31.12.14

Capítulo 42

Uma semana depois...

Completara um mês exato que Demi estava em coma, e segundo as regras, estava na hora de William abrir o jogo para a família. Contaria que Demi estava grávida e de todo o risco que o bebê e ela corriam. Pela milésima vez, William ajustou a cadeira impaciente. Na mesa de vidro havia inúmeros papéis espalhados e ele se concentrava em ler apenas um, mas o nervoso não deixava. Diabos! Ele estava contando tanto com aquele prazo, pensara que Demi acordaria antes mesmo que completasse um mês de coma, mas ela continuava inerte. Tudo iria por água a baixo. O trabalho de Marissa com Daniel e Elizabeth, os esforços de Joe para ir à igreja. Céus! Eles teriam que decidir entre duas vidas. Seriam oito meses de pura angústia caso Demi não acordasse nesse prazo, e no final alguém iria perder a vida. Repousando o artigo sobre a mesa, William, de feições sérias e roupa branca, acomodou o corpo na cadeira acolchoada e começou a ameaçar girá-la para esquerda e para direita num tic tac agonizante. Não poderia quebrar mais uma regra.. Sem contar que não poderia arriscar a sua profissão. O que fazer... O que fazer.. Teria que contar naquele mesmo dia. Por que você não acorda mocinha? Pensou enquanto massageava as têmporas. Mais alguns minutos pensando e então William se levantou sentindo como se todo o peso do mundo estivesse sobre ele. Cada passo em direção à porta do escritório era um novo peso que queria esmagá-lo.. Tudo bem, ele já tinha feito aquilo inúmeras vezes, mas agora seria completamente diferente. Abrindo a porta do escritório, William respirou fundo preparando-se para fazer o que deveria ser feito. Tentou aliviar a tensão cantarolando, mas parecia piorar, pois estava cada vez mais próximo do quarto de Demi. Ele era um médico de mais de vinte anos de experiência! Por Deus! Respirando fundo, William levou a mão à maçaneta e abriu a porta cuidadosamente encontrando Joe no quarto.

   - Elizabeth está melhor Dem, eu estou tão feliz por ela. A Marissa está a ajudando muito. O Dan também, ele parece ter amadurecido em um dia, eu estou muito orgulhoso dos nossos bebês. - Disse Joe a olhando. - Ontem eu e Kevin fomos a um abrigo de crianças, bebê. - Disse carinhosamente com os dedos enlaçados aos dela. - Eu me lembrei de você o tempo todo. Nós ajudamos o pessoal a cuidar das crianças e doamos uma boa quantia para os mantimentos. - William sorriu ao ver Joe beijar a mão de Demi e conversar com ela naturalmente, ele até ria entre uma frase e outra.

   - Sr. Jonas, com licença. - Disse adentrando o quarto.

   - Boa tarde Dr. - Disse Joe sorridente olhando para o homem mais velho. - Está na hora de algum procedimento? - Perguntou já que todas as vezes que um médico ou um enfermeiro adentrava o quarto era para realizar algum procedimento do qual ele não poderia presenciar.

   - Não, vou apenas fazer uma pequena checagem nos aparelhos. - Disse disfarçando o nervosismo com um sorriso e Joe assentiu voltando a conversar com Demi.

   - Eu estava me lembrando do dia que nos conhecemos Dem. - Joe cobriu a mão de Demi com a sua enquanto a outra enlaçava os dedos dela. - Acho que você não gostava muito de mim, mas eu fui tão insistente e te segui por todo o estúdio. Confesso que eu já gostava muito de você. - Joe deitou a cabeça perto da mão de Demi e brincou com os dedos dela em sua barba, que estava por fazer há semanas. -Nós passamos por tanta coisa bebê. - Disse calmamente adorando sentir a "carícia" que os dedos de Demi faziam em seu rosto. - Eu te amo minha pequena menina linda. - Joe fechou os olhos os sentindo marejar e suspirou, até que eles estavam arregalados. Deus! Demi segurava a sua mão e começara a tossir levemente franzindo o cenho.

   - Meu Deus! - Disse William a beira de ter um infarto. - Preciso de enfermeiros, é urgente, ela está com falta de ar. - Disse desesperado. - Enfermeiros! Aqui! - Gritou exasperado logo partindo para perto de Demi enquanto a equipe de enfermeiros e dois médicos adentravam o quarto a todo vapor.

   - O que está acontecendo? - Perguntou Joe enquanto era afastado da cama. - O que está acontecendo? - Gritou ao ver várias pessoas aos arredores da cama conversando rapidamente em códigos. - O que está acontecendo com a minha Dem? - Gritou assustado. Ela estava morrendo? - Deixe-me vê-la! - As lágrimas já rolavam livremente pelo rosto de Joe enquanto ele tentava atravessar aquela barreira de pessoas para ver o que acontecia com Demi. Ela não poderia deixá-lo.

   - Tirem-no daqui! - Alguém gritou exasperado.

   - Não me toque! - Gritou Joe ao ver três enfermeiros estagiários aproximar-se dele. - Demi! - Gritou entre as lágrimas e mal percebeu quando dois rapazes o seguraram e tudo a sua volta apagou.

(...)

Vinte e uma horas mais tarde...

Lá fora o sol irradiava exibido. Os pássaros cantavam harmonicamente e uma leve brisa corria pelas ruas da Califórnia. Tudo parecia ter mais cor e mais vida. Nada como uma bela manhã de sábado. Era um lindo dia, todos estavam satisfeitos pelo final de semana finalmente chegar assim como o descanso, mas o dia não começara bem para todos. Abrindo os olhos bruscamente, Joe estranhou o teto branco e a cama macia. Onde diabos ele estava? E porque ele estava numa cama? Sim, ele não dormia mais em camas, apenas em poltronas e cadeiras, ao menos tinha sido assim no último mês. O bip bip bip irritante o fez olhar para o lado e encontrar um monitor que mostrava a sua frequência cardíaca. Joe cerrou os olhos ao seguir os fios vermelhos e encontrá-los conectados em seu peito! Que merda era aquela? Joe os desgrudou mal-humorado e tornou a cerrar os olhos ao sentir uma leve picada na dobra do seu braço. Diabos! Ele iria matar alguém. Puxando os esparadrapos, Joe puxou a agulha para fora de sua veia e levantou-se descalço e sem camisa furioso. Eles tinham o sedado! Que Deus o controlasse!
Os cabelos negros de Joe quase cobriam a testa, estavam tão emaranhados. A barba estava um pouco cheia e Joe estava descalço, vestido apenas com as calças atraindo olhares surpresos e até mesmo pervertidos para si, aliás, não era todo dia que um homem forte e moreno caminhava naquele estado pelos corredores de um hospital.

   - Ei! - Disse duas enfermeiras ao tombarem com Joe, mas ele tinha uma senhora carranca e agora caminha determinado em direção ao quarto de Demi. O que tinha acontecido na noite passada? Ela tinha partido? O pensamento o perturbava. Estava tão preocupado e cheio de medo.

   - Senhor, você não pode andar assim, nós estamos num hospital. - Joe ignorou o enfermeiro e começou a correr quando percebeu que estava sendo seguido. - Senhor! - Gritou o rapaz. A próxima cena era digna de um filme. Joe olhou para trás enquanto corria, mas acabou esbarrando num faxineiro que deveria ter o dobro da sua altura. Resultado, o chão estava ensopado de água com sabão e os enfermeiros que corriam escorregaram feio chocando-se com as paredes e outros objetos. O bom foi que Joe continuou a correr até que finalmente encontrou a porta do quarto de Demi, e quando ele iria levar a mão à maçaneta para abri-la, os pés molhados de água com sabão em contado com a cerâmica branca lisa e brilhante o fez impulsionar contra a porta abrindo-a bruscamente. Diabos! Ele não era mais um menino de vinte anos que pulava janelas! Estava tão quebrado! Simplesmente quebrado.

   - Sr. Jonas? - A voz grave de William o assustou, Joe levou as mãos à cabeça completamente derrotado sentindo as costas doloridas em contato com o chão terrivelmente gelado.

   - Onde ela está? - Perguntou com as suas últimas forças, mas a resposta não veio, por segundos e minutos. Joe procurou a coragem que tinha guardado em algum lugar e abriu os olhos e levantou-se do chão com ajuda de William. Tinha perdido a fala, o coração saltitava ansioso, mas não de medo, e sim de felicidade. Joe umedeceu os lábios e franziu o cenho enquanto as primeiras lágrimas rolavam por seu rosto. Os olhos amarronzados estavam sobre ele, tão meigos e um pouco confusos. Joe soluçou entre o choro e a chamou com a voz trêmula. - Demi? - Chamou sem acreditar que ela tinha acordado. Demi não ousava em desviar os olhos dos deles. Ele finalmente chegara, tinha sido bom rever praticamente todo mundo da família, mas as pessoas que ela realmente queria ver não foram visitá-la.. Bem, agora só faltava Daniel.

   - Jo..seph. - Joe quase pensou que ela não se lembrava de nada, mas ela tinha sussurrado o nome dele depois de um grande esforço.

   - Obrigado senhor! - Joe pôs-se de joelhos como tinha prometido e agradeceu com todo o seu ser. - Obrigado. - Sussurrou antes de levantar-se. - Meu amor, você voltou. - Disse se aproximando da cama. - Eu estava com tantas saudades Dem. - Joe levou a mão até a bochecha de Demi e a acariciou com todo o carinhoso e cuidado que tinha antes de abraçá-la. - Você voltou Dem.. Voltou meu anjo. - Disse emocionado ao sentir o calor do corpo dela aquecê-lo e as suas delicadas mãos tocarem a sua cintura. - Eu não saberia o que fazer sem você bebê, não saberia Dem. - Joe procurou os olhos dela e chorou ainda mais ao ver que Demi também derramava algumas lágrimas. - Eu te amo tanto, tanto. - Disse distribuindo beijinhos pelo rosto de Demi a fazendo esboçar um pequeno sorriso.

   - Eu.. te.. - Joe a olhou nos olhos esperançosamente até que a última palavra veio. - amo. - Demi fixou os olhos aos dele e deixou que ele a beijasse castamente na boca. Joe precisava tanto daquilo.. Precisava tanto senti-la, precisava saber que ela estava bem, para que ele ficasse bem.
   - Oh meu amor. - Joe a abraçou de novo enterrando a cabeça em seu ombro radiante de felicidade. - Você voltou! - Erguendo o tronco, Joe sorriu de orelha a orelha ao olhar para a sua menina.

   - Da..niel. - Demi se esforçou para dizer o nome do garoto olhando para os olhos de Joe. Elizabeth já tinha visitado a mãe e desabara de tanto chorar completamente feliz por vê-la. Agora só faltava Dan.

   - O nosso menino? - Perguntou e Demi assentiu balançando a cabeça levemente. - Eu não sei onde ele está. - Disse coçando a nuca. - Eles me sedaram ontem, eu não sei quanto tempo eu fiquei apagado. - Joe olhou para trás a procura do Dr. Callahan, mas não o encontrou.

   - O que aconteceu com você? - Perguntou Elizabeth adentrando o quarto ao ver o pai descabelado, descalço e vestido apenas com calças jeans.

   - Acho que eu fui sedado. - Disse Joe e a menina o abraçou brevemente.

   - Boa noite mamãe. - Elizabeth a abraçou e a beijou na bochecha com tanto carinho que Joe quase ficou com ciúmes por ter ganhado apenas um rápido abraço. - Como você está? - Perguntou a menina sem soltar a mãe.

   - Bem. - Demi sorriu quando conseguiu falar sem arrastar as letras. - E vo..cê? - Disse com mais calma.

   - Muito bem. - Elizabeth ergueu o rosto para olhá-la e sorriu de orelha a orelha quando encontrou os olhos da mãe sobre si.

   - Eu dormi muito? Hoje é que dia? Que horas são? - Perguntou Joe se levantando procurando o relógio de pulso e o celular no bolso, mas ele estava apenas com a roupa do corpo.

   - Hoje é.. um.. sábado. - Disse a menina forçando a memória e Demi franziu levemente o cenho. Dr. Callahan contara que ela ficara inconsciente por um mês, mas Demi não sabia o porquê. - Eles te sedaram porque você estava fazendo escândalo no quarto da mamãe. - Demi arqueou a sobrancelha e riu de leve. - Você dormiu quase um dia. - Joe cerrou os olhos incrédulo. Diabos! Como assim ele tinha dormido aquele tanto de tempo?

   - Cal..ma. - Disse Demi o olhando e Joe assentiu com um sorriso culpado.

   - Eu estava muito ansioso para que você acordasse logo bebê. - Disse carinhosamente se sentando na beirada da cama. - Está tudo bem, ok? - Demi assentiu e Joe roubou um selinho fazendo Lizzie fazer careta.

   - Com licença. - Joe olhou para trás para encontrar o Dr. Callahan adentrando o quarto. - Boa tarde. Lizzie, eu preciso falar com os seus pais. - Disse educadamente para a menina que assentiu relutante abraçando a mãe com força e beijando a bochecha do pai antes de sair do quarto. - Sr. Jonas, o senhor não deveria ter deixado o quarto. - Joe franziu o cenho e por um momento corou ao perceber que vestia apenas as calças jeans do dia passado. - Bem, nós temos que conversar. - Mesmo sem querer, Joe se acomodou na poltrona que ficava do lado esquerdo da cama e deixou que Demi enlaçasse os dedos aos dele. - Como eu estava dizendo, - William fez uma breve pausa e olhou para Joe esboçando um sorriso divertido. Céus! Lá fora estava um caos e eles tinham três enfermeiros machucados. - a senhora sofreu um acidente doméstico e entrou em estado de coma por um mês. - Demi assentiu. - Nós já temos todos os resultados dos exames que realizamos no dia anterior. - Quando acordara ontem, Demi não conseguia respirar direito por conta dos aparelhos que a atrapalhava, por isso ela tossia muito. Foram precisos vários médicos e enfermeiros para que os aparelhos fossem desligados no menor tempo possível, caso contrário Demi poderia morrer. - A senhora é uma mulher de muita sorte, está tudo em perfeita ordem, só será necessário fisioterapia para recuperar os movimentos e a fala. - Joe franziu o cenho ao olhar para William e o mesmo assentiu como se pedisse para que ele tivesse paciência. - Demi ficou trinta e um dias em estado de coma Sr. Jonas, os músculos não podem ficar sem trabalho por muito tempo, caso fiquem, eles perdem volume pela inatividade e consequentemente não conseguem trabalhar como antes. Nossos fisioterapeutas realizaram algumas sessões no decorrer do mês que Demi estava inconsciente, mas ainda não é o suficiente. A fisioterapia é fundamental para a total recuperação dos movimentos. - Joe assentiu agora entendendo o porquê da dificuldade de Demi para falar e para tocá-lo. - Acredito que a fala deverá voltar em três semanas, e todos os movimentos em um meses com acompanhamento de um profissional. - Demi assentiu junto com Joe. - Bem, eu tenho uma notícia para vocês. - Joe franziu o cenho, mas assentiu assim como Demi. - Vocês vão ter outro bebê. - William observou cada um deles. Joe estava boquiaberto e estático, e Demi tinha os olhos fechados e lágrimas rolando pelo rosto.

   - Be..bê? - Ela perguntou.

   - Sim, a senhora está grávida há dois meses. - O coração de Demi estava prestes a pular para fora do peito. Um bebê! Ela tinha um bebê protegido em seu útero.

   - Nós temos um bebê aqui? - Joe apontou para a própria barriga e William arqueou as sobrancelhas e riu.

   - Sim, um bebê. - Disse feliz pelo casal.

   - Oh meu Deus! - Joe abraçou Demi calorosamente e ela grunhiu, mas o abraçou juntando todas as suas forças. Aquilo era inacreditável! Um bebê!

   - Jo..seph. - Chamou se sentindo esmagada.

   - Desculpe. - Joe roubou um selinho e logo beijou a barriga de Demi completamente bobo. - Ei! Papai está aqui com a mamãe, nós te amamos muito. - Demi deixou o rosto ser tomado por lágrimas enquanto um sorriso lindo de orelha a orelha estava moldado em seus lábios.

   - Vou deixá-los a sós, mas tarde voltamos a conversar. - Joe assentiu ansioso acariciando a barriga de Demi com a mão. - E Sr. Jonas, o senhor não pode andar pelo hospital nesse estado. - William esboçou um sorriso divertido deixando o quarto.

   - Nós vamos ter um bebê Dem! - Disse Joe sorridente. - Você está feliz? - Demi assentiu e esboçou um pequeno sorriso levando a mão com certa dificuldade para perto da mão de Joe sobre a sua barriga.

   - Estou. - Disse observando a mão dele cobrir a dela. - Você es..tá? - Perguntou num sorriso.

   - Você não faz ideia. - Joe enroscou os dedos aos dela e levou a mão livre para o rosto de Demi acariciando a bochecha dela carinhosamente. - Muito obrigado, esse é o melhor presente do mundo. - Joe sorriu ao receber um pequeno e tímido sorriso de Demi.

   - Eu sinto a... - Demi fez uma breve pausa e umedeceu os lábios juntando forças para completar a frase. - a sua falta. - Disse com a voz fraca. No peito o coração batia forte, um arrepio percorreu todo o corpo de Demi quando Joe abriu a mão e pôs a dela na palma da sua.

   - Eu também sinto a sua falta. - Disse Joe esboçando um pequeno sorriso para a sua amada enquanto ele acariciava a bochecha dela delicadamente. 

Vendo que Demi tentava levantar o braço para tocá-lo, Joe a ajudou o fazendo com todo o carinho que tinha olhando nos olhos dela. Demi acariciou os ombros de Joe e desceu as mãos para o peito dele suspirando ao sentir a carne macia e com uma leve camada de pelos roçarem a palma da sua mão, subindo as mãos, ela brincou com a barba dele com os dedos e o tocou em todo o rosto enquanto Joe sorria bobo. Curvando-se, Demi cobriu a boca de Joe com a dela enquanto seus dedos se enroscavam nos cabelos dele da nuca os puxando e os acariciando. Joe entregou-se ao beijo de corpo e alma, acariciou a língua de Demi pacientemente com a sua enquanto seus braços a rodeavam trazendo-a mais para si. 
   
   - O que foi? - Joe riu ao vê-la corada escondendo o rosto em seu peito. Não existia nada naquele momento que fosse capaz de medir a sua felicidade.

   - Nada. - Demi o olhou sorrindo e Joe aproveitou para roubar um selinho.

   - Umm.. Nada. - Joe arqueou as sobrancelhas e sorriu sugestivamente apertando levemente o nariz de Demi enquanto ela ria.

   - Demi? - Era a voz de Dianna. Joe sorriu ao olhar para trás e encontrar a mãe de Demi emocionada adentrar o quarto. - Olá Joseph. - Disse Dianna de cenho franzido ao ver o estado dele. - O que aconteceu com você? - Perguntou se aproximando da cama.

   - Uma longa história. - Dianna apenas assentiu e olhou para Demi sentindo seu coração aquecer por saber que a sua menina estava bem. - Como você está? - Perguntou abraçando a filha.

   - Bem. - Disse olhando para Joe, mas ela logo olhou para Dianna sorrindo. - E voc..ê? - Perguntou com um pouco de dificuldade.

   - Muito bem meu anjo. - Demi assentiu acomodando-se na cama.

   - Eu.. um.. acho que eu tenho que ir em casa trocar de roupa. - Disse Joe envergonhado por estar naquele estado. Só agora que ele se lembrou que o cabelo deveria estar semelhante a uma juba de leão, a barba estava por fazer a dias e dias e ele vestia apenas calças jeans e a box!

   - Você tem que ir? - Perguntou Demi de cenho franzido. A ideia de ficar longe de Joe a perturbava.

   - Tenho bebê. - Disse enquanto se levantava. Droga! O chão estava gelado. - Você pode ficar com a sua mãe enquanto eu vou lá em casa, é rápido, prometo. - Demi fez careta, mas assentiu balançando a cabeça. - Ei! Vai ser rápido. - Joe curvou-se e a beijou na bochecha carinhosamente. - Você quer que eu traga alguma coisa? - Perguntou arrumando os cabelos com os dedos. Tudo que Joe precisava agora era de um bom corte de cabelo e fazer a barba.

   - Umm.. bolo de cho..colate. - Joe arqueou as sobrancelhas e  Demi riu. Não era permitido comer bolo de chocolate, já que ela estava em observação.

   - Vou pensar no seu caso anjo. - Joe sorriu sapeca e curvou-se para dar um último selinho nos lábios de Demi. - Cuide da nossa menina. - Disse a Dianna antes de sair.

   - Ele estava tão preocupado com você. - Disse Dianna arrumando a coberta do hospital no corpo de Demi. - Ontem ele teve que ser sedado.

   - Por que ele es..tava as..sim? - Perguntou de cenho franzido. Demi não entendia o porquê de Joe estar com os cabelos grandes, a barba quase cheia e usando apenas calças jeans.

   - Assim como? - Perguntou Dianna enquanto se sentava na poltrona que ficava ao lado da cama.

   - Cabelo, sem ca..misa - Disse com a voz fraca e Dianna assentiu enlaçando os dedos aos dela.

   - Meu bem, você ficou inconsciente por trinta e um dias, e nesses trinta e um dias o Joe sempre esteve ao seu lado. Ele não trabalhou, não foi para casa, não fez nada além de passar dia e noite sentado nessa poltrona e ir à igreja orar por você. Denise tinha que forçá-lo a se alimentar, trocar de roupa.. - Demi fixou os olhos nos dedos enlaçados aos da mãe enquanto pensava em Joe. Ele tinha feito aquele sacrifício por ela, ele não a abandonou em nenhum momento. Demi sorriu com o pensamento. - Ele te ama muito meu amor. - Demi assentiu com um leve sorriso ainda fitando os dedos juntos aos da mãe, só ai que percebeu que estava sem a sua aliança.

   - Mãe. - Chamou-a fazendo esforço para virar-se. - Eu ten..ho uma co..isa par.. - Demi respirou fundo frustrada por não conseguir concluir a fala. - Uma coisa pa..ra contar. - Disse depois de muito esforço e Dianna sorriu orgulhosa.

   - Conte meu amor. - Disse a encorajando e Demi sorriu balançando a cabeça.

   - Bebê.. - Disse e Dianna franziu o cenho sem entender. - Eu e o Joe va..mos - Demi apertou as pálpebras completamente frustrada por não conseguir concluir a frase.

   - Tente de novo. - Encorajou Dianna beijando a mão de Demi.

   - Eu esto..u gráv..ida. - Demi fechou os olhos enquanto um pequeno sorriso era moldado em seus lábios. Ela nunca levou a sério a ideia de ter outro filho depois de Elizabeth, pois sempre passou a vida trabalhando de cidade em cidade.

   - Grávida? - Perguntou um tanto surpresa e pálida. - Você está grávida? - Tornou a perguntar sem acreditar e Demi assentiu sorrindo. - Quantos meses? - Perguntou e Demi se esforçou para dizer "dois" sem pausas. - Meu Deus! Parabéns. - Dianna a abraçou. Bebês nunca eram demais na família Lovato, Dianna já pensava no rostinho do bebê da filha, se seria um menino ou uma menina. - Você está feliz? Já contou para o Joe? - Demi assentiu balançando a cabeça.

   - Nó..ós estamos muit..o felizes. - Disse ainda sorrindo e Dianna tornou a abraçá-la. Dianna esperava que agora nessa nova etapa da vida de Demi, as coisas realmente mudassem, pois se Demi continuasse na mesma vida, tudo só iria de mal a pior.

   - Eu também estou muito feliz por nosso bebê. - Disse sustentando o olhar de Demi. - Você contou para os seus outros bebês? - Perguntou e Demi sorriu quando Dianna chamou Lizzie e Dan de bebês.

   - Ainda não. - Disse num fio de voz e Dianna assentiu. - Eu que..ro tomar ba..nho. - Demi se lembrou que Joe chegaria a qualquer momento, e que ela ainda não tinha se olhado no espelho e não tinha tomado banho...

   - Nós podemos chamar a sua enfermeira. - Dianna a repreendeu com o olhar quando Demi fez careta. - Demi, a enfermeira vai ajudar, eu não posso dar banho em você sozinha, não é permitido. - Demi franziu o cenho e fez bico como uma criança emburrada. Aliás, não era nada interessante precisar das pessoas até mesmo para tomar um simples banho. Se as suas pernas e braços a obedecessem e cumprissem as tarefas dadas por ela.. mas não, eles tinham que travar no começo do serviço!

(...)

Perfume leve, cabelos perfeitamente cortados e a barba estava feita do jeito que ela gostava. O suéter verde escuro estava bem moldado ao tronco masculino, as calças jeans claras perfeitamente encaixadas na cintura e os tênis eram brancos. Joe tinha uma cesta no braço direito. Caminhava graciosamente sendo a alegria das meninas que estavam por onde ele passava. Ah! Ele estava tão feliz por Deus ter atendido o pedido dele, que os seus pensamentos eram só agradecimentos. Sem citar o bebê! Foi simplesmente uma notícia maravilhosa! E ele não se sentia diferente, estava feliz por Demi ter acordado e feliz por saber que eles teriam outro bebê!

   - Sr. Jonas? - Joe parou para cumprimentar William com um aperto de mão e as meninas suspiraram sem tirar os olhos dele. - Podemos conversar? É rápido. - Perguntou William impressionado com a repentina mudança de Joe. Ontem ele era um homem que tinha apenas esperança nos olhos, e não parecia se importar se estava ou não semelhante a um leão peludo. Hoje, Joe parecia aliviado e a felicidade dele era contagiante.

   - Claro. - Disse Joe suavemente seguindo William para o consultório.

   - Sente-se, por favor. - Ambos acomodaram-se nas respectivas poltronas e William ofereceu chá a Joe, mas o mesmo negou agradecendo. - Devo dizer que eu estou muito feliz pelo senhor e a sua esposa. - Disse e Joe agradeceu sorrindo. - Bem, Demi deverá permanecer no hospital pelos próximos três dias em observação, e como eu disse ao senhor, ela terá que procurar um profissional para a fisioterapia. - Joe assentiu. - Demi teve uma temporária perda de memória, ela não se lembra dos acontecimentos do último mês antes do coma. - Joe comprimiu a boca em uma linha ligando uma coisa na outra.. Por isso que ela estava sendo tão carinhosa com ele, ela não se lembrava de que eles estavam brigados! - A memória deverá voltar aos poucos. - Disse William e Joe assentiu aliviado. Preferia estar brigado com Demi ao vê-la com algum problema de saúde. - E quanto ao bebê, meus parabéns. - Joe sorriu bobo ao se lembrar do seu pequenino bebê ainda na barriga da mãe. Era simplesmente maravilhosa aquela sensação de ser pai mais uma vez. - Eu não contei antes porque a situação era delicada. - Joe franziu o cenho enquanto William bebericava o chá.

   - Delicada? - Perguntou preocupado.

   - Sim, delicada. Descobri que Demi estava grávida na primeira rodada de exames realizada assim que ela chegou ao hospital, mas decidi que não deveria contar a você que a sua esposa estava grávida. - Joe franziu o cenho completamente confuso. - Nós temos um prazo Sr. Jonas, um prazo de um mês para que o nosso paciente acorde. Demi estava em coma e grávida, caso ela não acordasse pelos próximos oito meses, caberia apenas ao senhor escolher entre a vida dela e a do bebê. - Joe estava boquiaberto com o que acabara de ouvir. Decidir entre o bebê e Demi? Ele jamais poderia escolher entre a mulher que ele mais amava no mundo e o seu bebê. - Deixe-me explicar, Demi não resistiria ao parto inconsciente, e o bebê provavelmente teria alguma sequela. E se a gravidez fosse interrompida, ela teria mais chances de sobreviver. Por favor, não me interprete mal, eu não queria causar mais dor a família. - Joe preferiu ficar em silêncio por alguns segundos, era a mulher e o bebê dele!

   - Eu.. Eu entendo. - Disse finalmente. Seria pior passar por tudo que ele tinha passado sabendo que no final teria que escolher entre Demi e o bebê, caso Demi não acordasse, mas Deus tinha sido bom demais e Joe não precisaria escolher entre os dois. - Realmente entendo. - Disse quando as coisas ficaram mais claras em sua cabeça.

   - Graças a Deus que tudo deu certo. - Disse William repousando a xícara sobre a mesa.

   - Graças a ele. - Concordou Joe. - Bem, eu tenho que ir. Mais uma vez, obrigado. - Disse estendendo a mão para que William a apertasse. - Eu e a minha família somos eternamente gratos. - William esboçou um pequeno sorriso e apertou a mão de Joe.

   - Não me agradeça. - Joe não entendeu o que William quis dizer, apenas assentiu afobado para ir atrás de Demi, e foi o que ele fez.

(...)

   - Quietinha.. - Joe sorriu ao espiá-las pela brechinha da porta. Demi estava deitada-sentada na cama e Elizabeth e Miley penteavam os seus cabelos cuidadosamente enquanto Dianna arrumava a coberta no corpo dela.

  - Ei! - Joe atrapalhou-se completamente sem graça ao ser flagrado por Selena que acabara de abrir a porta do quarto. - Não tem vergonha de nos espiar, Jonas? - Joe corou bruscamente e olhou para os lados tentando disfarçar enquanto as meninas riam.

   - Eu acabei de chegar. - Pronunciou olhando rapidamente para Demi que o olhava sorrindo. Será que ele fazia ideia de que estava completamente lindo e sexy vestido com aquele suéter verde?

   - Sei.. - Selena arqueou as sobrancelhas e Joe corou mais ainda.

   - Dei..xe-o Sel. - Disse Demi ainda com aquela expressão divertida no rosto.

   - Humm.. Está na hora de irmos para casa Lizzie, o que você acha? - Disse Miley juntando os cabelos de Demi para prendê-los com um elástico cor de rosa deixando-os caídos de lado.

   - Eu queria ficar mais um pouquinho. - Murmurou a menina olhando para a tia, que apenas arqueou as sobrancelhas apontando "discretamente" para Demi e logo para Joe. - Ah! Eu estou morrendo de sono. - Lizzie fingiu bocejar e Demi a olhou de cenho franzido. - Estou com sono. - Disse e Demi assentiu sabendo que era mentira.

   - Então? Vamos? - Perguntou Miley longe de ser discreta olhando de Demi para Joe.

   - Eu vou passar a noite na casa da tia Miley. - Disse Lizzie abraçando Demi. - Eu vou sentir muitas saudades, mas quero que você e o papai se divirtam um pouco essa noite. - Sussurrou e logo a olhou sorrindo. - Eu amo muito você. - Demi sorriu de orelha a orelha e recebeu outro abraço da filha.

   - Eu tam..bém te amo. - Disse a olhando nos olhos e Lizzie assentiu beijando a bochecha da mãe carinhosamente.

  - Cuida da mamãe essa noite bonitão. - Lizzie envolveu os braços em Joe o abraçando com força e o mesmo riu assentindo.

  - Dê um abraço em Eric por mim, e juízo mocinha. - Joe franziu o cenho ao ver Miley e Selena levarem a sua Lizzie. - Ela é apenas uma menina! - Disse da porta do quarto ainda de cenho franzido.

   - Elas não vão fazer nada demais. - Disse Dianna apoiando a mão no ombro de Joe. - Eu acho.. - Joseph a olhou boquiaberto e Demi riu os observando. Ele ficava a coisa mais fofa quando estava preocupado. - Está tarde, eu tenho que ir para casa. - Dianna aproximou-se da cama e sentou-se na beirada da mesma; - Amanhã eu volto, tudo bem? - Disse a Demi. - Cuide dela e do bebê Joe, eu vou ligar mais tarde. - Dianna abraçou Demi sentindo o coração acelerar porque ela teria que deixar a sua menina.

   - Eu te amo m..ãe. - Disse Demi a olhando nos olhos e Dianna tornou a abraçá-la. - Mande u..um abra..ço pa..ra - Demi fechou os olhos e respirou fundo, ela conseguiria. - o papai e a Anne. - Disse calmamente e Dianna sorriu.

   - Também te amo anjo, até amanhã. - Dianna checou se estava tudo em perfeita ordem e despediu-se de Joe antes de deixar o quarto relutante.

   - Oi. - Joe repousou a cesta sobre o braço da poltrona e sentou-se na beirada da cama. - Você está linda princesa. - Disse fazendo Demi corar.

  - Vo..cê também. - O rubor só fez aumentar mais nas bochechas de Demi enquanto ela o estudava com os olhos. Os cabelos dele estavam curtos nas laterais da cabeça e na parte de cima estavam um pouco maiores e arrepiados ainda úmidos. A barba era apenas uma sombra castanha que arranharia o seu rosto caso Joe a beijasse como ela tanto queria; o suéter verde combinava perfeitamente com os traços esverdeados dos olhos cor de mel, e lhe caia bem nos ombros largos e se encaixa bem no tronco forte. Demi queria tatear aqueles ombros e segurar os bíceps e todos aqueles "íceps" na palma de sua mão como ela sempre fazia.

   - Eu gosto do seu cabelo. - Joe aproximou-se concentrado em acariciar o rosto de Demi com as mãos enquanto seus olhos ora fitava os de Demi ora os lábios dela, aproximou-se mais um pouco e enterrou as mãos nos cabelos carinhosamente acariciando o couro cabeludo com as pontas dos dedos. Demi o surpreendeu tomando partida encostando as testas e roçando os lábios aos dele repetidas vezes, o que fez com que ambos sorrissem. - Eu tenho uma coisa para você. - Joe curvou-se para abrir a cesta, mas antes de fazê-lo ele alcançou os lábios de Demi com os seus e a beijou mais uma vez antes de finalmente abrir a cesta.

   - Joseph! - Demi riu ao ver Joe cheio de pose segurando uma pequena bandeja onde tinha um belo bolo de chocolate e uma jarra com suco.

  -  Surpresa! - Ele disse todo animado e Demi riu.

  - Amor, não pre..precisa. - Joe arqueou as sobrancelhas e tornou a mostrar o bolo para Demi. Ele estava tão feliz por ela o chamar de amor. 

  - Aposto que está uma delícia. - Demi mordeu o lábio inferior fitando o bolo. Parecia realmente uma delícia.. Que a verdade seja dita, ela estava morrendo de vontade de comer um belo pedaço de bolo de chocolate.. não, um pedaço não, o bolo todo sozinha! Diabos de gravidez! - Um beijinho uma fatia. - Demi riu desviando os olhos do bolo de chocolate e o beijou na boca.

   - Joseph.. bolo. - Murmurou de cenho franzido ainda nos lábios dele.

   - Umm.. só mais um. - Murmurou juntando os lábios aos dela. - Vou cortar um pedaço bem grandão para o nosso bebê não nascer com cara de bolo de chocolate. - Demi riu em meio a careta. Joe não estava brincando quando disse que cortaria um pedaço "grandão".

   - Você vai me ajudar. - Disse sem conseguir desviar os olhos da fatia.

   - Vou pensar.. - Disse piscando para Demi enquanto cortava a fatia com o garfo. - Olha o aviãozinho bebê. Zumm.. Zum.. Zumm.. - Deus! Até barulho de avião Joe fazia. Era tão engraçado o jeito que ele guiava o garfo para a boca de Demi o balançando e vez ou outra fazendo Demi bater os dentes.

   - Ei! - Era impossível não rir, mas dessa vez Demi franziu o cenho fingindo estar emburrada quando ele levou o garfo para a própria boca.

   - Está uma delícia. - Disse a pirraçando e logo rindo do quão frustrada Demi estava. - Ah! - Disse abrindo a boca e Demi revirou os olhos, mas fez como ele. - Vamos! Mais duas garfadas para acabar! - Demi franziu o cenho incrédula, ela estava completamente cheia.

Quando era mais tarde, Joe tinha um fone e Demi o outro, a cabeça estava deitada no ombro dela e Dust in the wind do Kansas acabara de começar a tocar, deveriam estar daquele jeito há quase uma hora e meia, trocaram beijos e jogaram flappy bird, claro que se beijaram muito mais que jogaram, mas era divertido jogar, porque mesmo Demi precisando de ajuda para segurar o telefone e tendo certa dificuldade no começo do jogo, ela sempre conseguia bater o recorde de Joe o deixando boquiaberto.

   - Ah! Eu desisto. - Disse suspirando frustrado.

   - Eu deixo você gan..nhar. - Joe balançou a cabeça negativamente e a ergueu esperando por um beijo. - Você está mu..muito carente. - Demi esboçou um pequeno sorriso e beijou os lábios dele castamente.

   - Saudades. - Sussurrou prendendo o lábio inferior de Demi com os dentes. - Eu amo muito você Dem, muito. - Joe perdeu o fôlego ao fitar os olhos dela. Pensar que até o dia passado ele vivia apenas pela fé que ela ficaria bem. E agora ela estava ali com ele. Agradecer a Deus todos os dias nunca seria suficiente. - Você não faz ideia do medo que eu tive de te perder. - Sussurrou deixando uma lágrima rolar pelo rosto e Demi, mesmo com muita dificuldade, escalou o braço dele com a mão até que ela conseguiu enxugar aquela lágrima solitária.

   - Não chora. - Pediu, mas ela também estava prestes a desabar em lágrimas por vê-lo chorar. - Você não vai m..me perder, amor. - Demi levou a mão para a nuca de Joe para acariciar os cabelos curtos dele enquanto lhe beijava a boca com todo o amor. - Não chora, p..por favor. - Joe respirou fundo e limpou as lágrimas com as mãos.

   - Eu vou me controlar. - Disse forçando um sorriso.

   - Joe.. - Demi olhou para a mão esquerda de Joe e lembrou-se da sua aliança. - Minha aliança? - Perguntou olhando para a sua mão esquerda.

   - Oh desculpe, eu me esqueci. - Disse se levantando. - Acho que você não poderia ficar com aliança, algo assim. - Joe finalmente achou a aliança dourada cheia de pedrinhas de brilhantes no bolso e sentou-se para colocá-lo no devido lugar. - Meu anjo. - Joe selou o dedo anelar de Demi e sorriu ao olhá-la. - Demi, eu queria ler uma coisa para você. - Disse curvando-se para buscar na cesta a bíblia. - Nesse tempo que você estava.. estava em coma. - Disse de cenho franzido. - Eu fui à igreja orar por você. - Demi assentiu sorrindo orgulhosa. - Eu aprendi tantas coisas. - Joe retribuiu o sorriso de Demi e procurou pelo primeiro livro de Coríntios como Denise o ensinou. - "Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine." - Começou a ler pacientemente. - "E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria." Dem? Está com sono? - Perguntou ao vê-la de olhos fechados.

   - Con..ntinue amor. - Sussurrou adorando escutar a voz dele naquelas palavras tão bonitas.

   - "E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria. O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece. Não se porta com indecência, não busca os seus interesses.." - Joe virou a folha para ler o resto do versículo com os olhos sobre Demi. - ..não se irrita, não suspeita mal;" Está dormindo? - Perguntou um pouco aflito ao vê-la quieta demais.. lembrava-o de quando ela estava em coma.

   - Eu n..não estou do..rmindo, amor. - Demi sorriu ainda de olhos fechados e sentiu um beijinho carinhoso em seus lábios.

   - "Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade;Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor nunca falha; mas havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá; Porque, em parte, conhecemos, e em parte profetizamos; Mas, quando vier o que é perfeito, então o que o é em parte será aniquilado." - Joe levantou os olhos da bíblia para olhá-la e suspirar completamente feliz. Às vezes ele pensava que era um sonho, mas ela estava lá com ele. - "Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino.Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido. Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três, mas o maior destes é o amor.". - Joe repousou a bíblia no braço da poltrona e cobriu Demi com a coberta, agachou-se ao lado da cama e conversou com Deus durante alguns minutos.

   - Joe. - Chamou-o tão manhosa e Joe esboçou um sorriso. - Deita aqui comigo. - Pediu olhando na direção dele.

   - Eu estou bem aqui. - Disse acomodando a pequena bandeja, a jarra e a bíblia na cesta. - Não se preocupe, eu estou acostumado a dormir nessa poltrona. - Demi franziu o cenho e esforçou-se para puxar a coberta mostrando o lugar vazio na cama.

   - Deita comi..go amor. - Pediu o olhando com os olhos brilhando e Joe assentiu derrotado. - Me abraça. - Joe ajeitou-se ao lado de Demi e passou o braço esquerdo um pouco abaixo da região dos seios dela a abraçando da única forma que podia. - Boa noite. - Disse num último sussurro adormecendo.

   - Boa noite bebê. - Joe deu um beijo no ombro de Demi e encaixou o rosto no mesmo. Logo ele estava dormindo serenamente com a mulher que ele tanto amava nos braços.

Continua... Amém! Amém! Amém e amém! Graças a Deus ela acordou, viu? Eu não trollei vocês à toa, temos sete mil palavras e muito jemi, espero que vocês gostem, porque até eu gostei. Beijos, obrigada pelos comentários, comentem mais e um SUPER FELIZ ANO NOVO CHEIO DE MUITA SAÚDE, PAZ E AMOR, QUE DEUS AS PROTEJA SEMPRE!

ps. Desculpem algum erro, eu sou muito um pouco desatenta ><

28.12.14

Capítulo 41 - Parte 2/2

   - Mãe? - Daniel olhou das mãos enlaçadas aos olhos de Demi completamente assustado. - Mãe! Você acordou? Mãe! Eu estou aqui! - Disse exasperado. - Ela acordou, ela acordou! - Gritou quando o Dr. Callahan adentrou a sala completamente distraído.

   - Meu Deus! - O homem mais velho correu até a cama para verificar se Demi realmente tinha acordado e depois voltou à porta. - Preciso de enfermeiros! - Gritou da porta do quarto e voltou para ver Demi.

   - Mãe? Mãe? Mãe? - Daniel a chamava esperançosamente derramando algumas lágrimas. - O que vocês estão fazendo? - Gritou enquanto ele era puxado para fora do quarto por dois enfermeiros enquanto quatro destes se juntavam ao Dr. Callahan aos arredores da cama.

   - Respire fundo. - Disse o rapaz mais moreno. - Você não pode ficar no quarto agora, nossa equipe está verificando o que há com a paciente. - Daniel arregalou os olhos e tentou correr até a porta do quarto, mas antes que sequer pudesse sair do lugar, os enfermeiros o segurou.

   - Ela é a minha mãe! - Gritou de cenho franzido tentando se soltar.

   - Por favor, mantenha a calma. - Pediu novamente o rapaz sentindo-se tão embaraçado.

   - O que está acontecendo? - Perguntou Joseph aproximando-se confuso ao ver o filho preso por dois rapazes de branco.

   - A mamãe, pai! - Disse o rapaz. - Ela.. ela acordou. - Disse exasperado.

   - Acordou? - Joe quase caiu para trás, estava boquiaberto e com o coração a mil. Céus! Ele tinha esperado tanto por aquele momento. - Ela acordou? - Perguntou esboçando um pequeno sorriso.

   - Sr. Por favor, nós ainda não sabemos o estado da paciente. - Disse o enfermeiro soltando Daniel. - Nossa equipe está no quarto com o Dr. Callahan. - Joe não deixou de sorrir feliz agradecendo a Deus por os seus dias de sofrimento acabar. Tinha sido horrível ficar sem Demi, vê-la entravada em uma cama inconsciente, mas agora ela estava de volta e ele poderia fazê-la feliz, ser feliz.

   - A mamãe acordou, ela apertou a minha mão. - Disse Daniel ao ver Elizabeth aproximar junto com Nick.

   - Ai meu Deus! - Lizzie levou a mão aos lábios e abraçou o irmão com força. - Você está brincando? Por favor, diga que é verdade. - Daniel assentiu a olhando e eles voltaram a se abraçar.

   - Sim Lizzie! - Disse o garoto esboçando um pequeno sorriso enquanto praticamente esmagava a irmã nos braços. Nick sorriu ao ver o quão bobo Joe estava, ele mais que ninguém sabia como o irmão tinha clamado pela esposa.

   - Por favor, esperem na sala de espera. - Disse o enfermeiro educadamente já que não era permitido tumulto nos corredores do hospital.

A única coisa a fazer era esperar, Joe compreendia bem isso e levou os filhos para a sala de espera. Daniel parecia ansioso, e Elizabeth não estava muito diferente. Ora! Não era para menos! Todos sentiam a falta de Demi e não viam a hora dela estar entre eles novamente para equilibrar aquela família.

   - Sr. Jonas. - Quase pulando da cadeira ao ouvir a voz de William, Joe olhou para a direção onde ele estava e só pelas feições do médico percebeu que o assunto era muito sério.

   - Papai já volta. - Sussurrou para Daniel e Elizabeth e olhou para Nick num pedido silencioso para que ele cuidasse das crianças. Joe seguiu William até a sala do mesmo em completo silêncio, o que estava o matando por dentro.

   - Por favor, sente-se. - Disse o homem mais velho sério.

   - Está tudo bem com a Dem? - Perguntou preocupado enquanto se sentava na cadeira acolchoada em frente à cadeira de William.

   - Sr. Jonas, o estado da sua esposa é o mesmo. - Foi como se lhe jogassem um belo balde de água fria. Nunca em todos os seus trinta e nove anos, Joe se sentiu tão frustrado. - Eu sinto muito. - Disse William ao ver o quão abatido Joe estava. - É normal que pacientes em coma apertem a mão, pisquem os olhos e até em alguns casos, alguns choram. - Joe assentiu calado. Como iria explicar aquilo para Elizabeth e Daniel.

   - Mas.. Mas isso não quer dizer nada? - Perguntou.

   - Uma pequena oscilação da atividade cerebral, mas o quadro ainda é o mesmo. - O mesmo. Aquilo significava que eles estavam na estaca zero. Quando diabos aquilo iria acabar? - É importante salientarmos que o coma é um mistério até para nós médicos Sr. Jonas. Nós não devemos perder é a fé. - Joe assentiu cerrando o punho em uma promessa que jamais desistiria de ajoelhar-se e pedir por Demi. - Demi precisa muito do apoio da família para sair desse mundo perdido. Vocês podem influenciá-la contando a ela sobre o dia de vocês, de como sentem a sua falta, elogiá-la ou qualquer outro assunto que a faça sentir-se confortável. Há provas que pacientes em coma podem ouvir e sentir tudo o que acontece a sua volta. No Brasil, um homem foi atropelado e ficou em coma por cinco anos, segundo médicos, os batimentos cardíacos aceleravam quando os familiares conversavam com ele. - Joe conversava com Demi todos os dias, dizia que a amava e que sentia muita a sua falta, mas talvez ele só tenha se lamentado todo esse tempo, quem sabe conversar com ela sobre assuntos que a interessaria não ajudasse.

   - Eu tenho fé que ela vai ficar bem. - Disse com todas as suas forças. - Eu só estou preocupado com os meus filhos. A cada dia eles parecem mais desolados, eu não sei o que fazer para ajudar. Elizabeth está prestes a entrar em depressão e Daniel fica calado o tempo todo. - William comprimiu a boca em uma linha pensando em Marissa.. Era hora de chamá-la.

   - Por mais que eles tenham a noção do estado da mãe, Elizabeth e Daniel ainda são jovens demais para entender determinadas situações. Nós oferecemos ajuda psicológica para a família dos nossos pacientes. - Joe franziu o cenho só de pensar em consultar com um psicólogo. - É completamente normal que os familiares dos pacientes entrem em estado de desespero ou até mesmo pânico. No caso de Daniel e Elizabeth, eles parecem desesperados de medo só de pensar na possibilidade de perder a mãe. - Se fosse apenas Daniel e Elizabeth.. Joe sentiu um aperto no peito só de pensar em perdê-la.. - A nossa psicóloga poderá ajudá-los a enfrentar essa situação com mais segurança. - Pelo bem deles Joe faria tudo. - A psicologia é a ciência que estuda o comportamento e os processos mentais dos indivíduos. Não há nada a temer, o psicólogo só ajudará os seus filhos. - Disse William ao perceber que Joe estava receoso com a conversa sobre o psicólogo. - Daniel e Elizabeth precisam entender o que está acontecendo com eles mesmos. Eles estão presos no coma da mãe, estão perdidos e agora vocês precisam reunir pensamentos e forças positivas para ajudar Demi a sair do coma. - William tinha razão. Joe via Lizzie cada vez mais depressiva e Daniel mais distante. Só traria mais problemas a família, e a eles mesmos. E no momento eles tinham que unir as forças e pedir por Demi.

   - Tudo bem.. - Disse derrotado.

   - Não se preocupe, os seus filhos estão em boas mãos. - Joe assentiu enquanto se levantava para dar a notícia que Demi não tinha acordado. - Bem, considere o aperto de mão da sua esposa uma pequena evolução. - Joe o olhou e assentiu. Uma parte de si comemorou alegremente, já a outra permaneceu desanimada, mas Joe sabia que era um sinal de Deus. - Tenha fé Sr. Jonas. - William apertou a mão de Joe e pediu licença antes de sair à procura de Marissa. Ele tinha certeza que ela ajudaria a família de Demi..

   - Tudo bem.. Confie em Deus. – Sussurrou Joe para si mesmo enquanto caminhava para a sala de visitas. Por Deus! Ele estava tão nervoso. Como contaria que Demi ainda estava em coma? Chegando a sala de visitas, Joe recebeu olhares esperançosos sobre si, comprimiu a boca em uma linha e respirou fundo enquanto se aproximava.

   - Você está pálido. – Comentou Lizzie sem tirar os olhos do pai. Joe coçou os cabelos da nuca e sentou-se entre Daniel e a menina.

   - Bem.. É.. – Começou a dizer gaguejando. Joe umedeceu os lábios e fitou os olhos esperançosos dos filhos. – O quadro ainda é o mesmo. – Os suspiros foram tão frustrados, a esperança brilhando nos olhos sumiu e os ombros caíram em derrota. – Nós não podemos perder a fé.. Segundo William, é normal que pacientes em coma apertem a mão dos seus familiares, pisquem ou até mesmo chorem. – Disse ao se lembrar da explicação do médico. – Foi uma pequena oscilação na atividade cerebral, isso é bom. – Disse na esperança de animá-los, mas tudo que conseguiu foram suspiros tão frustrados e impacientes.

   - Joseph. – Disse Nick se aproximando junto de Miley. – Está tudo bem? – Perguntou ao ver o quão pálido e frustrado o irmão estava.

   - Sim Nick. No mesmo. – Limitou-se a dizer e Nick também suspirou frustrado assim como Miley.

   - Dianna e Eddie estão a caminho. – Comentou Miley. Daniel e Elizabeth tinham ligado para toda a família contando que a mãe tinha acordado..

   - Tudo bem.. – Disse Joe tampando o rosto com as mãos. – Nós não podemos perder a fé, Demi vai ficar bem. – Fé era o que Joe mais tinha e o que ele jamais perderia naquele momento.

   - Nós vamos à cantina. – Avisou Daniel enquanto se levantava. Joe assentiu apertando a mão do garoto e sorrindo o encorajando.

   - Nós temos que ir para casa, tudo bem? Bryan está sozinho. - Disse Nick.

   - Tudo bem. – Não aguentando ver como Joe estava frustrado, Miley o puxou para um abraço apertado. Estava tão triste por Demi, por Joe e as crianças. Demi era como uma irmã, e doía tanto vê-la deitada entre a vida e a morte numa cama sem qualquer reação.

   - Tudo vai ficar bem, ok? – Disse Miley o olhando nos olhos e Joe assentiu e a abraçou de novo. – Vamos Nick? – Joe mostrou um pequeno sorriso para a cunhada quando ela desfez o abraço e juntou-se ao marido.

   - Ah! Eu quase ia me esquecendo. – Disse Joe adentrando o bolso das calças com a mão. – É linda. – Disse ao entregar o papel dobrado que Nick lhe entregara há semanas atrás.

   - Espero que você tenha entendido. – Joe assentiu e despediu-se de Nick e Miley com um breve abraço.

   - Dê um beijo nas crianças por mim! – Disse Miley ao se lembrar de que os sobrinhos estavam na cantina. – Eu estou tão preocupada com eles, Nick. – Comentou enquanto eles caminhavam para o estacionamento do hospital.

   - Eu também estou anjo. – Nick olhou para os olhos azuis da esposa e balançou a cabeça negativamente.. Ele conhecia aquele olhar. – O que você está aprontando? – Perguntou e Miley fez careta.

   - Bem, eu não queria tocar no assunto.. – Disse e Nick arqueou as sobrancelhas enquanto abria a porta do carro para Miley. – O que é isto que o Joe te entregou? – Porque todas as mulheres do mundo tinham que ser tão curiosas? E por que Miley tinha que ser a mais curiosa de todas elas?

   - Nada demais. – Disse aguardando o papel no bolso das calças.

   - Amor! – Nick apontou o dedo indicador para Miley e o moveu à esquerda e à direita negando. – Nicholas! Deixe-me ver! – Ronronou Miley fazendo biquinho e Nick arqueou as sobrancelhas. – Não seja malvado amor. – Pediu beijando o maxilar de Nick, que apenas assentiu derrotado.

   - Por Deus! Até quando você vai ser tão curiosa? – Disse enquanto buscava o papel no bolso.

   - Umm.. Eu te amo. – Miley roubou um selinho de Nick e em questão de segundos estava concentrada no que estava escrito no papel.

   - É a letra de uma música, está incompleta. – Disse Nick ligando o carro.

   - Não está. – Nick franziu o cenho e tornou a afirmar que a música estava incompleta.

   - Está sim. – Teimou Miley e Nick revirou os olhos. – Introdução, versos, refrão, versos, versos, refrão, versos. – Disse de sobrancelhas arqueadas.

   - Deixe-me ver. – Nick encostou no acostamento da rua e acendeu a luz do interior do carro. – O Joe completou a música. – Disse surpreso ao reconhecer a letra do irmão.

   - Está perfeito, a Demi tem que gravar essa música Nicholas! – Nick assentiu enquanto lia a letra miúda e bem curvada de Joe nos versos:

 “In case you don’t find what you’re looking for.. In case you’re missing what you had before.. In case you change your mind, I’ll be waiting in here.. In case you just want to come home”

 “In case I looking in that mirror, one day... And miss your arms, how they wrapped around my waste... I say that you can love me again.. Even if it isn’t the case... Oh, you don’t find what you’re looking for... Oh, I’m missing my love”.

   - Sim anjo, está perfeito. – Nick estava impressionado como os versos se encaixavam e mostram como Joe e Demi se sentiam no meio daquela bagunça que estavam vivendo.

   - É, esses dois foram feitos um para o outro. – Nick dobrou o papel e o guardou no bolso das calças.

   - Assim como você foi feita para mim. – Miley sorriu tímida e selou os lábios aos de Nick com todo o amor que tinha.

(...)

Já era fim de tarde em Los Angeles e o sol começava a pôr-se manchando o céu de laranja. Da janela do consultório, Willian observava como a natureza era bela. Não podia negar que estava preocupado e que não conseguia parar de pensar na situação de Demi Lovato e na dos filhos da mesma. Demi apertar a mão de Daniel era um pequeno avanço, mas como não tinha mudanças significativas na atividade cerebral, então eles não poderiam considerar uma mudança no quadro. William queria tanto que Demi melhorasse, mas nada podia ser feito. Mal podia sedá-la por conta do bebê, pois provavelmente ele não resistiria e morreria no útero da mãe. A única opção era esperar. Tinha uma semana pela frente para esperar Demi acordar, e caso ela não acordasse, ele poderia contar para os familiares que ela estava grávida. A situação só iria piorar, pois Demi e o bebê corriam risco de vida e caberia apenas a Joseph decidir quem sobreviveria. Se Demi não acordasse nos próximos nove meses ela morreria no parto, e o bebê poderia sobreviver com altos índices de nascer com alguma sequela. E se a gestação fosse interrompida, Demi poderia sobreviver. Deus! Ela tinha uma semana para acordar e William pedia a Deus todos os dias que ela acordasse. Devia isso a Demi. Passara por muita coisa na vida, não queria que Joe sentisse a mesma dor que ele sentiu quando a mãe de Marissa morreu no parto.. E não era justo com uma mulher como Demi.

   - O senhor devia ver na praia, é bem mais bonito sabia? - William se virou e abriu seu melhor sorriso ao ver Marissa escorada na armadura que sustentava a porta.

   - Sabia, já estive lá, quero saber é quando nós dois vamos tirar uma folga mocinha. - Levantando-se, ele foi até a filha e a abraçou calorosamente.

   - Logo, eu prometo. Estava com saudades. - William sorriu para a menina e a beijou na testa.

   - Eu também querida. - Disse dando a volta na mesa para sentar-se na cadeira onde estava sentado antes.

   - Vim assim que recebi seu recado, o que houve? - Disse Marissa acomodada na cadeira que ficava em frente a do pai.

   - Você não viu os noticiários esta semana? - Perguntou curioso. A antiga Marissa não estaria tão calma caso soubesse..

   - Pai, eu não tenho tempo para nada, o senhor sabe que meu tempo é escasso, minhas folgas eu passo comendo porcaria e assistindo séries, isso quando estou solteira, claro. - William fez careta e disse:

   - Prefiro nem saber o que você faz quando está namorando. - E Marissa riu.

   - Tudo bem,  não precisamos falar sobre isso. Então, o que aconteceu? Algum acidente coletivo? - Perguntou. Marissa era psicóloga e a única filha de William, e em toda a sua vida tinha sido apenas ela e o pai. 

   - Não, mas está com a mesma repercussão. - William se levantou e se encaminhou até a porta. - Vem comigo um instante? - Marissa assentiu confusa, mas o seguiu caminhando pelos corredores cumprimentando alguns funcionários, até que pararam na entrada do CTI e Willian se virou para a filha que o olhava com curiosidade.

   - Preciso te pedir um favor. - Perguntou.

   - Claro pai, o que é? - Perguntou.

   - Antes de mais nada, por favor, fique calma. - Pediu já com medo da reação da filha.

   - Você está começando a me assustar. - William nada disse, apenas abriu a porta do quarto de Demi logo o adentrando com Marissa o seguindo.

   - O..O que ela está fazendo aqui? - Gaguejou ao ver quem era que estava deitada naquela cama..

   - É uma estória um pouco longa, para resumir, preciso que me ajude, a família está muito abalada, ela tem dois filhos e eles estão desolados. O marido passa noites e dias do lado da cama. Quebrei muitos protocolos por causa disso, ela está no CTI você sabe as regras. - Marissa assentiu de coração partido.

   - Eu imagino como eles devem estar. Então é por isso que está um caos lá fora? Nem prestei atenção, mas jamais pensei que fosse por isso. E quanto aos protocolos, você sabe o que penso deles, então melhor nem comentar. - William apenas assentiu.

   - É, eu sei. Bem, sei que você não trabalha mais aqui, mas pensei que poderia abrir uma exceção dessa vez, essas pessoas precisam de ajuda e eu não sou qualificado para isso. - Se ele estava pedindo, Marissa não iria negar, bem pelo contrário.. Seria ótimo ajudar a família de Demi.

   - Claro que sim pai, é óbvio que vou ajudar, mas preciso que eles venham até mim, não posso obrigá-los. - William sorriu ao se lembrar da conversa com Joe no escritório. Se Marissa soubesse do quão receoso ele estava, ela se recusaria a ajudá-los.

   - Eu sei, eu vou instruir todos a procurar você o mais rápido possível. - Disse William.

   - Tudo bem, vou trazer algumas coisas para cá, minha antiga sala está disponível? - Perguntou Marissa enquanto eles saiam do quarto.

   - Não, tive que ceder para o novo conselheiro, mas você pode usar a minha. - Marissa apenas assentiu fazendo carranca enquanto caminhavam distraidamente pelos corredores do hospital, até que William parou de caminhar ao ver os dois adolescente. Daniel e Elizabeth. Estavam sentados num banquinho no pequeno jardim do hospital. A menina estava com a cabeça deitada no ombro do irmão, e ele a abraçava enquanto olhava por um janelão de vidro a cidade lá fora, já havia escurecido.

   - São eles? - Marissa reconhecia o garoto. Céus! Como aquele bebezinho de olhos verdes que sempre invadia o show da mãe correndo para os seus braços tinha crescido.

   - Sim. Daniel e Elizabeth. Ela estava tão desesperada quando chegou, ela e o namorado a encontraram, vieram às pressas para cá - Willian deu um longo suspiro ao se lembrar de como Lizzie chorava, ficara com o coração partido.

   - São apenas crianças, devem estar sofrendo muito. - Quando Lizzie ergueu-se para sussurrar alguma coisa no ouvido do irmão, Marissa pode ver os olhos vermelhos e as lágrimas rolarem pelo rosto da menina. Ela era tão idêntica a mãe..

   - Eles precisam muito da sua ajuda filha. - William levou a mão ao ombro da filha e quando a olhou percebeu que ela estava a um passo de derramar lágrimas também.

   - Eu vou fazer o que puder pai, obrigada por confiar em mim. - Disse Marissa ainda observando Elizabeth.

   - Eu sempre confiei em você querida, não colocaria outra pessoa nisso, ainda mais se tratando de alguém como ela. - Finalmente desviando os olhos da filha de Demi, Marissa assentiu balançando a cabeça.

   - Eu vou indo. Amanhã pela manhã estarei aqui, e podemos começar, sim? - William assentiu um pouco animado. Como médico, ele não podia interferir nos assuntos da família, mas tinha o feito porque era a única forma dele agradecê-la por tudo..

   - Tudo bem, vá para casa e descanse, os próximos dias serão complicados. - Disse carinhosamente para a filha.

   - Não se preocupe, eu sei me cuidar Dr. Callahan. - William sorriu e Marissa sorriu de volta. Céus! Ele tinha tanto orgulho da sua menina.

   - Eu sei que sabe Dra. Callahan. - Eles se despediram com um abraço carinhoso e ela foi em direção ao elevador, enquanto ele ainda observava os dois adolescentes. William realmente esperava que Marissa pudesse ajudá-los a enfrentar tudo o que estava acontecendo.

Continua... Oiiii! Não me matem, ok? Quem sabe ela acorde.. Quem sabe ela não acorde.. hehehehe vai saber né? Bem, obrigada pelos comentários, e comentem mais! Beijos ;)
ps. Obrigada Leka!!

Keep, keep bleeding luv ;*