2.11.18

Capítulo 16


Positivo. A palavra saiu baixa por entre os lábios pálidos de Anna. Ouvir aquela palavrinha reforçou a certeza daquele fato, que antes estava implícito nas feições assustadas da moça ao sair do banheiro um tempo considerável que tinha ficado plantada lá dentro com o coração disparado na garganta. Havia uma sementinha enraizada no útero que carregava parte da gêmea e do médico. Um bebezinho que ainda era muito pequeno e que, provavelmente, em nove meses viria ao mundo.

Não parecia real, Demi olhou para o relógio sobre o criado mudo e pensou que era um sonho estranho. Quatro e meia da manhã. Aquele horário costumava pregar peças nas pessoas com os mais inusitados sonhos, pesadelos, sons e imaginações. Estava tudo muito estranho, muito silencioso e o tempo parecia congelado. Características de um sonho. Hum. Será? Curiosa, Demi olhou as irmãs.

Hannah tinha os olhos atentos se mostrando uma garota séria e centrada, muito diferente da menina que sempre estava agitando a casa e aprontando com o pai. Isabella só não estava mais cansada que Anna, porém ninguém ganhava dela no quesito preocupação. Os passos de Anna guiaram-na para os braços da irmã gêmea, que a abraçou e a beijou carinhosamente na testa como uma mãe.

   - Eu estou com sono, mas não sei se consigo dormir. – Manifestou-se Anna num ronrono e de olhos fechados. Tinha demorado tempo demais para que alguém falasse exatos vinte e um minutos depois, constatou Demi ao olhar para o relógio. Pelo jeito, Bella e Hannah pensavam o mesmo que ela. A palavra primeiro tinha que vir de Anna, para que elas continuassem a conversa, caso tivessem coragem.

   - O que você vai fazer? – Hannah não se importou com o olhar de Bella, que numa suplica repreendia a menina. Dava até para ouvir a irmã mais velha e sensata dizer “Hann, agora não é hora para brincadeiras. O assunto é sério!”.

   - Não tem muito que fazer. – Resmungou Anna de cenho franzido sem entender perfeitamente a pergunta da irmã. – Vou para o laboratório do hospital amanhã cedo e eu mesma vou fazer um exame de sangue. Talvez mais de um. – Disse se espreguiçando. Havia uma pequena porcentagem de aquele teste estar equivocado, mas Anna duvidava que fosse o caso, uma vez que os sintomas estavam escancarados zombando da cara dela. – E se de fato for positivo. – O frio a tomou de uma forma sufocante e o coração bateu mais rápido, os olhos marejaram e Anna respirou fundo. – Eu vou ter um bebê. – Disse baixinho. Não havia problemas, havia? Se Rick não quisesse assumir, ela ficaria com o bebê. Se Inácio a expulsasse de casa, ela ficaria com o bebê. Se o conselho de medicina descobrisse futuramente que ela se envolveu romanticamente com o orientador de graduação e perdesse os direitos de exercer a profissão que tanto amava, ela ficaria com o bebê. Não tinha nada que tiraria aquela vida dos braços da garota. Viveria um dia de cada vez. Enfrentaria uma batalha de cada vez, como deveria ser e não abaixaria a cabeça para os comentários maldosos e nem para as rasteiras da vida. Ela era uma mulher, e mulheres eram incríveis e fortes.
   - Nós vamos estar sempre com você. – O clima poderia estar pesado e tenso, mas Demi caminhou até Anna e a abraçou de lado. Segundos depois Hannah se juntou ao abraço e Bella não conseguiu sustentar as três, elas caíram na cama e discretamente sorriram quando ouviram o murmuro de Anna nas palavras: eu amo vocês.

***

Uma hora de relógio. Será que chegou à uma hora exata? O despertador biológico de Anna não falhava, sempre a acordava seis da manhã em ponto, vez ou outra adiantava dez minutos ou atrasava cinco, nada mais que isso. Os olhos estavam pesados e o corpo não queria sair da cama. Estava quente e muito confortável, apesar de quatro pessoas estarem dormindo ali.

Naquela manhã não tinha obrigações com o hospital, Anna tinha combinado com o supervisor que entraria em plantão um dia depois da apresentação do TCC, que seria no dia seguinte. Ficaria dois ou três dias no hospital, então voltaria para casa para comemorar o natal ao lado da família, no dia vinte e seis retomaria as atividades e estava planejando um plantão de virada de ano. Naquele período de festas aconteciam muitos acidentes e se estar no hospital trabalhando significava salvar e zelar por vidas, Anna ficaria muito satisfeita de iniciar o ano fazendo o certo.

Bem, agora com a gravidez, seria um pouco mais difícil colocar o planejamento em prática. Mas se tinha uma coisa que era certa: testes de gravidez de farmácias não eram confiáveis. Poderia estar vencido, ter sido exposto a temperaturas que comprometeriam o processo químico, ser de uma marca fajuta. Um Beta HCG resolveria, era preciso em questão de afirmação e até dava para saber o período através de um exame quantitativo.

Quem diria que escovar os dentes agora era uma tarefa que estava comprometida? Anna quase chorou quando o gosto do creme dental de hortelã a fez induzir o vômito. Era mais um sinal.. O banho só foi possível com o sabonete líquido neutro, Anna se empacotou num jeans apertadinho claro, camisa branca de botões, suéter de lã cinza e um enorme e quente trench coat grafite.

A chave da SUV branca de Bella sempre estava disponível sobre o criado-mudo. O carro da irmã era um presente exclusivo de aniversário de vinte e um anos dado pelo pai, e Anna preferiu que Inácio a ajudasse com a faculdade a um carro zero e caro. Bella sempre compartilhava o automóvel, as roupas e tudo que tinha para oferecer. Ao olhar para irmã dormindo serenamente, Anna sorriu e quis abraça-la forte. Demi e Hannah também estavam lá para confortá-la. As garotas pirariam quando não a encontrasse dormindo, mas se esperasse um minuto há mais, Anna surtaria!

Ounch! Os muffins de Bella estavam de dar água na boca. Mas não dava para comer porque o medo de vomitar o alimento era maior. Os olhos de Anna marejaram quando ela se lembrou do bolinho de chocolate, o queixo tocou o couro do volante e um tempo depois o carro moveu-se na troca do sinal vermelho para o amarelo para depois o verde. Não demorou a chegar ao hospital, o prédio branco era enorme e mesmo naquele horário, o estacionamento estava relativamente cheio.

Os óculos escuros ajudariam a disfarçar as olheiras e o coque alto preso por grampos era para que os fios de cabelo não a atrapalhassem na hora do procedimento. Cordialmente Anna cumprimentou o porteiro, e a animação foi surpresa até mesmo para a moça. De certa forma o hospital era uma lembrança boa. Naquele edifício, Anna tinha passado boa parte dos últimos dez anos. Uma parte daquele tempo se dividia entre as idas atrás da mãe, que quase sempre a despachava porque tinha que trabalhar, e a outra parte era a prática do curso. Então a menina conhecia a todos, desde o funcionário mais simples ao presidente da companhia.

Conseguir a chave do laboratório não foi difícil, e enquanto abria a sala, Anna se lembrou de uma ou várias regras que poderia estar quebrando. Mas não tinha como esperar. Ter amizades no ambiente de trabalho só somava. A ideia era coletar o próprio sangue, mas não deu muito certo. Anna pediu a ajuda de um colega sem dar muitos detalhes do que se tratava o procedimento, só deixou escapar que queria verificar como estava os níveis de glóbulos vermelhos e brancos, um hemograma com a desculpa da suspeita de anemia.

Foi tão desconfortável e Anna não sabia o que dizer ao rapaz que pareceu surpreso e preocupado, mas a desculpa do temido último semestre de graduação colou muito bem e o rapaz, graduando em enfermagem, assentiu um pouco assustado porque ainda estava no início do curso e as reclamações dos veteranos sempre assustavam demasiadamente os calouros.

Sozinha no laboratório, o procedimento mais interessante começou com destreza. Anna prendeu o cabelo e o envolveu numa touca, ajustou os óculos ao rosto, colocou as luvas e se acomodou a bancada. O cheiro de álcool no ambiente quase a desconcentrou, mas a moça era focada demais para se deixar vencer. A coleta tinha sido a vácuo e o sangue repousava no tubo bioquímico de gel separador. A centrifugação do sangue não demorou nem dois minutos, o processo era tão rápido e então lá estava separada a parte sólida da fluida. A parte líquida continha plasma, que viria a ser o soro – plasma sem fibrinogênio, e nele estavam os hormônios.

O coração de Anna bateu rápido porque a etapa seguinte definiria se ela abrigava ou não uma vida no útero. Para isso, na fita reagente do kit do beta HCG havia duas regiões chamadas: teste e controle. Quando a fitinha entrasse em contato com o soro, deveria surgir uma faixinha horizontal colorida em cada uma das duas regiões, para o resultado positivo. Caso aparecesse uma faixinha só na região de controle, o resultado era negativo, e se por sua vez aparecesse somente na de teste, o procedimento não tinha sido feito corretamente.

Os olhos da moça pareciam olhos de corujas, atentos e espertos a mudança. A fita reagente estava na posição vertical, foi colocada no tubo que continha à amostra de soro no sentido em que as setas da fita ficavam na vertical e para baixo. Quinze segundos depois a moça retirou a fita colocando-a sobre a bandeja de alumínio. As faixinhas começaram a surgir nas duas regiões dentro de quarenta segundos, e o estomago de Anna pareceu revirar de ansiedade. Esperou por mais cinco minutos tão ansiosa que podia sentir a tensão correr pelos nervosos e se irradiar nas pontas dos dedos.

Estavam lá: uma faixa na região de teste e outra na de controle. O corpo estava produzindo o hormônio gonadotrofina coriônica humana, o HCG, hormônio produzido exclusivamente por mulheres grávidas. Quando as lágrimas molharam o rosto, Anna tirou os óculos, desjeitosamente se livrou as luvas e cobriu a face com as mãos. Era impossível o resultado estar equivocado, todos os passos foram cautelosamente feitos. E como se Deus enviasse mais uma prova que ela realmente esperava um bebê, Anna se sentiu enjoada ao sentir o cheiro do laboratório, aquela mistura de álcool com ferro. Droga.

Qual seria o próximo passo? Ainda eram sete horas da manhã, sete em ponto e faltavam dezessete horas para o dia acabar. Pior, faltavam cerca de seis mil quinhentas e setenta horas para a gravidez acabar! Enjoos, complicações familiares, pessoas chatas, sentimentos a flor da pele, e.. um.. o parto! Aquilo era dolorido, sofrido e com tanta tecnologia no mundo, as mulheres não deveriam sofrer tanto para dar a luz. Bem, Anna era a favor da tecnologia e de técnicas inteligentes, mas sabia que se levantasse uma discussão daquela em sala de aula a briga iria rolar solta por conta da maioria dos conservadores.

“Sabe com quem eu sonhei? Sim, com você. Estou ma-lu-co para te ver. Bom dia, linda.” – Rick.

Ah! Rick era todo charmoso. Começava com o sorriso genuíno e brincalhão, os olhos marrons sempre mostrando como o rapaz podia ser de um amoroso pediatra a um homem quente em questão de segundos. O cabelo castanho tinha a famosa franja de todo o hospital que sempre estava despojada e penteada pelos dedos do médico a cada cinco segundos. E aquelas covinhas na bochecha barbada.. Humm... Quando Rick sorria, Anna derretia. Era automático. Mas será que o rapaz continuaria sorrindo e a seduzindo depois que soubesse que seria papai? Eles estavam juntos não tinham quatro semanas. Pensando no tempo de gravidez, Anna usou o pretexto de continuar com o exame como se ele não fosse dela. E por um tempo ficou tão distraída fazendo analises ali e aqui, logo veio à parte manual das contas matemáticas para levantar a quantidade de hormônio presente no soro. Duas semanas e meia, algo beirando aquela quantidade de dias. E batia certinho com o período de início das noites calorosas que tinha passado com o pediatra.

Lá estavam os dois exames: o beta HCG quantitativo indicando o período da gravidez e o qualitativo, que apenas confirmava que estava grávida. Não havia mais nada a ser feito naquele laboratório. Anna inspirou fortemente e depois expirou na tentativa de conter o choro. Seria tão bom ter o abraço reconfortante da mãe, e depois era certeza que Caroline tentaria animá-la com aquela nova etapa da vida.

Estava triste, não por conta da gravidez, só era o medo que a incomodava, mas ao pensar na mãe, o coração bateu forte no peito e Anna limpou e organizou rapidamente o laboratório para depois sair dali. Talvez um plantão a ajudaria a esquecer, até porque não dava para pensar em nada pessoal quando o sangue estava quente nas veias, resultado da correria na emergência. Ou seria melhor insistir para substituir um paramédico? Suspirando, Anna arrumou a bolsa no ombro e entregou a chave do laboratório na recepção. Iria embora dormir porque ainda era o aniversário de Megan e a irmã precisava de atenção.

   - Srta. Lovato? Pensei que estivesse de folga. – Ouvir a voz grossa se formando daquele jeitinho animado com uma pitada de sedução que só Anna sabia identificar a deixou de bochechas coradas, porque alguma coisa a dizia que as meninas da recepção queriam Rick nu e também suspeitavam da paixonite que ela nutria pelo médico.

   - Estou de saída. Acabei esquecendo minha pasta no consultório. – Seria a mentira perfeita, claro, se ela estivesse com a pasta em mãos. E pelo sorriso de Rick e a forma que ele arqueou uma sobrancelha, era óbvio que não tinha colado.

   - Oh, eu entendo. Tensão pré-TCC é assim mesmo. Esquecemos até o nosso nome. – Nem tudo era culpa do trabalho de conclusão de curso, mas como todos deduziam que era, Anna assentiu forçando um breve sorriso para o pessoal da recepção. – Eu acompanho a senhorita. – Era por conta daquele sorriso e simpatia que Rick era um dos pediatras mais requisitados do hospital. Ele já era divertido com adultos, então com crianças era de deixar as mulheres de coração aquecido e calcinhas molhadas. – Por que você não me disse que estava no hospital? – Perguntou discretamente tendo que caminhar a certa distância da estagiária e orientanda.

   - Esqueci o celular em casa. – Por que estava mentindo, Anna não sabia. O medo começava a sufoca-la a cada passo e o medo de perder o namorado a deixava aflita. – Hoje é o aniversário de Megan, nós dormimos tarde assistindo séries. Minha pasta tem um arquivo importante que estou precisando com urgência para... para... – Começou a dizer procurando pela chave do consultório na bolsa. A droga! O coque tinha despencado em mechas marrons e Rick que estava logo atrás de Anna, murmurou um “Aham” sem conseguir esconder a luxuria estampada nos olhos por ter flagrado o cabelo marrom despencar em lindas mechas longas que batiam quase a um palmo acima do traseiro ajeitadinho da moça nos jeans claros. – Para conferir minha apresentação. – Era sempre daquele jeito. Uma vez que a porta do consultório estava fechada, Rick a imprensava contra a madeira e investia num beijo apaixonado guiando as mãos vez para o traseiro ou um seio da moça.

   - Minha cama fica tão fria quando não passamos a noite juntos, Anne. – A trilha de beijos no pescoço a desconcentrou. Anna suspirou excitada e logo procurava os lábios do rapaz para beija-los. – Você está linda. – Elogiou mais focado em beija-la no lóbulo da orelha e então Anna deixou que as lágrimas rolassem quando não conseguiu mais segurar a emoção.

   - Rick. – Chamou-o pelo apelido tentando não soar tão chorosa, mas o medo de ficar sozinha em todos os sentidos a deixou desesperada. Anna sustentou o olhar do rapaz, umedeceu os lábios e com muita coragem guiou a mão dele para o ventre. – Eu tenho certeza. – O rapaz tinha a olhado nos olhos e quando percebeu as lágrimas, começou a entrar em desespero, mas a mão de Anna sobre a dele no ventre e o olhar desesperado cessaram todas as perguntas.

   - Anne. – Rick desfez do abraço porque estava abalado o suficiente para ficar em pé. Recostou-se a porta ao lado da namorada e ficou de olhos fechados por pelo menos cinco minutos, e demorou mais cinco para puxar Anna para um abraço porque sabia que ela era quase uma menina e estava assustada. – Vamos fazer o beta? – Perguntou a puxando para se acomodar no pequeno sofá porque ele estava zonzo e prestes para cair a qualquer segundo.

   - Não vim buscar a minha pasta. – Disse Anna deitando a cabeça no recosto macio do sofá e olhando para o teto da sala. – Já fiz o exame. Duas faixinhas. O teste de gravidez da farmácia também. Vomitei tudo que comi ontem. – Resmungou chorosa e o rapaz a olhou preocupado. – Eu estou com medo de ser prejudicada. Se a banca descobrir, eu estou encrencada, não estou? – Perguntou o olhando e a imagem que se formava do rapaz estava um pouco embaçada por conta das lágrimas.

   - Todos da faculdade e do hospital sabem da sua capacidade. – Ele disse gentilmente colocando uma mecha do cabelo castanho atrás das orelhas rosadas. – Você tem domínio sobre o seu tema e fará uma defesa invejável. Se tivermos algum problema, temos como provar que todo o material é seu e que começamos a nos envolver só agora. – As conversas online registravam todos os acontecimentos. Existiam emails e uma cronologia de arquivos e dados que poderiam provar a integridade do material de Anna.

   - Meu pai vai me matar. – Resmungou tempos depois e daquela vez não teve como argumentar. Rick só assentiu porque sabia que Inácio iria virar outro homem.

   - Corrigindo: ele vai nos matar. Você não está sozinha. Nós fizemos juntos o nosso bebê. – Tinha para onde correr? Não. Rick não era um covarde. Um pouco mulherengo antes de começar a sair com Anna, e tinha certeza absoluta dos sentimentos que nutria por ela. A menina era nova e estava grávida. O que mais ele poderia fazer além de cuidar e amar a pequena família? – Nosso bebê. – O calor do beijo de Anna o fez sorrir interrompendo brevemente o ato, a mão gentilmente acariciou o ventre e timidamente o rapaz o beijou causando surpresa, mas também um sorriso de orelha a orelha em meio às tantas lágrimas de Anna.

***

    - Nada de notebook na mesa na hora do café da manhã, bebê. – Demorou alguns segundos para que Demi desviasse o olhar do photoshop para olhar Inácio a olhando com um pequeno sorriso nos lábios. Era regra da casa: na hora do café da manhã, todos ficavam longe do celular ou qualquer aparelho que possibilitaria distração porque a refeição mais importante do dia deveria ser feita com a família. Dianna não tinha a ensinado aquela regra, aliás, elas nem tomavam café da manhã juntas... E como morava sozinha, não existiam regras.

   - Você pode me ensinar a mexer no photoshop? – Megan estava animada. Tinha acordado a todos as sete e meia da manhã e desde então, a menina parecia que estava ligada na tomada com potência total.

   - Posso. – Não seria uma tarefa difícil. Demi sorriu para a irmã e fez como o pai disse: fechou a tampa do notebook e o colocou sobre o balcão da cozinha. Só era uma pena que os últimos detalhes do projeto da Gyllenhaal seriam feitos mais tarde, e Demi esperava que as ideias para o convite de casamento de Selena continuassem a todo vapor.

   - Você vai ensinar Megan a mexer no photoshop para fazer montagens com a nossa cara? – Resmungou Hannah. – Pensei que você era uma boa garota, Demi. – Implicar com Megan não estava funcionando para melhorar o humor entre as três. Demi estava impassível, Isabella uma pilha de nervos, e Hannah sentia as bochechas coradas durante todo o tempo pensando na palavrinha: gravidez. Ela e Augusto teriam o número de relações reduzido pela metade! Se Anna que já tinha toda a vida encaminhada estava assustada, imagina se ela, com apenas dezessete anos e ensino médio completo ficasse grávida? Ah, não seria nada interessante.

   - Vai ser divertido. – Ronronou Megan se levantando para ajudar o pai a colocar as comidas na mesa. – Você finalmente vai conhecer a torre Eiffel, Hann. Só que no corpo de uma vaca. – O intuito era que Hannah revirasse os olhos, mas quando a menina não o fez, Megan franziu o cenho e olhou para as três irmãs mais velhas com muita atenção. – O que vocês aprontaram de tão ruim? – Perguntou curiosa e quando não teve resposta, a menina arqueou as sobrancelhas e murmurou: alguém está muito encrencado.

   - Pensei que Anna estivesse de folga. – Disse Inácio se acomodando à mesa ao lado de Demi. – Isabella. – Chamou-a porque Bella tinha cruzado os braços sobre a mesa e repousado a cabeça sobre eles. – O que foi, meu anjo? – Perguntou preocupado porque Bella só ficava quieta quando estava doente.

   - Eu só estou com sono. – Soou manhoso. Talvez Bella estivesse realmente com sono, mas Hannah e Demi sabiam que a preocupação também estava inclusa. Quando levantaram e não encontraram Anna, Isabella tentou contatar a irmã de todas as formas, e não obteve resultado, o que a deixava desanimada.

   - Ela está de folga. Onde está Anne? – Perguntou Megan porque sabia todos os passos da irmã. Dois dias atrás Anna tinha dito que teria folga exatamente no dia do aniversário da menina, que não esqueceu por nada a fala da irmã.

   - Ela precisou ir ao hospital, disse que talvez volta para o almoço. – O olhar de Demi a Bella dizia: Anne está bem, daqui a pouco ela está de volta e nós precisamos mostrar força e determinação nessa nova jornada.

   - Ou para o café da manhã. – Se soubesse que receberia tantos olhares, Anna teria subido direto para o quarto. – Bom dia. – Disse altamente corada se sentando ao lado de Bella e Amber.

  - Você está bem? – Isabella perguntou com pesar e tentou ser o mais discreta possível, mas não deu muito certo porque todos estavam em silêncio.

   - Eu estou bem. – O abraço que as duas trocaram foi motivo para mais silêncio, e como eram cúmplices, enlaçaram os braços e ficaram o mais perto possível.

   - Então.. – Megan começou a dizer atraindo a atenção do pai e das irmãs. – Eu estava pensando em furar a orelha. A cartilagem da orelha para ser mais exata. – Para pedir algo, o tom de voz sempre tinha que ser manso e carregado de respeito. Megan sustentou o olhar do pai e jurou que ouviria um sonoro não. Inácio encarou a caneca com café, franziu o cenho e quando assentiu, a menina sorriu de orelha a orelha. – E a minha habilitação para pilotar? – Aproveitou a deixa. Quem sabia o pai cederia a mais uma coisa.

   - Não. – Não foi um não autoritário, mas garantiu a careta de Megan, o que resultou em muitas risadas, até mesmo do próprio Inácio. – Mas estou disposto a ensinar a dirigir o meu carro. – Megan assentiu. Era melhor que nada. Até porque estava completando quinze anos e aprender a dirigir e pilotar eram conquistas importantes.

   - Eu e a Demi. – Disse Megan olhando para a irmã ao se lembrar de uma das conversas delas. – Amber pode ir com a gente como você e a mamãe fazia comigo. – A última coisa que Inácio precisava era quem Megan ficasse triste. A animação da menina foi embora no mesmo instante que falou da mãe, e as outras meninas ficaram desanimadas na mesma proporção da irmã. O que estava acontecendo com aquele dia?

Café da manhã silencioso. Era estranho silêncio naquela casa, mas não foi tão ruim. Demi aproveitou os muffins o máximo que pode e tinha feito uma nota mental que os elogiariam para Bella assim que as coisas estivessem melhores. O cereal com iogurte e biscoitos também foram uma boa combinação, mas nada perdeu para a fatia monstruosa do bolo de aniversário de Megan. Estava geladinho! Como estava delicioso! O gosto do chantilly era sem igual junto às bolinhas crocantes de chocolate! Comer era muito bom.

Trabalho em equipe se resumia para todas as atividades na casa. Inácio saiu para trabalhar logo depois do café da manhã e deixou a responsabilidade da casa na mão das três mais velhas: Demi, Anna e Isabella. Claro que ele também tinha deixado que qualquer coisa que precisassem era só ligar. Infelizmente o pai não resolveria a bagunça da casa. Não mesmo. E como eram seis, Alicia não contava como membro que contribuía em prol da organização da casa, bem pelo contrário, dividiram-se: Megan e Hannah organizando a cozinha, Demi e Anna organizando a bagunça horripilante da sala e Bella e Amber para arrumar os quartos e ficar de olhos em Alicia.

   - Como ele reagiu? – Perguntou Demi baixinho colocando uma coberta no sofá para que pudesse erguer o colchão e leva-lo para o quarto.

   - Melhor do que eu esperava. – Disse Anna dobrando a coberta felpuda e pesada. – Pelo menos eu não estou sozinha. – Completou olhando a irmã nos olhos. Rick estava surpreso, não desesperado como ela, e pela reação do rapaz, nada mudaria bruscamente entre eles. Anna esperava que não, mas toda vez que o celular vibrava, o medo de receber uma mensagem do tipo “Eu estou a caminho do Japão, sinto muito por não poder ficar. Darei toda assistência financeira que você precisar.”. Ela confiava em Rick e sabia que ele não a deixaria, mas o medo existia e era difícil de contorná-lo.

   - Você não está. Eu estou com você. As garotas também e o papai estará. – Demi sustentou o olhar de Anna até que a irmã sorriu e arqueou uma sobrancelha.

   - Espero que sim. Não será fácil, mas se eu não tiver o apoio dele, não sei como as coisas serão. – Anna tinha ciência da mudança que aconteceria daquele dia em diante. Nem tudo daria certo, e muito menos seria fácil, mas também não significava que todas as lutas seriam com monstros de sete cabeças. E ter o apoio do pai faria toda a diferença independente da situação.

   - Ele vai cuidar de você como sempre cuidou. – Disse Demi puxando o outro colchão porque não queria que a irmã fizesse esforço físico. – Brabo ele vai ficar, é inevitável, mas depois tenho certeza que ele vai te mimar e ficar tão ansioso quanto você e o Rick para a chegada do bebê. – Inácio tinha aquela casca grossa protetora quando o assunto era as filhas, mas o coração do homem era gigante! Ele era um pai excepcional e também seria um ótimo vovô.

   - Espero que sim. – Anna sorriu timidamente pensando no bebê. A cada minuto que se passava o pensamento de ter uma vida abrigada no útero era mais familiar e trazia uma boa sensação, apesar do medo. – Você e o Joe? – Demi assentiu rindo. Estava ficando difícil esconder aquele chupão, mas ela também pensava que ficaria com o pescoço ainda mais marcado quando encontrasse o namorado a sós. A saudade começava a sufoca-la.

   - Estamos juntos de novo. Pensei muito e vou tentar. – Disse um pouco ofegante encostando o colchão no sofá e franziu o cenho quando Anna a ajudou. – Vai ser difícil ter a mesma confiança de antes, mas aos poucos nós vamos construir isso novamente. – A desconfiança existiria, e seria a maior vilã no relacionamento, mas não a impediria de continuar com Joe.

   - Vocês vão.– Anna puxou uma coberta pesada para dobra-la e depois que o fez, colocou-a na pilha de cobertas sobre o sofá e respirou fundo cansada da atividade. – É o certo, Dem. Você se arrependeria se não desse essa chance para ele. – Acomodando-se sobre as cobertas, Anna descansou o corpo nas almofadas macias e fechou os olhos quando sentiu sono.

   - Eu não vou me arrepender. – Disse Demi sorrindo porque o jeito que Anna estava deitada pareceu confortável, principalmente pelas feições satisfeitas da moça. – Eu acho que toda essa preguiça é sintoma da gravidez. – Brincou jogando uma almofada em Anna, que sorriu mesmo sem jeito

   - Você está grávida? – Ah! Naquela casa não tinha segredo que ficasse longe dos ouvidos da aniversariante do dia. Demi coçou os cabelos da nuca e Anna cerrou os olhos ao olhar para Megan. Se ela contasse, ela estaria frita!


***

   - Você está com algum desejo peculiar? – O quarto das gêmeas estava uma bagunça! Tudo fruto da festinha de aniversário de Megan que aconteceria naquela final de tarde. As irmãs de Inácio ficaram responsáveis pelo bolo e os salgados e docinhos, então tinham restado organizar a casa e faltando três horas para as cinco da tarde, começaram a se arrumar.

   - Vontade de puxar a sua orelha. – Resmungou Anna da cama porque desde que Megan tinha descoberto da gravidez, a menina não parava de fazer perguntas.

   - Vocês não param de brigar. – Os cachos feitos pelo babyliss ficaram perfeitos. Demi os tocou e sorriu. O cabelo de Megan era longo, volumoso e tinha um caimento de dar inveja, e agora com os cachos estava um mimo. – Meggy, o papai não pode saber. – Disse Demi e Megan assentiu, mas deveria ser a décima vez que a menina ouvia a frase e continuava insistindo no assunto.

   - Estou entrando. – As duas batidas à porta foram apenas um aviso que logo ela seria aberta, e um alívio porque era Selena. Demi alargou o babyliss e envolveu a melhor amiga num abraço muito apertado. – Você está me apertando. – Resmungou Selena, mas retribuía o abraço na mesma intensidade.

   - Eu sei. – Demi a beijou nas bochechas e também deu um beijinho na barriga cumprimentando o bebê. – Você está linda. – O suéter azul não pertencia a Selena, a peça era de Ed e ficava enorme no corpo esbelto da moça, mas também era confortável, quente e carregava o cheiro do rapaz.

   - Você também, Dem. – Demi sorriu de bochechas coradas, mas logo a atenção de Selena estava toda sobre Megan, que era envolta num abraço apertado e recebia felicitações sussurradas que deixaram a todas curiosas.

   - Você conhece a regra dos presentes. – Disse Amber animada para saber o que tinha no pacote cor de rosa com ursinhos brancos que Megan tinha ganhado de Selena.

Garotas reunidas em prol da beleza sempre resultariam em boas risadas e momentos inesquecíveis. Eram curiosas, cúmplices e maior parte do tempo se implicavam porque era uma forma divertida de demonstrar como se amavam. O presente de Megan foi motivo de suspense e ansiedade, e quando a menina finalmente o abriu, Selena riu porque recebeu uma enxurrada de resmungos sobre as datas dos aniversários da maioria já ter passado. Também! Quem não queria uma jaqueta jeans e uma coleção de broches e bottons?

   - Comprei esses para você. – Era certeza que Demi ficaria enciumada. Sel  tinha percebido que a amiga tentava mostrar naturalidade ao compartilha-la com as irmãs, mas não tinha jeito porque aquele ciúme era natural e dificilmente Demi o superaria. – Espero que você goste. – Eram quatro bottons. Havia o desenho com o Batman, o símbolo da mulher maravilha, um com o rosto do Michael Jackson e o último era com o desenho do top of the rock, claramente simbolizando o lugar que as duas mais gostavam em toda Nova York.

   - Obrigada, Sel. – Demi sorriu de orelha a orelha, abraçou Selena de lado e a beijou no pescoço logo repousando a cabeça no ombro da amiga. – Me deu muita vontade de cochilar com você. – Resmungou Demi se curvando para que pudessem se deitar a cama, mas o murmurou de Hannah a fez rir.

   - Selly, o que você acha dessa maquiagem? – Ao ouvir a voz de Bella, Demi fez careta no mesmo instante porque sentiu o ciúme apertar no peito, o que não passou despercebido por ninguém.

   - Já estou indo. – Selena riu de como Demi estava com cara de poucos amigos, abraçou-a e quando a olhou, sorriu porque achava muito fofo quando a amiga ficava emburrada. – Nós já conversamos sobre isso. – Disse Sel enlaçando os dedos aos de Demi.

   - Eu não vou roubar a sua melhor amiga, Demi. – O sorriso de Bella mostrava que ela compreendia a situação. Demi olhou para cada uma das irmãs que também a olhava e assentiu mesmo relutante e extremamente envergonhada.

   - Não me entendam mal. – Murmurou Demi ainda sem jeito. – Eu não consigo evitar. – Ela realmente esperava que as meninas compreendessem a situação.

   - Eu acho que você nos deve uma história, Dem. – Demi franziu o cenho quando Hannah a abraçou por trás descansando a cabeça no ombro e depois a puxou para se deitar a cama.

   - Devo? – Perguntou de cenho franzido fitando o teto do quarto e Hannah assentiu com um “Aham”.

   - Você não contou muitas coisas sobre a sua infância. – Então aquele era o ponto. Demi se ergueu para olhar para Hannah, então depois olhou para Selena como se perguntasse o que ela deveria dizer.

   - Não tenho muito que contar. – Disse olhando brevemente para Anna. Pelo que Inácio tinha dito, ela era a única que sabia a verdade sobre Dianna. – Eu fui criada pela minha mãe e minha avó num apartamento pequeno aqui mesmo em Nova York. – Não era mentira. Demi umedeceu os lábios e se acomodou mais a cama. – Eu não sabia quem era o meu pai e eu não sei o porquê que a minha mãe nunca me contou a verdade... Passei boa parte da minha infância sozinha, não tenho parentes por parte de mãe então eu não tinha primos para brincar. Conheci a Sel no ensino fundamental e nós ficamos amigas, vivemos boas aventuras, crescemos juntas e na faculdade compartilhamos o mesmo apartamento. Minha avó faleceu poucos meses depois que sai de casa e.. Foi difícil, minha mãe ficou muito abalada e nos distanciamos. Aaah.. Foram corridos e puxados os meus quatro anos de faculdade, eu estudava e trabalhava numa lanchonete para me manter. Nessa época eu tinha terminado com o meu primeiro namorado e pouco tempo depois comecei a namorar um rapaz da faculdade. Assim que formei fui contratada pela Gyllenhaal, eles pagavam muito bem e juntando o meu salário com as minhas economias consegui comprar o meu apartamento. Acho que é só isso. Fiquei um tempo solteira, acho que apenas um ano desde que tinha começado a namorar com dezesseis, aproveitei para sair com alguns rapazes e me divertir, até que conheci o Joe. – Ninguém precisava saber que Dianna e Amélia eram prostitutas e que tentaram fazê-la seguir o mesmo caminho. Aquele lado obscuro não viria à tona.

   - Deveria ser chato não ter ninguém para brincar. – Comentou Amber prestando atenção em cada palavra da irmã.

   - Era muito chato. – Resmungou Demi se lembrando de que nem mesmo assistir a televisão era possível, e quando o fazia, o volume tinha que ficar no mínimo para não incomodar a mãe e o “amante” da vez. – Mas eu me divertia sozinha. Eu tinha lápis de cor e giz de cera para desenhar. Alguns livrinhos para ler. Tive muitas bonecas, mas eu não gostava muito delas. – Demi sorriu se lembrando de como o quarto era cor de rosa na maioria dos detalhes sempre combinando com o branco e o dourado. As bonecas ficavam acomodadas em nichos feitos exclusivamente para elas. Eram barbies e bonecas intituladas meu bebê com bochechas rosadas, olhos azuis e sem nenhum fio de cabelo artificial na cabeça.

   - Nós ainda brincamos de boneca. – Disse Selena concentrada no delineado de Megan. – Mas não foi por muito tempo, quando a mocinha entrou na puberdade, os meninos não davam trégua. – Sel riu de como Demi ficou corada com as risadas das irmãs, mas ainda sim assentiu e apontou para Selena pronta para entrega-la.

   - Ela vivia se fazendo de santa e aprontava dez vezes mais do que eu! – Disse Demi e Selena arqueou uma sobrancelha e riu.

   - Para vocês terem ideia, ela usava uma saia jeans micro quando queria caçar machos. – Selena ignorou os protestos de Demi só porque queria pirraça-la, o que deu muito certo porque as bochechas da moça estavam coradas. – Demetria, você sabe que eu não estou mentindo. – A gargalhada veio logo em seguida e Selena deixou o delineado de lado só para caminhar até Demi e abraça-la porque ela estava claramente constrangida.

   - Você é a pior melhor amiga que existe. – Resmungou Demi tentando se desvincular do abraço de Selena.

O clima de risadas até que continuaria, estava divertido, mas quando Anna se levantou as pressas para correr para o banheiro em mais um enjoo, todas ficaram preocupadas e deixaram tudo que estavam fazendo para acolher a irmã, o que não deu muito certo porque o banheiro não era grande o suficiente para abrigar sete pessoas ao mesmo tempo.

   - Eu estou bem. – Anna precisou lavar o rosto e respirar fundo se acomodando no vaso sanitário depois que fechara a tampa. – Só estou um pouco enjoada e tonta. – Disse quando Bella se aproximou para ajuda-la. – Eu quero dormir e só acordar quando esse bebê nascer, Bell. – Resmungou chorosa porque aquele enjoo alternado com a vontade de devorar o mundo, fazer sexo e dormir era horrível! E quando a tontura vinha? Anna nem mesmo conseguia pensar direito, só queria deitar e dormir.

   - Você está grávida? – Selena perguntou um tanto surpresa e Anna assentiu de olhos fechados recostando a cabeça no ombro da irmã. Tinha acontecido tudo tão rápido. Sel ainda podia se lembrar de Demi planejando o encontro de Anna com Rick, e agora a moça estava grávida.

   - Descobri de ontem para hoje e não estou me aguentando. – Anna arriscou esboçar um sorriso para Selena, mas o cheiro de frutas do cabelo de Bella a conduziu a vomitar o resto do café da manhã que já tinha sido engolido por insistência do pai.

   - É melhor ela descansar. – Disse Selena assumindo o lugar de Bella.

   - Lave o rosto e respira fundo. – Demi se prontificou a ajudar, assim como Hannah e as outras decidiram tirar as coisas que estavam sobre a cama de Anna para que ela pudesse deitar.

   - Eu estou entrando. – A voz de Inácio foi motivo para espanto, e ninguém soube disfarçar ao certo o nervosismo misturado a tensão. – Tem alguma coisa de errado? – Perguntou preocupado e se sentindo envergonhado por ter tantos olhares sobre ele.

   - Problemas femininos. – Selena foi a única no quarto com coragem o suficiente para dirigir a palavra a Inácio num momento crucial e tenso como aquele.

   - Querem que eu vá à farmácia? – Com o passar dos anos as bochechas de Inácio não ficavam vermelhas. Não era todo pai que se dispunha a comprar remédios para cólica e absorventes, por mais que às vezes as meninas ficavam envergonhadas de pedir, no fundo ficavam agradecidas pelo pai estar disposto a ajudar independente da situação.

   - Está tudo bem, eu só vou descansar um pouquinho. – Anna estava tão cansada que nem mesmo a tensão das irmãs conseguiu envolvê-la. Acomodou-se a cama sentindo o corpo pesado e ansioso para repousar, e assim fez pelas próximas horas.


Continua... Eu resolvi dividir esse capítulo porque não gosto de ficar muito tempo sem postar para vocês, também sou leitora e fico mal quando as minhas autoras somem. Bem, oi! Tudo bem com vocês? Espero que realmente me perdoem a demora, eu comecei a escrever esse capítulo super animada até essa parte da Anna fazendo o exame de sangue, mas depois eu desanimei tanto que não sabia mais o que escrever. Isso acontece nesse processo de criação, então resolvi postar para vocês e se puderem e quiserem, podem dar sugestões ou comentar sobre as expectativas para o resto da história. Boa noite meninas, muitíssimo obrigada pelos comentários, um abraço bem apertado e até a outra parte desse capítulo, que eu espero não demorar muito a postar. Qualquer coisa é só mandar um tweet ou uma dm no meu twitter: @mylittlediley

6 comentários:

  1. Tô tensa em relação ao Inácio.. Fico imaginando a reação dele quando souber kkkkkkk
    Perfeito como sempre! Adorei

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  2. Se a Demi tiver grávida tbm o Inácio vai infartar, duas filhas grávidas e dois genros mortos kkkk
    Obrigada por postar, eu tava extremamente ansiosa

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  3. Amanda tu é um ícone de escritora e eu amo cada palavrinha que você põe nas suas histórias

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  4. Eu amo de paixão essa história. Até agora ta ocorrendo tudo do jeito que eu esperava eu queria que quando Jemi se encontrasse o Joe contasse sobre o Inácio, mas n sei se ela vai fazer isso, espero que sim. Eu acho que o Inácio precisa ir pra terapia ele fica muito descontrolado quando se trata das filhas, as meninas tirando as menores estão virando mulheres é difícil pra mim de entender o lado dele, mas sei que ele não faz por mal. Beijo, até o próximo capítulo

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    1. Eu tb concordo q o joe tem q contar.
      E as meninas n tao virando mulher, SAO mulheres formadas ja, principalmente a Demi, a minina ja teve uma renca de namorado, tem a casa propia, era absolutamente independente ates de saber do pai, e inacio fica cm essas fuleragem né 😧

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  5. Eu acho q vai ter treta, ele vai querer afastar o Rick,mais aí a demi vai entrar em açao e defender a ana, principlmente pq essa história aconteceu cm ele e Diana e ele n vai querer cometer o mesmo erro q os pais dele cometeu.
    Sinto muito pelo seu "bloqueio de escritor", mas assistir series e filmes ajuda a ter idéias

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