27.10.17

Capítulo 51

Não era possível prever o que aconteceria. Geralmente a vida tinha uns repentes, assim, nada era muito certo. Havia uma semana desde a descoberta da verdade sobre os pais. Nesses sete dias que se passaram, Demi optou por ficar sozinha pensando e refletindo, e no final do dia Joe a buscava no trabalho e de mãos dadas eles caminhavam até que estavam em frente ao apartamento de Demi trocando beijos intensos antes de se despedirem.

Dianna tinha tentando entrar em contato quando apareceu na Gyllenhaal, porém foi ignorada pela filha e nesse dia tudo que tinha para acontecer de errado aconteceu.

Selena estava distante, aliás, Demi também estava e a amizade tinha esfriado absurdamente. Todos tinham percebido como elas estavam diferentes uma com a outra. Cumprimentavam-se com brevíssimos “Bom dia” quando chegavam a Gyllenhaal e cada uma seguia seu rumo.

Em um daqueles dias, Demi acabou num estúdio de tatuagem e nos pulsos estava eternizado um lema que a definiu e que ela precisava se lembrar todos os dias. A frase surgiu através dos pensamentos sobre Dianna e Inácio, de como ela estava magoada e precisava superar a infância, adolescência e os abusos da mulher que tinha a gerado. Stay Strong. No pulso esquerdo Stay e no direito Strong. Foi doloroso e por um pouco Demi desistiu, porém depois de pronta ela estava assustada e feliz.

A arte exigia uma série de cuidados e Demi estava os seguindo rigidamente, não deixava os pulsos expostos ao sol, não tocava na região que tinha coçado algumas vezes, usava pomada uma vez por dia depois de higienizar o local com o coração na mão de tanto medo que estava de se machucar e desde que tinha feito, ela usava blazer e camisas para cobrir. Nem mesmo Joe tinha descoberto e ela não tinha contado.

Sozinha no escritório, os punhos da camisa estavam desabotoados e de tão distraída que estava com o trabalho e a música que tocava baixinho no celular, Demi puxou as mangas até a altura dos cotovelos para que pudesse desenhar à vontade como nos velhos tempos. Ela se alternava entre projetar no notebook e traçar os olhos de Joe no bloquinho.  A saudade estava a sufocando. Ter Joe apenas por uma hora de relógio era uma droga. Quando ela estava dormindo, ele estava trabalho e vice-versa. E para piorar, Joe ainda estava dando aula à tarde por três dias na semana e em dois cumprindo o serviço voluntário para não ser preso.

Ao se lembrar das aulas, Demi revirou os olhos com muita vontade. Ela não gostava nadinha de como tudo estava acontecendo. Não estavam sendo dias ruins, só que Joe ter o contato de uma aluna e respondê-la durante o pequeno tempo que eles tinham juntos foi o suficiente para matar Demi de ciúmes. Tinha sido no dia passado quando estavam no Top of the Rock abraçados vendo as estrelas. Demi o convidaria para visitar o apartamento dela.. Mas depois que ela viu as mensagens da menina no celular de Joe que a respondia, a coisa ficou feia.

   - Ridícula.. – Sussurrou irritada e consequentemente o traço do desenho ficou mais grosso e desproporcional. Demi queria saber mais sobre a menina, mas ela não estava nas redes sociais de Joe e ter acesso ao celular dele era impossível. Principalmente depois que ela tinha olhado as mensagens de Rose as escondidas. Era o que dava namorar um homem absurdamente lindo como Joe.

“Você já está em casa?” – Demi. Enviou a mensagem para Joe e bloqueou o aparelho voltando para o projeto no notebook. Foram minutos tediosos e pouco produtivos. Ela só tinha alterado alguns detalhes e as ideias fugiram quando mais eram necessárias para o próximo passo.

“Estou. Tem dez minutos que cheguei, já iria mandar mensagem, estava cuidando da Lucy e arrumando algo para comer.” – Joseph.

“Hum.” – Demi. Droga! Ele não tinha visualizado como era o de costume, porém estava online.

“Você ainda está brava.” – Joseph. Tinha como não ficar brava? Demi girou a poltrona e fitou o namorado começar a escrever e logo apagar. Ele estava começando a irrita-la. – “Eu já disse, era apenas uma aluna com uma dúvida que não deu tempo de tirar, ela teve que ir embora mais cedo porque jantaria com os pais divorciados” – Joseph.

“Hum.” – Demi. O nervoso foi tão grande que Demi quase arremessou o celular contra a mesa de vidro para quebrar o aparelho e o móvel. – “Você não acha que está sabendo muito para um professor de reforço??? Atreva-se a continuar trocando mensagem com essa pirralha catarrenta que eu acabo com a raça dos dois!”

“Você está muito brava, Dem.. Eu não vou te trocar” – Joseph.

“Eu não divido o que é meu, só para deixar claro.” – Demi.

“Não há nada acontecendo para você ficar tão nervosa.” – Joseph. O fato de ele achar que ela estava nervosa só a irritava e ajudava a situação ficar complicada.

“Eu não estou nervosa! Você é que está começando a me irritar, que droga Joseph. Eu conheço muito bem os homens para saber quando um está escondendo alguma coisa” – Demi.

“Não acredito que nós estamos discutindo por mensagem. Eu vou ter que ir ao seu trabalho para convencê-la que não tem nada de errado acontecendo? ” – Joseph.

“Você ficará onde está e descansando. Mais tarde nós terminamos” – Demi.

“Daqui a pouco eu estou aí e nós vamos conversar sobre o que não está acontecendo e que você insiste que está.” – Joseph.
Ela quem tinha procurado. Demi cobriu o rosto com as mãos e respirou fundo tentando se controlar. Talvez ela estivesse exagerando um pouquinho, Joe não era como os outros caras e ele a amava de verdade. Era só precaução. Perdê-lo não era uma opção. Poderia soar possessivo, mas Demi não conseguia se imaginar longe do namorado e nem mesmo em compartilha-lo com outra mulher.

   - Entra. – Murmurou quando bateram à porta. Ela estava distraída o suficiente para não cobrir os pulsos. Demi até mesmo tinha pensando que era Joe, porém era pouquíssimo tempo para ele chegar a Gyllenhaal.

   - Demi, bom dia. – Não, não e não! Foi inevitável não arregalar os olhos levemente. Demi engoliu em seco e sentiu o coração acelerar no peito de uma forma bem estranha e desconfortável. Desde que tinha encontrado Mary no escuro as quase sete horas da noite, o sentimento de medo começava a consumi-la toda vez que elas estavam no mesmo ambiente. – Será que nós podemos conversar? – Mary era aquela mesma figura tímida e cativante de sempre. Pelo menos era o que mostrava. Demi fitou os olhos dela e assentiu movendo a cabeça. Ela não tinha escolha, aliás, quando se tratava de trabalho as opiniões pessoais ficavam a parte.

   - Estou ouvindo. – Disse Demi desconfortável com o olhar indiscreto de Mary sobre os pulsos tatuados. Ela puxou os punhos discretamente e sem graça, enlaçou os dedos e concentrou-se em ser profissional.

   - Então. – Mary mordeu o lábio inferior para conter um sorriso e cruzou as pernas se ajeitando mais a poltrona. – Eu preciso de uma licença para essa tarde, tenho que resolver algumas questões pessoais na minha cidade. – Disse colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha.

   - Você deveria ter avisado antes, não sei se conseguirei. – Para agilizar o processo, Demi buscou por um protocolo para preenchê-lo e pesquisou nos dados da empresa se era possível liberar Mary de última hora. – Você precisa de um atestado para justificar a falta. – Disse entregando a Mary o documento para que ela o assinasse.

   - Eu não tenho um atestado. – Ela assinou tão brevemente e sustentou o olhar de Demi sem receios.

   - Sem atestado, você terá problemas que eu não serei capaz de reverter. – Disse por que ela estava no grupo das pessoas que cuidavam da gestão dos funcionários do departamento de Design. – Com um atestado você comprovará que não pode trabalhar nessa tarde, então não terá problemas com o salário e nem outras burocracias.

   - Foi algo que não estava previsto, eu simplesmente vou sair independente de ter ou não um atestado.

   - Estou entendendo. – Murmurou Demi desconfortável com a situação. – Só estou pedindo o atestado para comprovar a sua falta. – Explicou pacientemente.

   - Verei o que posso fazer. – Demi assentiu verificando se Mary tinha assinado em todos os campos solicitados pelo documento, e assinatura estava lá miúda e imperceptível. – Posso fazer uma pergunta pessoal? – Mary perguntou colocando uma mecha do cabelo atrás da orelha e fitando os olhos de Demi que assentiu já não gostando, mesmo sem saber do que se tratava. – O que aconteceu entre você e a Selena? – Porque diabos parecia que Mary sabia exatamente o que tinha acontecido? Demi sustentou o olhar pelo tempo que conseguiu, umedeceu os lábios e franziu levemente o cenho.

   - Não aconteceu nada. – Jamais contaria para outra pessoa o que tinha acontecido entre ela e Selena. Joe sabia porque ele era de confiança e merecia saber, já Mary... – Eu estou ocupada com as minhas coisas e a Selena com as dela. – Completou voltando a fitar os olhos de Mary. – Você precisa de mais alguma coisa?

   - Não.. Tudo bem. – Mary mordeu o lábio inferior para conter um sorriso e Demi franziu o cenho sem entender muito bem. – Estou indo. Obrigada, Srta. Lovato. – Soou tão irônico e a cara de Jake. Demi não pode se esquecer do fato de Mary ser uma das amantes dele. Ela a observou se levantar e caminhar até a porta do escritório, e antes de fecha-la, acenar esboçando um daqueles sorrisos perfeitos dela. Era cada uma que aparecia!

“Demi, bom dia! Como você está? Por favor, diga ao Joseph para ele responder as minhas mensagens. ps. Adorei a música! Se puder, me envia mais! Nós conversamos mais tarde.” – Laura. Trocar mensagens com a tia de Joe era tão bom que Demi sempre dava um jeitinho de conversar com Laura nem que fosse por trinta minutos. Elas tinham muito em comum e estavam desenvolvendo uma amizade forte.

“Olá Laura! Bom dia! Eu estou bem, e você? Pode deixar que darei o recado. Ele passará aqui no escritório mais tarde, falarei para ele ligar, tudo bem? Vou organizar uma playlist e envio.” – Demi.

A mensagem não chegou para Laura e Joe não estava mais online. Demi bateu a ponta dos dedos a mesa e mordeu o lábio inferior a procura pela conversa com Selena. Era horrível não poder mandar mensagem para Sel. Geralmente elas estavam conversando o tempo todo sobre assuntos aleatórios e improváveis, porém era bom e arrancavam risadas exageradas das duas.

“eu te amo muito mais, agora vai dormir meu bebê” – Selena.

Era a última mensagem da última conversa há quase quatro dias. E Sel estava online sem a foto do perfil. Demi quase perguntou o que estava acontecendo, já que para Selena tirar a foto do perfil, algo realmente ruim tinha acontecido.

“Está tudo bem?” – Demi. Ela enviou para Ed, porém ele não estava online. Alguma coisa de errado estava acontecendo! Só podia ser.

Intrigada, Demi caminhou até a janela do escritório que tinha a vista para o departamento e olhou em direção a mesa da pessoa que ela tanto estava evitando pelas brechas da persiana. Selena sentada a cadeira e Ed estava próximo a ela. Eles conversavam e trocavam olhares intensos, e quando Ed  apontou para o computador para explicar algo para Sel e logo a beijou, Demi engoliu em seco sentindo o coração acelerar. O beijo dela era incrível e um dos melhores que Demi já tinha provado.

   - Ela é apenas a sua melhor amiga, Demetria. – Murmurou cobrindo o rosto ruborizado com as mãos. Não tinha motivos para ficar sem jeito e tensa com a situação. O beijo não tinha significado sentimental, era apenas uma atração que estava mexendo com ela e Selena. Sempre existiu e só porque elas tinham se beijado as coisas não mudariam. Era isso. Uma atração. Não tinha motivo para estabelecer toda aquela distância.

Demi umedeceu os lábios e controlou a respiração. Pensaria em algo para reverter a situação com Sel. Não tinha como tê-la longe. Por alguns minutos ela ficou parada pensando no que poderia fazer, mas então fitou a mesa e se lembrou que o trabalho não seria feito sozinho.

Ficar doente não tinha ajudado em nada, aliás, ela tinha pensando muito sobre os pais, Joseph e o que faria da vida. Porém lá estava o trabalho mais acumulado que o aceitável. Demi respirou fundo e quando começou a caminhar de volta para a poltrona de onde ela não deveria ter saído, o bilhete caído no chão a fez franzir o cenho. Ela costumava manter a higiene no escritório de forma rígida e sistemática. Os papeis sempre estavam acomodados na lata do lixo e não havia farelos de comida e quaisquer resíduos. Agachando, Demi pegou o pedaço de papel e o desdobrou.

“Harrisburg, Pensilvânia. Código 24999. Mary.”

   - Demi, boa tarde. – Não tinha dado tempo de processar nada a respeito daquele bilhete. Bateram à porta, e quando Demi a abriu, ela sorriu educadamente para a diretora de financias da empresa. – Nós podemos conversar sobre a festa de aniversário da Gyllenhaal daqui alguns meses?

***
 
Brigar com Joseph não estava nos planos de Demi. Porém quando ele apareceu à tarde na Gyllenhaal, tudo já estava muito corrido. Marcus tinha destinado Demi a cumprir uma das “missões” da Gyllenhaal de última hora, então ela estava de saída quando topou com o namorado na entrada do prédio. O nervoso do dia passado tinha passado um pouquinho, Demi deixou Joe beija-la e até sorriu para ele, porém não demorou cinco minutos para o clima desabar entre eles porque a mesma menina que enviava mensagens estava ligando. O rosto de Demi chegou a ficar vermelho. E para não fazer um escândalo, ela deixou Joe falando sozinho para acompanhar o motorista que a levaria para resolver os demais problemas daquela tarde.

A vontade de bater em Joe a consumiu durante toda a tarde. O que não foi bom já que a desconcentrou dos principais objetivos que estavam relacionados com o trabalho. Demi era esperta e ela soube reverter facilmente as situações que se envolveu por falta de atenção. Também visitar duas empresas e conversar com pelo menos cinco pessoas de diferentes setores exigia muito jogo de cintura.

   - Qual o nosso próximo destino? – A voz grossa do motorista quebrou o silêncio dentro do carro despertando a atenção de Demi que desviou o olhar do celular para fitar brevemente os olhos azuis do homem pelo espelho interno.

   - O Marcus me liberou. – Ela leu o email mais uma vez confirmando que estava livre para ir para casa e então fitou o movimento do lado de fora do carro. Não estava longe de casa, e ela não queria ficar confinada no apartamento naquela tarde linda. – Eu vou ficar por aqui. – A ideia de sentar-se num dos banquinhos do Central Park para tomar sorvete ou simplesmente observar os pombos a agradava. Seria bom para tomar ar puro e pensar.

   - Não prefere ir para casa? – Ela não tinha tanta intimidade com aquele motorista como tinha com Tony, então Demi apenas assentiu negativamente.

   - Obrigada, tenha uma boa tarde. – Ela sorriu educadamente saindo do carro.

Foi delicioso quando os raios de sol beijaram a pele do rosto a aquecendo. Demi buscou pelos óculos escuros, plugou o fone de ouvido no celular, tirou o blazer e puxou as mangas da camisa. Tinha coisa melhor que ouvir música e andar por aquela cidade linda? Como sempre acontecia, as pessoas e suas diversas culturas eram encantadoras. Eram rostos e línguas diferentes. E quando um rapaz espanhol esbarrou com ela? Demi sorriu porque ele era tão fofo e ela tinha certeza que caso fosse mais nova, o coração teria batido mais rápido por aqueles olhos castanhos e cabelo cacheado.

Seguindo caminho, Demi observou as vitrines das lojas com certa curiosidade se demorando em cada detalhe que a conquistava. Foi bom para distrair, ela não pensava em lojas há um bom tempo.

A playlist acertou em cheio quando começou a tocar All I want, da banda kodaline. Demi já tinha escutado a música uma vez ou outra, e era tão bom ouvir aquela música que ela se sentou a escadaria de uma padaria e suspirou observando o movimento das pessoas. Jovens de mãos dados esboçando sorrisos felizes, pessoas apressadas como ela que mal percebiam como era bom parar um pouquinho para observar a cidade e as pessoas, e quando os olhos encontraram uma criança segurando a mão de uma mulher e a de um homem, Demi franziu o cenho. Ela não voltaria a ser criança, jamais terei a inocência de uma novamente.

 Quando tinha a idade daquele menino, tudo que ela se lembrava de querer era a atenção da mãe, um pouquinho de amor e atenção... E como não entendia o que era um pai, Demi simplesmente aceitava que só tinha a mãe. Os anos se passaram e quando ela questionou sobre o pai, as coisas não ficaram boas. Dianna não tinha paciência e sequer alguma conduta para impedi-la de agredir a própria filha.

Não era ruim viver com aquela realidade. Uma coisa Demi tinha aprendido: o mundo não era cruel, as pessoas que eram. E foi bom descobrir mais uma mentira, só a ajudava a ficar mais forte e criar imunidade contra o sofrimento que estava ciente que enfrentaria no decorrer da vida.

Levantando-se, Demi caminhou por um quarteirão todo até que estava no Central Park. O lugar era bonito o suficiente para fazê-la encher os pulmões de ar com vontade porque quase tinha perdido o fôlego. Estar envolta pela natureza era bom, pois ela se sentia à vontade, tão à vontade quanto estava em casa. A caminhada foi um pouquinho cansativa, razão pela qual ela se acomodou ao banquinho de madeira.

   - Srta. Lovato. – Das pessoas que ela poderia encontrar, o detetive Pine estava na última posição da lista. O homem a olhou com curiosidade e sem ser convidado se acomodou ao lado no banco. – Como você está? – Perguntou a olhando nos olhos e Demi desviou o olhar incomodada com a repentina companhia.

   - Estou bem. – Disse abaixando o volume da música. Para o tipo de abordagem de Chris, ela estava realmente bem até porque ele não precisava saber detalhes pessoais.

   - Estou incomodando? – Demi o olhou, franziu um pouco o cenho e deu de ombros. Não era que ele estava incomodando. Chris era um policial, muito bonito por sinal, que tinha assistido aos vídeos de sexo onde ela era a estrela principal. – Eu só queria saber se está tudo bem. – Ele disse menos rígido e intimidante que chegou a relaxar. – Sei que você não faz mais parte do caso, desculpe, me expressei mal. Sei que você não é mais a chave para o caso Jason Gyllenhaal. Nós estamos trabalhando, mas há perguntas sem respostas que está deixando tudo tão bagunçado e confuso. – Chris estava cansado e o que ele dizia era quase um desabafo. Razão pela qual a feição do detetive estava cansada e abatida. – Sempre que resolvemos algumas questões, aparecem outras. É como se o Jake estivesse encobrindo alguém, não há outra explicação. Eu só não sei mais por onde começar. Ele não falará quem é a mulher do vídeo e nem a pessoa ou as pessoas que estão envolvidas no caso.

   - Acho que eu posso ajudar. – A informação que ela tinha era importante, e Demi só constatou aquele fato quando se lembrou da gravidade da situação. Mary era amante de Jake e ultimamente estava tão estranha. Para alguma coisa aquilo deveria servir. – Ontem acabei perdendo a hora no escritório. O segurança me avisou que já tinha passado do horário. – Comentou se lembrando do dia passado. – Estava tudo escuro no departamento, mas eu notei uma luz acesa e resolvi apaga-la. Uma das nossas funcionárias estava lá. O nome dela é Mary e quando nós entramos no elevador, percebi que ela estava usando o mesmo colar de joaninha da mulher do vídeo. Acho que ela é uma das amantes do Jake.

   - Você tem certeza que o colar era igual? – Chris perguntou atento e aparentemente feliz pela possibilidade de a informação dar novos caminhos ao caso.

   - Absoluta. – Disse Demi sustentando o olhar do detetive. – Eu acho que pode ser ela. Sempre percebi que ela me tratava diferente quando nós estávamos sozinhas, acho que pode ser por causa do meu.. meu relacionamento com o Jake.

   - Entendi. Faz sentido. Eu gostaria que você me acompanhasse a delegacia. Seria mais interessante se essa informação fosse formal. – Por que ele era tão apressado? Demi arqueou uma sobrancelha quando Chris se levantou já pronto para leva-la.

   - Eu não vou voltar a delegacia. – Era traumatizante ficar confinada numa sala sendo interrogada, principalmente na sala que já conhecia. – Você não pode anotar como uma observação ou um depoimento anônimo? – Perguntou sem saber ao certo se era possível. – Eu não quero voltar lá, não são boas as lembranças da última vez. – Explicou-se corada e com medo do que Chris poderia pensar. – Só estou contando porque acho que pode ser relevante para o caso.

   - É muito relevante e pode solucionar várias questões. – Ele disse bruscamente. – Eu vou atender ao seu pedido. Obrigado Demi, tenha uma boa tarde. – Ao menos ele esboçou um sorriso e educadamente estendeu a mão para que Demi a apertasse.

Se Mary tinha envolvimento na morte de Jason, era um mistério. Daquela história, Demi só esperava que a justiça acontecesse e ficava feliz em contribuir com informações que ajudasse o caso progredir. Porém ela não iria mais focar as energias em Jake e em nada negativo.

O dia estava lindo. O sol distribuía raios que ardiam a pele. Estava quente e havia poucas nuvens no céu de azul claro e vivo. Demi observou o movimento até que moderado naquela área do parque e lembrou-se do primeiro beijo com Joe. Foi engraçado e simplesmente maravilhoso beijar aquele homem. Uma sensação única e boa. Ela sorriu sozinha e o sorriso se alargou um pouco mais ao fitar o mesmo carrinho de sorvete que tinha comprado água mineral para ajudar Joe a se limpar.

Comprar sorvete não faria mal, e sorvete, principalmente de chocolate, era a cara de Joe. O engraçado era que ele tinha que ficar longe de sorvete e uma lista enorme de alimentos. Os desmaios. Demi franziu o cenho ao se lembrar das conversas com Laura. Joe precisava visitar o consultório médico com muita urgência! O caso era sério e se dependesse dele, continuaria desmaiando e ficando tonto como se fosse normal.


A casquinha não suportou o sorvete derretido, os guardanapos começaram a ficar úmidos e por um pouco Demi se sujou. Ela tinha ficado distraída o suficiente para o sorvete derreter e o sol começar a se por. Estava anoitecendo rápido demais. Demi se livrou do sorvete antes que se sujasse e ainda sim ela sentiu os dedos embrenhados com o líquido viscoso amarronzado. Tocar no touch screen do celular foi um pecado, porém necessário! A música foi pausada e o fone guardado dentro da bolsa. O bom era que na área do Central Park que ela estava ficava próxima do Rockefeller Center.

O caminho era o mesmo que a levaria para o apartamento onde morava. Era que ela estava acostumada a voltar do Central Park com Joe diretamente para o apartamento dele. Como não era longe, Demi caminhou distraidamente pela calçada larga vez ou outra fitando, quando tinha a oportunidade, o céu que começava ganhar o azul escuro e estrelas.

Junto as outras pessoas ela atravessou a rua e arrumou a alça da bolsa ao ombro. Foi automático quando uma mecha do cabelo foi colocada atrás da orelha e os lábios umedecidos. E o melhor, Joseph estava em pé na calçada do prédio onde morava. Demi tinha certeza que era ele. O porte físico não negava. Quem era que tinha costas largas, um bumbum tão redondo e o cabelo arrumadinho? Aquele homem era lindo demais! E de tão feliz que estava por vê-lo, Demi pensou em perdoa-lo e também pedir desculpa porque tinha exagerado um pouquinho no ciúme.

   - Ei amor. – Ela estava próxima o suficiente para que Joe a ouvisse. Demi só não esperava que ele a olhasse como quem acaba de tomar um susto. O rosto de Joe empalideceu e por alguns segundos Demi jurou que teria que correr para o hospital com o namorado.. Apenas por alguns segundos.

   - O..oi..oi Dem. – Quando tinha sido a última vez que Joe gaguejou? Ele tirou os óculos de grau e Demi o fitou com curiosidade, até que ela olhou para a pessoa que ele conversava. Diabos. O ódio a consumiu que o gosto da boca chegou a ficar amargo.

A menina era uma estudante, sim, era. A mesma que estava mandando mensagens e ligando. O cabelo era longo, mais longo que o de Selena! Deveria bater na altura do bumbum e era escuro. Será que ela era uma espécie daquelas meninas de tumblr ou alguma modelo? A pele morena maquiada era vibrante, os lábios bem desenhados assim como as maçãs do rosto. E a altura e as curvas do corpo? A camisa do uniforme era moldada o suficiente para deixar explícito o formato dos seios médios e a cintura fina. A calça jeans escura estava apertada e Demi não queria pensar no tamanho daquele traseiro. Para completar, ela não estava sozinha. Porém a outra menina parecia tão incomodada quanto Demi. Diferente da colega, Hannah vestia a camisa do uniforme um pouco mais larga e calça jeans não tão colada. O cabelo estava preso e o rosto estava livre de maquiagem, era o suficiente para ela estar linda.

   - Thaisa, vamos. – O sussurro de Hannah foi uma negação e a menina ficou tão vermelha e desconfortável com a situação, porém a Thaisa parecia ser a única que não enxergava a cara de poucos amigos de Demi e Joe pálido.

   - Espera aí Hann, o Joseph ainda não tirou a minha dúvida. – Diabos. A menina ainda tinha que ser tirada. Demi não queria fazer um escândalo e nem ser grossa, porém o que ela não podia dizer as feições gritavam escandalosamente. – Joseph, amor, você sabe como isso é importante para mim, eu preciso passar em geometria e a prova é depois de amanhã. – A tal Thaisa só lançou um breve olhar para Demi que quase espumou de raiva. Amor? Quem aquela menina pensava que era? E Joe não sabia o que fazer, se ele olhasse para Demi, ela o mataria com um olhar e se ele olhasse para Thaisa, Demi o mataria da mesma forma.

   - Eu.. – Joe umedeceu os lábios e desviou o olhar da menina porque ela sorria para ele. – Eu posso resolver e enviar por e-mail junto com anotações, tudo bem? – Se ele falasse do celular, Demi acabaria com ele, então o e-mail era mais formal.

   - Está ótimo. – Protestou Hannah envolvendo o braço da amiga com o dela, e Thaisa a olhou feio. – Desculpe o incomodo Joseph, nós já estamos indo. – Joe não sabia se queria ficar sozinho com Demi. Porém também não queria ficar perto de Thaisa, pois desde que a menina o viu, ela não o deixava em paz. Estava em todas as aulas extras, sentava nas cadeiras da frente e o questionava a respeito de coisas óbvias.

   - O motorista do meu pai não está com pressa para nos levar para casa. E você não quer passar em geometria? – Demi revirou os olhos discretamente depois que fitou a morena e ela não se atreveu a olhar para Joe porque era capaz de esbofeteá-lo ali mesmo na frente das duas meninas.

   - Eu estou bem em geometria. – Disse Hannah envergonhada. Demi a olhou e foi aí que a menina ficou ainda mais sem jeito. Porém diferente da amiga, Hannah já tinha desconfiado que estava na hora de ir embora e que Joe era comprometido. – Eu vou embora com o meu namorado. – Discretamente Demi arqueou uma sobrancelha fitando o chão, ao menos uma delas era comprometida e tinha juízo. Já a tal da Thaisa era desafiadora e não tinha limites, só podia ser. Demi sustentou o olhar dela, mas a menina voltou toda atenção para Joe a ignorando. Ela conhecia muito aquelas jogadas de cabelo e sabia que quando Thaisa mordeu o lábio inferior, foi para tentar chamar atenção de Joe e provoca-la.

Joe não podia ser um idiota. Demi estava cansada de namorar homens que traiam e que não eram capazes de respeita-la. Ela o olhou por algum tempo pensando como queria xinga-lo ali mesmo e ataca-lo com muitos tapas porque se aquela menina estava ali em frente ao prédio onde Joe morava, era porque ele não tinha sido direto o suficiente para dispensa-la.

   - Eu senti sua falta. – A voz de Augusto era grossa e interrompeu os pensamentos de Demi por breves segundos, então ela olhou para Joe. Ele estava tenso e começando a ficar vermelho de vergonha. – Hannah, eu não ganho o meu beijo? – O nome era familiar. Hannah e Augusto. O coração de Demi quase que parou. Ela fitou o casal que trocava um inocente beijo e demorou-se na menina. Elas eram um pouco parecidas na cor da pele, olhos marrons, as sardas no rosto e a cor do cabelo era a mesma: marrom. A diferença era que o cabelo de Hannah era volumoso, diferente do dela que era mais liso e comportado com algumas ondas. – Ei Joseph, estava dando aula? – Augusto era um rapaz bonito e simpático, ele cumprimentou Joe com um aperto de mão, porém sequer chamou a atenção de Demi que continuou a olhar para Hannah curiosa para saber se era uma de suas irmãs. E quando Hannah a olhou de volta vergonhada, tudo que Demi fez foi mostrar um pequeno e tímido sorriso sentindo o coração bater mais rápido.

A conversa dos rapazes quebrava o clima estranho entre as garotas e assim Thaisa perdeu o espaço que tinha com Joe ficando mais de lado e com cara de poucos amigos. Não demorou nada para o carro preto parar para busca-la. A menina não ficou nenhum pouco feliz e o beijo que ela deu na bochecha de Joe foi o suficiente para Demi lançar um olhar mortal a garota, assim desviando mais a atenção de Hannah que já se sentia sufocada com toda a situação.

   - Essa menina é um grude. – Comentou Augusto com a namorada a abraçando e Joe para tentar descontrair o clima e aliviar o lado do amigo. – O que você estava fazendo com ela, Hannah? – Perguntou trocando um breve e intenso olhar com Hannah que corou brevemente.

   - Nós estávamos estudando e decidimos ficar para aula de reforço para tirarmos dúvidas do exercício da Sra. Rodrigues. – Ela nem mesmo se atreveu a olhar para Joe e a namorada dele, retribuiu o abraço de Augusto se sentindo segura nos braços dele. – Vamos? – Sem querer Hannah lançou um rápido olhar na direção de Demi e respirou aliviada porque ela olhava para a entrada do prédio para depois Joe.

   - É.. – Joe corou, umedeceu os lábios sem saber para quem olhava, mas decidiu fitar os olhos de Demi mesmo com medo do que ela faria quando eles estivessem sozinhos, se é que ficariam. – Pessoal, essa é a minha namorada, Demi. Dem, esses são os meus amigos, Augusto e Hannah. – Então era ela mesma. Era para ter sido um sorriso mais fechado, porém ele se abriu e Demi olhou para a irmã sem saber como se sentia. Ela tinha uma irmã e aquilo parecia ser tão legal. Já Hannah retribuiu o sorriso porque era simpática e porque Demi não parecia mais tão intimidante depois que tinha sorrido.

   - É um prazer conhece-la. – Augusto tinha um sorriso bonito e olhos intensos. Demi apertou a mão dele e forçou o melhor sorriso porque ela estava começando a ficar nervosa porque falaria diretamente com Hannah.

   - Oi. – As duas disseram ao mesmo tempo e coraram, e Joe aproveitou o momento que elas riram envergonhadas para se aproximar de Demi tocando-a no ombro. – É um prazer conhece-la. – Disse Demi fitando os olhos de Hannah que sorriu educadamente mais confortável.

   - O prazer é todo meu, Demi. – Disse e as duas sustentaram o olhar por alguns segundos. Demi estava nervosa, na verdade uma mistura de sentimentos que ela não sabia como poderia defini-los.

Agora Hannah, assim como as outras meninas e Inácio faziam parte da vida dela, aliás, eles sempre fizeram. Só caberia ela decidir se confiaria em Inácio ou continuaria vivendo como tinha sido nos últimos vinte e três anos. Eram tantas informações para processar. Demi não queria complicar a situação e não ser machucada novamente, o que implicava na primeira condição.

   - Nós já vamos, tenho que levar esse bebê para casa. – Disse Augusto fazendo com que as bochechas de Hannah corassem. Demi se viu quando adolescente. Hannah e Augusto eram parecidos com ela e André. Dois adolescentes apaixonados que fariam tudo um pelo outro. Eles se despediram e quando já estavam longe, beijaram-se apaixonadamente.

   - Dem, você não está brava comigo, está? – Demorou para que Demi entendesse o que Joe queria dizer, os pensamentos dela ainda giravam em torno de Hannah, porém quando ela fitou os olhos verdes de Joe, cerrou os dela.

   - Eu não vou te dizer nada. – Disse rispidamente quase que soltando fogo pelas ventas e Joe arregalou os olhos assustado. – Tchau, Joseph. – De tão nervosa que estava, Demi puxou a alça da bolsa com certa força e virou as costas para o namorado.

   - Demi, volta aqui. – Joe tratou de acelerar o passo atrás de Demi, e porque ela caminhava muito rápido, ele quase que foi atropelado quando atravessou a rua. – Ei, volta aqui. – Ele disse um pouco ofegante ao lado de Demi que não ousou em olha-lo, ela esperou o sinal ficar verde para os pedestres e atravessou a rua caminhando furiosamente em direção ao prédio em que morava com Joe logo atrás a chamando e com as pessoas olhando.

   - O que diabos você quer? – Perguntou bruscamente se virando. – Vai resolver os exercícios para a sua namoradinha e me deixa em paz Joseph. – Exaltou-se ríspida e sem nenhuma paciência.

   - Ela não é minha namoradinha. – Não, a fofura dele não o salvaria daquela vez. Joe arrumou os óculos de grau ao rosto e porque algumas pessoas olhavam ele estava corado. – Dem, para com isso. – Disse sem jeito e sentindo as bochechas esquentarem mais. Ora, eles estavam em Nova York! A cidade era muito movimentada na região de Manhattan, principalmente ali no complexo do Rockefeller. E ninguém fazia questão de disfarçar os olhares.

   - Vai embora Joseph, eu estou falando sério. – Demi franziu o cenho sustentando o olhar carente de Joe, então ela decidiu virar as costas e caminhar para dentro do prédio mesmo sobre os protestos dele e a insistência para que ela o olhasse. – Eu vou chamar o porteiro para te colocar para fora. – Disse assim que adentrou o hall do prédio com Joe a cola.

   - Você sabe que eu não estou te traindo, para que essa cena toda? – Ele perguntou tão próximo a ela que Demi pode sentir o calor delicioso envolve-la. – É só uma aluna. – Completou e Demi cerrou os dentes de raiva.

   - Uma aluna que está se oferecendo para você na maior cara dura e tudo que você faz é ficar com essa cara de santo, amor? – Disparou adentrando o elevador. – Eu já disse que é para você ir embora. – Droga! Eles não estavam sozinhos dentro do elevador, e Joe corou tanto quando as outras pessoas olharam para ele. Demi nem mesmo parecia se importar, ela estava visivelmente furiosa.

   - Eu só vou embora depois que a gente conversar sobre essa situação que só existe na sua cabeça. – Ele foi firme o suficiente para não gaguejar ou parecer tímido. O elevador tinha acabado de deixá-los no andar onde Demi morava e agora eram apenas os dois.

   - Só existe na minha cabeça? – Demi arregalou os olhos e quase o acertou com um tapa. Era desculpa típica de homem. – Essa merda desse seu celular tocando agora é coisa da minha cabeça? – Perguntou um pouquinho alto em frente a porta do apartamento onde morava. – Eu aposto que é ela! Você não vai atender? – Joe não disse nada porque ele sabia que qualquer movimento brusco e Demi o acertaria com um senhor tapa, e também ele estava com medo de pegar o celular no bolso e descobrir que a ligação era de Thaisa. – Você não vai atender? – Perguntou séria o olhando. – Você não vai atender? – Demi sustentou o olhar de Joe enquanto adentrava o bolso da calça dele com a mão para buscar o celular que não parava de tocar. – Olha só, é ela! Atende a sua namoradinha, amor! – Ela chocou o celular contra o peito dele e se virou bruscamente para abrir a porta do apartamento.

   - Demi! Qual é! – Joe guardou o celular no bolso e antes que Demi fechasse a porta, ele tentou adentrar o apartamento. Foi uma luta que só, ele empurrava de um lado e ela do outro, mas acabou que Joe adentrou o apartamento sendo recebido por tapas exagerados no peito. – Para com isso Dem, é só uma garota. – Ele disse tentando segura-la pelos pulsos, mas os tapas eram rápidos e ardidos.

   - Vai ficar com ela então. Por que diabos você está aqui? Aposto que você está louco para comer outra mulher, seu nerd caipira virgem idiota! – Joe franziu o cenho e finalmente conseguiu segurar as mãos da namorada interrompendo os tapas que recebia no peito.

   - Dá para você parar de fazer tempestade num copo d’água? – A voz dele soou tão séria e os olhos verdes estavam escuros. – Para com isso, ok? – Disse sustentando o olhar dela. – Você está com ciúme de uma adolescente? – Joe praguejou mentalmente quando o celular começou a tocar de novo. Era Thaisa e ele desligou o celular sem paciência. – O que te faz pensar que vou te trocar por ela? – Ele perguntou soltando os pulsos de Demi para levar as mãos a cintura delicada. – Eu não quero comer outra mulher. Não quero beijar e nem assistir desenho animado com outra mulher. Para com isso. Você é uma mulher com todas as letras, e eu não quero ficar com outra, só com você. Pra que essa insegurança, Demi? É só uma pirralha. – Ele disse sem esboçar um sorriso. As feições estavam sérias e a paciência no limite.

   - Ela está te mandando mensagens. – Disse Demi mais calma e sem repelir Joe. – E está ligando. Eu conheço esse tipo de garota. Ela vai fazer tudo pra ficar com você, e do jeito que você é um banana, ela vai conseguir.

   - Eu não sou um banana. – Joe cerrou os olhos e engoliu em seco. – Deixa de ser insegura. – As mãos dele foram da cintura para as costas e Joe puxou mais o corpo de Demi para o dele. – Não se comporte como uma pirralha imatura. – Disse umedecendo os lábios para roçar os dela. – Não seja tão pirralha quanto ela. – Demi se afastaria, mas ele não deixou porque a envolveu contra o peito com força e a beijou até que ela estava ofegando. – Para com isso, eu sou só seu, está bem? – Ele arriscou mais um beijo e desse vez Demi o correspondeu.

   - Ela é tão linda, é o tipo que todo cara sonha. – Joe negou a abraçando e apertando no bumbum.

   - Eu não sou como os outros caras. – Murmurou fitando os olhos dela e roçando os lábios. – Eu sou um nerd caipira virgem idiota, e você é a mulher que eu sonho, a mulher que eu sempre sonhei e a que me faz feliz. – Os lábios dele beijaram o pescoço de Demi que fechou os olhos para sentir o carinho de coração disparado. – Eu não consigo parar de pensar em você. – Tinha quase uma semana que ele não apartava aquele bumbum, e ele o fez com tanta vontade.

   - Eu odeio você, Joseph. – Joe sorriu quando Demi envolveu lhe pescoço com os braços e cedeu ao beijo intenso mergulhando a língua na boca dele com tanta vontade que ele só a apertou mais no bumbum.

   - Você não me odeia. – Foram incontáveis os selinhos que ele deu nos lábios dela. Joe acariciou o rosto da amada e sorriu. – Brigona, eu sei do que você precisa. – A careta dela era engraçada. Demi estava atenta a todo os movimentos, não estava para conversa, porém não falou nada quando Joe pegou a bolsa dela para colocar sobre a mesa junto a dele. – Deixa de ser mal-humorada e ciumenta. – Joe a abraçou por trás e a beijou com carinho no pescoço.

   - Você está se complicando. – Era para soar ameaçador, porém Demi gemeu baixinho gostando dos beijos que recebia no pescoço e de ter os seios acariciados como Joe sabia que ela gostava. – Eu não quero mais te ver com aquela piranha. – Murmurou se virando para beijá-lo na boca. – Você está me entendendo, Joseph? – Demi tombou a cabeça para trás e fechou os olhos para que o namorado pudesse beijá-la na garganta e no pequeno decote da camisa social.

   - É só uma aluna. – Ele disse a virando para que pudesse olhá-la nos olhos. – Você não precisa se preocupar. – Disse a acariciando no rosto com a ponta dos dedos. – Você sabe que pode confiar em mim, você sabe que pode, certo? – Joe sustentou o olhar de Demi até que ela desviou e respirou fundo.

   - Eu sei. – Disse levando as mãos para acaricia-lo na nuca. – É só que.. Eu não gosto de me sentir ameaçada. – Resmungou, mas acabou sorrindo quando foi beijada na ponta do nariz e teve os lábios roçados.

   - Hum.. – Joe arqueou uma sobrancelha e sorriu a apertando no bumbum. – Eu também não. Quando nós estamos juntos na rua, os homens olham para você, mas eu prefiro ignorá-los porque sei que você é apenas minha.

   - Joe.. Ela beijou sua bochecha. – Resmungou manhosa fazendo careta conforme era beijada e apertada. – Para com isso.

   - Você fica fofa com ciúme, amor. – Ele disse a abraçando com força contra o peito só para descontrair o clima entre eles. – Parece uma gatinha brava. – Demi revirou os olhos, mas riu se aninhando mais ao peito gostando de sentir o calor e o cheiro dele. – Viu? Gatinhas adoram se esfregar nas coisas e nas pessoas.

   - Estou com saudade. – Dessa vez quem teve o bumbum apertado foi Joe, e ele corou mesmo sorrindo com os beijos que Demi distribuía no peito e no pescoço barbado.

   - Nós vamos resolver isso agora. – Demi assentiu tirando os óculos de grau dele para coloca-los sobre a mesa, e como ela apostava, Joe a abraçou por trás firmemente aproveitando para acariciar as coxas nuas e mordiscar o pescoço. – Você fica sexy de camisa e saia. Não consigo parar de olhar para suas pernas e imagina-las me abraçando enquanto..

 - Enquanto você mete em mim sem parar? – Joe engoliu em seco e sentiu as bochechas corarem, mas assentiu um pouco desnorteado porque Demi o empurrou para se deitar no sofá e se deitou sobre ele para beija-lo e acaricia-lo. – Você pode me dizer coisas quentes, eu gosto de ouvir. – O sorriso sapeca que ela esboçou era contagiante, então Joe também sorriu a abraçando porque gostava de sentir cada pedacinho de Demi se roçando ao corpo.

   - Eu tenho vergonha. – Confessou corado, porém não desviou o olhar.

   - Eu também tenho. – Demi roçou os lábios nos dele e respirou fundo. – Mas gosto de ouvir. Você pode me dizer as coisas que você quer fazer comigo, é o suficiente para me deixar molhada. – Ela encostou a testa na dele para que pudesse fitar os olhos mais lindos que já tinha visto.

As bochechas dele continuaram coradas, porém a forma que Joe a tocava nas pernas nuas, no traseiro e subia as mãos pelas costas dizia o contrário a respeito de toda a vergonha que ele dizia sentir. E Demi gostava de ser apertada pelas mãos dele, e gostava ainda mais de beijá-lo na boca e se esfregar a ele ansiando o que estava por vir.

   - Tira essa camisa. – Joe reclamou tão descabelado quanto Demi. – Demi, fica quieta. – Reclamou novamente porque ele tinha as mãos no bumbum dela e Demi estava inquieta o beijando ora no pescoço ora nos lábios e ainda por cima não sabia se o apertava nos músculos do braço ou adentrava a calça social para acaricia-lo. – Agora você vai ficar quieta? – Ele riu porque tinha a deitado no sofá e Demi não esperava por ser agarrada tão bruscamente como ele tinha o feito. – Amor, eu adoro como suas coxas são gostosas. – Disse concentrado em tirar o sapato de salto para começar beija-la nas panturrilhas.

   - Você está gostoso Joseph. – Demi sorriu o observando todo concentrado entre as pernas dela as beijando de olhos fechados. A camisa estava tão arrumadinha ao corpo dele mesmo depois de todos os beijos e carinhos que tinham trocado. A gravata fina o deixava sexy e o volume na calça social era o suficiente para Demi sentir arrepios. – Ei, vem cá. – E ele foi. A saia ficou embolada no quadril e como de costume, as pernas foram enlaçadas ao corpo de Joe. – Amo você coisa fofa. – Disse Demi nos lábios dele para então beijá-lo com vontade.

   - Eu também, gatinha. – O sorriso de menino dele a fez sorrir também. Demi o beijou novamente e quando ele se levantou corado e sorridente, ela tornou a sorrir de olhos fechados apreciando os beijos que recebia nas coxas. – Eu gosto de preto. – Ele disse fitando a calcinha de renda na cor preta e depois enlaçou os dedos em ambos os lados da peça a puxando pelas coxas grossas. – Por que você está corada? – Joe deslizou a ponta dos dedos pela fenda rosada e sorriu ao fitar os olhos de Demi. – Gostosa. – Os dois sorriram e Joe se curvou para depositar um beijinho carinhoso nos lábios de Demi que enlaçou os dedos no cabelo dele naqueles minutos que Joe ficou deitado sobre ela a olhando todo apaixonado. – Levanta um pouquinho. – Pediu louco para se livrar da saia, e quando Demi o fez, o membro dele doeu com a vista das coxas grossas juntas e o íntimo rosado.

Como Demi tinha dito, ele não precisava ter vergonha. E Joe esqueceu que aquela palavrinha existia quando prolongou os beijos com a namorada e focou em trocar carinhos com ela. Foi muito bom sentir os dedos de Demi puxar as mechas de cabelo enquanto ele a chupava devagar e cheio de cuidados para não machuca-la. Já Demi fechou os olhos e não poupou gemidos, tombou a cabeça no sofá e chegou ao orgasmo exatamente ao fitar os olhos de Joe e sentir os dedos dele penetra-la devagar.

Mais tarde, a camisa de Joe estava entreaberta, a gravata com o nó na região do peito e o cabelo escuro estava uma bagunça de tanto Demi puxa-lo. Já ela mordia o lábio inferior e tentava não gemer tão alto a cada vez que o membro a preenchia e esvaziava com certa rapidez e firmeza. E o melhor era que Joe a segurava pela cintura e vez ou outra dava tapas no traseiro fazendo com que Demi ficasse ainda mais excitada.

   - Demetria. – Joe a chamou de cenho franzido acariciando o traseiro avantajado e se curvando para beijar a linha da coluna mesmo com os fios do cabelo longo o atrapalhando. – Demi, vem. – Tornou a chamar enlaçando os dedos para conduzi-la a se erguer como ele queria. – O que você acha de a gente ir para cama? Vai ficar mais confortável para você. – Ele a beijou na bochecha sem parar de se mover devagar arrancando suspiros baixinhos de Demi.

   - Tudo bem, só vamos ficar mais um pouquinho assim, está gostoso. – Era tão bom satisfaze-la que Joe mordiscou o ombro delicado e enlaçou os dedos aos dela se movendo da forma que podia, e quando Demi o ajudou, foi ainda mais intenso e delicioso.

   - Não para princesa. – Ele respirou fundo e deixou que Demi se movimentasse sozinha aproveitando para estudar como ela era bonita. A cor castanha do cabelo estava viva e as mechas balançavam lindamente conforme Demi se movia. Joe sorriu fitando a região da cintura sobre a camisa branca de botões, era delicada e feminina. E não tinha palavras para descrever como aquele traseiro era maravilhoso juntamente com as pernas. Ele se moveu contra ela só para sentir o bumbum roça-lo. – Já passou da hora de você ficar nua. – Disse interessado em acariciar os seios que ainda estavam protegidos pelo sutiã e a camisa desgrenhada.

   - Então me ajuda? – Perguntou o olhando sobre o ombro e Joe assentiu roçando os lábios aos dela. Eles nem precisaram trocar o típico “eu te amo”, os olhares já diziam tudo.

   - Vira pra mim, cansei de ficar por trás. – Demi fez careta, mas se virou não gostando nadinha de ter o corpo dele longe. – Você está tão bonita. – Ele comentou depois de dar um selinho nos lábios dela. – Eu quero você nua primeiro. – Disse quando ela levou as mãos para terminar de desabotoar a camisa dele.

   - Tão mandão. – Brincou distribuindo selinhos no rosto de Joe que sorriu. – Só quero que você faça o que quiser comigo, querido. – Joe assentiu cobrindo os lábios dela com os dele.

Os botões da camisa que Demi vestia foram pacientemente postos para fora de suas casas pelos dedos de Joe que vez deslizavam por a pele que era descoberta. O sutiã fazia conjunto com a calcinha, então também era de renda preta e o melhor: o feixe era na parte da frente sem grandes complicações.

Os seios redondos, claros e de mamilos escuros foram expostos. Os lábios envolveram a ponta e beijaram a carne macia, a língua deslizou na pele clara e se concentrou novamente nos mamilos onde Joe chupou na mesma hora em que penetrava a namorada com um dedo.

Na hora de tirar a camisa, Demi engoliu em seco e desviou o olhar porque estava com medo de ouvir o que Joe diria quando encontrasse os pulsos tatuados. Não tinha como voltar atrás e não era ruim, ela só não queria ser julgada e muito menos magoa-lo por não ter contado antes.

   - O que foi? – Ele perguntou levando as mãos a cintura delicada e se aproximando para beijá-la na bochecha.

   - Nada. – Ronronou Demi o abraçando de volta, porém Joe negou de cenho franzido.

   - Não está gostoso para você? Eu fiz alguma coisa que não deveria? – Perguntou preocupado e Demi negou balançando a cabeça. – O que foi então?

   - Bem.. – Demi umedeceu os lábios e fixou o olhar ao dele. – Tatuei os meus pulsos. – Disse baixinho desviando o olhar de Joe.

   - Eu te machuquei mais cedo quando você queria me bater e eu te segurei pelos pulsos? – Era a única explicação que Joe poderia encontrar para toda a tensão que Demi estava.

   - Não, você não me machucou. – Disse para o alívio dele.

   - Então, você não vai me mostrar a sua tatuagem? – Era um sorriso no rosto dele? Demi assentiu um pouco sem jeito, tirou a camisa com a ajuda dele e o coração disparou quando os olhos verdes fitaram os pulsos com certa curiosidade. – O que significa? – Perguntou tocando o desenho com receio de acabar machucando Demi.

   - Stay Strong. Eu pensei tanto nesses dias que estive sozinha. Tudo que eu preciso é ficar forte todos os dias para enfrentar os obstáculos que me deparo. – Comentou também fitando as tatuagens. – Pensei que tatuar algo simbólico me ajudaria a lembrar que eu não preciso me julgar por não ter o amor da minha mãe, ou por ter acontecido alguma coisa, que eu não preciso dela para continuar a viver. Eu só preciso ficar forte para esquecer essa história e focar no presente ao lado das pessoas que eu amo.

   - Eu concordo com você e fico feliz por pensar assim. É o que você precisa: ficar forte. E eu vou estar aqui para te amar e cuidar de você, fazer valer cada segundo que passamos juntos. – Demi o abraçou e o beijou com paixão. As coisas poderiam ter sido complicadas na maioria das vezes, mas encontrar Joe superou cada momento como se eles não existissem para atordoa-la.

A próxima parada seria o quarto, mas aconteceu mesmo no corredor numa posição muito improvável que arrancou gargalhadas e gemidos de Demi. O resultado foi fantástico e ambos estavam deitados no chão gelado ofegando e por hora, satisfeitos.

   - Cama Joseph? – Ronronou tão manhosa de olhos fechados que Joe riu e fitou o teto de mente limpa. – Me leva pra cama, amor. Aqui está frio e desconfortável. – Tornou a ronronar da mesma forma que estava: de olhos fechados, lábios levemente inchados e uma das pernas entre as de Joe.

   - Vou te levar para cama, mas não é para dormir. – O ruim foi se levantar. Os ossos pareciam ter virado gelatina. Joe resmungou baixinho e quando se levantou com Demi nos braços, ele deu um tapa no travesseiro dela que resmungou manhosa se aninhando ao peito dele. – O que eu disse? – Ele tinha a deitado na cama e no mesmo instante Demi se acomodou fechando os olhos. – Nada de dormir, nós ainda nem começamos. – Demi franziu o cenho procurando pelo membro às cegas e quando o encontrou duro, revirou os olhos.

   - Nossa maratona é no final de semana. – Comentou espalmando o peito largo quando Joe se deitou sobre ela para começar a beija-la.

   - Podemos começar a fazer o aquecimento agora. – Sussurrou roçando o íntimo dela com o dele. – Amo você princesa. – O jeito que ele a olhava dizia tudo e um pouco mais. Demi o abrigou entre as pernas e se entregou de corpo e alma ao momento, assim como Joe que não deixava de toca-la por um minuto sequer, investindo em carinhos pelas coxas, cintura, seios e onde as mãos conseguiam chegar para aperta-la.


Sentir-se amada e ter toda atenção de Joe era tão bom que Demi se esqueceu de todos os problemas porque Joe era tudo que ela conseguia pensar e sentir. Os lábios e o corpo dele eram capazes de leva-la para um nível superior onde só existia ele com toda aquela paixão e amor que os envolviam. Os gemidos se propagaram pelo quarto por minutos e mais minutos. Os olhos tinham o olhar fixo e os lábios quando não estavam juntos, estavam quase que roçados. Os dedos estavam enlaçados e Joe tinha guiado as mãos de Demi para repousa-las no travesseiro. As posições foram invertidas, mais gemidos e declarações quebraram o silêncio e eles ficaram daquela forma até atingirem o ponto máximo um nos braços do outro extasiados e se possível, mais apaixonados.

   - Stay Strong. – Disse Joe deslizando as pontas dos dedos pelo pulso direito. – Eu realmente gostei. – Comentou colocando uma mecha do cabelo de Demi atrás da orelha. Ela estava tão linda nua o abraçando de lado quase que dormindo de tão manhosa que era. – Doeu? – Perguntou deslizando a mão pela coxa dela para então acariciar a nádega direita.

   - Quase desisti. Doeu muito, mas acabei acostumando. O Strong doeu mais. – Demi deslizou a ponta dos dedos pelo peito brincando com os pelos do abdômen parando um pouquinho abaixo do umbigo.

   - Você está quase dormindo. – Joe adentrou o cabelo dela com os dedos só para vê-la fechar os olhos e respirar fundo cansada.

   - Queria dormir com você. – Demi passou para cima dele para abraça-lo e beija-lo. – Joseph.. – Era muito bom quando ele a abraçava com força contra o peito e a beijava na testa cheio de cuidado. – Amor, eu senti tanta a sua falta. – Disse agarrada a ele e Joe adentrou o cabelo dela com os dedos e puxou as mechas maravilhado com o quão bonita Demi era.

   - Eu também senti a sua falta. – Ele disse a beijando no queixo. – Eu também queria dormir com você. – Joe olhou para o relógio digital sobre o criado-mudo para verificar a hora. – Nós ainda temos duas para ficarmos juntos. – Demi assentiu um pouco triste e o olhar que ela lançou para ele foi tão carente que Joe se sentiu culpado. – Podemos tomar banho, comer e cochilar um pouco.

   - Você está com fome querido? – Demi perguntou se deitando ao lado dele e quando Joe se deitou de bruços e esboçou um pequeno sorriso, o coração dela quase saiu pela boca.

   - Estou faminto. – Desde quando havia segundas intenções por trás das coisas que Joe dizia? Demi mordeu o lábio inferior para conter um sorriso, mas não funcionou. – Ah Dem, isso é bom. – Sussurrou de olhos fechados quando Demi massageou as costas largas e o beijou atrás da orelha.

   - Eu vou cozinhar para você, grandão. – O apelido fazia jus. Joe era tão grande em comparação a ela, grande e forte. As mãos acariciaram os músculos do braço e os seios foram atritados contra as costas lardas porque ela se deitou sobre ele. – Você está uma gracinha cabeludo. – Comentou adentrando as mechas do cabelo dele com os dedos para puxa-los e Joe fechou os olhos gostando do que Demi fazia.

   - Vou cortar o cabelo, está começando a dar trabalho. – Disse e ela riu porque Joe demorava muito para pentear o cabelo, e sempre ficava a mesma coisa: arrumadinho e ultimamente com um sutil topete. – E agora que tem a escola, eu tenho que ir um pouco mais formal e alinhado. Por que você não fica quieta? – Perguntou porque os lábios dela estavam abaixo da orelha o beijando e as mãos pequenas cobrindo as dele.

   - A culpa não é minha se você é beijável. – Sussurrou e por alguns minutos fechou os olhos para abraçar Joe. – Bebê, você fica quietinho aqui enquanto eu cozinho para você?

   - Não amor, eu vou ficar com você na cozinha. – Joe agilmente a virou e sorriu fitando o sorriso de Demi. – Não quero ficar longe de você por um segundo. – Disse a olhando nos olhos. – Quero aproveitar o pouco tempo que nós temos. – Demi suspirou, mas assentiu porque entendia que tudo que Joe fazia era para sobreviver. Ela tinha feito o mesmo anos atrás quando ainda estudava, e continuava o fazendo, claro que não tão puxado como antes.

   - Então vamos tomar banho primeiro? – Joe franziu o cenho fitando os olhos de Demi que o acariciava na barba.

   - Não fica triste. – Pediu também a acariciando no rosto e Demi suspirou levando a mão para o músculo do braço esquerdo. – Nós vamos ficar juntos amanhã, depois de amanhã e nossa vida toda, se você quiser, é claro. Porque eu vou estar aqui por você para sempre.

   - Eu te amo Joe. – As lágrimas rolaram que Demi nem se importou.

***

   - Dem, deixa de ser exagerada. – O prato tinha sido carregado de comida mais uma vez. Estava tudo muito gostoso, mas Joe estava começando a se sentir empanzinado.

   - Você precisa comer. – Ela disse se acomodando a cadeira ao lado dele depois de se servir com um sutil pedaço de lasanha enquanto no prato de Joe o excesso de comida chegava a criar um pico. – Não me olha assim, olha o seu tamanho. – Demi sabia que Joe precisava se alimentar bem justamente por conta das tonturas que ela julgava como fraqueza. – Conversei com a sua tia mais cedo, ela pediu para você entrar em contato. Desculpa dar o recado tarde, eu só lembrei agora.

   - Está tudo bem. – Joe franziu o cenho quando espetou o pedaço exagerado de lasanha com o garfo sem saber por onde ele poderia começar a comer. – A tia Laura está te influenciando a me fazer comer esse tanto? – Ele sorriu e quando Demi fez careta, Joe se curvou para beijá-la na bochecha.

   - Na verdade.. – Começou a dizer esboçando um pequeno sorriso. – Eu gosto de cuidar de você. – Joe sorriu apaixonado e sustentou o olhar de Demi até que ela sorriu também.  – Se você não comer, vou pensar que a minha comida é horrível. – Brincou e Joe negou prontamente começando a comer.

   - Sua comida é deliciosa. – Ele disse depois de limpar os lábios com o guardanapo. – Só que você é realmente exagerada, Dem. – Demi revirou os olhos. Talvez ela realmente fosse um pouquinho exagerada, só um pouquinho, porém não iria admitir.

   - Se você estiver com vergonha, eu vou ficar brava. – Avisou porque era uma possibilidade uma vez que Joe sentia vergonha de coisas simples.

   - Eu tenho que ir. – Ele disse olhando a hora no celular. Era quase oito e dez da noite, e por conta do horário do metrô, Joe tinha que sair mais cedo. – Ainda tenho que trocar de roupa e cuidar da Lucy.

   - Então come, quero você saudável. – Demi o beijou na testa quando se levantou para agilizar a marmita e o lanche que fazia questão que Joe levasse. O serviço de segurança não era fácil, demandava de muito tempo, concentração e disposição. Ficar com fome estava completamente fora de cogitação.

A bolsa térmica era da mãe de Selena. Demi engoliu em seco ao se lembrar da amiga enquanto organizava a marmita e a vasilha de tampa com o lanche. Ela não tinha coragem para tocar no assunto com Selena, e o ruim era que Demi sentia falta de ter a melhor amiga por perto.

   - Amor, vou lavar a louça. – Quando Joe a tocou no ombro, Demi franziu o cenho um pouco assustada.

   - Não precisa. Posso cuidar de tudo. – Disse fechando a bolsa térmica ainda pensando em Selena.

   - O que foi? – Perguntou a abraçando por trás e Demi se virou para retribuir o abraço. – Eu estou te chamando tem um tempo, mas você estava tão concentrada.

   - Eu estava pensando na Selena. – Disse se escorando no balcão. – Não sei o que fazer. – Demi o olhou nos olhos e respirou fundo sentindo o coração pesar.

   - Você deveria falar com ela. Até quando vocês vão continuar fingindo que nada aconteceu? A atitude tem que partir de alguém.

   - Você tem razão, mas eu não quero fazer isso.

   - Então fica difícil. Não tenha medo e não seja orgulhosa. – Ele disse a abraçando pela cintura. – Estuda a possibilidade e tome atitude de falar com ela. – Demi assentiu recebendo o selinho nos lábios de bom grado. – Agora eu tenho que ir.

   - Está tudo pronto. Vou acompanha-lo. – Era sempre daquela forma quando eles iriam se despedir. Demi não conseguia esconder como não aprovava a ideia de ficar longe do namorado. – Vou buscar uma blusa de frio. – Comentou porque vestia apenas camisa sem sutiã e shorts. Joe assentiu e levou a bolsa térmica para sala onde esperou por Demi.

   - Não faz essa cara. – Ele disse depois de colocar a bolsa no ombro e segurar a térmica do mesmo lado. – Vai passar rapidinho, ok? – Demi continuaria com aquela cara de poucos amigos. Ela só murmurou um sim manhoso apagando a luz do apartamento e o trancando quando já estavam no corredor.

   - Vamos descer de escada? – Perguntou abraçando o namorado de lado e Joe assentiu porque sabia que descer de escada levaria mais tempo, e era o que Demi estava pensando: ganhar mais tempo ao lado dele. – Não ouse em conversar com aquela menina. – Disse Demi chamando atenção de Joe que arqueou uma sobrancelha, mas pelo olhar ameaçador que recebeu, assentiu também prestando atenção nos degraus da escada.

   - Dem, a Hannah é sua irmã. – Como o resultado de esconder um segredo de Demi não tinha terminado bem, Joe não queria que acontecesse novamente, então quando contou sobre Hannah, foi com toda cautela que poderia usar para não assustar Demi.

   - Eu sei. – Ela disse para surpresa de Joe. – Fiquei um pouco nervosa e sem saber o que fazer, acho que foi isso que me impediu de fazer uma besteira. – Joe riu da careta dela e Demi o acertou com um soco de mentira na barriga. – Você não deveria rir. A coisa ficará feia para o seu lado e para o dela, caso eu encontre alguma mensagem, ligação, qualquer coisa! – Resmungou segurando no corrimão. – A Hannah parece ser uma boa menina. Ela é tão bonita.

   - Ela é. Ela tem as suas sardas, só é um pouquinho mais rosada. – Demi fez careta, mas acabou assentindo ao se lembrar da irmã.

   - Ela tem dezessete anos, certo? – Perguntou curiosa e triste ao mesmo tempo porque eles tinham acabado de chegar ao hall do prédio.

   - Sim, dezessete. Está no último ano da escola e quer cursar psicologia. Ela é madura para idade.

   - É muito estranho para mim. – Comentou agora realmente triste porque eles estavam chegando a calçada do prédio. – Por favor, tenha cuidado no trabalho. Qualquer coisa liga para polícia. Eu vou sentir saudade, Joe. – Joe assentiu a abraçando pela cintura.

   - Eu também vou sentir saudade. – Disse e roçou os lábios nos dela. –. Não precisa ficar preocupada, eu vou ficar bem. Quero que você descanse, nada de ficar pensando no que aconteceu e se culpando. Fique forte, ok? – Demi assentiu e para finalizar a despedida, ela beijou os lábios de Joe com tanta paixão que os dois ofegaram.

   - Eu te amo. – Disse nos lábios dele e Joe a puxou para mais um beijo, e esse foi calmo e gentil.

   - Eu também te amo. – Ele a beijou na testa e a abraçou forte contra o peito. – Tchau, amor.

   - Tchau Joseph. Bom trabalho! Cuida da Lucy. – Joe assentiu. Difícil foi para cada um seguir um caminho, porém era preciso. Demi sorriu e se sentou a um degrau da escada para ver Joe caminhar vez ou outra olhando para trás e sorrindo exclusivamente para ela. A melhor coisa era saber que em meio a todas situações que tinha enfrentado nos últimos meses, lá estava Joe para enchê-la de alegria e vontade de viver. Minutos depois Joe virou a esquina acenando para ela e Demi acenou de volta sorrindo e de coração disparado no peito de tanto amor que sentia por aquele homem. Então ela fitou o céu estrelado e se sentiu feliz e abençoada por ter Joe.

   - Demi, nós podemos conversar? – A voz era tão familiar e ao constatar a quem ela pertencia, o coração de Demi bateu mais rápido e o desespero começou a toma-la.

   - Eu nã..não.. – Como estava nervosa, Demi não teve coragem de fitar os olhos de Inácio e nem de dispensa-lo. O coração batia tão rápido que ela jurava poder ouvi-lo.

   - Eu só quero conversar com você. – Inácio estava tão nervoso quanto Demi. Ele tinha decidido que precisava procurar pela filha e organizar aquela situação. Não dava para esperar como Anna tinha sugerido. Consertar as coisas com Demi, por mais que não era culpa dele, era o que ele deveria e queria fazer. A garota merecia uma explicação decente sobre a ausência do pai, ao menos aquilo. – Está tudo bem? – Ele perguntou fitando o rosto de Demi que preferia fitar o prédio a frente aos olhos do pai.

   - O que você quer? – Não soou grosso. Demi queria poder falar tudo que pensava, mas ela ficava mais nervosa ainda só de saber que o homem que estava sentado ao lado era o pai que ela sonhou conhecer durante toda vida.

   - Conversar. - Inácio tornou a olha-la e se sentiu péssimo por Demi não ter nem mesmo coragem para retribuir o olhar, mas ele não poderia julgá-la, ela não tinha culpa. – Eu sei que está cedo e que as coisas estão confusas para você, eu só fiquei preocupado e precisava conversar com você para saber se tudo está bem.

   - Você nem me conhece. – Ela disse a primeira coisa que veio em mente. Saber que Inácio se importava, ou só dizia se importar para se aproximar, era um caminho perigoso que envolvia uma série de fatores que Demi não queria sentir novamente. Tinha acontecido meses atrás com Dianna.

   - Você é minha filha e eu me importo com você. – Ah como ela queria chorar e gritar colocando toda a frustração, raiva e culpa para fora.

   - Você está me vigiando? – Perguntou porque não sabia o que dizer.

   - Não estou te vigiando. Decidi procura-la no final da tarde e quando cheguei, tive a sorte de te encontrar aqui sentada. – Bem, não parecia ser mentira. Demi ainda não o olhava, dobrou os joelhos os abraçando e tentando se acalmar com a ideia de ter Inácio ali com ela. – Eu sinto muito por tudo que você teve que passar. Eu não queria mentir sobre quem eu era, mas a sua mãe pediu. – Era claro que tinha o dedo dela, mas Demi não o conhecia e não estava interessada em ser enganada novamente por um estranho como Jake e milhares de pessoas tinham feito no decorrer da vida.

   - Você não imaginou que eu preferiria saber de uma vez sem mentiras? Não pensou no depois? Você acha mesmo que eu ficaria feliz, independente de ter sido ou não mentira, em saber que o meu.. meu pai estava fingindo ser um cara legal a troco de o que? Eu realmente não entendo.

   - Eu só fiz o que sua mãe pediu. – Foi a primeira vez que Demi o olhou nos olhos tão magoada e machucada que era de partir o coração.

   - Para de tentar colocar a culpa nela. Assume que você não teve atitude. – Murmurou repousando o rosto no joelho se sentindo vulnerável e irritada.

   - Eu não tive. Quando o seu tio descobriu sobre você, foi uma surpresa. Então eu pedi que ele conseguisse algumas informações básicas sobre você e preferimos localizar a sua mãe primeiro.

   - Chame-a de Dianna. – Murmurou sem conseguir esconder a tristeza e Inácio assentiu pensativo.

   - Concordei em usar o meu nome do meio porque sua ma... Porque a Dianna pediu. – Demi nada disse porque entendeu que Dianna manipulou Inácio como ela fazia com todos, porém não queria dizer que ela confiaria na primeira conversa com um homem que não conhecia. – Você pensava que eu a machuquei. – Minutos mais tarde depois de um silêncio profundo entre eles, a voz de Inácio soou baixa e com tanto receio que Demi o olhou.

   - Foi o que ela me disse. – Doeu quando Dianna contou da forma mais abrupta que ela era fruto de um estupro. Era tão pesado e turbulento receber aquele tipo de informação. Uma covardia que mudou as perspectivas de Demi. – Foi alguns meses atrás. – Começou a dizer fitando o céu estrelado. – Desde a adolescência, eu sempre quis saber quem era o meu pai. Eu sonhava com o nosso encontro e era o que me dava esperança. Sabe, ter alguém que se importaria, alguém que me amaria e cuidaria de mim. Eu perguntava sobre você, principalmente quando o dia dos pais estava próximo, e ela inventava alguma desculpa ou simplesmente ficava brava e me batia. Alguns meses atrás eu perguntei novamente com a esperança que ela mudaria de ideia, e ela me surpreendeu quando contou que eu era fruto de um estupro. – Se ela estivesse olhando para Inácio, ele a abraçaria ao se deparar com a tristeza estampada nos olhos de Demi.

   - Você não é. – Disse Inácio comovido ao mesmo tempo em que estava furioso e sem entender o porquê da mentira de Dianna. – Quando conheci a Dianna, eu estava tão apaixonado por ela, e ela por mim. Nós passamos dias namorando na chácara do seu avô, e do nada ela sumiu e eu fui forçado a casar porque seria pai de gêmeas. Eu não sabia que ela estava grávida e nem que a mãe das minhas meninas estava, mas sei que você é minha menina. Posso sentir que é. Você tem os meus olhos e é a cara das suas irmãs. – Não confiar. Não se comover. Não chorar. Demi tentava não fazer aquelas três coisas, porém parecia impossível não gostar de Inácio. A forma que ele falava a incluindo como se ela fosse realmente um membro da família era o suficiente para Demi querer se entregar e deixar acontecer tudo que deveria. Então ela teria um pai e muitas irmãs. – Ela me contou que o meu pai a estuprou, mas eu não sei se é verdade. – Demi franziu o cenho porque acreditar em Dianna era difícil.

   - Eu não sei. Ela é uma caixinha de surpresas. Nunca é o que você está pensando. Não consigo entende-la. – E depois de todas as decepções, Demi tinha decidido cortar a relação com a mãe. – E nunca vou conseguir entender.

   - Ela é sua mãe. – Disse Inácio e Demi o olhou de cenho franzido. Tudo que ele sabia sobre mães, era que as mulheres desenvolviam um papel crucial na vida dos filhos. Então Dianna era necessária na vida de Demi independente da mentira. – Nós não sabemos os motivos. Estou tentando não julgar por mais difícil que seja.

   - Você não a conhece como eu. – Para contar tudo que já tinha passado com Dianna, Demi tinha certeza que levaria mais de um dia falando sem interrupções. Isso porque ela não se lembrava perfeitamente de todos os detalhes, mas uma coisa era certa: Dianna já a fez sofrer muito. – Se você não quer problemas, é melhor ficar longe dela. – Disse magoada abraçando as pernas e repousando a cabeça nos joelhos.

   - Eu não estou entendendo. – Dianna não contaria para ele. Demi o olhou procurando por algum traço de mentira, mas Inácio parecia confuso com a situação como alguém que estava realmente surpreso.

   - Eu não quero falar sobre ela. – Disse chateada só de pensar em toda a história que teria que contar sobre Dianna. E falar sobre ela incomodava Demi. – Você deveria ir. Eu vou entrar. – Ela iria ignorar a vontade de ficar mais um pouquinho sentada na escada da entrada do prédio na noite linda de Nova York conversando com o pai. Não fazia parte do plano de manter distância de problemas.

   - Fica só mais um pouco. – Pediu a tocando no ombro. Demi fitou os olhos castanhos dele e não soube exatamente o que poderia dizer. – Posso mostrar uma foto das suas irmãs? – Inácio era gentil e amoroso o suficiente para Demi ficar com vergonha de ser grossa, então ela assentiu mesmo desconfortável. – Contei para Anna sobre você. Ela quer te conhecer. – As bochechas coraram que Demi ficou cabisbaixa. Irmãs. Ela tinha seis irmãs. – Depois que eu contar para elas sobre você, gostaria de apresenta-las. O que você acha? – As coisas não funcionavam daquela forma. Demi fitou Inácio procurando pela foto das filhas no celular um pouco mais animado do que deveria.

   - Não quero ser grossa. – Começou a dizer colocando uma mecha do cabelo atrás da orelha. – É que está muito cedo, eu não me acostumei com... Com os últimos acontecimentos. É muita novidade para processar em pouco tempo. – Ela fitou os olhos do pai e respirou fundo. Era necessário esclarecer todas as variáveis. Inácio não era uma pessoa ruim e não tinha culpa, e ele era o pai dela. Não tinha como ignorar o fato de um dia se relacionar com ele e a família. – Não me entenda mal, eu só não estou preparada para conhece-las agora e nem sei quando vou estar. Pode ser daqui alguns dias ou meses. Eu só não estou preparada para tudo isso, entendeu? Ainda preciso de tempo para colocar a cabeça no lugar, passei por muita coisa nesses últimos três meses que você nem imagina.

   - Eu quero você junto com as suas irmãs na sua casa. É um caos porque nós somos muitos, mas sempre cabe mais um. – Como não sorrir. Demi tentou disfarçar, mas confessava que estava tentada a ser mimada pelo pai e ter todo o cuidado e carinho que Inácio mostrava que tinha para oferecer. – Não posso exigir nada de você, meu anjo. Vou estar sempre à disposição e esperando ansiosamente pelo momento que você decidir me ter como pai. – Ele não deveria levar a mão a dela e nem dizer aquelas palavras. Demi não queria chorar de felicidade, os olhos marejaram e ela lutou bravamente contra as lágrimas. – Não concordo em ficar longe de você de novo, foram vinte e três anos. Mas posso esperar mais alguns meses. – Ela apenas sustentou o olhar dele e forçou um pequeno sorriso de coração acelerado. Já Inácio, que percebeu que estava deixando a filha sem jeito, voltou a atenção para o celular buscando pela foto mais espontânea que tinha das filhas. – Como eu já disse, tenho seis meninas em casa. – Comentou sorridente e Demi sorriu porque o sorriso dele era contagiante. – As da ponta são as minhas gêmeas: Anna e Isabella. Hannah está com Alicia no colo. Amber e Megan são as do meio. Megan é mais velha três anos e adora videogames. Já Amber tem onze anos e gosta de ler e dançar balé. É por isso que elas estão brigando pelo controle. – Demi sorriu ao fitar as irmãs e o ambiente onde elas estavam. Era uma típica casa americana cheia de vida e amor. E as meninas eram do mesmo padrão que ela, diferenciando em alguns detalhes como o cabelo, todas tinham a mesma tonalidade de pele e cor de cabelo, como o pai.

   - Eu conheci a Hannah. – Deixou escapar e corou porque Inácio a olhou surpreso. – O meu namorado é professor de reforço de geometria da escola onde ela estuda. – Comentou sem graça. – Hoje à tarde quando eu estava voltando do trabalho, ela estava com uma.. uma amiga conversando com o Joe sobre alguns exercícios. Eu já sabia sobre ela porque o Joe é amigo do Augusto, o namorado da Hannah. E ele me contou sobre o Central Park.

   - Ela é uma boa garota, um pouco difícil às vezes. – Disse Inácio fitando o prédio a frente. – Acho que você se identificará com ela. Espero que a aconselhe sobre o Augusto.

   - Eu o conheci. Ele não é má companhia. – Ela nem sabia ao certo o que estava dizendo porque não conhecia Augusto. Porém ele parecia ser um cara legal, caso contrário Joe não o teria como amigo.

   - Ela é uma menina e ele é mais velho. – Inácio franziu o cenho e olhou para Demi. – Você também é uma menina e não deveria estar com uma aliança no dedo. – Comentou fitando o anel de compromisso e Demi engoliu em seco com o tom rígido usado pelo pai.

   - Deixei de ser uma menina desde que saí de casa anos atrás para ter uma vida melhor. Sempre lutei para conseguir tudo que tenho. Não sou uma menina. – Ela disse pensando em todas as lutas que já tinha enfrentado para ter uma vida diferente da programada pela mãe e a avó.

   - O que eu quero dizer é: você é jovem para ter um relacionamento. Há tantas coisas melhores na vida que garotos espertos. – Demi teve vontade de rir da forma desconfortável que Inácio disse aquela frase. Se ele soubesse que era ela quem tinha levado Joe para o lado negro da força...

   - Demi? – E falando nele, os olhos de Demi chegaram a ganhar brilho quando fitaram os de Joe. Ele estava com a roupa de segurança, ou seja, de camisa preta, colete, calça de tactel, boné e botas. A mochila pesada também estava nas costas do rapaz e como ele segurava as alças, os músculos dos braços estavam flexionados justamente para desconcentrar as mulheres. – Está tudo bem? – Perguntou com receio fitando Inácio, que arqueou uma sobrancelha, para depois Demi.

   - Está. – Demi disse louca para agarrá-lo e beijá-lo como se não houvesse amanhã.

   - Eu estava indo para subestação e.. – Joe fitou Inácio e depois a namorada juntando a coragem que ele precisava para administrar aquela situação. – E quando a vi, quis saber se está tudo certo. – Disse diretamente para Demi que assentiu tentando esconder o sorriso. Joe e Inácio não funcionariam juntos, não um sendo pai e o outro o namorado.

   - Está tudo bem. – Ela disse sustentando o olhar de Joe que assentiu e com muita coragem ele fitou Inácio.

   - Boa noite, Sr. Lovato. – Cumprimentou simples e educadamente estendendo a mão para Inácio que se levantou mostrando que era maior e mais encorpado que Joe.

   - Boa noite Joseph. – Cumprimentou apertando a mão do rapaz firmemente e Joe sustentou o aperto tranquilamente. – Está indo trabalhar? – Inácio perguntou desconfortável quando Demi se levantou e envolveu Joe num abraço surpresa.

   - Estou. – Joe desviou o olhar do sogro para esboçar um pequeno sorriso ao fitar os olhos de Demi. Ela estava tão bonita natural e depois da tarde que eles tiveram, a vontade de Joe era de passar a noite toda nos braços da namorada. – Eu já vou, bebê. Vou acabar perdendo o metrô. Tudo bem? – Perguntou todo carinhoso para Demi que sorriu ansiosa para beijá-lo como eles tinham feito mais cedo, porém com Inácio ficava complicado.

   - Posso te dar uma carona. – Sugeriu Inácio. Joe fitou brevemente os olhos de Demi como se perguntasse se estava realmente tudo bem e se ela concordava com a carona.

   - Tudo bem. – Inácio existia e não tinha como ignora-lo. Ele era o pai de Demi e Joe sabia que teria que se relacionar com ele mais cedo ou mais tarde. – Já está indo? – Perguntou um pouco sem jeito e o homem mais velho assentiu. – Tchau, gatinha. Se cuida, ok? – Trocar um selinho não faria mal a ninguém. Joe encostou os lábios nos de Demi brevemente e então a beijou na testa logo a abraçando com força contra o peito, e em troca ouviu reclamações sobre o colete ser rígido e ele muito forte.

   - Se cuida também, amor. Qualquer coisa estranha liga para polícia. – Ela disse de cenho franzido e Joe riu colocando uma mecha do cabelo castanho atrás da orelha. – Eu te amo. – Não teve como Inácio não ouvir, porém ele preferiu não fitar a filha beijar o namorando inofensivamente e sussurrar algo apenas para Joe. Então era a vez dele se despedir.

   - Obrigado por conversar comigo. – Aos pouquinhos Inácio conseguiu se aproximar da filha como gostaria. – Eu vou respeitar o seu tempo, mas qualquer coisa você pode entrar em contato. – Demi assentiu aceitando o cartão onde estava disponível o nome, telefone e endereço do pai. Ela queria que as coisas fossem diferentes entres eles, mas infelizmente era aquela bagunça que Dianna tinha feito. – Tenha cuidado, boa noite querida. – Ela não esperava ser puxada para um abraço, mas o aceitou tão naturalmente gostando de se sentir protegida e importante nos braços do homem que ela sonhou conhecer durante toda a vida: o pai. HHHHhhdadajde


Continua... Oi! Tudo bem com vcs? Eu tô bem, porém super cansada, estou tendo provas e está complicado pra ter tempo, por isso demorei pra postar. Como ficou o capítulo? Vcs estão gostando da fanfic? Agora estamos chegando no final.. Então eu tenho que ir, prova amanhã. Beijo e muito obrigada pelo carinho! Até mais <3