10.10.18

Capítulo 15


  - Eu nunca, nunca, nunca, vou te deixar! – A promessa foi selada com um beijo, os dedos foram enlaçados aos de Demi para que as mãos fossem guiadas para cima da cabeça feminina. – Eu prometo. – O corpo de Joe se acomodou sobre o Demi. Uma perna entre as dela e todo o peso a pressionando contra o sofá macio.



   - Eu nunca vou te deixar. – Demi repetiu a frase olhando nos olhos do amado. – Eu amo você, querido. – A respiração funda foi motivo do coração acelerado. Demi imaginava ter um futuro ao lado de Joe apenas de olha-lo nos olhos, e ao mesmo tempo temia perdê-lo para doença, e um nó se formou na garganta que quase a fez chorar.



Devagar, os dedos soltaram os dele para tocarem com apreço o queixo barbado. Tocaram a pele morena das bochechas sentindo os pelos ásperos da barba nascer e gentilmente acariciaram o cabelo curto da nuca quando os olhos marrons fixaram o olhar nos verdes. Foi inevitável conseguir controlar a lágrima solitária quando o nó na garganta se formou com mais força ao mesmo tempo em que o peito esquerdo doeu. Demi envolveu Joe num abraço apertado e umedeceu os lábios enquanto chorava baixinho se atentando a gravar cada detalhe daquele homem.



   - Eu amo você, Joseph. Amo você. – Sussurrou chorosa o beijando na orelha para depois em todo o rosto quando Joe se ergueu para olha-la.



   - Nada vai me tirar de você, eu prometo Dem. – O que Joe mais temia era não poder cumprir a promessa, por isso o que estivesse ao alcance, ele faria. – Eu também amo você, amor. – Disse limpando as lágrimas dela com beijos e se sentindo péssimo porque tudo que Demi fazia era chorar e sussurrar que o amava. – Olha para mim. – Pediu se erguendo e quando Demi também se ergueu, ele limpou as lágrimas dela e respirou fundo. – Nós vamos ter muitos filhos, uma dúzia de bebês, vamos envelhecer juntos numa casa grande e cheia de netinhos. Tudo vai dar certo, você tem que confiar em mim e confiar que Deus não vai me levar agora porque eu tenho que ficar aqui com você. – Joe tentou não chorar, mas acabou em lágrimas quando Demi soluçou, e mesmo tomada pelo desespero, assentiu o abraçando forte. – Tudo vai dar certo, pequenina. – Aos poucos os dois se acalmaram, Demi ainda derramou mais lágrimas com a cabeça escorada no peito de Joe escutando o coração bater.



   - Eu amo você, Joe. Amo você. – Ouvir a voz feminina suave naquelas palavras doces era a melhor coisa que existia. Joe sorriu feliz quando Demi tornou a dizer por muitas vezes as mesmas palavras o beijando no rosto para depois se agarrar a ele como uma garotinha abraça o ursinho de pelúcia favorito numa noite fria. – Amo você, grandão. – Por último Demi o beijou no queixo para depois nos lábios, e então envolveu Joe num abraço de urso tão apertado que a fez grunhir.



   - Eu também amo você. – Disse Joe quando pensou que Demi estava reclamando que ele não respondia as declarações, só que quando a olhou nos olhos, franziu o cenho. – Machuquei você? – Perguntou preocupado a olhando atentamente. Ele tinha que se lembrar de que Demi era pequena e delicada, enquanto ele era grande e pesado.



   - Os meus seios estão sensíveis, provavelmente minha menstruação aparecerá daqui alguns dias. – Comentou Demi voltando a abraçar Joe, mas de um jeito que não a incomodava.



   - Isso nunca aconteceu. – Talvez a menstruação estivesse mesmo por vir, justificava o comportamento mais cedo com Selena. Uma coisa era certa: Demi começaria a agredi-lo a qualquer momento, era regra ela ficar emotiva e muito brava naquela infortuna época. – Vou encher você de beijinhos, acho que pode ajudar a melhorar. – O sorriso de menino quase a matou. Demi fez careta, mordeu o lábio inferior e depois o lábio de Joe.



   - Você sabe que fazer cóceg.. – A gargalhada dela foi alta e escandalosa. Não era para menos, Joe a deitou no sofá, levantou-se para tirar as botas ficando apenas de meias e depois do selinho rápido nos lábios, ele se demorou a olhando. E sentir o olhar sexy dele a estudando automaticamente a aqueceu. Demi fechou os olhos quando o moletom foi erguido, mas quando o primeiro beijo foi selado à barriga, ela gargalhou. Era de costume. Começava com gargalhadas e risadas que logo se transformavam em suspiros. A barriga foi toda beijada e conforme os beijos eram guiados para cima, os dedos de Joe eram deslizados pela silhueta até o íntimo. E daquela vez não foi diferente, o rapaz expôs os seios, envolveu o bico d’um com a língua no mesmo instante que adentrava a calça e sutilmente a calcinha para tocar sem nenhuma pressa a fenda escorregadia.



Todo o calor de Demi aqueceu igualmente a Joe, o coração acelerou ao sentir na ponta dos dedos como ela estava mais que pronta. Os lábios envolveram constantemente os seios no bico suavemente os sugando e em leves beijos nas curvas. Ao olhar a reação de Demi, Joe franziu o cenho e deu um jeito de se deitar sobre ela. E o beijo que eles trocaram? Foi quente, carinhoso e molhado. Lá em baixo, os dedos dele foram um pouco mais a fundo e os lábios beijaram o pescoço feminino quando Demi tombou a cabeça para trás e gemeu alto. Era provável que ficaria a marca roxa na pele clara, e também das unhas de Demi nas costas largas quando ela adentrou o suéter que Joe usava com as mãos só para arranha-lo ali porque todos aqueles carinhos estavam a levando a loucura.



   - Ei, não. – A consciência só voltou à tona no momento em que Demi sentiu na palma da mão como Joe já estava pronto, ele mesmo tinha guiado a mão dela para região da forma que ela o ensinou meses atrás. – Fica calmo, querido. – Era exatamente por aquele motivo que ela não podia ficar sozinha com Joe! Diabos! Os hormônios sempre a fazia perder a cabeça quando o assunto era sexo, principalmente sexo com Joe. Demi precisou respirar fundo por algumas vezes e se livrou da mão de Joe a tocando no íntimo e abaixou o moletom erguido.



   - Dem, pelo amor de Deus. – Grunhiu Joe a abraçando e buscando pelos lábios dela para beija-la, e quando Demi se esquivou do beijo, ele ronronou manhoso descansando a cabeça na curva do pescoço. – O que você está fazendo? – Choramingou sem conseguir se erguer.



   - Você não pode fazer esforço físico. – Enquanto Demi estava preocupada, Joe arqueou uma sobrancelha quando a olhou.



   - Sem condições. – Disse como se fosse o maior absurdo do mundo. – Se eu não fizer amor com você exatamente agora e nas próximas horas, aí sim eu vou ter um motivo grave para ir para o hospital. – Joe resmungou baixinho quando Demi o olhou feio e o acertou com um tapa no braço. – Eu estou falando sério! Nós fizemos ontem, por que não podemos fazer hoje? – Na tentativa de toca-la, Joe quase apanhou, mas não deixou de abraça-la.



   - Ontem eu não sabia nada sobre o seu quadro. – Demi fez careta quando sentiu como Joe estava excitado, era o suficiente para enlouquecê-la, mas o resto de sanidade tinha que falar alto por pelo menos uma vez na vida.



   - Dem, eu estou bem e saudável o suficiente para fazer amor com você. Eu quero isso, eu estou bem. – Joe suspirou, sustentou o olhar de Demi o tempo que conseguiu até que a beijou na boca. – Nós só não podemos quebrar o seu sofá, vamos fazer devagar e com paciência. – Carinhoso, Joe a beijou na bochecha e só prosseguiu quando Demi assentiu minutos depois.



Beijaram-se na boca por tantas vezes, que até perderam a conta. Trocaram olhares confidentes e demorados o suficiente para confirmar apenas por aquela conexão que se amavam. Como Joe disse, não tiveram pressa, cada passo foi sutil e no tempo que ele sabia que não o prejudicaria. 



Os vizinhos escutariam? Certamente! O isolamento acústico do apartamento era bom, mas Joe duvidava que fosse bom o suficiente para amortecer e dissipar a energia sonora dos gemidos de Demi. Fato era: toda vez que ele a beijava lá em baixo, Demi não conseguia se controlar, e daquela vez não estava sendo diferente. Ele a beijou e a chupou até ter a certeza que Demi estava satisfeita, e pelo barulho que ela fazia, o trabalho estava sendo muito bem feito.



   - Ei, respira fundo. – O sorriso maroto de Joe fez Demi o morder no ombro porque ele não podia ser tão fofo e sexy ao mesmo tempo! O homem era demais para ela! – Lembra? Devagar. – Ele não podia pedir que ela fosse devagar, não a mordendo na orelha.



Demi ficou inquieta e ansiosa quando teve o corpo coberto pelo de Joe, o calor a consumia tanto e só parecia que a cada segundo piorava numa tortura deliciosa! A ideia de ter aquele homem grande e lindo a amando foi intensa e quente para fazê-la se esfregar a Joe e enlaçar às pernas as dele forçando o ato enquanto Joe a beijava na boca.


Cada toque a incendiava e a fazia ansiar para o que estava por vir, mas Joe se demorava em cada toque. As peças de roupa dela foram jogadas no tapete por Joe, que tirou uma por uma envolvendo a namorada com beijos e toques intensos. Nua. Linda. De tirar o fôlego. Os olhos dele estudaram cada detalhe do corpo curvado, as mãos exploraram e apalparam cada pedacinho de pele contribuindo para excitação do rapaz. Ele a olhou por minutos e só confirmou mais uma vez que a amava e que ela era a mulher que queria tudo.



Quando aconteceu, Demi quase chorou. Fechou os olhos e em vão tentou controlar a respiração, porém era demais. O toque das mãos nos músculos dos braços e nas costas era como uma amostra do paraíso. Ela se agarrou a Joe correndo as mãos pelas costas largas, descansou a cabeça na curva do ombro largo e fechou os olhos quieta deixando que ele se movesse tão devagar, às vezes a fazia murmurar alto por preenchê-la de uma vez só e depois esvazia-la. Ficou melhor ainda no momento em que Demi também empurrou contra ele e o tocou nas costas, segurou firme nos músculos dos braços e espalmou o peito largo com as mãos quando Joe franziu o cenho investindo com um pouco mais de velocidade, então não passou muitos minutos para que ela chegasse ao ápice.



   - Você está bem? – Perguntou Joe depois de beija-la na boca. – Dem? – Chamou parando de se mover e se apoiando nos braços para olha-la nos olhos.



   - Eu estou bem, muito bem, querido. – Demi chegava estar mole, e tinha um sorriso lindo nos lábios. – Vamos cuidar de você agora. – No começo Joe estava sentado e não conseguia parar de olhar para os seios se movendo na direção do rosto, ora para baixo e ora para cima. Ele até os beijou cuidadosamente e descansou a cabeça neles enquanto Demi se movia. Mas eles acabaram deitados, uma hora com Demi por baixo e noutra Demi por cima, e na última posição permaneceram até o último suspiro de prazer.



   - Obrigado por confiar em mim, Dem. – O beijo na testa foi suave e com muito cuidado Joe se acomodou ao sofá e puxou a namorada para o peito. – Você está mesmo bem? – Perguntou estranhando o fato de Demi estar quietinha.



   - Eu só não consigo parar de pensar em como isso que fizemos foi bom. – Demi sorriu de olhos fechados, beijou o peito de Joe e preguiçosamente abriu os olhos. – Eu estou bem, Joe. – Sussurrou se erguendo para beija-lo na boca. – Eu não sei o que está acontecendo, estou com tanto calor que eu poderia ficar o dia todo fazendo amor com você que ainda não seria o suficiente. – Joe arregalou levemente os olhos e engoliu em seco, não era que ele não dava conta, só que era mais complicado.



   - Eu só preciso de alguns minutos. – Resmungou frustrado porque o corpo não o obedeceria tão cedo. – Nós podemos fazer de outras formas enquanto me recupero. – Sugeriu a tocando na cintura para depois apalpar o bumbum arrancando um gemido alto de Demi.



   - Seria maravilhoso, querido. – Ronronando, Demi o beijou na bochecha e se deitou sobre o corpo másculo para se esfregar mesmo sentindo os seios mais sensíveis que antes. – Ao mesmo tempo em que eu quero fazer loucuras com você, também quero ficar quieta e dormir nos seus braços nua e sentindo o seu calor me aquecer. – Joe sorriu um tanto satisfeito por ouvir aquelas palavras e beijou a testa de Demi com tanto carinho e respeito.



   - Nós podemos fazer as duas coisas. Por enquanto eu estou satisfeito e só quero ficar com você nos meus braços. – Disse enlaçando os dedos aos cabelos da nuca para puxar as mechas longas por entre os dedos. – Você tem mesmo que ir para casa do seu pai hoje à noite? – Perguntou a tocando nas costas e no bumbum.



   - Tenho, mas nós podemos ficar juntos amanhã. – Demi se ergueu para olha-lo nos olhos. Tinha vista mais linda que aquele homem nu? Não mesmo! Joe era de encher os olhos. Os braços grandes, o peito largo, o queixo barbado. Demi gemeu manhosa e o beijou no pescoço dando chupões onde conseguia. – Você é muito gostoso, Joe. – Ronronou no ouvido dele para depois morder a orelha. – Eu vou tentar me comportar. – Demi fechou os olhos descansando a cabeça no peito largo, abraçou Joe e colocou uma perna dele entre as dela.



   - Não precisa se comportar, eu também quero você o tempo todo, mas meu corpo precisa de um tempinho para se recuperar. – Joe sorriu todo maroto quando Demi o olhou nos olhos e roubou um selinho voltando a se aninhar a ele. – Vamos conversar? – Perguntou depois de cobri-los com a coberta.



   - Sobre o que você quer conversar, amor? – Não era que ela estava com sono, mas Demi preferia ficar de olhos fechados e quieta gostando de receber o carinho de Joe na cintura e às vezes no bumbum.



   - Você me deu uma chance e eu não quero desperdiça-la. – Começou a dizer a deitando de lado para que pudessem se olhar. – Não tenho mais nenhuma surpresa desagradável para contar. – Disse quando percebeu que Demi ficou tensa e receosa o olhando. – Eu só quero conversar, na verdade, contar para você algo que aconteceu na minha infância. – Aliviada, Demi assentiu quieta o olhando e tocando com carinho no peito brincando com os pelinhos escuros. – Posso começar? – Perguntou achando estranho o fato de Demi estar calada e quieta, e tudo que ele recebeu foi um pequeno sorriso. – Você está tão misteriosa. – Disse a olhando intrigado e Demi riu.



   - Eu estou me controlando para não te agarrar, caubói. – Contra fatos não existiam argumentos! Demi roubou um beijo breve e quente, e se policiou para não acariciar Joe da forma que ela realmente queria. – Estou ouvindo tudo que você tem a me dizer. – O beijo roubado foi o último, e para manter a provisória promessa, Demi se afastou um pouquinho e resolveu que ficaria séria.



   - Tudo bem. – Por onde poderia começar? Lembrando-se das memórias que tinha da infância, o nervoso começou a surgir. Joe se sentiu incomodado e intimidado até mesmo com o olhar de Demi, que para ajuda-lo enlaçou os dedos aos dele. – Não foi fácil viver naquela casa sozinho. – Disse receoso e tenso porque se lembrar da infância era como assumir novamente os sentimentos de solidão e medo que atordoavam o menino Joseph. – Eu sempre fui muito tímido desde criança e sensível, muito sensível pelo que aconteceu com os meus pais. Minha avó foi a pessoa que mais me passou segurança e conquistou meu coração, então eu estava ao lado dela a maioria das vezes porque gostava de ouvir sobre as terras, a natureza e o mundo. A vovó me fez imaginar tantas histórias incríveis que nenhum livro ou filme fez. A nossa amizade acabou me afastando dos meus primos da mesma idade que eu, e o tio Lucas começou a sentir ciúmes. Eu era tão grudado na vovó, que quando a mãe da Rose entre em trabalho de parto, nós dois tivemos que socorrê-la. Conforme fui crescendo, as minhas amizades eram singulares e se resumiam na vovó e na Rose. A noite que eu conheci o Derick foi a pior de toda a minha vida...

- Flashback –



“Lucas era o mais novo dos filhos de Clara. E diferente dos irmãos, o caçula tinha a personalidade forte, um espírito livre e inconsequente que resultava nas diversas confusões o envolvendo e envolvendo a família Jonas. Quando Joe era apenas um menino que precisava de atenção e cuidados, Lucas era um adolescente rebelde e que desprezava os limites. A implicância surgiu exatamente quando o pequeno Joseph, segundo Lucas, “tomou” o lugar dele. Porém a situação ia muito além de ciúmes. Desde pequeno, Joe era tímido e reservado, era uma criança que tinha os seus encantos e pelo fato de não ter os pais, extremamente sensível. Lucas tinha opinião própria e para pirraçar Joe, usava o machismo e a ignorância.



O jeito petulante do tio assustava Joe. Lucas não tinha nenhum respeito pela mãe e nem por ninguém. A bebida alcoólica e por uma época as drogas, pioravam a situação, mas o que de fato maltratava Joe eram as brincadeiras constrangedoras e violentas. Quando tinha seis anos, Joe viu Rose nascer e cuidou da menina como um irmão mais velho. Então brincar de casinha, de bonecas e de tomar chá estava na rotina e para ele, era algo tão normal quanto brincar de bola ou carrinhos. Porém para o tio mais novo, era um absurdo e o motivo para começar a chamar o sobrinho de apelidos ofensivos e para ajuda-lo, Lucas conseguia perfeitamente influenciar os sobrinhos que tinham a mesma idade de Joe.



Era simplesmente uma covardia! Um menino tímido importunado pelo tio e primos. Com o passar dos anos as brincadeiras se tornaram pesadas e violentas. E por muitas vezes Joe foi dormir com hematomas em alguns lugares do corpo onde os adultos não veriam. Clara até tentava defender o neto quando percebia que as brincadeiras passavam do limite, porém as atividades corriqueiras da fazenda tomavam todo o tempo que ela tinha e daí ficava impossível saber o que acontecia dentro de casa. Laura e os outros adultos na maioria das vezes estavam ocupados com a vida e as responsabilidades, assim, Joe ficava a mercê do tio.



Foi preciso apenas de uma noite para que Joe se sentisse como um lixo e como consequência, ter tomado inconscientemente a decisão de se fechar para o mundo, assim, tornando-se uma pessoa extremamente tímida, vergonhosa e que não conseguia se comunicar perfeitamente sem que o nervoso o atrapalhasse.



 Era um dia de festa. Uma grande festa com direito a muita fartura, música alta e a casa lotada de familiares, parentes e amigos da família Jonas. Havia desde o boi assado a salgados refinados e doces saborosos, música ao vivo e muita gente conversando alto e rindo. Era o aniversário de Clara e não faltavam motivos para comemorar já que a família também estava crescendo com a chegada de mais dois membros. Enquanto os adultos conversavam, as crianças aproveitavam para brincar. E eles eram grande número. Já os adolescentes estavam divididos em grupos e interagiam envergonhados e risonhos. Joe não se encaixava em nenhum grupo. Só estava na sala porque não podia ficar no quarto já que era dia de festa. Ele tinha feito amizade com Derick, porém enquanto ele tinha seus treze anos, Derick tinha por volta de oito ou nove anos e ainda era muito menino. Era complicado, e Joe estava ficando cansado de ouvir aquele garotinho de olhos azuis falar sem parar sobre a coleção de cartões raros. Teve um momento que a noite até foi legal e Joe se permitiu rir e trocar uma ou duas palavras com as primas, porém, quando era mais tarde, o clima ficou completamente pesado com a chegada de Lucas.



Naquela noite o tio estava diferente, não importunou Joe e nem assustou as meninas com o comportamento explosivo. Era suspeito, suspeito até de mais. Da cadeira de madeira onde estava sentado, Joe podia sentir o olhar do tio que conversava com Igor e Juan. Na época Peter era uma criança inocente e estava longe das garras do tio, diferente de Igor e Juan que se comportavam como os carrascos de Lucas executando todas as vontades dele sem ao menos se questionar se era o corretor.



Com o passar das horas, a noite chegou e a festa só ganhava mais força e a casa ficava lotada. Joe tinha cedido a conversa de Derick e com muita paciência e educação, conversou com o garotinho sobre os cartões que o menino falava com tanta empolgação. Só era chato ter Derick na cola a cada passo dado. Joe era tão tímido que até a postura era rígida. Os ombros sempre estavam retos e o garoto ficava atento a tudo. Assim foi quando Lucas se aproximou com os dois sobrinhos, Igor e Juan, ao lado e abordou o pequeno Joe com um sorriso que parecia sincero no rosto. E não tinha como esquecer aquelas palavras:



   “- Vem com a gente no celeiro? Nós temos uma surpresa para você. É um pedido de desculpa por tudo que já fizemos com você.”



Estúpido! Ele jamais deveria ter assentido sem pensar duas vezes no que aquela surpresa poderia significar. Talvez era a esperança de que aquelas brincadeiras estúpidas acabariam de vez. A verdade era que Joe tinha um coração bom demais para duvidar do tio.



Em questão de segundos Derick tinha sido despachado e então Joe caminhava na frente com o tio e os primos logo atrás para garantir que o menino não fugiria. Alguma coisa no coração de Joe dizia para ele ficar longe de Lucas, mas a vontade de tentar interagir e quem sabe ser amigo do tio era maior. Ele não tinha culpa, era um pré-adolescente que queria ter amigos e tentar se socializar. O celeiro ficava certa distância da casa, e conforme caminhava na direção da construção, Joe sentia o coração bater cada vez mais rápido e o medo invadi-lo. Ele nunca saía de casa à noite porque lá fora era escuro e ele tinha medo. E assim foi. O frio da noite começava a incomoda-lo e a falta de luz a assusta-lo. O som da festa estava longe e quando Joe olhou para trás sustentou o olhar do tio que sorriu o incentivando.



“Você tem medo do escuro, Joseph?” – Juan perguntou e Joe engoliu em seco, mas com o olhar que Juan recebeu de Lucas, ele ficou quieto.



“Nós trouxemos uma venda para tampar os seus olhos, faz parte da surpresa, tudo bem?” – Disse Lucas amigavelmente tirando uma tira preta do bolso da calça e Joe assentiu depois de olhar para o celeiro. Estava tudo muito quieto e ele confessava que estava com muito medo...



Aquela venda nos olhos era a pior coisa que existia em todo o mundo! A cada passo, Joe podia ouvir os cochichos dos primos, mas ele não conseguia entender porque a voz de Lucas grossa e firme dava-o instruções sobre o caminho até que ele tocava a madeira fria da porta do celeiro... 



“O que tem aí dentro, tio Lucas?” – O medo estava estampado na voz fina e de menino de Joe. O coração estava batendo mais rápido e ele sentia que estava sendo observado e que atrás daquela porta não tinha nada de bom.



“Uma coisa que todos nós sabemos que garotos como você gostam.” – Pior de tudo foi sentir as mãos de Lucas nos respectivos ombros. – “Não tenha medo, garotinhos como você gostam muito disso.” – Repetiu Lucas e tudo que Joe ouviu foi à porta do celeiro gemer quando foi empurrada. Foi como num filme de terror. A cada passo que Joe era conduzido a dar, ele podia sentir o espaço vago e absurdamente gelado. E a sensação era, que a cada vez que Lucas o conduzia a caminhar, que quando ele parasse e tirasse a venda dos olhos, se depararia com um demônio horripilante e faminto pronto para tortura-lo e depois devora-lo numa bocada só.



“Coloca ele de costas.” – Era a voz de Juan. Joe franziu o cenho e tentou se esquivar, mas era muito tarde. Ele só sentiu algo gelado envolver os punhos e então Lucas não estava mais por perto porque não dava para sentir o calor dele.  



“Olha só como é todo afeminado” – Por que diabos Joe não tinha ouvido o consciente que o alertava para não se envolver com o tio? Era para aquela brincadeira estúpida que tinha começado alguns dias que Lucas tinha o levado ali. E toda vez que acontecia, Joe sentia as bochechas ficarem vermelhas porque ele não sabia o que dizer. Era apenas um menino inocente e tímido ao extremo.



“Acho que ele vai gostar do que o espera... Você gosta de brincar de bonecas com a Rose, florzinha do tio?” – Joe não esperava ser empurrado, ele só se deu conta do que estava acontecendo quando Lucas o empurrou e bruscamente ele caiu sobre baldes de ferro junto ao feno.



“Olha só como ele está todo vermelhinho. Ele vai chorar, Lucas.” – Disse Juan e então Joe pode ouvir as gargalhadas que realmente o deixou com medo e com muita vontade de chorar. – “Onde está o Mark?” – Joe sentiu o lábio inferior arder e logo o gosto do sangue. Ele só queria poder se defender e sair dali correndo para os braços da avó, mas sabia que seria impossível. Os braços estavam inúteis porque as mãos estavam presas com algemas e os olhos estavam cobertos com uma venda.



“A gente vai dá uma lição nesse viadinho, é por minha irmã, ela teria desgosto de ver no que essa coisinha se transformou.” – Disse Lucas. Joe não conseguia enxergar, mas os ouvidos estavam atentos. Ele se encolheu perto dos fenos e quando ouviu uma terceira voz concordando com o absurdo que Lucas tinha dito sobre Juliana, o coração bateu mais rápido. Ele era pequeno, não tinha músculos e não conseguiria gritar muito alto para alguém ajuda-lo. Não tinha como escapar dali e como estava com muito medo, Joe começou a chorar baixinho para não chamar muita atenção. Ele sempre chorava quando ficava com medo.



“Vamos dar uns bons tapas nele, depois partimos para a melhor parte.” – E assim foi feito. Joe resistiu quando foi puxado pelos ombros, mas como era um contra três, não teve jeito. Logo ele estava em pé e conforme era empurrado, levava socos e ponta pés enquanto era xingado perversamente sem entender o porquê que aquilo estava acontecendo.



“Tira a calça dele!” – Juan gritou e Joe quase não entendeu porque estava machucado e com o corpo todo dolorido. A porta do celeiro foi aberta e os gritos masculinos foram altos e animados.



“Jesus, Lucas! O que você fez com esse garoto?” – Todo mundo na cidade conhecia aquela voz masculina afeminada. Como Joe não passava de uma criança que só queria brincar, ele não entendia que o cabeleireiro da cidade era um travesti.



“Ele se comportou mal, Ângela. Quero que você dê uns amassos nele, ele gosta de garotos também e está louco para descobrir a vida, se é que você me entende.” – Disse Lucas e os garotos riram e empurraram Joe que franziu o cenho e tentou correr sem sucesso, o que foi motivo de mais risadas e empurrões no pobre garoto.



“É apenas um garoto.” – Disse o rapaz preocupado olhando o estado de Joe. Era um menino magro, não era muito alto e estava machucado. – “Seja lá o que você está aprontando, eu não vou me meter” – Disse colocando uma mecha do aplique atrás da orelha e Lucas arqueou uma sobrancelha.



“Você não precisa comer essa bichinha. Só uma foto, eu não vou jogar os meus duzentos dólares na lata do lixo. – Ângela olhou para Joe e depois para Lucas sem saber o que fazer. O Jonas mais novo não era conhecido pelo bom temperamento, bem pelo contrário. – Nós só vamos tirar uma foto de você abraçando o meu sobrinho gay. Apenas isso. – Como a voz estava alterada, não sobrou muita opção para o rapaz que se aproximou de Joe e o abraçou por trás, o que fez com que os rapazes gritassem animados.



“Tira a calça dele!” – Juan tornou a insistir na história e como Lucas tinha assentido, sobrou para Ângela o fazer.



“Está tudo bem, criança. Eu não vou te machucar” – Sussurrou Ângela para Joe que começou a chorar quando ouviu os assovios e risadas dos primos e do tio quando a calça foi abaixada e a tal de Ângela o abraçou.



“Acaricia ele! – Lucas gritou enquanto tirava a maior quantidade de fotos possíveis e no mesmo momento Joe tentou sair do abraço da melhor forma que podia, ele até acertou o queixo de Ângela com a cabeça, e no momento que ela se recuperava, ele tentou correr sem sucesso já que Juan o segurou por trás e o empurrou bruscamente sobre o travesti que acabou caindo sobre um monte de feno.”

- Flashback -



   - Só não aconteceu pior porque o tio Jon e a tia Laura descobriram o que estava acontecendo. – Demi não tinha dito nada enquanto ele contava sobre a maldita noite, porém as reações dela diziam mais que palavras. – Depois disso todos ficaram mais atentos, mas mesmo assim não foi o suficiente para o Lucas ficar longe de mim. Ele não podia aprontar em casa, mas nada o impedia de invadir a escola na hora do intervalo e manipular os garotos para me perturbar. Ele ainda conseguiu uma foto mesmo depois que o tio Jon tomou a câmera, e ela foi parar na escola e até na faculdade. – Joe suspirou triste porque o assunto o deixava vulnerável, mas o abraço que ele recebeu de Demi o confortou e o fez se sentir seguro e amado.



   - Eu sinto muito, Joe. – Ela disse com lágrimas nos olhos. – Eu odeio o que as pessoas podem fazer por ciúmes e preconceito. O seu tio é um estúpido e se ele não foi impune pela justiça, a vida o fará pagar de alguma forma. – Demi não soube exatamente se a colocação ofenderia ou não a Joe, porque apesar de tudo, Lucas era da família... Mas ela não deixaria de colocar a opinião exatamente da forma que era. Não gostava de Lucas pelo comportamento dele no Texas dias atrás e agora não tinha nada do mundo que a faria gostar daquele homem. – Eu quero que você saiba que eu o admiro desde o dia que nos conhecemos naquele hospital. Você era tímido, gaguejava de nervoso. Parecia um garoto encantador, mas se mostrou um homem bom quando começamos a conversar e nos conhecer. E com o passar do tempo só melhorou, meu anjo. – Demi o beijou nos lábios e o acariciou no rosto se sentindo nostálgica porque pareciam anos que ela conhecia aquele homem e o viu mudar de um rapaz tímido a um homem de atitude. – Fiquei chateada com você pelo que aconteceu com os meus pais e porque você não me contou sobre a sua saúde, eu até entendo agora. Tenho muito orgulho de você, Joseph. Você quis caminhar com as próprias pernas, venceu as suas barreiras, correu atrás dos seus sonhos e me deu mais uma chance de entrar na sua vida mesmo depois da dor de cabeça que tivemos com o Jake. – Demi sorriu quando foi abraçada e sorriu ainda mais quando Joe a olhou todo feliz. – O que você fez pela Lucy é lindo, amor. Você cuida tão bem dela, só mostra como o seu coração é enorme e me faz querer ficar com você para sempre. – Quando fechou os olhos, a ideia era deixar que Joe a beijasse, mas o sorriso não dava lugar a mais nada! E Joe também riu e a envolveu num abraço de urso que fez Demi grunhiu manhosa.



   - Desculpa, anjo. Sei que eles estão doloridos. – Joe se ergueu um pouco para conseguir olhar os seios nus. – É que eu precisava te abraçar assim, bem apertado. – Demi assentiu, e aos poucos o sorriso se transformou num olhar apaixonado que durou minutos enquanto ela admirava como o homem que amava era lindo por dentro e por fora.



   - Eu amo você. – Disse séria o olhando nos olhos para depois beija-lo na boca. – Quando você estiver melhor, prometo que nós vamos brincar de polícia e ladrão ou com qualquer fantasia que você quiser, agora eu só quero você. – A mudança de humor repentina foi motivo para Joe rir porque Demi tinha descoberto que ele já estava pronto para fazer amor com ela de novo.



   - Eu me empolgo quando você diz coisas bonitas para mim, imagina se você se fantasiar de enfermeira ou uma bombeira muito gostos... – O sorriso sapeca de Joe foi substituído pelo cenho franzido porque Demi estava inquieta o empurrando e se mexendo no sofá. – O que foi? – Perguntou se levantando e no mesmo instante que o frio o incomodou, até porque ele estava nu.



  - Por trás, Joe. – Ronronou Demi o olhando toda ansiosa e já na posição favorita deles, o que resultou num murmuro de Joe que tocou o membro já o imaginando envolto pelo calor da amada. – Quero que você me abrace e faça devagar, mas intenso. – Franzindo o cenho, Joe respirou fundo. Aquele traseiro era lindo e o deixava muito ansioso para apalpa-lo e o ver balançando enquanto ele se movimentava dentro do calor de Demi. – Joe, se você não se sentir bem, nós vamos parar, mas, por favor, não hesite em dizer. – O desejo de ter Joe a consumia a cada segundo, mas não era justificativa para Demi não se preocupar com o namorado. Ela foi séria e mostrou segurança quando o olhou nos olhos, enquanto Joe assentiu e antes de abraça-la por trás, se curvou para beija-la na boca.



   - Tudo bem. – Trocaram mais um beijo e sorrisos, Joe até iria para a posição tão cobiçada por ele, mas quando Demi o puxou ainda em pé e o guiou para boca, ele fechou os olhos e aproveitou a sensação maravilhosa que raramente acontecia, movendo vagarosamente o pênis na boca dela porque ainda era muito tímido quando se tratava daquele tipo de sexo para ele. – Eu amo você. – As bochechas dele estavam coradas! Demi sorriu entre o selinho que trocavam e quando voltou a posição que desejava, riu e gemeu baixinho porque Joe era uma graça. Ele ficava todo sem jeito quando ela fazia sexo oral nele, não que ele não gostava, mas quando era a vez dela.. Joe perdia toda a vergonha e não poupava esforços, e naquela vez não foi diferente. Ele a levou ao orgasmo apenas com a boca e logo em seguida estava se movendo devagar e intenso, como ela tinha sugerido. – Você vai casar comigo? – Perguntou a beijando atrás da orelha, e Demi franziu o cenho e assentiu levando a mão a dele sobre o seio.



   - Agora? – Os dois sorriram apaixonados e por minutos se concentraram em fazer amor, para depois Joe romper a conexão porque queria olhar nos olhos de Demi. – Eu nunca vou me cansar de dizer que eu amo você. – Apesar de séria, apaixonada e concentrada no momento, o sorriso nos lábios dela foi sincero e feliz, combinando com o de Joe, que só era um pouco mais tímido contrastando com as bochechas coradas dele.



   - E eu nunca vou me cansar de ouvir e dizer que eu também te amo, princesa. – Joe a beijou na testa e a olhou nos olhos fundindo o corpo ao dela. – Minha gatinha. – Os dedos foram enlaçados e as mãos descansaram acima da cabeça de Demi. Trocaram beijos apaixonados, olhares intensos e tantas declarações até que o orgasmo veio silenciosamente os arrebatando de prazer.



Daquela vez não teve conversa boa o suficiente para mantê-los acordados. O cansaço falou mais alto, e o calor debaixo da coberta estava delicioso. Demi relaxou o corpo no sofá e Joe relaxou o dele sobre o dela curtindo o carinho no cabelo da nuca. Se trocaram dois beijos, foi muito, porém estavam satisfeitos e seguros que teriam mais momentos porque estavam juntos novamente.



Se dormir já era bom, quando o sono vinha e o cérebro detectava que tudo estava bem, era ainda melhor. Os dois estavam relaxados e tão tranquilos suavemente suspirando e tendo bons sonhos. Demi foi a primeira a acordar. O estomago estava fazendo barulho e a fome parecia consumi-la a cada segundo. E tinha um porém, como ela levantaria com Joe deitado sobre ela? A cabeça dele estava escorada abaixo dos seios e os braços rodeavam a cintura. Sem contar que Joe era tão pesado!



   - Eu amo você, grandão. – Disse ainda sonolenta deslizando as pontas dos dedos pelo cabelo curto.



Mais um barulho do estomago e Demi teria certeza que Joe acordaria, o que a deixaria vermelha de vergonha. Ela resolveu que cuidaria da parte burocrática, ou seja, tentaria puxar a perna que estava entre as dela e tudo ficaria mais fácil. A regra era: ela não podia acordar Joe. Ele tinha que descansar e tê-lo em casa dormindo era a garantia que o rapaz ficaria quieto. Demi fez tudo que pode para não acordar o namorado, e quando estava quase se levantando, por um pouco o coração parou ao ouvir a porta da sala sendo destrancada.



   - Você me assustou! – A voz saiu falha, porém estava carregada de alívio quando Demi viu que era Selena. Foi difícil esconder a nudez com o suéter caído mais próximo do sofá, e como estava envergonhada, Demi se desvinculou de Joe bruscamente fazendo o rapaz murmurar alto, mas ainda sim continuou dormindo.



   - Vim trazer a sua chave. – Disse Selena virada de costas para Demi.



   - Eu percebi. – Em questão de segundos Demi vestiu o moletom e cobriu Joe da melhor forma que pode escondendo a nudez e o aquecendo. – Obrigada por trazer, mas não precisava. – Estavam sozinhas na cozinha, mas não tinha como olhar para Selena. Primeiro: Demi estava envergonhada porque era a primeira vez que Selena a flagrava nua. Elas eram íntimas o suficiente para dormirem de lingerie, porém nudez era diferente. Segundo: havia o ciúme por causa de Bella. Terceiro: elas estavam a um passo de brigar, tinham começado mais cedo no apartamento de Ed, e nada impedia de continuar.



   - Está aqui. – Selena umedeceu os lábios e colocou o molho de chaves sobre a mesa. – Eu queria conversar com você, Dem. – Para conseguir que a amiga a olhasse, Sel envolveu os dedos aos de Demi e franziu o cenho quando recebeu um olhar carente e enciumado. – Eu não estava falando sério mais cedo. Você é a madrinha do meu bebê, não existe outra pessoa no mundo boa e que eu confio o suficiente para tomar o seu lugar. – Demi respirou fundo em alívio, apertou os dedos aos de Sel e esboçou um pequeno e feliz sorriso. – Não fica chateada comigo ou com Isabella. Eu realmente gosto muito da sua irmã e nós temos muito em comum, mas não quer dizer que ela vai tomar o seu lugar. O seu lugar é insubstituível, está bem? São amizades diferentes. – Quando Demi assentiu, Selena a abraçou de lado e franziu o cenho. – Você está cheirando sexo e Joe. – As duas riram, e Demi se espreguiçou logo em seguida.



   - Você está precisando para melhorar o humor. – Pirraçou Demi esboçando um sorriso sapeca. – Esqueci que o Ed está gripado. Eu até te emprestaria o Joe, ele é o paraíso em forma de homem, mas ele é só meu. – Demi riu de como Selena franziu o cenho, arqueou uma sobrancelha e a olhou como se ela estivesse blefando.



   - Por acaso você está em sã consciência? – Perguntou levando a mão à testa de Demi, que riu feliz.



   - Me ignora. – Resmungou Demi de cenho franzido. – Eu ainda estou anestesiada com sono, cansada e muito relaxada. – Demi riu da careta de Selena. Ela não fazia por mal, só gostava de pirraçar a amiga.



   - Da última vez que eu te vi com um chupão no pescoço, você estava namorando o André. – Selena pode perceber a marquinha rosada que certamente ficaria roxa dentro de poucas horas quando Demi prendeu o cabelo num coque.



   - Sel, eu estou muito agitada, sexualmente falando. – Demi sorriu envergonhada, mas não deixou de esconder como estava feliz. – Quando eu namorava com o André, eu estava no ápice da adolescência e você sabe.. Não tinha como evitar os chupões. – Existia uma garota mais intensa e apaixonada que Demi quando adolescente? Ela se entregou de corpo e alma ao primeiro namoro e não se arrependia nenhum pouco porque da mesma forma que amava, também era correspondida.



   - Sim, eu sei. Vocês eram mais fogosos que coelhos. – O comentário de Selena foi motivo de riso, e Demi também revirou os olhos. – Então você e o Joe estão juntos? – Perguntou Selena se levantando para buscar por algo para beber na geladeira.



   - Estamos. Eu o amo e.. Eu quero estar com ele, quero cuidar dele. Não vou perder tempo com as minhas inseguranças. – Selena colocou a caixa de leite sobre o balcão e se aproximou de Demi para abraça-la de modo que a cabeça da amiga ficava escorada na barriga de grávida.



   - Eu sei, você está certa. – Sel fez carinho no cabelo de Demi e como uma mãe preocupada a olhou nos olhos. – Só não quero que você se machuque, se vocês vão ficar juntos, é melhor deixar claro para ele que você não tolera mentiras e nem nada semelhante. – Demi assentiu com pesar, porque ao mesmo tempo em que sabia que Selena só queria protegê-la e ela tinha razão de se portar daquela forma em relação a Joe, Demi conseguia compreender o ponto de vista do rapaz ao esconder a doença por conta das conversas com as irmãs.



  - Nós já conversamos sobre isso, vai ficar tudo bem. – Demi olhou na direção da passagem que levava a sala porque não queria que Joe ouvisse a conversa. – Eu conto em detalhe depois. – Selena entendeu o receio de Demi, então a beijou na bochecha e voltou a atenção para o leite. - Quero chocolate quente. – Ronronou Demi apoiando as mãos no encosto da cadeira e apoiando a cabeça nelas. Até mesmo o olhar carente Demi fez quando Selena a olhou e arqueou uma sobrancelha. – O seu chocolate quente é o melhor de todo o mundo e eu estou com muita vontade. – Bajulou a amiga. Na verdade a vontade Demi era de tomar o chocolate quente que Inácio tinha feito na tarde passada. O sabor era tão delicioso quanto o de Selena, ambos eram indispensáveis, mas tinha algo sobre a bebida que o pai preparara que era de dar água na boca.



   - Vou fazer o chocolate quente e você está encarregada de cuidar de algo para a gente comer. – Selena fez careta quando Demi a abraçou por trás e roçou a ponta do nariz contra o pescoço para que ela arrepiasse. – Demi, não me leve a mal, mas você estava fazendo sexo agora pouco. – Resmungou Selena se desvinculando do abraço e Demi franziu o cenho.



   - Eu vou tomar banho, sua preconceituosa. – Demi aproveitou que Selena tinha recusado o abraço para se espreguiçar. – Se você sair dessa cozinha, nós duas vamos ter sérios problemas. O meu gatinho está dormindo na sala e eu não quero que ele acorde agora e nem que você o veja nu. – Demi sorriu ao olhar para Selena, que só arqueou uma sobrancelha claramente debochando da amiga.



   - Dem, vai por mim. Eu não quero o seu gatinho, eu tenho um leão delicioso me esperando em casa. – Demi se controlou para não rir alto, e Selena revirou os olhos.



   - Tudo bem, Selena. Eu não vou discutir os atributos do meu gatinho com você, não quero humilhar o Ed. Ele nem está aqui para se defender. – Era apenas uma brincadeira, e quando Selena a olhou feio, Demi riu e saiu saltitante em direção ao quarto, só parou na sala porque ela teve que sorrir de orelha a orelha e dar um beijinho na bochecha de Joe. Existia homem mais lindo que o dela? Demi sorriu apaixonada e só seguiu o percurso para o quarto porque queria cozinhar algo para Joe comer assim que ele acordasse.



   - Eu já disse que amo calabresa? – O banho foi rápido e dez minutos depois Demi estava na cozinha vestindo moletom. Saiu mais embolado do que Demi tinha imaginado, também não era para menos, pois a boca estava cheia de pizza de caneca feita no micro-ondas.



   - Eu estou percebendo. – Selena franziu o cenho e voltou toda atenção para o chocolate quente. O cheiro estava maravilhoso e o sabor melhor ainda! E não seria Demi que iria desfocá-la! Sel sabia que às vezes Demi tinha manias estranhas e infantis, e ela já sabia como lhe dar com situações como aquelas. – Eu só não entendo como você consegue comer pizza com chocolate quente. – Resmungou Selena observando Demi comer da pizza e depois beber o chocolate quente ficando até uma pequena sujeira de chocolate sobre os lábios que imitavam um bigode.



   - Não tem nenhum segredo, é só.. comer. – Demi lambeu os lábios e sorriu para Sel. – Agora eu beberia chocolate quente até comendo Doritos. – Comentou voltando a atenção para comida. – Mas eu estou ansiosa para comer o bolo. – Espiar no forno o estado do bolo de banana resultaria numa bronca de Selena, era certeza! A receita tinha sido preparada para Joe, e envolvia alimentos de uma dieta mais saudável como nozes e aveia.



   - Eu tinha me esquecido de como você é comilona. – Comentou Selena. Era um fato! Quando se tratava de massas e besteiras, não havia limites para Demi, ela comeria à vontade e sempre ficaria satisfeita. Porém, a Demi comilona que Selena se lembrava era a versão adolescente, a adulta já era um pouco mais cautelosa... – Dem, posso contar com você para me ajudar com o casamento? – Não havia um mês para organizar o casamento! E apesar de estar em cima da hora, Selena sabia que se tivesse ajuda, conseguiria fazer a festa do jeito que estava imaginando.



   - Claro, Sel. Vocês vão ficar com o dia trinta e um? – Perguntou Demi guiando a mão a de Selena sentindo que o carinho demonstraria o apoio que Se precisava.



   - Vamos. Vai ser corrido e eu acho que vou passar muita raiva, mas eu estou ansiosa e quero tanto subir ao altar com ele. Eu o amo e amo as nossas crianças. – Demi sorriu ao perceber como Selena estava feliz e decida. Eram amigas, porém tão diferentes! Enquanto Demi se apaixonava com sorrisos e se entregava de cabeça, Selena era mais cautelosa e prudente, assim, não tinha tido nem metade do número de namorados de Demi e por um bom tempo preferiu ficar solteira, até que conheceu Eden na Gyllenhaal.



   - Eu estou feliz por vocês. – Comentou Demi sorrindo de orelha a orelha olhando nos olhos de Sel para depois desviar o olhar porque a vontade de lambuzar o dedo com chocolate quente e lambê-lo falou muito mais alto. – Posso desenhar os convites? Nós podemos fazer uma sessão de fotos e vídeos. – Selena assentiu. Não havia pessoa mais adequada para tomar conta daquela parte do que Demi.



   - Não é querendo ser chata, mas você tem previsão de quanto tempo levará para fazer os convites? – Demi sorriu porque dificilmente Selena ficava envergonhada.



   - Eu arriscaria dizer que até amanhã, mas amanhã é o aniversário de Megan. Eu quero que o dia dela seja especial, então não acho que terei tempo para criar. Depois de amanhã ficará pronto sem falta. – O sorriso de Demi se abriu um pouco mais e os olhos se iluminaram de paixão, e Selena só foi perceber que o motivo era Joe! Ele estava tão fofo vestindo apenas jeans, o cabelo curto estava bagunçado que tinha perdido o topete que o rapaz arrumou com tanto capricho. – Oh meu Deus, Joseph. – Quando ele se curvou para abraça-la, Demi o beijou nas bochechas e o abraçou calorosamente. – Você está bem? – Perguntou um pouco preocupada quando Joe se acomodou na cadeira ao lado da dela e esfregou os olhos com as mãos.



   - Sonolento. Estou bem. – Disse deitando a cabeça no ombro de Demi aproveitando para beija-la no pescoço. – Por que está tão quente aqui? – Perguntou estranhando o calor. Na sala estava quente, motivo pelo qual Joe preferiu ficar sem camisa, ele só não imaginava que na cozinha também estaria.



   - Eu quis deixar tudo quentinho para você não sentir frio. – Disse Demi deslizando as unhas na bochecha barbada para depois trocar um beijo rápido com Joe.



   - Vou tirar o bolo do forno. – A vontade de Joe de ficar pertinho de Demi era maior que a consciência gritando que ele deveria vestir uma camisa porque Sel também estava no apartamento, mas o rapaz só se lembrou daquele detalhe quando ouviu a voz de Selena.



   - Está com fome? – Ela sempre o mimaria! Demi o beijou demoradamente na bochecha e quando o olhou nos olhos, tocou-o no rosto como se desenhasse todos os traços com a ponta dos dedos.



   - Estou faminto. – Sussurrou Joe a beijando no queixo. – Ei, por favor, não me deixa dormir sozinho depois de uma tarde como a nossa. Eu senti muita a sua falta. – Por que Selena tinha que estar com eles? O corpo esquentou apenas com a forma que Joe a olhava, Demi umedeceu os lábios e quando os selou aos dele, teve que controlar os instintos mais selvagens porque a mão grande a apertando na cintura e os lábios macios eram demais para enlouquecê-la.



   - Nós fizemos bolo para você. – Disse Demi um pouco atordoada porque não ficaria legal cochichar de volta para Joe na frente de Selena. – Você já sabe: se estiver ruim, a Sel fez sozinha. Se estiver gostoso, fui eu quem fiz. – Demi sempre fazia aquela brincadeira, e daquela fez foi na tentativa de melhorar um pouco o clima entre Selena e Joe.



   - Você não pode tomar chocolate quente, pode? – Perguntou Selena servindo a Joe com uma bela fatia de bolo de banana que chegava a sair vapor porque tinha acabado de sair do forno. – Espere um pouco. – Disse a Joe e o rapaz assentiu porque ele conhecia muito bem as regras quando se tratava de massas recém-tiradas do forno.



   - Quer chá de maracujá? – Perguntou Demi já de pé o abraçando por trás e Joe assentiu gostando de como Demi estava o enchendo de carinho.



   - Vou pegar o meu suéter. – Disse Joe, e ele só se levantou depois que Demi selou os lábios nos dele.



   - A coisa foi boa. – Os arranhões nas costas do rapaz estavam explícitos, e quando Joe se levantou e caminhou para sala, não teve como não olhar, até porque as costas dele eram largas e todos aqueles músculos atrativos.



   - Você não tem noção. – Ronronou Demi quase derrubando o maracujá que lavava. – O que eu mais gosto é a forma como ele consegue ser tão gostoso e inocente ao mesmo tempo. – Joe podia ter mudado muito, mas aquela característica de inocência sempre o acompanhava no olhar e no jeito.



   - Espero que você saiba o que está fazendo. – Demi não entendeu a frase de Selena. Então a questionou com um olhar. – O chá, você sabe como faz? – Demorou alguns segundos para Demi processar a situação, e tudo que ela conseguiu responder foi um “Acho que sim”.



   - Você não está falando apenas do chá. – Afirmou Demi quando Selena a abraçou por trás para ajuda-la a manusear a maracujá.



   - Estou, Dem. – Às vezes Selena sentia a necessidade de proteger Demi, de aninha-la nos braços como se ali, pudesse cuidar da amiga. – Mas eu também espero que você tenha certeza sobre o Joe. – Disse baixinho abraçando Demi por trás. – Porque eu não quero continuar brava com ele. – Demi organizou o chá no bule e depois que o colocou na chama do fogão, virou-se para abraçar Selena.



   - Eu tenho. Eu acho que você não precisa mais se preocupar, eu tomei juízo, Sel. – Demi riu com o olhar que recebeu de Selena, mas não deixou de se aninhar a ela.



   - Eu realmente espero que sim, mas meus instintos de mãe estão mais aguçados que antes, então eu vou ficar no seu pé e vou te proteger. – Selena sorriu com a forma que Demi a olhou demonstrando como estava feliz e animada com a chegada do bebê.



   - Eu já disse que sou apaixonada por você? – Resmungou Demi envolvendo Sel num abraço apertado. – Muito apaixonada. Meus instintos de adolescente protetora também estão aguçados e se alguém se meter com você, vou fazer um escândalo. – Selena riu alto e retribuiu o abraço de Demi com gosto.



   - Você é uma boba, Demetria. – Era para ser uma reclamação, mas quando teve a barriga beijada, Selena sorriu porque gostava de quando as pessoas interagiam com o bebê demonstrando como ele já era amado.



   - Eu tenho a impressão que ele está crescendo muito rápido. – O comentário de Joe as pegou desprevenidas, mas também quebrou o clima estranho entre ele e Selena.



   - Acho que ele está mesmo. – Selena sorriu quando timidamente Joe levou a mão ao volume da barriga para acaricia-lo, e Demi pareceu radiante, pois ela sorriu de orelha a orelha claramente apaixonada pelo jeito tímido e fofo do namorado. – Está tudo acontecendo muito rápido. Eu tenho um bebê a caminho e estou noiva. – Eram os hormônios, Selena tinha certeza que era. Quando deu por si, as lágrimas já rolavam mostrando como ela estava emocionada.



   - Está, Sel. E nós estamos felizes por vocês. – Disse Demi sentando Selena na cadeira porque a amiga tinha desabado no choro. – Amor.. – Não foi preciso dizer mais nada para que Joe buscasse um copo com água para Sel. – Respira fundo, eu estou aqui para você. – A fala foi firme e confiante o suficiente para que Selena atendesse a instrução, respirando fundo por três vezes e logo relaxando. – Nós vamos organizar um casamento incrível. E você vai conseguir cuidar do seu bebê e da sua família, nós estamos aqui para te ajudar. Nós e o Ed. Você não está sozinha, Sel. – Demi esperou que Selena bebesse a água para enlaçar os dedos aos dela e olha-la fixamente nos olhos. – Pensamento positivo, está bem? – Quando Sel assentiu, Demi a envolveu num abraço apertado aproveitando para sussurrar palavras positivas a Selena e dizer que a amava.



   - Às vezes isso acontece. Eu fico emocionada e começo a chorar. – Disse Sel secando as lágrimas e sorrindo. – É muita informação para processar. – Explicou se acomodando a mesa junto a Joe para logo depois cortar uma bela fatia de bolo de banana porque geralmente depois do ataque de hormônios a fome a deixava sedenta.



   - Eu entendo. Muitas coisas estão acontecendo, e eu acho que a que mais impacta a todos é a chegada de um bebê. Eu ficaria muito emocionado, e não conseguiria parar de pensar em todos os detalhes desde a como seria o meu filho a escola que ele iria estudar, a profissão que iria seguir, a cor favorita. – Joe era um homem paciente e doce, e o ar de menino jamais o abandonaria, então as bochechas dele estavam quase sempre coradas e o olhar carregava inocência. Demi e Selena sorriram porque achavam o rapaz fofo! Demi principalmente, a vontade era de apertar o namorado e enchê-lo de beijos. – Mas eu não acho que seja legal para uma grávida pensar em tudo isso, você deveria relaxar e curtir a gravidez, senão vai passar rápido e as suas lembranças serão de preocupação. – Selena assentiu o olhando. Já Joe abraçou Demi a atrapalhando de servir o chá de maracujá.



   - Você está bem, Joe? – Perguntou Selena o analisando de forma curiosa e Joe assentiu corado e bebericando o chá.



   - Por enquanto estou bem. Estou tomando medicamentos para ajudar o meu coração a trabalhar de forma correta. – Explicou olhando exclusivamente para o pedaço de bolo no prato. – Vou fazer exames mais detalhados e eles vão avaliar com mais precisão se vou precisar ou não de um transplante. – Joe continuaria cabisbaixo se Demi não tivesse guiado a mão a dele e esboçado um sorriso, apesar de ela parecer triste, como forma de apoio.



   - Nós temos que pensar positivo. Todos nós. Tenho certeza que daqui alguns anos nós vamos conversar sobre essa época e dar boas risadas. – Demi sorriu com a própria colocação. Era que imaginar um futuro ao lado de Joe e Selena aquecia o coração e a deixava muito ansiosa.



   - Você é um cara legal, só não seja mais um idiota, Joe. – Demi não esperava que Selena fosse abordar Joe de tal forma. Porém também não podia julga-la, pois ela faria o mesmo com Ed, caso necessário.



   - Eu não vou ser. – Ele disse firme e educadamente olhando nos olhos de Selena. – Não vou mais machucar a Demi. – A troca de olhares entre os dois durou o tempo preciso para que Selena assentisse dando mais um voto de confiança para o amigo.



   - Ok, vamos comer. – Resmungou Demi porque não gostava daqueles conflitos, principalmente quando envolviam as pessoas que ela mais amava. – Nós podemos conversar sobre o casamento agora, Sel. Eu só vou para casa do meu pai mais tarde, por volta das oito ou nove da noite. – Disse a Selena. No tempo que tinham, por volta de três a quatro horas, dava para começar a decidir muitas coisas.



   - Bella me convidou para dormir lá essa noite, mas acho que esse momento de família é de vocês. – O ciúme incomodou, mas Demi decidiu que não deixaria aquele sentimento desagradável interferisse.



   - Você poderia ir, você faz parte da minha família, e vai ser divertido. – Demi e Selena sorriram quando se olharam, e Joe achou interessante como elas sempre se mostravam cúmplices.



   - Talvez. Também tenho que conversar com o meu amor sobre o casamento. Você tinha que ver como ele é participativo. Nós até discutimos sobre as cores. – A conversa entre elas rendeu e foi divertida, Joe até foi incluso em algumas partes. O rapaz queria ir embora para deixa-las mais à vontade, mas quem disse que Demi deixou? Mesmo conversando com Selena, ela ficou agarrada a ele o mimando com carinhos e aproveitando todo o tempo que eles tinham juntos.



***



O interior do carro estava escuro, vez ou outra era iluminado pelo farol de outro automóvel que passava na rua. O som ligado baixinho tocava More Than Words, o aquecedor ajudava as roupas de frio a manter o calor e os dedos estavam enlaçados. No tempo em que estavam parados do outro lado da rua da casa de Inácio, Joe e Demi trocaram poucas palavras. Aproveitavam para ouvir a música que tocava, se olhar e vez ou outra trocar beijos.



   - Tenho algo para você. – Disse Joe se erguendo do banco reclinado para alcançar o porta luvas.



   - Obrigada, querido. – Chocolate sempre seria bem-vindo. Joe deveria ter comprado mais cedo quando foi buscar o carro no apartamento para leva-la a casa de Inácio.



Abrir a embalagem não foi nada complicado, e logo um tabletinho estava sendo degustado por Demi. Joe a observou admirado. A namorada ficava linda de vermelho porque a cor da pele e do cabelo se destacava. E aquele sorriso? Ele teve a bochecha corada, o que o deixou tímido porque Demi sempre tinha aquele efeito sobre ele, mas não o impediu de se aproximar dela já acomodada ao banco para beija-la na boca sentindo o sabor que tanto gostava misturado ao do chocolate.



   - Você tem mesmo que ir? – Perguntou descansando a cabeça no ombro dela aproveitando para sentir o cheiro delicioso que vinha do cabelo castanho solto. – Dorme comigo hoje. – Ronronou a mordiscando na orelha e Demi murmurou manhosa.



   - Amor, eu tenho. – Por um pouco ela não passou para cima dele e o encheu de beijos quentes. – Amanhã nós dormimos juntos. – Disse de olhos fechados e de coração acelerado porque beijos no pescoço era o caminho para que ela cedesse a todas as vontades de Joe.



   - Eu vou sentir tanta saudade de você, tan..ta saudade. – Ele não podia gaguejar e olha-la todo carente! Demi murmurou manhosa e deixou que Joe a puxasse para cima dele. – Não quero ficar um minuto longe de você, pequena. – E novamente aqueles beijos no pescoço e as mãos firmes na cintura para enlouquecê-la.



   - Eu também vou sentir a sua falta, Joseph. Odeio dormir sem você, mas amanhã nós ficamos juntos. – Sorriram e trocaram um abraço apertado. – Agora eu tenho que ir. – Era a segunda chamada de Anna. Na primeira, ela tinha dito que já estava chegando, e bem, tinha passado uma hora de relógio e provavelmente elas estavam preocupadas.



   - Tudo bem. – O suspiro foi triste porque Joe queria ficar com Demi o tempo todo. Ela o fazia se sentir bem e o ajudava a pensar que tudo daria certo. – Amo você. – Disse depois que a beijou na boca, e o sorriso dela foi lindo.



   - Eu também amo você. – Demi o beijou na testa, na bochecha e depois na boca.



   - Vou te ajudar com as mochilas. – Não faria mal algum, até porque Demi tinha levado a coberta, travesseiro e uma mochila com roupas e objetos pessoais.



   - Eu queria que a Sel tivesse vindo, seria tão legal. – Comentou Demi enlaçando os dedos aos de Joe para que pudessem atravessar a rua juntos. Enquanto ela segurava o travesseiro, o rapaz tinha ficado responsável pela mochila e a coberta.



   - Seria bom para ela distrair. – Disse Joe dando os primeiros passos para atravessar a rua já que não vinha carro. – Mas o Ed está doente, e o Harry também. Eles precisam de cuidados. – Demi assentiu e segundos depois já estavam na calçada de Inácio.



   - Envia mensagem avisando quando chegar em casa. Vou te ligar mais tarde para dizer boa noite. – Disse o olhando nos olhos e Joe assentiu fazendo careta quando sentiu um floco de neve se derreter na ponta do nariz. – Tenha cuidado, Joe. E amanhã, vá ao médico. Prometo ir às próximas consultas com você. – Deu trabalho para abraça-lo, mas com muito jeito, Demi conseguiu envolver o pescoço de Joe com os braços e ele a cintura dela.



   - Prometo que vou cumprir todas as suas ordens, futura Sra. Jonas. – O nariz foi roçado ao dela e Demi sorriu de orelha a orelha ao mesmo tempo em que se sentia envergonhada.



   - Eu amo você, mas não quero abandonar o meu Lovato. – Resmungou Demi o olhando nos olhos e Joe arqueou uma sobrancelha surpreso.



   - Você pode incluir o Jonas. – Ele sorriu sapeca quando Demi assentiu pensativa. – Vou deixar você entrar, está muito frio aqui fora e não quero que você fique resfriada, bebê. – Estava muito frio e Joe se arrependeu por não estar usando a touca para proteger as orelhas.



   - Nós temos muito tempo para pensar nos nossos sobrenomes. – Disse Demi puxando o cabelo da nuca do namorado. – Eu amo você, tenha cuidado, amor. – O beijo que trocaram ajudou a aquecer, mas quando o vento soprou gelado, não teve calor bom o suficiente para disfarçar o desconforto causado pelo frio.



   - Também amo você, divirta-se. – Joe roubou um selinho e um beijo na bochecha. Mesmo estando nevando, Demi esperou que Joe atravessasse a rua e adentrasse o carro antes de bater à porta da casa de Inácio, pois se preocupava demais com o rapaz.



   - Eu já estava ficando preocupado. – Demi mal tinha batido à porta e logo ela estava sendo aberta por Inácio que a envolveu num abraço caloroso. – Você demorou, anjo. – Disse a olhando atentamente e Demi sorriu gostando da atenção que recebia.



   - Quase perdi a hora conversando com a Sel. – Dizer que estava com Joe? Jamais! Inácio a enxeria de broncas e Demi não queria ter que ouvir um sermão.



   - Tudo bem. Eu estou de saída. As suas irmãs fizeram uma lista enorme de coisas que tenho que comprar no supermercado, volto daqui a pouco. – A sorte de Inácio era que o trabalho gerava bons lucros, não o suficiente para gastar com coisas superfulas, mas eles não passavam dificuldades financeiras, e o melhor de tudo era que a vontade das filhas sempre era atendida com muito prazer e amor. – Você quer alguma coisa? – Perguntou arrumando a jaqueta ao corpo para depois ajudar Demi a colocar a coberta e o travesseiro no sofá.



   - Marshmallows, Tubes e tijolinho de morango. – A vontade de comer besteira sempre falava mais alto. Havia tantos alimentos saudáveis e mais gostosos a escolher, mas tudo que veio em mente foram os doces.



   - Mais alguma coisa? – Perguntou Inácio anotando o pedido no celular. Ele tinha perguntado a cada uma das filhas, e a lista de compras estava grande e muito peculiar.



   - Brownies. – Disse Demi pensativa e Inácio assentiu.



   - Vou trazer muitas verduras e legumes. Vocês estão comendo muitas besteiras. – Até Alicia tinha pedido doces, e as outras alternavam entre biscoitos, massas e embutidos. Ninguém tinha pedido algo saudável. – Daqui a pouco eu estou de volta. – Quando a porta da sala foi fechada, Inácio guardou o celular no bolso da jaqueta e se apressou para chegar ao carro. Ele tinha muitas coisas para comprar, mas primeiro faria uma visita a Joseph. Mais cedo, a preocupação com Demi o incomodou tanto porque a filha estava demorado a chegar, então a cada dez minutos ele espiava pela janela da sala com a esperança que Demi chegaria logo, e quando a viu, ela estava com Joe.



A questão era: ninguém brincaria com uma das filhas dele novamente. Já não bastava Bella ter tido o coração partido pelo primeiro namorado, e agora Inácio não deixaria que Joe brincasse com os sentimentos de Demi por nada! Ele tinha escutado boa parte da conversa da filha na noite passada contando as irmãs como estava triste e chateada por Joe ter a traído, e aquilo não ficaria daquela forma. Demi até poderia perdoar o rapaz, mas Inácio não o faria..



Seguir o carro que Joe dirigia não foi nenhum problema, naquele horário o transito estava cheio e os carros ficavam parados por longos períodos nas sinaleiras e o típico congestionamento que vivia em toda cidade grande. Por alguns minutos, Inácio estranhou o caminho traçado pensando que o rapaz seguia para casa de uma nova amante ou Deus sabe lá o que... E conforme os minutos se passavam e os quilômetros eram percorridos, o alívio o preencheu porque estavam perto do Rockfeller Center, região onde Demi e Joe moravam.



O plano era abordar Joseph ainda no hall do prédio, quem sabe até fora dele para evitar tumulto. Mas quem disse que foi possível? Enquanto ele teria que estacionar na rua, o carro escuro de Joseph adentrou a garagem subterrânea sumindo de vista. Mil vezes droga! E ainda começaram a buzinar logo atrás. Tinha cenho mais franzido que o de Inácio? Nem mesmo praguejar todos os palavrões que conhecia o deixou mais aliviado, e para completar só tinha vaga perto do apartamento de Demi, o que significava que ele teria que andar até o apartamento de Joe debaixo daquela nevasca! Valia a pena? Ah sim, valia! Era a filha dele!



Num vacilo do porteiro, Inácio adentrou o prédio e não parou de caminhar quando o homem começou a chama-lo constantemente “Senhor? Senhor!”. A saída mais rápida foi o jogo de escada. A sorte era que o apartamento do ex-genro não ficava nos andares superiores visto que o prédio também não tinha muitos pavimentos. Esconder-se num quartinho de bagunça enquanto o porteiro olhava para os lados e conversava no walk-talk foi uma jogada de risco, mas ao menos o despistou já que o pobre coitado resolveu subir o próximo jogo de escadas. Demi que o perdoasse, e quem sabe pela primeira vez a ficha na delegacia apresentaria alguma infração a lei. Algo como invasão a propriedade privada e talvez agressão.. verbal ou física..



Os segundos estavam sendo cautelosamente contados até que o porteiro e os demais seguranças o encontrassem já que nos corredores havia câmeras. Então como abordaria o garoto quando ele abrisse a porta? Agora não tinha mais tempo a pensar. Deixaria que o instinto falasse mais alto. As batidas à porta foram precisas e em bom som que chegava fazer a madeira envernizada vibrar a ponto de balançar. E quando Inácio ouviu a voz feminina, o sangue ferveu! Não era que Joe estava traindo Demi, novamente? Aquele garoto se fazendo de tímido nunca o enganou!



   - Pois não?! – Laura tentou não mostrar como estava perplexa com as batidas, pegou Lucy no colo para que a cadelinha não fugisse e encarou o homem a frente com uma sobrancelha arqueada.



Acontecia que a mulher era linda! Os olhos eram de um verde misturado ao azul, algo que Inácio não conseguia distinguir perfeitamente. Pareciam olhos de gatos, e eram lindos! Tão lindos quando a dona. A pela clara parecia macia e suave como um pêssego contrastando com o cabelo escuro longo e volumoso. Era uma mulher e tanto, uma mulher que deveria ter mais de trinta anos! Não uma menina como Inácio tinha pensado.



   - Aqui é o apartamento do Joseph? – Perguntou depois de engolir em seco e desconfortavelmente coçar o cabelo da nuca. Ele já sabia a resposta. Era o apartamento do rapaz e a cadelinha nos braços daquela linda mulher era Lucy, a paixão de Demi.



   - Sim, o meu sobrinho. – O alívio que o preencheu foi porque Joe não estava traindo Demi ou porque a mulher possivelmente era solteira, já que não usava aliança? No mesmo instante Inácio se repreendeu porque ele amava Dianna e era com ela que ficaria.



   - Sou o pai da Demi, queria dar uma palavrinha com o garoto. – Não soou tão intimidar como Inácio gostaria, até porque ele não tinha coragem de ser rude com a mulher. – Inácio Lovato. – Apresentou-se segundos depois se sentindo terrivelmente envergonhado e sem graça porque ele não tinha parado de olhar para Laura e nem ela tinha desviado o olhar do dele.



   - Laura Jonas. – Apresentou-se dando espaço para que Inácio pudesse entrar. – Algum problema? – Perguntou Laura de cenho franzido quando o porteiro surgiu acompanhado de mais dois homens antes que ela pudesse fechar a porta.



   - Esse senhor invadiu o prédio. – Disse o porteiro de olho em Inácio, e Laura arqueou uma sobrancelha.



   - Está tudo bem, ele é amigo da família. – Disse Laura tentando interver que os seguranças arrastassem Inácio do apartamento.



   - Está tudo bem. Daqui a pouco ele vai descer. – Joe voltava do quarto quando ouviu toda a movimentação. Tinha acabado de aplicar insulina porque a sopa de Laura estava no fogo e ela o obrigaria a comer tudo sem reclamar.



Ficou muito claro que a responsabilidade da breve estadia de Inácio ficou por conta de Joseph, já que ele era o contratante do imóvel. Então, caso acontecesse algo grave, não seria culpa da direção do prédio, e muito menos do porteiro e seguranças. Resolvido o mal entendido, Joe fechou a porta do apartamento e não soube o que dizer ao olhar para Inácio.



   - Posso ajuda-lo? – Perguntou um tanto sem jeito e tímido porque o pai de Demi sempre o intimidaria. – Está tudo bem com a Demi? – Perguntou assimilando que a invasão de Inácio poderia significar que ele estava desesperado para contar algo ruim, mas pela expressão do sogro, não era aquele fato que o dirigiu até ali.



   - Está tudo bem. – Apressou-se Inácio a responder lançando um duro olhar a Joseph porque não seria Laura, apesar de toda beleza, que o impediria de dar uma dura no rapaz. – Podemos falar.. Só nós dois? – Bem, não seria hipócrita de dizer que Laura estava o amansando indiretamente quando o olhava.



   - Estarei na cozinha se precisar de mim. – Disse Laura olhando para Joe, e ele assentiu logo voltando à atenção para Inácio.



   - Eu não vou te dar uma surra em respeito a sua tia, mas é melhor você ficar longe da minha filha antes que eu.. – Foi difícil controlar a respiração, Inácio ficou próximo a Joe a ponto de o nariz quase roçar o do rapaz. – Eu quero você longe da Demi, ouviu? Não é uma brincadeira, eu estou realmente falando sério. – Resmungou grosso ainda tentando se controlar para não dar boas palmadas em Joe.



   - Eu não vou ficar longe dela. – Desafiador? Joe sabia que sim, mas não seria Inácio que o afastaria de Demi, aliás, ninguém seria capaz de separa-los, principalmente no momento que ele mais precisava do apoio e carinho da namorada. – Eu a amo. É recíproco. Não vou deixa-la por um capricho seu. Só vou ficar longe da Demi no dia que ela decidir que não quer mais me ver. – Joe ergueu um pouco o queixo não se deixando intimidar pela fúria estampada nos olhos do pai da amada e nem pelo porte físico do homem.



   - Se você a ama, como você teve coragem de traí-la na primeira oportunidade? Como você tem coragem de dizer que a ama? – A respiração de Inácio foi quente, os punhos estavam cerrados e o cenho franzido.



   - O que aconteceu foi um erro que eu não pretendo nunca mais cometer. – Disse Joe tentando soar o mais firme e sério possível. – Aconteceram muitas coisas que você não tem noção, é uma longa história e eu até posso contar, mas você tem que prometer que vai ouvir tudo. – Não custava nada tentar contar para Inácio sobre o quase beijo com Evelyn e a de fato traição com Rose, que Joe nem mesmo se lembrava.



   - Eu não sou idiota e não vou perder o meu tempo ouvindo as suas ladainhas. – Resmungou Inácio ríspido e sem paciência. – Fica longe da minha menina. Está avisado. – O esbarrão foi inevitável, e Joe se desequilibrou tendo a sorte de cair no sofá enquanto observava o pai de Demi sair furioso do apartamento.



***



   - Vamos repassar o plano. – Cochichou Bella sustentando o olhar das cinco irmãs. O espaço no quartinho da bagunça era muito apertado, mas estavam reunidas para discutir o que fariam quando o relógio marcasse meia noite indicando que já era dezenove de Dezembro, o aniversário de Megan. – Alicia vai brincar com a Meggy, está bem bebê? – Quem ousaria em desafiar a pequena Alicia e não incluí-la aquela reunião? Não era porque ela era um bebê que deixaria de ajudar as irmãs. A pequena olhava atentamente para Bella e quando assentiu sorrindo sapeca, arrancou um suspiro em conjunto das irmãs que por um pouco não a sufocaram junto a Demi com abraços e beijos exagerados. – O Scott vai trazer o bolo às onze e cinquenta. Nós vamos assistir à televisão como já combinamos com a Meggy e o papai, não vamos comentar sobre o aniversário dela. Hann, o sofá em frente a tevê é da Megan hoje, fica melhor para eu passar com o bolo porque ela não vai me ver. – A careta de Hannah e o revirar de olhos era porque o sofá que ficava em frente à televisão era confortável e o motivo de disputa entre ela e Megan.



   - Eu não posso ceder tão fácil, ela vai desconfiar se não rolar nenhuma briguinha. – Disse Hannah esboçando um sorriso tão sapeca quando o de Alicia. E ela tinha razão. Megan era desconfiada demais e não era de costume Hannah ceder.



   - Hann tem razão, Bella. Elas têm que brigar. – Disse Amber atenta ao plano porque não queria que nada desse errado porque ela queria mostrar a Megan, sua então protetora e melhor amiga, como ela era importante e amada.



   - Tudo bem! Nada muito exagerado, não queremos que o papai puxe a orelha da Megan. Ele já está bravo com ela. – Bella tinha razão. Mais cedo, quando conversaram sobre o aniversário de Megan, Inácio não demonstrou a típica animação para agradar e celebrar a data do nascimento da filha. Razão de estar chateado pelo comportamento agressivo e justiceiro de Megan com os colegas de escola, e porque a menina realmente aprontava. – Lembrando que o nosso objetivo é mostrar como Megan é importante e como nós a amamos. – Elas assentiram se olhando e acabaram sorrindo orgulhosas porque era muito bom fazer parte daquela irmandade onde, através da cumplicidade, amor e amizade, sentiam-se completas e felizes.



   - Então está combinado? – Disse Anna conferindo a reação das irmãs que tornaram a assentir.



   - Garotas? – Era a voz de Megan. Então elas ficaram tão quietas e atentas a não fazer nenhum movimento quando ouviram os passos da irmã próximos ao quartinho. – Garotas? – Megan chamou, mas a voz já estava distante porque certamente a menina caminhava em direção à sala.



   - Uma de cada vez. – Disse Hannah baixinho. – Umas na sala e outras na cozinha. – Foi feito como a menina disse. Amber e Anna seguiram na ponta dos dedos dos pés para sala, assustando a Megan que já estava deitada no sofá e mexendo no videogame portátil. Alicia e Demi foram para a cozinha e quando adentraram a sala, já que o caminho era diferente do quartinho de bagunça, não assustaram Megan. Hannah e Bella desceram minutos depois como se conversassem sobre algo muito interessante e envolvente, o que atiçou a curiosidade Megan.



   - Vocês estão conversando sobre homens, só pode. – Murmurou a menina emburrada porque ela tinha tentado acertar o que tanto entretinha as irmãs. – Eu nem sei por que estou tentando descobrir, deve ser algo nojento e obsceno. – Tornou a murmurou se jogando no sofá emburrada. – Eu estou entediada. – Bem, foi um grito que pegou a todas de surpresa. Às vezes Megan tinha aquelas manias. Irritada, a menina se deitou no tapete da sala na esperança de levar uma senhora bronca de Anna, que nem mesmo a olhou já que estava concentrada mexendo no celular.



   - Nós só estamos esperando o papai voltar para começarmos a maratonar séries. Você não vai dormir, vai? – Perguntou Demi olhando para Megan, e a menina arqueou uma sobrancelha e sorriu esperta.



   - Eu sempre sou a última a dormir. – O sorriso de Megan mostrava como ela se orgulhava da então resistência ao sono. – Nós deveríamos apostar em quem vai dormir primeiro e quem vai dormir por último. – Disse a menina animada com a ideia discutir com as irmãs sobre algo que geraria assunto, risadas e muita disputa.



   - Aposto que vou dormir primeiro. – Disse Amber, o que resultou em risadas.



   - Errado. Alicia primeiro, depois você. – Megan sorriu satisfeita com o olhar ameaçador que recebeu de Anna. Ela até já podia ouvir a irmã mais velha falando astutamente em como o tapete estava cheio de bactérias que poderiam fazer mal a saúde.



   - Eu acho que vou dormir agora mesmo, estou cansada. – O comentário de Hannah era de pura estratégia para que mais tarde Megan não desconfiasse de nada quando ela cedesse à disputa do sofá. – Vocês são umas vacas! – Resmungou a menina realmente magoada com a enxurrada de almofadas que foi atingida.



   - Vocês não acham que o papai está demorando? – Disse Anna olhando a hora no relógio. Iria dar nove horas e desde as oito Inácio estava no mercado comprando o que elas tinham pedido.



   - Eu estou tentando não pensar nisso. – Resmungou Bella caminhando na direção da janela para espiar o movimento da rua por entre as persianas. – Eu estou morrendo de fome. – Murmurou frustrada porque na rua o movimento de carros era pouco, estava nevando e a luz amarelada dos postes iluminava parcialmente as árvores secas de folhas em ambos os lados da via.



   - Cozinha pra gente, Bella! – Disse Hannah olhando para irmã. – Cozinha pra gente, Bella! – Tornou a dizer influenciando as irmãs a apoiar a campanha. Era uma droga! Isabella fuzilou Hannah com um olhar porque todas pareciam realmente interessadas numa das especialidades das garotas.



   - O papai chegou. – Resmungou Bella de mau humor porque ela não queria cozinhar para aquelas garotas. Elas eram exigentes demais. Cada uma tinha uma peculiaridade e quase sempre acabavam discutindo sobre os ingredientes que a cozinheira da vez poderia ou não usar nos pratos.



Aquele com certeza era o espírito de família. Enquanto Inácio, Hannah e Bella descarregavam as compras do carro, Demi e Anna organizavam a sala para a noite de séries colocando os colchões sobre o tapete, que foi forrado com dois lençóis grossos, buscando as cobertas e travesseiros que as deixariam confortáveis e bem aquecidas. Já Amber e Megan buscavam pelas bacias para abrigar a pipoca, os copos para as bebidas e aproveitavam que as compras não tinham sido guardadas para pegar o que precisavam para montar sanduiches e outros alimentos.



   - Bell, faz, por favor, muffins. – Resmungou Hannah abraçando a irmã. – Por favor, Bell. – Isabella revirou os olhos porque não tinha como escapar das irmãs. Elas começaram a chama-la por apelidos carinhosos e não paravam, até que ela cedeu vencida assentindo com a cabeça.



   - Eu vou fazer, mas do meu jeito. – Disse Isabella antes que alguém surgisse com uma receita maluca. – Vocês não querem comer um muffim apimentado, ou querem? – Perguntou as olhando e quando elas negaram, Bella sorriu porque realmente colocaria pimenta no bolinho, caso as irmãs a deixasse louca.



   - Vocês não acham que tem coisa demais para comer? – Inácio colocou a quinta caixa de leite sobre a mesa da cozinha e tirou o casaco. Toda aquela movimentação tinha o aquecido tanto, que sentir frio era uma boa ideia.



   - Não mesmo. – Anna não era de comer besteiras, mas daquela vez a moça degustava concentradíssima um belo donut acompanhado com doritos. – Vai ser a nossa noite, e comer dá muita fome. – Murmurou distraída e só depois percebeu o que tinha dito. – Quer dizer, assistir dá muita fome. – Anna franziu o cenho quando mordeu o doritos porque o gosto era fantástico.



   - Tudo bem. – Disse Inácio estranhando o comportamento da filha, mas no fundo estava satisfeito por presenciar Anna se permitindo a se divertir com as irmãs, geralmente ela estava mais focada no curso e no hospital que mal ficava em casa. – Eu preciso de ajuda para guardar o resto do leite. – As ajudantes eram comilonas: Hannah e Amber, mas não precisou de mais de um chamado para ajudarem o pai com as caixas de leite.



   - Vocês já sabem o que nós vamos assistir? – Perguntou Demi se espreguiçando, e o movimento resultou em algo que ela vinha evitando desde que estava na casa do pai: o cabelo repousado no ombro esquerdo se movimentasse para trás mostrando o chupão no pescoço.



   - Talvez Game of Thrones. – Pelo olhar de Megan, Demi soube que a menina usou a série e a sobrancelha arqueada para pirraça-la indiretamente sobre o chupão. – Ou Outlander. – Disse a menina novamente e no estante seguinte revirou os olhos porque Hannah tinha a chutado “discretamente” na canela.



   - Eu acho que nós podíamos assistir Pretty Little Liars ou Gossip Girl. É sobre meninas mentirosas e traiçoeiras que não sabem fechar a boca. – Ah não. Elas iriam brigar. O comentário de Hannah foi o estopim para que a briga da noite estivesse de fato confirmada e real.



   - Acho que vocês precisam assistir algo mais educativo. – Resmungou Inácio firme cortando o clima de atrito entre as duas meninas. – O que vocês acham de Senhor dos anéis? – Perguntou distraidamente e enquanto três meninas fingiam chorar, as outras três mostravam-se animadas. – Harry Potter? – Sugeriu e a ideia pareceu agradar a todas.



   - Dark é muito legal. – Comentou Demi se lembrando de que tinha visto o primeiro episódio da série com Joe, mas os dois acabaram dormindo. – A primeira temporada de Stranger Things também. – Ela já tinha visto quase todas as séries populares, e gostava de reassistir algumas para descobrir detalhes que não tinha os notado na primeira vez.



   - Eu ouvi falar, parecem legais. – Disse Megan. – Gosto de The 100 e Breaking Bad. – O que assistiriam de fato deu muito trabalho a ser escolhido, cada uma tinha uma série muito boa e a lábia melhor ainda para tentar convencer a todos que deveriam assistir a série. Acabou que chegaram a conclusão que assistiriam Dark e Anne With An.



   - Está muito perto das onze. – Disse Demi a Bella observando os pratos carregados de muffins que tinha acabado de sair do forno. – O bolo não é muito grande, é? – Não tinha como resistir a gotas de chocolate, e quando o doce derreteu na boca, Demi ronronou satisfeita.



   - Não muito. – Disse Bella colocando mais muffins no prato. – Tem velinhas e está confeitado com chantilly cor de rosa de leite em pó. É só para cantarmos parabéns no início do dia, amanhã à noite nós podemos sair para comemorar ou fazer uma festa com mais bolo e docinhos, se a Meggy quiser. – Era por aquele motivo que as meninas sempre pediam para que Bella cozinhasse. Além de os muffins estarem deliciosos, a moça tinha uma visão gastronômica muito ampla e que sempre envolvia guloseimas maravilhosas.



   - O papai já está aqui! – Disse Amber da sala. Só faltavam os muffins e Inácio, que foi tomar um belo e demorado banho, para que começassem a maratona de séries. Tinham combinado que assistiriam um episódio de Dark e na sequência um de Anne With An.





   - Vai ser divertido Dem. Megan é implicante, mas essa noite é muito especial para ela. Nós estamos juntas rodeadas de fartura e cobertores quentes. Não tem como ser melhor. – Podia. Claro que sim, e Demi sentiu o coração doer no peito porque o olhar de Bella foi triste. Se a mãe delas estivesse viva, o momento seria realmente especial.



   - Vamos nos divertir. – Sorrindo gentilmente, Demi pegou uma dos pratos sobre a mesa para ajudar Bella.



As lâmpadas apagadas, a televisão enorme e todas aquelas cobertas e comidas eram a melhor coisa que existia! Demi ficou empolgada quando o primeiro episódio de Dark começou, e a felicidade era grande a ponto de um sorriso estar estampado nos lábios dela que nem tinha o notado. O sentimento estava em função daquele acolhimento e cumplicidade simplesmente emocionantes, eles eram uma família de verdade onde existiam: o amor, o carinho e a proteção que compartilhavam.



   - Dem, me ajuda na cozinha? – Se não tivesse assistido ao primeiro episódio de Dark, a curiosidade de Demi estava ainda mais aguçada e ela não teria escutado a voz de Bella, então assentiu porque já sabia do que se tratava.



   - Traz chocolate, Bell? – Pediu Anna manhosa assim que a irmã gêmea se levantou. Em quase uma hora, a pipoca, vale ressaltar que era uma boa quantidade visto que estava em bacias, já tinha acabado. Havia muitos outros pratos e guloseimas que também já estavam sendo devorados.



   - O Scott está aqui nos fundos. – Disse Bella a Demi baixinho acendendo a luz da cozinha. – Alicia está começando a bocejar de sono, quero que ela participe também da surpresa, se demorar mais, ela vai cochilar e chorar quando for chamada. – A bebê da casa era toda manhosa e esquemática, então não era sempre que podiam contar com a pequena, principalmente quando ela estava com sono ou chupando bico.



   - Eu vou ficar vigiando a cozinha como combinamos? – Perguntou Demi também baixinho e Bella assentiu vestindo o casaco pesado e felpudo para poder abrir o portão sem que o frio a maltratasse muito.



   - Se Megan aparecer, você me liga. – Não era possível que a menina fosse à cozinha naquele prazo especial, seria muito azar, mas Bella estava confiante que Megan não se levantaria do sofá por qualquer coisa, teria que ser uma boa causa. Mais cedo a briga com Hannah por causa do móvel foi realmente séria e foi preciso Inácio se intrometer porque as duas acabariam trocando bons tapas, mas no final Hannah cedeu, mesmo emburrada, porque fazia parte do plano.



   - Coisa gostosa, eu estou sentindo muita a sua falta, queria estar agarrada a você exatamente agora sentindo os seus carinhos e quase derretendo de paixão com a forma que você me olha. Foi muito corrido aqui, por isso não consegui ligar, espero que você me desculpe, amor. Tenha uma excelente noite, Joe. Descansa bastante, se alimente bem e amanhã dê prioridade total para sua consulta. Nós vamos vencer tudo isso juntos. Amo muito você. Estou ansiosa para nos encontramos amanhã. Mais uma vez, amo você. Cuida da nossa menina. – A mensagem de voz não foi longa. Demi queria mesmo era ligar para Joe porque a mensagem que ele deixou a fez sorrir de orelha a orelha, mas estava muito tarde e poderia comprometer a surpresa de Megan porque com certeza a ligação seria demorada.



“Não consigo parar de pensar em você. De fantasiar o seu cheiro e o seu gosto. E eu não quero parar de pensar em você. Estou cheio de saudade, e não tem nem vinte e quatro horas que nos vimos, aliás, nem mesmo a metade da metade disso. Meu vício é você, princesa. Tenha uma boa noite e divirta-se muito com a sua família, Dem. Estou feliz por você e ansioso para te ver. Amo você, tenha cuidado e fica com Deus!” – Joseph. Na mensagem, Joe decidiu que não contaria nada sobre a visita de Inácio, aliás, o rapaz nem sabia se tocaria no assunto porque não queria nem cogitar futuras brigas.



   - Demi? – Demi relia a mensagem de Joe, mas assim que ouviu o sussurro da irmã, abriu a porta para dar passagem a Scott e Bella. – Fica discretamente na entrada da cozinha. – Só daquela forma para barrar Megan. Demi assentiu e quando se aproximou da entrada da cozinha, fez um sinal positivo porque todos na sala estavam concentrados no primeiro episódio de Anne With An.



A mensagem era o sinal. Tinham combinado que quando faltassem dois minutos para a meia noite, Bella enviaria a mensagem no grupo da festa e os celulares vibrariam para que todos ficassem cientes que já estava quase na hora, exceto Megan. Era muita emoção! A única festa surpresa que Demi já tinha estado foi na de Selena anos e anos atrás, mas eram estilos de festas bem diferentes. De coração acelerado, Demi ficou aflita observando a hora no celular. Eram onze e cinquenta e oito, quase nove. Bella se despedia de Scott com um senhor beijo, e assim que o rapaz saiu, faltavam menos de trinta segundos para a meia noite.



   - Preparada? – Perguntou Bella depois de acender as velinhas e Demi assentiu ainda mais ansiosa.



O bolo retangular estava confeitado de chantilly cor de rosa, havia velinhas com o número quinze e plaquinhas com o nome de Megan e frases carinhosas e engraçadas sobre a aniversariante. Para melhorar o plano da surpresa, Inácio desligou a televisão deixando toda a sala extremamente escura para posteriormente ser iluminada pelas velinhas do bolo e os parabéns calorosos cantados para Megan.



A menina ficou literalmente surpresa e um pouco assustada, mas profundamente agradecida e emocionada, dava para perceber apenas pelo olhar. Foi de partir o coração quando ela enxugou as lágrimas, mas depois sorriu começando a bater palmas e a cantar junto com as irmãs e o pai, soprou as velinhas causando gargalhadas porque elas ficaram literalmente no escuro e Alicia gritou assustada o nome do pai porque estava com medo.



   - Eu amo vocês! – Disse Megan toda sorridente olhando para o bolo no colo sustentado pela travessa de vidro que ela jurava que deixaria cair a qualquer momento, caso alguém não a ajudasse. – Como vocês fizeram isso sem eu descobrir? – Perguntou pensativa porque ela estava a par de tudo que acontecia naquela casa.



   - Esse segredo nós não vamos contar. – Inácio sorriu emocionado olhando para filha, aproximou-se da menina a ajudando a colocar o bolo sobre a mesinha e o que ele disse para Megan por cerca de cinco minutos foi segredo! Só dava para ouvir os cochichos de Inácio, mas todas sabiam que ele disse coisas boas, já que Megan sorria e assentia olhando admirada para o pai.



   - Vamos tirar uma selfie agora! – Não era uma pergunta, Hannah pegou o celular e muito animada, pediu que as irmãs e o pai se organizassem para a primeira selfie de muitas que vieram.



   - De quem vai ser o primeiro pedaço? – Perguntou Amber tão tímida e ansiosa para que Megan a presenteasse com a primeira fatia do bolo, geralmente aquela fatia era a mais importante e legal de se receber.



   - Música de suspense. – Aquelas meninas eram engraçadas e bobas demais. Quem puxou o coro de “música de suspense” foi Hannah tentando imitar o som, para depois Bella acompanha-la junto a Alicia. Acabou que todos gargalharam porque estava tão desafinado e a pequena Alicia se empolgou demais com os “Tchã nã nã! Tchã nã nã!”.



   - Vocês não podem fazer isso comigo. – Disse Megan colocando uma mecha do cabelo longo atrás da orelha e olhando para as irmãs. Não tinha como escolher uma delas para entregar a primeira fatia de bolo. Não existia uma mais importante que a outra. Todas eram especiais para Megan por igual. – Não posso escolher entre as minhas melhores amigas. – Disse a menina arrancando suspiros das irmãs, então o primeiro pedaço de bolo foi para Inácio, que sorriu larga e verdadeiramente com o beijo carinhoso na bochecha que ganhou da filha.



   - Eu quero uma foto de vocês. – Foi Inácio falar que as sete meninas se organizaram envolta de Megan e sorriram para o pai, que muito orgulhoso e feliz as fotografou pensando que seria o mais novo papel de parede do notebook.



Quando a algazarra do bolo já havia acabado, restou voltar a assistir a série. Então veio mais um episódio, depois mais outro e assim por diante. Certa de três horas da amanhã, Inácio subiu e se despediu das filhas com um sonolento boa noite. Estava muito tarde para quem acordaria para trabalhar cedo, e Alicia dormia nos braços do pai há tempos! O sono também chegou para Bella, depois Megan foi incrivelmente vencida, para depois Demi, que começou a cochilar escorada em Hannah. Só foi uma pena que o movimento rápido da gêmea mais nova se levantando e caminhando apressadamente sobre o colchão só se lembrando de que as pernas das irmãs descansavam ali quando já tinha as pisoteado, o que resultou em muitos múrmuros mal-humorados e sonolentos.



   - O que aconteceu? – Perguntou Isabella se erguendo e de cenho franzido, o cabelo castanho claro desgrenhado e a bochecha esquerda marcada pelo tecido do sofá em listras.



   - Anne estava com pressa. – Murmurou Megan incomodada por ter sido acordada, e Bella quase voltaria a dormir como Meggy, só não o fez porque o barulho que Anna tinha feito mostrava que ela não estava bem.



   - Dem? – Demi não estava dormindo, mas também não sabia se estava acordada. O corpo estava mole demais, os pensamentos viajando entre a realidade e o mundo dos sonhos. Mas ao ouvir a voz da irmã, Demi murmurou um “Hum?” e se ergueu. – Acho que Anna não está bem. – O instinto de proteção de Isabella alarmou no peito. A moça se levantou o mais rápido que conseguiu, calçou as pantufas e seguiu para o corredor que levaria para o quarto.



Ao perceber a movimentação da irmã, Demi fez o mesmo. Não deu nem tempo de calçar as pantufas, ela ajeitava uma no pé direito para subir o degrau da escada que levaria para o quarto das gêmeas quando percebeu que Bella e Anna não estavam no cômodo. A luz do banheiro do corredor estava acesa, e dentro dele, Anna estava parada em frente ao vaso sanitário. A cena não era nada bonita, enquanto Megan segurava o cabelo castanho da irmã gêmea, a mesma vomitava. Atordoada, Demi se aproximou e segurou firmemente a mão de Anna quando a moça pediu através de um gesto, pois além de enjoada, também estava tonta e fraca. Segundos depois, quando finalmente pensaram que tudo já tinha sido posto para fora, Anna respirou fundo, mas o cheiro de lavanda do banheiro só intensificou o enjoo, conduzindo-a a vomitar mais uma vez.



   - Respira fundo. – Disse Demi calmamente ajudando Bella a guiar a irmã para a pia, e depois de obedecer às instruções da irmã, Anna guiou a mão trêmula para abrir a torneira. A água estava muito gelada, mas a ajudou a despertar e mandar embora uma parte da sensação ruim que sentia.



   - O que aconteceu? – Perguntou Amber ao lado de Hannah abrindo a porta do banheiro e as três só não ficaram assustadas porque estavam preocupadas.



   - Não foi nada, pequeno grilo. – A voz de Bella carregava tranquilidade e o carinho necessário para que ninguém ficasse afoito. A moça era gentil, carinhosa e tinha um coração muito grande e acolhedor.



   - Calma. – Foi à vez de Demi quando Anna sentiu que vomitaria novamente. Estava demais! Só de olhar para Anna, era de perceber como a menina era saudável. O cabelo tinha um brilho que destacava o castanho. A pele clara e sardenta era rosada e os lábios destacavam-se por serem avermelhados. Pálida. Lábios esbranquiçados e feições cansadas. Parecia até mesmo aquela Anna que chegava dos plantões no hospital e se enfurnava no quarto para estudar toda madrugava.



  - Eu estou melhor. – Soou muito fraco, choroso e cansado. O silêncio que veio depois foi desconfortável e sufocante. Demi nunca tinha passado por aquele tipo de situação com as irmãs, estava tão estranho que a gota de água caindo da torneira foi um evento superinteressante de se assistir.



   - Amb, vai deitar com a Meggy. – Disse Hannah à irmã mais nova ao perceber que o assunto não era adequado para uma menina de doze anos. – Anne. – Chamou a irmã e quando Anna a olhou aparentemente confusa e cansada, Hannah colocou uma mecha do cabelo atrás da orelha e olhou para Demi e Bella. – Sua menstruação está atrasada? – Aquela pergunta foi pior que uma sequência de socos no estomago, e assim que tinha dito as palavras, Hannah quis sumir porque ela não queria que ter que fazer aquele tipo de pergunta a irmã mais velha. Se antes o clima dentro do banheiro estava estranho, passou de desconfortável a palpavelmente tenso.



“Sua menstruação está atrasada?”. Ninguém deveria fazer aquela pergunta para uma mulher sexualmente ativa. Ninguém deveria fazer aquela pergunta para uma mulher que tinha acabado de vomitar a enorme e mais louca variedade de comida consumida compulsivamente nas últimas horas. O raciocínio de Anna era sempre muito lógico e rápido, trazia as melhores e eficazes soluções. A moça usou os dedos trêmulos para ajudar a contar, mas a emoção estava lá para atrapalha-la. Tudo virou uma bagunça e Anna não sabia nem mesmo responder quanto que era dois mais dois.



   - Vamos para o quarto. – Disse Isabella tão tensa quanto Anna. Sempre que uma ficava adoentada, parecia que afetava duas vezes ou até mais a outra. Grudadas e cúmplices, as gêmeas caminharam em direção ao quarto abraçadas de lado, e logo atrás vinha Demi e Hannah.



   - Eu estou um pouco confusa. – Manifestou-se Anna pela primeira vez. Não tinha cinco minutos de relógio que descansava a cabeça no ombro de Bella. Mas parecia que tinha se passado uma eternidade. Por que diabos à noite tudo era tão silencioso e intenso? – Eu acho que três dias. – Era a tão resposta temida, mas Anna apostava que tinha calculado errado porque não conseguia pensar direito.



   - Por via das dúvidas eu tenho um teste no meu quarto. – Hannah, cala essa maldita boca! A menina gritou consigo mesma mentalmente porque a cada vez que ela falava uma palavra, o clima só piorava entre elas. – Sobrou daquela vez que eu achei que est.. Eu vou buscar. – O olhar mortal de Bella era para ela calar a boca ou buscar o bendito teste? Hannah não fazia ideia, só saiu do quarto porque sentia a vontade de se desintegrar no ar como alguns dos personagens de Guerra Infinita. Que clima tenso!



   - Pode ser uma indigestão alimentar?! Anna? – Quando Hannah adentrou o quarto trazendo o teste na caixinha, a vontade de Bella era de gritar com a menina, mas ao fazer a pergunta, a esperança era que Anna respondesse prontamente porque ela era noventa e nove por cento médica e deveria saber diagnosticar aquele tipo de complicação após o consumo de alimentos.



   - Não estou com todos os sintomas. – O que Anna apresentava estava bem longe de indigestão alimentar.. Apetite fora do normal e desejo sexual elevado. Agora enjoo. Significava algo, e Anna só teria todas as respostas se testasse e estudasse todas as possibilidades. – É bom eliminar essa dúvida. – Demorou a que Anna se levantasse. A caixinha foi observada com atenção, e a tensão era tão grande que Anna não conseguiu usar o lado científico para pensar. Naquele momento era apenas uma mulher que parecia mais uma garota assustada.



   - Hannah. – Isabella resmungou sem conseguir esconder como estava irritada, e Hannah deu de ombros se sentando a cama ao lado de Demi torcendo que a nova irmã a protegesse, caso Bella a atacasse.



Tinha clima para conversar? Não. Os milissegundos viraram segundos, e esses minutos, que por sua vez horas. Para continuar com a tensão, o silêncio era matador, deveria dar para ouvir até mesmo o som mínimo de um fio de cabelo caindo no chão. O sono também estava presente em todas as meninas tensas, e teve uma hora que manter os olhos abertos foi um castigo. As pálpebras começavam a ficar pesadas e o corpo mole. Anna estava fazendo o teste ou fabricando um? Ah! Qualquer pensamento para disfarçar o tédio e espantar o sono estava valendo. Foram pelo menos quinze minutos de espera, uma amarga e longa espera que só foi quebrada quando a porta do banheiro foi aberta mostrando uma Anna estática, de olhos arregalados e marejados. Positivo.



Continua... Oiii! Falo com vocês nos comentários!!

13 comentários:

  1. Tô pirandooo com esse capítulo kkkkkk
    Mds, meu casal voltou e cheios de fogo kkkkkkkkkk normal! Demi é morta de ciúme da Selena, até imaginei que a Sel fosse olhar o Joe nu kkkkkkkkkkk Cara, o Inácio não é certo não, que pai louco... Ainda bem que o Joe soube enfrentar. Amei essa mini party da família lovato,foi tão cute ❤
    Anna grávida aaaaaaaaa, scrrr..
    Logo Demi descobrirá que também espera um baby !!! Vou pirar até o próximo capítulo.. Bjos, até a próxima

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Esse casal é cheio de fogo e amor <3 <3 <3
      A Demi é muito maluca pela Sel, na boa! Ela mata e morre por essa mulher, e bem, se a Selena olhasse o Joe nu, a Demi n iria ficar boa kkkkk
      Tadinho do Inácio!! Ele só quer proteger a Demi porque ele se sente culpado por a filha ter crescido sem o pai. Ainda bem que o Joe foi sábio, agora só vamos esperar que ele conte para Demi.
      Anna gravidíssima. Agora a Demi? humm. kkkkkk

      Excluir
  2. Respostas
    1. mais uma <3
      será qual a reação do Inácio?

      Excluir
    2. Cai ficar atordoado kkkkk estático, mas eu tô ansiosa é pra ver a reaçao dele com a da Demi... dó assim ele para de querer separar meu casal

      Excluir
  3. As vezes eu tenho uma vontade de bater no Inacio

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Eai mana? O Inácio é muito protetor, mas ele tem os motivos dele! E o Joe foi vacilão

      Excluir
  4. Se tu vai demorar de postar, pelomenos responde os comentarios da gente...:(

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Eii, desculpa o sumiço! Acabei me enrolando com a faculdade e agora que estou com tempo livre, estou completamente sem ideias

      Excluir
    2. Tudo bem 😊, eu só queria q vc desse sinal de fumaça rsrs

      Excluir