31.7.17

Capítulo 46

Alguns dias depois...

Se ainda existiam lanchonetes retro espalhadas por Nova York, nenhuma era boa o suficiente como aquela. A sensação de estar em outra década era incrível! Entre os bancos acolchoados vermelhos estavam as mesas retangulares de cor branca. O piso do lugar era quadriculado em preto e branco, e as paredes sustentavam alguns quadros de prato de porcelana com desenhos de celebridades como Elvis Presley, Johnny Cash e muitos outros. A lanchonete era realmente uma das poucas que resistiu a passagem dos anos, prova disso era quem tomava conta do local era um casal de idosos amigáveis e sorridentes.

A mesa que escolheram permitia a visão do movimento lá fora por conta da parede de vidro e os pingos de chuva vez ou outra colidiam contra o material. Não era uma manhã de sol e calor, o dia tinha amanhecido nublado e mesmo que não chovia forte, chuviscava com bastante frequência.

O chocolate quente não estava muito doce e calórico, porém Joe preferia evitar a bebida o máximo que podia e vez ou outra ele bebia um pouquinho e degustava do bolo.

   - Então, você me enviou mensagem ontem. – Ed estava sentado em frente a Joe, e diferente do café da manhã básico do amigo, ele tinha optado por hambúrguer e refrigerante mesmo sendo manhã.

   - Será que as meninas vão demorar? – Perguntou Joe olhando o movimento da rua a procura de Demi e Selena através do vidro. – O que eu tenho para falar com você é realmente sério. – Comentou fitando os olhos verdes de Ed que mordia o hambúrguer e o olhava com atenção.

   - Eu não faço ideia. – Ele conhecia Selena e Demi como ninguém, e quando elas estavam juntas, esqueciam-se do tempo. – A tia Mandy pediu a Sel para comprar os ingredientes para hoje à noite.

   - O que tem hoje à noite? – Perguntou Joe curioso porque ele tinha ouvido Demi conversar no celular com Selena exatamente sobre aquela noite.

   - Ah cara, essa é a noite de la família Gomez! – Joe riu do falso e péssimo sotaque mexicano de Ed. – A mãe, as avós e as tias da Sel vão cozinhar comidas mexicanas. A Sel disse que às vezes os parentes se reúnem para passar um tempo juntos e comer. Eu estou nervoso, nunca participei da noite dos Gomez.

   - Você vai se sair bem. – Disse Joe o olhando e Ed deu de ombros. – Só fica tranquilo e seja você mesmo, não tem como não gostar de você. – Ed arqueou uma sobrancelha e sorriu orgulhoso das palavras de Joe. Ele tinha melhorado bastante em ao dialogo e conselhos.

   - Você estará lá para passar vergonha comigo. A família da Sel considera a Dem como uma Gomez e bem.. As avós e tias, segunda a Sel e a mãe dela, vão pegar no nosso pé. – Será que seria tão insuportável como o jantar com os pais de Demi na semana passada? Joe apostava que não! E de tão tenso que foi, ele passou a semana toda com a pulga atrás da orelha e o dobro de cuidado com Demi já que Inácio não estava brincando. Ele apareceu de surpresa no parque para colocar Augusto no eixo e aproveitou para fazer o mesmo com Joe.

   - O que eu tenho para contar é mais ou menos sobre isso. – Disse a Ed porque ele precisava compartilhar tudo que sabia sobre os pais de Demi com alguém. – Alguns dias atrás, fui ao cemitério com a Dem visitar a avó dela, lá mesmo nós encontramos a Dianna e um homem. Ela o apresentou com Edward. – Disse Joe fitando os olhos de Ed que assentiu depois de verificar se Demi e Selena estavam por perto. – Ele não era um cliente, e a forma que ele tratava a Dianna e a Demi era tão diferente e especial. Alguns dias depois conheci um pessoal no Central Park. Fiz amizade com o Augusto, ele namora uma garota chamada Hannah. Então.. O Augusto contou que eles estão enfrentando problemas com o pai da Hannah, o Sr. Lovato. – Ed arregalou os olhos e Joe assentiu bebericando um pouco do chocolate quente. – Eu não acreditei quando ele falou Sr. Lovato. O nome do pai da Demi e da Hannah é Inácio Lovato, Ed. E acredite, elas são parecidas, pelo menos na cor da pele, cabelo e olhos.

   - A Demi tem uma irmã? – Perguntou Ed e Joe negou virando o bolo com o garfo.

   - Ela tem seis irmãs. As duas mais velhas são gêmeas e têm a mesma ideia que ela. – Disse e Ed levou a mão acima das sobrancelhas para massagear o cenho.

   - Pode ser uma coincidência, tem tantos caras chamados Inácio Lovato. – Bem, Ed não queria que fosse verdade porque a história do pai de Demi era complicada e a machucaria tanto.

   - Eu também pensei nisso. – Disse Joe. – No dia que o Augusto me contou ele estava esperando a Hannah para tomar café da manhã, e quando ela chegou nós fomos encontra-la, alguns minutos depois o mesmo cara que a Dianna tinha apresentado como Edward no dia do cemitério apareceu no parque atrás da Hannah, era o pai dela. – Ele contou sobre o jantar detalhando o máximo que podia sobre o comportamento de Dianna e o de Inácio. Também contou sobre as intimações que vinha recebendo do pai de Demi no decorrer da semana.

   - Ela mentiu? – Perguntou Ed horrorizado e Joe assentiu porque não tinha muito o que pensar. – Faz sentido, Joe. Se o cara tivesse feito alguma atrocidade com ela, a Dianna ficaria no mínimo espantada só de tê-lo por perto. Fora que ele não seria gentil e muito menos teria conversado sobre abuso sexual com tanta revolta.

   - Exatamente. – Joe adentrou o cabelo com os dedos e umedeceu os lábios porque ele não aguentava mais esconder de Demi a verdade. – O que eu faço Ed? Ela precisa saber! Estou cansado de encontra-la triste porque pensa que é fruto de uma barbaridade. Eu a amo muito, mas eu sei que ela não precisa só desse tipo de amor. Ter uma família faria tão bem para minha gatinha.

   - E ela tem seis irmãs e um pai protetor. – Ed sorriu porque não tinha como desfazer dos fatos. Demi tinha uma família grande que poderia amá-la muito. –Se eu estivesse no seu lugar, eu... Sinceramente, eu não sei. – Murmurou puxando o cabelo curto. – O pior de tudo é você saber e não poder contar. Aliás, nós dois sabemos agora e corremos o sério risco de ficarmos alguns dias com uma Demi muito emburrada quando ela souber que a nós sabemos.

   - Desculpa por contar. – Disse Joe deixando que a garçonete levasse o bolo e o chocolate quente já que ele estava sem fome. – Eu só não sei o que fazer. A Dianna está cada vez mais próxima da Demi e dessa vez, eu acho que é pra valer. Elas estão grudadas e a Demi fica emocionada quando conta que a mãe a deixou dormir com ela ou contou história de quando ela era bebê.

   - Faz assim. Espera mais um tempo para vê no que vai dá essa história. A Demi também tem que entender que é uma posição muito difícil para você. – Explicou Ed. E ele tinha razão. Contar uma coisa daquelas era complicado e não envolvia apenas ele.

  - Espero que sim. – Murmurou enlaçando os dedos sobre a mesa. – Tenho uma entrevista antes do horário de almoço. Preciso logo de um emprego, estou ferrado e eu quero tantas coisas Ed. Queria comprar um carro para levar a minha garota para passear, comprar um apartamento e tantas outras coisas. Não imaginei que as coisas seriam tão complicadas depois da faculdade.

   - Você é um bom analista. O negócio é o que o Jake, aquele crápula, fez com o seu nome por aí.

   - Mesmo assim eu não me arrependo, aliás, me arrependo de não ter quebrado ele na porrada antes. – Ed fez careta, mas riu de como Joe estava mal humorado. – Eu vou fazer entrevista para o cargo de vigilante noturno, ganha pouco mais é melhor que nada.

   - Os meus amigos estão analisando o seu currículo, vai que surge uma oportunidade boa?! – Os dois assentiram e como o ambiente na lanchonete era agradável, decidiram ficar por ali mesmo conversando.

   - O pai da Demi perguntou quando eu pretendo pedi-la em casamento. – Murmurou Joe batendo os dedos na mesa e quando ele olhou para Ed, o amigo arqueou a sobrancelha. – Bem, eu poderia pedi-la em casamento hoje mesmo. Eu a amo de verdade e quero ter muitos bebês com ela. Só me falta dinheiro. – Resmungou a contra gosto se ajeitando no banco acolchoado. – Quero comprar uma casa bacana, um carro, ter dinheiro o suficiente para cuidar dela e das crianças.

   - Você vai arrumar um emprego. – Disse Ed. – Só que é complicado de realizar todos esses sonhos de uma vez só. E você só tem vinte e três anos, vai demorar um pouco para conseguir colocar tudo no lugar, mas com perseverança e paciência vai dar certo. Tem muitas batalhas pela frente Joe, e essa que você está enfrentando está longe de ser a pior. A vida é assim, cara.

   - Perseverança. – Repetiu pensando nas palavras de Ed que como sempre tinha razão. As coisas se ajeitariam com o passar do tempo com ele persistindo e dando o melhor para conseguir. Era sim que acontecia e não tinha outro caminho a seguir. – E você? Vai pedir a Sel em casamento quando?

   - Estou seriamente pensando em pedi-la no natal. – Os dois sorriram e de tão distraídos que estavam, quando abriram a porta da lanchonete e o sininho tocou avisando que havia novos clientes, bem, eram Demi e Selena sorridentes e agitadas.

   - Bom dia meninos! – O que diabos elas tinham quando estavam juntas? Demi beijou a bochecha de Ed enquanto Sel beijava a de Joe, então cada uma correu para os braços do namorado.

   - Bom dia amor. – Ele surtaria! Oh sim! Os olhos marrons de Demi carregavam aquele brilho apaixonado e o sorriso dela fez o coração de Joe bater mais rápido. Ele enlaçou a cintura da namorada com os braços a aninhando no colo sem deixar de perceber como ela estava linda vestindo nada mais que uma camisa baby look cinza com o símbolo do lanterna verde, jeans e all star brancos. E o cabelo preso num rabo de cavalo?

   - Bom dia gatinha. – Ele sorriu quando ela o beijou daquele jeito carente e manhoso. – Você está tão linda. – Elogiou encostando a cabeça no peito dela e sentir o cheiro de Demi o deixou eufórico de paixão. – E tão cheirosa. – Joe olhou para cima e sorriu quando ela pegou os óculos dele para coloca-los e arqueou uma sobrancelha. – Minha nerd gostosa. – Disse baixinho a frase que ela sempre dizia a ele, e Demi riu antes de beijá-lo adentrando o cabelo de Joe da nuca com os dedos.

   - Eu odeio o fato da gente estar em público. – Resmungou Demi ainda envolvida no beijo. Infelizmente ela não podia ficar sentada no colo de Joe e nem beijá-lo daquela forma. – Meu Deus! Eu senti tanta saudade de você. – Quando ela se sentou ao lado dele, Demi o abraçou e o beijou exageradamente na bochecha.

   - Eu também, Dem. – Joe sorriu quando ela tirou os óculos para coloca-lo no rosto dele.

   - Animado para comer comida mexicana? – Perguntou Selena fitando os olhos de Joe tão agarrada a Ed quanto Demi estava agarrada ao namorado. E o rapaz observou como as duas eram diferentes. Selena tinha o cabelo castanho longo, cheio e sempre estava caindo em ondas lindas. Ao contrário de Demi que vestia camisa de super herói, Sel tinha optado por um top cropped branco com um blazer preto por cima, jeans de cintura alta e sandália de salto. E mesmo tão diferentes, elas conseguiam ser lindas.

   - Acho que se eu comer, vou acabar passando mal. – Os três riram e as bochechas de Joe coraram.

   - Você tem que ao menos experimentar. – Disse Ed mais focado em acariciar Selena e beijá-la.

  - Nós vamos, certo? – Demi enlaçou os dedos aos dele e o olhou nos olhos quando fez a pergunta.

   - Vamos. – Os dois sorriram e Joe a beijou na testa carinhosamente. – Está aproveitando o seu dia de descanso? – O departamento de Design tinha sido eleito o melhor departamento da empresa, então como recompensa o pessoal ganhou um pequeno aumento no salário, um jantar no restaurante 1OAK e aquele dia de folga.

   - Está sendo divertido. – Comentou Demi fitando Joe para depois Selena. – Mas eu confesso que eu queria estar dormindo. – Sel riu assim como Joe. Tinha sido uma luta para tirar Demi da cama às oito da manhã.

   - Você é tão preguiçosa, Demetria. – Disse Selena e Demi mostrou língua. – Quando a gente morava juntas, meu Deus! Se eu não a acordasse, ela perderia todas as primeiras aulas. – Demi cerrou os olhos, mas não tinha como negar que dava trabalho para acordar.

   - Você por acaso se esqueceu de que eu trabalhava praticamente a noite toda na lanchonete, Gomez? – Selena acariciou o queixo, arqueou uma sobrancelha e negou balançando a cabeça para pirraçar Demi. O período da faculdade tinha sido complicado, cansativo, intenso e cheio de decepções.

   - Está bem, ela não é tão preguiçosa assim. – Quando Demi tornou a mostrar língua, Sel jogou um beijo para a amiga e elas riram porque se pirraçavam porque se amavam mais que tudo.

   - Então, vamos? – Eles não queriam arriscar receber uma bronca porque estava na lanchonete sem consumir nada. Quando estavam nas ruas de Nova York, Joe e Demi estavam abraçados de lado e Ed e Selena de dedos enlaçados ao lado do casal.

   - Vocês vão para casa? – Perguntou Selena.

   - O Joe tem uma entrevista agora. – Demi sorriu arrumando a gravata preta que o namorado usava. Ele estava lindo vestido socialmente. – Eu vou com ele. – Disse a Selena e ela acabou fazendo careta porque mesmo com a trégua da chuva, ainda fazia frio e ventava.

   - Nós podemos deixar vocês lá. – Quando Selena disse aquela frase, Demi olhou para cima para fitar os olhos de Joe como se perguntasse se estava tudo bem e ele assentiu. O rapaz usava até mesmo barba para a alegria de Demi, e o cabelo dele estava impecável!

A empresa para qual Joe faria entrevista não ficava perto de Manhattan. Era no porto do Brooklyn e eles tinham praticamente atravessado todo o bairro para chegar ao local. 

   - Vocês podem ligar quando terminar, só tenho que deixar as coisas na minha mãe e depois estarei livre. – Demi e Joe tinham acabado de sair do carro e Demi estava tão focada em observar o lugar que estava mais para uma indústria que prestar atenção nas palavras da amiga.

   - Obrigado Selena. – Disse Joe educadamente. – Vamos tentar pegar o metrô, se não der certo e as coisas ficarem complicadas, ligamos para você. – Joe esboçou um pequeno sorriso se despedindo de Sel e Ed, e porque a ideia de andar de metro o agradava bastante. Ele tinha estado na estação ferroviária da cidade, mas nunca tinha usado o metrô.


   - Eu quase nunca andei por aqui. – Comentou Demi tentando controlar o cabelo por conta do vento que soprava forte. O carro de Selena já estava distante e restava apenas ela e Joe naquele lugar. – Odeio quando o clima fica desse jeito. – Resmungou quando começou a chover fraco e como estavam no porto, o cheiro do mar e de peixes era forte e o vento estava mais violento.

   - Você deveria ter trago uma blusa de frio. – Joe a envolveu com o trench coach ficando apenas com a jaqueta que usava por baixo e Demi não reclamou, ela estava morrendo de frio e abraçava o namorado para que pudesse se aquecer.

   - Não imaginei que faria tanto frio. – Quando ela tremeu, Joe a abraçou com mais força os guiando para o outro lado da rua onde estava o edifício onde ele faria a entrevista. Lá dentro estava quente por conta dos aquecedores e ficar com blusas para ajudar a combater o frio não era uma alternativa viável.

   - Melhor, não? – Demi assentiu acomodada ao lado dele nas cadeiras de espera. A sala não estava muito cheia, assim, tinham poucos homens que provavelmente concorreriam a mesma vaga que Joe.

   - Daqui alguns meses começará a nevar. – Comentou Demi dobrando a jaqueta e o Trench Coat. – Nós temos que comprar roupas para você. – Ela era tão cuidadosa que quando Joe a olhou, ele sorriu quando teve a gravata arrumada e o cabelo penteado pelos dedos delicados.

   - É muito frio? – Perguntou Joe a olhando nos olhos com tanta ternura porque até mesmo a camisa social ela arrumava ao corpo dele. – Ei, eu amo você. – Discretamente ele a beijou na bochecha e quando a olhou nos olhos, envolveu os dedos aos dela sorrindo.

   - Eu também, querido. – Disse Demi de coração acelerado. – É muito frio. – Confirmou observando a chuva pela janela que já tinha engrossado. – Você precisará de roupas térmicas, suéter, cachecol, botas e tantas outras roupas. – O ruim do inverno em Nova York era que só fazia frio nas ruas, já dentro dos estabelecimentos a temperatura estava agradável até demais por conta dos aquecedores.

   - Quando eu estiver trabalhando, nós cuidamos disso. – Ele disse mais focado em observar o movimento das pessoas a olhá-la nos olhos.

   - Ei, eu vou cuidar de você. – Ela não precisou dizer mais nada para que Joe entendesse, e ele assentiu forçando um pequeno sorriso que não passou despercebido por Demi. – Ninguém tem nada a ver com isso, ok? – Disse o olhando nos olhos e demorou um pouquinho, mas ele assentiu.

   - Eu estou um pouco nervoso. – Comentou verificando a hora no relógio.

   - Amor, você tem que ficar calmo. – Demi tinha experiência em entrevistar candidatos da Gyllenhaal e ficar nervoso, ansioso ou qualquer outra coisa não ajudava em nada. – Se você ficar nervoso não vai conseguir fazer uma boa entrevista. Só relaxa, ok? Confia em você mesmo. Você é muito inteligente e um bom funcionário, tenta passar isso para o pessoal. – Joe assentiu prestando atenção em cada palavra que ela dizia. Demi tinha razão, o nervoso, assim como a vergonha, não o ajudaria em nada, aliás, ajudaria a não conseguir a vaga.

   - Fala mais princesa, a sua voz me acalma. – Tudo que ele conseguiu foi um lindo sorriso de Demi. Ela apertou mais os dedos aos dele e até ele ser chamado, Demi falou! Como falou! Ela o fez sorrir e até mesmo rir, foi tão bom que Joe até mesmo tinha se esquecido de que iria fazer uma entrevista.

Exatamente às onze horas em ponto, Joe foi chamado e para tranquiliza-lo, Demi o beijou brevemente e disse que tudo daria certo olhando nos olhos dele.
A entrevista demorou. Demi ficou distraída com o celular esperando pelo namorado até que o aparelho avisou que tinha pouca carga. E não era para menos, ela usou os aplicativos das redes sociais e até jogou. Uma hora de relógio mais tarde, Joe saiu da sala sorridente acompanhado por um homem mais velho que ele. Eles conversavam e se despediram com um aperto de mão.

   - Ei, deu tudo certo? – Contagiada pela felicidade dele, Demi também sorriu se levantando quando Joe se aproximou sorrindo para ela.

   - Acho que fui muito bem. – Comentou oferecendo a mão a ela para que eles pudessem ir embora. – Nós conversamos bastante e o Sr. Potter disse que tenho boa chance de conseguir a vaga. – O sorriso dele sumiu dos lábios quando eles saíram do conforto. Lá fora estava frio e chovendo fraco, o que obrigou Joe a vestir a jaqueta e Demi o Trench Coat. – A estação fica longe? – Perguntou a Demi. Sorte era que na área que eles estavam era coberta.

   - Não exatamente. Eu acho que vou ligar para a Sel. – Disse o olhando e Joe franziu o cenho. – Está chovendo e vai ficar complicado chegar em casa.

   - Vamos de metrô. Não quero dar trabalho para Selena. Eles já ajudam bastante, digo, a Sel e o Ed. Vamos de metrô princesa, se a gente se perder, ligamos para Sel. – Demi o olhou nos olhos e segundos depois assentiu. Sel deveria estar ajudando a mãe a preparar o jantar e envolvida com as outras coisas.

   - Prepara, nós vamos tomar banho de chuva. – Demi riu da careta dele, e como estava louca para beijá-lo, ela o abraçou pelo pescoço e como esperava, Joe se curvou para beijá-la na boca sem pressa.

   - Então quando a gente chegar em casa, nós tomamos um banho quentinho e vamos para debaixo da coberta juntos. – Disse nos lábios dela antes de beijá-la novamente arrancando um suspiro de Demi que correspondeu ao beijo com paixão e fome.

O caminho até a Atlantic Avenue, estação onde pegariam o metrô para Manhattan, foi longo e cheio de seus altos e baixos. Fazia frio e a chuva resolveu engrossar só porque eles estavam desprotegidos caminhando na rua. Por um lado foi bom porque Joe abraçou mais Demi assim como ela fez. Quando chegaram a estação, o metrô que pegariam teria que ser no sentido UpTown, assim passaria pelo Broonklyn, logo o Rockefeller Center com destino ao Bronx, era o da linha D laranja. Os cartões magnéticos chamados de MetroCard custavam apenas dois e setenta e cinco dólares, e Demi fez questão de compra-los quando percebeu que Joe não tinha o suficiente para pagar as passagens deles. Ele ficou envergonhado e um pouco sem jeito, mas não foi nada que um beijo caloroso resolvesse.

Dentro do metrô havia dois lugares livres e estava frio, como estava! As poucas pessoas para preencher o transporte naquele horário era uma pena. Demi se lembrava de quando usava o metrô transbordando de pessoas, não tinha como sentir frio. 

   - Se você for escolhido, quando começa? – O cabelo de Demi estava úmido e mesmo agasalhada, ela tremia de frio. Já Joe estava mais quente e confortável que ela, por isso a abraçava de lado para tentar aquecê-la.

   - Ainda essa semana. – Ele disse se sentindo culpado por ela estar passando frio. As mãos de Demi estavam geladas assim como o rosto. – Vamos trocar de jaqueta? Você ficará mais aquecida com a que eu estou vestindo. – Ele disse e ela franziu o cenho sem se erguer para olhá-lo.

   - Eu estou com frio nas mãos e nos pés. – Disse e ele cobriu a mão dela com as dele. Só não dava para fazer muito sobre o all star que estava molhado. – Se você me der um beijo, vai ajudar a esquentar. – Ela sorriu sapeca e Joe riu, inclinou-se e tomou os lábios dela num beijo intenso e que só não durou mais porque eles quase caíram quando o metrô fez uma curva.

   - Esse com certeza é o transporte mais louco que já usei. – Comentou Joe fazendo Demi rir. Ele ainda não tinha visto nada do que era a vida em Nova York!

   - Joe, o Sr. Potter comentou em que área você vai trabalhar? – Demi perguntou o olhando e Joe que tentava entender o que acontecia fora do metrô sem muito sucesso, olhou para namorada.

   - Vigilante noturno. – Disse sustentando o olhar de Demi.

   - Você vai trabalhar à noite toda? – Perguntou sem conseguir esconder o desanimo.

   - Por enquanto é o que tenho. São dez horas por dia, eles pagam sete e setenta e cinco dólares por hora e todo final de semana. – Demi não parecia satisfeita e Joe estava tenso porque não queria brigar com ela.

   - Eu só estou pensando na sua saúde. – Disse o olhando nos olhos porque ela não queria que ele pensasse besteira. – Você sente que está bem? Nunca mais teve tonturas? – Perguntou enlaçando os dedos aos dele.

   - Estou bem e sem tonturas. – Joe forçou um sorriso porque quando ela ficava preocupada, ele se sentia importante. – É de domingo a domingo.

   - Domingo a domingo. – O que ela diria? Demi umedeceu os lábios e para não estragar o clima, ela deitou a cabeça no ombro dele e o beijou no pescoço. – Eu só me preocupo muito com você. – Disse da forma mais carinhosa que podia e Joe assentiu observando os dedos nos dela. – É tão perigoso, amor. Você estará armado? – Perguntou se erguendo para olhá-lo e Joe assentiu sustentando o olhar dela. – Você poderia esperar mais, eles podem chamar para vaga de programador.

   - Eu posso fazer as duas coisas.

   - E você vai namorar comigo que horas? – Ele riu de como ela tinha soado manhosa, virou-se para abraça-la e beijá-la na boca. – Nós não vamos poder dormir juntos. – Resmungou nos lábios dele.

   - Nós vamos dar um jeito, ok? Eu prometo. – Não deu tempo de beijá-la porque o metrô tinha chegado a estação que eles desceriam.

 De mãos dadas caminharam pela estação e Demi explicou melhor como funcionava o sistema de metrô da cidade. Joe não esperava que subir alguns degraus os levaria para a 50th rua,  onde ficava a estação do Rockefeller Center. Manhattan tinha perdido o seu charme. Tudo estava molhado e as pessoas andavam com pressa geralmente mal humoradas e sem muita paciência. E bem, Joe nunca tinha visto tantos taxis amarelos e guarda-chuvas como naquele dia. Não era porque estava chovendo que a cidade pararia. Enquanto caminhava rapidamente de mãos dadas com Demi tendo cuidado para não esbarrar as pessoas, Joe observava o céu cinza e as ruas tão molhadas que o asfalto estava de um cinza escuro que refletia os letreiros dos prédios. Infelizmente a chuva piorou e ele começou a correr quando Demi também começou ainda o segurando pela mão. Eles já estavam molhados e perto do prédio onde Joe morava, e quando chegaram ao edifício, os dois estavam encharcados.

   - Eu estou com frio! – Disse Demi batendo os dentes e Joe assentiu não muito diferente que ela. Para não molhar o prédio, os dois bateram os pés no chão sem muito sucesso, riram e quando entraram, adentraram ao elevador sem jeito porque as outras pessoas estavam secas.

   - Eu quero tomar um banho morno e passar o resto do dia na cama. – Joe sussurrou aquelas palavras para Demi e ela sorriu assentindo porque queria fazer a mesma coisa com ele.

   - Só depois de comer. – Sussurrou de volta o fazendo sorrir.

Como o prédio não tinha muitos pavimentos e Joe morava nos primeiros, não demorou muito para o elevador os deixar no andar do rapaz. Eles só não esperavam que o síndico do prédio também desceria ali.

   - Senhor Jonas. – O homem mais velho chamou e Joe se virou para olhá-lo quando já estava em frente a porta do apartamento em que morava. – Desculpe abordá-lo dessa forma. – Disse depois de apertar a mão de Joe. – O seu aluguel e as demais contas estão vencidas. O Senhor tem apenas essa semana para efetuar o pagamento. – Sem graça e envergonhado, Joe assentiu calado. Tinha como se sentir pior? Por que aquele homem não o chamou para conversar na sala do prédio destinado a aquele tipo de coisa? Joe não conseguiu dizer tchau quando o homem se despediu, ele nem mesmo o olhou caminhar pelo corredor em direção ao elevador olhando uma vez para trás. O rapaz estava cabisbaixo e se sentia o pior ser humano do mundo. E Demi estava lá presenciando tudo.

   - Vamos entrar, não queremos ficar doente, certo? – Ela sorriu para tentar animá-lo, mas como Joe estava calado, Demi preferiu respeitar o tempo dele. Nem mesmo Lucy conseguiu animá-lo e quando o rapaz caminhou diretamente para o quarto, Demi não soube o que fazer. Era melhor ir embora? Ela estava com frio e fome, lá fora chovia e de certa forma, as coisas não estavam indo bem com Joe.

   - Você não vem? – Cinco minutos depois ele surgiu na sala vestindo nada mais que uma toalha. Demi acariciou a cabeça de Lucy e caminhou ao lado do namorado para dentro do quarto.

Chegaram ao banheiro em silêncio. Joe ligou a ducha e começou a se lavar de costas para Demi que timidamente tirava as roupas encharcadas. Diabos! Ela não tinha dificuldade nenhuma para ficar nua, principalmente quando estava com o homem que amava.

O par de chinelos extras dele ficava enorme nos pés femininos, mas mesmo assim Demi os calçou como sempre fazia quando estava no apartamento de Joe. De tanto frio que ela estava, os seios tinham os mamilos duros e a pele de todo o corpo estava arrepiada.

   - Joseph. – Chamou na entrada do box e quando Joe se virou, ele a puxou para os braços porque estava nítido que ela estava com frio. A temperatura da água estava tão agradável que Demi deitou a cabeça no peito de Joe o abraçando para sentir o corpo sendo aquecido da forma mais deliciosa que ela poderia imaginar naquele momento. – Está muito bom, não acha? – Disse tentando quebrar o silêncio e o clima estranho. Joe não disse nada, assentiu buscando pela bucha e o sabão para começar a lavá-la. – Você não vai falar comigo? – Perguntou ficando de costas para ele ensaboá-la.

   - Oi. – Um oi? Demi virou a cabeça para olhá-lo e arqueou a sobrancelha, Joe esboçou um pequeno sorriso e ela esperou que ele a lavasse para poder se virar.

   - Ei. – Chamou pegando a bucha das mãos dele para ensaboá-lo no peito. – Vem morar comigo. – Eles se olharam até que Joe desviou o olhar do dela e engoliu em seco. – Eu não pago aluguel, o apartamento é meu e tem espaço suficiente para nós dois.

   - Eles não permitem animais. – Disse alguns minutos depois com tanto receio e sem olhá-la. – Eu vou resolver tudo, não precisa ficar preocupada.

   - A gente dá um jeito. – Insistiu levando a mão ao rosto dele para Joe olhá-la nos olhos, e ele o fez brevemente porque desviou o olhar outro ponto. – Seria tão ruim assim morar comigo? – Perguntou tentando descontrair o clima e tudo que ela conseguiu dele foi silêncio. – Joseph! – Chamou já chateada e quando ele a olhou, Demi franziu o cenho.

   - Não é isso. Obrigado pelo convite, mas eu posso me virar sozinho. – Então aquela era a questão. Orgulho masculino. Demi deixou que ele lavasse o cabelo dela enquanto ela observava os pingos de água no vidro do box de mente pura.

Saíram do banheiro calados, cada qual em seu mundo. Vestiram-se sem trocar olhares. O relacionamento nunca tinha sido tão frio e impessoal como estava sendo desde que aquele homem abordou Joe na porta do apartamento.

   - Ei. – Joe não queria parecer chato ou mal agradecido. Quando ele viu que Demi estava sentada a beirada da cama secando o cabelo com a toalha, ele se sentou ao lado dela e abriu a mão para que ela envolvesse os dedos aos dele. – Só quero tentar, ok? – Disse quando ela colocou a mão sobre a dele e enlaçou os dedos. – Eu preciso trabalhar, pagar as minhas contas e aprender a cuidar de mim mesmo. Como vou cuidar de você e dos nossos filhos se eu continuar assim? – Perguntou a olhando nos olhos e Demi respirou fundo.

   - Às vezes, você é quem tem que receber cuidados. Isso é normal num relacionamento. – Disse sustentando o olhar dele. – Uma mão lava a outra. – Ela o beijou na bochecha quando Joe assentiu pensando a respeito. – Você pode morar comigo no meu apartamento sem problemas. E nós podemos levar a Lucy, ela não dá trabalho e é tão comportada. Ou se não der certo, posso alugar o meu apartamento e com o aluguel, alugar um para nós dois e a Lucy.

   - Não vamos descartar essa opção. – Disse a olhando nos olhos e Demi forçou um sorriso quando a outra mão dele cobriu a dela. – Eu vou continuar tentando arrumar um emprego, se nada der certo, nós pensamos nisso. – Era melhor que nada. Demi ainda queria convencê-lo a morar com ela, mas sabia que precisava respeitar a decisão de Joe.

   - Eu posso ao menos ajudar com as contas e com o aluguel? – Perguntou o olhando, mas o celular do rapaz começou a tocar os desconcentrando. Ela tinha ganhado um selinho nos lábios antes de Joe se levantar para buscar o aparelho. Aquilo era bom, certo?

   - Joseph Jonas. – Demi percebeu que ele estava atento e que conforme a outra pessoa falava, um pequeno sorriso surgia nos lábios dele. – Estarei lá, obrigado! – A chamada tinha sido encerrada e Joe sorriu de orelha a orelha fitando Demi, que entendeu o que tinha acontecido. – Eu consegui. – Disse tão feliz que Demi se levantou para abraça-lo com força mesmo não gostando dos termos daquele serviço.

  - Parabéns! – Disse o olhando nos olhos porque a felicidade dele era contagiante. – Não me esmaga! – Ronronou quando ele apertou mais o abraço e a olhou sorrindo lindamente.

  - Eu estou feliz. – Disse acariciando o rosto dela com a mão livre enquanto a outra estava na cintura da namorada. – Obrigado por me esperar e por me acalmar, sem você, eu não teria conseguido. – Demi fitou os olhos dele e sorriu enlaçando o pescoço com os braços.

   - Eu estou muito feliz que você está feliz. – Disse puxando as mechas curtas do cabelo da nuca e Joe se curvou para roçar o nariz no dela. – Por um lado eu estou muito triste porque você não vai dormir mais comigo todas as noites. – Os dois sorriram e trocaram um beijo breve, porém especial. – E eu estou preocupada, porque eu não quero o meu homem por aí sozinho à noite. – Joe escondeu a cabeça no ombro dela para beijá-la no pescoço e a abraçou o máximo que pode gostando de ter o corpo roçando o dele.

   - Eu te amo mais do que tudo. – Ele tinha dito aquelas palavras a olhando nos olhos e foi tão sincero que Demi respirou fundo para se controlar. – Prometo que eu vou me cuidar. – Demi o beijou na boca e aos pouquinhos aprofundou o beijo tendo todo o carinho de continuar puxando o cabelo da nuca dele e de acariciar a barba que Joe deixava crescer para agradá-la.

   - Eu também te amo mais do que tudo. – Quando se sentou a cama, puxou-a para cima dele e sorriu quando eles acabaram deitados. – Acho que você pode me visitar no meu escritório. – Comentou e Joe sorriu envolvendo a cintura dela com os braços. – Mas não vai ser a mesma coisa, com quem eu vou passar a noite agarrada? – Perguntou manhosa fazendo biquinho e Joe a beijou exageradamente no queixo aproveitando para inverter as posições.

   - Quando eu conseguir algo melhor, vou sair, combinado? – A resposta dela foi um beijo de língua que começou devagar e aos poucos se transformou num beijo feroz que os fez ofegar de cansaço e tesão. – Que tal se a gente dormir bem agarradinho agora? – Perguntou manhoso e Demi o mordeu no lábio inferior enquanto afastava as pernas para abriga-lo da melhor forma que podia. – Eu estou com um pouquinho de sono e frio. – Disse empurrando contra ela e esboçando aquele sorrisinho inocente que fez Demi rir e acertá-la com um tapa no braço.

   - Eu acho que eu deveria te alimentar primeiro, bebezão. – Ele arrancou um suspiro dela quando deu um selinho demorado e a olhou daquele jeito intenso nos olhos. – Vamos, cozinha agora! – Era para soar sério, porém Demi riu quando Joe arqueou uma sobrancelha e voltou a abraça-la todo manhoso. – Mais tarde nós não vamos fazer amor. – Foi tiro e queda. Joe a olhou e franziu o cenho entrando na brincadeira.

   - Eu não quero fazer amor mesmo. – Mentiu na maior cara dura e Demi arqueou a sobrancelha e enlaçou as pernas no bumbum dele. – Eu aposto que você vai me atacar agorinha para fazer amor com você. – Eles riram e a brincadeira começou. Joe fez cócegas em Demi e ela riu tanto que até vermelha ficou, lágrimas rolaram e o riso dela era contagiante. E ela revidou com dificuldade já que Joe fazia de tudo para não permitir. Ele riu tanto quanto Demi, e no final das contas os dois ofegavam e sorriam fitando o teto.


   - O que você está fazendo? – Desconfiada, Demi olhou para trás a procura de Joe. Ele estava escorado ao balcão. O celular estava em mãos e ele estava tão sério concentrado enquanto ela cozinhava o almoço.

   - Nada demais. – Disse mostrando o celular para ela e então ele colocou o aparelho no bolso e se aproximou da namorada. – Precisa de ajuda? – Perguntou massageando os ombros dela para depois abraça-la gentilmente.

   - Está tudo praticamente pronto, só esperarmos o fogão trabalhar. – Ela o olhou pelo ombro e sorriu. – Você pode providenciar alguma coisa para bebermos. – Ele assentiu dando um selinho nos lábios dela. – Você não me respondeu mais cedo. – Disse destampando uma panela para depois tampá-la de volta.

   - Não respondi? – Perguntou de cenho franzido trazendo as frutas para que pudesse lavá-las.

   - É... Perguntei se eu poderia ao menos ajudar com as contas e com o aluguel. – Demi também pegou uma das frutas para lavá-la. – Eu estou praticamente vivendo aqui, então eu também poderia ajudar. – Disse antes que ele negasse.

   - Dem, eu estou empregado. Vou receber todo final de semana. – Disse a olhando. – Minhas contas estão todas atrasadas, eu sei. Mas eu vou conversar com o pessoal do prédio, explicar a situação e pagarei assim que receber. O resto virá com juros, mas não tem problema. O que importa é que eu consegui um emprego e as coisas vão voltar ao normal. – Ele foi o mais calmo e gentil que podia para não soar errado.

   - Você não precisa ser orgulhoso. – Disse fitando os olhos dele. – Eu posso ajudar Joe, com uma semana de trabalho você não vai conseguir pagar o aluguel e nem as contas. Estou falando sério! Eu posso e quero ajudar, vou me sentir mal por te deixar nessa situação e n... – Quando o celular dele começou a tocar, Joe não disse nada, pegou o aparelho para atende-lo e Demi respirou fundo impaciente.

***

O calor insuportável só deu trégua quando o sol se pôs como se escondesse abaixo da linha do horizonte. O céu estava entre o azul claro, o alaranjado e o roxo, e as nuvens falhas eram de tirar o fôlego. Logo o céu iria ganhar aquele azul marinho escuro que era assustadoramente lindo com os pontinhos brilhantes que só podiam ser apreciados longe da cidade grande. E o campo era o lugar perfeito para assistir ao show das estrelas. O vento soprou gelado e o cantar dos grilos misturado ao som das folhas excitadas pelo colidir da rajada de ar começavam a se destacar.

Os animais descansavam. Alguns no campo e outros no majestoso celeiro de cor vermelha e telhado branco. As terras da família Jonas iam além do que eles mesmos poderiam imaginar. Eram tantos hectares que ninguém sabia ao certo até onde as terras pertenciam à família, apenas Clara. O casarão não ficava muito longe do celeiro e ele tinha três andares e muitos metros de largura, comprimento e altura.

As pedras, britas, eram incomodas quando pisadas com botas. Mas o caminho até o celeiro era todo com aquelas pedrinhas de cor cinza. Laura, que tomava café numa xícara de porcelana observou a menina caminhar furiosamente em direção ao celeiro onde Clara estava terminando o serviço. Coisa boa não era.

   - Por favor, amanhã cedo. Eu não posso tolerar atrasos. Nós precisamos entregar os tomates cedo na cidade, mas um dia de atraso e eu não sei o que vou falar para o dono da mercearia. – Clara tentava não ser rude com o novo menino que tinha contratado para fazer as entregas. Se Joseph estivesse no Texas, ele não atrasaria com a mercadoria.

   - Sim senhora. O bebê acorda de madrugada e eu não consigo dormir. – Disse o rapaz claramente envergonhado porque Rose tinha acabado de adentrar ao celeiro sem ser muito discreta. Clara assentiu e ele soube que estava na hora de ir para casa.

   - Pensei que já estivesse em casa, criança. – Clara beijou a testa da neta postiça brevemente porque precisava terminar de alimentar os cavalos.

   - Cheguei agora pouco. A mamãe e os meninos precisaram de ajuda para desatolar o carro no meio do nada. – Comentou Rose um tanto ansiosa e logo mordendo o lábio inferior. Os olhos verdes de Clara lembravam muito os de Joseph. – A senhora tem notícias do Joseph? – Perguntou a menina com certo receio sentindo o coração bater mais rápido quando Clara a olhou com certa curiosidade.

   - Ele não ligou hoje. – Ela não conseguiu disfarçar a decepção na voz e nem disfarçaria porque Rose concordava com ela na questão de Joseph voltar para casa. – Ele ligou tem três dias. Eu queria mesmo era vê-lo como na vez que a sua tia e eu estávamos na lanchonete na cidade.

   - Você o viu pelo celular? – Perguntou Rose começando a ajudar a avó a trocar a água dos cavalos.

   - Eu não entendo muito bem, filha. – Disse Clara fitando brevemente os olhos castanhos da menina. Rose era muito bonita para uma mocinha de dezesseis anos. O cabelo comprido era escuro, a pele clara e o rosto bem desenhado. – Foi pelo celular da sua tia. Ele está tão bonito, ele adotou uma cadelinha e tem uma namorada. – Clara sorriu feliz. Aquelas eram as únicas coisas que davam sossego a ela quando se tratava de Joe. Pelo menos ele não estava sozinho em Nova York. – Ele não te falou? – Perguntou e Rose murmurou um sim contra vontade.

   - Então, é sobre isso que eu quero conversar com a senhora. – Começou a dizer e Clara franziu o cenho sem entender. – Eu não acho que.. – A menina não conseguiu concluir a frase porque Laura adentrou o celeiro como um furacão. – Você está bem? – Perguntou a tia quando ela se aproximou fitando os olhos da menina só para depois olhar para a mãe.

   - Sua mãe me pediu para te levar para casa agora. – Disse Laura a Rose. – E a senhora não deveria estar dentro de casa? Todos os funcionários já foram embora e estão descansando. – Laura assumiu o serviço da mãe pegando o balde de ferro pesado carregado de ração.

   - Só estou tratando dos cavalos. – Disse Clara a filha que negou balançando a cabeça. Para Laura, a mãe deveria descansar a ficar fazendo o mesmo serviço pesado todos os dias.

   - Peça a Josh e o Andrew para terminar o serviço, eles jogando videogame na sala. – Disse referindo-se aos sobrinhos.

   - Não esqueça a cesta de maçãs para a sua mãe. Depois nós conversamos, pequena. – Clara não negaria que estava cansada. Ela beijou a bochecha de Rose e sorriu para a filha virando as costas para ir para casa.

   - Rose! – Laura chamou a menina antes mesmo que ela saísse de fininho. – Vamos? – A menina assentiu com receio e Laura a olhou atentamente. Ela conhecia Rose muito bem para saber o que ela faria. – O seu cavalo está em frente a casa, nós vamos cavalgando – Rose não negou e de tão tensa que estava, assentiu engolindo em seco quando Laura puxou mansamente o cavalo de Joseph pela guia do cabresto, e para acalmar o animal que só tinha costume de ser domado pelo dono, Laura o acariciou na face e o beijou ali mesmo para depois selá-lo. O cavalo de Joseph era branco com manchas pretas. O animal era vistoso e bem cuidado.

   - Eu vou buscar as maçãs. – Disse Rose apressando o passo em direção a casa, e Laura não a impediu porque não daria tempo da menina envenenar Clara. A casa estava cheia como sempre e Clara deveria estar se organizando para descer para começar a cozinhar.

Poucos minutos depois Rose voltou com a cesta cheia de bonitas maçãs vermelhas e se aproximou da tia para que elas pudessem pegar o cavalo da menina em frente a casa e começar a cavalgar.

   - Nós podíamos ir de carro, amanhã eu buscaria a minha menina. – Disse Rose e Laura negou balançando a cabeça ajudando a menina montar na égua.

   - A noite está linda. E a sua casa não é longe daqui. – Laura montou no cavalo de Joseph e para acalmá-lo, acariciou a crina e conversou com o animal baixinho.

   - Para onde vocês vão, meninas? – A caminhonete quase as cegou com o alto farol. Então Lucas, o irmão mais novo, gritou para Laura depois de buzinar pelo menos três vezes.

   - Vou levar a Rose para casa. – Disse Laura balançando a cabeça negativamente para o irmão não aprovando o comportamento dele. – Daqui a pouco estou de volta. – O rapaz adentrou com a caminhonete e aproveitando que a porteira estava aberta, Laura e Rose passaram com os cavalos.

   - Ele está bêbado. – Comentou Rose e Laura assentiu contra vontade. Era difícil tentar colocar aquela casa em ordem. As irmãs estavam ocupadas com os filhos, e não eram todos os irmãos que estavam em casa. Eram oito Jonas para cuidar de Clara, mas era ela quem cuidava deles sempre a frente dos negócios da fazenda e de cuidar da família.

   - Essa família é grande demais. – Começou a dizer Laura. Juliana, a mãe de Joe, era a irmã mais nova. E depois vinha Laura, a cópia idêntica da mãe. – Nós somos nove. – Disse sem excluir a falecida irmã. – E sinceramente, eu não quero mais problemas para a mamãe. – As estradas eram iluminadas, e era isso que ajudava a manter o contato visual com Rose, que engoliu em seco sem saber o que fazer.

Laura não queria ser rude com a menina porque de certa forma, compreendia o desespero de Rose. Então o caminho até a fazenda onde a menina morava por grande parte foi silencioso e até mesmo agradável. Porém quando chegaram a porteira da fazenda, Laura decidiu que estava na hora de abrir o jogo.

   - A senhora que entrar, tia? – Rose perguntou um pouco tímida e sem graça, e Laura negou num balanço de cabeça.

   - Quero que você me prometa que não vai perturbar a mamãe com a história do Joe e a namorada dele. – Disse Laura e Rose tombou a cabeça para trás murmurando baixinho.

   - É complicado, eu não posso te prometer. – Disse a menina e Laura negou balançando a cabeça.

   - Você não gosta da Demi. Não tem nada de complicado nisso e eu não quero a minha mãe mais preocupada do que ela já está com o Joe n'outro lado desse país. – Disse determinada.

   - Você sabia que essa outra estava saindo com um cara casado? Ele tem três filhos pequenos! O Joseph está sendo enganado por ela e isso eu não posso admitir.

   - É uma história complicada Rose. A Demi não sabia que ele era casado. – Disse Laura. Ela tinha conversado sobre a situação com Joe e ele explicou tudo nos mínimos detalhes.

   - Ela traiu o cara com o Joseph, você sabia? – Disse Rose soltando fogo pelas ventas e Laura assentiu. – Eu acho que a vovó não quer mais problemas. E se o Joseph continuar com essa piranha, as coisas não vão ficar legais para o lado dele. Mais cedo ou mais tarde ela vai meter o chifre nele e ele vai ficar devastado.

   - Você só está com ciúme. – Disse e a menina não negou.

   - Ela é filha de uma prostituta de luxo. Imagina só as coisas que ela já deve ter feito para se dar bem. – Disse e Laura não soube o que dizer porque Joe não tinha falado nada a respeito. – Eu o amo de verdade, não é uma paixonite como todos dizem! E eu nunca vou aceita-la! Ele é a pessoa mais importante da minha vida e está lá com aquela.. aquela.. – As lágrimas rolaram pelo rosto da menina e Laura percebeu que não era encenação. Rose estava devastada e machucada. – Você sabia que o Joseph está desempregado? Ele bateu no ex da outra dentro da delegacia. Está num blog na internet. – Joseph faria aquilo? Laura não sabia, e nem quis responder Rose porque a menina estava nervosa e poderia estar inventando para queimar o filme de Demi.

   - Querida, você sabe que ele nunca vai te amar desse jeito. – Ela tentou soar amigável, porém Rose chorou mais fazendo com que o cavalo se assustasse e quase a derrubasse. – Rose, olha para mim. – Pediu carinhosamente aproveitando a proximidade entre elas para secar as lágrimas da menina com a mão. – Se você ama o Joe de verdade, deixe que ele seja feliz e não encha a cabeça da mamãe com problemas. Você é uma boa menina e eu tenho certeza que vai entender. – Os olhos castanhos de Rose fitaram os verdes de Laura com bastante atenção, e ela não disse nada assim que ouviu o que a tia tinha a dizer.


***

Lá fora a chuva estava mais grossa e a temperatura por volta de treze graus célsius, razão pela qual o pessoal usava suas jaquetas, moletons e blusas para conter o frio. Na cozinha dos Gomez a temperatura estava agradável, mas ainda sim ninguém recusava um bom agasalho. Alguns dos parentes de Selena falavam apenas um idioma, o espanhol e era complicado manter uma comunicação que fazia sentido. E o cheiro na cozinha era maravilhoso! A mesa da sala estava ficando farta de comida a cada vez que um prato era finalizado. Eram tortillas, nachos, tacos, guacamole, burritos, chilli com carne, pozole e tantos outros pratos derivados da cultura mexicana.

   - Você não está animada. – Não tinha meia hora que Demi tinha chegado. E para deixar Selena intrigada, a amiga estava triste. O típico sorriso lindo só tinha sido esboçado por Demi para cumprimentar o pessoal, e ele era tão falso que só Selena para reconhecê-lo. – Dem, o que foi? – Elas estavam na cozinha e conversar ali estava complicado. Por isso Selena segurou a mão de Demi e a puxou em direção ao quarto onde teriam acesso as escadas que levavam para o quarto. E no meio do caminho elas toparam com Ed e Joe, e pelo olhar que Demi trocou com o namorado, eles tinham brigado.

   - Desculpa Sel, eu não queria vir. Preferia ter ficado no meu apartamento descansado. – Disse desanimada assim que elas adentraram o quarto de Selena que fechou a porta e puxou a amiga para se deitar a cama.

   - Você brigou com o Joe. – Não era uma pergunta. Demi se acomodou a cama da amiga e suspirou triste.

   - Hoje foi tão estranho. – Murmurou fitando um ponto qualquer e Selena colocou uma mecha do cabelo de Demi que caía no rosto dela. – Nós não brigamos, é só que... As coisas ficaram estranhas quando chegamos da entrevista. Ele vai trabalhar de domingo a domingo e ainda por cima armado tomando conta de uma empresa em frente ao porto do Brooklyn. Ah! E é de nove da noite até seis da manhã. – Choramingou tão manhosa que Selena adentrou o cabelo dela com os dedos para acaricia-los tentando acalmar Demi. – Eu estou preocupada! Se algum idiota machuca-lo? E a saúde dele? – Selena não soube o que dizer por que se Ed estivesse no lugar de Joe, ela também ficaria preocupada como Demi. – Ele começa hoje. – Murmurou a contra gosto.

   - Já? – Perguntou Selena surpresa e Demi assentiu.

   - Eu o convidei para morar comigo. Mas ele é tão orgulhoso Sel! Por que os homens são assim? Quando tentamos ajudar eles ficam resistindo! Eu estou cansada! Quando chegamos encharcados no apartamento dele, o sindico perguntou sobre o aluguel e as outras contas. O Joe ficou tão tímido e envergonhado, eu queria pagar, mas ele não deixa.

   - Dem.. Vai com calma. – Disse Selena e Demi negou balançando a cabeça.

   - Eu estou vivendo com ele, diríamos assim. Gasto água, energia, mantimentos. Por que não posso pagar o aluguel e as contas? Nem que seja dessa vez? Eu realmente não entendo. Será que ele não percebe que só está me machucando com todo esse orgulho idiota?

   - Tenta negociar com ele. Quem sabe você pode dar a metade do valor, não seria ruim e já ajudaria bastante. – Disse Selena e Demi não disse nada porque ela não tinha pensado a respeito.

   - Está complicado para ele. Nem se eu desse a metade, o que ele vai ganhar nesse próximo final de semana cobriria. E para evitar juros e que o nome dele vá sujo, ele poderia me deixar pagar essas contas. – Demi fitou o teto do quarto de Sel e respirou fundo. – Ah, e o detetive Pine ligou. O Joe não vai ser preso, mas ele terá que fazer trabalho voluntário duas vezes por semana por três meses. – Selena abraçou Demi de lado e forçou um sorriso quando a amiga a olhou.

   - Olha pelo lado bom, ele não será preso. E trabalho voluntário não é ruim Dem. Ele estará ajudando pessoas necessitadas. – Disse Selena e Demi assentiu.


   - E quem fica sem namorado sou eu! – Resmungou inconformada.

   - Você não pode ser incompreensível com ele. – Disse e Demi cerrou os olhos quando a olhou. – Estou falando sério. Concordo que ele deveria aceitar a sua ajuda. Mas você já pensou na possibilidade dele estar sem jeito? Acontece! E Dem, nós duas sabemos que você está morrendo de ciúme.

   - Também estou preocupada com ele, sabia? Ele tem a saúde frágil e nós duas sabemos que serviço pesado não é para ele. – Selena deu de ombros e Demi mostrou língua porque estava ficando mais irritada do que já estava. – Ah, você está falhando em me consolar. Que vergonha, Selena! – Pra que mais emburrada, egoísta e manhosa que aquela mulher? Selena revirou os olhos quando Demi virou as costas para ela. Então ela abraçou a amiga por trás e a beijou no pescoço tentando chamar a atenção de Demi que riu sapeca e a olhou.

   - Não seja chata com ele, Demetria. – Disse colocando uma mecha do cabelo de Demi atrás da orelha e a mesma não disse nada. – Tenha paciência, uma hora ele vai aprender que você é a companheira dele e só quer ajuda-lo. – Sel umedeceu os lábios e sustentou o olhar de Demi.

Elas estavam próximas demais. Trocavam aquele olhar fixo e as respirações começavam a ficar mais pesadas. Demi umedeceu o lábio como Selena fez sem ousar em desviar o olhar. Ela ajudou Sel a se deitar ao lado dela e com muita coragem, levou a mão ao rosto da amiga para colocar uma mecha do cabelo longo de Selena atrás da orelha como ela tinha feito. Se não fosse pelo celular de Demi vibrando, alguma coisa aconteceria. As duas tinham certeza que sim, só que preferiam ignorar. Forçando um sorriso, Demi se ergueu e pegou o aparelho no bolso do moletom que vestia. Duas chamadas de Joseph. Oito e quarenta da noite.

“Estou de saída, não vem se despedir?” – Joseph.

O aperto no coração a deixou tão desconfortável. Demi fitou a mensagem com angústia e resolveu não responder. O que ela faria? Não queria que Joe fosse trabalhar naquele lugar perigoso e ainda por cima de vigilante e à noite! Ela não conseguiria dormir direito pensando em como ele estaria do outro lado da cidade.

   - O Joe está de saída. Eu vou descer. – Disse para Selena que assentiu também se levantando.

   - Dem. Paciência com ele, ok? – Disse Selena a olhando nos olhos e Demi assentiu se curvando para beijá-la na bochecha com carinho.

   - Você vem? – Perguntou um pouco corada e Sel assentiu arrumando o cabelo que estava um pouco bagunçado.

Quando desceram as escadas, Demi franziu o cenho quando avistou Joe e Ed do lado de fora de casa. A porta estava aberta e ela podia notar que a chuva tinha piorado consideravelmente só para preocupa-la ainda mais! E lá fora estava frio, como estava! Demi sustentou o olhar do namorado até que estava em frente a ele, por mais que tinha sido estranho o dia que tiveram, eles tinham trocado alguns beijos e conversado sobre outras coisas.

   - Você tem mesmo que ir? – Soou como uma criança chorosa e assustada, e Joe assentiu tímido a puxando para os braços. – Joseph... – Choramingou tentando convencê-lo e Joe encostou os lábios nos dela num selinho delicado.

   - O Ed vai me levar. – Disse acariciando a bochecha da namorada para depois colocar uma mecha de cabelo atrás da orelha. – Amanhã cedinho estarei de volta. Você cuida da Lucy para mim? – Perguntou e Demi assentiu quase chorando.

   - Está frio e chovendo. – Disse ainda tentando convencê-lo, mas era frustrante! Ela abraçou Joe com força porque estava absurdamente preocupada com ele. Joe não assistia noticiário? Era uma profissão muito arriscada! – Amor. – Ela o olhou nos olhos levando os dedos para acariciar a barba do namorado. – Tenha cuidado, muito cuidado. – Disse por que ele não desistiria do emprego por mais perigoso que fosse.

   - Nós trocamos mensagens, gatinha. E eu prometo que vou ter cuidado. – Como Demi estava chorosa, Joe a abraçou contra o peito por alguns minutos aproveitando também para curtir o momento com a namorada. Ele sentira falta dela. – Amanhã nós ficamos juntos no seu horário de almoço, pode ser? – Perguntou quando a olhou nos olhos e Demi assentiu desviando o olhar do dele porque os olhos dela estavam marejados. – Eu já estou indo, não ganho o meu beijo? – Ah! Como alguém podia ser tão manhoso? Joe sorriu enquanto acariciava as costas dela e depois um pouco acima do bumbum se curvando para encostar a testa a de Demi.

   - Eu vou sentir muita saudade. – Ronronou tão manhosa e Joe deu um beijinho no queixo dela.

   - Eu vou sentir mais, princesinha. – Eles se olharam por alguns instantes e trocaram o beijo mais intenso e apaixonado que podiam. Só era uma pena que Joe não podia demorar muito. – Eu te amo. – Disse nos lábios dela e Demi engoliu o choro.

   - Eu também te amo. – Disse o abraçando apertado e Joe sorriu porque ela era baixinha e a mulher mais fofa e manhosa que ele já tinha conhecido.

   - Até amanhã. – Ele sorriu para Ed e Selena que os observavam e antes de desfazer do abraço de Demi, ele a beijou novamente na boca e na testa. – Eu tenho que ir. – Disse quando ela tornou a abraça-lo e beijá-lo no peito.

   - Se cuida, amor. – Não teve jeito. Quando Joe a soltou para se despedir de Selena com um breve abraço, o frio tomou conta de Demi e ela se sentiu sozinha como acontecia quando era criança. O trauma estava estampado nos olhos dela que brilhavam em lágrimas. Não era como se Joe não fosse voltar. Ele sorriu e acenou para ela antes de adentrar o carro de Ed. E Demi não conseguiu controlar as lágrimas que rolaram ferozmente pelo rosto quando Selena a abraçou para consola-la. Droga de emprego!


Continua... Oi! Tudo bem com vocês? Eu estou bem e com muito frio! Então, eu espero que vocês tenham gostado desse capítulo, tentei escrever o mais rápido que pude e acho que não me fui tão mal no quesito tempo. Eu gostei muito desse capítulo e acho que ficou legal. Deu para perceber que tem um clima estranho rolando entre o Joe e a Demi. E esse emprego do Joe? Será que vai pra frente? Agora será bem complicado para ele e a Demi, já que ele trabalha à noite e ela durante o dia. Vamos ver no que dá! Vamos ver mais das irmãs da Demi e o Inácio tentando se aproximar ainda mais. E esse quase clima Semi? Qual a opinião de vocês a respeito? Espero que vocês estejam gostando da fanfic, porque eu estou gostando muito de escrevê-la! Obrigada por todos os comentários! Até mais!  

24.7.17

Capítulo 45


   - Está tudo bem? Você está estranho. – A voz de Demi soou entre os acordes de Wish You Were Here do Pink Floyd e Joe não soube a imediato responder a pergunta. Estavam a caminho do restaurante que jantariam, só que Dianna não estava acomodada no banco de trás como deveria. Não, ela estava logo atrás no SUV preto de Inácio.

   - Está tudo bem. – Limitou-se a dizer e quando percebeu que tinha soado duro, ele a olhou rapidamente porque estava dirigindo e levou a mão para cobrir a dela. Mais cedo, no instante que Inácio surgiu justamente quando eles estavam saindo, Demi resolveu chama-lo para se juntar a eles. E Joe não tinha ficado feliz. – Por que você o convidou? – Perguntou tentando parecer mais relaxado.

   - Porque eu acho que a mamãe gosta dele. – Disse inocentemente e Joe engoliu em seco sem saber lhe dar com a situação. – Hoje no café da manhã nós conversamos sobre ele. Ela disse que é um velho amigo da época da adolescência e que ele é viúvo. Então eu pensei: por que não? Seria muito bom para ela ter alguém, Joe. Quem sabe assim ela consegue ter uma vida.. Melhor? – Tudo bem, ele não a julgaria porque Demi estava pensando numa forma de melhorar a vida da mãe. Porém era tão absurdamente irônico. Inácio era o cara que tinha a violado! Não tinha como aquilo dar certo! Jamais. E Joe se perguntava como Dianna estava suportando estar naquele carro com o homem. Será que ele estava a ameaçando? Era uma alternativa.

   - Ela disse que ele é um velho amigo da época da adolescência? – Perguntou de cenho franzido guiando o carro o mais passivamente possível.

   - Sim. Ele é um amigo. – Demi colocou uma mecha do cabelo atrás da orelha e olhou pelo vidro da janela o carro de Edward ao lado. – Ele conheceu a vovó. – Comentou e Joe assentiu tentando encaixar a informação as que ele tinha sobre o caso Dianna e Inácio. – É muito bom ela ter amigos. Ainda mais um que a conhece dede que ela era adolescente. Acho que pode ajuda-la a largar essa vida, sabe? Pessoas que querem que ela fique bem. – Estava difícil de concordar com ela. Joe assentiu por obrigação porque não queria levantar suspeitas. A situação por si só já era demais e criar um clima estava fora de cogitação.

   - Você vai dormir comigo hoje? – Ele perguntou mudando de assunto quando pararam num sinal vermelho.

   - Você quer dormir comigo? – Demi sorriu quando ele se curvou para dar um selinho nos lábios dela e sussurrar um “Sim” a olhando nos olhos. – Então eu vou dormir com você. – Ela o puxaria para trocar um beijo longe de ser inocente, mas Joe teve que seguir com o carro quando o sinal abriu.

O restaurante que Demi tinha escolhido não ficava longe, só foi ruim encontrar um lugar para estacionar. O que ele faria? Joe observou Demi tirar o cinto de segurança e relutante ele tirou o dele. Alguém precisava contar a verdade a ela!
   - Joseph? – Ele ficou tão perdido em pensamentos que só percebeu que Demi o chamava quando ela o sacudiu levemente. – Você está bem? – Tornou a perguntou e Joe engoliu em seco.

   - Eu só estava pensando. – Ele acabou forçando um sorriso porque, por mais que queria contar a verdade, infelizmente não era algo que ele deveria se meter. – Pronta? – Joe deu um beijinho no pescoço de Demi e por alguns segundos ele ficou com a cabeça repousada na curva do pescoço da amada adorando sentir o cheiro dela.

   - Se você não estiver se sentindo bem, nós vamos ao hospital, tudo bem? – Ela disse erguendo o rosto dele com as mãos e Joe assentiu recebendo o selinho demorado. – A sua saúde vem em primeiro lugar, querido. – Disse o olhando nos olhos mesmo com o interior do carro sendo iluminado apenas com a luz do exterior, mas ainda sim era o suficiente para Demi conseguir fitar os olhos verdes de Joe e eles os marrons dela.

   - Prometo que vou falar se alguma coisa estiver errada comigo. – Ele a beijou na bochecha e sinceramente, não queria soltá-la e muito menos sair daquele carro. Era tão bom e tranquilo ficar com Demi. Com ela, Joe sabia que tudo seria bom e ele teria momentos felizes, já com Dianna acompanhada por Inácio a história era completamente diferente e ele estava com medo de onde aquilo tudo iria dar.

   - Vamos? – Ela perguntou acariciando a bochecha dele e Joe assentiu um pouco relutante.

A cena simplesmente embaralhou os pensamentos de Joe ainda mais. Ele tinha acabado de descer do carro e se preparava para abrir a porta para Demi. E poucos metros dali Inácio fazia a mesma coisa com Dianna, e quando ele estendeu a mão para ela, Dianna sorriu verdadeiramente. E lá estava Demi de novo o acordando do transe, dessa vez ela deu batidinhas no vidro da janela e Joe abriu a porta do carro um pouco atrapalhado.

   - Tem certeza que você está bem? – Demi perguntou estranhando o comportamento dele e Joe assentiu prontamente. – Amor, você está bem? – Perguntou preocupada enlaçando o pescoço dele com os braços e Joe ficou sem saber o que fazer.

   - Estou Dem. – Ele praticamente foi obrigado a enlaçar a cintura dela com os braços porque Demi o olhava daquela forma que ele conhecia muito bem. Ela queria um beijo e as bochechas de Joe estavam coradas porque ele se lembrava constantemente dos conselhos de Ed. E neles não estavam inclusos beijos, apenas selinhos. Porém Demi encaixou os lábios e aos pouquinhos conduziu a língua para acariciar a dele que cedeu segundos depois se permitindo relaxar nos braços da amada. – Eu te amo, ok? Se tiver alguma coisa te incomodando, é só falar que nós damos um jeito. – Ela tinha olhado nos olhos dele e foi tão sincera nas poucas palavras.

   - Eu também te amo princesa, e muito. – Joe acariciou o rosto dela e deu um selinho demorado nos lábios de Demi que acabou sorrindo e abraçando o namorado.

   - Ei pombinhos, nós estamos esperando. – A voz de Dianna fez Demi sorrir envergonhada e Joe corou sem saber como ele fitaria os pais da namorada.

   - Não precisa ter vergonha, eu estou com você. – Disse Demi apenas para que Joe pudesse ouvir e ele assentiu enlaçando os dedos aos dela para que eles pudessem caminhar com Dianna e Inácio ao lado. Pareciam dois casais apaixonados tendo uma noite agradável. Adentraram o restaurante com apenas Demi e Dianna trocando pouquíssimas palavras, Inácio e Joe estavam rígidos e eles preferiam não trocar olhares, principalmente Joe. – Amor, está sujo de batom aqui. – Porque ela tinha que conversar tanto? Joe franziu o cenho quando Demi limpou o batom da bochecha dele, mas ele acabou sorrindo quando ela o olhou nos olhos e também sorriu o puxando para que eles se acomodassem a mesa. O lugar não era como os convencionais, as mesas eram mais reservadas e a iluminação, assim como a decoração, dava um ar romântico e elegante ao restaurante.

   - Você é muito tagarela, Demetria. – Disse Joe arrancando um sorriso de Demi que envolveu os dedos aos dele e fitou Dianna ainda com aquele sorriso lindo nos lábios. Ela só estava feliz por ter as duas pessoas mais especiais de toda a vida ali com ela compartilhando aquela noite. Só faltava mesmo Ed e Selena para que tudo ficasse perfeito.

   - Vamos pedir agora? – Perguntou Demi fitando os olhos da mãe para depois os de Edward. Ela queria que desse certo aquele relacionamento de Dianna, e faria de tudo para ajuda-la.

   - Dianna? – Demi olhou para Inácio com certa admiração. Ele era um homem muito bonito. Os olhos castanhos dele eram intensos      e carregavam um brilho admirável de segurança e maturidade. O cabelo grisalho tinha o seu charme penteado de um jeito despojado com direito até mesmo um topete. Ele era sexy, e como era! A barba também apresentava alguns dos fios grisalhos e estava por fazer. E fato dele ser mais alto que Joe e forte, o deixava ainda mais atraente. – O que você quer querida? – Ele disse quando Dianna o olhou e Demi mordeu o lábio inferior quando Inácio e Dianna trocaram um olhar intenso, e bem, ele tinha o braço na cabeceira da cadeira onde Dianna estava sentada.

   - Crianças? – Disse Dianna a olhando e Demi sorriu sem jeito porque ela estava gostando demais da ideia da mãe ter um namorado.

   - Amor? – Demi olhou para Joe desejando beijá-lo na boca da forma mais intensa que ela poderia. Ele também estava lindo todo vestido de preto e o fato dele estar envergonhado o deixava fofo e ainda mais beijável.

   - Você quem decide, princesa. – Ela sorriu envergonhada, mas mesmo assim beijou a bochecha do namorado e deitou a cabeça no ombro dele completamente apaixonada.

   - Nós podemos pedir um bom vinho e conversar, o que vocês acham? – Disse Inácio. Conversar? Joe engoliu em seco porque ele não queria conversar com Inácio e Dianna, a única ideia que o agradava era ficar bem longe daqueles dois porque eles cheiravam a encrenca para o lado dele. Mas não teve jeito, Dianna e Demi assentiram e Edward pediu pelo vinho que foi servido em pouquíssimos minutos. Então lá estava Joe, o único na mesa que estava realmente sem jeito. Demi tinha a cabeça deitada no ombro dele e vez ou outra ela bebericava um pouco do vinho. Dianna estava tranquila observando o movimento do restaurante e Inácio vez ou outra lançava olhares para Joe claramente não aprovando como ele e Demi eram grudados. – Vocês estão juntos há quanto tempo? – Inácio perguntou com certa curiosidade fitando os olhos de Joe para depois os de Demi, que se ergueu para tomar mais um pouco do vinho.

   - Bem.. – Ela começou a dizer e por mais que Joe estava tenso, ele sorriu quando teve os dedos enlaçados pelos da namorada. – Nós estamos oficialmente namorando tem uma semana. – Disse Demi fitando os olhos de Joe.

   - Oito dias, princesa. – Corrigiu o rapaz com o cenho um pouco franzido e Demi sorriu. – Oficialmente desde o dia dois desse mês. – Ele disse orgulhoso e Demi tornou a sorrir o achando fofo.

   - Mas nós estamos juntos há quase dois meses. – Ela disse fitando os olhos de Inácio.

   - Como vocês se conheceram? – Disse Inácio e Dianna aproveitou para dar um tapinha no joelho dele por debaixo da mesa porque ela sabia aquele não era o momento para ele encher Demi de perguntas, principalmente para sondar o namoro dela e até mesmo proibi-la como ele fazia com as outras garotas.

   - É uma longa história. – Disse Demi fitando os olhos de Dianna com um pouco de receio e ela não soube ser muito discreta quando repreendeu Inácio, o que fez Demi rir baixinho. – Eu estava com os meus amigos numa pizzaria. – Começou a dizer mais para Dianna do que para Inácio porque o que aconteceria naquela noite, caso Joe não tivesse impedido, seria o suficiente para fazê-la desistir de tudo. – Eu quis ir para casa sozinha mesmo com a insistência da Sel para me levar, então eu fui. No meio do caminho um homem me abordou. Ele queria os meus pertences e... E assim que eu os entreguei, ele me encurralou num beco. O Joe me salvou naquela noite. – Ela forçou um sorriso fitando o namorado que beijou a testa dela com todo o cuidado e respeito. Ele jamais se perdoaria se tivesse deixado aquele monstro violar qualquer que fosse a mulher na presença dele.

   - E..eu jamais vou deixar nenhum homem te machucar. – O desafio estava lançado. Oh sim. Joe umedeceu os lábios quando trocou um breve olhar com Inácio antes de olhar para Demi esboçando um sorriso tímido. Ela estava sem jeito porque tinha sido daquela forma bruta que Dianna jurava que ela tinha sido gerada, e contar a história na frente da mãe complicava a situação ainda mais.

   - Eu não sei o que passa na cabeça desses homens. – Dianna respirou fundo quando Inácio encheu mais a taça de vinho e tomou o líquido num gole só claramente irritado.

   - Eu também não. – Por que diabos Joe estava tão na defensiva? Ele mesmo se repreendeu porque não deveria afrontá-lo com indiretas.

   - Você fez certo rapaz. – Comentou enchendo mais a taça de vinho chamando a atenção de Demi e Dianna. – Se eu pudesse, eu não permitiria que essa barbaridade acontecesse com as mulheres. – Estava claro que ele tinha dito aquela frase especialmente para Dianna, e Demi percebeu que eles eram realmente amigos desde adolescente e que Edward sabia da forma brutal que ela tinha sido gerada. – Eu tenho sete princesas para cuidar e eu não me perdoaria caso acontecesse alguma coisa com elas. – Joe assentiu pensando em Hannah e em Augusto. Inácio só queria protege-la assim como as outras garotas. O estranho era: se ele tinha abusado de Dianna, porque ele dizia aquelas palavras com tanta revolta e convicção? Joe observou brevemente a mãe da namorada que estava calada e optando por apreciar o vinho.

   - Você tem sete filhas? – Perguntou Demi impressionada e Inácio assentiu a olhando de uma forma tão especial que a fez sorrir verdadeiramente mesmo envergonhada.

   - Tenho as minhas três primogênitas de vinte e três anos. – Ele disse sorrindo e Demi franziu o cenho, mas sorriu. – Então vem Hannah com dezesseis, Megan com quatorze, Amber com onze e Alicia com dois aninhos. – Ele parecia ser um bom pai. O jeito que falava no nome das garotas sem toda aquela frieza de mais cedo fez Joe perceber que Inácio parecia ser um bom homem, ao menos com as filhas e no fundo só queria protege-las.

   - Você teve trigemeas? – Perguntou curiosa e Dianna enrijeceu quando Inácio a olhou como           se perguntasse se ele poderia contar que era o pai daquela garota.

  - Não. Eu tive gêmeas com a mãe das minhas seis meninas e na mesma época eu engravidei a garota que eu estava apaixonada. – Ele disse olhando de Demi para Dianna e Joe percebeu que ela estava mentindo. Era claro que estava! Como ele não tinha considerado o fato de Dianna estar mentindo? Era a única explicação cabível!

   - Vamos pedir? Está ficando tarde. – Disse Dianna. A mulher era uma verdadeira raposa! E ela estava começando a ficar encurralada, por isso preferia mudar de assunto. Joe colocou o braço nos ombros de Demi como se quisesse protege-la e enlaçou os dedos mais aos dela.

Foi interessante ver a química de Inácio e Demi surgir tão naturalmente. Eles estavam na liderança para pedir os pratos e vez ou outra trocavam sorrisos que deixavam o homem mais velho emocionado e com o coração batendo mais rápido.

   - E você rapaz, tem irmãos? – Inácio perguntou a Joe e ele negou balançando a cabeça um pouco envergonhado porque os pais de Demi olhavam para ele.

   - Meus pais faleceram quando eu ainda era bebê. – Ele disse tímido e foi de partir o coração, tanto que Demi o abraçou de lado como se o confortasse e sussurrou apenas para ele que o amava.

   - Qual a sua idade? –Dianna tentou repreender Inácio quando ele colocou aquela mascara de pai durão, não teria como segurá-lo. Joe murmurou um vinte e três tão intimidado e a tensão entre eles era perceptível por todos, exceto por Demi. – De onde você é?

   - Do interior do Texas, vim para Nova York a trabalho. – Mesmo quando o garçom os serviu, o clima continuou pesado entre os homens e Inácio parecia ainda mais disposto a interrogar o namorado da filha.

   - Você trabalha com que? – Perguntou Inácio fitando os olhos de Joe mesmo degustando da comida.

   - Sou analista de redes. – Disse Joe depois de bebericar um pouco do vinho já que ele não podia abusar de bebidas alcoólicas.

   - Analista de redes? – Inácio arqueou uma sobrancelha e assentiu. – É uma boa área. – Joe assentiu envergonhado e por alguns minutos eles ficaram em silêncio, nada constrangedor ou desagradável. – E quais são as suas intenções com a garota? Você prende pedi-la em casamento quando? – Deus! Demi arregalou levemente os olhos e Dianna repreendeu Inácio com um olhar, mas ele deu de ombros e tornou a fitar Joe. – Um homem só deve namorar uma mulher se pretende ter um futuro ao lado dela. – Completou e Joe assentiu trocando um breve olhar com Demi.

   - E..eu.. eu.. – Era hora para gaguejar? E ele apostava que estava vermelho!

   - Toma um pouco de vinho e respira fundo. – Inácio encheu mais a taça de Joe com vinho e riu quando o rapaz corado tomou um pouco do vinho e fitou os olhos da namorada que também estava corada.

   - Eu vou pedi-la em casamento daqui alguns meses quando as coisas estiverem melhores. – Joe se sentiu tão seguro quando Demi enlaçou os dedos aos dele. – Eu a amo e as minhas intenções são as melhores. – Eles trocaram um olhar demorado e intenso, e mesmo intimidado, Joe não ousou em romper aquela conexão por nada.

   - Muito bem. – Disse Inácio voltando a atenção para comida. – Você tem um bom genro, Dianna. – Ele disse a olhando e Dianna assentiu sorrindo um pouco sem graça.

   - Desculpe a pergunta indiscreta. – Começou a dizer Demi e antes continuar, ela bebericou o vinho. – Você também é assim com os namorados das suas filhas? – Perguntou inocentemente e Inácio franziu o cenho emocionado, engoliu o choro e trocou um breve olhar com Dianna perguntando novamente se ele poderia contar a verdade.

   - Um pai só quer proteger a garotinha dele. – Disse trocando um longo olhar com Demi. – Não podemos entrega-las para qualquer um. Geralmente, com o namorado das minhas meninas, essa é apenas a primeira fase para saber se o cara é bom, na verdade nenhum homem é bom o suficiente para as minhas garotas, mas eu só os tolero porque é o que um pai faz. – Ele disse fitando os olhos de Joe.

   - Você não pode ser tão malvado. – Ela disse esboçando um sorriso divertido e Inácio negou balançando a cabeça.

   - Um dia elas vão entender. – Dianna bebericou do vinho e observou Demi. A vontade dela era de puxar a orelha de Inácio. Por mais que as coisas eram complicadas, ele não precisava ser tão intimidante com Joe. Não agora e nem depois.

   - Filha, vamos ao toalete? – Disse Dianna a Demi e ela assentiu feliz porque era muito bom ser chamada de filha.

   - Eu já volto, coisa fofa. – Ela tinha que dar aquele selinho nos lábios dele e chama-lo de coisa fofa? Aquilo não era nada bom para a reputação dele, não perto de Inácio que arqueou uma sobrancelha quando Dianna e Demi saíram de braços dados em direção ao banheiro feminino.

   - Suas intenções são as melhores? Você não respondeu a minha pergunta. – Quando aquele pesadelo iria acabar? Joe engoliu em seco e pensou no que ele poderia dizer. Agora entendia porque o namoro de Augusto e Hannah estava àquela bagunça. – Não me entenda mal, você é um bom rapaz. Só que a Dianna é uma amiga muito especial, e eu vou cuidar para que ela não tenha problemas com moleques machucando a garota. – Será que ele queria disfarçar que era pai de Demi? E Inácio não precisava proteger Demi de Joe, jamais! Ele precisava protegê-la da própria mãe. – E é por isso que eu estou de olhou em você e naquele moleque. Pisa na bola, que eu vou atrás de você. – Eles se olharam por segundos e Joe assentiu prontamente, e poucos minutos depois de um silêncio carregado, Dianna e Demi voltaram à mesa.

   - Então, vamos para casa? – Demi perguntou a Joe espalmando o peito dele quando ele se virou para olhá-la.

   - Por mim tudo bem. – Ele disse aliviado porque foi a melhor coisa que ele ouviu durante toda a noite. – A Sra. Está bem? – Joe perguntou quando flagrou Dianna de cenho franzido e aparentemente cansada.

   - Estou querido, só é uma leve dor de cabeça. – Ao menos Dianna parecia gostar dele. Joe enlaçou os dedos aos de Demi e beijou a testa dela quando a namorada deitou a cabeça no ombro dele bocejando. Estava realmente ficando tarde e era hora de ir para casa. Demi teria trabalho no dia seguinte e ele estava compromissado em procurar um emprego.

Quando o garçom se aproximou com a nota, bem, Joe gelou e de tão tenso que estava por causa do clima com Inácio, ele disse que pagaria a conta. Ele rezava para que o cartão não fosse rejeitado, mas não foi ele quem pagou a conta e muito menos Demi, que também tinha insistido para pagar. Inácio pagou e quando eles caminharam para fora do restaurante, ele arriscou abraçar Dianna de lado como se eles fossem realmente um casal.

   - Eu as levo para casa. – Disse Inácio para Joe e Demi riu quando o namorado ficou completamente sem jeito.

   - Está tudo bem. Eu vou dormir com o Joe essa noite. – Disse Demi e o pai franziu o cenho indiscretamente não aprovando a ideia, ele até mesmo protestaria, mas Dianna o repreendeu com um olhar. – Vamos mamãe?

   - Eu vou com o Edward¸ tudo bem? – Disse Dianna e Demi assentiu prontamente. – Estou esperando uma visita de vocês. – Disse ao casal. Demi a abraçou feliz da vida, recebeu um beijo na testa e quase derreteu de felicidade quando a mãe a olhou nos olhos e sorriu. – Cuida dela, ok? – Disse a Joe e ele assentiu surpreso por receber um abraço de Dianna.

   - Obrigado pelo convite. – Disse Inácio a Demi. – Espero que tenhamos mais oportunidades de passar mais tempo juntos. – Demi não entendeu muito bem o que ele quis dizer, porém não recusou o abraço que o homem a envolveu. O sentimento era tão diferente e verdadeiro, ela sentiu o coração disparar no peito e por mais estranho que fosse, foi bom receber o beijo na testa. Ele era um amigo especial, pelo menos era o que Dianna tinha dito. – Rapaz. – Foi realmente engraçado quando Inácio ofereceu a mão para Joe apertá-la e quando ele o fez, os dois trocaram um olhar daqueles que só os homens trocam. E Demi riu sem conseguir disfarçar. – Cuida da garota. – Ele disse apertando mais a mão de Joe que sustentou o aperto sem grandes problemas.

   - Sempre. – Disse Joe sério e firme e aos pouquinhos Inácio soltou a mão dele.

   - Boa noite crianças. – Dianna riu de como Demi estava fofa observando o pai e o namorado, e como Inácio era daquele jeito que ela considerava da idade da pedra, resolveu puxá-lo para longe da filha o mais rápido possível antes que Joe ficasse ainda mais constrangido. – Inácio! – Ela não tinha esperado nem mesmo cinco minutos para repreendê-lo. – O que você estava pensando quando aceitou o convite? – Perguntou um pouco exasperada e Inácio a olhou de cenho franzido.

   - Que eu queria passar mais tempo com a minha filha? – Rebateu puxando Dianna pela mão para que eles pudessem atravessar a rua e caminhar na direção onde o carro estava estacionado.

   - Você não deveria ter interrogado o Joe daquela forma. – Disse assim que ele abriu a porta do carro para ela. – Eu já disse: a Demi é uma mulher independente e adulta, ela sabe com quem se relaciona.

   - Não me importo se ela é adulta ou não, ela é a minha filha e eu vou protegê-la. – Ele mal tinha adentrado o carro. – Quando você vai contar? – Perguntou a olhando e Dianna massageou as têmporas sem saber o que fazer. Ela estava bem com Demi e queria continuar daquela forma.

   - Eu não sei como vou fazer isso, entende? – Disse chorosa deitando a cabeça no encosto do banco. A situação que ela estava era complicada e difícil de reverter.


   - Não Dianna. Eu não entendo porque você ainda não contou. Demi sabe que eu estou por perto, enviei rosas brancas no aniversário dela. Você só precisa contar, querida. – Disse segurando as mãos de Dianna que, aflita, fechou os olhos pensando na encrenca que estava metida.


***


   - Eu gostei dele, o que você acha? – Joe franziu o cenho sem saber exatamente o que diria.

   - Ele é difícil. – Murmurou mais para ele, porém Demi acabou ouvindo e riu o abraçando de lado calorosamente.

   - Vamos para casa? – Ronronou manhosa arrancando um sorriso dele que a abraçou pela cintura e se curvou para beijá-la no pescoço como tinha desejado fazer durante toda a noite. Estavam na calçada do restaurante, e por mais que houvesse pessoas circulando por ali, não era nada demais trocar um beijo. – Quero namorar um pouquinho antes de dormir, e eu estou com muito sono amor. – Ele sorriu a abraçando de lado para que eles pudessem caminhar para o carro.

   - Você é muito manhosa gatinha. – Ele abriu a porta do carro para ela e a ajudou se acomodar com Demi o beijando na boca. – Ei, Dem, calma. – Joe riu porque assim que ele abriu a porta do carro e se acomodou ao banco, Demi nem mesmo esperou que ele fechasse a porta para começar a beijá-lo e acaricia-lo. – Hum, você não está naqueles dias? – Perguntou quando ela o acariciou lá.

   - Amor, nós podemos fazer sexo sem penetração. – Disse e ele corou tão bruscamente, sorte era que estava escuro e Demi não podia ver as bochechas dele rosadinhas. – Joe, liga o carro. – Ronronou e ele o fez e deu partida um pouco desnorteado porque ela tinha levado uma das mãos dele, à direita, para acaricia-la no seio enquanto a mão dela continuava o apertando...

   - Demi, você está bem? – Ele perguntou quando ela começou a beijá-lo na mão que antes acariciava o seio e do nada ela parou com tudo que fazia e respirou tão fundo que ele pensou que ela estava passando mal.

   - Estou.. É só que.. Bateu um desanimo. – Murmurou tristonha. Aquilo era coisa de mulher. Ah sim, era! Não tinha condições! Num segundo ela estava louca para ir para cama e noutro estava desanimada. Aquilo era complicado, e como era! Joe sentiu o coração bater um pouquinho mais rápido quando ele avistou o carro do pai da namorada ao lado do carro de Ed e foi daquele jeito até que ele pegou a rua que levava para o prédio onde morava. Namoro era complicado. Aliás, tudo era complicado. Demi estava calada ao lado dele e quando ela suspirou, ele percebeu que ela estava dormindo de mau jeito. Como estava tarde, não teria como devolver o carro de Ed e Joe o guardou na garagem do prédio. A noite tinha sido estranha. Joe desceu do carro e resolveu que não acordaria Demi, ele a acomodou facilmente nos braços e só deu trabalho para fechar a porta do carro.

   - Princesinha? – Joe sorriu quando Demi abriu os olhos e recostou mais no ombro dele claramente manhosa. Ele a carregava nos braços e era tão bom.

   - Onde nós estamos? – Ela perguntou envolvendo o pescoço dele com os braços para não cair, mas Joe a segurava com tanta firmeza que ela sabia que ele jamais a deixaria cair.

   - No elevador do meu prédio. – Ele sorriu quando ela franziu o cenho de olhos fechados e como ela projetou o corpo para ficar em pé, ele a ajudou. – Gostou da noite? – Perguntou quando ela o abraçou beijando o peito dele e daquele mesmo jeito Demi ficou com o rosto escondido no quentinho do peito de Joe.

   - Foi a melhor noite. – Ela disse contra o peito dele e Joe riu porque quase não tinha entendido nada.

   - Eu não entendi bebê. – Ela tinha o chamado de bebê quando mais cedo, mas na verdade quem se comportava como um bebê era ela.

   - Foi a melhor noite, só faltou a Selena e o Ed. – Demi sorriu quando o olhou. Eles até trocariam um beijinho carinhoso, mas a porta do elevador se abriu no andar onde Joe morava. – Nós podemos visitar a mamãe? – Perguntou quando eles já estavam em frente à porta do apartamento e Joe a destrancava.

   - É claro que podemos. – Ele disse acendendo a luz e dando espaço para que Demi pudesse entrar primeiro para depois ele entrar e trancar a porta. – Nós podemos convidá-la para almoçar com a gente no final de semana. – Sugeriu e Demi assentiu sorrindo animada quando Lucy caminhou até eles, se espreguiçou bocejando e latiu se colocando em pé nas patinhas traseiras. – Amor, olha pra ela. – Os dois sorriram e por alguns minutos brincaram com Lucy que gostava muito de receber o carinho das duas pessoas que ela mais amava.

   - Vou levar o bebê do papai para comer. – Demi riu quando Joe pegou Lucy no colo como quem pega um bebê e a mostrou para ela. – O bebê não pode morder. – Até a voz dele era de quem mimava um bebê. Demi se levantou e o acompanhou até a cozinha onde Joe serviu Lucy com ração e alguns pedaços de carne cozida e água limpa.

   - Amor, eu vou tomar um banho, tudo bem? – Ela disse o abraçando e Joe assentiu desviando o olhar de Lucy para envolver Demi num abraço de urso e como sempre, ela reclamou.

   - Você está bem? – Perguntou erguendo o rosto dela para que ela o olhasse nos olhos. – Alguma coisa está doendo? – Ele corou e Demi franziu o cenho o observando. – Nada de cólica? Estou perguntando por que as minhas tias às vezes ficavam de cama. A Rose também. – Demi negou balançando a cabeça e beijou o peito dele.

   - Nada de cólica. – Ela o olhou e tornou a beijá-lo no peito. – Você quer comer alguma coisa antes de deitar? – Perguntou massageando os ombros dele e Joe negou balançando a cabeça.

   - Talvez mais tarde nós preparamos um chocolate quente. – Demi assentiu observando Lucy comer e só depois ela olhou para o namorado. – Fica à vontade. – Joe a beijou na testa e aceitou de bom grado o beijo casto que recebeu nos lábios. Demi parecia cansada e ele a deixou caminhar para o quarto para tomar banho em paz. Ela também precisava de privacidade.

Para passar o tempo, Joe se acomodou a uma das cadeiras da cozinha e buscou pelo celular no bolso. Ed tinha deixado algumas mensagens perguntando sobre o jantar e bem, não teve como não reparar a falta da foto do perfil de Rose. Ele não poderia fazer nada a respeito da prima. Simplesmente nada.

“Você está bem? Mamãe quer falar com você.” – Laura.

A mensagem era de mais cedo e Joe ficou tão receoso quando leu a parte que Clara queria falar com ele. Será que Rose tinha dito alguma coisa para deixa-la preocupada?

“Eu estou bem. E vocês? Desculpe responder só agora, saí para jantar com a Demi e a mãe dela. Vou ligar amanhã de manhã, certo?” – Joseph. Ele enviou a mensagem e segundos depois Laura ficou online.

“Não se esqueça de ligar, querido. Ela está sentindo saudade de você e não para de reclamar sobre a falta que você faz nessa casa. Nós estamos todos bem. Dê um oi para a sua namorada por mim.” – Laura. Joe esboçou um pequeno sorriso porque se Rose tivesse feito alguma besteira, Laura o avisaria. Ele trocou mais algumas mensagens com a tia e respondeu as de Ed brevemente. Ele precisava compartilhar com alguém sobre Inácio, e Ed era um bom amigo e o ajudaria.

Joe ficou algum tempo há mais na cozinha pensando sobre os pais de Demi e como aquela história era complicada e o complicava. Ele colocou Lucy na caminha e apagou as luzes do apartamento.

   - Eu já estava indo te buscar. – No mesmo instante que ele adentrou o quarto fechando a porta, Demi saiu do closet vestindo calça de moletom e uma das camisas dele. – Tudo bem se eu usar a sua camisa? – Perguntou um pouco corada.

   - Claro. – Ele sorriu enquanto começava a se despir. – Vou tomar um banho rápido, tudo bem? – Ela tinha assumido o posto quando foi a vez de desabotoar os botões da camisa.

   - Eu vou te esperar na cama. – Os dois sorriram e quando a camisa estava finalmente aberta, Joe se curvou para trocar um beijo breve com a namorada.

   - Já volto. – Ele disse a olhando intensamente e Demi assentiu esboçando um sorriso tímido. Restou a ela arrumar a cama para abriga-los e uma vez que tirou a colcha e trouxe a coberta e os travesseiros do closet, Demi se deitou e por um pouco dormiu. Selena estava lá para interromper os melhores momentos como sempre.

“Obrigada por enviar mensagem avisando que você está viva, Demetria.” – Selena. Aquele drama.. Demi respirou fundo porque ela deveria pensar muito bem no que responderia. Selena era um amor, exceto quando estava naqueles dias. – “Fiquei sabendo que você chegou em casa sã e salva agora porque o seu namorado respondeu o meu namorado.” – Completou e Demi mordeu o lábio inferior. Coitado de Ed.

  “Eu acabei de me deitar. Tudo ocorreu bem. Não mandei mensagem antes porque acabei dormindo no carro, e quando cheguei, fui tomar banho. Só peguei no celular agora.” – Demi. Ela não iria cutucar a onça com vara curta.

“Não importa. Eu ficaria satisfeita apenas com um “Eu estou viva” ou um “Cheguei”. Mas você não tem jeito Demetria. E que diabos de dia você vai dormir comigo? Eu não estou gostando nadinha do seu descaso com a nossa amizade.” – Selena.

“Que tal amanhã?” – Demi.

“Amanhã. Sem falta, ouviu?” – Selena.

“Sim senhora. Eu estou com sono” – Demi.

“Estou dormindo com as crianças. O Ed ficou muito bem no sofá.” – Selena.

“Sel.. Não seja malvada com ele.” – Demi.

“Ele me excita de uma forma absurda quando eu estou nesses malditos dias. Não o ignoro por mal, só não consigo ficar perto dele sem pensar em muitas formas de agarrá-lo. Mas eu realmente não vou fazer isso.” – Selena. Demi sorriu porque Joe tinha acabado de sair do banheiro apenas com uma toalha escondendo o íntimo do rapaz. Ele também a excitava, e como.. Mas ela não o repeliria, jamais.

“Não é desculpa para ser malvada com ele. Estou indo dormir, eu te amo. Dê um beijo nas crianças por mim!” – Demi.

“Safada. Eu sei o que você vai fazer, Demetria. Boa noite para você que prefere “dormir” a falar com a sua melhor amiga.” – Selena. Não tinha dado tempo de respondê-la, não quando Selena saiu do aplicativo e quando Demi enviou uma interrogação, a mensagem nem mesmo chegou.


   - Ei. Você está com uma carinha de sono. – Seja lá o que era sono, Demi tinha o perdido quando viu Joe sem camisa vestindo apenas uma calça preta de pijamas. – Está pronta para dormir? – Ele perguntou apagando a luz do quarto para se deitar a cama e acender o abajur.

   - Estou. – Murmurou acomodando a cabeça ao travesseiro sem desviar o olhar do de Joe.

   - Posso apagar a luz do abajur? – Ele perguntou puxando a coberta para cobri-los e Demi corou um pouco.

   - Você quer dormir agora? – Perguntou ainda o olhando nos olhos.

   - Estou com pouco sono. – Disse e ele mesmo tomou a iniciativa de se aproximar mais dela arriscando até mesmo acaricia-la na cintura sobre a camisa. – Você disse que queria namorar antes de dormir. – As bochechas dele estavam coradas, o cabelo um pouco bagunçado e a luz baixa do abajur proporcionava um charme ainda mais especial para os olhos verdes.

   - Você quer? – O coração dela quase rasgou o peito quando aos pouquinhos se aproximou do corpo dele sentindo o calor envolve-la de todas as formas.

   - Quero. – Eles não trocaram mais palavras. Olharam-se nos olhos e se tocaram minutos mais tarde. Demi no peito largo e Joe na cintura delicada. O nariz dela roçou o dele e as pálpebras caíram lentamente conforme os lábios ficavam mais próximos assim como os corpos compartilhando do calor e do atrito que os excitava. O toque dos lábios foi molhado, o beijo demorou a acontecer porque ora Joe roçava os lábios aos da amada ora ele a olhava nos olhos fazendo daquele momento o mais especial possível. Quando os lábios se juntaram mais uma vez, o corpo dele estava sobre o dela, todo ele pesado a imprensando contra o colchão. Demi não reclamou, deixou que uma das pernas dele ficasse entre as dela e desceu as mãos pelas costas largas aproveitando também para puxar o cabelo sedoso da nuca.

   - Vai ser diferente querido. – Disse depois de puxar o lábio inferior dele entre os dentes. – Mas eu prometo que você vai gostar. – Para conseguir deitá-lo, Demi levou as mãos ao peito e conduziu Joe para que ele se deitasse a cama, e ele o fez concentrado no carinho das mãos de Demi até que ela estava sentada sobre aquela região. – Ei, você vai ficar quietinho aí. – Joe tinha aquela mania de querer beijá-la enquanto ela tirava a camisa, mas dessa vez Demi o barrou e tirou a camisa a jogando para fora da cama ficando com o torso nu sobre o olhar penetrante do namorado. – Acho que alguém acordou. – Ela sorriu quando ele corou e ficou todo sem jeito. – Oi garotão. – Tinha como ele ficar mais corado? Demi se curvou para dar um beijinho na bochecha dele e então se deitou ao lado de Joe ficando com a cabeça apoiada no peito dele enquanto ela o acariciava lá. – Hum? – Ronronou o beijando no peito quando a mão dele cobriu a dela a impedindo de continuar.

   - Dem, não. – Ele estava com vergonha. Demi tornou a beijá-lo no peito por repetidas vezes e quando terminou, ela sorriu o fitando nos olhos.

   - Você não quer namorar? – Perguntou subindo a mão para os pelinhos baixo do umbigo e Joe resmungou baixinho se virando para ficar de frente a ela. – Ei, você está vermelho. – Ela riu sapeca sem saber se deslizava a ponta dos dedos ali abaixo do umbigo ou se o acariciava dentro da cueca.

   - Eu quero fazer amor com você. – Os olhos dele fitavam os mamilos marrons e excitados que chegavam a estar duros. Joe envolveu o seio direito dela com a mão e quando o acariciou, Demi franziu o cenho e gemeu baixinho. – O que foi? – Perguntou acariciando o queixo dela e Demi aproveitou para beijar os dedos dele.

   - Estão doloridos, então você não pode apertá-los. – Ronronou manhosa e Joe sorriu um pouco menos corado passando para cima dela. – E a gente vai fazer amor, só que diferen.. – Não tinha dado tempo de concluir a frase porque ele a calou com um selinho e guiou os beijos para o pescoço. E os lábios estavam quentes e macios distribuindo beijos que faziam a pele alva de Demi arrepiar.

   - Você vai casar comigo? – A pergunta dele a deixou completamente desnorteada. Joe a beijava um pouco abaixo dos seios e a olhava intensamente com aqueles lindos olhos verdes.

   - Joe.. – Demi umedeceu os lábios e puxou o cabelo curto entre os dedos quando a língua quente lambeu o mamilo esquerdo. – Você sabe que eu vou. – Os olhos dela marejaram e o sorriso surgiu nos lábios femininos quando ela flagrou o namorado beijando as curvas dos seios com tanto cuidado para não machuca-la.

   - Você vai me dar uma menina linda igual a você? – O sorriso dela se ampliava a cada vez que ele a beijava na barriga a olhando nos olhos, o que tornava tudo mais intenso.

   - E se for um menino tímido igual o pai? – Joe sorriu se ajeitando sobre o corpo dela. Ele friccionou os seios ao peito e roçou o nariz ao de Demi antes de beijá-la na bochecha.

   - Um menino e uma menina, o que você acha? – Ele riu quando Demi o empurrou e apoiou o queixo na costela direita dele para olhá-lo nos olhos com aquele marrom bonito dela. – Um menininho que ficará todo vermelhinho de vergonha igual o pai e uma menina que apronta muito, o que você acha amor? – Eles sorriram felizes imaginando o futuro. Joe assentiu deslizando os dedos na bochecha da namorada enquanto admirava o sorriso dela e os olhos bonitos.

   - Acho que nós vamos ter muitos bebês. Eu quero muitas crianças correndo dentro de casa nos emocionando com as coisas mais simples. – Ele adentrou o cabelo dela com os dedos e massageou o couro cabeludo. Era tão bom que Demi fechou os olhos e aos pouquinhos encostou à cabeça a mão dele. – Te amo princesa. – A preguiça de Demi para abrir os olhos o feliz sorrir, e então ela também sorriu e aproximou o rosto do dele para beijá-lo na boca.

   - Eu também te amo, Joseph. – O abraço que trocaram durou mais tempo do que os comuns. E não estava ruim, bem pelo contrário. Demi gostava de descansar a cabeça na curva do pescoço de Joe e ele de sentir o cheiro do cabelo dela e a pele de pêssego das costas. – Ei, vai dormir? – Demi se ergueu para olhá-lo aproveitando para se deitar sobre ele.

   - Não mesmo. – O olhar sinuoso para os seios que estavam a pouquíssimos centímetros do rosto dele fez Demi gargalhar. Ela o beijou na bochecha e arqueou uma sobrancelha quando o sentiu roçar a perna.

   - Acho que tem alguém que também não quer dormir. – Ela sorriu quando Joe esboçou aquele sorriso tímido conforme a mão feminina deslizava pelo abdômen. – Hum.. Você está muito animadinho amor. – Ela encostou os lábios nos dele enquanto adentrava a cueca com a mão para segurá-lo.

   - Dem, eu só quero ficar com você, mas não vai dar certo. Vou tomar um banho gelado e pensar em coisas desagradáveis. – Resmungou e ela sorriu se colocando de joelhos ao lado dele. – O que você vai fazer? – Perguntou levando a mão aos seios dela e Demi mordeu o lábio inferior, mas acabou sorrindo.

   - Eu vou te ajudar, ok? – Ela cobriu a mão dele que a acariciava no seio direito, mas se livrou do carinho para começar a beijá-lo. – Por que você está fazendo esse biquinho, coisa gostosa? – Ela o beijou na bochecha e sorriu quando as bochechas dele coraram. – Joseph, você é um amor, sabia? – Ele continuou calado com aquele sorrisinho fofo nos lábios. Demi revirou os olhos e o abraçou forte aproveitando para beijá-lo exageradamente na bochecha fazendo Joe rir.

   - Você também é um amor, amor. – Os dois riram e trocaram um beijo breve para que Demi continuasse o beijando como queria. E dessa vez ela começou pelo pescoço, beijou o peito largo também chupando os mamilos olhando para os olhos dele, e ela beijou o abdômen, como beijou! Demi chegou a fechar os olhos e se xingou mentalmente por não ter emendado a maldita cartela. Quando chegou ao cós da calça de moletom, ela o olhou nos olhos e depositou um beijinho ali esperando pela reação dele. E não podia ser diferente. Joe corou que ele sentiu as bochechas quentes, as pupilas dilataram e o coração começou a bater mais rápido. – Gatinha.. – Chamou pelo apelido carinhoso e Demi preferiu abaixar a calça junto com a cueca.

   - Não vai me ajudar? – A voz dela soou rouca e sexy. Joe assentiu sentindo frio na barriga e o coração disparar no peito quando ela tirou a calça o deixando completamente nu. – Relaxa, ok? Se você não gostar, eu vou parar. – Ele assentiu balançando a cabeça e recebeu o selinho que ela deu nos lábios dele. – Tudo bem? – Perguntou o olhando nos olhos e Joe assentiu.

A melhor forma de começar a dar prazer era distribuir beijinhos pelo corpo dele, ajudaria Joe a relaxar e a criar um clima. Vez ou outra Demi sorria o olhando enquanto o movimentava sem pressa. E ele parecia gostar, até levou a mão ao rosto dela para acaricia-lo e tinha um pequeno sorriso nos lábios gostando de toda atenção que recebia da namorada. O momento que ele mais ansiava e temia aconteceu alguns minutos mais tarde. Demi o acariciou com certa curiosidade, distribuiu mais beijinhos na região abaixo do umbigo e na virilha, até que ela finalmente focou em dar carinho só para ele... Joe estava corado e não sabia como reagir, ele apenas se controlava para não fazer muito barulho, o que não deu certo e ele ficou ainda mais corado e em êxtase..

***

   - Visita! – Ninguém era gentil com quem estava atrás das grades. O pequeno espaço era compartilhado por quatro homens, e Jake Gyllenhaal era um deles. – Jake Gyllenhaal. – O guarda disse e Jake se levantou da cama claramente intimidado com a presença dos colegas, ele tinha sido ameaçado e na noite passada quase foi espancado. O lugar era tão desconfortável, e o fato de fazer frio piorava muito mais a situação. Jake ficou de costas para o guarda algemá-lo e conforme ele era escoltado pelo corredor, os presos das outras celas que tinham os braços para fora das grades gritavam constantemente palavras como: assassino, estuprador, doente, psicopata. Palavras que eram pesadas e fortes até mesmo para um homem como Jake. – Você tem vinte e quatro minutos, Gyllenhaal. – O guarda abriu as algemas e assustado com a claridade da sala, Jake caminhou até o compartimento onde teria acesso ao telefone e a cadeira onde sentaria para conversar com a pessoa que o visitava sem qualquer tipo de contato físico.

   - O que você está fazendo aqui? – Ele franziu o cenho quando a viu. Esperava que fosse Susan ou Marcus, as únicas pessoas que o visitava. Mas lá estava ela. Tão linda quanto uma boneca delicada e moldada em curvas que pareciam discretas nas roupas com estampas fofinhas e cortes simples.

   - Jake! Você está.. Está acabado. – O rapaz fitou os lábios de Mary tão bem desenhados no batom cor de cereja que se destacava no rosto de pele clara. – Eu trouxe bolinhos, o pessoal está conferindo e você logo poderá come-los. – Deus! Ele revirou os olhos e adentrou o cabelo com a mão livre um tanto impaciente.

   - O que você quer? – Perguntou fitando o próprio reflexo no vidro que os separava. O uniforme de cor laranja não ficava bem nele e o cabelo estava grande e a barba uma lástima.

   - Vim visita-lo! O que tem de mais? – Disse tão ofendida e Jake umedeceu os lábios olhando disfarçadamente se os guardas estavam de olho na conversa dele. – Nós passamos tanto tempo juntos, seria indelicado não visita-lo.

   - Olha.. Me escuta. Você precisa me tirar daqui. – Ele disse baixinho fitando os olhos de Mary. – Eu não matei o meu avô! Nós transamos naquela noite no carro nos fundos da empresa e depois eu encontrei a putinha. Foi só isso. – Murmurou a contra gosto e Mary mordeu o lábio inferior não muito feliz.

   - O que você quer que eu faça? Eu estou indo para casa, não posso me meter numa encrenca dessa. – Disse o olhando e Jake acariciou o queixo retribuindo o olhar de Mary.

   - O que você quer no interior da Pensilvânia? Não tem nada lá. – Ele disse mal humorado e um pouco alto atraindo a atenção dos guardas.

   - Meu voo já está marcado, e eu não vou desmarca-lo por você. – Disse enrolando uma mecha do cabelo escuro e Jake cerrou os punhos.

   - Você vai fazer o que eu mandar, gracinha.. – Ele sorriu quando Mary perdeu um pouco da pose. – Eles querem saber quem é que estava usando aquele colar ridículo de joaninha... Você não quer a polícia no seu pé, quer? Então você vai fazer o que eu mandar.






Continua... Oiiii! Tudo bem com vocês? Eu tô bem e triste, as minhas férias acabaram hoje. Isso é definitivamente um saco! Eu não quero voltar :( 
Espero que tenham gostado desse capítulo, ele não tem muita coisa, eu só queria mesmo ter feito esse jantar, porém acabou resultando nos outros momentos e quando percebi já estava muito grande para continuar e poderia ficar desproporcional com mais informações.. Enfim, no próximo capítulo teremos mais momentos dos outros personagens e vamos dá um UP nessa história, certo?! Obrigada por todo carinho, comentários e visualizações. E Jessie, super obrigada pela divulgação! Meninas, entrem lá no blog da Jessie: Breathless 
ps. Alguém indica umas fanfics Jemi? Confesso que estou lendo a minha própria fanfic, e como já sei o que vai acontecer, é sem graça e eu queria algo novo! 
Beijo para todas e até o próximo capítulo!!!