Alguns dias depois...
Se ainda existiam lanchonetes retro espalhadas por Nova York, nenhuma era boa o suficiente como aquela. A sensação de estar em outra década era incrível! Entre os bancos acolchoados vermelhos estavam as mesas retangulares de cor branca. O piso do lugar era quadriculado em preto e branco, e as paredes sustentavam alguns quadros de prato de porcelana com desenhos de celebridades como Elvis Presley, Johnny Cash e muitos outros. A lanchonete era realmente uma das poucas que resistiu a passagem dos anos, prova disso era quem tomava conta do local era um casal de idosos amigáveis e sorridentes.
A mesa que escolheram permitia a visão do movimento lá fora por conta da parede de vidro e os pingos de chuva vez ou outra colidiam contra o material. Não era uma manhã de sol e calor, o dia tinha amanhecido nublado e mesmo que não chovia forte, chuviscava com bastante frequência.
O chocolate quente não estava muito doce e calórico, porém Joe preferia evitar a bebida o máximo que podia e vez ou outra ele bebia um pouquinho e degustava do bolo.
- Então, você me enviou mensagem ontem. – Ed estava sentado em frente a Joe, e diferente do café da manhã básico do amigo, ele tinha optado por hambúrguer e refrigerante mesmo sendo manhã.
- Será que as meninas vão demorar? – Perguntou Joe olhando o movimento da rua a procura de Demi e Selena através do vidro. – O que eu tenho para falar com você é realmente sério. – Comentou fitando os olhos verdes de Ed que mordia o hambúrguer e o olhava com atenção.
- Eu não faço ideia. – Ele conhecia Selena e Demi como ninguém, e quando elas estavam juntas, esqueciam-se do tempo. – A tia Mandy pediu a Sel para comprar os ingredientes para hoje à noite.
- O que tem hoje à noite? – Perguntou Joe curioso porque ele tinha ouvido Demi conversar no celular com Selena exatamente sobre aquela noite.
- Ah cara, essa é a noite de la família Gomez! – Joe riu do falso e péssimo sotaque mexicano de Ed. – A mãe, as avós e as tias da Sel vão cozinhar comidas mexicanas. A Sel disse que às vezes os parentes se reúnem para passar um tempo juntos e comer. Eu estou nervoso, nunca participei da noite dos Gomez.
- Você vai se sair bem. – Disse Joe o olhando e Ed deu de ombros. – Só fica tranquilo e seja você mesmo, não tem como não gostar de você. – Ed arqueou uma sobrancelha e sorriu orgulhoso das palavras de Joe. Ele tinha melhorado bastante em ao dialogo e conselhos.
- Você estará lá para passar vergonha comigo. A família da Sel considera a Dem como uma Gomez e bem.. As avós e tias, segunda a Sel e a mãe dela, vão pegar no nosso pé. – Será que seria tão insuportável como o jantar com os pais de Demi na semana passada? Joe apostava que não! E de tão tenso que foi, ele passou a semana toda com a pulga atrás da orelha e o dobro de cuidado com Demi já que Inácio não estava brincando. Ele apareceu de surpresa no parque para colocar Augusto no eixo e aproveitou para fazer o mesmo com Joe.
- O que eu tenho para contar é mais ou menos sobre isso. – Disse a Ed porque ele precisava compartilhar tudo que sabia sobre os pais de Demi com alguém. – Alguns dias atrás, fui ao cemitério com a Dem visitar a avó dela, lá mesmo nós encontramos a Dianna e um homem. Ela o apresentou com Edward. – Disse Joe fitando os olhos de Ed que assentiu depois de verificar se Demi e Selena estavam por perto. – Ele não era um cliente, e a forma que ele tratava a Dianna e a Demi era tão diferente e especial. Alguns dias depois conheci um pessoal no Central Park. Fiz amizade com o Augusto, ele namora uma garota chamada Hannah. Então.. O Augusto contou que eles estão enfrentando problemas com o pai da Hannah, o Sr. Lovato. – Ed arregalou os olhos e Joe assentiu bebericando um pouco do chocolate quente. – Eu não acreditei quando ele falou Sr. Lovato. O nome do pai da Demi e da Hannah é Inácio Lovato, Ed. E acredite, elas são parecidas, pelo menos na cor da pele, cabelo e olhos.
- A Demi tem uma irmã? – Perguntou Ed e Joe negou virando o bolo com o garfo.
- Ela tem seis irmãs. As duas mais velhas são gêmeas e têm a mesma ideia que ela. – Disse e Ed levou a mão acima das sobrancelhas para massagear o cenho.
- Pode ser uma coincidência, tem tantos caras chamados Inácio Lovato. – Bem, Ed não queria que fosse verdade porque a história do pai de Demi era complicada e a machucaria tanto.
- Eu também pensei nisso. – Disse Joe. – No dia que o Augusto me contou ele estava esperando a Hannah para tomar café da manhã, e quando ela chegou nós fomos encontra-la, alguns minutos depois o mesmo cara que a Dianna tinha apresentado como Edward no dia do cemitério apareceu no parque atrás da Hannah, era o pai dela. – Ele contou sobre o jantar detalhando o máximo que podia sobre o comportamento de Dianna e o de Inácio. Também contou sobre as intimações que vinha recebendo do pai de Demi no decorrer da semana.
- Ela mentiu? – Perguntou Ed horrorizado e Joe assentiu porque não tinha muito o que pensar. – Faz sentido, Joe. Se o cara tivesse feito alguma atrocidade com ela, a Dianna ficaria no mínimo espantada só de tê-lo por perto. Fora que ele não seria gentil e muito menos teria conversado sobre abuso sexual com tanta revolta.
- Exatamente. – Joe adentrou o cabelo com os dedos e umedeceu os lábios porque ele não aguentava mais esconder de Demi a verdade. – O que eu faço Ed? Ela precisa saber! Estou cansado de encontra-la triste porque pensa que é fruto de uma barbaridade. Eu a amo muito, mas eu sei que ela não precisa só desse tipo de amor. Ter uma família faria tão bem para minha gatinha.
- E ela tem seis irmãs e um pai protetor. – Ed sorriu porque não tinha como desfazer dos fatos. Demi tinha uma família grande que poderia amá-la muito. –Se eu estivesse no seu lugar, eu... Sinceramente, eu não sei. – Murmurou puxando o cabelo curto. – O pior de tudo é você saber e não poder contar. Aliás, nós dois sabemos agora e corremos o sério risco de ficarmos alguns dias com uma Demi muito emburrada quando ela souber que a nós sabemos.
- Desculpa por contar. – Disse Joe deixando que a garçonete levasse o bolo e o chocolate quente já que ele estava sem fome. – Eu só não sei o que fazer. A Dianna está cada vez mais próxima da Demi e dessa vez, eu acho que é pra valer. Elas estão grudadas e a Demi fica emocionada quando conta que a mãe a deixou dormir com ela ou contou história de quando ela era bebê.
- Faz assim. Espera mais um tempo para vê no que vai dá essa história. A Demi também tem que entender que é uma posição muito difícil para você. – Explicou Ed. E ele tinha razão. Contar uma coisa daquelas era complicado e não envolvia apenas ele.
- Espero que sim. – Murmurou enlaçando os dedos sobre a mesa. – Tenho uma entrevista antes do horário de almoço. Preciso logo de um emprego, estou ferrado e eu quero tantas coisas Ed. Queria comprar um carro para levar a minha garota para passear, comprar um apartamento e tantas outras coisas. Não imaginei que as coisas seriam tão complicadas depois da faculdade.
- Você é um bom analista. O negócio é o que o Jake, aquele crápula, fez com o seu nome por aí.
- Mesmo assim eu não me arrependo, aliás, me arrependo de não ter quebrado ele na porrada antes. – Ed fez careta, mas riu de como Joe estava mal humorado. – Eu vou fazer entrevista para o cargo de vigilante noturno, ganha pouco mais é melhor que nada.
- Os meus amigos estão analisando o seu currículo, vai que surge uma oportunidade boa?! – Os dois assentiram e como o ambiente na lanchonete era agradável, decidiram ficar por ali mesmo conversando.
- O pai da Demi perguntou quando eu pretendo pedi-la em casamento. – Murmurou Joe batendo os dedos na mesa e quando ele olhou para Ed, o amigo arqueou a sobrancelha. – Bem, eu poderia pedi-la em casamento hoje mesmo. Eu a amo de verdade e quero ter muitos bebês com ela. Só me falta dinheiro. – Resmungou a contra gosto se ajeitando no banco acolchoado. – Quero comprar uma casa bacana, um carro, ter dinheiro o suficiente para cuidar dela e das crianças.
- Você vai arrumar um emprego. – Disse Ed. – Só que é complicado de realizar todos esses sonhos de uma vez só. E você só tem vinte e três anos, vai demorar um pouco para conseguir colocar tudo no lugar, mas com perseverança e paciência vai dar certo. Tem muitas batalhas pela frente Joe, e essa que você está enfrentando está longe de ser a pior. A vida é assim, cara.
- Perseverança. – Repetiu pensando nas palavras de Ed que como sempre tinha razão. As coisas se ajeitariam com o passar do tempo com ele persistindo e dando o melhor para conseguir. Era sim que acontecia e não tinha outro caminho a seguir. – E você? Vai pedir a Sel em casamento quando?
- Estou seriamente pensando em pedi-la no natal. – Os dois sorriram e de tão distraídos que estavam, quando abriram a porta da lanchonete e o sininho tocou avisando que havia novos clientes, bem, eram Demi e Selena sorridentes e agitadas.
- Bom dia meninos! – O que diabos elas tinham quando estavam juntas? Demi beijou a bochecha de Ed enquanto Sel beijava a de Joe, então cada uma correu para os braços do namorado.
- Bom dia amor. – Ele surtaria! Oh sim! Os olhos marrons de Demi carregavam aquele brilho apaixonado e o sorriso dela fez o coração de Joe bater mais rápido. Ele enlaçou a cintura da namorada com os braços a aninhando no colo sem deixar de perceber como ela estava linda vestindo nada mais que uma camisa baby look cinza com o símbolo do lanterna verde, jeans e all star brancos. E o cabelo preso num rabo de cavalo?
- Bom dia gatinha. – Ele sorriu quando ela o beijou daquele jeito carente e manhoso. – Você está tão linda. – Elogiou encostando a cabeça no peito dela e sentir o cheiro de Demi o deixou eufórico de paixão. – E tão cheirosa. – Joe olhou para cima e sorriu quando ela pegou os óculos dele para coloca-los e arqueou uma sobrancelha. – Minha nerd gostosa. – Disse baixinho a frase que ela sempre dizia a ele, e Demi riu antes de beijá-lo adentrando o cabelo de Joe da nuca com os dedos.
- Eu odeio o fato da gente estar em público. – Resmungou Demi ainda envolvida no beijo. Infelizmente ela não podia ficar sentada no colo de Joe e nem beijá-lo daquela forma. – Meu Deus! Eu senti tanta saudade de você. – Quando ela se sentou ao lado dele, Demi o abraçou e o beijou exageradamente na bochecha.
- Eu também, Dem. – Joe sorriu quando ela tirou os óculos para coloca-lo no rosto dele.
- Animado para comer comida mexicana? – Perguntou Selena fitando os olhos de Joe tão agarrada a Ed quanto Demi estava agarrada ao namorado. E o rapaz observou como as duas eram diferentes. Selena tinha o cabelo castanho longo, cheio e sempre estava caindo em ondas lindas. Ao contrário de Demi que vestia camisa de super herói, Sel tinha optado por um top cropped branco com um blazer preto por cima, jeans de cintura alta e sandália de salto. E mesmo tão diferentes, elas conseguiam ser lindas.
- Acho que se eu comer, vou acabar passando mal. – Os três riram e as bochechas de Joe coraram.
- Você tem que ao menos experimentar. – Disse Ed mais focado em acariciar Selena e beijá-la.
- Nós vamos, certo? – Demi enlaçou os dedos aos dele e o olhou nos olhos quando fez a pergunta.
- Vamos. – Os dois sorriram e Joe a beijou na testa carinhosamente. – Está aproveitando o seu dia de descanso? – O departamento de Design tinha sido eleito o melhor departamento da empresa, então como recompensa o pessoal ganhou um pequeno aumento no salário, um jantar no restaurante 1OAK e aquele dia de folga.
- Está sendo divertido. – Comentou Demi fitando Joe para depois Selena. – Mas eu confesso que eu queria estar dormindo. – Sel riu assim como Joe. Tinha sido uma luta para tirar Demi da cama às oito da manhã.
- Você é tão preguiçosa, Demetria. – Disse Selena e Demi mostrou língua. – Quando a gente morava juntas, meu Deus! Se eu não a acordasse, ela perderia todas as primeiras aulas. – Demi cerrou os olhos, mas não tinha como negar que dava trabalho para acordar.
- Você por acaso se esqueceu de que eu trabalhava praticamente a noite toda na lanchonete, Gomez? – Selena acariciou o queixo, arqueou uma sobrancelha e negou balançando a cabeça para pirraçar Demi. O período da faculdade tinha sido complicado, cansativo, intenso e cheio de decepções.
- Está bem, ela não é tão preguiçosa assim. – Quando Demi tornou a mostrar língua, Sel jogou um beijo para a amiga e elas riram porque se pirraçavam porque se amavam mais que tudo.
- Então, vamos? – Eles não queriam arriscar receber uma bronca porque estava na lanchonete sem consumir nada. Quando estavam nas ruas de Nova York, Joe e Demi estavam abraçados de lado e Ed e Selena de dedos enlaçados ao lado do casal.
- Vocês vão para casa? – Perguntou Selena.
- O Joe tem uma entrevista agora. – Demi sorriu arrumando a gravata preta que o namorado usava. Ele estava lindo vestido socialmente. – Eu vou com ele. – Disse a Selena e ela acabou fazendo careta porque mesmo com a trégua da chuva, ainda fazia frio e ventava.
- Nós podemos deixar vocês lá. – Quando Selena disse aquela frase, Demi olhou para cima para fitar os olhos de Joe como se perguntasse se estava tudo bem e ele assentiu. O rapaz usava até mesmo barba para a alegria de Demi, e o cabelo dele estava impecável!
A empresa para qual Joe faria entrevista não ficava perto de Manhattan. Era no porto do Brooklyn e eles tinham praticamente atravessado todo o bairro para chegar ao local.
- Vocês podem ligar quando terminar, só tenho que deixar as coisas na minha mãe e depois estarei livre. – Demi e Joe tinham acabado de sair do carro e Demi estava tão focada em observar o lugar que estava mais para uma indústria que prestar atenção nas palavras da amiga.
- Obrigado Selena. – Disse Joe educadamente. – Vamos tentar pegar o metrô, se não der certo e as coisas ficarem complicadas, ligamos para você. – Joe esboçou um pequeno sorriso se despedindo de Sel e Ed, e porque a ideia de andar de metro o agradava bastante. Ele tinha estado na estação ferroviária da cidade, mas nunca tinha usado o metrô.
- Eu quase nunca andei por aqui. – Comentou Demi tentando controlar o cabelo por conta do vento que soprava forte. O carro de Selena já estava distante e restava apenas ela e Joe naquele lugar. – Odeio quando o clima fica desse jeito. – Resmungou quando começou a chover fraco e como estavam no porto, o cheiro do mar e de peixes era forte e o vento estava mais violento.
- Você deveria ter trago uma blusa de frio. – Joe a envolveu com o trench coach ficando apenas com a jaqueta que usava por baixo e Demi não reclamou, ela estava morrendo de frio e abraçava o namorado para que pudesse se aquecer.
- Não imaginei que faria tanto frio. – Quando ela tremeu, Joe a abraçou com mais força os guiando para o outro lado da rua onde estava o edifício onde ele faria a entrevista. Lá dentro estava quente por conta dos aquecedores e ficar com blusas para ajudar a combater o frio não era uma alternativa viável.
- Melhor, não? – Demi assentiu acomodada ao lado dele nas cadeiras de espera. A sala não estava muito cheia, assim, tinham poucos homens que provavelmente concorreriam a mesma vaga que Joe.
- Daqui alguns meses começará a nevar. – Comentou Demi dobrando a jaqueta e o Trench Coat. – Nós temos que comprar roupas para você. – Ela era tão cuidadosa que quando Joe a olhou, ele sorriu quando teve a gravata arrumada e o cabelo penteado pelos dedos delicados.
- É muito frio? – Perguntou Joe a olhando nos olhos com tanta ternura porque até mesmo a camisa social ela arrumava ao corpo dele. – Ei, eu amo você. – Discretamente ele a beijou na bochecha e quando a olhou nos olhos, envolveu os dedos aos dela sorrindo.
- Eu também, querido. – Disse Demi de coração acelerado. – É muito frio. – Confirmou observando a chuva pela janela que já tinha engrossado. – Você precisará de roupas térmicas, suéter, cachecol, botas e tantas outras roupas. – O ruim do inverno em Nova York era que só fazia frio nas ruas, já dentro dos estabelecimentos a temperatura estava agradável até demais por conta dos aquecedores.
- Quando eu estiver trabalhando, nós cuidamos disso. – Ele disse mais focado em observar o movimento das pessoas a olhá-la nos olhos.
- Ei, eu vou cuidar de você. – Ela não precisou dizer mais nada para que Joe entendesse, e ele assentiu forçando um pequeno sorriso que não passou despercebido por Demi. – Ninguém tem nada a ver com isso, ok? – Disse o olhando nos olhos e demorou um pouquinho, mas ele assentiu.
- Eu estou um pouco nervoso. – Comentou verificando a hora no relógio.
- Amor, você tem que ficar calmo. – Demi tinha experiência em entrevistar candidatos da Gyllenhaal e ficar nervoso, ansioso ou qualquer outra coisa não ajudava em nada. – Se você ficar nervoso não vai conseguir fazer uma boa entrevista. Só relaxa, ok? Confia em você mesmo. Você é muito inteligente e um bom funcionário, tenta passar isso para o pessoal. – Joe assentiu prestando atenção em cada palavra que ela dizia. Demi tinha razão, o nervoso, assim como a vergonha, não o ajudaria em nada, aliás, ajudaria a não conseguir a vaga.
- Fala mais princesa, a sua voz me acalma. – Tudo que ele conseguiu foi um lindo sorriso de Demi. Ela apertou mais os dedos aos dele e até ele ser chamado, Demi falou! Como falou! Ela o fez sorrir e até mesmo rir, foi tão bom que Joe até mesmo tinha se esquecido de que iria fazer uma entrevista.
Exatamente às onze horas em ponto, Joe foi chamado e para tranquiliza-lo, Demi o beijou brevemente e disse que tudo daria certo olhando nos olhos dele.
A entrevista demorou. Demi ficou distraída com o celular esperando pelo namorado até que o aparelho avisou que tinha pouca carga. E não era para menos, ela usou os aplicativos das redes sociais e até jogou. Uma hora de relógio mais tarde, Joe saiu da sala sorridente acompanhado por um homem mais velho que ele. Eles conversavam e se despediram com um aperto de mão.
- Ei, deu tudo certo? – Contagiada pela felicidade dele, Demi também sorriu se levantando quando Joe se aproximou sorrindo para ela.
- Acho que fui muito bem. – Comentou oferecendo a mão a ela para que eles pudessem ir embora. – Nós conversamos bastante e o Sr. Potter disse que tenho boa chance de conseguir a vaga. – O sorriso dele sumiu dos lábios quando eles saíram do conforto. Lá fora estava frio e chovendo fraco, o que obrigou Joe a vestir a jaqueta e Demi o Trench Coat. – A estação fica longe? – Perguntou a Demi. Sorte era que na área que eles estavam era coberta.
- Não exatamente. Eu acho que vou ligar para a Sel. – Disse o olhando e Joe franziu o cenho. – Está chovendo e vai ficar complicado chegar em casa.
- Vamos de metrô. Não quero dar trabalho para Selena. Eles já ajudam bastante, digo, a Sel e o Ed. Vamos de metrô princesa, se a gente se perder, ligamos para Sel. – Demi o olhou nos olhos e segundos depois assentiu. Sel deveria estar ajudando a mãe a preparar o jantar e envolvida com as outras coisas.
- Prepara, nós vamos tomar banho de chuva. – Demi riu da careta dele, e como estava louca para beijá-lo, ela o abraçou pelo pescoço e como esperava, Joe se curvou para beijá-la na boca sem pressa.
- Então quando a gente chegar em casa, nós tomamos um banho quentinho e vamos para debaixo da coberta juntos. – Disse nos lábios dela antes de beijá-la novamente arrancando um suspiro de Demi que correspondeu ao beijo com paixão e fome.
O caminho até a Atlantic Avenue, estação onde pegariam o metrô para Manhattan, foi longo e cheio de seus altos e baixos. Fazia frio e a chuva resolveu engrossar só porque eles estavam desprotegidos caminhando na rua. Por um lado foi bom porque Joe abraçou mais Demi assim como ela fez. Quando chegaram a estação, o metrô que pegariam teria que ser no sentido UpTown, assim passaria pelo Broonklyn, logo o Rockefeller Center com destino ao Bronx, era o da linha D laranja. Os cartões magnéticos chamados de MetroCard custavam apenas dois e setenta e cinco dólares, e Demi fez questão de compra-los quando percebeu que Joe não tinha o suficiente para pagar as passagens deles. Ele ficou envergonhado e um pouco sem jeito, mas não foi nada que um beijo caloroso resolvesse.
Dentro do metrô havia dois lugares livres e estava frio, como estava! As poucas pessoas para preencher o transporte naquele horário era uma pena. Demi se lembrava de quando usava o metrô transbordando de pessoas, não tinha como sentir frio.
- Se você for escolhido, quando começa? – O cabelo de Demi estava úmido e mesmo agasalhada, ela tremia de frio. Já Joe estava mais quente e confortável que ela, por isso a abraçava de lado para tentar aquecê-la.
- Ainda essa semana. – Ele disse se sentindo culpado por ela estar passando frio. As mãos de Demi estavam geladas assim como o rosto. – Vamos trocar de jaqueta? Você ficará mais aquecida com a que eu estou vestindo. – Ele disse e ela franziu o cenho sem se erguer para olhá-lo.
- Eu estou com frio nas mãos e nos pés. – Disse e ele cobriu a mão dela com as dele. Só não dava para fazer muito sobre o all star que estava molhado. – Se você me der um beijo, vai ajudar a esquentar. – Ela sorriu sapeca e Joe riu, inclinou-se e tomou os lábios dela num beijo intenso e que só não durou mais porque eles quase caíram quando o metrô fez uma curva.
- Esse com certeza é o transporte mais louco que já usei. – Comentou Joe fazendo Demi rir. Ele ainda não tinha visto nada do que era a vida em Nova York!
- Joe, o Sr. Potter comentou em que área você vai trabalhar? – Demi perguntou o olhando e Joe que tentava entender o que acontecia fora do metrô sem muito sucesso, olhou para namorada.
- Vigilante noturno. – Disse sustentando o olhar de Demi.
- Você vai trabalhar à noite toda? – Perguntou sem conseguir esconder o desanimo.
- Por enquanto é o que tenho. São dez horas por dia, eles pagam sete e setenta e cinco dólares por hora e todo final de semana. – Demi não parecia satisfeita e Joe estava tenso porque não queria brigar com ela.
- Eu só estou pensando na sua saúde. – Disse o olhando nos olhos porque ela não queria que ele pensasse besteira. – Você sente que está bem? Nunca mais teve tonturas? – Perguntou enlaçando os dedos aos dele.
- Estou bem e sem tonturas. – Joe forçou um sorriso porque quando ela ficava preocupada, ele se sentia importante. – É de domingo a domingo.
- Domingo a domingo. – O que ela diria? Demi umedeceu os lábios e para não estragar o clima, ela deitou a cabeça no ombro dele e o beijou no pescoço. – Eu só me preocupo muito com você. – Disse da forma mais carinhosa que podia e Joe assentiu observando os dedos nos dela. – É tão perigoso, amor. Você estará armado? – Perguntou se erguendo para olhá-lo e Joe assentiu sustentando o olhar dela. – Você poderia esperar mais, eles podem chamar para vaga de programador.
- Eu posso fazer as duas coisas.
- E você vai namorar comigo que horas? – Ele riu de como ela tinha soado manhosa, virou-se para abraça-la e beijá-la na boca. – Nós não vamos poder dormir juntos. – Resmungou nos lábios dele.
- Nós vamos dar um jeito, ok? Eu prometo. – Não deu tempo de beijá-la porque o metrô tinha chegado a estação que eles desceriam.
De mãos dadas caminharam pela estação e Demi explicou melhor como funcionava o sistema de metrô da cidade. Joe não esperava que subir alguns degraus os levaria para a 50th rua, onde ficava a estação do Rockefeller Center. Manhattan tinha perdido o seu charme. Tudo estava molhado e as pessoas andavam com pressa geralmente mal humoradas e sem muita paciência. E bem, Joe nunca tinha visto tantos taxis amarelos e guarda-chuvas como naquele dia. Não era porque estava chovendo que a cidade pararia. Enquanto caminhava rapidamente de mãos dadas com Demi tendo cuidado para não esbarrar as pessoas, Joe observava o céu cinza e as ruas tão molhadas que o asfalto estava de um cinza escuro que refletia os letreiros dos prédios. Infelizmente a chuva piorou e ele começou a correr quando Demi também começou ainda o segurando pela mão. Eles já estavam molhados e perto do prédio onde Joe morava, e quando chegaram ao edifício, os dois estavam encharcados.
- Eu estou com frio! – Disse Demi batendo os dentes e Joe assentiu não muito diferente que ela. Para não molhar o prédio, os dois bateram os pés no chão sem muito sucesso, riram e quando entraram, adentraram ao elevador sem jeito porque as outras pessoas estavam secas.
- Eu quero tomar um banho morno e passar o resto do dia na cama. – Joe sussurrou aquelas palavras para Demi e ela sorriu assentindo porque queria fazer a mesma coisa com ele.
- Só depois de comer. – Sussurrou de volta o fazendo sorrir.
Como o prédio não tinha muitos pavimentos e Joe morava nos primeiros, não demorou muito para o elevador os deixar no andar do rapaz. Eles só não esperavam que o síndico do prédio também desceria ali.
- Senhor Jonas. – O homem mais velho chamou e Joe se virou para olhá-lo quando já estava em frente a porta do apartamento em que morava. – Desculpe abordá-lo dessa forma. – Disse depois de apertar a mão de Joe. – O seu aluguel e as demais contas estão vencidas. O Senhor tem apenas essa semana para efetuar o pagamento. – Sem graça e envergonhado, Joe assentiu calado. Tinha como se sentir pior? Por que aquele homem não o chamou para conversar na sala do prédio destinado a aquele tipo de coisa? Joe não conseguiu dizer tchau quando o homem se despediu, ele nem mesmo o olhou caminhar pelo corredor em direção ao elevador olhando uma vez para trás. O rapaz estava cabisbaixo e se sentia o pior ser humano do mundo. E Demi estava lá presenciando tudo.
- Vamos entrar, não queremos ficar doente, certo? – Ela sorriu para tentar animá-lo, mas como Joe estava calado, Demi preferiu respeitar o tempo dele. Nem mesmo Lucy conseguiu animá-lo e quando o rapaz caminhou diretamente para o quarto, Demi não soube o que fazer. Era melhor ir embora? Ela estava com frio e fome, lá fora chovia e de certa forma, as coisas não estavam indo bem com Joe.
- Você não vem? – Cinco minutos depois ele surgiu na sala vestindo nada mais que uma toalha. Demi acariciou a cabeça de Lucy e caminhou ao lado do namorado para dentro do quarto.
Chegaram ao banheiro em silêncio. Joe ligou a ducha e começou a se lavar de costas para Demi que timidamente tirava as roupas encharcadas. Diabos! Ela não tinha dificuldade nenhuma para ficar nua, principalmente quando estava com o homem que amava.
O par de chinelos extras dele ficava enorme nos pés femininos, mas mesmo assim Demi os calçou como sempre fazia quando estava no apartamento de Joe. De tanto frio que ela estava, os seios tinham os mamilos duros e a pele de todo o corpo estava arrepiada.
- Joseph. – Chamou na entrada do box e quando Joe se virou, ele a puxou para os braços porque estava nítido que ela estava com frio. A temperatura da água estava tão agradável que Demi deitou a cabeça no peito de Joe o abraçando para sentir o corpo sendo aquecido da forma mais deliciosa que ela poderia imaginar naquele momento. – Está muito bom, não acha? – Disse tentando quebrar o silêncio e o clima estranho. Joe não disse nada, assentiu buscando pela bucha e o sabão para começar a lavá-la. – Você não vai falar comigo? – Perguntou ficando de costas para ele ensaboá-la.
- Oi. – Um oi? Demi virou a cabeça para olhá-lo e arqueou a sobrancelha, Joe esboçou um pequeno sorriso e ela esperou que ele a lavasse para poder se virar.
- Ei. – Chamou pegando a bucha das mãos dele para ensaboá-lo no peito. – Vem morar comigo. – Eles se olharam até que Joe desviou o olhar do dela e engoliu em seco. – Eu não pago aluguel, o apartamento é meu e tem espaço suficiente para nós dois.
- Eles não permitem animais. – Disse alguns minutos depois com tanto receio e sem olhá-la. – Eu vou resolver tudo, não precisa ficar preocupada.
- A gente dá um jeito. – Insistiu levando a mão ao rosto dele para Joe olhá-la nos olhos, e ele o fez brevemente porque desviou o olhar outro ponto. – Seria tão ruim assim morar comigo? – Perguntou tentando descontrair o clima e tudo que ela conseguiu dele foi silêncio. – Joseph! – Chamou já chateada e quando ele a olhou, Demi franziu o cenho.
- Não é isso. Obrigado pelo convite, mas eu posso me virar sozinho. – Então aquela era a questão. Orgulho masculino. Demi deixou que ele lavasse o cabelo dela enquanto ela observava os pingos de água no vidro do box de mente pura.
Saíram do banheiro calados, cada qual em seu mundo. Vestiram-se sem trocar olhares. O relacionamento nunca tinha sido tão frio e impessoal como estava sendo desde que aquele homem abordou Joe na porta do apartamento.
- Ei. – Joe não queria parecer chato ou mal agradecido. Quando ele viu que Demi estava sentada a beirada da cama secando o cabelo com a toalha, ele se sentou ao lado dela e abriu a mão para que ela envolvesse os dedos aos dele. – Só quero tentar, ok? – Disse quando ela colocou a mão sobre a dele e enlaçou os dedos. – Eu preciso trabalhar, pagar as minhas contas e aprender a cuidar de mim mesmo. Como vou cuidar de você e dos nossos filhos se eu continuar assim? – Perguntou a olhando nos olhos e Demi respirou fundo.
- Às vezes, você é quem tem que receber cuidados. Isso é normal num relacionamento. – Disse sustentando o olhar dele. – Uma mão lava a outra. – Ela o beijou na bochecha quando Joe assentiu pensando a respeito. – Você pode morar comigo no meu apartamento sem problemas. E nós podemos levar a Lucy, ela não dá trabalho e é tão comportada. Ou se não der certo, posso alugar o meu apartamento e com o aluguel, alugar um para nós dois e a Lucy.
- Não vamos descartar essa opção. – Disse a olhando nos olhos e Demi forçou um sorriso quando a outra mão dele cobriu a dela. – Eu vou continuar tentando arrumar um emprego, se nada der certo, nós pensamos nisso. – Era melhor que nada. Demi ainda queria convencê-lo a morar com ela, mas sabia que precisava respeitar a decisão de Joe.
- Eu posso ao menos ajudar com as contas e com o aluguel? – Perguntou o olhando, mas o celular do rapaz começou a tocar os desconcentrando. Ela tinha ganhado um selinho nos lábios antes de Joe se levantar para buscar o aparelho. Aquilo era bom, certo?
- Joseph Jonas. – Demi percebeu que ele estava atento e que conforme a outra pessoa falava, um pequeno sorriso surgia nos lábios dele. – Estarei lá, obrigado! – A chamada tinha sido encerrada e Joe sorriu de orelha a orelha fitando Demi, que entendeu o que tinha acontecido. – Eu consegui. – Disse tão feliz que Demi se levantou para abraça-lo com força mesmo não gostando dos termos daquele serviço.
- Parabéns! – Disse o olhando nos olhos porque a felicidade dele era contagiante. – Não me esmaga! – Ronronou quando ele apertou mais o abraço e a olhou sorrindo lindamente.
- Eu estou feliz. – Disse acariciando o rosto dela com a mão livre enquanto a outra estava na cintura da namorada. – Obrigado por me esperar e por me acalmar, sem você, eu não teria conseguido. – Demi fitou os olhos dele e sorriu enlaçando o pescoço com os braços.
- Eu estou muito feliz que você está feliz. – Disse puxando as mechas curtas do cabelo da nuca e Joe se curvou para roçar o nariz no dela. – Por um lado eu estou muito triste porque você não vai dormir mais comigo todas as noites. – Os dois sorriram e trocaram um beijo breve, porém especial. – E eu estou preocupada, porque eu não quero o meu homem por aí sozinho à noite. – Joe escondeu a cabeça no ombro dela para beijá-la no pescoço e a abraçou o máximo que pode gostando de ter o corpo roçando o dele.
- Eu te amo mais do que tudo. – Ele tinha dito aquelas palavras a olhando nos olhos e foi tão sincero que Demi respirou fundo para se controlar. – Prometo que eu vou me cuidar. – Demi o beijou na boca e aos pouquinhos aprofundou o beijo tendo todo o carinho de continuar puxando o cabelo da nuca dele e de acariciar a barba que Joe deixava crescer para agradá-la.
- Eu também te amo mais do que tudo. – Quando se sentou a cama, puxou-a para cima dele e sorriu quando eles acabaram deitados. – Acho que você pode me visitar no meu escritório. – Comentou e Joe sorriu envolvendo a cintura dela com os braços. – Mas não vai ser a mesma coisa, com quem eu vou passar a noite agarrada? – Perguntou manhosa fazendo biquinho e Joe a beijou exageradamente no queixo aproveitando para inverter as posições.
- Quando eu conseguir algo melhor, vou sair, combinado? – A resposta dela foi um beijo de língua que começou devagar e aos poucos se transformou num beijo feroz que os fez ofegar de cansaço e tesão. – Que tal se a gente dormir bem agarradinho agora? – Perguntou manhoso e Demi o mordeu no lábio inferior enquanto afastava as pernas para abriga-lo da melhor forma que podia. – Eu estou com um pouquinho de sono e frio. – Disse empurrando contra ela e esboçando aquele sorrisinho inocente que fez Demi rir e acertá-la com um tapa no braço.
- Eu acho que eu deveria te alimentar primeiro, bebezão. – Ele arrancou um suspiro dela quando deu um selinho demorado e a olhou daquele jeito intenso nos olhos. – Vamos, cozinha agora! – Era para soar sério, porém Demi riu quando Joe arqueou uma sobrancelha e voltou a abraça-la todo manhoso. – Mais tarde nós não vamos fazer amor. – Foi tiro e queda. Joe a olhou e franziu o cenho entrando na brincadeira.
- Eu não quero fazer amor mesmo. – Mentiu na maior cara dura e Demi arqueou a sobrancelha e enlaçou as pernas no bumbum dele. – Eu aposto que você vai me atacar agorinha para fazer amor com você. – Eles riram e a brincadeira começou. Joe fez cócegas em Demi e ela riu tanto que até vermelha ficou, lágrimas rolaram e o riso dela era contagiante. E ela revidou com dificuldade já que Joe fazia de tudo para não permitir. Ele riu tanto quanto Demi, e no final das contas os dois ofegavam e sorriam fitando o teto.
- O que você está fazendo? – Desconfiada, Demi olhou para trás a procura de Joe. Ele estava escorado ao balcão. O celular estava em mãos e ele estava tão sério concentrado enquanto ela cozinhava o almoço.
- Nada demais. – Disse mostrando o celular para ela e então ele colocou o aparelho no bolso e se aproximou da namorada. – Precisa de ajuda? – Perguntou massageando os ombros dela para depois abraça-la gentilmente.
- Está tudo praticamente pronto, só esperarmos o fogão trabalhar. – Ela o olhou pelo ombro e sorriu. – Você pode providenciar alguma coisa para bebermos. – Ele assentiu dando um selinho nos lábios dela. – Você não me respondeu mais cedo. – Disse destampando uma panela para depois tampá-la de volta.
- Não respondi? – Perguntou de cenho franzido trazendo as frutas para que pudesse lavá-las.
- É... Perguntei se eu poderia ao menos ajudar com as contas e com o aluguel. – Demi também pegou uma das frutas para lavá-la. – Eu estou praticamente vivendo aqui, então eu também poderia ajudar. – Disse antes que ele negasse.
- Dem, eu estou empregado. Vou receber todo final de semana. – Disse a olhando. – Minhas contas estão todas atrasadas, eu sei. Mas eu vou conversar com o pessoal do prédio, explicar a situação e pagarei assim que receber. O resto virá com juros, mas não tem problema. O que importa é que eu consegui um emprego e as coisas vão voltar ao normal. – Ele foi o mais calmo e gentil que podia para não soar errado.
- Você não precisa ser orgulhoso. – Disse fitando os olhos dele. – Eu posso ajudar Joe, com uma semana de trabalho você não vai conseguir pagar o aluguel e nem as contas. Estou falando sério! Eu posso e quero ajudar, vou me sentir mal por te deixar nessa situação e n... – Quando o celular dele começou a tocar, Joe não disse nada, pegou o aparelho para atende-lo e Demi respirou fundo impaciente.
***
O calor insuportável só deu trégua quando o sol se pôs como se escondesse abaixo da linha do horizonte. O céu estava entre o azul claro, o alaranjado e o roxo, e as nuvens falhas eram de tirar o fôlego. Logo o céu iria ganhar aquele azul marinho escuro que era assustadoramente lindo com os pontinhos brilhantes que só podiam ser apreciados longe da cidade grande. E o campo era o lugar perfeito para assistir ao show das estrelas. O vento soprou gelado e o cantar dos grilos misturado ao som das folhas excitadas pelo colidir da rajada de ar começavam a se destacar.
Os animais descansavam. Alguns no campo e outros no majestoso celeiro de cor vermelha e telhado branco. As terras da família Jonas iam além do que eles mesmos poderiam imaginar. Eram tantos hectares que ninguém sabia ao certo até onde as terras pertenciam à família, apenas Clara. O casarão não ficava muito longe do celeiro e ele tinha três andares e muitos metros de largura, comprimento e altura.
As pedras, britas, eram incomodas quando pisadas com botas. Mas o caminho até o celeiro era todo com aquelas pedrinhas de cor cinza. Laura, que tomava café numa xícara de porcelana observou a menina caminhar furiosamente em direção ao celeiro onde Clara estava terminando o serviço. Coisa boa não era.
- Por favor, amanhã cedo. Eu não posso tolerar atrasos. Nós precisamos entregar os tomates cedo na cidade, mas um dia de atraso e eu não sei o que vou falar para o dono da mercearia. – Clara tentava não ser rude com o novo menino que tinha contratado para fazer as entregas. Se Joseph estivesse no Texas, ele não atrasaria com a mercadoria.
- Sim senhora. O bebê acorda de madrugada e eu não consigo dormir. – Disse o rapaz claramente envergonhado porque Rose tinha acabado de adentrar ao celeiro sem ser muito discreta. Clara assentiu e ele soube que estava na hora de ir para casa.
- Pensei que já estivesse em casa, criança. – Clara beijou a testa da neta postiça brevemente porque precisava terminar de alimentar os cavalos.
- Cheguei agora pouco. A mamãe e os meninos precisaram de ajuda para desatolar o carro no meio do nada. – Comentou Rose um tanto ansiosa e logo mordendo o lábio inferior. Os olhos verdes de Clara lembravam muito os de Joseph. – A senhora tem notícias do Joseph? – Perguntou a menina com certo receio sentindo o coração bater mais rápido quando Clara a olhou com certa curiosidade.
- Ele não ligou hoje. – Ela não conseguiu disfarçar a decepção na voz e nem disfarçaria porque Rose concordava com ela na questão de Joseph voltar para casa. – Ele ligou tem três dias. Eu queria mesmo era vê-lo como na vez que a sua tia e eu estávamos na lanchonete na cidade.
- Você o viu pelo celular? – Perguntou Rose começando a ajudar a avó a trocar a água dos cavalos.
- Eu não entendo muito bem, filha. – Disse Clara fitando brevemente os olhos castanhos da menina. Rose era muito bonita para uma mocinha de dezesseis anos. O cabelo comprido era escuro, a pele clara e o rosto bem desenhado. – Foi pelo celular da sua tia. Ele está tão bonito, ele adotou uma cadelinha e tem uma namorada. – Clara sorriu feliz. Aquelas eram as únicas coisas que davam sossego a ela quando se tratava de Joe. Pelo menos ele não estava sozinho em Nova York. – Ele não te falou? – Perguntou e Rose murmurou um sim contra vontade.
- Então, é sobre isso que eu quero conversar com a senhora. – Começou a dizer e Clara franziu o cenho sem entender. – Eu não acho que.. – A menina não conseguiu concluir a frase porque Laura adentrou o celeiro como um furacão. – Você está bem? – Perguntou a tia quando ela se aproximou fitando os olhos da menina só para depois olhar para a mãe.
- Sua mãe me pediu para te levar para casa agora. – Disse Laura a Rose. – E a senhora não deveria estar dentro de casa? Todos os funcionários já foram embora e estão descansando. – Laura assumiu o serviço da mãe pegando o balde de ferro pesado carregado de ração.
- Só estou tratando dos cavalos. – Disse Clara a filha que negou balançando a cabeça. Para Laura, a mãe deveria descansar a ficar fazendo o mesmo serviço pesado todos os dias.
- Peça a Josh e o Andrew para terminar o serviço, eles jogando videogame na sala. – Disse referindo-se aos sobrinhos.
- Peça a Josh e o Andrew para terminar o serviço, eles jogando videogame na sala. – Disse referindo-se aos sobrinhos.
- Não esqueça a cesta de maçãs para a sua mãe. Depois nós conversamos, pequena. – Clara não negaria que estava cansada. Ela beijou a bochecha de Rose e sorriu para a filha virando as costas para ir para casa.
- Rose! – Laura chamou a menina antes mesmo que ela saísse de fininho. – Vamos? – A menina assentiu com receio e Laura a olhou atentamente. Ela conhecia Rose muito bem para saber o que ela faria. – O seu cavalo está em frente a casa, nós vamos cavalgando – Rose não negou e de tão tensa que estava, assentiu engolindo em seco quando Laura puxou mansamente o cavalo de Joseph pela guia do cabresto, e para acalmar o animal que só tinha costume de ser domado pelo dono, Laura o acariciou na face e o beijou ali mesmo para depois selá-lo. O cavalo de Joseph era branco com manchas pretas. O animal era vistoso e bem cuidado.
- Eu vou buscar as maçãs. – Disse Rose apressando o passo em direção a casa, e Laura não a impediu porque não daria tempo da menina envenenar Clara. A casa estava cheia como sempre e Clara deveria estar se organizando para descer para começar a cozinhar.
Poucos minutos depois Rose voltou com a cesta cheia de bonitas maçãs vermelhas e se aproximou da tia para que elas pudessem pegar o cavalo da menina em frente a casa e começar a cavalgar.
- Nós podíamos ir de carro, amanhã eu buscaria a minha menina. – Disse Rose e Laura negou balançando a cabeça ajudando a menina montar na égua.
- A noite está linda. E a sua casa não é longe daqui. – Laura montou no cavalo de Joseph e para acalmá-lo, acariciou a crina e conversou com o animal baixinho.
- Para onde vocês vão, meninas? – A caminhonete quase as cegou com o alto farol. Então Lucas, o irmão mais novo, gritou para Laura depois de buzinar pelo menos três vezes.
- Vou levar a Rose para casa. – Disse Laura balançando a cabeça negativamente para o irmão não aprovando o comportamento dele. – Daqui a pouco estou de volta. – O rapaz adentrou com a caminhonete e aproveitando que a porteira estava aberta, Laura e Rose passaram com os cavalos.
- Ele está bêbado. – Comentou Rose e Laura assentiu contra vontade. Era difícil tentar colocar aquela casa em ordem. As irmãs estavam ocupadas com os filhos, e não eram todos os irmãos que estavam em casa. Eram oito Jonas para cuidar de Clara, mas era ela quem cuidava deles sempre a frente dos negócios da fazenda e de cuidar da família.
- Essa família é grande demais. – Começou a dizer Laura. Juliana, a mãe de Joe, era a irmã mais nova. E depois vinha Laura, a cópia idêntica da mãe. – Nós somos nove. – Disse sem excluir a falecida irmã. – E sinceramente, eu não quero mais problemas para a mamãe. – As estradas eram iluminadas, e era isso que ajudava a manter o contato visual com Rose, que engoliu em seco sem saber o que fazer.
Laura não queria ser rude com a menina porque de certa forma, compreendia o desespero de Rose. Então o caminho até a fazenda onde a menina morava por grande parte foi silencioso e até mesmo agradável. Porém quando chegaram a porteira da fazenda, Laura decidiu que estava na hora de abrir o jogo.
- A senhora que entrar, tia? – Rose perguntou um pouco tímida e sem graça, e Laura negou num balanço de cabeça.
- Quero que você me prometa que não vai perturbar a mamãe com a história do Joe e a namorada dele. – Disse Laura e Rose tombou a cabeça para trás murmurando baixinho.
- É complicado, eu não posso te prometer. – Disse a menina e Laura negou balançando a cabeça.
- Você não gosta da Demi. Não tem nada de complicado nisso e eu não quero a minha mãe mais preocupada do que ela já está com o Joe n'outro lado desse país. – Disse determinada.
- Você sabia que essa outra estava saindo com um cara casado? Ele tem três filhos pequenos! O Joseph está sendo enganado por ela e isso eu não posso admitir.
- É uma história complicada Rose. A Demi não sabia que ele era casado. – Disse Laura. Ela tinha conversado sobre a situação com Joe e ele explicou tudo nos mínimos detalhes.
- Ela traiu o cara com o Joseph, você sabia? – Disse Rose soltando fogo pelas ventas e Laura assentiu. – Eu acho que a vovó não quer mais problemas. E se o Joseph continuar com essa piranha, as coisas não vão ficar legais para o lado dele. Mais cedo ou mais tarde ela vai meter o chifre nele e ele vai ficar devastado.
- Você só está com ciúme. – Disse e a menina não negou.
- Ela é filha de uma prostituta de luxo. Imagina só as coisas que ela já deve ter feito para se dar bem. – Disse e Laura não soube o que dizer porque Joe não tinha falado nada a respeito. – Eu o amo de verdade, não é uma paixonite como todos dizem! E eu nunca vou aceita-la! Ele é a pessoa mais importante da minha vida e está lá com aquela.. aquela.. – As lágrimas rolaram pelo rosto da menina e Laura percebeu que não era encenação. Rose estava devastada e machucada. – Você sabia que o Joseph está desempregado? Ele bateu no ex da outra dentro da delegacia. Está num blog na internet. – Joseph faria aquilo? Laura não sabia, e nem quis responder Rose porque a menina estava nervosa e poderia estar inventando para queimar o filme de Demi.
- Querida, você sabe que ele nunca vai te amar desse jeito. – Ela tentou soar amigável, porém Rose chorou mais fazendo com que o cavalo se assustasse e quase a derrubasse. – Rose, olha para mim. – Pediu carinhosamente aproveitando a proximidade entre elas para secar as lágrimas da menina com a mão. – Se você ama o Joe de verdade, deixe que ele seja feliz e não encha a cabeça da mamãe com problemas. Você é uma boa menina e eu tenho certeza que vai entender. – Os olhos castanhos de Rose fitaram os verdes de Laura com bastante atenção, e ela não disse nada assim que ouviu o que a tia tinha a dizer.
***
Lá fora a chuva estava mais grossa e a temperatura por volta de treze graus célsius, razão pela qual o pessoal usava suas jaquetas, moletons e blusas para conter o frio. Na cozinha dos Gomez a temperatura estava agradável, mas ainda sim ninguém recusava um bom agasalho. Alguns dos parentes de Selena falavam apenas um idioma, o espanhol e era complicado manter uma comunicação que fazia sentido. E o cheiro na cozinha era maravilhoso! A mesa da sala estava ficando farta de comida a cada vez que um prato era finalizado. Eram tortillas, nachos, tacos, guacamole, burritos, chilli com carne, pozole e tantos outros pratos derivados da cultura mexicana.
- Você não está animada. – Não tinha meia hora que Demi tinha chegado. E para deixar Selena intrigada, a amiga estava triste. O típico sorriso lindo só tinha sido esboçado por Demi para cumprimentar o pessoal, e ele era tão falso que só Selena para reconhecê-lo. – Dem, o que foi? – Elas estavam na cozinha e conversar ali estava complicado. Por isso Selena segurou a mão de Demi e a puxou em direção ao quarto onde teriam acesso as escadas que levavam para o quarto. E no meio do caminho elas toparam com Ed e Joe, e pelo olhar que Demi trocou com o namorado, eles tinham brigado.
- Desculpa Sel, eu não queria vir. Preferia ter ficado no meu apartamento descansado. – Disse desanimada assim que elas adentraram o quarto de Selena que fechou a porta e puxou a amiga para se deitar a cama.
- Você brigou com o Joe. – Não era uma pergunta. Demi se acomodou a cama da amiga e suspirou triste.
- Hoje foi tão estranho. – Murmurou fitando um ponto qualquer e Selena colocou uma mecha do cabelo de Demi que caía no rosto dela. – Nós não brigamos, é só que... As coisas ficaram estranhas quando chegamos da entrevista. Ele vai trabalhar de domingo a domingo e ainda por cima armado tomando conta de uma empresa em frente ao porto do Brooklyn. Ah! E é de nove da noite até seis da manhã. – Choramingou tão manhosa que Selena adentrou o cabelo dela com os dedos para acaricia-los tentando acalmar Demi. – Eu estou preocupada! Se algum idiota machuca-lo? E a saúde dele? – Selena não soube o que dizer por que se Ed estivesse no lugar de Joe, ela também ficaria preocupada como Demi. – Ele começa hoje. – Murmurou a contra gosto.
- Já? – Perguntou Selena surpresa e Demi assentiu.
- Eu o convidei para morar comigo. Mas ele é tão orgulhoso Sel! Por que os homens são assim? Quando tentamos ajudar eles ficam resistindo! Eu estou cansada! Quando chegamos encharcados no apartamento dele, o sindico perguntou sobre o aluguel e as outras contas. O Joe ficou tão tímido e envergonhado, eu queria pagar, mas ele não deixa.
- Dem.. Vai com calma. – Disse Selena e Demi negou balançando a cabeça.
- Eu estou vivendo com ele, diríamos assim. Gasto água, energia, mantimentos. Por que não posso pagar o aluguel e as contas? Nem que seja dessa vez? Eu realmente não entendo. Será que ele não percebe que só está me machucando com todo esse orgulho idiota?
- Tenta negociar com ele. Quem sabe você pode dar a metade do valor, não seria ruim e já ajudaria bastante. – Disse Selena e Demi não disse nada porque ela não tinha pensado a respeito.
- Está complicado para ele. Nem se eu desse a metade, o que ele vai ganhar nesse próximo final de semana cobriria. E para evitar juros e que o nome dele vá sujo, ele poderia me deixar pagar essas contas. – Demi fitou o teto do quarto de Sel e respirou fundo. – Ah, e o detetive Pine ligou. O Joe não vai ser preso, mas ele terá que fazer trabalho voluntário duas vezes por semana por três meses. – Selena abraçou Demi de lado e forçou um sorriso quando a amiga a olhou.
- Olha pelo lado bom, ele não será preso. E trabalho voluntário não é ruim Dem. Ele estará ajudando pessoas necessitadas. – Disse Selena e Demi assentiu.
- E quem fica sem namorado sou eu! – Resmungou inconformada.
- Você não pode ser incompreensível com ele. – Disse e Demi cerrou os olhos quando a olhou. – Estou falando sério. Concordo que ele deveria aceitar a sua ajuda. Mas você já pensou na possibilidade dele estar sem jeito? Acontece! E Dem, nós duas sabemos que você está morrendo de ciúme.
- Também estou preocupada com ele, sabia? Ele tem a saúde frágil e nós duas sabemos que serviço pesado não é para ele. – Selena deu de ombros e Demi mostrou língua porque estava ficando mais irritada do que já estava. – Ah, você está falhando em me consolar. Que vergonha, Selena! – Pra que mais emburrada, egoísta e manhosa que aquela mulher? Selena revirou os olhos quando Demi virou as costas para ela. Então ela abraçou a amiga por trás e a beijou no pescoço tentando chamar a atenção de Demi que riu sapeca e a olhou.
- Não seja chata com ele, Demetria. – Disse colocando uma mecha do cabelo de Demi atrás da orelha e a mesma não disse nada. – Tenha paciência, uma hora ele vai aprender que você é a companheira dele e só quer ajuda-lo. – Sel umedeceu os lábios e sustentou o olhar de Demi.
Elas estavam próximas demais. Trocavam aquele olhar fixo e as respirações começavam a ficar mais pesadas. Demi umedeceu o lábio como Selena fez sem ousar em desviar o olhar. Ela ajudou Sel a se deitar ao lado dela e com muita coragem, levou a mão ao rosto da amiga para colocar uma mecha do cabelo longo de Selena atrás da orelha como ela tinha feito. Se não fosse pelo celular de Demi vibrando, alguma coisa aconteceria. As duas tinham certeza que sim, só que preferiam ignorar. Forçando um sorriso, Demi se ergueu e pegou o aparelho no bolso do moletom que vestia. Duas chamadas de Joseph. Oito e quarenta da noite.
“Estou de saída, não vem se despedir?” – Joseph.
O aperto no coração a deixou tão desconfortável. Demi fitou a mensagem com angústia e resolveu não responder. O que ela faria? Não queria que Joe fosse trabalhar naquele lugar perigoso e ainda por cima de vigilante e à noite! Ela não conseguiria dormir direito pensando em como ele estaria do outro lado da cidade.
- O Joe está de saída. Eu vou descer. – Disse para Selena que assentiu também se levantando.
- Dem. Paciência com ele, ok? – Disse Selena a olhando nos olhos e Demi assentiu se curvando para beijá-la na bochecha com carinho.
- Você vem? – Perguntou um pouco corada e Sel assentiu arrumando o cabelo que estava um pouco bagunçado.
Quando desceram as escadas, Demi franziu o cenho quando avistou Joe e Ed do lado de fora de casa. A porta estava aberta e ela podia notar que a chuva tinha piorado consideravelmente só para preocupa-la ainda mais! E lá fora estava frio, como estava! Demi sustentou o olhar do namorado até que estava em frente a ele, por mais que tinha sido estranho o dia que tiveram, eles tinham trocado alguns beijos e conversado sobre outras coisas.
- Você tem mesmo que ir? – Soou como uma criança chorosa e assustada, e Joe assentiu tímido a puxando para os braços. – Joseph... – Choramingou tentando convencê-lo e Joe encostou os lábios nos dela num selinho delicado.
- O Ed vai me levar. – Disse acariciando a bochecha da namorada para depois colocar uma mecha de cabelo atrás da orelha. – Amanhã cedinho estarei de volta. Você cuida da Lucy para mim? – Perguntou e Demi assentiu quase chorando.
- Está frio e chovendo. – Disse ainda tentando convencê-lo, mas era frustrante! Ela abraçou Joe com força porque estava absurdamente preocupada com ele. Joe não assistia noticiário? Era uma profissão muito arriscada! – Amor. – Ela o olhou nos olhos levando os dedos para acariciar a barba do namorado. – Tenha cuidado, muito cuidado. – Disse por que ele não desistiria do emprego por mais perigoso que fosse.
- Nós trocamos mensagens, gatinha. E eu prometo que vou ter cuidado. – Como Demi estava chorosa, Joe a abraçou contra o peito por alguns minutos aproveitando também para curtir o momento com a namorada. Ele sentira falta dela. – Amanhã nós ficamos juntos no seu horário de almoço, pode ser? – Perguntou quando a olhou nos olhos e Demi assentiu desviando o olhar do dele porque os olhos dela estavam marejados. – Eu já estou indo, não ganho o meu beijo? – Ah! Como alguém podia ser tão manhoso? Joe sorriu enquanto acariciava as costas dela e depois um pouco acima do bumbum se curvando para encostar a testa a de Demi.
- Eu vou sentir muita saudade. – Ronronou tão manhosa e Joe deu um beijinho no queixo dela.
- Eu vou sentir mais, princesinha. – Eles se olharam por alguns instantes e trocaram o beijo mais intenso e apaixonado que podiam. Só era uma pena que Joe não podia demorar muito. – Eu te amo. – Disse nos lábios dela e Demi engoliu o choro.
- Eu também te amo. – Disse o abraçando apertado e Joe sorriu porque ela era baixinha e a mulher mais fofa e manhosa que ele já tinha conhecido.
- Até amanhã. – Ele sorriu para Ed e Selena que os observavam e antes de desfazer do abraço de Demi, ele a beijou novamente na boca e na testa. – Eu tenho que ir. – Disse quando ela tornou a abraça-lo e beijá-lo no peito.
- Se cuida, amor. – Não teve jeito. Quando Joe a soltou para se despedir de Selena com um breve abraço, o frio tomou conta de Demi e ela se sentiu sozinha como acontecia quando era criança. O trauma estava estampado nos olhos dela que brilhavam em lágrimas. Não era como se Joe não fosse voltar. Ele sorriu e acenou para ela antes de adentrar o carro de Ed. E Demi não conseguiu controlar as lágrimas que rolaram ferozmente pelo rosto quando Selena a abraçou para consola-la. Droga de emprego!
Continua... Oi! Tudo bem com vocês? Eu estou bem e com muito frio! Então, eu espero que vocês tenham gostado desse capítulo, tentei escrever o mais rápido que pude e acho que não me fui tão mal no quesito tempo. Eu gostei muito desse capítulo e acho que ficou legal. Deu para perceber que tem um clima estranho rolando entre o Joe e a Demi. E esse emprego do Joe? Será que vai pra frente? Agora será bem complicado para ele e a Demi, já que ele trabalha à noite e ela durante o dia. Vamos ver no que dá! Vamos ver mais das irmãs da Demi e o Inácio tentando se aproximar ainda mais. E esse quase clima Semi? Qual a opinião de vocês a respeito? Espero que vocês estejam gostando da fanfic, porque eu estou gostando muito de escrevê-la! Obrigada por todos os comentários! Até mais!