Positivo. A palavra
saiu baixa por entre os lábios pálidos de Anna. Ouvir aquela palavrinha
reforçou a certeza daquele fato, que antes estava implícito nas feições
assustadas da moça ao sair do banheiro um tempo considerável que tinha ficado
plantada lá dentro com o coração disparado na garganta. Havia uma sementinha
enraizada no útero que carregava parte da gêmea e do médico. Um bebezinho que
ainda era muito pequeno e que, provavelmente, em nove meses viria ao mundo.
Não parecia real,
Demi olhou para o relógio sobre o criado mudo e pensou que era um sonho
estranho. Quatro e meia da manhã. Aquele horário costumava pregar peças nas
pessoas com os mais inusitados sonhos, pesadelos, sons e imaginações. Estava
tudo muito estranho, muito silencioso e o tempo parecia congelado.
Características de um sonho. Hum. Será? Curiosa, Demi olhou as irmãs.
Hannah tinha os
olhos atentos se mostrando uma garota séria e centrada, muito diferente da menina
que sempre estava agitando a casa e aprontando com o pai. Isabella só não
estava mais cansada que Anna, porém ninguém ganhava dela no quesito
preocupação. Os passos de Anna guiaram-na para os braços da irmã gêmea, que a
abraçou e a beijou carinhosamente na testa como uma mãe.
- Eu estou com sono, mas não sei se consigo
dormir. – Manifestou-se Anna num ronrono e de olhos fechados. Tinha demorado
tempo demais para que alguém falasse exatos vinte e um minutos depois,
constatou Demi ao olhar para o relógio. Pelo jeito, Bella e Hannah pensavam o
mesmo que ela. A palavra primeiro tinha que vir de Anna, para que elas
continuassem a conversa, caso tivessem coragem.
- O que você vai fazer? – Hannah não se
importou com o olhar de Bella, que numa suplica repreendia a menina. Dava até
para ouvir a irmã mais velha e sensata dizer “Hann, agora não é hora para brincadeiras. O assunto é sério!”.
- Não tem muito que fazer. – Resmungou Anna
de cenho franzido sem entender perfeitamente a pergunta da irmã. – Vou para o
laboratório do hospital amanhã cedo e eu mesma vou fazer um exame de sangue.
Talvez mais de um. – Disse se espreguiçando. Havia uma pequena porcentagem de
aquele teste estar equivocado, mas Anna duvidava que fosse o caso, uma vez que
os sintomas estavam escancarados zombando da cara dela. – E se de fato for
positivo. – O frio a tomou de uma forma sufocante e o coração bateu mais
rápido, os olhos marejaram e Anna respirou fundo. – Eu vou ter um bebê. – Disse baixinho. Não havia problemas, havia?
Se Rick não quisesse assumir, ela ficaria com o bebê. Se Inácio a expulsasse de
casa, ela ficaria com o bebê. Se o conselho de medicina descobrisse futuramente
que ela se envolveu romanticamente com o orientador de graduação e perdesse os
direitos de exercer a profissão que tanto amava, ela ficaria com o bebê. Não
tinha nada que tiraria aquela vida dos braços da garota. Viveria um dia de cada
vez. Enfrentaria uma batalha de cada vez, como deveria ser e não abaixaria a
cabeça para os comentários maldosos e nem para as rasteiras da vida. Ela era
uma mulher, e mulheres eram incríveis e fortes.
- Nós vamos estar sempre com você. – O clima
poderia estar pesado e tenso, mas Demi caminhou até Anna e a abraçou de lado.
Segundos depois Hannah se juntou ao abraço e Bella não conseguiu sustentar as
três, elas caíram na cama e discretamente sorriram quando ouviram o murmuro de
Anna nas palavras: eu amo vocês.
***
Uma hora de
relógio. Será que chegou à uma hora exata? O despertador biológico de Anna não
falhava, sempre a acordava seis da manhã em ponto, vez ou outra adiantava dez
minutos ou atrasava cinco, nada mais que isso. Os olhos estavam pesados e o
corpo não queria sair da cama. Estava quente e muito confortável, apesar de
quatro pessoas estarem dormindo ali.
Naquela manhã não
tinha obrigações com o hospital, Anna tinha combinado com o supervisor que
entraria em plantão um dia depois da apresentação do TCC, que seria no dia
seguinte. Ficaria dois ou três dias no hospital, então voltaria para casa para
comemorar o natal ao lado da família, no dia vinte e seis retomaria as
atividades e estava planejando um plantão de virada de ano. Naquele período de
festas aconteciam muitos acidentes e se estar no hospital trabalhando
significava salvar e zelar por vidas, Anna ficaria muito satisfeita de iniciar
o ano fazendo o certo.
Bem, agora com a gravidez, seria um pouco mais difícil
colocar o planejamento em prática. Mas se tinha uma coisa que era certa: testes
de gravidez de farmácias não eram confiáveis. Poderia estar vencido, ter sido
exposto a temperaturas que comprometeriam o processo químico, ser de uma marca
fajuta. Um Beta HCG resolveria, era preciso em questão de afirmação e até dava
para saber o período através de um exame quantitativo.
Quem diria que
escovar os dentes agora era uma tarefa que estava comprometida? Anna quase
chorou quando o gosto do creme dental de hortelã a fez induzir o vômito. Era
mais um sinal.. O banho só foi possível com o sabonete líquido neutro, Anna se
empacotou num jeans apertadinho claro, camisa branca de botões, suéter de lã
cinza e um enorme e quente trench coat grafite.
A chave da SUV
branca de Bella sempre estava disponível sobre o criado-mudo. O carro da irmã
era um presente exclusivo de aniversário de vinte e um anos dado pelo pai, e
Anna preferiu que Inácio a ajudasse com a faculdade a um carro zero e caro.
Bella sempre compartilhava o automóvel, as roupas e tudo que tinha para
oferecer. Ao olhar para irmã dormindo serenamente, Anna sorriu e quis abraça-la
forte. Demi e Hannah também estavam lá para confortá-la. As garotas pirariam
quando não a encontrasse dormindo, mas se esperasse um minuto há mais, Anna
surtaria!
Ounch! Os muffins de
Bella estavam de dar água na boca. Mas não dava para comer porque o medo de
vomitar o alimento era maior. Os olhos de Anna marejaram quando ela se lembrou
do bolinho de chocolate, o queixo tocou o couro do volante e um tempo depois o
carro moveu-se na troca do sinal vermelho para o amarelo para depois o verde. Não demorou a chegar ao
hospital, o prédio branco era enorme e mesmo naquele horário, o estacionamento
estava relativamente cheio.
Os óculos escuros
ajudariam a disfarçar as olheiras e o coque alto preso por grampos era para que
os fios de cabelo não a atrapalhassem na hora do procedimento. Cordialmente
Anna cumprimentou o porteiro, e a animação foi surpresa até mesmo para a moça. De
certa forma o hospital era uma lembrança boa. Naquele edifício, Anna tinha
passado boa parte dos últimos dez anos. Uma parte daquele tempo se dividia
entre as idas atrás da mãe, que quase sempre a despachava porque tinha que
trabalhar, e a outra parte era a prática do curso. Então a menina conhecia a
todos, desde o funcionário mais simples ao presidente da companhia.
Conseguir a chave
do laboratório não foi difícil, e enquanto abria a sala, Anna se lembrou de uma
ou várias regras que poderia estar quebrando. Mas não tinha como esperar. Ter
amizades no ambiente de trabalho só somava. A ideia era coletar o próprio
sangue, mas não deu muito certo. Anna pediu a ajuda de um colega sem dar muitos
detalhes do que se tratava o procedimento, só deixou escapar que queria
verificar como estava os níveis de glóbulos vermelhos e brancos, um hemograma
com a desculpa da suspeita de anemia.
Foi tão
desconfortável e Anna não sabia o que dizer ao rapaz que pareceu surpreso e
preocupado, mas a desculpa do temido último semestre de graduação colou muito
bem e o rapaz, graduando em enfermagem, assentiu um pouco assustado porque
ainda estava no início do curso e as reclamações dos veteranos sempre
assustavam demasiadamente os calouros.
Sozinha no
laboratório, o procedimento mais interessante começou com destreza. Anna
prendeu o cabelo e o envolveu numa touca, ajustou os óculos ao rosto, colocou
as luvas e se acomodou a bancada. O cheiro de álcool no ambiente quase a
desconcentrou, mas a moça era focada demais para se deixar vencer. A coleta
tinha sido a vácuo e o sangue repousava no tubo bioquímico de gel separador. A centrifugação
do sangue não demorou nem dois minutos, o processo era tão rápido e então lá
estava separada a parte sólida da fluida. A parte líquida continha plasma, que
viria a ser o soro – plasma sem fibrinogênio, e nele estavam os hormônios.
O coração de Anna
bateu rápido porque a etapa seguinte definiria se ela abrigava ou não uma vida
no útero. Para isso, na fita reagente do kit do beta HCG havia duas regiões
chamadas: teste e controle. Quando a fitinha entrasse em contato com o soro,
deveria surgir uma faixinha horizontal colorida em cada uma das duas regiões,
para o resultado positivo. Caso aparecesse uma faixinha só na região de
controle, o resultado era negativo, e se por sua vez aparecesse somente na de
teste, o procedimento não tinha sido feito corretamente.
Os olhos da moça
pareciam olhos de corujas, atentos e espertos a mudança. A fita reagente estava
na posição vertical, foi colocada no tubo que continha à amostra de soro no
sentido em que as setas da fita ficavam na vertical e para baixo. Quinze
segundos depois a moça retirou a fita colocando-a sobre a bandeja de alumínio.
As faixinhas começaram a surgir nas duas regiões dentro de quarenta segundos, e
o estomago de Anna pareceu revirar de ansiedade. Esperou por mais cinco minutos
tão ansiosa que podia sentir a tensão correr pelos nervosos e se irradiar nas
pontas dos dedos.
Estavam lá: uma
faixa na região de teste e outra na de controle. O corpo estava produzindo o
hormônio gonadotrofina coriônica humana, o HCG, hormônio produzido exclusivamente
por mulheres grávidas. Quando as lágrimas molharam o rosto, Anna tirou os
óculos, desjeitosamente se livrou as luvas e cobriu a face com as mãos. Era
impossível o resultado estar equivocado, todos os passos foram cautelosamente
feitos. E como se Deus enviasse mais uma prova que ela realmente esperava um
bebê, Anna se sentiu enjoada ao sentir o cheiro do laboratório, aquela mistura
de álcool com ferro. Droga.
Qual seria o
próximo passo? Ainda eram sete horas da manhã, sete em ponto e faltavam
dezessete horas para o dia acabar. Pior, faltavam cerca de seis mil quinhentas
e setenta horas para a gravidez acabar! Enjoos, complicações familiares,
pessoas chatas, sentimentos a flor da pele, e.. um.. o parto! Aquilo era dolorido, sofrido e com tanta tecnologia no
mundo, as mulheres não deveriam sofrer tanto para dar a luz. Bem, Anna era a
favor da tecnologia e de técnicas inteligentes, mas sabia que se levantasse uma
discussão daquela em sala de aula a briga iria rolar solta por conta da maioria
dos conservadores.
“Sabe com quem eu sonhei? Sim, com você. Estou ma-lu-co
para te ver. Bom dia, linda.” – Rick.
Ah! Rick era todo
charmoso. Começava com o sorriso genuíno e brincalhão, os olhos marrons sempre
mostrando como o rapaz podia ser de um amoroso pediatra a um homem quente em
questão de segundos. O cabelo castanho tinha a famosa franja de todo o hospital
que sempre estava despojada e penteada pelos dedos do médico a cada cinco
segundos. E aquelas covinhas na bochecha barbada.. Humm... Quando Rick sorria,
Anna derretia. Era automático. Mas será que o rapaz continuaria sorrindo e a
seduzindo depois que soubesse que seria papai?
Eles estavam juntos não tinham quatro semanas. Pensando no tempo de
gravidez, Anna usou o pretexto de continuar com o exame como se ele não fosse
dela. E por um tempo ficou tão distraída fazendo analises ali e aqui, logo veio
à parte manual das contas matemáticas para levantar a quantidade de hormônio
presente no soro. Duas semanas e meia, algo beirando aquela quantidade de dias.
E batia certinho com o período de início das noites calorosas que tinha passado
com o pediatra.
Lá estavam os dois
exames: o beta HCG quantitativo indicando o período da gravidez e o
qualitativo, que apenas confirmava que estava grávida. Não havia mais nada a
ser feito naquele laboratório. Anna inspirou fortemente e depois expirou na
tentativa de conter o choro. Seria tão bom ter o abraço reconfortante da mãe, e
depois era certeza que Caroline tentaria animá-la com aquela nova etapa da
vida.
Estava triste, não
por conta da gravidez, só era o medo que a incomodava, mas ao pensar na mãe, o
coração bateu forte no peito e Anna limpou e organizou rapidamente o
laboratório para depois sair dali. Talvez um plantão a ajudaria a esquecer, até
porque não dava para pensar em nada pessoal quando o sangue estava quente nas
veias, resultado da correria na emergência. Ou seria melhor insistir para
substituir um paramédico? Suspirando, Anna arrumou a bolsa no ombro e entregou
a chave do laboratório na recepção. Iria embora dormir porque ainda era o
aniversário de Megan e a irmã precisava de atenção.
- Srta. Lovato? Pensei que estivesse de
folga. – Ouvir a voz grossa se formando daquele jeitinho animado com uma pitada
de sedução que só Anna sabia identificar a deixou de bochechas coradas, porque
alguma coisa a dizia que as meninas da recepção queriam Rick nu e também
suspeitavam da paixonite que ela nutria pelo médico.
- Estou de saída. Acabei esquecendo minha
pasta no consultório. – Seria a mentira perfeita, claro, se ela estivesse com a
pasta em mãos. E pelo sorriso de Rick e a forma que ele arqueou uma
sobrancelha, era óbvio que não tinha colado.
- Oh, eu entendo. Tensão pré-TCC é assim
mesmo. Esquecemos até o nosso nome. – Nem tudo era culpa do trabalho de
conclusão de curso, mas como todos deduziam que era, Anna assentiu forçando um
breve sorriso para o pessoal da recepção. – Eu acompanho a senhorita. – Era por
conta daquele sorriso e simpatia que Rick era um dos pediatras mais
requisitados do hospital. Ele já era divertido com adultos, então com crianças
era de deixar as mulheres de coração aquecido e calcinhas molhadas. – Por que
você não me disse que estava no hospital? – Perguntou discretamente tendo que
caminhar a certa distância da estagiária e orientanda.
- Esqueci o celular em casa. – Por que estava
mentindo, Anna não sabia. O medo começava a sufoca-la a cada passo e o medo de
perder o namorado a deixava aflita. – Hoje é o aniversário de Megan, nós
dormimos tarde assistindo séries. Minha pasta tem um arquivo importante que estou
precisando com urgência para... para... – Começou a dizer procurando pela chave
do consultório na bolsa. A droga! O coque tinha despencado em mechas marrons e
Rick que estava logo atrás de Anna, murmurou um “Aham” sem conseguir esconder a
luxuria estampada nos olhos por ter flagrado o cabelo marrom despencar em
lindas mechas longas que batiam quase a um palmo acima do traseiro ajeitadinho
da moça nos jeans claros. – Para conferir minha apresentação. – Era sempre
daquele jeito. Uma vez que a porta do consultório estava fechada, Rick a
imprensava contra a madeira e investia num beijo apaixonado guiando as mãos vez
para o traseiro ou um seio da moça.
- Minha cama fica tão fria quando não
passamos a noite juntos, Anne. – A
trilha de beijos no pescoço a desconcentrou. Anna suspirou excitada e logo
procurava os lábios do rapaz para beija-los. – Você está linda. – Elogiou mais
focado em beija-la no lóbulo da orelha e então Anna deixou que as lágrimas
rolassem quando não conseguiu mais segurar a emoção.
- Rick. – Chamou-o pelo apelido tentando não
soar tão chorosa, mas o medo de ficar sozinha em todos os sentidos a deixou
desesperada. Anna sustentou o olhar do rapaz, umedeceu os lábios e com muita
coragem guiou a mão dele para o ventre. – Eu tenho certeza. – O rapaz tinha a
olhado nos olhos e quando percebeu as lágrimas, começou a entrar em desespero,
mas a mão de Anna sobre a dele no ventre e o olhar desesperado cessaram todas
as perguntas.
- Anne. – Rick desfez do abraço porque
estava abalado o suficiente para ficar em pé. Recostou-se a porta ao lado da
namorada e ficou de olhos fechados por pelo menos cinco minutos, e demorou mais
cinco para puxar Anna para um abraço porque sabia que ela era quase uma menina
e estava assustada. – Vamos fazer o beta?
– Perguntou a puxando para se acomodar no pequeno sofá porque ele estava
zonzo e prestes para cair a qualquer segundo.
- Não vim buscar a minha pasta. – Disse Anna
deitando a cabeça no recosto macio do sofá e olhando para o teto da sala. – Já
fiz o exame. Duas faixinhas. O teste de gravidez da farmácia também. Vomitei
tudo que comi ontem. – Resmungou chorosa e o rapaz a olhou preocupado. – Eu
estou com medo de ser prejudicada. Se a banca descobrir, eu estou encrencada,
não estou? – Perguntou o olhando e a imagem que se formava do rapaz estava um
pouco embaçada por conta das lágrimas.
- Todos da faculdade e do hospital sabem da
sua capacidade. – Ele disse gentilmente colocando uma mecha do cabelo castanho
atrás das orelhas rosadas. – Você tem domínio sobre o seu tema e fará uma
defesa invejável. Se tivermos algum problema, temos como provar que todo o
material é seu e que começamos a nos envolver só agora. – As conversas online
registravam todos os acontecimentos. Existiam emails e uma cronologia de
arquivos e dados que poderiam provar a integridade do material de Anna.
- Meu pai vai me matar. – Resmungou tempos
depois e daquela vez não teve como argumentar. Rick só assentiu porque sabia
que Inácio iria virar outro homem.
- Corrigindo: ele vai nos matar. Você não
está sozinha. Nós fizemos juntos o nosso
bebê. – Tinha para onde correr? Não. Rick não era um covarde. Um pouco
mulherengo antes de começar a sair com Anna, e tinha certeza absoluta dos
sentimentos que nutria por ela. A menina era nova e estava grávida. O que mais
ele poderia fazer além de cuidar e amar a pequena família? – Nosso bebê. – O
calor do beijo de Anna o fez sorrir interrompendo brevemente o ato, a mão
gentilmente acariciou o ventre e timidamente o rapaz o beijou causando
surpresa, mas também um sorriso de orelha a orelha em meio às tantas lágrimas
de Anna.
***
-
Nada de notebook na mesa na hora do
café da manhã, bebê. – Demorou alguns segundos para que Demi desviasse o olhar
do photoshop para olhar Inácio a
olhando com um pequeno sorriso nos lábios. Era regra da casa: na hora do café
da manhã, todos ficavam longe do celular ou qualquer aparelho que
possibilitaria distração porque a refeição mais importante do dia deveria ser
feita com a família. Dianna não tinha a ensinado aquela regra, aliás, elas nem
tomavam café da manhã juntas... E como morava sozinha, não existiam regras.
- Você pode me ensinar a mexer no photoshop? – Megan estava animada. Tinha
acordado a todos as sete e meia da manhã e desde então, a menina parecia que
estava ligada na tomada com potência total.
- Posso. – Não seria uma tarefa difícil.
Demi sorriu para a irmã e fez como o pai disse: fechou a tampa do notebook e o colocou sobre o balcão da
cozinha. Só era uma pena que os últimos detalhes do projeto da Gyllenhaal seriam feitos mais tarde, e
Demi esperava que as ideias para o convite de casamento de Selena continuassem
a todo vapor.
- Você vai ensinar Megan a mexer no photoshop para fazer montagens com a
nossa cara? – Resmungou Hannah. – Pensei que você era uma boa garota, Demi. –
Implicar com Megan não estava funcionando para melhorar o humor entre as três.
Demi estava impassível, Isabella uma pilha de nervos, e Hannah sentia as
bochechas coradas durante todo o tempo pensando na palavrinha: gravidez. Ela e
Augusto teriam o número de relações reduzido pela metade! Se Anna que já tinha
toda a vida encaminhada estava assustada, imagina se ela, com apenas dezessete
anos e ensino médio completo ficasse grávida? Ah, não seria nada interessante.
- Vai ser divertido. – Ronronou Megan se
levantando para ajudar o pai a colocar as comidas na mesa. – Você finalmente
vai conhecer a torre Eiffel, Hann. Só que no corpo de uma vaca. – O intuito era
que Hannah revirasse os olhos, mas quando a menina não o fez, Megan franziu o
cenho e olhou para as três irmãs mais velhas com muita atenção. – O que vocês
aprontaram de tão ruim? – Perguntou curiosa e quando não teve resposta, a
menina arqueou as sobrancelhas e murmurou: alguém
está muito encrencado.
- Pensei que Anna estivesse de folga. –
Disse Inácio se acomodando à mesa ao lado de Demi. – Isabella. – Chamou-a
porque Bella tinha cruzado os braços sobre a mesa e repousado a cabeça sobre
eles. – O que foi, meu anjo? – Perguntou preocupado porque Bella só ficava
quieta quando estava doente.
- Eu só estou com sono. – Soou manhoso.
Talvez Bella estivesse realmente com sono, mas Hannah e Demi sabiam que a
preocupação também estava inclusa. Quando levantaram e não encontraram Anna,
Isabella tentou contatar a irmã de todas as formas, e não obteve resultado, o
que a deixava desanimada.
- Ela está de folga. Onde está Anne? –
Perguntou Megan porque sabia todos os passos da irmã. Dois dias atrás Anna
tinha dito que teria folga exatamente no dia do aniversário da menina, que não
esqueceu por nada a fala da irmã.
- Ela precisou ir ao hospital, disse que
talvez volta para o almoço. – O olhar de Demi a Bella dizia: Anne está bem, daqui a pouco ela está de
volta e nós precisamos mostrar força e determinação nessa nova jornada.
- Ou para o café da manhã. – Se soubesse que
receberia tantos olhares, Anna teria subido direto para o quarto. – Bom dia. –
Disse altamente corada se sentando ao lado de Bella e Amber.
- Você está bem? – Isabella perguntou com
pesar e tentou ser o mais discreta possível, mas não deu muito certo porque
todos estavam em silêncio.
- Eu estou bem. – O abraço que as duas
trocaram foi motivo para mais silêncio, e como eram cúmplices, enlaçaram os
braços e ficaram o mais perto possível.
- Então.. – Megan começou a dizer atraindo a
atenção do pai e das irmãs. – Eu estava pensando em furar a orelha. A
cartilagem da orelha para ser mais exata. – Para pedir algo, o tom de voz
sempre tinha que ser manso e carregado de respeito. Megan sustentou o olhar do
pai e jurou que ouviria um sonoro não. Inácio encarou a caneca com café,
franziu o cenho e quando assentiu, a menina sorriu de orelha a orelha. – E a
minha habilitação para pilotar? – Aproveitou a deixa. Quem sabia o pai cederia
a mais uma coisa.
- Não. – Não foi um não autoritário, mas garantiu a careta de Megan, o que resultou em
muitas risadas, até mesmo do próprio Inácio. – Mas estou disposto a ensinar a
dirigir o meu carro. – Megan assentiu. Era melhor que nada. Até porque estava
completando quinze anos e aprender a dirigir e pilotar eram conquistas
importantes.
- Eu e a Demi. – Disse Megan olhando para a
irmã ao se lembrar de uma das conversas delas. – Amber pode ir com a gente como
você e a mamãe fazia comigo. – A
última coisa que Inácio precisava era quem Megan ficasse triste. A animação da
menina foi embora no mesmo instante que falou da mãe, e as outras meninas
ficaram desanimadas na mesma proporção da irmã. O que estava acontecendo com
aquele dia?
Café da manhã
silencioso. Era estranho silêncio naquela casa, mas não foi tão ruim. Demi
aproveitou os muffins o máximo que pode e tinha feito uma nota mental que os
elogiariam para Bella assim que as
coisas estivessem melhores. O cereal com iogurte e biscoitos também foram uma
boa combinação, mas nada perdeu para a fatia monstruosa do bolo de aniversário
de Megan. Estava geladinho! Como estava delicioso! O gosto do chantilly era sem
igual junto às bolinhas crocantes de chocolate! Comer era muito bom.
Trabalho em equipe
se resumia para todas as atividades na casa. Inácio saiu para trabalhar logo
depois do café da manhã e deixou a responsabilidade da casa na mão das três
mais velhas: Demi, Anna e Isabella. Claro que ele também tinha deixado que
qualquer coisa que precisassem era só ligar. Infelizmente o pai não resolveria
a bagunça da casa. Não mesmo. E como eram seis, Alicia não contava como membro
que contribuía em prol da organização da casa, bem pelo contrário,
dividiram-se: Megan e Hannah organizando a cozinha, Demi e Anna organizando a
bagunça horripilante da sala e Bella e Amber para arrumar os quartos e ficar de
olhos em Alicia.
- Como ele reagiu? – Perguntou Demi baixinho
colocando uma coberta no sofá para que pudesse erguer o colchão e leva-lo para
o quarto.
- Melhor do que eu esperava. – Disse Anna
dobrando a coberta felpuda e pesada. – Pelo menos eu não estou sozinha. – Completou
olhando a irmã nos olhos. Rick estava surpreso, não desesperado como ela, e
pela reação do rapaz, nada mudaria bruscamente entre eles. Anna esperava que
não, mas toda vez que o celular vibrava, o medo de receber uma mensagem do tipo
“Eu estou a caminho do Japão, sinto muito
por não poder ficar. Darei toda assistência financeira que você precisar.”. Ela
confiava em Rick e sabia que ele não a deixaria, mas o medo existia e era
difícil de contorná-lo.
- Você não está. Eu estou com você. As
garotas também e o papai estará. –
Demi sustentou o olhar de Anna até que a irmã sorriu e arqueou uma sobrancelha.
- Espero que sim. Não será fácil, mas se eu
não tiver o apoio dele, não sei como as coisas serão. – Anna tinha ciência da mudança
que aconteceria daquele dia em diante. Nem tudo daria certo, e muito menos
seria fácil, mas também não significava que todas as lutas seriam com monstros
de sete cabeças. E ter o apoio do pai faria toda a diferença independente da
situação.
- Ele vai cuidar de você como sempre cuidou.
– Disse Demi puxando o outro colchão porque não queria que a irmã fizesse
esforço físico. – Brabo ele vai ficar, é inevitável, mas depois tenho certeza
que ele vai te mimar e ficar tão ansioso quanto você e o Rick para a chegada do
bebê. – Inácio tinha aquela casca grossa protetora quando o assunto era as
filhas, mas o coração do homem era gigante! Ele era um pai excepcional e também
seria um ótimo vovô.
- Espero que sim. – Anna sorriu timidamente
pensando no bebê. A cada minuto que se passava o pensamento de ter uma vida abrigada
no útero era mais familiar e trazia uma boa sensação, apesar do medo. – Você e
o Joe? – Demi assentiu rindo. Estava ficando difícil esconder aquele chupão,
mas ela também pensava que ficaria com o pescoço ainda mais marcado quando
encontrasse o namorado a sós. A saudade começava a sufoca-la.
-
Estamos juntos de novo. Pensei muito e vou tentar. – Disse um pouco ofegante
encostando o colchão no sofá e franziu o cenho quando Anna a ajudou. – Vai ser
difícil ter a mesma confiança de antes, mas aos poucos nós vamos construir isso
novamente. – A desconfiança existiria, e seria a maior vilã no relacionamento,
mas não a impediria de continuar com Joe.
- Vocês vão.– Anna puxou uma coberta pesada
para dobra-la e depois que o fez, colocou-a na pilha de cobertas sobre o sofá e
respirou fundo cansada da atividade. – É o certo, Dem. Você se arrependeria se
não desse essa chance para ele. – Acomodando-se sobre as cobertas, Anna
descansou o corpo nas almofadas macias e fechou os olhos quando sentiu sono.
- Eu não vou me arrepender. – Disse Demi
sorrindo porque o jeito que Anna estava deitada pareceu confortável,
principalmente pelas feições satisfeitas da moça. – Eu acho que toda essa
preguiça é sintoma da gravidez. – Brincou jogando uma almofada em Anna, que
sorriu mesmo sem jeito
- Você está grávida? – Ah! Naquela casa não
tinha segredo que ficasse longe dos ouvidos da aniversariante do dia. Demi
coçou os cabelos da nuca e Anna cerrou os olhos ao olhar para Megan. Se ela
contasse, ela estaria frita!
***
- Você está com algum desejo peculiar? – O
quarto das gêmeas estava uma bagunça! Tudo fruto da festinha de aniversário de
Megan que aconteceria naquela final de tarde. As irmãs de Inácio ficaram
responsáveis pelo bolo e os salgados e docinhos, então tinham restado organizar
a casa e faltando três horas para as cinco da tarde, começaram a se arrumar.
- Vontade de puxar a sua orelha. – Resmungou
Anna da cama porque desde que Megan tinha descoberto da gravidez, a menina não
parava de fazer perguntas.
- Vocês não param de brigar. – Os cachos
feitos pelo babyliss ficaram perfeitos. Demi os tocou e sorriu. O cabelo de
Megan era longo, volumoso e tinha um caimento de dar inveja, e agora com os
cachos estava um mimo. – Meggy, o papai não pode saber. – Disse Demi e Megan
assentiu, mas deveria ser a décima vez que a menina ouvia a frase e continuava
insistindo no assunto.
- Estou entrando. – As duas batidas à porta
foram apenas um aviso que logo ela seria aberta, e um alívio porque era Selena.
Demi alargou o babyliss e envolveu a melhor amiga num abraço muito apertado. –
Você está me apertando. – Resmungou Selena, mas retribuía o abraço na mesma
intensidade.
- Eu sei. – Demi a beijou nas bochechas e também
deu um beijinho na barriga cumprimentando o bebê. – Você está linda. – O suéter
azul não pertencia a Selena, a peça era de Ed e ficava enorme no corpo esbelto
da moça, mas também era confortável, quente e carregava o cheiro do rapaz.
- Você também, Dem. – Demi sorriu de
bochechas coradas, mas logo a atenção de Selena estava toda sobre Megan, que
era envolta num abraço apertado e recebia felicitações sussurradas que deixaram
a todas curiosas.
- Você conhece a regra dos presentes. –
Disse Amber animada para saber o que tinha no pacote cor de rosa com ursinhos
brancos que Megan tinha ganhado de Selena.
Garotas reunidas em
prol da beleza sempre resultariam em boas risadas e momentos inesquecíveis. Eram
curiosas, cúmplices e maior parte do tempo se implicavam porque era uma forma
divertida de demonstrar como se amavam. O presente de Megan foi motivo de
suspense e ansiedade, e quando a menina finalmente o abriu, Selena riu porque recebeu
uma enxurrada de resmungos sobre as datas dos aniversários da maioria já ter
passado. Também! Quem não queria uma jaqueta jeans e uma coleção de broches e
bottons?
- Comprei esses para você. – Era certeza que
Demi ficaria enciumada. Sel tinha
percebido que a amiga tentava mostrar naturalidade ao compartilha-la com as
irmãs, mas não tinha jeito porque aquele ciúme era natural e dificilmente Demi
o superaria. – Espero que você goste. – Eram quatro bottons. Havia o desenho
com o Batman, o símbolo da mulher maravilha, um com o rosto do Michael Jackson
e o último era com o desenho do top of the
rock, claramente simbolizando o lugar que as duas mais gostavam em toda
Nova York.
- Obrigada, Sel. – Demi sorriu de orelha a
orelha, abraçou Selena de lado e a beijou no pescoço logo repousando a cabeça
no ombro da amiga. – Me deu muita vontade de cochilar com você. – Resmungou
Demi se curvando para que pudessem se deitar a cama, mas o murmurou de Hannah a
fez rir.
- Selly,
o que você acha dessa maquiagem? – Ao ouvir a voz de Bella, Demi fez careta
no mesmo instante porque sentiu o ciúme apertar no peito, o que não passou
despercebido por ninguém.
- Já estou indo. – Selena riu de como Demi
estava com cara de poucos amigos, abraçou-a e quando a olhou, sorriu porque
achava muito fofo quando a amiga ficava emburrada. – Nós já conversamos sobre
isso. – Disse Sel enlaçando os dedos aos de Demi.
- Eu não vou roubar a sua melhor amiga,
Demi. – O sorriso de Bella mostrava que ela compreendia a situação. Demi olhou
para cada uma das irmãs que também a olhava e assentiu mesmo relutante e extremamente
envergonhada.
- Não me entendam mal. – Murmurou Demi ainda
sem jeito. – Eu não consigo evitar. – Ela realmente esperava que as meninas
compreendessem a situação.
- Eu acho que você nos deve uma história,
Dem. – Demi franziu o cenho quando Hannah a abraçou por trás descansando a
cabeça no ombro e depois a puxou para se deitar a cama.
- Devo? – Perguntou de cenho franzido
fitando o teto do quarto e Hannah assentiu com um “Aham”.
- Você não contou muitas coisas sobre a sua
infância. – Então aquele era o ponto. Demi se ergueu para olhar para Hannah,
então depois olhou para Selena como se perguntasse o que ela deveria dizer.
- Não tenho muito que contar. – Disse
olhando brevemente para Anna. Pelo que Inácio tinha dito, ela era a única que
sabia a verdade sobre Dianna. – Eu fui criada pela minha mãe e minha avó num
apartamento pequeno aqui mesmo em Nova York. – Não era mentira. Demi umedeceu
os lábios e se acomodou mais a cama. – Eu não sabia quem era o meu pai e eu não
sei o porquê que a minha mãe nunca me contou a verdade... Passei boa parte da
minha infância sozinha, não tenho parentes por parte de mãe então eu não tinha
primos para brincar. Conheci a Sel no ensino fundamental e nós ficamos amigas,
vivemos boas aventuras, crescemos juntas e na faculdade compartilhamos o mesmo
apartamento. Minha avó faleceu poucos meses depois que sai de casa e.. Foi
difícil, minha mãe ficou muito abalada e nos distanciamos. Aaah.. Foram
corridos e puxados os meus quatro anos de faculdade, eu estudava e trabalhava
numa lanchonete para me manter. Nessa época eu tinha terminado com o meu
primeiro namorado e pouco tempo depois comecei a namorar um rapaz da faculdade.
Assim que formei fui contratada pela Gyllenhaal, eles pagavam muito bem e
juntando o meu salário com as minhas economias consegui comprar o meu
apartamento. Acho que é só isso. Fiquei um tempo solteira, acho que apenas um
ano desde que tinha começado a namorar com dezesseis, aproveitei para sair com
alguns rapazes e me divertir, até que conheci o Joe. – Ninguém precisava saber
que Dianna e Amélia eram prostitutas e que tentaram fazê-la seguir o mesmo
caminho. Aquele lado obscuro não viria à tona.
- Deveria ser chato não ter ninguém para
brincar. – Comentou Amber prestando atenção em cada palavra da irmã.
- Era muito chato. – Resmungou Demi se
lembrando de que nem mesmo assistir a televisão era possível, e quando o fazia,
o volume tinha que ficar no mínimo para não incomodar a mãe e o “amante” da vez. – Mas eu me divertia
sozinha. Eu tinha lápis de cor e giz de cera para desenhar. Alguns livrinhos
para ler. Tive muitas bonecas, mas eu não gostava muito delas. – Demi sorriu se
lembrando de como o quarto era cor de rosa na maioria dos detalhes sempre
combinando com o branco e o dourado. As bonecas ficavam acomodadas em nichos
feitos exclusivamente para elas. Eram barbies e bonecas intituladas meu bebê com bochechas rosadas, olhos
azuis e sem nenhum fio de cabelo artificial na cabeça.
- Nós
ainda brincamos de boneca. – Disse Selena concentrada no delineado de Megan. – Mas
não foi por muito tempo, quando a mocinha entrou na puberdade, os meninos não
davam trégua. – Sel riu de como Demi ficou corada com as risadas das irmãs, mas
ainda sim assentiu e apontou para Selena pronta para entrega-la.
- Ela vivia se fazendo de santa e aprontava
dez vezes mais do que eu! – Disse Demi e Selena arqueou uma sobrancelha e riu.
- Para vocês terem ideia, ela usava uma saia
jeans micro quando queria caçar machos. – Selena ignorou os protestos de Demi
só porque queria pirraça-la, o que deu muito certo porque as bochechas da moça
estavam coradas. – Demetria, você sabe que eu não estou mentindo. – A
gargalhada veio logo em seguida e Selena deixou o delineado de lado só para
caminhar até Demi e abraça-la porque ela estava claramente constrangida.
- Você é a pior melhor amiga que existe. –
Resmungou Demi tentando se desvincular do abraço de Selena.
O clima de risadas
até que continuaria, estava divertido, mas quando Anna se levantou as pressas
para correr para o banheiro em mais um enjoo, todas ficaram preocupadas e deixaram
tudo que estavam fazendo para acolher a irmã, o que não deu muito certo porque o banheiro não era grande o suficiente para abrigar sete pessoas ao mesmo
tempo.
- Eu estou bem. – Anna precisou lavar o
rosto e respirar fundo se acomodando no vaso sanitário depois que fechara a
tampa. – Só estou um pouco enjoada e tonta. – Disse quando Bella se aproximou
para ajuda-la. – Eu quero dormir e só
acordar quando esse bebê nascer, Bell. – Resmungou chorosa porque aquele enjoo
alternado com a vontade de devorar o mundo, fazer sexo e dormir era horrível! E
quando a tontura vinha? Anna nem mesmo conseguia pensar direito, só queria
deitar e dormir.
- Você está grávida? – Selena perguntou um
tanto surpresa e Anna assentiu de olhos fechados recostando a cabeça no ombro
da irmã. Tinha acontecido tudo tão rápido. Sel ainda podia se lembrar de Demi
planejando o encontro de Anna com Rick, e agora a moça estava grávida.
- Descobri de ontem para hoje e não estou me
aguentando. – Anna arriscou esboçar um sorriso para Selena, mas o cheiro de
frutas do cabelo de Bella a conduziu a vomitar o resto do café da manhã que já
tinha sido engolido por insistência do pai.
- É melhor ela descansar. – Disse Selena
assumindo o lugar de Bella.
- Lave o rosto e respira fundo. – Demi se
prontificou a ajudar, assim como Hannah e as outras decidiram tirar as coisas
que estavam sobre a cama de Anna para que ela pudesse deitar.
- Eu estou entrando. – A voz de Inácio foi
motivo para espanto, e ninguém soube disfarçar ao certo o nervosismo misturado a tensão. – Tem alguma coisa de
errado? – Perguntou preocupado e se sentindo envergonhado por ter tantos
olhares sobre ele.
- Problemas femininos. – Selena foi a única
no quarto com coragem o suficiente para dirigir a palavra a Inácio num momento
crucial e tenso como aquele.
- Querem que eu vá à farmácia? – Com o
passar dos anos as bochechas de Inácio não ficavam vermelhas. Não era todo pai
que se dispunha a comprar remédios para cólica e absorventes, por mais que às
vezes as meninas ficavam envergonhadas de pedir, no fundo ficavam agradecidas
pelo pai estar disposto a ajudar independente da situação.
- Está tudo bem, eu só vou descansar um
pouquinho. – Anna estava tão cansada que nem mesmo a tensão das irmãs conseguiu envolvê-la. Acomodou-se a cama sentindo o corpo pesado e ansioso para repousar,
e assim fez pelas próximas horas.
Continua... Eu resolvi dividir esse capítulo porque não gosto de ficar muito tempo sem postar para vocês, também sou leitora e fico mal quando as minhas autoras somem. Bem, oi! Tudo bem com vocês? Espero que realmente me perdoem a demora, eu comecei a escrever esse capítulo super animada até essa parte da Anna fazendo o exame de sangue, mas depois eu desanimei tanto que não sabia mais o que escrever. Isso acontece nesse processo de criação, então resolvi postar para vocês e se puderem e quiserem, podem dar sugestões ou comentar sobre as expectativas para o resto da história. Boa noite meninas, muitíssimo obrigada pelos comentários, um abraço bem apertado e até a outra parte desse capítulo, que eu espero não demorar muito a postar. Qualquer coisa é só mandar um tweet ou uma dm no meu twitter: @mylittlediley
Tô tensa em relação ao Inácio.. Fico imaginando a reação dele quando souber kkkkkkk
ResponderExcluirPerfeito como sempre! Adorei
Se a Demi tiver grávida tbm o Inácio vai infartar, duas filhas grávidas e dois genros mortos kkkk
ResponderExcluirObrigada por postar, eu tava extremamente ansiosa
Amanda tu é um ícone de escritora e eu amo cada palavrinha que você põe nas suas histórias
ResponderExcluirEu amo de paixão essa história. Até agora ta ocorrendo tudo do jeito que eu esperava eu queria que quando Jemi se encontrasse o Joe contasse sobre o Inácio, mas n sei se ela vai fazer isso, espero que sim. Eu acho que o Inácio precisa ir pra terapia ele fica muito descontrolado quando se trata das filhas, as meninas tirando as menores estão virando mulheres é difícil pra mim de entender o lado dele, mas sei que ele não faz por mal. Beijo, até o próximo capítulo
ResponderExcluirEu tb concordo q o joe tem q contar.
ExcluirE as meninas n tao virando mulher, SAO mulheres formadas ja, principalmente a Demi, a minina ja teve uma renca de namorado, tem a casa propia, era absolutamente independente ates de saber do pai, e inacio fica cm essas fuleragem né 😧
Eu acho q vai ter treta, ele vai querer afastar o Rick,mais aí a demi vai entrar em açao e defender a ana, principlmente pq essa história aconteceu cm ele e Diana e ele n vai querer cometer o mesmo erro q os pais dele cometeu.
ResponderExcluirSinto muito pelo seu "bloqueio de escritor", mas assistir series e filmes ajuda a ter idéias