8.6.18

Capítulo 10

   – Eu amo você. Ok? – Começou a dizer um pouco desesperado e foi aí que o coração de Demi acelerou e os olhos se abriram um pouco mais porque ela conhecia muito bem aquele começo de frase. – Não aconteceu nada entre a gente. – Ele disse de imediato quando percebeu como a namorada estava estática o olhando. – Só que... Rolou um clima e eu quase a beijei. – Não tinha problema um cara chorar, não mesmo. Joe só não o fez porque sabia que não resolveria nada para o lado dele. Era só que quando ele via Demi decepcionada, decepcionada com ele, e chorando, o coração doía. – Eu... Desculpa. Minha intenção jamais foi te machucar ou pensar em te trair. Eu nunca faria isso, Demi. Meu coração é seu. – O que ele poderia dizer para fazê-la feliz? O que ele poderia fazer para reverter a situação? Doeu tanto quando Demi levou as mãos ao rosto e começou a chorar baixinho. Uma lágrima rolou pelo rosto e Joe cerrou os punhos porque a culpa era toda dele. – Ei, não chora. – Pediu engolindo em seco cogitando a possibilidade de se aproximar. – Não aconteceu nada, foi só um momento insignificante. Eu estava tão chateado e fora de mim. – Como Demi não tinha dito nada, Joe se aproximou e quando tentou abraça-la, a namorada escapou por entre os braços e secou as lágrimas furiosamente.

   - Se é realmente insignificante, você não teria a olhado da forma que olhou. – Não soou escandaloso, bem pelo contrário, tão calmo que Demi até se estranhou. – Não. – Interrompeu antes que Joe sequer pudesse dizer uma palavra. – Não minta para mim, Joseph. Você a ama? – Perguntou o olhando nos olhos e no mesmo instante que ouviu a frase, Joe negou balançando a cabeça. Uma coisa era certa, quando Demi queria, ela podia ser mais dramática que o necessário.

   - É claro que eu não a amo. – Resmungou Joe de cenho franzido como se fosse o maior absurdo do mundo, e para ele, era! – Demi, eu estava chateado e tão mal humorado. Eu a conheci quando fui entregar tomates, ela precisava de ajuda porque tinha brigado com o namorado. Nós começamos a conversar e nos identificamos. Não foi nada demais. Nós estávamos com problemas com os nossos relacionamentos e conversamos. – Tentou explicar da melhor forma possível, e o olhar interrupto de Demi o intimidava. – E.. No outro dia fui a casa dela levar legumes para ela e a Catty. Nós conversamos e quase aconteceu um beijo, não aconteceu mais nada.

   - Quando você pretendia me contar? – Perguntou Demi quando já não aguentava mais ficar em silêncio. – Ela é melhor que eu? – Diabos! Joe franziu o cenho porque ele não mentia de forma alguma. E ao olhar para Demi, ele viu que ela falava realmente sério.

   - Que? Claro que não. – Caso Ed estivesse ali, Joe sabia que receberia um olhar severo do amigo porque ele jamais deveria ter respondido a pergunta independente da resposta. – Dem. Eu sou um idiota e.. Só me perdoa, eu nunca tive a intenção de te machucar. – Disse um pouco aflito e quando Demi levou a mão para abrir o carro, automaticamente Joe se curvou sobre ela para impedir.

   - O que você está fazendo? – A pergunta o deixou de olhos arregalados e Joe engoliu em seco porque ele conhecia aquele olhar. Era o mesmo olhar de quando Demi estava de TPM e queria matá-lo. – Joseph, eu quero sair. Não quero ficar perto de você agora e não quero estragar ainda mais as coisas entre a gente. – Joe não soube o que dizer por que Demi falava sério. Quando ele voltou para o banco do motorista, respirou fundo e olhou para a namorada com a esperança que Demi estivesse o olhando, mas ela preferia olhar para o próprio colo.

   - Dem, vamos para casa? – Pediu Joe minutos mais tarde. Ele tinha esperado a namorada sair do carro, e como ela não o fez, o melhor a fazer era voltar à fazenda onde eles poderiam descansar e ficariam à vontade.

A resposta de Demi não veio. Joe a olhou e como era ignorado, resolveu sair com o carro. Para o silêncio não ser completamente absoluto, ligar o rádio não foi uma má ideia, até porque era quase uma hora até a fazenda. Durante o tempo que dirigia, Joe resolveu guiar o carro sem pressa porque a estrada era traiçoeira e era noite. Teve alguns momentos que ele estava completamente focado em dirigir, mas em outros e breves, olhava para o céu estrelado e imenso acima do campo pensando que iria corrigir todos os erros que tinha cometido para ser feliz com Demi. E ao pensar nela, Joe teve que parar a caminhonete no acostamento porque Demi dormia toda torta. Ele fez questão de abaixar o banco da melhor forma que podia e de cobrir a namorada com a blusa de frio que o pertencia.

   - Eu prometo que vou consertar essa bagunça e te fazer a mulher mais feliz do mundo. – Tinha como um homem ser mais especial que aquele? Joe arrumou a blusa de frio ao corpo de Demi e a beijou inofensivamente nos lábios e na ponta do nariz, e quando olhou para namorada, sentiu uma força imensa motivá-lo a jamais desistir daquela mulher por mais teimosa, carente e dramática que ela conseguia ser.

Nostálgico era poder ouvir o canto dos grilos, a brisa fresca do campo e olhar para o céu estrelado. Não existia coisa melhor a se fazer. O cotovelo estava escorado na janela do carro saindo um pouco para fora desse, o vento forte em razão da velocidade da caminhonete bagunçava os fios de cabelo curtos e durante quase uma hora e poucos minutos foi daquela forma até que Joe avistou a luz que vinha da fazenda quebrar a escuridão da noite.

Mesmo que sabia que Demi estava uma fera, Joe não poupou carinhos para acordá-la. Ele a beijou na bochecha e gentilmente a chamou a quantidade de vezes necessárias até que Demi franzia o cenho e abria preguiçosamente os olhos. Os dois estavam cansados e como era de costume, Demi sempre cedia primeiro. Não era para menos, o sono à noite foi pouco e o dia cansativo.

   - Nós já chegamos. – Ele sorriu para Demi, mas o sorriso foi breve porque ela revirou os olhos e ficou de costas para ele se aninhando mais a blusa como se fosse uma coberta. O que ele faria? Joe se sentiu constrangido e incomodado como nunca por causa da reação de Demi. Ele nem mesmo sabia o que dizer e nem se deveria. – Eu.. Eu vou entrar. – Murmurou coçando o cabelo da nuca. – Se você quiser ficar aqui, tranca quando sair. A chave está na ignição. – As bochechas dele estavam tão coradas que Joe saiu da caminhonete antes que Demi pudesse perceber e respondê-lo.

   - Joseph, espera. – Quando estava com sono, Demi não era a melhor companhia do mundo. Tinha dado muito trabalho abrir a porta da caminhonete às pressas e por um pouco o cinto de segurança a derrubou. Por mais que estivesse chateada, Demi não sabia como trancar a caminhonete e não queria ficar sem Joe por perto porque se ela esbarrasse com alguém da família do rapaz, não saberia o que diria. – Eu não sei trancar a caminhonete. – Murmurou o olhando brevemente e Joe assentiu cabisbaixo, e foi assim que ele passou por ela e trancou a caminhonete sem nenhuma dificuldade.

   - Eu vou subir, você vem? – Era óbvio que ela não ficaria ali sozinha. Joe só queria tentar quebrar aquele gelo mesmo que fosse com perguntas estúpidas.

Cabisbaixa, Demi assentiu e seguiu o namorado quando ele começou a caminhar. A raiva estava começando a passar, mas ela não iria ceder tão fácil porque doía muito só de imaginar Joe nos braços de outra mulher. De imagina-lo desejando alguém que não era ela. Conviver com a ideia era insuportável e criava um ciúme que a tornava irracional a ponto de quase ser agressiva. Não era saudável pensar e agir daquela forma, mas a carência dentro de Demi era mais forte que a sabedoria que a guiaria a perdoar Joe porque ele não tinha feito nada com Evelyn.

   - Como foi o dia? – Demi gostava muito de Laura, mas no momento tudo que ela queria era poder subir para o quarto de hospedes e só sair de lá quando tivesse algum posicionamento sobre o que Joe tinha feito, porque no momento ela só conseguia pensar em xinga-lo.

   - Divertido. – Disse Demi esboçando um tímido sorriso para Laura sem querer mostrar que estava para matar Joe a qualquer segundo.

  - Vocês estão com uma cara de cansados. Se estiverem com fome, tem bolo, biscoitos, suco e uma variedade de pratos na cozinha. – Disse Laura, que sorriu e arqueou uma sobrancelha olhando do sobrinho para Demi.

   - Obrigada. Eu preciso tomar um banho e trocar de roupa. – Disse Demi diretamente para Laura que assentiu a olhando e quando Demi apontou para as escadas, murmurou um pedido de licença e em questão de segundos já subia degrau por degrau rapidamente.

   - Que cara é essa? – Laura perguntou ao perceber como Joe parecia aflito e preocupado, ela o abraçou de lado e Joe a abraçou de volta e suspirou olhando na direção da escada.

   - Ela está muito brava comigo. – Murmurou envergonhado porque ele receberia uma bronca da tia quando ela soubesse de toda história. – A culpa é minha. – Disse de imediato quando Laura franziu o cenho.

   - Joseph, o que você fez? – Perguntou Laura levando a mão à cintura sem acreditar que Joe era capaz de deixar alguém chateado. Geralmente o rapaz era a pessoa mais tranquila e gentil para conversar e conviver.

   - Eu não quero contar aqui. – Disse Joe olhando para os lados porque sabia que a qualquer instante a casa poderia ficar cheia e a última coisa que ele queria era que boatos da vida pessoal com Demi se espalhasse entre os familiares. – Podemos conversar com meu quarto ou no seu? – Perguntou timidamente fitando os olhos verdes da tia que assentiu prontamente. Era bom ter a opinião e os conselhos de Ed, mas ter uma orientação feminina o ajudaria a entender melhor o ponto de vista de Demi. Joe até tinha amizade com Selena, mas sabia que ela pegaria o próximo avião para Nova York e acabaria com ele sem pensar duas vezes.

   - Vamos para o seu quarto, rapazinho. – Toda vez que Laura o chamava de rapazinho, Joe se lembrava de quando era criança e a tia o chamava pelo apelido para elogiá-lo e carinhosamente conversar com ele. – Nós aplicamos a insulina e conversamos no tempo de espera para você comer. – Joe assentiu e riu quando a tia o abraçou de lado para que eles pudessem caminhar juntos para o quarto. Depois de Clara, Laura era a pessoa da família que mais mostrava que se importava com ele em todos os aspectos. Joe a tinha como mãe e referência.

   - Finalmente! Que feira demorada. – Murmurou Derick assim que Joe abriu a porta do quarto. As histórias em quadrinhos eram o passatempo do rapaz que tinha perdido o melhor amigo para namorada. E quando Joe viu que as revistinhas estavam desorganizadas sobre a mesa do computador, automaticamente ele franziu o cenho e só não brigou com Derick porque o comentário sobre a feira o deixou de bochechas coradas porque Laura estava no quarto com eles.

   - Demorou quase uma hora e vinte minutos da cidade para cá. – Disse Joe se acomodando a cama, e a olhar para Derick, o rapaz olhava na direção do closet onde Laura buscava os materiais para aplicar a insulina. A sorte era que ele tinha deixado os preservativos dentro do saco de papel, caso contrário Joe tinha certeza que ficaria constrangido.

   - E onde está a Demi? – Derick perguntou se sentando ao lado de Joe, que revirou os olhos porque recebeu um soco no braço.

   - Está no quarto. – Murmurou Joe todo mal humorado porque ele queria poder desfazer toda aquela confusão que estava metido e que ainda tinha coisa para contar a Demi.

   - Braço ou barriga? – Laura perguntou já com a injeção pronta, mas acabou que quem aplicou foi Joe um pouco abaixo do umbigo. – O Derick sabe o que você aprontou? – Joe fez careta com a pergunta da tia que tinha saído para guardar os materiais.

   - Que ele beijou a Rose na noite da formatura? – Disse Derick olhando de Joe para Laura. Os olhos de Joe ficaram arregalados e o coração para sair pela boca. Será que aquelas paredes eram grossas o suficiente para Demi não ouvir o que Derick tinha dito? A situação era tão embaraçosa que ao olhar para tia, Joe coçou o cabelo da nuca porque Laura não parecia nada feliz.

   - Eu estava bêbado e não me lembro de nada. – Disse Joe como se a justificativa fosse livra-lo, mas pela cara de Laura, ele estava muito encrencado, e de fato estava. – Não é por isso que a Demi está brava. Ela ainda não sabe, e eu que vou contar. – Ele tinha que olhar para Derick porque sabia que quando o amigo ficava nervoso, acabava dizendo coisas sem nem pensar.

   - Joseph! – Disse Laura respirando fundo e Joe deu de ombros sem conseguir sustentar o olhar da tia. – Vocês homens não tem juízo, só pode! – Laura se sentou entre os dois rapazes e apoiou os cotovelos nos joelhos.

   - Não me lembro do que aconteceu. Eu jamais a beijaria. – Era a certeza que Joe tinha. Rose era como uma irmã e ele nunca pensou em romper aquela barreira. – A Demi está brava porque ela está com ciúme da Evelyn, uma amiga... E porque eu contei que quase a beijei. – Agora ele não tinha tido coragem para olhar para Laura, que revirou os olhos e murmurou.

   - Ela vai ficar muito brava. – Disse Derick e Joe só assentiu porque Demi faria um escândalo quando soubesse de Rose.

   - Eu disse que jamais tive a intenção de traí-la e que eu estava muito bravo quando cheguei aqui. – Explicou Joe olhando brevemente para tia porque ele sabia que precisava de ajuda para conseguir o perdão de Demi. – E eu realmente não tive. Eu só queria ajudar a Evelyn e conversar com ela. Nós temos gostos parecidos e estávamos passando por momentos ruins nos nossos relacionamentos. Ela é bonita e... Eu gosto da beleza dela. Gosto muito e quase aconteceu um beijo. – Tudo que ele tinha dito era o que realmente sentia. Joe descansou a cabeça na palma da mão e respirou fundo ao olhar para a mesinha do computador. – Eu não queria magoar a Demi. Eu a amo e me sinto péssimo. Não quero que o meu relacionamento com ela termine por isso. Eu sei que tive culpa, mas... – Murmurou frustrado.

   - Você vai ter que ser sincero com ela. Contar tudo que aconteceu da forma correta e aceitar as consequências. Não tem como ela não ficar magoada, querido. Você gostaria que ela fizesse o mesmo com você? – Perguntou Laura o olhando e Joe negou balançando a cabeça. – Você tem que entender que situações desse tipo ferem a confiança, e quando isso acontece, a outra pessoa se sente ameaçada e insegura porque ela não quer te perder. Ela só quer poder confiar em você e te amar. – Joe assentiu de cenho franzido, abraçou Laura e suspirou fundo quando teve a testa beijada carinhosamente. Ele sabia de tudo que a tia tinha dito, mas estava com medo da reação de Demi quando soubesse de Rose.

   - Eu não queria que nada disso tivesse acontecido. Era para ter sido a viagem perfeita, mas tudo está dando errado. – Joe se ergueu e se recostou na parede porque ele não fazia ideia do que poderia acontecer caso Demi tivesse acesso a uma das fotos dele com Rose e muito menos se ela ouvisse de uma pessoa que não era ele. – Eu planejei pedi-la em casamento. – Disse Joe e quando passou minutos e não houve resposta, o rapaz franziu o cenho quando encontrou a tia e o amigo o olhando. – Eu a amo, nós queremos ter filhos e.. Ela é incrível.

   - Luta por ela, peça perdão quantas vezes isso for necessário e mostra como você está arrependido por ter sido um idiota que beijou a Rose e quase beijou a Evelyn. – Joe assentiu olhando para Derick. Ele nunca pensou em desistir de Demi, só não sabia ao certo por onde poderia começar a corrigir os erros.


***

Joe não era mentiroso. Ele não a enganaria! Demi sabia que o namorado dizia a verdade, mas custava tanto separar a fantasia dele com Evelyn do que realmente tinha acontecido. A mente fazia questão de debochar dos sentimentos quando simulava os dois juntos trocando muito mais que beijos. Irritada, Demi se deitou bruscamente a cama e abraçou o travesseiro com força contra o corpo. Por que diabos aquele tipo de coisa tinha que acontecer? E porque ela tinha que se importar tanto a ponto de sentir o coração acelerar de raiva?! Ah! Era porque a ideia de Joe ter outra mulher a despedaçava.

  - Dem, o que foi? – Demi sabia que jamais deveria ligar para Selena e ficar calada nos primeiros segundos da ligação assustando a amiga. – Demetria, você está me assustando! Você está aí? – Perguntou Selena agoniada e Demi a respondeu quando se lembrou do bebê que a amiga carregava no ventre.

   - Oi Sel. – Ronronou Demi porque tudo que ela queria era poder ter Selena para abraça-la e mima-la. – Desculpa, eu não queria assustar você. – Disse se erguendo para que pudesse conversar melhor com a amiga.

   - Tudo bem, Dem. O que aconteceu? – Perguntou Selena porque ela conhecia Demi a ponto de entender que aquele silêncio e o tom da voz significavam que algo estava fora do normal.

   - Eu briguei com o Joe. – Murmurou Demi olhando na direção da porta de madeira escura. – Ele me contou que quase beijou uma amiga. – Resmungou Demi emburrada e de olhos fechados. – Eu estou com tanta raiva dele, que eu não sei o que posso fazer.

   - Ficar nervosa só vai te ajudar a perder a razão. – Selena sabia exatamente como Demi ficava quando tinha ciúmes e estava chateada. Acertar tapas em Joe e xinga-lo não resolveria a situação, bem pelo contrário, abriria uma brecha para que ele também se sentisse no direito de ofendê-la. – Respira fundo e me conta direito essa história. – Disse Selena calmamente e Demi assentiu fazendo o que amiga tinha pedido.

   - Nós passamos o dia juntos, ele veio dormir comigo no quarto de hospedes, mas ainda não aconteceu o que queremos... Hoje à tarde, nós doamos frutas no centro e no final do dia, fomos à feira porque o Joe queria que eu conhecesse o pessoal e ele queria comprar todas as comidas diferentes para eu experimentar. Até aí tudo bem, decidimos voltar para casa e no caminho esbarramos com ela.. Evelyn. Ela é bonita, Sel. Quando o Joe nos apresentou, ele não conseguiu disfarçar como estava tenso. Eu a cumprimentei normalmente e ela também. Eles se conheceram alguns dias atrás quando ela brigou com o namorado. Ela tem uma filha e o Joe foi a casa dela levar frutas. – Nenhum detalhe passava por despercebido quando o assunto era Joe. Demi se deitou a cama e murmurou porque ainda tinha mais coisa para contar. – Você sabe que eu mostrei que estava com ciúmes assim que fiquei sozinha com ele. – Murmurou Demi e Selena assentiu prontamente. – No carro ele disse “Eu amo você. Ok? Só que... Rolou um clima e eu quase a beijei.”. Eu disse muitas coisas a ele porque fiquei nervosa. Agora eu não sei o que fazer.

   - Vamos com calma. – Disse Selena. – Dem, você sabe muito bem que às vezes essas coisas acontecem. – Selena fechou os olhos e franziu os lábios porque ela sabia que Demi resmungaria palavrões como ela tinha acabado de fazer. – É um saco, eu sei. Mas ele contou para você e não a beijou. Se o Joe fosse um cara estúpido e egoísta, ele não contaria sobre hipótese alguma só para não te perder.

   - Selena! Eu não quero que essas coisas aconteçam comigo e com o meu namorado! Que aconteça com o seu, mas o meu jamais! Eu odeio a ideia de compartilhar o Joe com outra mulher e isso me mata. Eu só não quero perdê-lo porque eu o amo. Já que ele não é estúpido e egoísta, porque ele pensou com a cabeça de baixo? – Demi sabia que tinha dito mais do que deveria, e que a raiva só passaria quando ela descontasse em Joe.

   - Vamos com calma, Demetria! – Aquele tom de Selena, Demi conhecia muito bem para saber que lá vinha sermão. – O Detetive Pine não te lembra de alguma coisa? Você se lembra de como você flertou com ele quando nós o conhecemos? Aliás, eu não vou ser hipócrita! Também flertei com ele e contei para o Ed, sabe por quê? Porque nós dois temos maturidade suficiente para conversar sobre os homens e mulheres que sentimos certo tipo de atração. Eu sou uma mulher e amo o meu noivo, mas não quer dizer que sou Edsexual. O fato de conversamos sobre outras pessoas atraentes não quer dizer que vamos dormir com elas, só é normal e humano. Você deveria tentar entender o Joe mais que ninguém e pensar duas vezes antes de julgá-lo, até porque ele te contou algo que nem mesmo aconteceu.

   - Edsexual? Que droga, Selena! – Demi não sabia o que dizer e até se sentia mais calma e acabou rindo junto com a amiga. – Eu sei que você tem razão. Isso que vocês fazem é muito bom num relacionamento, só que eu não.. Eu confio no Joe, só que o meu medo de perdê-lo é muito maior. Não gosto nem de imaginar, Sel. – Demorou quase cinco minutos para que Demi conseguisse dizer tudo que sentia para Selena, e naquele tempo em silêncio não foi nada constrangedor e muito menos desconfortável.

   - Eu sei, meu anjo. Mas você pode tentar, o que acha? Conversa com o Joe, ele é o seu parceiro e eu tenho certeza que ele vai te ajudar a superar isso. – Conversar com Selena era tão bom que Demi estendeu a ligação até mesmo enquanto tomava banho, colocando-a no viva-voz. Naqueles minutos, foram muitas risadas e conversas aleatórias e depois concentradas exclusivamente no bebezinho de Sel, até que bateram à porta e Demi teve que desligar.

A esperança que fosse Joe encheu o coração de Demi de alegria e ansiedade, a moça até se preparou arrumando o cabelo e conferindo brevemente no espelho do banheiro se estava tudo nos conformes, e ao abrir a porta, foi uma surpresa porque Clara tinha um sorriso gentil nos lábios a esperando.

   - Querida, eu tenho algumas fotos de quando o Joseph era bebê, você gostaria de vê-las enquanto nós conversamos e comemos um tira gosto antes do jantar? – Como Demi podia negar a tanta gentileza e o sorriso sincero de Clara?

A avó de Joe era uma mulher que se mostrava bondosa e um exemplo de pessoa. Demi assentiu e timidamente seguiu Clara até a sala. Acomodada ao sofá, a vontade era de ajudar Clara com a bandeja com biscoitos e chá, mas a mulher era claramente uma anfitriã que adorava agradar visitas, então recusou a ajuda e educadamente serviu Demi e se serviu. A conversa entre as duas surgiu naturalmente com Clara contando sobre quando descobriu que a mãe de Joe estava grávida, Demi escutava atentamente e às vezes perguntava.

A história era de uma jovem apaixonada por cavalos e de um rapaz de boa família que vivia bons quilômetros de Marble Falls. Juliana e Antonio. Ambos de origem texana. A moça, segundo o que mostrava nas fotos, carregava lindos olhos cor de esmeralda herdados da família, cabelos escuros e longos enquanto a pele era mais clara. Já Antonio era moreno de cabelos castanhos, alto e forte, tinha um sorriso marcante e Clara destacava como ele era sonhador e tinha grande aptidão por ciência e tecnologia. Conheceram-se na adolescência nas ruas do centro da cidade, e meses depois se tornaram um casal quando Antonio se mudou com a família para o casarão nas terras dos Adams, que eram vastas e de solo rico. As fotos mostravam detalhadamente a gravidez de Juliana desde o primeiro mês. E era de se perceber como a jovem estava feliz por esperar um bebê mesmo ainda sendo muito cedo.

Três quilos e oitocentas gramas. Bochechas cheinhas e as pernas gordinhas. Joe era simplesmente um amor quando bebê. Ele era grande e na primeira foto, tinha acabado de nascer, razão pela qual ainda estava sujo e de olhos fechados. Nas próximas fotos, Demi não conseguiu conter o sorriso! Era o bebê mais fofo que ela já tinha visto! Na maioria das fotos, o pequeno Joseph estava nos braços da mãe e ele tinha o sorriso mais alegre e contagiante que um bebê poderia ter. Só era uma pena que as fotos com os pais só iam até o primeiro ano de vida do rapaz. Juliana e Antonio tinham partido cedo demais deixando todos de coração devastado e o pequeno Joseph sozinho no mundo. Quando Clara ficou emocionada ao contar sobre o acidente, Demi a abraçou e tentou não chorar para não piorar a situação, mas ainda sim derramou algumas lágrimas e segurou as mãos da mulher mais velha a olhando nos olhos:

   - Eu tenho certeza que eles estão orgulhosos do homem incrível que a senhora criou. O Joe é a pessoa mais gentil, simples e generosa que eu já conheci. Obrigada por criá-lo tão bem. – Demi sorriu quando Clara a abraçou novamente dizendo que só tinha feito o trabalho dela.

   - São as minhas fotos? – No mesmo instante que ouviu a voz calma dele, o coração acelerou e a melhor sensação de paz e amor a preencheu. Demi acompanhou o caminhar de Joe o olhando até que ele se sentou entre ela e Clara, ainda sem olhá-la porque pensava que ela estava chateada.

   - São, meu anjo. – Quando Clara olhou para Joe, ela sorriu porque ele usava os óculos de grau e tinha tirado toda a barba, o que o deixava com cara de menino. – Estou mostrando para Demi, quero que ela veja como você era fofo. – Disse Clara e as bochechas de Joe ficaram coradas! Demi sorriu e discretamente cobriu a mão de Joe com a dela mostrando que estava tudo bem, e porque estava envergonhado, ele não a olhou, apenas apertou as mãos e se aproximou um pouco mais para que pudessem ficar juntos.

   - Ah não, vó! Não mostra essa foto. – Resmungou Joe porque era uma foto que ele estava nu brincando na banheira de madeira com um dinossauro e cavalo de borracha. – Eu tinha quantos anos? Quatro? – Perguntou e Clara assentiu começando a contar a história da foto, que foi motivo para o riso de Demi e das bochechas super coradas de Joe.

   - Eu sabia que a senhora estava mostrando as fotos para Demi, então eu trouxe mais. – Disse Laura. Ela trazia consigo dois álbuns de fotos numa mão e Derick carregava mais um.

Quanto tempo eles ficaram conversando? Foram horas! Pelas fotos, Demi tinha conhecido toda família de Joe porque eram tantas histórias que nem mesmo o rapaz sabia. E como não podia ser diferente, o momento foi divertido e Demi se sentia mais conectada a Joe e de certa forma, parte da família que tinha a acolhido tão bem. Laura e Clara eram incríveis! Mais tarde Jon brevemente se juntou a eles para olhar as fotos, mas como estava cansado se despediu.

Joe tinha tantas fotos e ao ver cada uma delas, Demi se perguntava do porque que Dianna não tinha a fotografado daquela forma... A resposta da pergunta era óbvia, mas era difícil não pensar no por que. Nas fotografias de mais velho, Joe se mostrava um adolescente sério e de poucos sorrisos, os melhores momentos dele eram ao lado de Derick e Rose, que em vista do adolescente de treze/quatorze anos ainda eram crianças.

Quando descobriram que já era pouco mais de nove da noite, Clara tomou frente da cozinha e em dentro de trinta minutos todos jantavam uma bela macarronada com almôndegas, com a exceção do prato de Joe que era carregado com legumes e verduras.

   - Deixe-me ajuda-las. – Disse Demi a Clara e Laura, e como sempre a resposta foi negativa.

   - Obrigada Demi. Não se preocupe, é pouca coisa. – Disse Laura esboçando um sorriso gentil a Demi, que franziu o cenho e até tentou convencer a tia de Joe sustentando o olhar dela, mas Laura sorriu e a dispensou quando chamou por Joe.

   - Vamos lá fora? – Disse Joe a olhando nos olhos e Demi mordeu o lábio inferior. Era a primeira vez que ela o via com os óculos de grau desde o dia que tinha chegado. Não tinha nenhum problema abraça-lo, tinha? Demi o fez surpreendendo Joe, que abraçou-a forte e sorriu envergonhado porque a tia e a avó os olhavam também sorrindo. – Eu te amo. – Sussurrou apenas para ela antes de romper o abraço e o sorriso de Demi o encheu de felicidade.

   - Eu também amo você. – Disse Demi baixinho olhando para Joe toda apaixonada e eles só não trocaram um beijo porque não estavam sozinhos. – Nós vamos lá fora, você vem? – Perguntou Demi a Derick, ele até iria, mas quando pensou em assentir e olhou para Joe, coçou o cabelo da nuca.

   - Eu estou com sono, vou subir. Amanhã nós fazemos algo legal. – A desculpa de Derick era muito ruim, e quando Demi olhou para Joe que olhava para o amigo, ela revirou os olhos porque o namorado intimidava Derick justamente para ele não ir, mas ela não iria reclamar porque queria ficar sozinha com Joe.

   - Gostou das minhas fotos? – Perguntou Joe a abraçando por trás e Demi sorriu gostando muito do beijo que recebia no pescoço e da forma que era abraçada.

   - Gostei muito, você era uma gracinha. – Com jeito, ela conseguiu se virar e enlaçou os braços no pescoço e adentrou o cabelo curto da nuca com os dedos. – Quero que o nosso bebê seja fofo e lindo como você. – As palavras de Demi fizeram Joe perder o ar. Ele a abraçou pela cintura com mais força e franziu o cenho porque o coração bateu tão rápido.

   - E eu quero que seja uma menininha linda como a mãe. – Joe se curvou um pouco mais e quando encostou os lábios nos dela, o beijo foi como algo mágico que o fazia pensar apenas em Demi e em como a amava. E de tão envolvente que estava, as mãos dele desceram da cintura para o traseiro o apertando e quando os lábios já não estavam mais roçados aos dela, eles tiveram uma nova missão que era mordiscar e beijar o pescoço feminino. – Já que você não está mais brava comigo, quer conhecer a minha casinha na árvore agora? – Perguntou Joe um pouco ofegante porque eles não poderiam continuar trocando aquele tipo de carinho perto da entrada da casa, já que ele tinha ouvido o barulho da caminhonete alertando que alguém tinha chegado.

   - Eu adoraria, amor. – Toca-lo na ereção sobre o moletom não era nada de mais. E depois que o fez, Demi abraçou Joe e o beijou na bochecha logo descansando a cabeça no ombro assim como ele fazia. – Não estou brava e quero muito fazer amor com você exatamente agora. – Disse sussurrado e depois o mordiscou na orelha.

   - Eu também quero, Dem. Nós vamos passar a noite e a manhã toda juntos. Deus sabe lá quando vamos sair daquela casinha, pode ser daqui há dias ou quem sabe anos? – Sorrindo, Demi assentiu e deu uma série de selinhos nos lábios do namorado.

   - Quem sabe se vamos sair de lá um dia. – Disse Demi esboçando o melhor sorriso sapeca e Joe assentiu a abraçando.

   - Vamos fazer assim, eu vou me acalmar um pouco e depois nós subimos para pegarmos as nossas coisas e comida, o que você acha? – Perguntou Joe abraçando a namorada pela cintura, e infelizmente não deu tempo de Demi responder por que quando Lucas entrou no campo de visão de Joe, automaticamente ele ficou tenso e rígido.

   - Que sortudo que eu sou! – Aquele sorriso era tão desgraçadamente cínico! Não havia palavra melhor para descrevê-lo. Lucas apontou para caixa de pizza que tinha em mãos e gesticulou a cabeça na direção da porta da casa. – Eu realmente estava a procura do meu sobrinho e da minha sobrinha. Não sei se o Joseph já falou sobre mim. Sou Lucas, se você preferir, tio Lucas. – Quem o visse até poderia se enganar. Joe abraçou Demi com um pouco mais de força, não passando por despercebido por ela e muito menos por Lucas, que sorriu. – Eu trouxe pizza para você, dizem que nova-iorquinas amam pizza, ainda está quentinha. – Disse mostrando novamente a caixa e Demi sorriu envergonhada.

   - Muito obrigada, Lucas. Mas nós acabamos de comer. – Disse Demi sem conseguir ser simpática como era com Laura e com os outros parentes de Joe porque ele tirava toda a atenção que ela tinha em Lucas, por conta da cara emburrada e o abraço apertado.

   - Só uma fatia, hum? Nós podemos conversar um pouco enquanto comemos, comprei a pizza pensando em você... Quero conhecer melhor a namorada do meu sobrinho. – O olhar de Lucas era tão intimidante e o fato de Demi querer agradar a todos a obrigava a aceitar o convite, até porque ela sabia que seria falta de educação recusar a pizza. Talvez uma mordida ou outra à pizza enquanto conversavam seria o suficiente para que Lucas não pensasse que ela estava fazendo desfeita.

   - Tudo bem. – Disse Demi sorrindo e quando tentou desfazer do abraço de Joe, deu muito trabalho a ponto de ela ter que olhá-lo e intimidá-lo com o olhar para que pudesse caminhar.

   - Dem, nós não íamos caminhar agora? – Perguntou Joe. Ele só tinha dado espaço para ela dar dois passos e não conseguir mais sair do lugar porque segurava a mão dele, que continuava estático.

   - Joe.. – Murmurou Demi o olhando e Joe desviou o olhar do dela para Lucas.

   - Relaxa, Joseph. Eu não vou contar as coisas que você aprontava quando moleque. – Era claramente uma brincadeira, e Joe ficou tão sério que Demi não entendeu o que estava acontecendo. – Relaxa, cara! Ele é assim desde pequeno. Sempre tentamos enturma-lo com os outros meninos, mas ele só queria saber de ficar sozinho ou de brincar de boneca com a filha de uma amiga da família. – A proximidade de Lucas ia além do confortável, ele até tocou o ombro de Demi com uma mão e sorriu para o sobrinho.

   - Lucas! – A forma como Laura abordou Lucas foi ríspida. Sempre acontecia porque depois do abuso há dez anos, deixar Joe perto de Lucas sozinho não era uma boa opção. – Eu preciso falar com você agora. – Disse Laura olhando brevemente para Joe, que entendeu facilmente o recado da tia.

   - Você ainda está me devendo uma conversa, princesa. – Disse Lucas depois de beijar a bochecha de Demi. Joe quase o atacou. Se ele tivesse a visão de calor do Superman... Adeus Lucas!

   - Se você estiver sozinha e ele aparecer, por favor, inventa qualquer desculpa e procura alguém de confiança para ficar com você. Pode ser eu, a vovó, a tia Laura, o Derick, o tio Jon.. Só não fique sozinha com ele. – Disse Joe tão sério olhando nos olhos de Demi, que assentiu porque pelo visto ela não tinha outra opção.

   - Eu não estou entendendo. – Disse Demi olhando na direção da porta para depois olhar nos olhos de Joe.

   - Ele não é uma boa pessoa. É uma longa história... Eu não quero me estressar com isso hoje, prometo que depois eu conto. – Joe sabia que se contasse para Demi o que tinha acontecido no celeiro quando ele era apenas um garoto, eles não conseguiriam aproveitar o tempo juntos e muito menos namorar. – Eu já estou bem, vamos subir? Hoje à noite eu só quero gastar as minhas energias com você, meu amor – Sorrindo, Joe a abraçou pela cintura e roubou um selinho fazendo Demi também sorrir.

   - Vamos. – Era muito bom olhar para cima e encontrar os lindos olhos de Joe a olhando. Fazendo jus ao apelido, Demi abraçou o namorado e se roçou a ele como uma gata manhosa distribuindo beijinhos no pescoço e no maxilar quando Joe se curvou para beija-la na boca. – Isso é tão bom. – Ronronou sentindo as mãos grandes acariciá-la nas costas e depois apertá-la contra o corpo másculo e quente. Demi até suspirou porque adorava quando eles ficavam enroscados um no outro trocando carinhos.

   - É muito bom, princesa. – Mordiscá-la na orelha era demais, e Demi tornou a suspirar e retribuiu o carinho beijando o pescoço do namorado enquanto o coração quase saía boca a fora de tanta adrenalina, porque quando o vento bateu, ela se lembrou de que eles ainda estavam no lado de fora da casa, ou seja, alguém poderia flagrá-los a qualquer momento.

   - Por que a gente não está subindo? – Perguntou Demi envolvendo o pescoço de Joe com os braços, e ele fez a melhor cara de pensativo olhando brevemente para o céu escuro e estrelado para depois olha-la esboçando um sorriso lindo.

   - Sabe por quê? Você é linda demais e eu sou apenas um pobre homem apaixonado que não consegue resistir a um sorriso da minha gatinha gostosa. – Ele até roçou o nariz ao dela e carinhosamente o beijou na pontinha fazendo Demi sorrir de olhos fechados porque esperava por um beijo nos lábios. – Por que você é tão linda assim e me deixa louco desse jeito? – Sussurrou, brevemente beijou-a com um selinho para depois beijá-la atrás da orelha. – Eu sou louco por você, sabia? – Se Joe continuasse a abraçando daquela forma possessiva a beijando com carinho, Demi sabia que eles se acabariam no primeiro cômodo vazio que encontrassem.. Ou talvez nem precisaria ser num ambiente fechado. A ideia era muito boa, mas naquelas circunstâncias jamais deveria ser executada.

   - Eu também sou louca por você, coisa gostosa. – Ficar longe dele era tão ruim, mas Demi teve que romper aquele abraço porque não resultaria em boa coisa se eles continuassem colados daquela forma. – Agora vamos? Você tem que me mostrar a sua casinha na árvore. – Sorrindo, ela começou a caminhar e riu quando Joe a abraçou por trás a beijando exageradamente na bochecha.

   - Você está ansiosa para conhecer a casinha na árvore? – Ele perguntou mesmo estando corado por ter roçado o corpo ao dela mais do que deveria, e quando Demi o olhou sobre o ombro, ela sorriu assentindo porque era muito bom saber que Joe já estava pronto... – Se comporta. – Pediu parando para olha-lo lá em baixo antes que pudessem adentrar a casa, e Joe deu de ombros ainda corado e todo risonho olhando para o céu.

   - Vamos logo, ninguém vai perceber. – Disse Joe e Demi arqueou uma sobrancelha. A calça não era muito apertada, mas também não era folgada o suficiente para ajudar a disfarçar a ereção. – É só a gente passar correndo. – Quando ele começou a correr puxando Demi pela mão, lembrou-se de quando era pequeno e sempre estava correndo a andar normalmente, e como de costume, Clara brigava com ele. A única diferença era que quando era pequeno, terminar de subir a escada não o deixava tão ofegante, agora.. Joe chegava estar um pouco vermelho e ele riu porque Demi também estava.

   - Agora eu vou ter que tomar outro banho, Jonas. – Resmungou Demi e Joe sorriu e respirou fundo algumas vezes para recuperar o fôlego.

   - Você está achando ruim ter que tomar outro banho. Eu estou certo sobre você ser uma gatinha. Gatos não gostam de tomar banho. – Era apenas uma brincadeira, mas Demi revirou os olhos e assentiu negativamente o olhando. – Estou brincando. – Disse se aproximando para abraça-la e Demi se aninhou aos braços dele de bom grado.

   - Eu sei, bobão. Agora vamos? – Do jeito que eles estavam, não demoraria muito para que alguém aparecesse para flagrá-los. Joe quase não deixou Demi entrar no quarto, e ela confessava que nem queria entrar.. Mas o fez empurrando o namorado pra longe do corpo e sorrindo sapeca porque sabia que passar a noite na casinha da árvore renderia boas histórias e poderia ser a melhor noite de amor de toda a vida com o homem que amava.

   - Que cara de idiota é essa? – Derick perguntou assim que Joe adentrou ao quarto todo sorridente e sonhador.

   - Você precisa de uma namorada urgente! – Disse o rapaz pensando em como Demi o fazia feliz como ninguém e nada nunca o fez. – Eu vou passar a noite com a Dem na casinha da árvore. – Comentou do closet mais concentrado em buscar por um lençol sem estampas de super heróis, talvez um branco ou cor de champanhe cairia bem... E pela última opção Joe escolheu. Quando foi a vez da coberta, resolveu levar a mais fina e leve porque não queria arriscar que Demi sentisse frio, mesmo que no Texas fazia muito calor.

   - Você não vai fazer nada com ela lá, vai? – Perguntou Derick de olhos arregalados adentrando o closet e Joe mordeu o lábio inferior. – Que droga, Joseph! Nós deveríamos ter um trato de nunca levar garotas para lá.. para fazer essas coisas. – Murmurou envergonhado e Joe sorriu.

   - Ela não é qualquer uma, é a mulher que eu amo que estou levando para a nossa casinha. – Disse olhando para o amigo. – Provavelmente nós vamos fazer amor, mas também vamos nos divertir juntos, conversar, namorar.. E eu estou pensando em pedi-la em casamento agora. – A palavra casamento deixou Derick de olhos arregalados, ele coçou a nuca e franziu o cenho pensando na conversa de Joe e Laura mais cedo.

   - Eu acho que é melhor você esperar e só pedir quando tudo estiver resolvido entre vocês. Ela vai ficar muito magoada se souber depois. – Disse Derick depois de pensar muito na situação e Joe o olhou com curiosidade enquanto separava três camisas e duas cuecas. Ele ainda tinha que passar na cozinha.

   - Bem.. – Murmurou Joe saindo às pressas do closet para colocar tudo o que tinha separado na mochila. – Você tem razão, acho que vou esperar mais alguns dias, mas quero pedi-la aqui no Texas. – Mesmo estando com pressa, Joe verificou se as alianças de namoro estavam na mochila, e ao se lembrar do anel de noivado da família que Clara tinha dado a ele, o rapaz se aproximou do closet e abriu a caixinha que guardava a joia... – Você viu o anel que estava aqui? – Perguntou Joe procurando pela peça sobre o tampo do criado-mudo, mas não havia nada.

   - Eu não faço a mínima ideia do que você está falando. – Disse Derick mais interessado em ler a revista em quadrinhos e mexer no celular a olhar para Joe.

   - É o anel que a vovó me deu.. Ele era da minha mãe e vai ser da Demi. – Resmungou ainda procurando pelo anel e tentando se lembrar se ele realmente tinha o guardado naquela caixinha, mas naquele tipo de situação, nenhuma lembrança colaborava. – Eu vou pedi-la em casamento com esse anel. – Explicou ainda envolvido em procurar a joia, mas quando ouviu a batida à porta, a atenção foi focada em Demi.

   - Joseph, você é tão lerdo. – Disse Demi assim que adentrou o quarto. Ela já estava com tudo pronto, e pelo cheiro delicioso, Joe sabia que ela tinha tomado outro banho. – Estou brincando. – Demi riu de como Joe ficou todo sem jeito, e também se sentiu culpada porque não gostava quando o namorado ficava deslocado daquela forma. Então ela deu um beijo na bochecha dele, o que deveria melhorar as coisas, não deixar Joe de bochechas supercoradas.

   - Eu já arrumei tudo que vou levar, eu só vou tomar um banho rápido, cinco minutos. Você espera? – Joe tinha Demi nos braços e a mantinha pertinho dele. As bochechas só estavam coradas porque Derick estava ouvindo e vendo tudo.

   - Espero. – Sorrindo, Demi abraçou o namorado e quando teve a testa beijada, ela fechou os olhos e beijou o peito largo.

   - Então vou tomar banho, vocês ficarão bem? – Perguntou a Derick e Demi, que assentiram trocando um breve olhar. As ideias estavam a mil e ele tinha que ser rápido. Quando adentrou o banheiro, Joe quase tropeçou porque ele fazia tudo muito rápido para não deixar Demi esperando. E também chegaria num ponto que Derick não saberia mais improvisar, já que ele tinha se aproximado com as mesmas revistas em quadrinhos para discuti-las com Demi.

A sorte era que ele tinha tirado a barba mais cedo, caso contrário tira-la agora demoraria muito! A decisão de se barbear veio do nada, e quando percebeu, ele estava sem barba parecendo o Joe de seis meses atrás que gaguejava muito e era todo atrapalhado. Ele tinha mudado e estava feliz. Pensando em felicidade, Joe tirou a roupa o mais rápido possível e adentrou o Box quando estava nu. Será que era uma boa ideia passar a noite com Demi na casinha da árvore? E se ela ficasse com medo, receio e tensa? Era um pouco alto e à noite fazia frio. A noite tinha que ser deles! E pensando em como poderia fazer para deixar tudo perfeito, Joe sorriu enquanto colocava shampoo nas mãos para lavar o cabelo.

   - Derick! – Chamou alto e quando passou alguns segundos e o amigo não pareceu, Joe o chamou novamente duas vezes até que Derick bateu à porta perguntando o que ele queria. – Entra. – Era a primeira vez na história que acontecia algo daquele tipo, e Joe colocou a cabeça fora do Box para olhar o amigo, que estava de costas para ele.

   - Que droga, Joseph. Espero que ela não pense que nós somos gay. – Resmungou Derick e Joe fez careta. Ele nunca nem mesmo pensou na ideia de gostar de homens daquela forma...

   - Eu me garanto. – Brincou jogando um pouco de água em Derick, que o olhou feio. – Estou brincando, eu só queria saber se você pode pegar algumas rosas da vovó, trocar o lençol do colchão da casinha e forrar o sofá. Quero que tire as pétalas da rosa e as jogue no colchão e no sofá. – Explicou voltando a se ensaboar para agilizar o banho.

   - Joseph, eu não vou nem tocar nas rosas da sua avó. Ela me mata! – Resmungou Derick. – Você sabe como ela é ciumenta com aquelas flores.

   - Você tem razão, então fica com a Dem enquanto eu faço isso? – Perguntou desligando o chuveiro e Derick murmurou um sim saindo dali o mais rápido possível porque não iria rolar de forma alguma ver o melhor amigo nu. – Eu só vou me vestir e preciso de vinte minutinhos. – Disse Joe a Demi e ela arqueou uma sobrancelha o olhando, mas assentiu;

Ir ao quarto da avó desejar boa noite foi a estratégia perfeita para Joe conferir se Clara já estava acomodada para dormir para não flagra-lo mexendo nas rosas. Mas quando chegou ao quarto, Clara já dormia tranquilamente, Joe só a beijou na testa e a cobriu com a coberta um pouco mais porque a avó sempre reclamava que sentia muito frio à noite. Pelo visto todos estavam em seus respectivos quartos se ajeitando para descansar para mais um dia.

As roseiras de Clara eram tão bem cuidadas e havia rosas de quatro cores: vermelhas, rosas, amarelas e brancas. Como era romântico, Joe optou pelas vermelhas. Ele teve que procurar as flores mais escondidas para a avó não suspeitar de nada, caso contrário ele estaria muito encrencado. E por culpa da pressa, Joe tinha trago apenas uma faquinha de cortar pão para tirar a rosa, o que ajudou pouco e ele acabou com alguns dedos espetados, porém também com quatro rosas vermelhas.

   - Se a mamãe te pegar mexendo rosas, ela vai surtar. – O coração de Joe quase saiu boca a fora. E ao olhar para trás, ele franziu o cenho para Lucas. Como diabos tinha se esquecido de que a caminhonete estacionada ali pertinho era do tio?

   - Ela não vai ficar sabendo de nada. Quem é que vai contar? – Desafiou se levantando e Lucas umedeceu os lábios antes de sorrir e se aproximar de Joe ficando com o rosto a centímetros do dele.

   - Não sei, não faço ideia... Ninguém viu. – Disse Lucas sustentando o olhar de Joe. – Mas tem muita gente que viu você dando uns bons amassos com a Rose. Ela é até gostosinha, eu só não pego porque não gosto de crianças. – Sorrindo, Lucas olhou para os lados e quando voltou a olhar para Joe, gostou muito de ver como o sobrinho estava a um passo de surtar de raiva. – Vamos fazer o seguinte: Eu garanto que as fotos ficarão longe da sua namorada. – Disse pegando uma das rosas da mão de Joe para cheirá-la. – Vai simplesmente desaparecer do nada, e em troca, você vai levar a sua gatinha para o meu apartamento.. Nós vamos beber alguma coisa forte, e quando ela estiver muito soltinha, você vai deixar a gente brincar com ela e vai assistir calado.

Por segundos, Joe pensou exatamente em como ele queria Lucas: muito machucado. E o primeiro soco que atingiu o rosto do tio não foi nem o suficiente para satisfazê-lo. Depois que acertou outro soco e desviou do de Lucas, Joe o empurrou bruscamente contra a caminhonete, que só não fez muito barulho porque estava destravada.

   - Respira perto dela. Pense nela. Faça qualquer coisa que a envolva que você é um hom.. um homem. – Disse Joe entre dentes segurando Lucas pela gola da camisa. – Que você vai para cadeia ficar junto com estupradores nojentos e sociopatas como você. – Lucas não conseguiria estragar aquela noite. Ninguém conseguiria. Joe derramou algumas lágrimas porque estava nervoso, pegou as rosas caídas na grama e começou a caminhar na direção da casinha na árvore onde ele teria a melhor noite de amor com a mulher que amava.

Por que ele tinha que passar por aquele tipo de coisa? Por que não dava para ser normal estando em casa? Ficar nervoso e de coração disparado não era bom.. Joe se recostou a árvore onde ficava a casinha e olhou para o casarão onde morou durante toda a vida. Era tão grande, tão rico e não faltava nada. E mesmo assim, toda vez que ele se lembrava de quando era criança e adolescente, só conseguia pensar em como era horrível se sentir sozinho, constrangido e humilhado. Tudo porque ele era órfão e o tio queria usa-lo como um brinquedo. Havia a parte boa, que era ter pessoas como a avó, Laura, Jon, Derick e os demais familiares, mas ainda sim ele se sentia sozinho e reprimido. Talvez Demi tinha razão em estar receosa sobre aquela viagem. E como ele não pensou em como Lucas o tiraria do sério? Era sempre daquela forma e não iria mudar.

Foram alguns minutos parado olhando para o nada pensando nas coisas ruins que Lucas já tinha feito quando ele era pequeno debaixo do próprio teto e na escola, Joe só voltou a realidade quando viu que o maldito estava indo embora. Foram muitos palavrões que Joe insultou o tio mentalmente. E a cada um deles, o coração batia mais rápido e os punhos quase cerrados. Se não fosse o espinho da rosa para machuca-lo, Joe não teria se acalmado. Ele olhou para a flor e pensou em Demi. Lucas não era uma ameaça para Demi porque ele jamais permitiria. Não tinha porque se preocupar, qualquer coisa a polícia seria acionada e não demoraria nada para Lucas ficar no lugar do qual pertencia: a cadeia.


   - Eu adoro ouvir o barulho dos grilos. – Disse Demi. Ela não sabia para onde olhar porque o céu estava lindo todo estrelado, ao olhar para trás o casarão também era lindo iluminado com uma luz baixa que era refletida na água da piscina. Mas a casinha na árvore era a grande atração da noite. E mesmo que estivesse com um pouco de medo porque onde a árvore estava era longe da casa e depois dela tudo estava escuro, Demi estava animada para a noite.

   - Eu também. Depois nós podemos pegar alguns vaga-lumes e coloca-los dentro de um pote de vidro. – Disse Joe ao ver a luz do inseto por entre a grama onde passavam.

   - Joseph! É muita maldade. – Comentou Demi abraçando mais o namorado porque ela estava com um pouquinho de medo.


   - Mas é divertido. Depois é só soltá-los. – Ele esboçou o melhor sorriso de menino e se curvou para beijar a bochecha da namorada. – Espero que você goste. – Estavam em frente a árvore onde ficava a casinha, e ansiosos, sorriram quando se olharam. Seria a melhor noite de todas. 

Continua... Oii! Tudo bem com vocês? Eu tô bem :) Resolvi postar esse capítulo do tamanho que está porquê o que acontecerá de agora em diante virá em muitas e muitas páginas e eu achei que ficaria muito demorado e longo esse capítulo, caso resolvesse colocar essas partes que comentei com vocês nele.. Mas espero que vocês tenham gostado da forma como está. O próximo capítulo será muito focado no nosso casal, teremos algumas conversas... romance e acho que está na hora da Demi conhecer pessoalmente a Rose, não acham? :) Espero que vocês gostem! Um abraço para vocês e muito obrigada pelos comentários! Até breve, se Deus quiser. Beijo <3
ps.ainda vou revisar

8 comentários:

  1. Aleluia irmã! Capítulo saiu do forno!!!!!!!!!!! Kkkkk

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    1. Agora vamos ler e matar a saudade, né?!

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  2. Espero que o Joe conte logo o que aconteceu pra Demi, antes que ela fique sabendo pela Rose

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  3. Maravilhoso o capítulo, muito ansiosa para o próximo ❤️

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  4. Fico mais ansiosa por cada capítulo, posta logooo...

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  5. Meu Deus menina,eu acho que antes de mais nada o Joe tem q contar logo, quanto mais ele demora mais vai ser dificil dela perdoar quando souber.
    E...eu tenho uma ideia, pede ser? Assim, acho que seria interessante se a propia demi colocasse o lucas no seu devido lugar, tipo se ela ouvisse as merda q ele fala de querer fazer cm ela, e daí ela esculhambaria com ele, botava ele la em baixo onde ele merece estar, pra ele se ligar. Cara, tenho muita vontade de ler acontecendo alguma coisa assim.

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  6. Jesus esperei muito isso!!!!! Tá perfeito como sempre!!! Adoro que vai vir momentos jemiiiiii

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  7. Oi! Já leio o blog há algum tempo mas nunca comentei.
    Está havendo um desafio literário sobre a copa. Consiste em assistir os jogos e dependendo dos resultados você posta livros.
    Se quiser participar, as regras e outras informações estão aqui: https://dianaisabelpinto.blogspot.com/2018/06/desafio-world-cup-literario.html

    Achei muito legal o desafio!

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