Viajar não estava sendo uma
experiência agradável. O enjoo persistiu até que a face estava pálida e
cansada. Foi necessária a ajuda de Tony, que assim que Demi bateu à porta
zonza, ele a ajudou a sentar-se a cama e a acalmou. A situação não era a das
melhores. Ninguém sabia ao certo o que fazer, então impulsionados pelo
desespero, compraram um medicamento para cortar o enjoo. Como estava ansiosa
para voltar para casa, Demi insistiu para que fossem embora.
Eram quase dez horas da noite e por conta do horário, Tony estava com receio, mas Demi insistiu tanto e tinha as
orientações de Marcus, então eles saíram. A volta para Nova York não foi turbulenta e
foram quase quarto horas de viagem devido a velocidade moderada da condução do
carro, e durante todo o caminho Demi estava dormindo profundamente por causa do efeito do medicamento. O trabalho mais pesado e complicado foi para acordá-la.
A mulher tinha o sono pesado e chamou por Joe de cenho franzido ainda durante o
sono. Quando acordou, Demi estava mais zonza e confusa que antes, o corpo mole
e ela precisou da ajuda de Tony para deixa-la no apartamento em que morava e
acomodada na cama. Não deu tempo para nada, ela simplesmente deitou com a roupa
que tinha usado no evento, fechou os olhos e dormiu sem saber o que estava
acontecendo e onde estava. Para deixa-la segura, Tony desmembrou a chave do
chaveiro o deixando sobre a mesinha, saiu do apartamento e o trancou por fora
logo jogando a chave por debaixo da porta.
Nos primórdios da manhã o frio
estava presente como sempre. O céu acinzentado e mesmo assim a cidade não
parava por um segundo. Nas ruas ainda tinham pessoas da noite passada saindo
dos clubs e pubs, alguns ambulantes e artistas já estavam na Time Square
prontos para montarem o palco de trabalho. Algumas quadras dali, Demi dormia de
qualquer jeito. O braço estava para fora da cama, as pernas meio cruzadas e
ela não tinha acertado se cobrir durante o sono. A reunião de
estratégia que tinha sido marcada às sete da manhã. Quando marcou sete horas,
tudo que Demi fazia era suspirar fundo ainda dormindo. Então meia hora mais
tarde o celular tocou. Era o de costume. Tocava sete, depois sete e meia, sete
e trinta e cinco, sete e trinta e nove, e quando dava sete e quarente não tinha
jeito, a única saída era acordar. Mas quando o celular tocou dentro da bolsa,
não era o despertador. E sonolenta Demi buscou pela bolsa e desligou o celular
sem saber que quem ligava era Marcus. Então ela voltou a dormir, quando o
celular tocou novamente, ela percebeu que a música era diferente. Não era o
despertador e ela franziu o cenho ao ver o Número
Desconhecido na tela do celular, porém atendeu a ligação com um sonolento Alô.
- Bom dia. Lovato, onde você
está? – De quem era mesmo aquela voz? Demi franziu o cenho,
adentrou o cabelo com os dedos constando que os fios estavam uma bagunça e só
segundos depois ela conseguiu processar de que era Marcus.
- Estou em casa. – Murmurou e
daí se lembrou da reunião marcada às sete. – Eu chego em vinte minutos! – Quando Marcus começou a falar a
ligação foi interrompida porque o celular tinha desligado. Tinha como ser pior?
Era o chefe dela!
Não dava para ficar lamentando
uma situação que não tinha como reverter. A única coisa que Demi poderia fazer
era agilizar para conseguir chegar o quanto antes à Gyllenhaal. E foi o que ela
fez. Tomou um rápido banho que não durou cinco minutos, pegou qualquer roupa
sem se atentar ao que estava vestindo, escovou os dentes, passou a mão no
cabelo decidindo que o pentearia dentro do táxi que pegaria. A pressa era tanta
que ela pegou uma maçã, atrapalhou-se quando foi destrancar o apartamento e não
encontrou a chave, só depois de muita analisar que percebeu o que Tony tinha
feito. O elevador estava andares acima, então descer de escada foi a melhor
opção devido ao tempo.
Gritar Táxi! numa rua de Nova York poderia causar um caos no trânsito. E
foi o que aconteceu quando Demi gritou aquela palavrinha com um pedaço de maçã
na boca. Três carros amarelos tinham parado para atendê-la, e ela pediu
desculpa aos outros dois taxista ao entrar no carro que estava mais a frente. Dizer
o destino foi complicado, então ela engoliu um pedaço inteiro de maçã o
sentindo rasga-la por dentro. O percurso foi rápido até determinado ponto, e
quando o táxi estava parado Demi observou o movimento das pessoas já naquele
horário da manhã e entre toda a multidão ela avistou Joseph caminhando. Ele
estava voltando à pé para casa, só poderia ser! À vontade era de descer do táxi
e abordá-lo, pois ela não tinha se esquecido da conversa com Laura no dia
passado. Porém o táxi avançou com tudo e Joe estava longe.
O plano de pentear o cabelo e
passar batom dentro do táxi tinha falhado, pois o carro chegou à Gyllenhaal
quando Demi ainda comia a maçã. A pressa foi tanta que o taxista ficou com uma
enorme gorjeta e Demi se xingou mentalmente porque ela teria que ir ao banco
sacar mais dinheiro para se manter.
Resto da maçã na lixeira, passos
largos, mão suja limpa na blusa. Por um pouco ela perdeu o elevador, e quando o
adentrou estava ofegando por conta dos passos rápidos. O sapato de salto que
usava era elegante, porém Demi se lembrava de que era justamente aquele par que
machucava o pé. Diabos. Discretamente ela arrumou o cabelo usando os dedos como
pente e quando percebeu que o elevador estava chegando a sala de reuniões, o
desespero a dominou e ela buscou pelo batom mais discreto que tinha passando-o
aos lábios com ajuda do espelho do elevador. Não estava ruim.
Não era como se Demi nunca
tivesse participado de uma reunião de estratégia, bem pelo contrário, ela
estava em todas e sempre ouvia tudo atentamente ajudando os colegas a estudar o
atual mercado para conseguir encaixar a Gyllenhaal no topo. Então porque ela
estava nervosa? A barriga com uma estranha sensação e a breve tontura foi
motivo para se apoiar a parede e respirar fundo repetindo com ela mesma que
estava tudo bem.
A ideia de empresas do porte da
Gyllenhaal era que tudo deveria ser clean e sofisticado. As duas atribuições
caracterizavam o aspecto físico dos departamentos do prédio com tudo em
perfeita ordem, nada exagerado e nem muito colorido. As cores que predominavam
pairavam entre o branco, tons de cinza, azul metálico e preto. Tudo muito
elegante e caro. A sala onde aconteceria a reunião era isolada por paredes de
vidro e como era em um dos últimos andares, a vista panorâmica de Nova York era
de tirar o fôlego.
- Bom dia. – Não core, não core. Por que tantas pessoas olhavam para
ela? Demi não retribuiu os olhares que literalmente a seguiam como se ela fosse
anormal. A vergonha foi tanta e o
silêncio absoluto quando ela murmurou um: desculpem
o atraso.
- Então, como nós podemos ver... – Disse Marcus. Ele apresentava slides e
tinha interrompido a fala apenas para lançar um estranho olhar a Demi
primeiramente não aprovando o atraso e outro detalhe que ela estava
inconsciente. O desgosto de Marcus estava claro para todos, e seguir em reunião
foi uma negação.
Demi tentou opinar algumas vezes,
e em todas, a quantidade de olhares que ela atraiu só ajudou a ficar nervosa e
se complicar, porém depois de muito custo e bochechas coradas, ela conseguiu
reverter a situação.
O tempo não passava, só podia
ser! Foi angustiante os setenta e oito minutos que ficaram confiados um na
companhia do outro, e quando a reunião acabou, foi um alivio!
- Srta. Lovato, na minha sala
antes do almoço. – Por que diabos Marcus estava tão bravo? O olhar rude e
zangado a examinando. Ele não a esperou, saiu da sala sem ao menos pedir
licença e Demi respirou fundo porque estava sozinha. Que começo horrível de
dia! Ela só queria estar dormindo agarrada a Joe debaixo da coberta com Lucy
aninhada ao peito.
Observando a cidade, Demi franziu
o cenho e de tão sem graça que estava, não sabia o que pensar e como agir. Ela
estava simplesmente de mente vazia e sem saber o que fazer. Então o pensamento
veio: escritório. Era onde ela deveria estar até às cinco horas da tarde.
Deveria ser daquele jeito se ela quisesse ter um futuro, até porque a vida não
era fácil para quem nascia sem muitos recursos. Estudar era o caminho certo,
porém mesmo depois de graduada, a vida continuava complicada e dando rasteiras
em quem permitisse.
Ao se levantar, Demi apoiou uma
mão a enorme mesa de vidro, respirou fundo e caminhou sem pressa para fora da
sala, cumprimentou a secretária e adentrou o elevador. Eram tantos andares! Ela
digitou o número do departamento de Design e esperou pacientemente o elevador
subir para pegar passageiros que o solicitaram para depois distribuir aos
pouquinhos as pessoas que estavam ali nos andares desejados por elas. E o sobe
e desce foi desconfortável. Demi sentiu a mesma sensação de calor e desconforto
do dia passado e quando o elevador parou no departamento de Design, ela ficou
aliviada por não estar mais sujeita à sensação horrível que era estar naquele
lugar fechado.
O enjoo não foi embora, Demi
agilizou os passos e conforme se aproximava do escritório, a vontade de vomitar
só aumentava, razão da qual ela acabou correndo para o banheiro adentrando o
primeiro box livre onde vomitou até que a barriga doeu.
- Demetria. – Nem mesmo a voz de Selena foi o suficiente para animar a
Demi. Por não estar se sentindo bem, ela estava chorosa e assustada já que eram
raras as vezes que ela passava por aquela situação. – Respira fundo. – Selena
pediu a guiando em direção a pia e Demi o fez assustada. – Ei, está melhor? –
Sel perguntou apoiando a mão ao ombro de Demi que tinha os olhos fechados se
controlando para conseguir colocar tudo no devido lugar.
- Acho que sim. – Murmurou num fio de voz segurando a mão da amiga que a
abraçou de lado. – Eu vou escovar os dentes. – Disse envergonhada e Sel
assentiu dando o espaço que Demi precisava.
- Lava o rosto. – Disse e Demi o fez e buscou a toalha de rosto que
carregava na bolsa. – Você quer ir para o seu escritório? – Disse fitando os
olhos de Demi que negou prontamente.
- Preciso de alguns minutos. – Murmurou recostando-se na pia e Selena
assentiu respeitando a decisão.
- Você não respondeu as minhas mensagens e nem atendeu as ligações. Eu
estava preocupada. – Disse Sel quebrando o silêncio entre elas. – E que diabos
de roupa é essa? Eu não queria comentar, mas você está me obrigando. – Demi
franziu o cenho quando olhou para Sel e logo se olhou no espelho. As bochechas
coraram que ficaram vermelhas! O sutiã preto com a estampa do batman em amarelo
estava bem explícito até porque a blusa branca com estampa de rosas vermelhas
era um pouco transparente. E bem, a saia marrom não combinava com nada!
Vermelho, marrom, branco e sutiã de super-herói. Estava tudo explicado! Sem
contar que o cabelo tinha um bolo de fios emaranhados na nuca e algumas plumas.
- Eu.. – Demi massageou o cenho já imaginando que provavelmente ela
seria despedida por aquele trágico senso de moda. Que roupa louca! –
Aconteceram tantas coisas. – Disse a Selena demonstrando como ela estava
cansada e desconfortável com a situação.
- Tudo bem, nós teremos tempo para conversar. – Disse Sel colocando uma
mecha do cabelo de Demi atrás da orelha. – Mas você está bem? Sem enjoos? – Foi
tão absurdamente tenso o olhar que elas trocaram. Demi engoliu em seco e
assentiu corada desviando focando em outra coisa. – Então vamos para o seu
escritório. Eu tenho uma blusa preta na bolsa que vai amenizar essa.. O seu
look. – Bem, não tinha o que fazer. Demi assentiu novamente e quando saiu do
banheiro, enlaçou os dedos aos de Selena que sorriu e a abraçou brevemente de
lado percebendo como a amiga estava tensa e uma pilha de nervos.
- Sel, para onde você vai? – Perguntou Demi claramente constrangida com os
olhares que recebeu ao cruzar o departamento até que tinha chegado a porta do
escritório. Ela sempre se vestia muito bem para ir trabalhar, e o fato de
passar correndo em direção ao banheiro também somava para mais conversas.
- Buscar a minha bolsa. – Disse Sel.
Como não queria continuar
recebendo aqueles malditos olhares, Demi destrancou o escritório e quando o
adentrou deixou a porta recostada para Selena e enquanto a amiga não vinha, ela
fechou as persianas que permitiam que ela pudesse ver o que acontecia no resto
do departamento.
- O Ed mandou um oi. – Disse Selena adentrando ao escritório. Demi
assentiu timidamente acomodada ao sofá. Ela estava quieta e sonolenta. – Dem,
que cara é essa. – Selena se sentou ao lado de Demi e para tentar animá-la,
sorriu.
- Acho que as coisas não estão boas para mim. – Comentou puxando a blusa
que vestia para tirá-la por cima, e quando ela ficou apenas de sutiã, Selena a
observou discretamente sem saber ao certo o que fazia. – Sel, a blusa. – Disse
envergonhada e Sel assentiu um pouco desconcentrada buscando pela peça de roupa
dentro da bolsa.
- Ficou melhor. – A cor da saia não colaborava muito com as cores, mas
ainda sim a blusa de cor preta tinha ficado melhor que a florada. – Posso pentear
o seu cabelo? – Perguntou e Demi assentiu buscando pelo pente na bolsa.
- Sel, eu fiquei enjoada durante todo caminho. – Murmurou Demi
completamente manhosa quando Sel adentrou uma mecha de cabelo com o pente e a
penteou gentilmente. – Nunca vomitei tanto em toda minha vida. Foi
desconfortável. Viajar é tão ruim. Tudo me deixou enjoada, e quando eu dormi,
foi de mau jeito. Palestrar foi muito legal, mas o John estava lá.
- O John? O seu ex? – Selena estava de olhos arregalados porque John não
era sinônimo de boa coisa. Ele tinha machucado muito Demi, e vê-la sofrer era
de partir o coração.
- Ele mesmo. Mais arrogante e convencido do que posso me lembrar.. Ele
queria ficar comigo, ele chegou a me abordar, mas o Tony o impediu.
- O que você quer dizer com abordar? – Perguntou Selena de sobrancelha
arqueada e Demi umedeceu os lábios.
- Ele me levou para um corredor vazio e tentou me beijar contra minha
vontade.
- Por que diabos eles acham que podem nos dominar? – Resmungou Selena claramente
irritada e Demi assentiu de cenho franzido. – Que idiota! Ele terá que ter
sorte para não me encontrar, porque caso aconteça, vou ficar muito feliz em
chutar as bolas dele com muita força.
- Você não se sujará com um cara como ele. – Demi deitou a cabeça no
colo da amiga e forçou um pequeno sorriso observando os traços delicados de
Selena e gostando muito de sentir o cheiro leve de perfume a envolvê-la. –
Obrigada por ser a melhor amiga que uma mulher poderia ter. Sem você, eu
estaria completamente perdida. – Selena sorriu de orelha a orelha e abraçou
Demi da melhor forma que conseguiu, o que foi engraçado devido as posições.
- Você é uma pirralha, Demetria. Sempre foi e sempre será. – Pirraçou e
Demi revirou os olhos, mas não negou. – E eu amo cuidar de você, meu anjo. –
Elas sorriram cumplices e não foi nada estranho quando Selena distribuiu
beijinhos no pescoço da amiga e Demi se ergueu para conseguir abraça-la como
gostaria.
- Deita, chata. – Pediu e quando Sel o fez, ela se acomodou repousando a
cabeça acima dos seios.
- Então, termina de contar.
- Depois que o John me abordou, eu voltei para o hotel. Comecei a passar
mal vomitando. Só melhorou quando dormi no carro por conta do dramin. Chegamos tarde, aliás, eu nem
sei a hora e muito menos como fui parar na minha cama. Acordei com o Marcus me
ligando. Eu estava tão cansada e me sentindo péssima. Vesti a primeira roupa
que encontrei e acabei de colocar para fora a minha maçã de café da manhã.
- Dem.. – O tom de Selena denunciava tudo que ela queria dizer, e Demi
franziu o cenho e se ergueu. – Você está tendo relações com o Joe sem usar
proteção, e está enjoada.
- Minha menstruação foi embora não tem duas semanas e eu estou tomando o
anticoncepcional.
- Falta de menstruação não quer dizer nada. Há mulheres que continuam
menstruando grávidas. E o anticoncepcional
não é total certeza.
- Selena, eu não estou grávida. – Ao
pensar na possibilidade, Demi sentiu um estranho frio na barriga, as bochechas
coraram e logo ficaram pálidas porque o enjoo a pegou desprevenida, e como não
tinha nada para vomitar, restou apenas fazer força sentindo pontadas no pé da
barriga.
- Você está tonta? – Perguntou Sel preocupada.
- Não tonta.. Só me sinto fraca e cansada. – Murmurou Demi um pouco
ofegando se acomodando ao sofá da melhor forma que podia. – Eu não estou grávida, eu não posso estar. – Os olhos
de Demi estavam marejados e Selena sentiu que o coração poderia parar a
qualquer segundo devido à situação, pois ela não sabia o que dizer.
- Dem... Se você estiver. – Ela não terminou de falar porque estava
assustada e Demi engoliu em seco.
- Se eu estiver, vou tê-lo... É só que. – Disse se ajeitando ao sofá. Os
olhos marejados, a face pálida e o coração apertado no peito. – O Joe me faz
querer ter uma família com ele toda vez que tocamos no assunto. É que eu não
estou preparada, psicologicamente preparada.. Não agora. E eu não sei se um dia
eu vou estar. – Selena assentiu envolvendo os dedos aos dela e a olhou nos
olhos.
- Nenhuma mulher nesse mundo está psicologicamente preparada para ser mãe, mesmo as que planejam. Acredito que
é uma sensação surpresa, boa é claro. – Demi assentiu se sentindo mais
confortável com Selena.
- A história da minha mãe é tão triste, a minha história também. Eu só
tenho medo de..
- Ei! Agora são histórias completamente diferentes. – Disse Selena
colocando uma mecha do cabelo dela atrás da orelha. – Você tem um homem que te
ama e juntos vocês são tão fofos. Não pense no passado, Dem. Você tem um futuro
tão lindo a caminho. E tudo vai dar certo, tenha fé! Você não é a Dianna e o
Joe é muito especial. Acredite nisso. – O olhar de Selena era verdadeiro e
através dele, Demi sabia que sempre poderia esperar coisas positivas da melhor
amiga.
- Eu quero muito acreditar nisso e vou tentar. – Demi forçou um sorriso
e elas trocaram aquele velho olhar confidente, porém o celular de Selena
começou a tocar.
- Eu estou com ela. Um minuto. –
Disse Sel ao celular logo o passando para Demi, que se atentou em ver quem era
antes de atender.
- Oi. – Disse Demi de
bochechas coradas e Sel aproveitou para arquear as sobrancelhas. Era Joe quem
estava ligando.
- Eu estava preocupado! Você não
atende o celular e nem responde as mensagens. Pensei que tinha acontecido
alguma coisa.
- Amor, o meu celular está
descarregado. Foi tudo muito corrido de ontem para hoje. Agora com a Sel é a
primeira vez que estou dando uma pausa. Eu já iria te ligar. Você está bem?
Chegou que horas? – Demi deu de ombros quando Selena franziu o cenho e
lançou a ela um olhar reprovador.
- Eu estou bem e com muitas
saudades de você. Não tem duas horas que cheguei. Recebi um email mais cedo de
uma escola. Eles estão precisando de um professor de geometria para reforço, fiquei
tão animado que acabei pegando o metrô errado e tive que descer no ponto da
Time Square. Vou a escola agora pela manhã fazer a entrevista e nós podemos
almoçar juntos. E você? Está tudo bem? – Joe.
- Essa é simplesmente a melhor
notícia do dia. Eu te vi caminhando. Pensei que você estava voltando do
trabalho para casa à pé. Na internet tem o mapa das rotas das linhas de metrô.
É bom você sempre olhar. Eu estou cansada e acho que comi alguma coisa
estragada ontem, mas estou melhor. A Sel está aqui para cuidar de mim.
- Você não está se sentindo
bem? Eu estou a caminho! – Demi franziu o cenho
sem saber o que dizer para Joe. Se ela contasse que estava vomitando ele iria
surtar.
- Eu estou melhor. A Selena está
aqui comigo. Então está tudo bem, não se preocupa, você tem uma entrevista
agora pela manhã, então foque nisso, ok? Qualquer coisa fora do comum e você
saberá, meu amor.
- Eu realmente não me importo
com a entrevista. Só quero assegurar que você ficará bem.
- Eu já estou melhor, Joe. Estou
falando sério. Quero que você descanse um pouco antes de sair para entrevista.
E não se esqueça de se alimentar e de cuidar da Lucy.
- Ela está aqui me lambendo. Eu
ainda sinto que preciso ir à Gyllenhaal checar como você está.
- Estou bem amor. Por favor,
descansa. No horário do almoço nós conversamos. Faça uma boa entrevista.
- Dem..
- Joseph, você é um amor, mas
confia em mim, ok?
***
Descansar e focar na entrevista.
Era o que Demi queria que ele fizesse. Porém o intervalo de tempo não permitia.
Eram nove horas da manhã e dormir estava fora de cogitação já que a entrevista
era às onze. Joe até tentou cochilar um pouquinho, mas sem sucesso. Ele se
sentou a beirada da cama e massageou o cenho sem saber por onde poderia
começar.
- Você pode ficar aqui dormindo, ok? Só não rasgue nada e não faça xixi
na cama. – Disse a Lucy quando ela se deitou a cama colada à perna dele. – E
quando eu voltar, a mocinha vai tomar banho. – Ele riu com o baixo murmuro e de
como a cadelinha tinha se encolhido ao ouvir a palavra banho.
Uma entrevista de emprego exigia excelente aparência. Joe se olhou
no espelho por algum tempo analisando o recente corte de cabelo e a barba que
tinha passado a usar. Ele já não se via mais sem barba, mas sabia que para
entrevista deveria estar mais formal. Aparar um pouco dos pelos os deixando
baixinhos levou muito tempo, mas o resultado o agradou. Logo em seguida foi o
banho demorado.
Quanto tempo ele não se vestia
daquela forma? A camisa branca estava impecável assim como a calça e o sapato
social. Ele ajustou a gravata com todo cuidado que exigia e demorou-se em
pentear o cabelo no penteado clássico com um leve topete.
- Lucy, não morde o travesseiro. – Joe franziu o cenho quando caminhava
do banheiro para o closet e avistou a pequena Lucy brincando na cama e mordendo
o travesseiro. – Ei, vem aqui. – Chamou-a e a cadelinha pensou que ele estava
brincando. Lucy sacodiu a cabeça, balançou o rabinho e latiu fitando o dono. –
Vem cá. – Chamou todo carinhoso se agachando e foi aí que Lucy correu até ele que
a abraçou contra o peito. – Vamos tirar uma foto para mandar para Dem, pequena?
– Ele sorriu fitando os olhos cor de mel dela e sorriu ainda mais quando Lucy o
lambeu no queixo. – Eu também amo você. – Como alguém abandonava um animal tão
indefeso e inocente como aquele? Joe observou a felicidade de Lucy apenas por
estar nos braços dele recebendo atenção e carinho. E ele ficou satisfeito e
realizado por saber que estava cuidando da cadelinha e a fazendo feliz como ela
merecia ser.
Como já estava pronto, Joe focou
em cuidar de Lucy no tempo que ainda tinha. Alimentou a pequena com ração e
generosos pedaços de carne, trocou a água e enquanto preparava uma breve
refeição, ele brincava com Lucy e tirava fotos enviando-as para Demi.
Alguns minutos mais tarde ele
teve que passar a mão na camisa branca para tirar os pelos que estavam
grudados. Para conseguir sair do apartamento foi uma luta já que Lucy chorou
manhosa e tentou escapar algumas vezes, mas nada que não conseguisse contornar.
Ele tinha enviado uma mensagem para Demi avisando que já estava saindo e
perguntando onde poderia encontra-la para o almoço, porém Demi não recebia as
mensagens, o que era estranho.
A localização da escola estava
fora da área de conhecimento de Joe, pois não ficava em Manhattan ou no
Brooklyn. O celular o guiou até certo ponto, e como estava quase na hora da
entrevista, recorrer a um táxi foi a única opção.
O lugar era imenso e pelo visto
tudo parecia muito rígido, porém agradável. Era impressionante a quantidade de
árvores distribuídas na área principal, a grama bem cuidada e a estrutura
elegante do colégio. Foi apenas necessário apresentar o documento e dizer que
estava lá para seleção de vagas para que o segurança o liberasse.
Há quanto tempo Joe não pisava
numa escola? Foi uma mistura de sentimentos que o fez franzir o cenho e ficar
na defensiva. Na época em que estudava as coisas não eram nada fáceis. Começava
por ele mesmo. Ser tímido a ponto de gaguejar nunca tinha somado, apenas o
afastado dos colegas e até mesmo ser usado como referência para apelidos
maldosos. A pior parte era definitivamente o relacionamento. Já a melhor era o
fato dele ter aprendido o que mais gostava de fazer na escola e na faculdade.
Uma coisa compensava a outra.
Observando os adolescentes, Joe
sorriu um pouco nervoso quando avistou Hannah com duas das meninas que ele
tinha visto algumas vezes nos jogos de futebol. Automaticamente ele se lembrou
de Demi e de toda a história de Inácio e Dianna.
- Joseph?! O que você está fazendo aqui? – Que droga! Tudo tinha sido
tão rápido e no final das contas a única coisa que ele sentiu foi as bochechas
corando porque Hannah tinha o beijado no rosto como forma de cumprimento. Se
ele não tivesse ficado envolvido demais pensando na semelhança da menina com
Demi, com certeza não teria que topar com ela no corredor.
- Oi Hannah. – Ele disse envergonhado arrumando a alça da bolsa no ombro
e então a olhou nos olhos. – Olá meninas. – Cumprimentou brevemente as outras
duas garotas que olhavam para ele. – Eu vou fazer entrevista para professor de
reforço de geometria. – Disse todo corado e a menina sorriu de orelha a orelha
animada com a ideia.
- Nós realmente estamos precisando de um bom professor de reforço. Você
sabe onde é a diretoria? – Disse Hannah. Ele não iria negar a ajuda da menina
já que a escola era realmente grande.
A diretoria ficava no segundo
andar. Hannah o acompanhou no tempo que podia vez ou outra tocando em alguns
assuntos aleatórios e também respeitando a timidez de Joe. Quando chegou
exatamente o horário da entrevista, Joe se despediu da menina com um breve
abraço e adentrou a sala. Não havia outra pessoa para disputar com ele o cargo,
não que ele soubesse. Conversar com a diretora não foi ruim. A sala era bem
arrumada e a mulher certamente tinha engolido um dicionário já que dizia muitas
palavras intelectuais. O diálogo aos pouquinhos foi tomando forma e Joe se
sentiu a vontade para expor as dificuldades que tinha enfrentado na escola e a
força de vontade de aprender que tinha usado para conseguir contornar os
obstáculos. Acabou que ficou combinado que ele treinaria
por duas semanas dando aula de esforço em três dias da semana que já estavam
definidos pelo calendário acadêmico.
Como qualquer pessoa, Joe tinha
objetivos. E era pensando em realizar cada um deles que o rapaz estava tentando arrumar mais um emprego. Só com muito esforço que conseguiria
comprar o sonhado carro e quem sabe um lugar para morar. Usar táxi sempre
ficava um pouco caro, mas como a escola não ficava perto, Joe adentrou o
primeiro carro amarelo que parou e passou o endereço da Gyllenhaal. A ansiedade
para ver Demi era tanta que ele sorriu enquanto buscava o celular na bolsa. Por
segurança, Joe preferiu manter o aparelho desligado, e assim que o ligou, o
rapaz franziu o cenho com a quantidade de chamadas perdidas e mensagens. Tinham
algumas de Laura, Derick e Ed. Estranho.. Selena tinha ligado a pouquíssimos
minutos e Demi também, só que mais cedo.
- Sel, tudo bem? – Disse Joe
ao celular. Ele tinha discado o número de Selena que atendeu no primeiro toque.
– Acabei de sair do colégio, o celular
estava desligado, por isso não atendi.
- Eu estou no hospital. – Disse Selena e o coração de Joe quase saiu boca a fora de tanta
preocupação. – A Demi não está se
sentindo bem, ela vomitou tudo que comeu agora pela manhã e estava tonta. Você
pode vir para cá? A Dianna está aqui com um homem, estou sozinha. O Ed não pode
vir porque teve que tomar conta do departamento.
- É claro! Eu estou a caminho.
Onde vocês estão? – De uma hora para
outra ele tinha ficado nervoso e preocupado com o estado da namorada. Demi
sempre pareceu muito saudável e ao contrário dele, não tinha que ficar
internada ou dependente dos serviços prestados no hospital.
Quando Selena informou o endereço
do hospital, Joe o emitiu no mesmo instante ao taxista e pediu que o homem
fosse o mais rápido possível. Joe estava tão impaciente que batia a ponta dos
dedos contra a perna que tremia de nervoso. O que diabos tinha acontecido com
Demi? No fundo ele tinha vontade de dar uma senhora bronca na namorada já que
ela tinha garantido que estava bem quando mais cedo ele apenas queria cuidar
dela.
Levou aproximadamente vinte e
cinco minutos para chegar ao destino final e a valor da corrida levou todo o
dinheiro que Joe tinha na carteira, mas o que o preocupava de fato era a saúde
da namorada. Na recepção ele foi informado onde ficava a sala de espera e para
lá Joe caminhou às pressas até que avistou Selena sentada e próximo a ela
estava Inácio com cara de poucos amigos.
- Sel, tudo bem com a Demi? O que aconteceu? – Ele perguntou assim que
Selena o abraçou e de bom grado ele retribuiu o abraço confortando a amiga.
- Não é nada grave. – Disse Selena puxando o namorado da amiga pela mão
para que ele pudesse se acomodar ao banco onde ela estava sentada. – Ela estava
vomitando tudo que comia e tendo tonturas. – Joe a olhou com certa curiosidade
e receio e Selena deu de ombros. – A Dianna está com ela. Quando a Demi começou
a passar mal depois do café da manhã na empresa, eu a levei para casa para
tomar um banho e trocar de roupa para virmos ao hospital. Ela não quis que
eu te avisasse antes porque você estava na entrevista. Então na saída do prédio
nós encontramos a Dianna com esse homem.
– Murmurou Selena lançando um rápido olhar para Inácio que parecia
apreensivo e ansioso por notícias.
- Quem está passando as informações sobre a Dem? – Joe perguntou de
cenho franzido a Selena.
- Nós perguntamos a uma enfermeira, mas tudo que sabemos é que não é
nada grave e que a Demi estava sendo atendida. – De tão tensa que tinha ficado,
os ombros de Selena tinham os músculos rígidos e tensos. Ela observou Inácio se
aproximar sem nem mesmo prestar atenção em Joe, e quando o homem parou
próximo, ela umedeceu os lábios sem saber o que fazer. Dianna sempre a
intimidou desde novinha com o descaso e implicância com a amizade com Demi.
Então Selena já pensava que de Dianna não dava para esperar boa coisa, e se Edward estava junto com a mulher, ele
também não deveria ser uma pessoa boa.
- Joseph. – A voz soou grave e
tensa. Joe olhou para cima e não engoliu seco para não mostrar como ele estava
intimidado. Inácio estava rígido, tenso e parecia muito mal-humorado. O tamanho
do homem era realmente desanimador, mas mesmo assim Joe se levantou e estendeu
a mão que com muito custo foi literalmente apertada pelo pai de Demi.
- Edward. – Disse Joe
sustentando o olhar de Inácio juntando toda a coragem para não correr dali, e
ele não o faria. Uma das coisas que Demi tinha o ensinado era que ele era um
homem, não um garoto. E fugir de Inácio não era atitude de um homem.
- Se você engravidou a minha
filha, você é um cara morto. – O choque foi tão grande tanto para Joe
quanto para Selena. Ninguém esperava que Inácio fosse curto e grosso daquela
forma. E ele não parecia se importar com o fato de ter dito a verdade
bruscamente como tinha feito. – O aviso está dado. – Completou claramente
irritado, e com um olhar assassino, ele voltou para onde estava sentado
deixando um Joe gelado e infelizmente com feições espantadas.
- Joseph. – Selena o chamou e quando Joe a olhou, ela estava pálida e de
olhos arregalados. – Eu entendi errado ou ele é o pai da Demi? – Perguntou
lançando um rápido olhar a Inácio que tinha o olhar sobre Joe.
- Ele é o pai da Dem. – Disse Joe num murmuro e o coração de Selena se
agitou no peito e os pensamentos estavam confusos.
- Nós não deveríamos chamar a polícia? – Murmurou Selena apenas para o
amigo, mas os três perderam a concentração quando ouviram o barulho dos saltos
de Dianna. Ela estava arrumada demais para estar num hospital, e jamais perdia
a pose.
- Joseph, bom dia. – A mulher o cumprimentou com um sorriso e Joe não
retribuiu porque Inácio tinha se aproximado trazendo consigo toda aquela carga
intimidante. – A Demi está bem, o médico explicou que é apenas uma virose. Ela
está tomando soro na veia com medicamento e daqui a pouco poderá ir para casa.
– Era tão bom saber que tudo estava bem com Demi que Joe e Selena puderem
respirar fundo aliviados.
- Eu posso vê-la? – Joe perguntou a Dianna sem se importar com Inácio e
a carranca dele.
- É claro, ela não para de perguntar sobre você. – Disse Dianna a Joe
esboçando um pequeno sorriso.
- Você vem, Sel? – Joe perguntou a Selena e ela não soube o que dizer.
Todos sabiam que o paciente podia receber apenas uma visita por vez. Então
Selena olhou para Inácio sem conseguir disfarçar o espanto e surpresa e
assentiu voltando a olhar Joe.
- Nós temos que contar para Demi, tipo agora! Eu só não sei como contar
porque ela está doente e eu não quero prejudica-la ainda mais. – Disparou
Selena a dizer caminhando ao lado de Joe que preferiu ficar calado. – Nós temos
que contar Joe! Ela precisa saber. – Joe franziu o cenho e quando Selena parou
de caminhar, foi inevitável não olhá-la com cara de culpa.
- Selena.. – Ele começou a dizer e Sel assentiu negativamente.
- Você sabia esse tempo todo e não teve coragem de contar para ela? –
Selena o olhou indignada e Joe franziu o cenho sem saber o que poderia dizer. –
Que tipo de namorado você é? Deus! Você tem noção de como isso é importante
para Demi? Tem noção de como isso vai devasta-la?
- Sel, eu tentei contar ontem, mas... Não contei antes porque pensei que
é coisa da família dela, eu não queria me intrometer. – Ele disse baixinho
porque estavam no corredor de um hospital.
- Você faz parte da família dela, eu faço parte da família dela! Nós
somos as únicas pessoas que a Demi pode contar nesse mundo! Você acha que
aqueles dois se preocupam com ela? Nunca se preocuparam! Eles só sabem magoa-la
e eu não vou fazer o mesmo por mais que a situação é delicada. – Selena
massageou o cenho e respirou fundo tentando se controlar. Ela sempre ficaria
preocupada com Demi e cuidaria da amiga da melhor forma que podia porque a
amizade que elas tinham era preciosa demais para se jogar fora. – Eu não
esperava isso de você.
- Eu vou contar, só deixe-a melhorar. – Ele estava tão aflito com a
forma que Selena o olhava e com medo do que aquilo poderia significar para o
relacionamento com a namorada. Joe massageou o cenho e o franziu levemente. –
Eu sei que errei, só que é
complicado. – Disse e Selena o olhou com bastante atenção e negou com um
balanço de cabeça.
- A Demi está nos esperando. – Ela disse e saiu caminhando na frente sem
espera-lo. O que ele poderia fazer? Conforme se aproximavam do quarto o medo de
que Selena contasse exatamente naquele momento a verdade para Demi o deixava
cada vez mais nervoso e os pensamentos iam a mil com a quantidade de coisas que
ele pensava que poderia arruinar o namoro.
O coração de Joe partiu-se e a
preocupação com o que tinha acontecido agora pouco sumiu quando ele a viu. A
pele de Demi era clara e rosada, porém agora estava pálida meio amarelada,
tonalidade típica de pessoas doentes. Os olhos demonstravam como ela estava
cansada e abatida. Os lábios semelhantes ao tom da pele: pálidos. No braço
esquerdo, especificamente na dobra, havia um esparadrapo e uma
mangueira fina escondida por debaixo dele. Deveria ser o soro com a medicação,
pensou Joe observando a namorada pela parede de vidro.
- Selena. – Com muito custo Joe desviou a atenção da namorada para olhar
para Selena que também observava Demi. – Por favor, hoje não. – Pediu
sustentando o olhar de Sel que o desviou para Demi.
- Eu não vou fazer parte dessa traição. – Deus! Ela estava indignada,
como estava. Joe arregalou os olhos quando Selena se ajeitou para abrir a porta
do quarto, e com sorte, o celular dela começou a tocar alto, o que fez com que
Sel se apressasse para atender o aparelho já que no hospital não era permitido.
E bem, no pequeno alvoroço, eles
acabaram chamando a atenção de Demi. Não teve saída, a única opção foi adentrar
o quarto sobre o olhar carente e cansado da namorada.
- Oi amor. – Disse Joe um pouco emocionado e literalmente de coração
partido por ver a mulher que amava tão frágil e abatida. – Princesa, você está
bem? – Ele perguntou se acomodando a poltrona ao lado da cama tendo que se
esticar para que pudesse enlaçar os dedos aos de Demi.
- Joseph, eu estou bem. – Demi forçou um sorriso ao olhá-lo. Uma coisa
ela sabia: jamais ficaria doente novamente. Era horrível se sentir exausta e
enjoada. – Eu senti sua falta. – Choramingou o olhando e Joe mordeu o lábio
inferior e se curvou para conseguir abraçar a namorada.
- Eu também senti a sua falta anjo, e muita! – Ele a beijou na testa e
logo nos lábios arrancando um sorriso cansado de Demi. – Princesa, você está
melhor? – Perguntou voltando a se acomodar a poltrona observando a quantidade
soro que ainda faltava.
- Eu só estou cansada. – Murmurou Demi tentando se ajeitar a cama e Joe
se apressou para ajuda-la arrumando o travesseiro da melhor forma possível. –
Eu não quero mexer o meu braço. Está doendo. – Reclamou aflita com a agulha
fincada na veia. Tinha doído tanto! As veias de Demi eram finas e
consequentemente difíceis de encontrar. – Eles furaram quatro vezes, é horrível
e está me incomodando.
- É só ficar quietinha que passa, bebê. – Joe sorriu para Demi e o
coração disparou quando ela sorriu de volta. – Quando a Sel falou que você
estava vomitando, pensei que estava grávida. – Comentou a pegando desprevenida
e Demi corou a ponto de dar vida a pele pálida.
- Nós também pensamos. – Disse envergonhada gostando da forma como Joe
brincava com os dedos dela e a olhava tão intensamente.
- Fiquei preocupado, mas.. – Ele sorriu cabisbaixo e logo a olhou nos
olhos. – Eu adoraria ter um bebê com você agora. – Joe não podia dizer aquelas
a olhando nos olhos e logo esboçando aquele sorriso charmoso que era capaz de
mexer com o interior de uma mulher.
- Você está tão bonito. – Disse observando como a camisa branca ficava
bem no corpo forte e moreno. – Daqui alguns anos nós podemos ter o nosso bebê,
combinado? – Quando ele assentiu esboçando um sorriso tímido, Demi sorriu de
orelha a orelha e não soube disfarçar e nem queria, ela olhou para o namorado
demonstrando como o amava e enlaçou mais os dedos aos dele. – Como foi na
entrevista? – Perguntou toda carinhosa e Joe se curvou para beijá-la na
bochecha.
- Tranquilo.. – Murmurou de cenho franzido e Demi arqueou uma
sobrancelha. – Eu me lembrei da época da escola, me senti um pouco sufocado com
a quantidade de alunos.. Fora isso foi tudo muito bem, a diretora foi muito simpática e nós conversamos sobre a minha vida acadêmica e profissional. – Joe
engoliu em seco quando bateram levemente à porta e logo adentraram o quarto.
Era Selena.
- Como você está? – Sel perguntou se aproximando de Demi sem dar muita
atenção para Joe.
- Eu estou melhor Selly. Só odeio essa agulha na minha veia. – Demi
adorava ter a atenção e receber todos os cuidados da amiga. E quando Sel tocou
superficialmente sobre o esparadrapo, Demi fez careta e murmurou: - Não toca,
está doendo.
- Você é a mulher de vinte e três anos mais manhosa que eu conheço. Nem
os sobrinhos do Eden são assim. – Disse Selena arqueando uma sobrancelha e
Demi riu. – Então, aconteceram algumas coisas na Gyllenhaal e eu tenho que ir.
O Marcus ligou. – Selena franziu o cenho, arrumou a bolsa no ombro e olhou
brevemente para Joe que estava cabisbaixo completamente sem jeito. – Você vai
ficar bem? Posso tentar sair mais cedo para leva-la para casa. – Disse e Demi
umedeceu os lábios.
- A minha mãe disse que me levará para casa. – Disse Demi feliz porque
ficaria sobre os cuidados da mãe pela primeira vez depois de bebê. – Obrigada
Sel, eu não sei o que faria sem você. – Ela disse e Selena se aproximou para
abraça-la.
- Eu estou aqui para cuidar de você, ok? É o que as irmãs fazem. – Disse a olhando nos olhos e Demi assentiu
emocionada. – Sempre, sempre vou cuidar de você e não deixarei que ninguém nesse mundo te machuque. – Joe
franziu o cenho porque ele queria poder se defender, porém a situação era
complicada demais e todos os argumentos que ele tentava usar, Selena rebatia
facilmente o fazendo se sentir culpado e um péssimo namorado.
- Eu também estou aqui para cuidar de você. – Demi sorriu fitando os
olhos de Selena ainda abraçada a ela se sentindo feliz e segura por estar na
companhia da melhor amiga e do namorado.
- Hum, eu tenho que ir agora, tudo bem? – Disse Sel e Demi assentiu a
olhando. – Mais tarde passo no apartamento da sua mãe para te ver. Precisamos
conversar sobre algumas coisas. – Joe gelou na mesma hora e ele não soube o que
fazer quando Selena o olhou brevemente.
- Está tudo bem? – Demi perguntou olhando da amiga para o namorado e
como Selena não disse nada, Joe franziu o cenho e assentiu balançando a cabeça.
– Vocês estão estranhos. – A voz dela soou tão cansada que Joe murmurou
baixinho um palavrão porque ele não queria que Demi passasse por aquela
situação. Não tinha nada que ele poderia fazer, aliás.. Tinha como pedir
socorro para Ed que poderia tentar impedir a namorada.
- Só estamos preocupados com você. Você nos deu um susto, princesa. –
Disse Joe forçando um sorriso e Demi relaxou um pouco mais.
- É que, se não me falha a memória, você queria me contar alguma coisa
importante ontem. – Disse Demi fitando os olhos de Joe. – E agora você também quer conversar, Sel. Você nunca
diz que quer conversar porque nós sempre conversamos normalmente sobre tudo.
Por isso eu acho que tem alguma coisa de errado acontecendo com vocês. – Ela
olhou da amiga para o namorado e franziu o cenho.
- Não tem nada de errado acontecendo entre a gente. – Disse Selena
fitando os olhos de Demi que assentiu alguns segundos depois. – Só quero
conversar sobre uma coisa que considero importante. Não pense nisso agora, ok?
Apenas descanse para melhorar.
- Você não pode atiçar a minha curiosidade dessa forma, Selena. –
Murmurou Demi não gostando nada de quando Sel se levantou. – E ainda vai
embora. – Resmungou observando a amiga buscar pelo celular na bolsa que começou
a tocar. – Por que você está tão sem graça? – Perguntou a Joe que olhava para
um ponto qualquer sem saber exatamente o que fazer e como reagir.
- Eu não estou. – Disse Joe enlaçando os dedos aos de Demi. – Só estou
pensando em algumas coisas. – Ele forçou um sorriso e Demi desviou o olhar do
dele apenas para fitar Selena.
- Eu estou indo, ok? Era o Marcus, então eu tenho que ir. – Sel estava
tão incomodada por estar escondendo de Demi algo tão importante. Tudo que ela
queria era poder falar de uma vez a verdade. – Eu amo você Dem, espero que
fique bem logo. Até mais tarde. – Elas
se abraçaram e sussurraram palavras que Joe não conseguiu ouvir. Selena beijou
a testa de Demi e ela a bochecha da amiga. O olhar confidente estava lá
arrancando lindos sorrisos das duas amigas.
- Obrigada Sel. Também amo você. Até mais tarde. – Selena não se
despediu de Joe com o típico abraço, nem mesmo sorriu. Murmurou um tchau e ajeitou a bolsa no ombro saindo
do quarto sem olhar para trás. – O que aconteceu com ela? – Demi perguntou a
Joseph intrigada com a maneira que Selena estava se comportando.
- É melhor você descansar. – Disse Joe sem saber o que deveria dizer e
foi aí que Demi franziu o cenho não gostando nada do que estava acontecendo.
- Eu só estou preocupada. Não gosto de quando a Sel se comporta desse
jeito. – Ela queria insistir em sondar o que estava acontecendo com Joe e
Selena, mas o cansaço era absurdo. O corpo simplesmente pedia por repouso e paz
de espírito.
- Agora você só tem que descansar, ok? Logo o soro acabará e nós vamos
cuidar de você em casa. – Joe cobriu a mão dela com a mão livre e sorriu fraco
quando Demi fechou os olhos e respirou fundo.
- Joe, eu conversei com a sua tia. – A voz soou baixa e fraca minutos
mais tarde quebrando o silêncio do quarto, e Joe que começava a cochilar olhou
para namorada e bocejou porque ele estava cansado, preocupado e com medo do que
poderia acontecer quando Selena contasse a Demi a verdade sobre Edward.
- A tia Laura? – Perguntou a acariciando na mão e no braço e Demi assentiu
se virando de forma que a agulha não a machucava para poder dar mais atenção a
Joe.
- Por que você não me contou que as tonturas e os desmaios eram
frequentes no Texas? – Perguntou sustentando o olhar dele que brevemente o
desviou.
- Isso não era importante. Eu não estou ficando mais tonto. E os
desmaios não eram tão frequentes. – Ele murmurou receoso.
- Nós estamos falando da sua
saúde. É claro que é importante. Desmaiar mais de uma vez durante um ano não é
normal. A sua tia disse que você desmaiou três vezes durante dois meses. E
quando você chegou aqui, você desmaiou duas vezes, sem contar as tonturas. Nós
temos que procurar um médico com urgência.
- Dem.. Eu estou bem. – Ele insistiu e Demi franziu o cenho não
concordando.
- Eu não quero te perder, Joseph. – Por minutos eles seguiram em
silêncio apenas trocando olhares e perdidos em pensamentos aleatórios. Alguns
deles era sobre o futuro e o presente. Demi estava preocupada com o estado de
saúde de Joe e ele com a reação dela quando soubesse sobre o pai.
- Você não vai. – Disse Joe tirando os óculos de grau para que pudesse
se curvar e dar um beijo demorado e delicado nos lábios da amada. – Agora
descansa meu anjo. – Pediu e como Demi já não aguentava mais lutar contra o
sono, ela assentiu cedendo.
À tarde pareceu se arrastar. E de
tão longa, foi difícil para Joe encontrar alguma coisa para entretê-lo, pois
Demi tinha adormecido. Restou seguir o mesmo, ele pensou sobre os desmaios,
Inácio e Dianna que não tinham dado as caras e então recostou a cabeça na
beirada da cama onde o colchão podia abriga-lo e adormeceu sentado de
mau jeito e ainda com os dedos enlaçados aos da namorada.
- Joseph? – Era mais tarde. Demi sorriu enlaçando os dedos ao cabelo
escuro de Joe para acaricia-lo. Ela tinha saudade de dormir com aquele homem. E
mesmo que eles tinham dormido juntos naquela tarde ela numa cama de hospital e
Joe na cadeira, tinha sido gratificante. – Amor, acorda. – Disse quase que
cantarolando e então sorriu para Dianna que a observava da porta do quarto. –
Ei gatinho, acorda. – Sussurrou e sorriu quando Joe murmurou alguma coisa e aos
pouquinhos mostrou os lindos olhos verdes e um pequeno e sonolento sorriso.
- Princesa. – O apelido e o beijo que Joe depositou na bochecha a fez
sorrir de orelha a orelha e corar muito por saber que a mãe estava vendo. – Eu
dormi muito? – Ele perguntou se espreguiçando mostrando como os músculos eram
bonitos mesmo por debaixo da camisa social.
- Eu tive que pedir a enfermeira para não te acordar. – Disse Demi
claramente mais animada e melhor depois das horas de sono e do soro. – Está na
hora de ir para casa amor. – Ela riu quando Joe corou bruscamente ao olhar para
trás encontrando Dianna.
- Está tudo bem querido, não vou brigar com vocês. – Agora sim as
bochechas de Joe ficaram vermelhas arrancando uma risada alta de Demi que deu
um jeito de abraçar o namorado e beijá-lo exageradamente na bochecha.
- Coisa fofa! – Disse Demi esboçando aquele sorriso lindo logo em
seguida e Joe murmurou todo envergonhado, mas a abraçou da forma desajeitada
que conseguiu. Só era bom demais estar nos braços da mulher que ele amava.
- Você está melhor? – Perguntou Joe e Demi assentiu tirando a coberta
fina de hospital que a cobria nas pernas. – Nada de enjoo? – Tornou a perguntar
e Demi assentiu se levantando.
- Só quero ir para casa. – Quando Joe se levantou, Demi fez careta
porque ele era relativamente grande em relação a ela. Então ela o abraçou e o
beijou no peito se sentindo bem nos braços dele.
- O que acha da gente cozinhar uma sopa cheia de legumes para o jantar?
– Joe não soube o que dizer quando Dianna fez aquela proposta. Mas ele tinha
respondê-la.
- Sopa? – Resmungou Demi e foi impossível não rir da carinha dela.
- Nós podemos. Fará bem para Dem comer uma sopa recheada de legumes e
carne. – Disse Joe olhando brevemente para Dianna para depois para a namorada
aproveitando para acariciar a bochecha dela e tocar a ponta do nariz com o
indicador.
- Não é que eu não quero comer sopa. – Disse Demi fitando os olhos da mãe
quando ela se aproximou para colocar uma mexa do cabelo dela atrás da orelha. E
por mais que o gesto tenha sido simples, Demi sentiu borboletas no estomago. – Eu
só estou com medo de vomitar de novo. – Explicou-se envergonhada ainda agarrada
a Joe que não queria soltá-la por nada.
- Você está medicada, princesa. E nós vamos
tomar todas as providências para sua melhora. – Disse Joe deslizando as
pontas dos dedos nas bochechas de Demi quando ela o olhou. – O médico passou
algum medicamento? – Perguntou a Dianna.
- Para apenas para cortar o vômito e febre. – Disse Dianna colocando uma
mecha do cabelo loiro atrás da orelha. – Soro, capsulas para recompor a flora
intestinal e vitaminas. – Joe assentiu e Demi fez careta porque não entendia
muito do que se tratava.
- Nós passamos para comprar quando estivermos indo para casa. – Comentou
Joe e Dianna umedeceu os lábios um pouco envergonhada.
- Nós já estamos providenciando.. – Disse e quando Demi a olhou com
curiosidade, ela completou: - O Edward saiu
para comprar. – Demi riu porque para ela, o tal de Edward estava fazendo de tudo para conquistar a mãe. Prova disso
era a preocupação dele quando ela começou a passar mal.
- Olá, boa tarde. – Quando a médica adentrou o quarto, Dianna e Joe
receberam uma pequena bronca porque o quarto era exclusivo para o paciente e apenas
uma visita. Porém como o caso não era grave, os dois permaneceram para ouvir as
recomendações e ajudar a Demi para que pudessem ir embora.
Estava estranhamente bom andar de
mãos dadas com Joe com Dianna ao lado vez ou outra investindo numa conversa.
Demi estava satisfeita e gostava de ver o namorado e a mãe tentando interagir.
Como ainda não estava completamente melhor, ela preferiu prender o cabelo num
coque alto, vestir a camisa com estampa do símbolo da mulher maravilha que
tanto gostava e jeans. Selena tinha a obrigado a levar pelo três mudas de
roupas já que não sabiam a quantidade de tempo que ficariam no hospital. Quando
passaram pela recepção, Dianna informou que o hospital também já tinha sido
pago e eles continuaram a caminhar em direção a saída.
- Eu vou chamar um táxi. – Disse Joe a Dianna e Demi já se preparando
para buscar o celular no bolso da calça. Ele não sabia como pagaria a corrida e
torcia para que aceitassem cartão de crédito.
- Nós já temos carona Joe. – Disse Dianna e foi absurdamente
desconfortável quando eles deram mais alguns passos e avistaram Inácio
conversando com um homem.
- Dem. – Joe chamou baixinho a namorada quando Dianna avançou na frente.
E quando Demi o olhou, ele umedeceu os lábios. – Você quer ir com a sua mãe? Eu
posso cuidar de você no meu apartamento ou se você preferir, podemos ir para o
seu. – Ele não queria ter que dizer aquelas palavras a Demi, mas além da
situação ser complicada, Joe também tinha medo do que Dianna poderia fazer.
- Eu juro que adoraria ficar com você. – Ela disse observando a mãe para
depois fitar os olhos de Joe. – Mas eu quero ficar com a minha mãe, pelo menos
por essa noite. – O que ele poderia fazer? Demi sempre iria ceder a Dianna
mesmo sabendo de todos os riscos que corria de acabar com o coração machucado.
- Tudo bem. – Disse Joe sem conseguir disfarçar como ele estava
preocupado, principalmente quando Dianna e Inácio começaram a caminhar na
direção onde estavam. O que ele faria? Joe olhou dos dois adultos mais velhos
para Demi e se sentiu nervoso.
- Você está melhor? – Inácio era um pai preocupado e ele observou Demi
de cima a baixo procurando por alguma coisa anormal.
- Estou. – Disse Demi tímida porque estranhos não costumavam se
preocupar. Principalmente estranhos que eram amigos de Dianna. Ela olhou para
Inácio e franziu o cenho levemente pensando em como ele era gentil e protetor.
Era difícil não gostar dele, pois até mesmo um sorriso de Inácio a fazia se
sentir confortável e acolhida.
- Vamos? – Disse Inácio fitando Demi e depois Joe não muito feliz por
ele estar com os dedos enlaçados aos da filha. – Você não deveria estar
trabalhando? – Perguntou a Joe dispensando as gentilezas e o rapaz corou.
- Eu só entro mais tarde. – Disse tentando soar confiante e normal, porém
o olhar que Inácio lançou a ele foi o suficiente para Joe querer fugir correndo
o mais rápido possível.
Ninguém disse mais nada e até
mesmo Demi estava intimidada. Eles caminharam para fora do hospital num clima
desconfortável que só melhorou quando estavam no ambiente externo. A cidade e o
movimento inacabável era o suficiente para entreter cada um deles. Demi estava
tão distraída que era preciso Joe guia-la. A beleza dos arranha-céus com o pôr
do sol a encantava de tal forma que Demi viu-se sorrindo para o nada fitando o
céu. Ela gostou quando a leve brisa tentou desarrumar o cabelo preso e a
refrescou, Demi olhou para Joe e também sorriu porque gostava de como ele
estava bonito vestido socialmente e a barba bem feita.
- Lovato, quanto tempo! – Ao ouvir a frase,
o coração de Demi bateu um pouco mais rápido e ela olhou atentamente aos
arredores para saber quem a abordava. Algumas pessoas tinham o costume de chama-la pelo sobrenome, mas o homem sorridente não a olhava,
certamente ele nem mesmo notou que ela existia. E Edward a olhava fixamente. Demi sustentou o olhar dele durante
algum tempo e depois olhou para Dianna de coração disparado. – Eu gostaria de
parabeniza-lo. Anna é a minha melhor aluna e será uma excelente médica. Inácio, está tudo bem? – O homem
continuava a insistir, Joe estava desesperado e Dianna massageava o cenho. Demi
olhou para os três tão assustada quanto uma criança, sustentou o olhar do pai e
logo olhou para mãe.
- Nós podemos conversar depois? – Disse Inácio para o coordenador de
curso da filha mais velha que se formaria daqui alguns meses no curso que tanto
amava. Agora a única prioridade era Demi.
- Dê um oi para as garotas. – Inácio apenas retribuiu o aperto de mão e
quando o homem os deixou a sós ele olhou para Dianna como se perguntasse o que
deveria fazer, porém ela parecia mais perdida que ele.
- Demetria.. – A voz grossa dele soou e Inácio se aproximou da filha de
olhos marejados. – Demi, querida, eu e a sua mãe iríamos contar. – Disse e Demi
o olhou com tanto desespero e medo.
- Contar o que? Não tem explicação o que você fez. – Não era para ter
soado agressivo daquela forma. Demi cobriu o rosto com as mãos tentando se
controlar e nem mesmo quando Joe se aproximou e a chamou, ela respondeu.
- Não tem um mês que eu sei sobre você. – Disse Inácio tão inocentemente
tentando contornar a situação sem nem mesmo saber o que estava acontecendo. – O
David, o seu tio, descobriu sobre você e entrou em contato com a sua mãe que me
contou tudo que aconteceu. Eu realmente sinto muito por você ter crescido sem
pai, mas agora eu estou aqui para cuidar de você filha. Nós podemos recuperar o
tempo que perdemos. – Quando Inácio deu um passo em direção a Demi, ela deu um para
trás e fitou os olhos da mãe.
- Cuidar de mim? Não me chama de filha. – As lágrimas rolaram que ela
não percebeu. O sentimento era horrível! Toda vez que Demi olhava para o homem
que a gerou, ela se lembrava de que era por causa dele que a vida tinha sido difícil
para Dianna e para ela. – Você é um monstro e eu não vou deixar você machucar a
minha mãe de novo. - Demi olhou para mãe assustada e pensando no porque de Dianna estar próxima do homem que a violentou. - Por favor, vá embora antes que eu chame a polícia.
- Eu não estou entendendo o que está acontecendo. – Inácio olhou para
Dianna e depois para Demi confuso.
- Você estuprou e depois espancou a minha mãe no chão frio de um banheiro.
– Ela falou tão alto que as pessoas que passavam olharam assustadas. As veias
chegaram a saltar e Demi sustentou o olhar de Inácio pelo tempo que conseguiu
tentando não desmoronar em lágrimas.
- Dianna? O que está acontecendo? – A voz de Inácio foi o único som
naquele estacionamento. E de repente toda atenção estava voltada para Dianna.
- Demi. – Os lábios avermelhados pelo batom foram umedecidos e Dianna
respirou fundo derramando algumas lágrimas. – Eu sinto, de verdade, muito. O
seu pai nunca me machucou dessa forma. Filha, eu queria contar, mas.. – As
lágrimas rolaram pelo rosto de Dianna. Demi que não acreditava no que tinha
acabado de ouvir. O sentimento que crescia no peito era de pura revolta e
desgosto. – Mas a cada dia que nós ficávamos juntas, eu me apaixonava um
pouquinho mais por você e quando descobri que te amava, eu não queria te perder
para minha mentira.
- Eu não acredito. – Os olhos estavam carregados de lágrimas e magoa.
Demi mordeu o lábio inferior e começou a chorar deixando as lágrimas rolarem
livremente pelo rosto. – Já percebeu que você sempre me machuca? Por quê? O que
eu fiz para merecer? – Demi limpou as lágrimas com as mãos e balançou a cabeça
em negação. – Amor, me leva para casa. – Pediu ao namorado sem olhar para os
pais. Joe assentiu lançando um rápido olhar para Dianna e depois Inácio que a
olhava sem acreditar em toda história inventada.
- Demi! Por favor, me dá uma chance. – Quando percebeu que Dianna não
falaria nada, Inácio conseguiu alcançar Demi que já caminhava para longe e a
tocou no ombro. – Eu não sabia sobre você. – Ele disse ofegando, mas Demi
estava abalada demais para pensar em qualquer outra coisa que não fosse a
mentira da mãe.
- Outra hora, por favor. – Disse Joe e pela primeira vez o homem não o
olhou com raiva, apenas assentiu e deixou a filha partir nos braços do
namorado.
Por que Dianna sempre mentia? Por
que ela sempre encontrava uma forma de estragar tudo? Foram horríveis as noite
em claro pensando e se julgando por ser fruto de um estupro, um estupro falso!
Por conta daquela maldita mentira tanta coisa ruim tinha acontecido. A
vulnerabilidade tinha crescido assim como a insegurança e carência. Tudo
desandou quando Dianna contou aquela maldita mentira que a fez enxergar um
mundo diferente, sentir-se culpada por algo que nem mesmo era verdade e abrir
mão de sonhos e vontades.
Não foi ruim o percurso que
fizeram a pé até encontrar um táxi disponível. E durante todo o caminho as
lágrimas de Demi rolavam sem piedade. O choro não cessou dentro do táxi e a
camisa de Joe já estava molhada, porém ele não se importava. Chorar não é ruim Joseph, e às vezes nós
precisamos colocar tudo pra fora através das lágrimas. É como lavar a alma,
filho. Tinha sido aquela frase que Clara tinha dito a Joe anos atrás quando
o menino desabou em choro ao visitar os pais no cemitério. E foi pensando no
significado dela que Joe preferiu ficar calado deixando Demi chorar até que
estava soluçando.
- Nós chegamos. – Disse baixinho a namorada ao mesmo tempo em que
entregava o cartão de crédito para o taxista que tentava manter a posição
profissional, porém era difícil não se comover com o choro de Demi. – Obrigado.
– Agradeceu ao homem que entregou o cartão com a nota e se oferecer para abrir
a porta do táxi. – Dem, olha para mim. – Pediu e quando Demi o olhou, os olhos
marrons dela estavam avermelhados e inchados. – Respira fundo, vamos. – Ela assentiu
um pouco desnorteada e fez os exercícios de respiração junto com Joe que tinha
as mãos no maxilar dela. – Vamos tomar um pouquinho de ar antes de entrar. –
Demi assentiu porque sentia a cabeça latejar de tanta dor, e ficar confinada no
apartamento sem poder respirar um ar puro só pioraria.
- Top of the Rock. – Disse e Joe entendeu que ela queria ir ao observatório
do outro lado da rua.
Chorar era bom, porém as
consequências eram desgastantes. Começava pela dor de cabeça e mal estar.
Misturado a virose só piorava. Demi se sentia péssima. Tudo estava doendo.
Começava do alto da cabeça até a planta dos pés. O desconforto era tanto que
quando ela viu o elevador do prédio, preferiu subir de escada.
Estar num dos arranha-céus mais
altos da cidade era de tirar o fôlego. A vista de Nova York era incrível, mas
Demi não se atentou a ela por muito tempo. Sentou-se ali mesmo no chão e fitou
o céu por alguns minutos.
- Ei. – Joe a chamou estendendo a mão para ela enlaçar os dedos e alguns
segundos depois Demi o fez deitando a cabeça no ombro do namorado que estava
sentado ao lado. – Eu sinto muito por ter que ser assim. – Disse Joe
acariciando a bochecha dela e Demi nada disse. Ele não queria magoa-la, porém
precisava contar que já sabia sobre Inácio a certo tempo.
- Eu sempre a amei de todo o meu coração. – Disse Demi baixinho o
pegando de surpresa. – Eles são o que eu mais amo nesse mundo, mas dias atrás
eu passei a odiá-lo com tanta força por causa de uma mentira. Eu só estou
cansada Joseph. Será que é muito querer ser feliz?
- Demi. – Chamou e ela o olhou. Era de partir o coração o estado de
Demi. – Eu iria te contar, tentei algumas vezes. – Ele disse e Demi franziu o
cenho e se ajeitou para se levantar. – Espera! Eu acabei descobrindo sem
querer. Eu não queria me meter num assunto tão delicado e que eu não sabia ao
certo o que era verdade ou mentira. – Tentou se explicar, mas Demi não disse
nada, apenas se aproximou da proteção do observatório para fitar a cidade. – Eu
não sabia que a sua mãe estava mentindo, eu suspeitei que tinha algo de errado,
mas não era nada definido.
- Joseph, vai embora. – Pediu sem olhá-lo e Joe respirou fundo nervoso
com a situação.
- Desculpa, eu sei que não fiz certo. – Ele tentou se aproximar e
estranhou quando Demi não recuou, mas também não o olhou.
- Só vai embora, por favor. – Tornou a pedir baixinho. – Eu não quero
falar com você, com a minha mãe, com... Com ele.
Não quero falar com ninguém. Quero
ficar sozinha, eu preciso ficar sozinha. Só vai embora, por favor. – Tinha
saída? Joe a analisou. Demi não estava bem, parecia um pouco fora de si, mas
ainda tinha juízo e ele sabia que ela não faria besteira.
- Por favor, não me ignora. – Pediu e ela negou balançando a cabeça.
- Você tem que trabalhar. Vai embora Joseph. – Não tinha jeito. Demi
observava a cidade sem lágrimas nos olhos. O rosto com uma expressão vazia e os
olhos carregados de mágoa e decepção.
- Eu vou. – Ele disse e mesmo assim ela não o olhou. – Se você precisar
de qualquer coisa, entre em contato. – Será que ela tinha ouvido o que ele
tinha dito? – A minha intenção não era machuca-la. Nunca foi. Eu te amo Dem. –
Com muita coragem Joe a puxou para os braços feliz por Demi não ter o esmurrado
ou algo do tipo, mas ela também não o abraçou de volta. – Eu vou comprar os
seus remédios e deixarei na porta do seu apartamento. Desculpa amor. – Ele disse
fitando os olhos dela e logo a beijou na testa demoradamente. – Eu te amo.
- Eu também te amo. – Ao menos ela murmurou aquelas palavras baixinho
fazendo o coração de Joe bater mais rápido. Ele se curvou e tomou os lábios
dela num leve beijo.
Quando o viu partir, Demi
umedeceu os lábios e logo voltou a fitar a cidade sem olhar para trás. Ela não
queria chorar, não queria sentir, porém a conturbação de sentimentos a pegou desprevenida
e as lágrimas rolaram sem parar.
Continua... Oi. Tudo bem com vocês? Eu estou bem. Como estão reagindo ao novo álbum da Demi?? Eu não consigo parar de ouvir Tell me you love me, que música apaixonante! Enfim. Espero que vocês tenham gostado desse capítulo. Não sei se acertei. Tentei fazer um bom capítulo, mas sinto que tem algumas partes repetitivas demais.. Porém não sei como consertar. Então, o que vocês acham que vai acontecer de agora para frente? A Demi vai perdoar a Dianna de novo? Ela vai aceitar o pai e conviver bem com as irmãs? E o Joe? Como ficará a saúde dele? Semi? O Jake? O assassino do Jason? Comentem a opinião de vocês! Obrigada a todos pelas visualizações e incríveis comentários! Obrigada também a Brunna por me ajudar sempre a desenvolver as ideias dessa fanfic. E a Roberta também que às vezes me manda directs no ig. Beijos a todas!
Ainnn, é de partir o coração saber que a Demi foi pega de surpresa com essa notícia do pai e da mentira da mãe... E mais doloroso é o casal Jemi assim nesse clima. Eu acho que ela vai da um tempo da Dianna. Até pq saber mais uma mentira da Dianna não é fácil, quem sabe com um tempo ela perdoe o Inácio. O Joe vai ficar preocupadissimo tadinho, mas poderia tá livre dessa kkkk. E a Selena provavelmente vai conversar com a Demi. O jake já pode morrer se quiser! Ninguém se importa. O assassino fica o mistério kkkkk
ResponderExcluirBjos até a próxima em breveeee
aaaaaaaa ansiosa pro próximo
ResponderExcluirMano MANO MANOOOOOOOOO Pq vc faz isso comigo que capítulo devastador é esse? Meu Deus a Demi deve estar se sentindo traída de todos os lados. Mas o capítulo foi perfeito, até a próxima.
ResponderExcluirEu resolvi comentar de novo pq li as notas finais do cap dps do outro comentário.
ResponderExcluirSobre a Dianna é complicado pq a Demi já foi muito machucada por ela, mas acho que agr ela só queria continuar vivendo bem com a Demi. Mas foi errado.
Sobre o Inácio, o coitado n tem culpa de nada ela deveria se dar uma chance de conhece-lo ela vai amar ter uma família grande com tantas irmãs.
Sobre Semi eu acho que sei lá elas deveriam conversar sobre esses climas estranhos que há entre elas, elas são amigas e sabem que se rolar algo, vai atrapalhar não só os relacionamentos delas, mas a amizade tbm.
O Jake o caminhão pode passar por cima dele, ngm vai ligar. Antes de matar o Jake pode dizer quem é o diabo desde assassino. TO AMANDO A FIC
POSTAAAAA
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