não poderia faltar. E como sempre foi caprichado, apaixonado e muito intenso. Demi abraçou Joe pelo pescoço e ele envolveu a cintura dela com os braços. E ao olhar para um ponto qualquer, o corpo de Demi aqueceu no mesmo instante porque surpreendentemente a porta do quartinho onde teve a primeira vez estava no campo de visão. A ideia a fez sorrir, mas ficaria para outro dia...

   - Vamos, coisa gostosa. – O calor que vinha sentindo era sem igual. Um calor sexual que a fazia querer Joe de todas as formas. E se ficasse mais um segundo sozinha com ele, Demi o levaria para o quartinho e só sairia dali quando estivesse enjoada de sexo, o que não aconteceria. – Comporte-se. – O sorriso foi de orelha a orelha porque assim que chegaram a porta do apartamento de Dianna, Joe a acertou com um tapa no bumbum.

   - Sempre. – Ah não! Demi quis arrasta-lo para o quartinho porque aquele sorriso dele automaticamente a fazia derreter de desejo. Por um tempo ela o olhou sustentando o olhar safado, mas resolveu que seria melhor bater à porta. Ela o pegaria de jeito quando eles estivessem indo embora. No quartinho, de preferência.

A batida à porta foi atendida pouquíssimos segundos depois, era como se Dianna ansiasse a chegada de Demi e estivesse ao lado da porta o tempo todo a esperando. O abraço que elas trocaram foi caloroso, apertado e delicioso. Olharam-se sorrindo e voltaram a se abraçar uma mais feliz que a outra.

   - Mamãe, tem problema se o Joe ficar aqui com a gente? – Desde quando Demi era tão manhosa? Ah! Quem se importava? Ela sorriu como se tentasse convencer a mãe a deixa-la ficar com um gatinho que tinha achado na rua e Dianna riu assentindo logo envolvendo o rapaz num abraço. Estava quente e muito aconchegante no apartamento, com direito a cheiro de biscoitos e chocolate quente.

   - Nós só vamos precisar de um chocolate quente diet, você é diabético, não é? – Perguntou Dianna o olhando e quando Joe corou assentindo, ela sorriu porque o rapaz era muito fofo. – Vocês estão com fome? – Perguntou caminhando em direção à cozinha e Demi sorriu observando como a mãe estava normal vestindo roupas simples e sem maquiagem. Era uma mulher linda.

   - Eu estou esfomeada. – Disse Demi ansiosa para comer os biscoitos e tomar chocolate quente. Era até estranho porque não tinha uma hora de relógio que tinham saído da festa de Megan, Demi até tinha comentado “Eu estou tão satisfeita que acho que não vou comer nada pelo resto do mês”. – Esses biscoitos são maravilhosos. – Resmungou Demi abismada com o sabor do biscoito quentinho. – Onde você aprendeu? – Perguntou levando um biscoito aos lábios de Joe para ele experimentar, já se fosse deixa-lo tomar atitude, jamais aconteceria.

   - É uma receita da sua avó. – Comentou Dianna a servindo com chocolate quente e Demi sorriu, mesmo se sentindo triste por não ter mais a avó. – A sua vó era uma mulher rígida e exigente, mas ela tinha um lado lindo, filha. Quando eu era adolescente, às vezes ela me contava sobre as viagens ao arredor do mundo, sobre as pessoas que tinha conhecido e como as cidades eram lindas. A minha história favorita é a da viagem à França. Lembro-me como se fosse ontem a sua avó contando sobre Paris. Ela ficou horrorizada com a Torre Eiffel, disse que era uma lataria estranhamente linda. Só não gostou do cheiro do rio Sena, criticou a quantidade de turistas e perdeu a paciência na fila para subir na Torre Eiffel. O que eu mais gostava nas histórias dela era que tinham tantos detalhes desde a estrutura dos lugares as sensações que eles transmitiam. – Dianna sorriu verdadeiramente feliz contando sobre a mãe e se lembrando de como Amélia era espirituosa, crítica e elegante. E Demi fazia o mesmo, só que derramava lágrimas.

   - Eu gostava tanto dela. – Resmungou chorona e Dianna ficou surpresa, mas abraçou a menina e a beijou na testa. – Sinto muita a falta da vovó. – Ronronou manhosa se aconchegando ao abraço da mãe.

   - Eu sei, querida. – Quando a olhou nos olhos, Dianna sorriu e limpou as lágrimas que Demi derramava.

   - Esses biscoitos são deliciosos. – O que ela tinha? Joe franziu o cenho. Demi não era comilona e chorona daquele jeito. Ela estava diferente até mesmo quando estavam na cama agarrada a ele. – Amor, come. – Será que se ele não comesse ela choraria? A carinha de choro estava prestes a desabrochar, então Joe comeu os dois biscoitos que Demi oferecia e ficou com vontade de puxa-la para os braços e mima-la, mas quem fazia isso era Dianna.

   - Eu não sabia que você era tão manhosa. – Disse Dianna a beijando na testa para depois nas bochechas e Demi sorriu se aninhando ao abraço da mãe. – Vamos montar a nossa árvore de natal? – Perguntou a olhando nos olhos e Demi assentiu sorrindo de orelha a orelha.

   - Joe, você está com fome? – Perguntou Demi olhando atentamente para o namorado e Joe negou no mesmo instante.

   - Tenho maracujá, posso fazer chá para você. – Disse Dianna o olhando e Joe sentiu as bochechas ruborizarem. Ele não estava com fome, bem pelo contrário, Demi tinha o entupido de suco de laranja e salgados assados.

   - Eu estou satisfeito. – Disse o rapaz um tanto sem jeito. – A Dem me fez comer bastante na festa. – Ele até tinha coçado o cabelo da nuca envergonhado porque só depois que disse sobre Demi que foi se lembrar de que ela poderia ficar brava com ele.

   - Mãe, ele não come. – Resmungou Demi desfazendo do abraço de Dianna para ajuda-la com os biscoitos. – E olha o tamanho dele. – Dianna riu de como Joe ficou sem jeito. Era uma característica de Demi ser exagerada com os namorados. Dianna sabia que sempre que a filha se envolvia com um rapaz, ela fazia de tudo da forma mais exagerada possível. Assim era com André e agora com Joe.

   - Como foi a viagem? – Perguntou Dianna pegando os maracujás para lava-los para fazer o chá, Demi puxou Joe pela mão para que ele se acomodasse a mesa e comesse mais biscoitos com ela.

Sobre a viagem, Demi evitou muitos detalhes, pois não queria constranger Joe na frente da mãe. Seria uma conversa que elas teriam pessoalmente. Ela tinha muito a contar sobre o Texas, e Joe ficou feliz por ouvir Demi contar sobre coisas que ele nem mesmo imaginou que ela tinha prestado atenção. As paisagens eram descritas com tanta precisão, e Demi realmente parecia apaixonada por elas, só não mais que nas comidas preparadas por Clara. A moça falou tão bem do Texas, que Dianna confessou que estava com vontade de visitar as terras de Joe.

Mais tarde a árvore de natal estava montada, apenas o pinheiro posto num vaso com a ajuda de Joe, que fez toda a diferença. Então Dianna tinha trago do quarto uma caixa de papelão enorme cheia de bolinhas cor de rosa, estrelas, velinhas e bonecos de feltro, sininhos, anjinhos, miniatura de rena, festão colorido, pisca-pisca e muitos outros enfeiteis.

Escorado no sofá, Joe acabou dormindo, resultado do chá de maracujá. Demi e Dianna estavam animadas. Tinham distribuído bolinhas na ponta dos galhos do pinheiro, colocaram os outros enfeiteis e a guirlanda na porta do apartamento. O pisca-pisca colorido foi envolto em toda árvore, e quando estava ligado, a sensação do natal foi única. Demi olhou emocionada para mãe a abraçou de lado ainda admirada com a beleza da árvore.

   - Só falta a estrela. – Disse Dianna a Demi, que sorriu sabendo que aquela parte era a dela.

O pinheiro deveria ter um metro e setenta, ou seja, era muito maior que Demi, por isso foi necessário que Dianna pegasse um banquinho e auxiliasse a filha. A estrela cor de ouro foi posta do topo da arvore, e Demi se sentiu como uma criança por ficar responsável por aquela parte, a melhor parte de todas! O sorriso que tinha passado maior parte do tempo no rosto da moça só foi desfeito quando o cheiro do pinheiro a incomodou. Não era uma árvore artificial, Dianna tinha se esforçado para comprar uma árvore real, como era costume no país porque queria que o natal de Demi fosse especial.

A primeira reação de Demi foi correr para o banheiro. E foi aí que ela percebeu o quanto de comida tinha consumido nas últimas duas horas, pois quanto mais vomitava, parecia que mais comida tinha para ser posta para fora. Sorte que Dianna a ajudou segurando o cabelo e buscou por uma toalha limpa quando ela lavou o rosto.

   - Você está pálida. – Dianna sabia exatamente o que a filha tinha. Só Demi que parecia alheia ao mundo, deveria ser o sono já que ela bocejou e franziu o cenho um tanto manhosa.

   - O cheiro daquela árvore é muito ruim. – Resmungou Demi se escorando a pia e cruzando os braços sobre o peito, e no mesmo instante ronronou porque os seios continuavam doloridos, principalmente quando eram apertados.

   - O que foi? – Perguntou Dianna a olhando atentamente.

   - Eu acho que minha menstruação está chegando, os meus seios estão sensíveis desde ontem. – Tornou a resmungar manhosa completamente alheia as suspeitas da mãe.

   - Podemos conversar? – Dianna tinha encostado a porta do banheiro porque não queria correr o risco de Joe ouvir a conversa, se bem que o rapaz estava dormindo que chegava a suspirar. – Conversa de mulher. – Demi só foi entender quando a mãe arqueou a sobrancelha, então ela assentiu um pouco envergonhada.

   - Tudo bem, nós podemos conversar sobre coisas de mulher. – Desde quando ela ficava tão envergonhada? Será que era pelo fato de ser Dianna? Demi sorriu cabisbaixa porque ela sempre conversava tranquilamente sobre sexo e tudo mais com Selena como se fosse uma conversa sobre um dia de chuva.

   - Vocês estão se protegendo? – Tinha demorado alguns minutos para Dianna conseguir coragem o suficiente para fazer a pergunta. Não porque tinha vergonha de conversar sobre sexo, era porque aquela pergunta queria dizer muito mais do que deveria, e Demi arregalou os olhos sentindo frio na barriga e o coração bater tão rápida que ela podia escuta-lo.

   - Mas eu... – O anticoncepcional.. Qual tinha sido a última vez que ela tinha o tomado? Não tinha tomado no dia passado, e nem no retrasado, pelo que se lembrava. Respirando fundo, Demi cobriu o rosto com as mãos e buscou pelo celular no bolso. Nada como um aplicativo para ajuda-la a encontrar a resposta daquelas perguntas difíceis. Só era complicado mexer no celular com a mão tremula.

“A sua menstruação está atrasada. Informe-nos quando ela chegar”. Era o que dizia a droga do aplicativo. Atrasada uma semana! Uma semana! Nunca mais ela silenciaria uma notificação! E aquele anticoncepcional? Ah! Era culpa de Selena! Demi quis xingar a amiga por não lembra-la de tomar a maldita pílula. Elas sempre tomavam juntas no mesmo horário. E agora que Sel estava grávida, o calendário que Demi usava para marcar o dia e horário que tinha tomado à pílula estava incompleto, mais incompleto que completo. O problema era: todos os dias ela e Joe chegavam ao ápice juntos, até mais de uma vez em diferentes posições e com inúmeras declarações.

   - Mãe. – Choramingou Demi se sentindo uma bagunça porque muita coisa estava começando a fazer sentido. A fome voraz nunca foi normal, talvez o desejo sexual sim.. Mas a fome era uma novidade. Os seios doloridos, o quão chorosa ela estava.  – Eu não posso. – A voz saiu fina e falha. O coração doeu e muitas lágrimas rolavam. Ser mãe? O medo de trazer um bebê inocente ao mundo era culpa justamente da mulher que a abraçava. E agora?


Continua... Oiiiiii! Tudo bem com vocês? Hahaha, eu estou bem!!! Fim do mistério! Estão felizes? O que será agora da nossa menina? Lembrando que a Demi é cheia de complexos e medos justamente por tudo que ela passou com os pais, aliás, com a Dianna e a falta do Inácio. O que vai acontecer agora? Vocês gostaram? Eu estou animada para continuar escrevendo, muito animada!! Espero que vocês estejam gostando da fanfic, ainda tem muitas reviravoltas para acontecer, e acho que ela não vai demorar muito a acabar :/
Obrigada por todos os comentários maravilhosos, adoro quando vocês comentam a opinião de vocês!! Um abraço super apertado e até mais! Beijo no core <3