28.4.18

Capítulo 8


Apartamento de Demi, Manhattan – Nova York – 09h30am

Aquilo não iria dar certo. Aliás, não estava dando. Seis mulheres juntas era o suficiente para deixar qualquer pessoa de cabelos em pé simplesmente pelo fato de que o barulho que aquelas criaturas conseguiam fazer juntas era um terror sonoro! Demi era a única que estava de olhos arregalados e se sentia como se estivesse numa selva cheia de macacos barulhentos e inquietos. O apartamento até estava bagunçado e ela não sabia o que fazer porque toda hora recebia uma ordem diferente de Selena ou de Bella, que estavam para enlouquecê-la com a viagem.

   - Demetria, o que você vai vestir para viajar? – Selena estava ligada na tomada, só podia ser. Ela nem mesmo tinha olhado para Demi porque revirava o closet atrás de roupas para colocar na mala, que já era a terceira.

   - Ah.. Eu não sei. – Disse Demi e deu ombros quando recebeu um olhar mortal da amiga e Bella também a olhou como se perguntasse se ela estava falando sério. – Bem, uma camisa confortável e uma jaqueta, jeans e all star parece bom. – Não. Não estava bom, não pela cara de Selena que abriu a boca e negou balançando a cabeça desaprovando a ideia. E no mesmo instante, Demi olhou para trás porque Megan tinha passado correndo com Hannah logo atrás reclamando sem parar de algo que a irmã tinha feito. A única que não aprontava era Amber que estava quieta assistindo televisão.

   - Nós podemos pensar em algo melhor, Dem. – Disse Bella dobrando um vestido de uma forma que a peça ficava tão pequena que Demi franziu o cenho sem entender como aquilo funcionava. Isabella tinha os mesmos gostos de Selena, razão pela qual as duas estavam próximas, a diferença era que Bella tinha paciência e um jeito muito calmo de lhe dar com situações que não a agradava. Já Selena... A primeira coisa que ela fazia era passar um senhor rabo de olho em Demi antes de começar a reclamar.

   - Eu acho que está bom. Eu não vou ficar nenhum uma semana lá, e aqui tem roupas para viver uma vida. – Comentou Demi observando as malas. A terceira mala estava sendo preenchida com peças de roupas dobradas em “rolos” que não ocupavam muito espaço. O fato era: tinha muita roupa e as malas eram tamanho família! Além das próprias roupas, Selena tinha trago muitos vestidos, camisas xadrez e Isabella também o fez trazendo algumas peças. Só de sapato, Demi levava três pares de botas, duas sandálias rasteiras, um sapato de salto por insistência de Selena e para o desagrado da mesma, o all star.

   - Demi! Você entende a gravidade da situação? – Disse Selena dobrando o blazer que Demi tinha ganhado de Dianna para coloca-lo com as outras roupas. A reação de Demi foi franzir o cenho e negar balançando a cabeça, ela realmente não entendia o que Sel estava dizendo. Para ela, a única razão de estar indo ao Texas era exclusivamente para pedir desculpas para Joe e tentar reconquista-lo, e milhares de roupas não a ajudaria. – Você vai conhecer a família do Joe e vai mostrar para aquela prima ridícula dele que você tem o controle da situação e que o Joe é seu. E eu sinto muito, mas vestindo essas camisas de nerd, você será atropelada por uma menina de dezesseis anos, e com razão. Você tem que mostrar que é uma mulher gostosa e decidida, pelo amor de Jesus. E você pode, olha para o tamanho dessa bunda e essas pernas?! Você é um mulherão e eu não vou deixar você estragar tudo, nem morta! – Não era como se ela tivesse opção. E pelo que Demi tinha aprendido nos últimos meses, era que tudo que Sel fazia era para o bem dela. Por isso que estava deixando a amiga tomar frente da situação.

   - Você está péssima. – Era a voz de Megan vindo da sala, e elas só entenderam do que se tratava quando Anna adentrou o quarto de Demi completamente desanimada.

   - Bom dia, garotas. – Anna forçou um sorriso, se sentou a cama e franziu o cenho ao olhar a quantidade de roupas que tinha nas malas e certamente se perguntava o porquê de tudo aquilo, como Demi também fazia.

   - Socorro, Annie. – Murmurou Demi se acomodando ao lado de Anna quando Selena chamou Bella para comentar algo sobre o que elas poderiam colocar mais na mala.

   - Eu não queria estar na sua pele. – Disse Anna olhando brevemente para as malhas. – Isabella adora fazer essas coisas e parece que a Selena também. – Demi assentiu observando a melhor amiga e a irmã conversando. Elas se entendiam e Demi franziu um pouco o cenho sentindo uma pontada de ciúmes, porém ela não sabia se era de Selena com Isabella ou de Bella com Sel. – Como foi na depilação? – A pergunta fez Demi franzir o cenho e parecia que os pelos estavam sendo puxados exatamente naquele mesmo instante.

   - Horrível. – Resmungou Demi. Selena praticamente a obrigou a ir ao salão as sete da manhã! Aquilo não se fazia! Era um pecado acordar antes das sete e ainda ter que estar deitada completamente nua numa mesa de depilação. – Eu estou quase desistindo dessa viagem. – Disse Demi. Estava dando trabalho demais, a paciência estava por um fio e a conversa na madrugada com Laura foi estranha. Tudo que ela sabia era que Joe estava bem e que não respondia as mensagens porque o celular estava com defeito. Tinha algo a mais e que estava a incomodando tanto.

   - Eu sinto muito Dem, as garotas estão te enlouquecendo. – Não era uma pergunta. Demi olhou nos olhos de Anna e sentiu as bochechas corarem.

   - Eu gosto muito delas, mas elas são barulhentas demais. – Murmurou envergonhada e Anna riu concordando.

   - Você não viu nada. – De qualquer forma, não importava. Demi estava feliz demais por ter irmãs e um pai carinhoso e que não tinha receio em demonstrar como a amava.

   - Como foi no hospital? – Demi perguntou se deitando a cama. Anna precisou sair às pressas na noite passada no jantar de noivado de Sel porque havia uma emergência no hospital.

   - Foi cansativo, mas tivemos sucesso. Eu tomei tanto café no decorrer da noite que quando voltei para casa, não consegui dormir. O papai disse que vocês estavam aqui e eu preferi vir para cá ajudar e passar um tempinho com você. – Anna sorriu se deitando a cama e quando viu que Bella estava perto, sorriu de orelha a orelha para a irmã gêmea que se aproximou para beija-la nas bochechas. Demi as olhou juntas e sorriu. Elas eram cúmplices e se protegiam que nem percebiam. Nenhuma delas era próxima como Bella e Anna. – Não seja malvada com a Dem, Bell. – Disse Anna olhando a irmã nos olhos e Bella franziu o cenho e sorriu quando olhou para Demi.

   - Não estou sendo. – As três riram quando flagraram Selena resmungando sozinha. Eram os hormônios, só podia. – E a senhorita, ainda está fugindo do Rick? – O comentário foi o suficiente para deixar Anna desconfortável, ela até desviou o olhar de Bella para fitar o teto do quarto.

   - Eu não estou fugindo dele. – Disse Anna de cenho franzido. – Eu só não entendo como sexo pode ser bom e como vocês adoram isso. É tão estranho, eu acho que não quero fazer de novo. – O comentário foi feito na hora errada. Anna olhou na direção da porta do quarto e lamentou cobrindo o rosto com as mãos. Tudo que ela menos precisava era de Megan e Hannah para literalmente atormentá-la.

   - Anna! – Disse Hannah de cenho franzido. – Nós combinamos que iríamos contar. – Disse a menina chateada e Megan cerrou os olhos balançando a cabeça.

   - Meninas, agora não. – Pediu Bella porque sabia que Anna não era tão paciente como ela, e o assunto com Rick simplesmente a desestabilizava.

   - Nem vem, Isabella. Você está banida por tempo indeterminado do nosso clã. – Disse Megan toda astuta e antes que Bella pudesse se defender, a menina continuou. – Não tem conversa, você escondeu um namoro por um ano! Você é uma traíra e traíras não são bem-vindas. – Isabella revirou os olhos com tanta vontade e Megan revirou os dela para pirraçar. – E você, prodígio do papai? Está indo pelo mesmo caminho que a sua cópia? – Disse a Anna, que respirou fundo para não perder a paciência.

   - Aconteceu ontem, ok? É só isso, não tem nada demais e nem é grande coisa. – A intenção de Anna não era carregar o clima, mas quando ela saiu do quarto para ficar com Amber, ficou claro como ela estava chateada e triste.

Demi suspeitava que o cansaço estava as afetando, até porque o dia passado foi cansativo e acabou que todas foram dormir quase duas da manhã, exceto ela que estava tão preocupada com Joe e ansiosa com a viagem e Anna estava no hospital trabalhando. A conversa com Laura não passou nenhuma segurança e tranquilidade. O despertador as cinco e meia não foi nada agradável e desde então, havia muitas coisas acontecendo ao mesmo tempo como organizar as malas, se preparar psicologicamente para sair do estado e resolver a vida com Joe. O fato de Dianna estar em Nova York também tirava o sono de Demi e a deixava muito nervosa.

Depois do episódio com Anna, o clima ficou um pouco estranho. Megan e Hannah sabiam ser exigentes quando o assunto era manter a amizade e cumplicidade, mas elas também sabiam pedir desculpas. Aos poucos, conseguiriam quebrar o gelo com Anna e a mimaram tanto, que elas conseguiriam arrancar um sorriso feliz da irmã. O lanche também ajudou a acalma-la e acabou que as sete estavam felizes, o que resultou numa selfie cheia de garotas sorridentes.

   - As suas irmãs são incríveis. – Disse Selena. Elas tinham acabado de se despedir das meninas que estavam a caminho de casa já que Demi almoçaria com Dianna.

  - Elas são e eu vou sentir saudade. – Demi envolveu o braço de Sel com o dela, mas acabou que as duas caminharam de mãos dadas até que estavam em frente ao apartamento. – Eu vou sentir saudade de você também. Estou nervosa, Sel. Você acha que estou fazendo certo de ir ao Texas atrás dele? – Perguntou assim que adentrou o apartamento caminhando em direção ao sofá deixando que Selena fechasse a porta já que ela estava morrendo de frio.

   - Ah Dem, o que você quer? – Perguntou Selena se acomodando ao sofá junto a Demi que a abraçou por trás e se aninhou a ela.

   - Quero resolver o meu relacionamento com o Joe, mas eu não estou me sentindo confortável para ir. Ontem foi estranha à conversa com a Laura. – Demi franziu o cenho pensando nas palavras de Laura. Ela explicou que se esqueceu de responder as mensagens porque estava uma correria com a formatura de Rose e das sobrinhas. No início Laura estava até animada, mas quando começou a responder brevemente, Demi sentiu que estava incomodando.

   - Dem. – Selena se virou ficando deitada em frente a Demi. – Como assim foi estranha a conversa com a tia dele? – Perguntou pacientemente guiando a mão para acariciar a bochecha de Demi.

   - Ela estava normal, mas depois ficou estranha. Eu não sei. Sabe quando você tem um mau pressentimento? Eu estou tendo um sobre essa viagem. – Disse olhando nos olhos de Selena que negou balançando a cabeça.

   - Você só está insegura porque vai sair do estado pela primeira vez na sua vida para ir a um lugar completamente diferente do que você conhece e com pessoas que... Dem, você está com medo dos familiares dele. Você sempre fica com medo quando vai conhecer a família de um namorado. Você só precisa relaxar e ser você mesma, não tente agradar ninguém com uma imagem falsa. Nós organizamos tudo para que essa viagem seja perfeita e vai ser, só depende de vocês. – Não explicava o que a incomodava, mas as palavras de Selena serviram para aliviar aquela insegurança que a também perturbava.

   - Eu vou me desculpar por ser uma idiota e vou interagir normalmente com todos. – Disse Demi a Selena como se fosse uma pergunta e Sel assentiu sorrindo.

   - Exatamente isso, meu anjo. Não fica nervosa, não tem motivos. – Melhor de tudo era quando Selena a abraçava e a beijava na testa daquela forma protetora. Demi sorriu feliz e se aninhou a amiga sentindo que ali nos braços dela, nada poderia atingi-la. – Está tudo do jeito que você sempre sonhou, não? – Selena sorriu olhando para Demi que franziu o cenho pensativa. – Você tem seis irmãs divertidas, um pai incrível e que por sinal é muito bonito. Está tudo resolvido com a sua mãe e você tem o Joe, que é o cara mais gentil e fofo desse mundo. – Só depois de pensar nas palavras de Selena que Demi sorriu concordando. A vida estava boa e quase do jeito que ela sempre sonhou.

   - Eu tenho você e um bebezinho para mimar. – Disse toda sorridente levando a mão a barriga da amiga que sorriu gostando de receber o carinho. – Eu não posso reclamar. Eu estou feliz e muito satisfeita com os meus amores. – Foi complicado se livrar da coberta, mas Demi o fez e ergueu o moletom de Selena para que pudesse beija-la ali no volume da barriga que era o bebê. – Nós vamos cuidar muito bem de você. – Disse ao bebê, e quando olhou para Sel, riu porque a amiga sorria e derramava lágrimas.

   - Eu amo você. – Disse Selena. Elas se olharam, sorriram e por alguns minutinhos, ficaram abraçadas debaixo da coberta gostando da sensação maravilhosa que sentiam só quando estavam juntas. – Agora vamos começar a te arrumar, dona Demetria. – Selena nunca daria paz. Demi fez de tudo para tentar ficar deitada descansando com o objetivo de dormir e só acordar quando estivesse perto de ir para o aeroporto, e ela ficaria muito satisfeita de viajar usando o mesmo moletom que estava vestida. Porém Selena fez questão que ela vestisse a roupa que elas separaram mais cedo junto a Isabella.

***

   - Vocês ainda vão cozinhar? – Sel tinha acabado de estacionar o carro em frente ao prédio onde Dianna morava, era por volta de onze da manhã e a maior preocupação de Selena era que Demi se atrasasse para o voo que sairia uma e dez da tarde.

   - Minha mãe já está cuidando de tudo. – Disse Demi olhando para fora do carro. Na noite passada tinha nevado tanto que as ruas estavam carregadas de neve a ponto de criar camadas de gelo grossas em relação ao solo. E com a recente chegada de dezembro, só ficaria pior.

   - Eu não sabia que a sua mãe cozinhava. – Disse Selena arrumando a touca a cabeça e olhando brevemente para Demi. – Você nunca comentou nada. – Explicou-se e Demi assentiu.

   - Então... Quando eu morava com ela, ela não sabia cozinhar. Hoje mais cedo ela disse que iria adiantar o almoço para não atrasar a viagem. – Selena apenas assentiu porque ela não gostava de opinar quando o assunto era Dianna. – Você não vai entrar para cumprimenta-la? – Perguntou Demi tirando o cinto de segurança.

   - Dem... A sua mãe não gosta muita de mim. – Murmurou Sel tão desconfortável que Demi respirou fundo. Era difícil tentar convencer Sel que Dianna tinha mudado.

   - Eu sei que ela foi muito idiota com você, mas tenta dar uma chance para ela. – Selena murmurou um palavrão baixinho e Demi sorriu de orelha a orelha. Sempre quando ela olhava para a amiga com cara de cachorrinho carente, acabava funcionando e Selena fazia o que ela queria.

   - Que droga, Demetria. Se ela me colocar pra fora, você pode dar adeus a sua imagem de boa moça. Eu vou contar tudo que você aprontou quando adolescente para as suas irmãs. – Selena assentiu quando Demi estreitou os olhos.

   - Você quem sabe. Talvez a tia Mandy receba uma carta anônima contando exatamente como, com quem e onde você perdeu a virgindade. E com o detalhe que a mocinha esqueceu o preservativo e tomou duas pílulas do dia seguinte. – Demi esboçou o melhor sorriso angelical que podia e Selena revirou os olhos.

   - Você está jogando sujo. – Quando se tratava de segredos, as duas sempre jogariam baixo. Selena só concordou em subir para cumprimentar Dianna porque sabia como Demi ficaria contente.

Como lá fora estava absurdamente frio, as duas amigas caminharam lado a lado abraçadas e o mais rápido possível para dentro do prédio. O que não faltavam eram histórias. Cada lugarzinho era uma lembrança diferente e Demi relembrou com Selena sobre cada uma delas, principalmente do quartinho debaixo da escada já no andar onde Dianna morava.

   - Fica à vontade. – Disse Demi a Selena assim que destrancou o apartamento e o adentrou. – Mãe? – Chamou em alto e bom som. Dianna logo a respondeu informando que estava na cozinha. O cheiro que vinha de lá era tão bom que Demi trocou um breve olhar com Selena enquanto elas caminhavam em direção ao cômodo.

Quem estava à frente da cozinha era realmente Dianna. Ela até usava um avental e ouvia música num volume baixinho no celular que estava sobre a bancada. Demi sorriu orgulhosa porque era mais um indício que a mãe realmente tinha mudado, pois meses atrás ela nem mesmo sabia fritar um ovo.

   - O cheiro está maravilhoso. – O sorriso de Demi foi de orelha a orelha quando Dianna se virou também sorrindo para ela. E para completar a felicidade, ela recebeu o melhor abraço do mundo.

   - Não exagera. – Sorrindo simpática, Dianna olhou para Selena que estava um pouco sem jeito e sorriu para moça. – Fique à vontade, Selena. – Sel piscou algumas vezes e quando olhou para Demi, teve vontade de revirar os olhos porque a amiga tinha um sorriso debochado nos lábios.

   - Obrigada. Eu só subi para cumprimenta-la, já estou de saída. – Explicou-se um pouco atrapalhada e Demi riu para pirraça-la.

   - Por que você não almoça conosco? – Era outra pessoa, era a única explicação cabível. Selena não soube o que dizer por que ela estava acostumada com uma Dianna volátil e ignorante que sempre a olhava com nojo e desprezo.

   - Obrigada, mas o meu noivo está me esperando com as crianças para almoçarmos. – Sel forçou um sorriso e desviou o olhar de Dianna porque a imagem de Jake veio em mente e foi o suficiente para que ela se sentisse incomodada e com muito medo.

   - Tudo bem, querida. – Dianna colocou uma mecha do cabelo atrás da orelha e respirou fundo quando olhou para Selena percebendo que ela estava claramente desconfortável. – Eu sei que palavras não podem mudar o que já aconteceu. Eu gostaria que você me desculpasse pela forma que te tratei durante todos esses anos. Você sempre cuidou da Demi enquanto eu...  Jamais vou poder retribuir, mas gostaria que nós duas pudéssemos recomeçar. – Era o melhor que ela poderia fazer. Dianna tentou se mostrar sincera enquanto olhava para Selena e dizia aquelas palavras. Por Demi, ela queria ser uma pessoa melhor e faria o impossível para conquistar a filha.

   - Tudo bem. – Selena estava sem palavras. Ela olhou de Dianna para Demi, mordeu o lábio inferior e pensou no que poderia significar para a melhor amiga. E como tinha muita coisa envolvida, era melhor deixar tudo claro. – Nós podemos recomeçar. Só não machuque a Demi, ela é muito importante para mim e eu não quero e nem vou deixar nada ou alguém machucá-la. – O segredo era não olhar para Demi, porque ela a mataria! Selena sabia que Demi a reclamaria, mas ela não podia nem mesmo pensar em arriscar.

   - Claro, eu nunca mais vou machuca-la. – Não foi estranho porque Dianna sorria verdadeiramente, e porque era protetora, Demi abraçou a mãe de lado. – Você vai ficar para o almoço? – Perguntou a Sel que ainda não tinha olhado para Demi.

   - Eu realmente tenho que ir, nós podemos marcar para jantar outro dia. – Sel sorriu, mas ainda sim havia dúvidas que a levavam a ficar desconfiada do que Dianna poderia fazer para magoar Demi. – Eu vou indo. Dem, você me acompanha? – Era a primeira vez que ela tinha coragem de olhar para Demi, que assentiu se aproximando.

   - Parabéns pelo bebê. Felicidades para você e a sua família. – Disse Dianna. Selena agradeceu e por educação, se despediu com um abraço. Já com Demi, não foi nada muito tenso já que ela estava nervosa por conta da viagem e cheia de dúvidas.

   - Mãe, às vezes a Sel exagera. – Demi tinha acabado de adentrar a cozinha e se aproximou da mãe até que conseguiu abraça-la como ela tanto desejava. – Ela só quer cuidar de mim. – Explicou gostando muito de como Dianna fazia carinho na bochecha e a olhava nos olhos admirada.

   - Eu sei. É normal ela ter receio depois de tudo que eu já te fiz. – Demi ronronou manhosa descansando a cabeça no ombro da mãe. Ela já tinha se esquecido de tudo e perdoado Dianna, por isso não gostava de falar sobre o assunto. – Vocês são tão próximas. – O comentário fez Demi franzir o cenho. E foi inevitável não se lembrar dos beijos que tinha trocado com Selena e constatar mais uma vez que tinha sido muito bom. – É raro uma amizade durar tanto tempo. – Demi assentiu toda corada e sem coragem de olhar a mãe nos olhos.

   - Ela é muito importante para mim e eu a amo muito. – Disse envergonhada e quando olhou a mãe nos olhos, mordeu o lábio inferior e colocou uma mecha atrás da orelha porque Dianna a olhava e tinha uma sobrancelha arqueada. – Nós combinamos que vamos ficar juntas se os nossos relacionamentos não derem certo. – Tudo bem, ela estava dizendo mais que o necessário. Demi olhou para os lados e se xingou mentalmente porque não era para tocar naquela assunto de forma alguma.

   - Tudo bem, eu não tenho nada contra. – Dianna sorriu porque ela achava que Demi ficava um amor quando as bochechas coravam. – Quanto tempo daqui ao Texas? – Perguntou voltando a atenção as panelas e Demi se espreguiçou bocejando.

   - Três horas e meia. – Resmungou Demi se aproximando da mãe para ajuda-la. – Isso é até Austin. Para Marble Falls é mais uma hora de viagem de carro. – Comentou depois de experimentar o cozido de carne e aprova-lo.

   - O Joe vai te buscar? – Quando Demi franziu o cenho, Dianna franziu o dela sem entender.

   - Eu não sei. A tia dele disse que quando eu estiver na cidade, que é para ligar para ela. – Demi assentiu quando Dianna a olhou com dúvida. Ela também não entendia o porquê de tanta restrição para ter contato com Joe, e confessava que o processo burocrático estava a desanimando.

   - Se você perceber que tem algo de errado, não pense duas vezes antes de comprar a sua passagem de volta para casa. Nós damos um jeito aqui. – Soou tão preocupado e materno que Demi sorriu e abraçou exageradamente a mãe. – Mas eu sei que tudo vai dar certo. Você está animada para ver o seu namorado?

   - Em relação a ver o Joe... Meu coração bate até mais rápido. – Comentou sorridente. Apesar de tudo, o que mais a motivava a entrar em um avião em direção ao Texas era a vontade de estar com Joe e não desgrudar dele por um minuto sequer. – Eu quero ficar com ele. Ele planejou essa viagem para nós, e é especial para ele e eu quero entender o porquê e me desculpar por culpa-lo.

  - Você está fazendo o certo. – Dianna largou a faca sobre a pia e tocou brevemente o pulso esquerdo de Demi observando a tatuagem. – Seu pai está certo sobre você precisar de alguns limites. – Demi arqueou uma sobrancelha e negou balançando a cabeça.

   - Você não gostou? – Perguntou olhando para os pulsos tatuados para depois olhar para a mãe que tinha voltado a cortar legumes.

   - Não sou fã de tatuagem, mas não acho o fim do mundo. – Na mesma hora Demi murmurou um palavrão e no instante seguinte um pedido de desculpas porque a mãe a olhou de sobrancelhas arqueadas. – Eu gostaria que nós duas pudéssemos recomeçar. Você não é mais uma garotinha, é uma mulher forte que eu me orgulho muito de ter como filha, mesmo não tendo nenhum crédito na sua formação pessoal. – Disse olhando para Demi que não negou, porém não parecia feliz com o assunto. – Porém tem muita coisa que você precisa aprender sobre a vida, e eu quero estar ao seu lado para te auxiliar a fazer as melhores escolhas.

   - Eu quero muito isso, mãe. – Demi sorriu, e mesmo sem jeito, colocou uma mecha do cabelo da mãe atrás da orelha e continuou a observa-la feliz porque elas estavam tendo aquele momento.

   - Agora você também tem o seu pai e nós três juntos podemos.. podemos.. – Dianna umedeceu os lábios quando olhou para a filha sem saber exatamente como ela poderia colocar a situação em palavras. – Podemos fazer coisas de família, conversar... Compartilhar. Eu sei que tem as garotas e que elas são importantes para você, só não sei se eu terei espaço para me encaixar com elas.. E nem se é correto.

   - Você, eu e o papai? – Não era para ela ter feito aquela pergunta. Demi franziu o cenho e franziu os lábios. Ter um pai era muito bom. E finalmente ter uma mãe também, porém ter aquelas duas pessoas era algo que a assustava porque era pedir demais.

   - Por que não? Nós somos amigos e temos uma filha. Faria bem para você. – Explicou Dianna lavando os legumes para depois refoga-los. – E nós dois compartilhamos do mesmo objetivo: você ficar bem, feliz, segura e saudável.

   - Mãe? – Murmurou Demi completamente manhosa e desconcentrada na conversa. – Posso fazer uma pergunta pessoal? – Ela olhava nos olhos de Dianna como uma criança curiosa e ao mesmo tempo nervosa para saber a resposta.

   - O que você quer saber? – Pacientemente Dianna perguntou verificando as panelas ao fogo.

   - Você ainda pode ter bebês? – As bochechas de Demi ficaram vermelhas e Dianna completamente surpresa com a pergunta.

   - Posso. – Disse Dianna colocando uma mecha do cabelo atrás da orelha e então ela olhou para filha. – Por quê? Você quer mais um irmão? – Era apenas uma brincadeira para descontrair o clima entre elas, mas Demi arregalou os olhos e negou no mesmo instante um pouco afobada.

   - Não é que eu não quero.. Se acontecer, eu ficaria feliz. – Explicou-se rapidamente. – Eu só queria saber. – Disse e Dianna assentiu desconfiada. Demi só queria saber por que estava curiosa, principalmente com a amizade dos pais que poderia acabar resultando num relacionamento e em mais um irmão ou irmã.

***


   - Meu bebê. – Existia abraço melhor em todo o mundo? Lá fora estava muito frio e ainda nevava, porém nos braços de Inácio, Demi se sentia protegida, aquecida e amada. Quando ela olhou para cima, sorriu e se agarrou mais ao abraço do pai quando recebeu um beijo na testa. – Você está tão linda. – Um sorriso nasceu nos lábios de Demi quando ela teve gentilmente o rosto acariciado e uma mecha do cabelo posta atrás da orelha. – Está pronta? – Perguntou Inácio arrumando o cachecol ao pescoço da filha, que sorriu um pouco sem jeito. Ela tinha passado o resto da manhã com Dianna e agora estava na hora de ir para o aeroporto embarcar em direção ao Texas.

   - Estou nervosa, mas ansiosa para encontrar o meu gatinho. – Não era porque Inácio agora aceitava os namoros que ela precisava ser tão melosa quando o assunto era Joe, mas não tinha como voltar atrás. Demi riu da careta do pai e o abraçou exageradamente gostando de como Inácio era quente. – Você está muito bonito com essa barba por fazer. – Comentou quando eles se separaram.

   - Você acha? A sua mãe disse o mesmo. – Ah não! Demi franziu o cenho e a careta que ela fez passou despercebida por Inácio porque ele olhava as malas de Demi na entrada do prédio prontas para serem acomodadas no carro. – Três malas, Demetria? Você vai passar uma semana ou está fugindo de casa? – Resmungou e Demi deu de ombros. Ela pensava o mesmo. Não havia necessidade de levar aquela quantidade de roupas, porém a última coisa que iria fazer na vida era discutir com Selena.

   - Isabella e Selena praticamente me obrigaram a levar isso tudo. – Justificou olhando para as malas. Ela era uma mulher pequena e daria muito trabalhar manusear aquelas malas quando chegasse ao Texas.

   - Isabella é exagerada. E parece que a sua amiga também. – Demi assentiu. Exagerada era pouco para caracterizar Selena. – Vamos, vá para o carro porque eu não quero você doente. Tenho uma surpresa para você no banco de trás. – Ela queria ajudar a carregar as malas, mas o pai se viraria melhor sozinho. A curiosidade falou mais alto e o frio também. Demi abriu a porta de trás do carro e sorriu de orelha a orelha ao encontrar Alicia sentada na cadeirinha de segurança carregando consigo um ursinho de pelúcia que a distraia.

   - Oi coisa fofa! – Demi se acomodou ao lado da cadeirinha, e toda feliz, beijou a bochecha da irmãzinha gostando muito de ouvir a risada sapeca de Alicia. – Você está a coisa mais linda desse mundo! – Os olhos de Demi até brilhavam de felicidade. O coração batia um pouco mais rápido que o normal e a vontade de ficar com Alicia o dia todo era maior do que fazer qualquer outra coisa. Ah! Aquela touca de pompom com certeza era ideia de Hannah e o all star também. Não existia frio que judiaria da pequena Alicia, não com aquele moletom macio e cor de rosa.

   - Oi Demi. – A fala foi tão arrastada e manhosa. Demi pegou a pequena da cadeirinha e não pensou duas vezes antes de enchê-la de beijos exagerados nas bochechas gordinhas e ali mesmo mordeu Alicia até que ela gargalhava toda sapeca.

   - Você está com vergonha, meu amor? – Para Alicia só existia sorrisos. Demi aninhou a irmãzinha nos braços e a olhou nos olhos sorrindo feliz porque era aquele o efeito que Alicia tinha sobre ela. – Sabia que você é coisinha mais fofa e gostosa que eu já vi em toda a minha vida? – Demi tocou a ponta do nariz da pequena e sorriu tão sapeca quanto Alicia quando ela murmurou um não manhoso.

   - Gostou da surpresa? – Disse Inácio assim que adentrou o carro e quando as duas responderam gostaram, ele riu porque Demi olhou para Alicia e a encheu de beijos exagerados. – Tem chocolate para você. – Disse a Demi já dando partida no carro.

   - Ela pode? – Perguntou Demi desembrulhando uma parte do chocolate da embalagem. Inácio era muito rígido com a alimentação da pequena, então antes de alimenta-la, Demi sempre perguntava.

   - Apenas um pedacinho. – A fala foi motivo para comemoração. Demi fez como o pai disse, tirou um pedaço do chocolate e o entregou para irmã que mordeu o doce toda sorridente.

   - As meninas vão para o aeroporto? – Para proteger Alicia, Demi a acomodou na cadeirinha e a envolveu com o cinto de segurança. – Você quer? – Quando a resposta de Inácio veio positiva, ela quebrou um tabletinho do chocolate e o guiou para a boca do pai que sorriu e a olhou brevemente pelo espelho interno do carro.

   - Isabella vai leva-las.. – Ao ouvir a frase, Demi franziu o cenho porque um fato ela tinha descoberto: Inácio nunca conseguia esconder quando algo o incomodava. – Anna vai com o namorado.

   - Algum problema? – Perguntou com um pouco receio e quando ela viu Inácio suspirar e franzir o cenho, constatou que realmente tinha algo de errado acontecendo.

   - Megan. O diretor da escola ligou mais cedo. Sua irmã está muito encrencada. – Demi franziu o cenho sem entender como Megan poderia estar encrencada. De fato a menina falava demais, porém não era para tanto. – Ela recebeu uma advertência ontem e não me disse nada, a reunião seria hoje pela manhã e eu não compareci, por isso o diretor ligou.

   - O que ela fez? – Perguntou Demi escorando a cabeça no banco do carona e olhou brevemente Alicia conferindo se estava tudo bem.

   - Falou mais do que deveria na sala de aula, discutiu com um colega e com a professora. – Era nítido o quão chateado Inácio estava, e Demi ficou sem saber o que dizer por que ela nunca teve problemas com a escola e nunca passou por nada parecido. – Hannah, Isabella e Anna nunca tiveram problemas na escola. Aliás, Anna e Bella. Hannah recebeu reclamações por fugir da escola, mas em relação a notas e comportamento sempre recebeu elogios. Eu não sei o que está acontecendo com Megan, é a segunda advertência esse ano. – Para acalmar o pai, Demi o abraçou da forma que conseguiu, na verdade abraçou o banco do motorista e massageou os ombros de Inácio.

   - Ela pode estar com algum problema pessoal. Essa fase é difícil para todo adolescente. Posso tentar conversar com ela. – Demi franziu o cenho quando percebeu que o carro estava parado. E quando a porta do carona foi aberta, Dianna adentrando o carro foi uma surpresa que a pegou desprevenida. – Pensei que só iria encontrar você no aeroporto. – Apesar de surpresa, Demi não podia esconder como estava feliz por ver a mãe, por isso se ergueu da forma que pode para beijar a bochecha de Dianna e também ser beijada.

   - O seu pai disse que poderia passar aqui. – Aqueles sorrisos não eram bom sinal. Demi franziu o cenho quando os pais se cumprimentaram com um abraço e um beijo na bochecha. Ela queria gritar com eles para que não quebrassem aquela barreira. – Essa é a Alicia?

Era tanta coisa acontecendo! A ansiedade para a viagem a consumia a cada quilometro percorrido pelo carro, era incomodo a ponto de sentir frio na barriga e a pior sensação de formicação nas pernas. O fato de estar no carro com Dianna e Inácio era agonizante, não mais que o que aconteceria em breve. Demi nunca tinha pensando em como apresentaria a mãe as irmãs e muito menos como seria a reação delas. E se as garotas notassem aquele ar de romance a cada vez que Inácio olhava para Dianna? Seria uma guerra! Principalmente se elas descobrissem a verdade sobre Dianna. O rosto de Demi até perdeu o ar saudável, ela engoliu em seco, porém não teve a oportunidade de sofrer precipitadamente porque Alicia a chamou e durante o resto do caminho, a distraiu.

***

Quem viajaria era Demi em dentro de quarenta minutos, porém quem já estava no aeroporto completamente impaciente era Selena. Não era possível que uma gravidez poderia influenciar no humor daquela forma que influenciava no humor de Selena. Quando foi abraçada, Demi franziu o cenho porque Sel a olhou daquele jeito que significava que ela ouviria um sermão a qualquer segundo.

   - Você já conferiu se todos os seus documentos estão com você? – Perguntou Selena arrumando a jaqueta de Demi ao corpo.

   - Está tudo aqui, Sel. – Demi riu e abraçou a amiga trocando um breve olhar com Ed que arqueou uma sobrancelha. – Como está a Lucy? – Perguntou a Ed.

   - Agitada e se divertindo muito com as crianças. – Apesar de ser muita agitada, Lucy nunca dava trabalho. Demi sorriu ao se lembrar de como era bom dormir com a cadelinha e Joe. Melhor ainda era quando ela trabalhava na Gyllenhaal e saía para almoçar no apartamento de Joe e o encontrava dormindo sem camisa com Lucy nos braços depois de uma noite árdua de trabalho como vigilante.

O tempo passou tão rápido. Durante todo aquele momento, Demi se acomodou numa das cadeiras de espera e ficou mais entretida em brincar com Alicia a conversar com Selena e Ed, e Dianna e Inácio. A pequena conseguia distraí-la e levava toda a tensão de Demi embora. Vez ou outra olhar na direção das enormes janelas que mostravam a pista deixava Demi apreensiva, pois existia a possibilidade de o voo ser adiado por conta da neve. Se acontecesse, seria mais um fator para deixa-la longe de Joe e de coração partido porque a falta de contato com o namorado a machucava e preocupava.

   - Nós chegamos a tempo! – Demi estava distraída demais para perceber que as irmãs se aproximavam animadas e sorridentes, ela só percebeu quando ouviu a voz de Hannah. Era olha-las e se sentir feliz. O sorriso de Demi foi de orelha a orelha ao ver que as companheiras de bagunça estavam ali com ela a apoiando e demonstrando como a amava. Quando elas se abraçaram, acabaram rindo porque eram muitas.

   - A culpa é toda de Isabella. – Disse Megan abraçada a Demi que franziu o cenho e tocou a ponta do nariz da irmã numa brincadeira. – Nem vem, Bella. Faltam dez minutos para o voo da Dem. – Disse antes que irmã pudesse se justificar.

   - O importante é que todas estão aqui. – Disse Demi para acalmá-las antes que elas fizessem daquele aeroporto um cenário de guerra. Nos poucos minutos que passaram juntas, Demi se lembrou de que Dianna também estava ali com elas e quando olhou para mãe, umedeceu os lábios. Diana conversava com Inácio tão tranquilamente. – Vocês não conhecem a minha mãe. – O coração bateu um pouquinho mais rápido porque Demi sabia como as garotas eram protetoras com Inácio, e quando elas negaram era a hora de apresenta-las a Dianna. – Mãe?! – Chamou e quando Dianna a olhou, as bochechas de Demi coraram porque ela recebia muitos olhares. – Essa é a minha mãe, Dianna. – Disse as garotas. – Mamãe, essas são as minhas irmãs. – Não foi estranho como Demi imaginou. Ela apresentou as meninas pelo nome e observou a reação de cada um em relação a Dianna. Foi bem diferente do que Demi tinha imaginado. As meninas cumprimentaram Dianna, que fez o mesmo sorrindo e acenando. Talvez não existisse aquele clima todo entre Inácio e Dianna, talvez era apenas coisa da cabeça dela, pensou Demi logo voltando a atenção para Hannah.

   - Anna está a caminho. – Disse Hannah ao olhar no grupo e encontrar uma mensagem da irmã mais velha avisando que chegaria em pouco tempo, mas naquele mesmo instante Amber as chamou e todas elas olharam na direção da entrada da sala de espera onde Anna e Rick tinham acabado de adentrar. Foram alguns sorrisos sugestivos porque mais cedo Anna estava apreensiva e agora toda apaixonada andando de mãos dadas com o namorado.

   - Você chegou bem na hora. – Comentou Demi assim que abraçou Anna e então o voo que partiria para Austin foi anunciado.  – Vocês não vão fazer isso comigo. – De cenho franzido Demi sentiu o coração partir em milhares de pedaços. Elas estavam emocionadas e aquilo era simplesmente difícil de lhe dar. Demi murmurou um palavrão e cobriu o rosto com as mãos aproveitando para respirar fundo na tentativa falha de controlar as emoções. – Serão apenas alguns dias. – Disse as garotas e em troca recebeu muitos olhares carentes e marejados.

   - Nós vamos sentir muita a sua falta. – Disse Hannah derramando uma lágrima.

   - Vai ser chato sem você. – Disse a pequena Amber e dessa vez quem derramou uma lágrima foi Demi.

   - Você tem que mandar mensagem sempre, ok? Nos informe de tudo! – O comentário de Megan foi motivo para gargalhadas em meio às lágrimas. E foi tão bom porque Demi se sentiu amada e feliz.

Despedir-se era ruim independente se era uma viagem de muitos ou poucos dias, se teria volta ou não. Demi se despediu das irmãs com um abraço apertado, despediu-se dos pais, do namorado de Anna e quando foi a vez de Selena, as lágrimas rolaram pelo rosto de Demi e ela ouviu atentamente as palavras que a amiga dizia:

   - Não seja orgulhosa, lute pelo homem que você ama com todas as suas forças. Eu estou torcendo por vocês e tenho certeza que tudo dará certo! Eu amo você, Dem.


Na vez de Ed, Demi o abraçou com força e pediu que o amigo cuidasse das crianças, e especialmente de Sel e Lucy. Ao olhar para trás, o coração de Demi se encheu de amor e felicidades. Ela amava cada uma daquelas pessoas que estavam ali por ela e que faziam os dias serem mais bonitos e especiais. Agora só faltava Joseph para que tudo ficasse bem.

***

Fazenda Jonas – Marble Falls, Texas – 04h50pm

Infelizmente não existia uma forma de voltar no tempo e fazer tudo diferente. E para contribuir com o descontentamento, também não tinha como controlar a língua das pessoas. Era o que mais tirava Joe do sério. A paciência do rapaz tinha ido embora de vez e ele optou por manter distância dos seres humanos, por isso tinha subido no telhado do celeiro e de lá tentava não pensar em nada que o deixaria mais desanimado. Foi uma noite muito difícil, conturbada e cheia de momentos que Joe sequer se lembrava. Estava tudo muito confuso e ficar dentro de casa não ajudava em nada.

Ele estava desidratado, fraco e um pouco pálido. Tudo por causa do vomito causado pela bebida alcoólica misturada à droga alucinante. As substâncias que corriam no sangue do rapaz junto ao álcool o levaram para o hospital e lá, Joe passou toda a noite. O momento inicial da droga foi o pior, pois a mente criava situações que não existiam e o enjoo o derrubou! Foi simplesmente horrível e o pior dia de todos. Até ser socorrido, Joe pensou que poderia morrer, mas as esperanças reacenderam-se quando Laura chegou para leva-lo para o hospital. Ele mal podia se lembrar do que aconteceu durante a noite, só sentia que era desagradável. As primeiras lembranças eram da dor de cabeça terrível e do barulho do monitor cardíaco ao lado da cama de hospital.. O soro o ajudou e descansar também. Conforme as horas avançaram, o rapaz foi alimentado e por volta do horário de almoço, liberado para ir para casa.

Ninguém em sã consciência preferiria ficar no hospital a ficar em casa. No hospital não havia pessoas para irrita-lo com piadas de mau gosto e muito menos olhares insinuosos. Joe queria gritar com os primos pedindo que eles o deixassem em paz porque ele estava no limite. O que eles faziam não era brincadeira e não tinha graça, só era constrangedor e reprimia tanto que Joe sentiu o rosto esquentar de vergonha por se lembrar do que aconteceu quando ele tinha apenas treze anos.

Sempre iria abala-lo não importava se ele tinha amadurecido e superado, a lembrança o faria se sentir exatamente como naquela noite. Ao olhar para o horizonte, Joe dobrou as pernas e abraçou os joelhos se sentindo sozinho e assustado exatamente como naquele dia...

Lucas era o mais novo dos filhos de Clara. E diferente dos irmãos, o caçula tinha a personalidade forte, um espírito livre e inconsequente que resultava nas diversas confusões o envolvendo e envolvendo a família Jonas. Quando Joe era apenas um menino que precisava de atenção e cuidados, Lucas era um adolescente rebelde e que desprezava os limites. A implicância surgiu exatamente quando o pequeno Joseph, segundo Lucas, “tomou” o lugar dele. Porém a situação ia muito além de ciúmes. Desde pequeno, Joe era tímido e reservado, era uma criança que tinha os seus encantos e pelo fato de não ter os pais, extremamente sensível. Lucas tinha opinião própria e para pirraçar Joe, usava o machismo e a ignorância.

O jeito petulante do tio assustava Joe. Lucas não tinha nenhum respeito pela mãe e nem por ninguém. A bebida alcoólica e por uma época as drogas, pioravam a situação, mas o que de fato maltratava Joe eram as brincadeiras constrangedoras e violentas. Quando tinha seis anos, Joe viu Rose nascer e cuidou da menina como um irmão mais velho. Então brincar de casinha, de bonecas e de tomar chá estava na rotina e para ele, era algo tão normal quanto brincar de bola ou carrinhos. Porém para o tio mais novo, era um absurdo e o motivo para começar a chamar o sobrinho de apelidos ofensivos e para ajuda-lo, Lucas conseguia perfeitamente influenciar os sobrinhos que tinham a mesma idade de Joe.

Era simplesmente uma covardia! Um menino tímido importunado pelo tio e primos. Com o passar dos anos as brincadeiras se tornaram pesadas e violentas. E por muitas vezes Joe foi dormir com hematomas em alguns lugares do corpo onde os adultos não veriam. Clara até tentava defender o neto quando percebia que as brincadeiras passavam do limite, porém as atividades corriqueiras da fazenda tomavam todo o tempo que ela tinha e daí ficava impossível saber o que acontecia dentro de casa. Laura e os outros adultos na maioria das vezes estavam ocupados com a vida e as responsabilidades, assim, Joe ficava a mercê do tio.


Foi preciso apenas de uma noite para que Joe se sentisse como um lixo e como consequência, ter tomado inconscientemente a decisão de se fechar para o mundo, assim, tornando-se uma pessoa extremamente tímida, vergonhosa e que não conseguia se comunicar perfeitamente sem que o nervoso o atrapalhasse.

 Era um dia de festa. Uma grande festa com direito a muita fartura, música alta e a casa lotada de familiares, parentes e amigos da família Jonas. Havia desde o boi assado a salgados refinados e doces saborosos, música ao vivo e muita gente conversando alto e rindo. Era o aniversário de Clara e não faltavam motivos para comemorar já que a família também estava crescendo com a chegada de mais dois membros. Enquanto os adultos conversavam, as crianças aproveitavam para brincar. E eles eram grande número. Já os adolescentes estavam divididos em grupos e interagiam envergonhados e risonhos. Joe não se encaixava em nenhum grupo. Só estava na sala porque não podia ficar no quarto já que era dia de festa. Ele tinha feito amizade com Derick, porém enquanto ele tinha seus treze anos, Derick tinha por volta de oito ou nove anos e ainda era muito menino. Era complicado, e Joe estava ficando cansado de ouvir aquele garotinho de olhos azuis falar sem parar sobre a coleção de cartões raros. Teve um momento que a noite até foi legal e Joe se permitiu rir e trocar uma ou duas palavras com as primas, porém, quando era mais tarde, o clima ficou completamente pesado com a chegada de Lucas.

Naquela noite o tio estava diferente, não importunou Joe e nem assustou as meninas com o comportamento explosivo. Era suspeito, suspeito até de mais. Da cadeira de madeira onde estava sentado, Joe podia sentir o olhar do tio que conversava com Igor e Juan. Na época Peter era uma criança inocente e estava longe das garras do tio, diferente de Igor e Juan que se comportavam como os carrascos de Lucas executando todas as vontades dele sem ao menos se questionar se era o corretor.

Com o passar das horas, a noite chegou e a festa só ganhava mais força e a casa ficava lotada. Joe tinha cedido a conversa de Derick e com muita paciência e educação, conversou com o garotinho sobre os cartões que o menino falava com tanta empolgação. Só era chato ter Derick na cola a cada passo dado. Joe era tão tímido que até a postura era rígida. Os ombros sempre estavam retos e o garoto ficava atento a tudo. Assim foi quando Lucas se aproximou com os dois sobrinhos ao lado e abordou o pequeno Joe com um sorriso que parecia sincero no rosto. E não tinha como esquecer aquelas palavras:

   “- Vem com a gente no celeiro? Nós temos uma surpresa para você. É um pedido de desculpa por tudo que já fizemos com você.”

Estúpido! Ele jamais deveria ter assentido sem pensar duas vezes no que aquela surpresa poderia significar. Talvez era a esperança de que aquelas brincadeiras estúpidas acabariam de vez. A verdade era que Joe tinha um coração bom demais para duvidar do tio.

Em questão de segundos Derick tinha sido despachado e então Joe caminhava na frente com o tio e os primos logo atrás para garantir que o menino não fugiria. Alguma coisa no coração de Joe dizia para ele ficar longe de Lucas, mas a vontade de tentar interagir e quem sabe ser amigo do tio era maior. Ele não tinha culpa, era um pré-adolescente que queria ter amigos e se socializar. O celeiro ficava certa distância da casa, e conforme caminhava na direção da construção, Joe sentia o coração bater cada vez mais rápido e o medo invadi-lo. Ele nunca saía de casa à noite porque lá fora era escuro e ele tinha medo. E assim foi. O frio da noite começava a incomoda-lo e a falta de luz a assusta-lo. O som da festa estava longe e quando Joe olhou para trás sustentou o olhar do tio que sorriu o incentivando.

“Você tem medo do escuro, Joseph?” – Juan perguntou e Joe engoliu em seco, mas com o olhar que Juan recebeu de Lucas, ele ficou quieto.

“Nós trouxemos uma venda para tampar os seus olhos, faz parte da surpresa, tudo bem?” – Disse Lucas amigavelmente tirando uma tira preta do bolso da calça e Joe assentiu depois de olhar para o celeiro. Estava tudo muito quieto e ele confessava que estava com muito medo...

Aquela venda nos olhos era a pior coisa que existia em todo o mundo! E ao pensar naquela noite, Joe franziu o cenho e se sentiu impotente, assustado e humilhado. A cada passo, Joe podia ouvir os cochichos dos primos, mas ele não conseguia entender porque a voz de Lucas grossa e firme dava-o instruções sobre o caminho até que ele tocava a madeira fria da porta do celeiro...

   - Joseph! – Assustado, Joe franziu o cenho e só depois conseguiu entender que a voz que o chamava pertencia a Derick. Eram raras as vezes que ele se permitia pensar naquela noite porque toda vez que acontecia, ele se sentia como um garoto fraco. – Joseph! – Era um grão de feijão? Joe franziu o cenho quando sentiu o queixo arder porque Derick tinha o atingido com alguma coisa que ele veio a confirmar que era realmente um caroço de feijão.

   - Qual o seu problema? – Perguntou Joe mal humorado porque dessa vez ele tinha sido atingido por muitos feijões. – Derick! – Gritou irritado e não deu nem tempo dele se recuperar porque Derick subiu no celeiro e sem pensar duas vezes se jogou sobre Joe o atacando com socos.

O resultado foi um caos! Joe não conseguia entender o que estava acontecendo e para conter o amigo, tinha o abraçado para tentar impedi-lo de continuar com os socos, só que ele não esperava que o telhado traiçoeiro os levasse a escorregar. A queda só não foi fatal porque foi amortecida pelos fardos de feno e montes do mesmo. Ainda sim foi um susto e tanto! Joe sentiu o corpo pinicar por conta do feno e como o coração estava disparado, ele preferiu ficar quieto sobre o feno retomando o fôlego.

   - O que você tem?! – Reclamou Joe quando Derick o atacou e dessa vez, ele recebeu um soco no queixo e franziu o cenho porque apesar de fraco, o soco doeu. – Derick, qual o seu problema? – Infelizmente ele teve que apelar para força bruta e agilmente empurrou Derick que murmurou de dor porque ele se chocou contra um fardo de feno e mais três caíram sobre o corpo. – Machucou? – Mesmo sem entender o que acontecia, Joe tinha ajudado o amigo porque a última coisa que ele queria era que Derick se machucasse por culpa dele.

   - Você beijou a Rose, imbecil! – Derick só não o acertou porque ele estava com o corpo todo dolorido, porém o mau humor estava claro. Joe franziu o cenho e preferiu não sustentar o olhar de ódio do amigo. – Você a beijou, Joseph! Eu a amo e você beijou a minha garota! Você é o pior melhor amigo de todo o mundo e eu te odeio! – Depois que Derick tinha gritado aquelas palavras, os dois ficaram em silêncio. Joe se recostou no feno e engoliu em seco.

   - Eu não me lembro de nada do que aconteceu. – Disse minutos mais tarde. Ele tinha algumas lembranças de dançar com a prima e o amigo, mas depois disso, não havia nada para lembra-lo da noite passada. – Eu não sei o que aconteceu. – Quando o olhar encontrou com o de Derick, o rapaz resmungou um palavrão e de mau humor se acomodou ao lado do amigo.

   - Você a beijou. Tem fotos para comprovar! – Disse Derick todo ranzinza e Joe fechou os olhos e assentiu. Era por isso que ele preferia ficar no telhado do celeiro a ficar dentro de casa. Lucas tinha o perturbado mais cedo sobre aquela noite que já repercutia toda a cidade. – Eu só vou te perdoar porque eu acredito em você e eu não quero mais saber da Rose. Eu vou arrumar outra garota. – A revolta na voz de Derick era tão feroz e abrupta. Joe olhou para o amigo e acabou o abraçando de lado.

   - Você sabe que eu jamais a beijaria se estivesse tudo normal. – Joe trocou um rápido olhar com Derick se sentindo péssimo pelo que tinha acontecido. Não era para ser daquela forma. E não tinha como voltar atrás e consertar a situação. Agora lá estavam as consequências sobre algo que ele nem mesmo se lembrava e acreditava que tinha acontecido.

   - E a Demi? – Era o que ele não sabia responder. O coração de Joe quase saiu pela boca e os olhos marejaram no mesmo instante.

   - Eu a amo e sempre vou amar. – Soou tão defensivo. Joe respirou fundo e quando tentou pensar em alguma solução para a situação, não encontrou nenhuma além de dizer a verdade. – Eu estou com ela. Apenas com ela. – O olhar de Derick não dizia boa coisa, Joe negou balançando a cabeça e se sentiu culpado até o último fio de cabelo. O que ele faria?

***

Aeroporto Internacional de Austin – Texas, 06h00pm

Andar de avião era uma sensação muito estranha no começo, depois até que melhorava, mas ainda sim Demi se sentiu estranhamente sonolenta e muito tonta. Fora o medo de acontecer algum acidente! Porém com menos de uma hora de voo Demi já estava dormindo e assim passou todo o voo, até que por volta das cinco e cinquenta da tarde o avião pousou em Austin, a capital do Texas.

Onde estava a neve e o frio? O cachecol e a jaqueta de couro incomodaram Demi no mesmo instante que ela pisou em solo texano. Estava quente e úmido, diferente de Nova York. Tirar a jaqueta foi um alívio, porém por baixo dela, Demi usava uma blusa de mangas para que ela ficasse aquecida em Nova York. Estava a sufocando e não estava sendo nada interessante sentir aquele calor feroz invadi-la junto a tontura por conta do avião. Foi preciso muita paciência para se controlar e se organizar. Demi se permitiu respirar fundo por alguns segundos e umedecendo os lábios, olhou para os lados a procura de um rosto conhecido mesma sabendo que teria que se virar para encontrar com Joseph. A próxima etapa era buscar as malas, e foi o que ela fez tão desastradamente que um segurança teve que ajuda-la porque as malas eram exageradas e estavam pesadas.

O coração até batia mais rápido por conta do esforço físico. Demi tinha puxado as malas para perto de uma cadeira de espera e quando olhou para as pessoas que se abraçavam, se sentiu perdida e deslocada. Ela estava mesmo no Texas? Por alguns segundos, Demi estudou tudo que a rodeava desde as pessoas a arquitetura do local. O aeroporto tinha a mesma estrutura que o de Nova York, o que os diferenciavam era a vista da pista de voo. Em Austin não tinha tantos arranha-céus como em Nova York, e parecia que iria chover a qualquer momento já que o céu de fim de tarde estava roxo. Algumas pessoas tinham sotaque tão diferente do nova-iorquino que só era possível entender o que elas diziam prestando muita atenção nas palavras pronunciadas. Demi confessava que tinha pensado que só encontraria cowboys e cowgirls com direito a chapéu, botas, calças coladas e camisas de estampa xadrez. Até que tinha algumas pessoas vestidas daquela forma, mas a maioria se vestia normalmente.

A primeira pessoa que Demi tentou contato foi com Joe, e o número do rapaz nem mesmo chamava. Então restou Laura. Durante a chamada, Demi se sentiu tão ansiosa que a barriga doeu, mas assim que a tia de Joe atendeu ao celular, ela se surpreendeu com a forma que conseguiu manter a calma, e para surpresa dela, Laura estava no aeroporto a esperando.

Elas só se conheciam por fotos e chamadas de vídeo, mas assim que se viram, sorriram de orelha a orelha e trocaram um abraço que trazia uma sensação tão familiar e deliciosa. Era como se conhecessem há anos! O melhor de tudo era que com Laura, Demi se sentia à vontade e assim foi quando as duas se olharam. E a mulher era muito bonita! Alguns centímetros mais alta que Demi, tinha belos olhos verdes, a pele clara e o cabelo longo e em ondas era de um preto vibrante.

   - Como foi de viagem? Não deixei você esperando muito tempo, deixei? – Perguntou Laura e Demi colocou uma mecha do cabelo atrás da orelha e arrumou a alça da bolsa no ombro.

   - Não tem vinte minutos que cheguei. – Disse olhando para trás a procura de Joe. – Eu dormi a viagem toda, então eu acho que foi tranquilo. – Depois daquela frase, as bochechas de Demi ficaram rosadas e ela ficou ainda mais constrangida porque Laura percebeu e riu. – Você pode olhar as minhas malas enquanto vou ao banheiro, por favor? – Perguntou educadamente e xingando Selena em pensamentos porque era muita mala!

   - Ficarei esperando. – Demi apenas sorriu e um pouco perdida, procurou pelo banheiro feminino.

Deus! Ela agradeceu por Joe não estar ali com Laura, pois caso estivesse, ela ficaria mais envergonhada. O cabelo estava um pouco bagunçado e a cara era de sono. Como a maquiagem não tinha mais o glamour de antes, Demi pegou um pouco do sabão líquido e com muita coragem lavou o rosto da melhor forma que podia levando embora toda maquiagem, o que foi bom que a ajudou a despertar e se sentir mais confortável. Selena e Bella tinham a equipado com todas as ferramentas de beleza, não era à toa que a bolsa era enorme e estava carregada de itens que variavam desde chaves a barra cereal. Primeiro Demi escovou os dentes, secou o rosto com uma toalha, distribuiu um pouco de pó pelo rosto e nos lábios passou um batom cor de boca. Nada muito exagerado, quanto menos atenção ela tivesse, seria melhor. Por fim o cabelo foi penteado e as mangas da blusa suspensas até a altura dos cotovelos.

   - Desculpe a demora. – Disse Demi a Laura assim que voltou do banheiro e encontrou a tia do namorado mexendo no celular enquanto a esperava.

   - Está tudo bem. Vamos? – Constrangedor foi conduzir as malas. Demi ficou tão sem jeito e quase murmurou um palavrão, só não o fez porque Selena a encheu de avisos sobre o que ela deveria ou não dizer e fazer na frente dos familiares de Joe.

   - Eu não queria trazer muita coisa, mas a minha irmã e a minha amiga praticamente me obrigaram. – Explicou a Laura porque estava dando muito trabalho colocar as malas na escada rolante.

   - Está tudo bem. – O sorriso singelo e o jeito simpático de Laura fizeram com que Demi se sentisse em casa, então ela retribuiu o sorriso e com jeito, conseguiu arrumar as malas com a ajuda de Laura. 

   – Você falou com o Joe que eu estou aqui? Eu não consigo entrar em contato com ele. – Perguntou assim que a escada rolante as deixou no andar de baixo e por alguns segundos, a atenção de Demi ficou focada na cidade além das portas de vidro do aeroporto.

   - O celular dele não está funcionando, caiu na piscina. – Demi assentiu um pouco aliviada porque significava que Joe não estava chateado a ponto de ignora-la, porém ele poderia muito bem entrar em contato via facebook, e até mesmo mandar um email explicando a situação do celular. – Eu não queria preocupa-la ontem, querida. – No mesmo instante que ouviu a frase, Demi engoliu em seco e olhou nos olhos de Laura ao mesmo tempo em que franziu o cenho porque se antes ela estava com calor dentro do aeroporto com direito a ar condicionado e tudo mais, lá fora estava muito quente e abafado. – Ontem foi à formatura da Rose. Você sabe, jovens gostam de curtir. O Joseph ficou para aproveitar a festa com o Derick e a Rose, ele bebeu e nós suspeitamos que alguém o drogou, foi preciso leva-lo para o hospital porque ele estava vendo coisas que não existiam, vomitou e estava começando a ter falta de ar. Passamos boa parte da noite no hospital, agora à tarde eu não o vi porque quando sai, ele estava dormindo. Ele sente a sua falta. – Demi nem mesmo conseguiu esboçar um sorriso quando ouviu a última frase de Laura. O cenho estava franzido e o coração cheio de preocupação. O que diabos Joe tinha na cabeça? Ele era diabético e hipertenso! A saúde era frágil e tudo que ele deveria fazer era manter distância de qualquer coisa que o colocaria em risco.

   - Eu fico tão preocupada com ele. Nós precisamos levá-lo para fazer um check-up com urgência. – Disse se lembrando das vezes que Joe tinha passado mal e desmaiado. – Eu não acredito que ele possa ter sido drogado. – Murmurou se sentindo angustiada e ainda mais ansiosa para encontrar Joe e afirmar que ele estava bem e inteiro.

   - Eu também não. No geral, foram dias difíceis para ele. Nós nunca vimos o Joseph tão mal humorado como ele está. Espero que você consiga acalma-lo. – As bochechas de Demi coraram porque ela tinha entendido o que Laura disse, mas também pensou em como Joe ficava irritado quando eles ficavam muito tempo sem sexo. – Nós ainda pegaremos uma hora de estrada. – Disse Laura assim que elas chegaram à caminhonete. Trabalho daria para colocar aquelas malas na parte de trás onde havia espaço livre. E novamente Demi xingou Selena em pensamentos porque foi preciso que um estranho as ajudassem a pegar a mala e coloca-la na parte de trás da caminhonete.

   - Fora o que aconteceu, o Joe está bem? – Perguntou Demi já acomodada no banco do carona quando Laura adentrou o carro.

   - Eu sei que está. – Demi não entendeu muito bem o porquê de Laura estar sorrindo, e resolveu não questiona-la porque a mesma estava concentrada tirando a caminhonete da vaga de estacionamento que já tinha um carro pequeno esperando por ela. – Ele está diferente, mais comunicativo e simpático. Eu estou tão feliz porque sinto que o meu garotinho cresceu e agora consegue caminhar sozinho. – Havia tanto cuidado, consideração e amor naquela frase. Demi pode sentir todos os sentimentos que Laura possuía por Joe, e foi daí que ela entendeu como Joe era cercado de cuidados e como para ele era importante crescer e se tornar independente longe daquela imagem de garoto frágil que todos enxergavam.

   - Ele é um homem incrível. – Como Laura, Demi não conseguiu esconder a admiração que tinha pelo namorado, e junto às palavras orgulhosas, a paixão também estava presente e fazia com que o coração batesse mais rápido de amor. – Eu só fico preocupada com a saúde dele. – Joe tinha feito algumas consultas em Nova York, mas ainda sim Demi achava que não era o suficiente para diagnostica-lo.

   - Eu também fico preocupada, e esse menino é tão difícil para conseguir levar ao hospital para fazer exames. – Era uma situação em comum. Dali, o assunto surgiu entre elas e durante toda a viagem a Marble Falls, o que não faltou no carro foram palavras e muitas risadas.

Compartilhar daquele momento com Laura foi de extrema importância e Demi se sentia mais familiar e menos intimidada com a família de Joe, porém era apenas em teoria já que quando Laura avisou que elas estavam chegando a fazenda e também mostrou a extensão das terras, Demi engoliu em seco. Joe nunca disse nada a respeito da família ser rica. Era a única explicação, pois não era qualquer pessoa que possuía uma quantidade vasta de terras como eles. E aquele casarão? Era simplesmente enorme! Assim que Laura adentrou a fazenda passando com a caminhonete pela porteira, Demi observou tudo atentamente enquanto o carro era guiado pela estrada com coqueiros enormes em suas laterais direita e esquerda. A casa era muito grande e deveria possuir pelo menos dois andares, julgando pela altura. E bem, de largura eram muitos metros para contar história! Eles tinham uma piscina, cadeiras de descanso, plantas e alguns cavalos pastavam. Isso era apenas a casa, alguns metros dali havia um enorme galpão, então um celeiro e mais duas construções. Eram tantas coisas que Demi nem mesmo sabia como se chamavam, mas só de olhar entendia que fazia parte de um processo agrícola importante.

Em Marble Falls não estava diferente de Austin, o tempo continuava com altas temperaturas, porém não iria chover e para refrescar, às vezes ventava. Ao descer da caminhonete, foi impossível conter o coração que batia tão rápido que Demi podia ouvi-lo. Onde ele estava? Demi olhou para os lados ansiosa para encontrar com Joe, porém estava tudo tão quieto que ela estranhou. Aquele lugar deveria estar movimentado, já que eles eram uma família muito grande pelo que Joe e Laura tinham contado.

   - Onde ele está? – Perguntou Demi a Laura que riu da ansiedade dela.

   - Vamos procura-lo? Depois nós levamos essas malas para dentro.

***
As coisas não estavam boas para o lado de Joe. Depois que Derick o atacou com murros e eles caíram do telhado do celeiro, os dois começaram a conversar tranquilamente quando se acalmaram, claro que Derick continuava chateado e por algumas vezes deu alguns socos no braço de Joe porque o mesmo permitiu uma vez que admitia que tinha pisado na bola com o amigo. Então dali surgiu a ideia de brincarem de lutinha. Eram completamente diferentes. Enquanto Joe tinha músculos fortes, os de Derick não tinham muita massa e o garoto tinha que se esforçar muito para conseguir atingir Joe com força ao mesmo tempo em que tinha que se cuidar para não ser atingido. Foram horas com aquela brincadeira até que os dois estavam cansados e rindo de bobeiras. Mais tarde Clara os chamou para comer apenas com a condição que os dois tinham que tomar banho antes, e Joe e Derick parecem dois meninos desesperados por comida porque cada um correu para um banheiro diferente e assim que terminaram o banho e se vestiram, desceram a escada às pressas para comer.

   - Já está escurecendo. – Comentou Derick. O melhor de estar na casinha da árvore era que dali eles podiam ver tudo que acontecia na fazenda. E enquanto Joe mexia no celular, Derick olhava todo sonhador o por do sol da janela da casa na árvore. – O que acha da gente jogar videogame até o dia amanhecer? – Perguntou Derick se sentando ao lado de Joe que franziu o cenho mais concentrado no celular.

   - Pode ser. – Resmungou Joe. Ele tinha dado jeito no chip do celular, só que estava estranhando o fato de não ter nenhuma mensagem antiga no Whatsapp. – Eu não estou entendendo. Sempre faço o backup das minhas conversas e não tem nada aqui. – Bem, ele tinha olhado apenas a conversa com Demi porque era o que de fato importava.

   - Deixe-me ver. – Joe quase não entregou o celular para Derick porque se ele não estava conseguindo resolver, ninguém mais conseguiria. – Gatinha? – Derick riu do apelido e do coração que tinha ao lado do “nome” de Demi. – Cara, ela é muito bonita. – Elogiou assim que viu a foto do perfil de Demi e automaticamente Joe fez uma senhora carranca tomando o celular da mão do amigo. – Tipo, muito bonita mesmo! Se por foto ela é bonita assim, imagina ao vivo?! – Derick riu quando Joe o olhou feio e logo franziu o cenho.

   - Ela é e é minha. – Resmungou emburrado sentindo o coração doer de saudade e também de culpa.

   - Sabe o que isso está me cheirando? – Perguntou Derick o olhando e Joe negou balançando a cabeça. – Coisa da sua namoradinha, ela deve ter apagado as mensagens da sua outra namorada. – Se era uma brincadeira, Joe não tinha enxergado a graça. Tudo que ele fez foi dar um “leve” soco no braço de Derick que resmungou um “ai” muito alto e logo segurava o local atingido. – Você é um idiota, Joseph. – Resmungou o menino irritado e Joe franziu o cenho.

   - A Rose não é e jamais será minha namorada, nem que ela fosse a última mulher desse mundo eu a namoraria. – Por mais bravo que Joe se mostrava, no fundo ele estava decepcionado com Rose e com ele mesmo. – Não fala isso nem de brincadeira. – Disse a Derick que assentiu prontamente porque não queria ser atingido por outro soco.

   - Joseph? – A voz era de Laura. Joe se levantou e ajudou Derick a se levantar porque ele ainda reclamava do braço.

   - Já está na hora de comer de novo? – Perguntou Derick porque quando Laura chamava, era porque estava no horário da janta. – Eu ainda estou cheio do lanche, a vovó exagerou muito. – Disse o rapaz e Joe riu puxando o tampão que funcionava como a porta da casinha da árvore. Ele nem mesmo olhou para Laura antes de descer a escada tendo todo o cuidado do mundo para não cair da árvore já que era alta o suficiente para tirar a vida de uma pessoa ou deixa-la gravemente ferida.

   - Não esquece de passar o cadeado. – Disse Joe para Derick porque o amigo estava logo acima dele. A regra de ouro era nunca olhar para baixo, pois se eles olhassem, então ficariam com medo de descer. Então assim Joe desceu toda a escada e quando já estava com os pés do chão o coração quase saiu pela boca.

Quase foi trágico. Ao descer o último degrau da escada, que era constituída por nada mais que pedaços de madeiras martelados a árvore com pregos, o tênis que Derick usava o levou a escorregar, e de tão atrapalhado que o rapaz era, ele esbarrou em cima de Joe, que por um pouco não caiu, só deu um longo passo a frente ficando mais próximo de Demi. – Eu tran...tran..tran..quei. – Foi difícil terminar aquela frase porque Derick não podia acreditar que aquela mulher bonita ao lado de Laura era Demi, a namorada de Joe.

Onde estavam as palavras para ajuda-lo a formular uma frase e quebrar aquele clima? Não estava nenhum pouco constrangedor e muito menos desconfortável, porém o fato de Laura e Derick estarem ali com ele e Demi mudava tudo! Joe queria beija-la e abraça-la pelo tempo que achasse necessário, queria poder dizer que a amava e mima-la como ele sempre fazia. E como sempre, quem tomava iniciativa era ela. O sorriso era tão lindo que Joe ficou todo sem jeito, as bochechas coraram e ele coçou o cabelo da nuca quando sorriu.

   - Oi Dem. – O sorriso tímido se transformou num sorriso de orelha a orelha, e quando Demi sorriu o olhando nos olhos, Joe sentiu o coração bater tão rápido que por um segundo pensou que rasgaria o peito.

   - Oi Joe. – Não existia mulher mais linda que aquela! Joe pode constatar assim que a olhou nos olhos. Não era apenas beleza física que a fazia especial, era aquele jeito de mulher independente junto com o de menina.

Olharam-se pelo tempo que acharam necessário e o que não faltava entre eles eram sorrisos. Foi Joe quem se aproximou de Demi e a puxou para um abraço apertado que foi igualmente retribuído. E tudo que Joe conseguiu pensar foi: Será que é um sonho? Mas quando ele repousou a cabeça na curva do pescoço de Demi e aproveitou para sentir o cheiro maravilho que vinha do cabelo castanho, pode afirmar que ela estava realmente ali nos braços dele e na casa dele.

   - Eu senti sua falta, Joe. – Murmurou Demi assim que olhou nos olhos do namorado e ela pensou que poderia chorar porque quando ouviu o que Laura disse sobre a festa de Rose, só conseguiu pensar no pior. – Você está bem? Eu estou tão preocupada! – Disse o acariciando no rosto e Joe não soube o que poderia dizer por que ele não estava nem perto de estar bem, era pelo contrário, porém não quis dizer nada a namorada naquele momento porque eles não estavam sozinhos e ainda havia muita coisa para os dois conversarem.

   - Eu estou bem. E você? – Ele sorriu e colocou uma mecha do cabelo de Demi atrás da orelha e quando ela assentiu, tornou a abraça-la e aproveitou para beija-la na testa. – Eu também senti a sua falta. – Aqueles olhares diziam tantas coisas e o corpo dos dois respondeu no mesmo instante. – Eu estou feliz que você está aqui comigo. – Joe esboçou um sorriso tímido e encostou os lábios nos de Demi num selinho demorado. A verdade era que ele queria beija-la até que os dois ofegassem, mas não havia como porque não estavam sozinhos. – Linda. – Sussurrou a olhando nos olhos e então olhou para a tia e depois para Derick. – Dem, você já conhece a tia Laura. – Ele disse todo sorridente. – Só falta conhecer o meu melhor amigo. Derick, Demi. Dem, Derick. – Joe sabia que Derick estava corado, a sorte era que ali perto da casinha da árvore estava começando a ficar escuro porque não havia luz.

   - Prazer em conhecê-lo, Derick. O Joe fala muito de você. – Demi esboçou o melhor sorriso para Derick, ofereceu a mão para ele apertar e achou tão fofo quando o garoto assentiu e os cachos do cabelo dele balançaram levemente.

  - Prazer em conhecer você também. – Derick sorriu um pouco sem jeito e não olhou para Joe porque não queria arriscar levar um soco.

   - Vamos para casa? A Demi precisa organizar as coisas dela e descansar. – Disse Laura e os três assentiram.

Que ansiedade era aquela? Joe se sentia entre a cruz e a espada, mas ainda sim estava radiante de felicidade a ponto de não conseguir parar de sorrir por nenhum segundo. Ele caminhava sem pressa ao lado de Demi segurando a mão dela e em toda oportunidade que tinha, olha-a todo admirado e sem acreditar que ela estava ali com ele. O melhor era ouvir a voz dela sempre simpática e gentil na conversa com Laura, que fazia questão de explicar tudo sobre a área da fazenda.

   - Eu estou nervosa. – Foi um sussurro apenas para Joe, que esperou Laura e Derick adentrarem a casa para depois olhar para Demi que o olhava como alguém que estava realmente nervoso e ansioso.

   - Não precisa ficar. Por enquanto somos apenas nós e a vovó, o pessoal chegará mais tarde. – Impossível era ficar longe do calor dela. Foi tão automático levar as mãos à cintura de Demi para que pudesse puxa-la para o peito para envolvê-la num abraço apertado. – Fica tranquila. – Foi um longo olhar direcionado aos olhos de Demi, alternando fitar os lábios rosados. Porém Joe não a beijou, ele abaixou a cabeça e esboçou um pequeno sorriso tímido quando voltou a olhar nos olhos de Demi que sorriu de orelha a orelha porque ela se lembrou de como ele era tímido quando se conheceram meses atrás. – Vamos? Quero que você conheça a vovó.

Era impossível não se sentir confortável como se estivesse no próprio lar. A sensação de acolhimento era maravilhosa e a cada passo em direção a cozinha, Demi se sentia mais ansiosa para conhecer Clara. Aquela fazenda incrível era obra dela, e sozinha ela tinha criado Joe. O sentimento em relação a Clara era de puro agradecimento e admiração. Nas proximidades da cozinha, o cheiro de café junto a canela e biscoitos assados estava no ar. E assim que adentraram o cômodo, Demi engoliu em seco e logo esboçou um sorriso porque quando Clara, que conversava com Laura, olhou na direção dela, tudo que ela viu foi um sorriso feliz.

   - Seja muito bem-vinda! – Disse Clara envolvendo Demi um abraço apertado e caloroso. – Sinta-se em casa. – Como retribuir a tanta gentileza? Demi sabia que as bochechas estavam começando a ficar rosadas, mas não a impediu de olhar Clara nos olhos e dizer um “Obrigada”. – Acomodo-se, nós vamos comer agora. – Demi acomodou-se à mesa ao lado de Joe, onde também estavam Laura e Derick.

Não foi preciso nenhum esforço para começar a conversa, porém as únicas que conversavam eram as mulheres. Laura e Demi especificamente, e Clara vez ou outra colaborava com alguma parte do assunto. E naqueles poucos minutos, quando Demi percebeu, a avó de Joe tinha enchido a mesa de alimentos! Era tanta comida que dava para alimentar uma tropa! Começava com bolo de três sabores: trigo, leite e milho. Daí vinham os biscoitos de variados sabores, as torradas com geleias, pães, canjica e tantos outros alimentos. Quem aproveitava era os meninos, eles só ouviam a conversa e comiam. Bom era ver que Joe comia à vontade os alimentos que tinham sido preparados exclusivamente para ele, era tão satisfatório que Demi esboçou um sorriso tímido feliz por ver o namorado bem e até levou a mão a dele por debaixo da mesa. Se fosse em outra ocasião, Demi teria gargalhado da reação de Joe. Ele ficou corado instantaneamente e de repente estava tímido só porque ela tinha levado a mão a dele por debaixo da mesa.

   - Onde estão suas malas? Nós temos que organizar um quarto para você. – Disse Clara e dessa vez quem corou foi Demi porque a quantidade de mala dava a entender que ela estava de mudança.

   - Está tudo no carro, mamãe. – Disse Laura olhando de Demi para a mãe. – Acho que você pode ficar com o Joseph. – Droga! Foi tiro e queda. Joe e Demi ficaram envergonhados, na verdade Demi apenas ficou um pouco sem jeito e conseguiu disfarçar prontamente, já Joe.. Pobre coitado! Ele corava só porque morria de vergonha de alguém sequer imaginá-lo num momento íntimo com Demi.

   - Tem o quarto de hospedes, a minha cama é muito pequena. – Foi tudo que Joe teve coragem para dizer. Soou mal apenas para ele e Demi. Era uma situação horrível e Joe confessava que ele queria muito Demi no quarto dele, de preferência nua e agarrada a ele naquela cama pequena. Já para Demi foi um sinal que as coisas não estavam bem entre eles, e ela se sentiu péssima porque se lembrou das palavras que disse a Joe em Nova York que tinha certeza que o magoou.

   - Derick vai me ajudar com as malas, leve-a para conhecer a casa. – Disse Laura. Foi numa questão de segundos para que os dois ficassem sozinhos. O silêncio que se instalou entre eles depois de uma troca de olhares foi incomodo.

   - Essa é a sala. – Era claro que era! Joe adentrou os bolsos da calça com as mãos e se repreendeu mentalmente. Não era para ele ser um babaca com Demi, mas estava sendo difícil. Leva-la para conhecer os cômodos da casa não estava ajudando muito, e parecia que a cada lugar novo ele se embaraçava um pouco mais. – Idiota. – Sussurrou Joe para ele mesmo porque ele tinha a péssima mania de sempre deixar Demi subir primeiro uma escada porque a vista do bumbum dela era magnífica, e daquela vez não foi diferente. – Aqui nós temos mais quartos. – Disse a olhando brevemente nos olhos quando eles finalmente estavam no segundo andar. – O meu quarto fica aqui. – Timidamente ele abriu a porta do quarto e acendeu a luz porque já era noite e a luz da lua que adentrava pela varanda não era suficiente para iluminar perfeitamente todo o quarto.

O espaço de Joe era simples e organizado. A cama realmente de solteiro e estava posta no canto da parede. Logo ao lado havia o criado mudo e na parede oposta à cama, a porta do closet, a do banheiro e a da varanda e uma montagem de madeira onde estava o computador e os livros, que combinava com os nichos de um verde claro. Eram muitos bonecos de super-heróis em miniaturas! Mais do que Demi podia imaginar. Também havia funko de alguns personagens de séries como Stranger Things, Game of Thrones, Breaking Bad e WestWorld. Quando foi a vez das revistas em quadrinhos, Demi não pensou duas vezes antes de pega-las e folhea-las. Estavam impecáveis como se fossem novas!

   - O meu closet é pequeno. – Disse Joe despertando a atenção de Demi que olhou brevemente o closet que era um espaço pequeno que tinha todas as paredes com guarda-roupas de madeira. – Quer sentar? – As perguntas dele eram idiotas demais! Joe coçou o cabelo da nuca pensando na possibilidade de ficar calado porque ele estava começando a passar vergonha.

   - Fica fluorescente quando a luz está apagada? – Perguntou Demi quando se acomodou à cama em relação aos adesivos fluorescentes em formato de estrelas no teto do quarto.

   - Fica. – Foi preciso muita coragem para se sentar ao lado da namorada, mas assim que o fez, Joe conseguiu relaxar porque Demi não era nenhuma desconhecida, bem pelo contrário, ela era a mulher que ele amava. – Coloquei quando eu era criança. – Comentou olhando para os adesivos como Demi também fazia.

   - Seu quarto é muito legal. Eu sempre quis um assim, só que a minha mãe nunca deixou. – Demi sorriu quando notou que Joe a olhava e levou a mão à coxa dele. – Você não recebeu as minhas mensagens? – Perguntou mais à vontade e Joe franziu o cenho e negou balançando a cabeça.

   - Só consegui arrumar o meu celular hoje. Não tenho mensagens novas suas e nem as antigas, acho que os meus backups foram em vão porque não encontrei nada. – Disse um pouco intrigado mostrando a Demi o celular novo que tinha comprado.

   - Eu avisei que estava a caminho, tentei ligar também, mas só consegui contato com a sua tia. – Se ele não tinha recebido as outras mensagens, Demi sabia que teria que reformular todo o plano e de certa forma era até bom porque ela conseguiria se desculpar em carne e osso com Joe por culpa-lo pela relação com Inácio. – Pensei que você estava me ignorando, até fiquei com medo de vir, mas agora que estou com você, estou feliz. – As palavras dela foram sinceras e de coração. A mão cobriu a de Joe e automaticamente o coração de Demi bateu mais rápido quando ela flagrou o olhar que recebia do namorado.

Foi num impulso que Joe se curvou e roçou apenas uma vez os lábios nos dela. Os olhos estavam fechados e as respirações ofegantes. As mãos de Demi subiram para o peito largo e Joe se curvou sobre o corpo dela a conduzindo para deitar na cama. Todos os beijos e carinhos que trocavam eram bons que fazia bem para alma. Cada toque parecia ser mágico e depois de muitos deles, quando Joe olhou para Demi e a encontrou sorrindo para ele, foi como um balde de água fria porque no mesmo instante a consciência gritou ferozmente: Traidor!

Continua... Oi! Tudo bem com vocês? Finalmente, ein? Foram 22 dias sem postar nada nesse blog, o meu tempo limite. Infelizmente isso aconteceu porque os últimos dias não estão sendo fáceis. Acho que comentei aqui que estou estagiando e que meu horário é de 17h as 22h de segunda a sexta, e sábado de 12h as 17h. O estágio em si não é cansativo e muito menos pesado, só que ultimamente eu estou tão ansiosa e preocupada com as coisas que não estou conseguindo fazer as minhas atividades normalmente, isso vale para o blog e também para os estudos. Junta o cansaço no final do dia e a ansiedade para me levar a uma situação tão chata, que quando eu vou estudar, não consigo me concentrar e muito menos entender os assuntos, e aqui no blog, deu muito, muito mesmo, trabalho para escrever esse capítulo.. Agora eu estou um pouco melhor, mas ainda sim ansiosa e agora cheia de provas nessa próxima semana e trabalhos. Vou me organizar mentalmente, tentar não complicar mais a minha vida. Espero que vocês entendam e perdoem a demora. Então, voltando ao capítulo. Assim, acho que não teve nada que vocês esperavam, mas lembrando que é APENAS a chegada da Demi ao Texas e no decorrer dos capítulos, as coisas vão acontecer gradativamente. Eu gosto que os capítulo transmitam a sensação de como os dias das pessoas, os sentimentos e as situações são e podem ser. Então não vou correr, aliás, nós ainda estamos no Capítulo 8 e quem me conhece sabe que essa fanfic pode ir até o capítulo 100 hsauhsua brincadeira! Fiquei muito feliz com os comentários de vocês, e surpresa de como as opiniões estão divididas. Temos TeamJoe e TeamDemi. Mas será que realmente tem um certo e um errado? Ou será que está tudo errado? Um abraço para vocês, obrigada por tudo! Aaah, e por último, porém não menos importante, agora eu tenho uma pessoa me ajudando aqui com blog, que é a Brunna Luiza! Obrigada por tudo, Brunna!!