6.2.18

Capítulo 4


A noite do pijama foi simplesmente de encher o coração de alegria. Selena conseguiu se divertir muito com as irmãs de Demi. Juntas, elas conversaram sobre filmes, músicas, séries e riram dos comentários impiedosos de Megan. Mais tarde, quando Demi chegou, a festa ficou ainda mais animada e se as risadas não fossem moderas, Demi com certeza teria problemas com os vizinhos. A grande expectativa da noite era Anna. Todas estavam ansiosas para a chegada, e conforme elas ficavam mais ansiosas, o ponteiro do relógio demorava a avançar as casas e teve uma hora que as mais velhas: Selena, Demi e Bella, que lutaram contra o sono, ficaram preocupadas. Anna chegou por volta de uma hora da manhã. E o sorriso no rosto dela dizia que a noite tinha sido magnífica. Se não estivessem cansadas, com certeza encheriam a moça com milhares de perguntas, porém acabaram adormecendo. Demi abraçada com Selena no colchão inflável debaixo de muitas cobertas e Anna e Bella compartilharam do sofá enquanto as outras três, Hannah, Amber e Megan ficaram com a cama.

   - Por que diabos o seu despertador é um galo cantando? – Megan se arrependeu por estar calçando apenas meias, o chão estava terrivelmente gelado, mas o celular de Anna despertando incomodava muito mais.

   - O que foi, Meggy? – Anna resmungou se erguendo de olhos fechados sentindo o corpo pesar tanto que ela se sentiu mole de sono.

   - O seu celular. – Resmungou Megan nada discreta acordando Selena, que resmungou baixinho se aninhando a Demi que nem mesmo tinha movido um músculo. Nem se uma guerra estivesse acontecendo, Demi acordaria.

   - São quantas horas? – Não teve jeito. Quando Anna se lembrou que era manhã e que precisava levantar, só restou fazê-lo.

   - Eu não sei, Annie. – Choramingou Megan e Anna a repreendeu com o olhar quando flagrou os pés protegidos apenas com meias.

   - Quantas vezes eu vou ter que te alertar sobre choque térmico? Volta para a cama. – A menina o fez na ponta dos pés e o mais rápido possível. Anna cobriu o rosto com as mãos sentindo a cabeça começar a doer porque ela tinha dormido muito pouco e o dia seria absurdamente cheio no hospital e depois em casa nos detalhes finais da monografia que precisava ser entregue ainda naquela semana.

   - Annie, o que foi? – Bella perguntou quietinha observando a irmã ainda com as mãos no rosto. – Você está se sentindo bem? – Perguntou baixo. – Está acabando. – Bella conhecia muito bem o olhar cansado da irmã, por isso se ergueu para abraça-la porque sabia que Anna precisava muito daquele abraço.

   - Está tudo bem. Eu estou cansada, mas vou sobreviver. – Anna sorriu fitando os olhos de Bella, acariciou-lhe a bochecha e a beijou na testa. – Pode voltar a dormir, vou para casa agora, mais tarde o papai busca vocês. – Bella fez careta e riu baixinho quando o celular de Anna começou a tocar novamente. Foi engraçado ver o desespero de Anna para se levantar e buscar o celular na bolsa sem que Megan voltasse do quarto uma fera e ainda com reforços. – Desculpa, eu não queria acorda-la. – Disse Anna tão sem jeito quando Selena se ergueu de cenho franzido e confusa.

   - Quantas horas são? – Sel perguntou sentindo dor no estomago de tanta fome. Se tivesse um pouco do cachorro quente, ela não o recusaria, e com queijo ficaria perfeito.

   - Cinco horas? – Anna sorriu amarelo envergonhada e Selena pareceu não ter ouvido, se levantou, calçou as pantufas de Demi e caminhou diretamente para a cozinha atrás do cachorro-quente e do queijo. – Você está bem? – Perguntou Anna preocupada adentrando a cozinha.

   - Eu preciso de cachorro-quente com queijo. – Selena estava descabelada e desesperada. Ela nem mesmo acendeu da luz da cozinha, quem o fez foi Anna prevendo que se Sel continuasse caminhando no escuro, ela poderia sofrer algum acidente doméstico.

   - Eu vou preparar. Espera sentada. – Foram quatro vezes que Anna cuidou da falecida mãe quando ela estava grávida das irmãs. Eram desejos estranhos, mas que deveriam ser realizados. O brilho no olhar de Selena não tinha nada a ver com agradecimento, quando ela teve o cachorro-quente em mãos quente e com queijo, a primeira mordida pareceu leva-la para outra dimensão.

   - Muito, muito, muito obrigada. – Murmurou Sel sem nem mesmo olhar para Anna. O cachorro-quente era tudo que ela tinha e queria no momento.

   - Cachorro-quente? – Disse Bella. Ela se segurava para não rir de como Demi estava mole e zonza lutando para ficar de pé.

   - Por que vocês acordam tão cedo? – A voz começou normal e então foi ficando baixinho até que Demi fechou os olhos e deitou a cabeça no ombro de Bella.

   - Por que você a acordou? – Anna perguntou a Bella a ajudando segurar Demi antes que ela caísse.

   - Eu não acordei, ela levantou sozinha. – Demi abriu os olhos e os fechou algumas vezes, e quando foi sentada numa das cadeiras, deitou a cabeça a mesa e começou murmurar palavras aleatórias. Enquanto isso, Selena procurava por mais molho cachorro-quente na geladeira.

   - Deus. – Disse Demi aos poucos conseguindo raciocinar com clareza. Acontecia que ela ficava tão ansiosa quando estava com as irmãs que nem mesmo o sono era suficiente para segura-la. – E vocês duas ainda são gêmeas para me deixar mais louca. – Reclamou quando olhou para Bella e depois para Anna. Ela confessava que não sabia quem era quem. – Apresentem-se. – Murmurou cobrindo o rosto com as mãos e então o ruído de Selena a assustou. – Você está bem? – Perguntou e Selena nem a olhou. – Selena! Você está bem? – Tornou a perguntar preocupada e quando Sel a olhou, Demi sorriu pela primeira vez desde que tinha acordado ao ver a amiga assentir com o queixo sujo de molho de salsicha.

   - Anna. – Disse Bella trocando um rápido olhar com a irmã gêmea.

   - Isabella. – Disse Anna e o sorrisinho não passou despercebido por Demi que cerrou os olhos.

   - Como foi beijar o Rick ontem à noite? – Era o que todas queriam ouvir. E pelo sorriso de orelha a orelha de Anna, Demi soube que era realmente ela. Até mesmo o brilho nos olhos estava diferente.

   - Ah! – Anna sorriu toda apaixonada deitando a cabeça no ombro de Bella e Demi observou como elas eram idênticas e inseparáveis.

   - Vamos Annie, nos dê um bom motivo para acordar junto com as galinhas. – Disse Bella acariciando o cabelo da irmã atrás da orelha e Anna se aconchegou mais a ela.

   - Agora eu estou pronta para passar o meu dia de cabeça erguida e íntegra. – Demi arqueou uma sobrancelha e riu de como Selena parecia realizada quando se sentou na cadeira ao lado.

   - São cinco da manhã. Parem de sorrir. – Disse Demi para Selena e Anna. Elas eram as únicas que estavam alegres. – Conta, por favor. – Pediu deslizando os dedos pelo couro cabeludo de Selena quando ela deitou a cabeça na mesa.

   - Eu vou acabar me atrasando. Nós podemos conversar outra hora. – Pelos olhares que recebeu, Anna assentiu sem outra saída. – Ele me beijou no cinema como vocês já sabem. – Disse fitando os olhos de Demi porque ela tinha visto as mensagens no grupo. – Nós saímos do cinema o filme ainda não tinha acabado. – O que elas mais queriam ouvir? Anna sentiu as bochechas corarem e fitou o tampo de mármore da mesa. – Andamos um pouco no shopping. – Murmurou envergonhada. – Depois fomos para o carro dele. E vocês sabem.

   - Anna? – Bella estava com os olhos levemente arregalados e quando Anna os fitou, ela franziu o cenho e quando entendeu, negou na mesma hora.

   - Não! Isso não. Nós só perdemos a hora porque não conseguíamos parar... – Anna revirou os olhos novamente quando as olhou. Já não era informação o suficiente? – Ele estacionou num lugar mais reservado, colou música, ligou o ar e nós ficamos juntos. – Murmurou sem jeito. – Eu tirei a camisa dele e só. Não aconteceu mais nada.

   - Ele falou alguma coisa sobre um segundo encontro? – Perguntou Selena.

   - Ele falou que estava ansioso para me ver no hospital e que eu fico sexy quando estou com o cabelo preso e de jaleco. – As bochechas de Anna ficaram coradas com os sorrisos. – E que ele gostaria de me ver mais vezes fora do hospital.

   - Provavelmente ele vai te convidar, agora é só esperar. – Selena murmurou um palavrão quando Demi parou de acaricia-la na nuca.

   - Você precisa ir para o hospital com o cabelo preso. – O comentário de Demi não foi desaprovado por Anna, que considerou a ideia com um pequeno sorriso.

   - Eu estou sem saber como agir. Eu devo beija-lo? Fingir que nada aconteceu? – Perguntou se recostando a cadeira e deitando a cabeça no ombro de Bella quando ela se ergueu.

   - Você deve trata-lo normalmente e jamais fugir do assunto. Na hora de cumprimenta-lo, se vocês estiverem sozinhos e você sentir que ele não está indiferente, beije-o na bochecha. É um bom começo e se não acontecer de rolar um beijão, será apenas um beijo inocente de cumprimento na bochecha. – Selena sempre tinha razão. Demi a olhou com orgulho. Se tinha uma coisa que Sel realmente era boa, era quando se tratava de homens. Geralmente todos os palpites e dicas estavam certos.

   - Eu não cumprimento os rapazes com beijos na bochecha. – Se não fosse obrigada, Anna nem mesmo se relacionaria com homens já que a vergonha era maior que o sentimento de pertencer ao ambiente com homens e mulheres. Então a faculdade a obrigou a quebrar aquela ideia e o que não faltava a Anna eram colegas do sexo masculino.

   - Você pode começar com o Rick, Annie. – Bella fitou os olhos da irmã a encorajando. Estava mais que na hora de Anna se dedicar a vida amorosa. Bella sabia que a irmã sentia falta de ter alguém, principalmente nos dias que chegava cansada do hospital, e para desestressar encontrava era mais problema. – Eles não mordem.

   - Só se você deixar. – Demi sorriu quando viu as bochechas de Anna coradas. Anna estava claramente feliz e não tinha melhor sensação de saber que ela tinha grande participação em toda aquela alegria. – Eu não acredito que você iria embora sem ao menos tomar café da manhã!

Anna insistiu para que todas voltassem a dormir, mas Demi foi uma boa anfitriã e preparou o melhor e mais rápido café da manhã naquele horário. A conversa foi focada em Rick por boa parte do tempo, então Selena contou sobre a gravidez e a vontade de devorar as mais estranhas combinações de comidas. Quase que Anna perdia a hora, e quando ela foi embora, só restou as outras voltar a dormir porque ainda era muito cedo. Quatro horas mais tarde, o café da manhã estava sendo servido. Todos os dias podiam ser daquela forma. Ter Selena e as irmãs por perto, e se Joe também estivesse ali, Demi ficaria mais feliz. Ele e a pequena Lucy. Por um tempo, Demi ficou calada apreciando o momento. Ela gostava de ver todas interagindo como se fossem amigas de longa data. E na hora de ir embora? As dez horas em ponto, como o combinado, Inácio estava em frente ao prédio de Demi esperando as filhas.

   - Eu não queria que elas fossem embora. – Resmungou Demi se deitando ao colchão na sala. Selena trancou a porta do apartamento, e ao olhar para Demi sorriu.

   - Nunca vi você tão feliz. – Comentou se acomodando ao sofá se lembrando de quando Demi ficava triste porque não podia passar o dia dos pais com Inácio. E agora ela o tinha, ele e garotas maravilhosas. – Nos divertimos muito. Gostei delas, Dem. Você tem sorte por ter seis irmãs. – Demi franziu o cenho quando olhou para Selena e se arrastando pelo colchão, conseguiu se sentar ao sofá ao lado da amiga.

   - Você queria ter irmãs? – Perguntou puxando a coberta para cobri-las.

   - Às vezes. Quando eu era criança, eu passava a maior parte do meu tempo sozinha. Meus pais estavam trabalhando até o final do dia, e quando eles chegavam em casa, a babá já estava me organizando para dormir. – Eram diferentes em tantos aspectos. Selena cresceu numa casa grande onde não faltava absolutamente nada. Tinha pais amorosos, não passava por privações e conseguia o que queria. Já Demi cresceu num apartamento pequeno em Manhattan onde acontecia tudo que uma criança precisava manter distância. Mesmo com todas as diferenças, a amizade era firme e forte. E de certa forma, as duas se completavam.

   - Você tinha babá, Sel? – Demi sorriu abraçando a amiga se aninhando a ela para ajudar a amenizar o frio.

   - Tive inúmeras até que aprendi a me virar sozinha.

   - Sinto falta da minha mãe. – O silêncio entre elas não foi nada desagradável, Demi se aconchegou a Selena e por um tempo fechou os olhos até que a imagem de Dianna surgiu. – Queria que ela estivesse aqui, eu ficaria mais feliz do que já estou. – Selena assentiu com pesar. Ela tentava entender Dianna, mas sabia que havia pontos que não se justificavam com toda a história contada na carta.

   - Um dia ela vai ter que voltar para casa. Aqui ela tem você e moradia própria. – Não tinha muito que dizer sobre Dianna. Selena colocou uma mecha do cabelo de Demi atrás da orelha e a observou brincando com a ponta dos dedos sobre sua barriga.

   - Eu só queria saber se ela está bem. – Murmurou tristonha espalmando a mão na barriga de Sel. – Me promete que você vai ser uma boa mãe? Que sempre vai ama-lo e protegê-lo? – Ela não precisava perguntar por que sabia que Selena era mulher responsável, mas de repente teve medo de que aquele bebê ou qualquer outro no mundo passasse o mesmo que ela.

   - Você sabe que eu vou. Eu já o amo tanto e estou ansiosa para pega-lo no colo e ficar com ele nos meus braços. – Demi sorriu observando como Selena estava sorridente, até o brilho nos olhos estava mais vivo e feliz só por causa do bebê.

   - Vai ser incrível. Também estou ansiosa para pega-lo. – Comentou se erguendo para que pudesse prender o cabelo num coque. – O que você quer fazer agora? Ainda temos tempo até começarmos a preparar o almoço. – Perguntou fitando os olhos de Sel.

   - Dem, não ficarei para o almoço. A mamãe me pediu para almoçar com ela e o papai. Se você quiser, pode vir comigo. – Selena nunca tinha visto os pais tão sérios como no dia passado. E como eles não tinham convidado Ed e pediram que ela não o fizesse, era porque a conversa seria intima e séria.

   - Ah, tudo bem. Eu vou para o apartamento do Joe almoçar com ele e a Lucy. – Quando tocava no nome de Joe, o sorriso costumava ser orelha a orelha, mas o que Demi esboçou era apenas um pequeno e desanimado sorriso.

   - Você não me contou como foi ontem. – Selena não deixou de notar como Demi estava frustrada quando chegou na noite passada, mas ela soube disfarçar muito bem e focou toda atenção no encontro de Anna.

   - Conversamos e chegamos num termo comum. – Explicou puxando a coberta para o corpo e se organizando para deitar a cabeça nas pernas de Sel. – Fui firme na minha decisão de não ir ao Texas e eu sinto que o clima está estranho. Trocamos alguns beijos, mas sinto que ele está levemente estranho.

   - Dem, ele está frustrado. – Disse Selena se lembrando de como Joe ficava todo animado quando começava a falar do Texas. – Eu acho que posso dizer que é o sonho dele te levar para o Texas. Ele fica todo fofo quando fala do lugar onde nasceu, de como é bonito, da comida da avó, do por do sol no pasto. Não faz isso com ele, seja mais flexível. Ele é um amor com você e mesmo assim você fica brava com ele. O que aconteceu ontem quando você me ligou? Não consegui entender direito.

   - Nós resolvermos ir ao Little Muenster. Ele foi pedir suco natural e não voltou. Eu estava conversando com a Anna e tentando acalma-la porque o Rick estava demorando. Com menos de cinco minutos ele chegou e quando eu senti falta do Joe, vi que ele estava escorado no balcão cheio de sorrisos conversando com uma ruiva de bumbum de fora.

   - E você surtou! – Selena sorriu quando Demi franziu o cenho assentindo.

   - É claro que surtei. Ele é professor de reforço da matéria dela. – Murmurou com cara de poucos amigos. – Mas ela não gosta de homens e é casada com outra mulher. Elas têm uma garotinha. Então eu vou deixar passar.

   - Demi, Demi. – Selena correu os dedos pela barriga de Demi e toda aquela cara emburrada sumiu em questão de segundos dando lugar a uma Demi que se contorcia e ria sentindo as cócegas. – Dê valor ao homem que você tem. – Demi sustentou o olhar de Selena pensando nas palavras dela e depois assentiu.


***

Quando mais novo, a única regra que ele deveria ter quebrado era a de “Não adotar um cachorro”. Como era possível que um ser fosse carregado de luz, amor e carinho como um adorável cãozinho? Uma certeza Joe tinha, Lucy era enviada do céu para que ele pudesse ama-la e aprender com ela. A bolinha cor de rosa era nova e estava nas mãos do rapaz. Joe tinha a comprado junto com a blusa de frio com capuz para a cadelinha. Lucy estava sentada quietinha fitando a bola nas mãos do dono esperando pela ordem. Ela era tão bonitinha que Joe sorriu quando a pequena franziu as orelhinhas como os dálmatas faziam. A diferente era que Lucy era de uma pelagem marrom escura e tinha os olhinhos cor de mel.

   - Vou contar de um até três e vou jogar a bolinha. A sua missão é trazê-la de volta para o papai. – Se ele começasse a mima-la, Lucy se espalharia no tapete com as perninhas para cima e pediria carinho. O objetivo da brincadeira era distrair a pequena porque Joe estava com receio de leva-la ao Central Park para correr e brincar com os outros cães como geralmente acontecia. O problema todo era a neve e o fato de Lucy estar grande para aguentar ficar no colo durante todo o caminho até o Central Park.

Para testar o foco e atenção da cadelinha, Joe mostrou a bolinha e a jogou de uma mão para a outra constatando que o olhar de Lucy estava focado nela. Ela até mesmo tinha se levantado e o rabinho não parava de balançar. Então ele fez como prometeu. Contou de um até três com firmeza tentando mostrar a Lucy que a brincadeira era também para ajuda-la a entender o que significava esperar. A bolinha foi arremessada para longe, caiu debaixo da mesa e Joe fechou os olhos quando ouviu a pequena se esbarrar nas pernas das cadeiras e mesa.

   - Lucy? Tudo bem? – Perguntou preocupado, mas Lucy já tinha a bolinha na boca e voltou para o tapete onde se deitou com a cabeça erguida e começou a morder a bolinha a apoiando com as patas para que não escapulisse. – Me dá a bolinha. – Ela só o fez quando ele se agachou e bateu a mão na coxa da perna. – Muito bem, garota. – Como recompensa, Joe a acariciou atrás das orelhinhas como Lucy adorava e a beijou na testa recebendo uma lambida no queixo. – Vou jogar de novo e depois nós vamos guardar a bolinha. – Eles já tinham brincado de outras coisas e estava dando a hora de começar a preparar o almoço. Como disse a pequena, Joe jogou a bolinha. Lucy correu para a direção do quarto onde a bolinha foi arremessada e segundos depois voltou correndo em alta velocidade que quase se chocou contra a parede. – Agora nós vamos guardar a bolinha. Só vou deixar você brincar com ela se você não me lamber quando eu estiver me exercitando. – Lucy jamais entenderia o que ele estava propondo. Mais cedo foi impossível fazer abdominais e flexões porque a pequena o lambia sempre que podia no rosto.

O estado da bolinha era: babado e mordido. Joe fez careta enquanto manuseava a bolinha para a pia da área de serviço, e Lucy estava logo atrás pulando e latindo para chamar atenção do bolo. A bolinha foi limpa com água e sabão e Joe a colocou na prateleira junto aos outros brinquedos.

   - Vem cá. – Pega-la no colo era uma missão complicada, mas Joe o fez e aos pouquinhos conseguiu acalma-la. – Seus brinquedos estão aqui. Mais tarde nós brincamos. – Ele riu do choro manhoso de Lucy, colocou-a no ombro para que pudesse abraçar o corpo dela e caminhou para sala. – E se a gente assistir desenho um pouco antes de partimos para cozinha? – Os dois estavam sentados no sofá. Joe já imaginava que seria triste cozinhar. Alguns alimentos estavam congelados como as carnes. E ele tinha que mexer com a água da torneira, o que era uma péssima ideia. – Eu acho que isso foi um sim. – Resmungou quando Lucy subiu no colo dele e começou a lambe-lo no rosto e se roçar a ele. – Eu acho que alguém está precisando de um banho com muita urgência. – Tornou a murmurar sentindo o cheiro forte de cachorro que vinha de Lucy. – Ei! Fica quieta. – Pediu e a deitou no sofá. Dar banho nela seria muito cruel? Joe fitou a cadelinha rolando no sofá e se esfregando em tudo que encontrava. Ele deveria mante-la limpa porque Lucy até mesmo dormia com ele e Demi. – Prometo que o banho vai ser quente e eu vou te secar. – Disse a acariciando atrás das orelhas. O pior de tudo era que Lucy entendia muito bem o que significava a palavra “banho”. Ela já começava a ficar mais mole para dificultar que Joe a pegasse no colo e se escondia em lugares inacessíveis.

Pesquisar na internet não seria ruim, bem pelo contrário. Joe leu sobre banho em cães na época do inverno e que era possível. Tudo que ele precisava era de água em uma temperatura um pouco acima da média, algodão para impedir que água caísse no ouvido da pequena, uma toalha de algodão que absorveria melhor que de outro material a água dos pelos da pequena e um secador.

   - Você vai ficar aqui quietinha enquanto eu vou na casa da sua mamãe buscar o secador. – Disse a Lucy vestindo o casaco pesado para se proteger do frio. Por um pouco Joe sairia sem cachecol e touca, então ele os vestiu e se preparou mentalmente para sair. – Eu já volto, pequena. – Para que Lucy não saísse para rua, Joe teve que elaborar todo um processo para sair do apartamento, ele o fez de costas e quando conseguiu, virou-se e arqueou as sobrancelhas em surpresa ao se deparar com Demi prestes a bater à porta.

   - Oi, querido. – Existia um sorriso mais bonito que o dela? Joe suspirou sem esconder como era apaixonado e sorriu a olhando nos olhos. Demi ficava simplesmente fofa quando usava touca, o cabelo longo caindo sobre o moletom que ela usava que inclusive era dele! Ele se permitiu demorar a olhando.

   - Oi Dem. – Sorrindo, Joe a puxou para um abraço apertado e a beijou na boca num selinho. – Eu estava indo para o seu apartamento. – Os braços rodeavam a cintura feminina e as mãos descansavam acima do bumbum.

   - Se quiser, nós podemos ir para lá. Pensei em vir para o seu para fazermos o almoço e ficar com a Lucy. – Explicou-se erguendo a cabeça para olha-lo. Usar all star não ajudava em nada a melhorar a altura.

   - Tudo bem, está perfeito assim. – Não teria problema beija-la no corredor, teria? Antes de fazê-lo, Joe olhou para os lados a procura de um vizinho e quando confirmou que estavam sozinhos, curvou-se para beijar a namorada num beijo mais demorado e intenso. – Nós ficamos aqui para o almoço. – Disse se lembrando que a frase anterior não tinha feito muito sentido. E ele abraçou mais Demi contra o corpo quando ela o beijou no peito e descansou a cabeça no mesmo desfrutando do abraço. – Eu estou planejando dar banho na Lucy e gostaria de saber se você pode me emprestar o secador de cabelo. – Ele ficou tão sem jeito que Demi revirou os olhos o olhando.

   - É claro que eu posso emprestar, você vem comigo buscar? – Descansar as mãos no cabelo da nuca de Joe não foi uma ideia ruim. Demi o acariciou no cabelo e quando sentiu vontade, puxou o namorado para um beijo.

   - Vou. – Murmurou mais concentrado em beija-la na boca e aperta-la na cintura. – Você quer entrar um pouquinho? – Perguntou a encostando contra a porta e se certificando que eles ainda estavam sozinhos no corredor.

   - Eu adoraria, mas vamos buscar logo que já resolvemos isso. – Ainda tinha muito tempo para namorar durante aquele dia. Demi beijou o queixo de Joe e o envolveu num abraço de urso como gostava de fazer.

   - Senti a sua falta. – Os dedos estavam enlaçados aos dela e Joe não gostava da ideia de ficar em silêncio dentro do elevador. Era tão ruim porque ele e Demi costumavam conversar sobre os assuntos mais improváveis, então quando ficavam mais quietos, era estranho.

   - Eu também senti a sua. Dormir com a Selena é muito bom, mas eu gosto mais de dormir com você. – Demi ergueu a cabeça e sorriu fitando os olhos de Joe. Ela o beijou no músculo no braço e toda manhosa envolveu a cintura do namorado com os braços e o beijou no peito.

   - Eu digo o mesmo sobre a Lucy. – Ele acabou grunhindo quando abraçou forte Demi contra o corpo arrancando um sorriso de orelha a orelha dela. – Você se divertiu ontem? – Perguntou carinhoso colocando uma mecha do cabelo de Demi atrás da orelha e fitou as sardinhas constando mais uma vez que elas eram lindas.

   - Só faltou você. – O sorriso de Demi só foi desmanchado com o selinho demorado que recebeu nos lábios. – Ontem foi incrível, amor. Eu não consigo explicar como fiquei feliz ao ver a minha irmã com as minhas irmãs. – Joe franziu o cenho e para que continuasse juntinho a Demi, ele a abraçou de lado quando as portas do elevador se abriram. – Fiquei feliz ao ver a Selena com as minhas irmãs. – Disse animada e sorridente. – A amizade entre elas foi natural, sabe? Em nenhum momento houve momentos desagradáveis, bem pelo contrário. Nós conversamos, jogamos vídeo game, brincamos até tarde esperando a Anna. Ela chegou tarde, mas estava feliz. O plano deu muito certo. – Quando Demi ficava tagarela daquele jeito, Joe demorava um pouquinho para processar tudo que ela dizia por que as palavras rapidamente saiam e também a beleza da namorada o hipnotizava e quando Joe percebia, estava pensando em como queria fazer amor com Demi sem nem se lembrar de toda conversa.

   - Estou feliz por você. – Não deu para olha-la porque eles atravessariam a rua naquele instante. Só quando estavam seguros que Joe relaxou. – Nós poderíamos fazer um programa com as mais novas. O que você acha? – Não tinha jeito. Agora Demi tinha uma família e ele teria que se encaixar mesmo com a possível desaprovação de Inácio. As meninas eram legais e Joe não via um porque para não se enturmar.

    - Com Amber, Megan e Alicia? – Perguntou animada com a ideia e Joe assentiu.

   - Nós poderíamos reservar um dia para ficar só com Alicia, ela é pequena e precisa de atenção e cuidado. – Comentou se concentrando no caminho que fazia porque a calçada estava cheia de pedestres e se ele não tivesse atenção, acabaria se esbarrando em alguém. – Podemos levar a Hannah. Vocês escolhem o programa por minha conta. – Demi o olhou com certo receio porque Joe não deveria fazer muitos gastos já que não ganhava muito.

   - Vamos dividir ao meio. – E novamente eles teriam que atravessar a rua. Enquanto atravessavam, Demi curtia o abraço com Joe e os flocos de neve tocando a pele nua do rosto.

   - Estou falando sério. Por minha conta. Eu quero fazer isso, não seja chata e mandona. – Demi só assentiu porque adorava quando Joe a beijava em público. Tinham acabado de pisar na calçada e Joe a beijou na bochecha para depois na boca. – Fechado? – Perguntou a olhando nos olhos e Demi tornou a assentir se colocando na ponta dos pés para conseguir beijar os lábios do namorado.


***

   - Ela está chorando, será que eu fiz mal? – Joe estava claramente preocupado com o choro de Lucy. A escovinha tinha as cerdas macias que eram o suficiente para fazer a higienização dos pelos da cadelinha, mas ela chorava manhosa conforme era ensaboada dentro do box do banheiro.

   - Ela é manhosa, Joe. – Por conta da mão machucada, Demi estava evitando contato direto com Lucy, então ela ajudava o namorado a pegar água morna num recipiente para jogar em Lucy constantemente para que a cadelinha não sentisse frio. – Está bom, vamos tirar o excesso de sabão e seca-la antes que ela esfrie. – Lucy era uma verdadeira atriz. Ela chorou, se remexeu, tentou fugir e se sacudiu atirando água e sabão para todas as direções. Joe teve que ser firme a segura-la para terminar de tirar o sabão. Logo depois a pequena estava envolta numa toalha branca e nos braços do dono como se fosse um bebê.

   - Já acabou, bebê. Está tudo bem. – Foi tão fofo como Joe mimou Lucy e a balançou nos braços. – Agora você está muito cheirosa e o papai está ansioso para tirar uma soneca com você depois do almoço. – O objetivo era distrair a cadelinha para que ela esquecesse que tinha acabado de tomar banho. Para seca-la, Joe a colocou sobre o espaço do balcão da pia e com muito cuidado deslizou outra toalha nos pelos de Lucy.

   - Ela é manhosa como o pai. – Demi roçou o braço de Joe com o dela e sorriu quando ele a olhou. – Vamos seca-la e começar a fazer o almoço, está ficando tarde. – A temperatura do secador estava na média e os jatos de ar a certa distância para não ferir e nem assustar Lucy. Demi estava responsável por segurar o aparelho e Joe por escovar o pelo. Demorou quase quarenta minutos e no final das contas, o pelo de Lucy estava um charme! O marrom estava hidrato e brilhante. E a roupinha? Foi motivo para risos quando Joe colocou o capuz da blusa cor de rosa na cadelinha e ela se espreguiçou e bocejou.

   - Você pode cozinhar enquanto eu limpo o banheiro? – Ele perguntou a Demi ainda de olho em Lucy que tinha deitado no tapete do banheiro. Pelo visto o banho foi o suficiente para esgotar as energias da cadelinha.

   - Eu vou ver o que posso adiantar. – A mão ainda cicatrizando não ajudava Demi a executar tarefas simples, principalmente as que envolviam contato direto com líquidos, então ultimamente cozinhar não era uma tarefa viável. – Estou te esperando na cozinha. – Ficar perto de Joe despertava sensações que Demi não conseguia descrever com palavras. Ela o abraçou por trás com força e o beijou nas costas de olhos fechados. Melhor ainda foi quando ele a puxou para os braços e a beijou na boca apertando cada ponto estratégico do corpo de uma mulher.

   - Pode deixar. – Ele não deveria esboçar aquele sorriso charmoso. Era tiro e queda! O coração de Demi começava a bater mais rápido e o corpo esquentava automaticamente.

   - Estou indo. – Ela não deu um passo quando foi abraçada por trás. E Joe sorriu com a reação da namorada. Ela fechou os olhos e respirou fundo quando recebeu um beijo demorado no pescoço.

   - Vai, linda. – Para sair dos braços dele deu tanto trabalho. Demi o olhou sobre o ombro e beijou os lábios do namorado quando ele se curvou.

Era preciso muito controle para namorar um cara como Joe. Durante o caminho até a cozinha, Demi ainda estava aérea de paixão, os pensamentos estavam concentradíssimos em Joe e nos lábios dele, nos olhos e nos músculos bonitos. Para o calor melhorar, Demi tomou um copo d’água e respirou fundo algumas vezes dando tempo para se acalmar.

Pensar no que preparar para o almoço era uma boa opção para não pensar em Joe e sexo. Legumes e verduras não combinavam nada com o que Demi queria fazer com o namorado. A música também ajudou. Demi cantarolou Human Nature sem saber ao certo qual parte da música ela poderia cantar. Às vezes ela acompanhava as frases na voz do Michael Jackson, às vezes cantarolava os toques, fazia voz de fundo e tudo mais. O repertório estava cheio de músicas do Michael e Demi cantou todas sem errar a letra. Ela até arriscou alguns passos de dança enquanto cortava as cenouras em rodinhas.

   - Por favor, não faça mais isso! – O abraço surpresa de Joe quase gerou uma tragédia. A sorte era que na hora a faca estava sobre a pia num lugar seguro. – Eu quase morri, Joseph! – Resmungou de coração acelerado e Joe riu.

   - Desculpa. – Para evitar os tapas, Joe beijou o pescoço de Demi, mas riu baixinho ainda com a cabeça na curva do pescoço dela. – Não me bate! Prometo que não vou fazer mais. – Disse assim que ela se virou e o olhou feio.

   - Tudo bem, mas eu vou me vingar. – O sorrisinho de lado era o suficiente para deixar Joe a pulga atrás da orelha de curiosidade e receio. – Aplica a insulina e vem me ajudar a cortar essas coisas. Está quase no horário do almoço e eu não quero que você coma fora da hora. – Uma ordem era uma ordem! Quando se tratava da saúde de Joe, Demi mudava completamente a postura divertida para uma séria porque ela se preocupada muito com a saúde do namorado. Levou bons minutos para que o almoço ficasse pronto, e durante aquele tempo, eles brincaram com Lucy e a bolinha de mais cedo.

   - Eu estou satisfeito. – Murmurou Joe e Demi esboçou um pequeno sorriso sem olha-lo. Ela tinha o feito repetir sendo que o primeiro prato de Joe já tinha sido bem generoso...

   - Que cara é essa? – Demi o acariciou na bochecha esquerda logo a apertando para que Joe fizesse careta.

   - Eu acho que estou perdendo peso e forma, estou ficando magro porque aqui em Nova York não pratico exercícios todos os dias. – Demi o analisou e murmurou: Hum. Os braços de Joe tinham músculos grandes, o peito uma tentação assim como o abdômen e as pernas. – Quero ficar forte. Eu estava pensando em começar a treinar na academia. – Disse a olhando nos olhos,

   - Não acho que você está magro. – Ela conhecia cada pedacinho do corpo dele porque quando estavam nus na cama, Demi se perdia em cada músculo admirando como Joe era um homem bonito. – Mas se você quer treinar, podemos procurar uma academia aqui perto. Só que nós temos que visitar a  sua médica para saber se você está bem para malhar. – Era só Demi tocar no assunto que Joe já ficava quieto e receoso. Ele só não queria estragar a felicidade dela com mais um problema.

   - Eu estou bem, não sou tão mole assim. – Joe fechou os olhos com o carinho na bochecha e quando os abriu, fixou o olhar ao de Demi.

   - Você é o meu amor. Eu só quero cuidar de você porque eu não quero te ver numa cama de hospital. – Quando os olhos de Demi marejaram e ela o abraçou de lado, Joe franziu o cenho e engoliu em seco. – Nós fizemos as consultas e a médica disse que está tudo bem, agora eu só estou me certificando que você vai continuar saudável e forte. – Ele não merecia o sorriso lindo e genuíno dela, não mesmo. Joe se xingou mentalmente e quando deixou um suspiro escapar, teve que forçar um sorriso para Demi e abraça-la para que ela não começasse a fazer mil e uma perguntas.

Ele não deveria entrar em pânico. Não era como se fosse a primeira vez. Não era como se o coração nunca tivesse quase saído pela boca. Ele não deveria tremer as mãos e nem mostrar tanto descontrole. No sofá da sala estava quente como um delicioso dia de verão. O calor concentrado em cada lugarzinho que era beijado era culpa de Demi. Quando eles começaram a namorar depois do almoço, se acomodaram no primeiro lugar que encontraram, que foi o sofá. Como costumavam fazer, a coberta estava junto com eles os protegendo de um frio que nem existia mais. Joe estava prestes a ter um ataque cardíaco, isso tudo porque os lábios de Demi estavam quentes, macios e tentadores o beijando. Começou com beijos no peito, então eles trocaram alguns beijos de língua e Demi continuou a trajetória dos beijos pelo abdômen e agora eles estavam concentrados abaixo do umbigo e não ultrapassavam o cós da calça.

O que Ed dizia sobre aquele momento? Joe não consiga ter pensamentos decentes e muito menos se lembrar das palavras do amigo. Era algo sobre não ser muito barulhento e nem desesperado, mas como podia? Só era possível ver a coberta marcada com a curva da cabeça de Demi lá em baixo lá perto. Será que todo cara ficava nervoso e ansioso como ele na hora do sexo? No início ele só queria chegar lá e não demorava nada para acontecer, mas tinha melhorado bastante e Joe fazia o melhor que podia para conseguir agradar Demi. Só que sexo oral era demais para ele. Era um ponto fraco que era difícil de superar. Ele quase tinha chegado lá quando Demi abriu o botão da calça e desceu o zíper.

   - Joseph? – E o coração quase parou de novo. A voz dela era tão linda, suave e menina. Joe piscou algumas vezes e se esforçou para não parecer tão desesperado como ele sentia que estava.

   - O..oi.. oi Dem. – Não era para ter gaguejado nem ter grunhido quando Demi se deitou sobre ele encostando a cabeça no peito e tirou a coberta da cabeça.

   - Bebê, você tem preservativo? – Por que diabos ela tinha que ser toda manhosa e linda? Joe quase choramingou fitando os olhos marrons e as sardas mais bonitas que ele já tinha visto no mundo.

   - Lá no quarto, bebê. – Demi sorriu de como ele estava todo fofo corado, descabelado e nervoso.

   - O que você acha.. – Murmurou entre os beijos que distribuía no rosto dele, e quando Joe a abraçou, Demi gemeu se aninhando no corpo forte e quente. – de passar o dia todo namorando comigo? – Foram mais beijos, só que dessa vez nos lábios dele.

   - A melhor ideia do mundo. – Joe a beijou no pescoço e aos pouquinhos guiou uma mão para o bumbum dela. – Só que mais tarde eu vou ter que sair para resolver algumas coisas do trabalho. – Ele fez questão de mordiscar o bico que ela fez e beija-la com vontade na garganta e no queixo.

   - Que horas? – Demi riu sentindo cócegas com o beijinho que recebeu no pescoço. – Que horas? – Ela o apertou lá em baixo tentando parecer séria e sexy, mas os dois acabaram rindo.

   - As sete. – Se ela o tocava, ele também podia toca-la. Joe começou deslizando suavemente o dedão na bochecha enquanto com a outra mão adentrava a calça jeans que ela usava. – O que você acha de sair essa noite? Só eu e você num lugar romântico com direito a luz de velas, música e comida boa. – Demi assentiu quietinha fitando os olhos verdes dele e o sentindo toca-la sem pressa como ela fazia com ele.

   - Eu aceito sair com você. – Os sorrisos foram mornos porque os dois estavam concentrados em trocar prazer de uma forma diferente da qual estavam acostumados, então ficaram quietos por um tempo apreciando o momento até que o calor selvagem voltou para agita-los.

   - Vai lá buscar o preservativo pra gente? – Quando Demi sorriu, Joe também sorriu e a abraçou forte contra o peito para ouvi-la reclamar, mas também rir o abraçando forte como ele fazia com ela.

   - Eu já volto, ok? – Joe amava o sorriso sapeca de Demi. Ele sorriu quando ela o encheu de beijos e se levantou apressada para ir ao quarto. Tinha mulher mais linda que a dele? De tão animado e feliz que estava, ele se acomodou ao sofá e se espreguiçou ainda com um sorriso no rosto. Namorar era muito bom, principalmente com Demi.

   - Ei, vem! – Ele a puxou para os braços quando Demi voltou para a sala na ponta dos pés e tentou assusta-lo colocando o preservativo no campo de visão dele. – Vem, vem! – Os dois estavam sorridentes e claramente apaixonados um nos braços do outro.

   - Tem sabor. – Não para ela ter dito em voz alta porque agora estava envergonhada a ponto de as bochechas estarem coradas, mas também existia um sorriso bonito nos lábios. – Ignora, ok? – Ela riu cabisbaixa e Joe também colocando uma mecha do cabelo castanho atrás da orelha.

   - Você pode tirar a blusa? – Perguntou sério a acariciando no queixo para que também pudesse erguer o rosto para que Demi o olhasse. – Fica só de jeans?

   - Posso, mas quem vai ter que tirar a minha roupa de cima é você. – Sorrisos tímidos possuíam uma série de significados, e o que Demi tinha esboçado era puramente convidativo. Facilmente Joe a colocou de joelhos também ficando para que pudesse beija-la na boca e se concentrar em tirar o moletom e demais peças.

   - Fica com a coberta, princesa. Não quero que você sinta frio. – Tinha como sentir frio nos braços dele? A cada beijo na pele revelada conforme Joe subia o moletom, Demi suspirava e ansiava se entregar ao momento. Ela até o puxou pelo cabelo da nuca para beija-lo na boca e em meio a suspiros pesados, deixou que Joe se livrasse do moletom e da blusa de manga ao mesmo tempo. – Linda, meu anjo. – O olhar dele estava longe do dela. Joe só a olhou nos olhos um minuto depois de analisar os seios bonitos sem toca-los como ele gostaria.

   - Ei, o que foi? – Perguntou envergonhada porque Joe ainda não tinha a tocado.

   - Um homem não pode admirar a mulher que ama? – As mãos tocaram o corpo feminino desde a cintura aos seios os moldando as mãos e os apertando nos mamilos. – Eu nunca vou me cansar de dizer como você é linda e como eu amo você. – Os lábios foram selados em cada pedacinho dos seios e os dentes mordiscaram os mamílos superficialmente a excitando.

   - Não Joe. – Murmurou tão envolvida quando ele tentou deita-la no lugar dele enquanto a distraia com os carinhos nos seios. – Amor, hoje é o seu dia. – Como ela queria, conseguiu beija-lo na boca e prepara-lo quando levou as mãos ao peito nu para espalma-lo pacientemente. – Mas se você não estiver à vontade, tudo bem. – Era melhor que tudo estivesse esclarecido antes mesmo que eles começassem.

As bochechas coradas de Joe diziam uma coisa, mas os lábios dele disseram outra completamente diferente. Demi sorriu feliz e resolveu deixar que acontecesse naturalmente. Não faltaram beijos, carinhos e olhares intensos. E como mais cedo, o calor entre eles parecia vivo. O peito largo era um bom lugar para começar, e Demi não teve pressa porque queria que Joe sentisse o mesmo prazer que ele dava a ela.

Os ombros largos eram tão atrativos que Demi os massageou aproveitando para descer a mão pelos braços fortes admirada com o tamanho dos músculos. Ele era todo bonito e não apreciar cada detalhe era um pecado! Vez ou outra ela o olhava nos olhos e o beijava nos lábios enquanto as mãos trabalhavam no corpo. Beija-lo nos mamilos não era novidade, mas toda vez que o fazia, Demi encontrava o olhar surpresa de Joe. O que ela não sabia era que ele se controlava para não fazer barulho quando recebia aquele tipo de carinho. Arranhar o abdomen, espalmar o peito e beija-lo ali eram os estimulantes perfeitos que Joe precisava.

A embalagem cor-de-rosa as mãos de Demi causou inquietidão em Joe. Ele se sentiu em extase ao ver a namorada cuidadosamente abrir o pacotinho do preservativo já o preparando para ser usado porque eles estavam quase lá. Na vez que a ereção foi envolta pela mão feminina, não teve nada capaz de controlar o grunhido de Joe. Ele umedeceu os lábios depois de engolir em seco e os entreabriu quando respirou fundo. A cabeça foi tombada para trás e um palavrão baixinho escapou por entre os lábios masculinos. Ele não deveria sofrer tanto de ansiedade porque estava recebendo prazer, Demi nem tinha feito nada além de toca-lo com a mão.

Constando que só Demi o ouviria, Joe olhou para os lados procurando por Lucy não a encontrando na sala, aliás, não no campo de visão dele. Um suspiro e um grunhido não seria nada demais, só que não saiu como ele tinha planejado. Joe franziu o cenho e fechou os olhos chamando por Demi sentindo o corpo ganhar vida com o beijinho que ele recebeu lá. Era agora. Demi sempre dava aquele beijinho nele antes de começar.

   - Vem, me ajuda. – Ele tinha que participar! O preservativo estava em mãos e Demi precisava que Joe estivesse ali com ela ciente do que estava acontecendo, mesmo que ela o achasse lindo todo ansioso para o que aconteceria. – Querido, me ajuda. – Tornou a pedir o beijando um pouco acima do umbigo e Joe franziu o cenho quando a olhou, mas aos pouquinhos voltou a realidade. O que geralmente ele fazia era se proteger sobre o olhar de Demi, ou seja, não era uma missão fácil, exigia muito autocontrole para não corar bruscamente e nem gaguejar gemidos. – Garotão. – Toda vez que ela o chamava daquele apelido, as bochechas de Joe ficavam vermelhinhas, e Demi confessava que tinha feito de proposito

   - Ah não, Dem! Você não vai atender, vai? – Dez segundos? Ou menos que isso? O que ele tinha feito para o universo conspirar contra aquela troca de carinho? Joe mal conseguia respirar e estava mais duro do que podia se lembrar. E o celular vibrava na almofada onde ele estava recostado.

   - Pode ser uma urgência. – Quando o celular começava a tocar, Demi fazia questão de atendê-lo porque poderia ser Dianna ou Selena. – Pega para mim, prometo que nós vamos continuar. – Joe não era um cara resmungão, mas ele tinha ficado bravo e resmungou tanto se erguendo contra a vontade para pegar o celular, nem os beijinhos que Demi distruiuu ajudaram a combater o repentino mau humor.

   - Atende aqui, você tem cinco minutos. – Resmungou manhoso e ele só entregou o celular para Demi quando ela assentiu revirando os olhos.

Era a primeira vez que ver o nome de Inácio como “Pai” na tela do celular desanimava Demi, não porque ela não queria falar com ele.. Bem pelo contrário, era que o momento não favorecia em nada. Joe ainda estava excitado e ela semi-nua.

   - Espera um pouco, é o meu pai. – Demi estava tão sem graça quanto Joe, que tinha perdido todo o animo... Que droga! Por que Inácio estava lingando logo naquela hora? Incomodado, Joe cobriu as mãos com o rosto e resmungou baixinho só quando Demi saiu da sala vestindo rapidamente a blusa de manga. O que restava para ele? Joe puxou a coberta para cobri-lo e tornou a cobrir o rosto com as mãos. Inácio não tinha dito nada exatamente para afasta-lo de Demi depois que se aproximou, mas era como se Joe pudesse sentir que estava sendo vigiado e que deveria ter cautela, era como o velho ditado: um olhar valia mais que mil palavras.

   - Até você sabe que não é para nos perturbar quando estamos namorando. – Disse a Lucy quando sentiu as patinhas dela próximas ao corpo dele. – O que eu faço? Estou cansado disso. – Murmurou a olhando nos olhos e em troca Lucy o lambeu na mão e esfregou a cabeça contra ela pedindo por carinho. – Eu estou sendo um idiota? – Era uma possibilidade. Talvez ele estava enxergando coisa onde não existia, ou simplesmente exagerando. Durante o tempo que ficou com Lucy, Joe se sentiu ansioso e nervoso para a volta de Demi, e demorou quase vinte minutos.

   - Desculpa a demora. – O que ela deveria fazer? Não existia mais clima para continuarem porque Demi sentia a tensão de Joe envolve-la. – Desculpa, ok? – Quando Joe se ergueu, ela o beijou na bochecha e o abraçou.

   - Está tudo bem, acontece. – Não era a primeira e nem seria a última vez que eles recebiam ligações naquele momento.. Já tinha acontecido com ele, e quem ligava era Mary. – E aí? Tudo bem? – Perguntou quebrando o silêncio entre eles.

   - Ah, ele ligou para avisar que encontrou um lugar bom para o escritório aqui perto de casa. – Aos pouquinhos Demi conseguiu se deitar no sofá e abraçou o namorado de lado descansando a cabeça no peito dele. – Ele perguntou se eu queria ir lá agora...

   - Você quer ir lá? – Joe perguntou fitando os olhos marrons dela.

   - Só se for com você. – Que opção ele tinha quando Demi fazia aquele biquinho e o olhava toda carente? – Depois nós conversamos e ele me disse que está muito atarefado com as atividades da empresa e com as garotas. Eu disse que estava com você e a Lucy, ele mandou um oi. – Joe murmurou um oi e Demi riu se aninhando mais a ele. – O nosso programa de hoje à noite ainda está de pé, certo? – Perguntou o olhando e Joe assentiu. Depois da ligação de Inácio, Demi não queria que Joe pensasse que ela estava o deixando de lado, só que era difícil administrar toda aquela vontade de ficar perto do pai e das irmãs ao mesmo tempo que ela queria estar com os amigos e o namorado.

   - Minha presença está confirmada, e a sua? – Para descontrair o clima, Joe beijou a testa da namorada e sorriu quando ela o olhou nos olhos.

   - Também está. Amor, nós continuamos mais tarde, ok? – Ela foi curiosa o suficiente para erguer a cuecar e rir sapeca do estado de Joe.

   - O que? Estranho seria se eu estivesse duro com você falando sobre o seu pai. – Os dois riram da situação e continuaram abraçados para ajudar a combater o frio. – Eu vou tomar banho e me arrumar, você quer tomar banho comigo ou vai ficar aqui quietinha fazendo companhia para a Lucy?

   - Confesso que estou com preguiça de tomar banho. Tomei para vir ao seu apartamento. – Então Demi ficou com a segunda opção. No tempo que Joe tomava banho para se organizar, ela ficou deitada no sofá toda preguiçosa acariciando Lucy que tinha se juntado a ela debaixo da coberta. Demorou quase quarenta minutos, tempo que Demi aproveitou bem cochilando que chegou a suspirar.

A ajuda de um veículo fazia toda a diferença em Nova York, principalmente no inverno quando pegar metro, ônibus ou andar a pé era invivável. Não que ter um automóvel ajudava sempre, quando o trânsito parava em filas e mais filas de carro, era certeza que iriam se atrasar. Aconteceu naquela tarde. Joe estava com o carro de Steve e o trânsito o atrapalhou a guiar o carro por pelo menos dez minutos lá pela Fifth Avenue. A sorte era que o lugar que Inácio tinha encontrado não ficava longe do apartamento de Demi, deveria ser cerca de cinco ou seis quadras na direção do Central Park, quase na mesma direção que a Gyllenhaal.

   - É um lugar grande, não acham? – Disse Inácio. Demi o abraçava de lado e parecia tão feliz por estar perto do pai, Joe não a julgava, pois ter um homem como Inácio como pai deveria ser incrível. Assentindo, o rapaz fitou a frente do prédio o analisando. Era uma construção bonita, não sofisticada como as atuais. A arquitetura carregava sutis traçõs da espanhola, então o lugar era mais exclusivo e com certeza caro, dava para perceber em cada detalhe.

Inácio estava com a chave da porta principal e Joe ficou preocupado com o que aquilo poderia significar, já Demi estava animada e curiosa fitando os comodos imaginando o que ela poderia fazer ali com diferentes cores de tinta e papel de parede. Era um prédio espaçoso de apenas dois andares. Eles poderiam até montar uma empresa de pequeno porte ali que funcionaria muito bem. O primeiro andar era dividido em dois comodos espaçosos e um banheiro, tudo muito bem iluminado. Já no segundo andar, tinha apenas um comodo com uma varanha com direito a porta de vidro e tudo mais.

   - É muito bonito. – Demi estava maravilhada fitando o lustre. Era um espaço bom, aliás, bem melhor do que ela tinha imaginado e precisava.

   - É seu então. – Ele não tinha dito aquilo, tinha? Joe sentiu as bochechas ruborizarem ao fitar Inácio, sorte era que a atenção dele estava toda sobre Demi. – É todo seu. – Não havia um rastro sequer de brincadeira no tom de voz de Inácio e nos olhos dele não havia mentira. Demi sustentou o olhar do pai e engoliu em seco.

   - É muito bonito, mas não é para mim. – Disse sem graça colocando uma mecha do cabelo atrás da orelha.

   - Você gostou, Demi. Quero que você fique com o lugar, é tudo por minha conta. – Era grande e exagerado! Demi franziu o cenho e negou. O que ela deveria fazer naquele tipo de situação? Ninguém nunca fez nada parecido e conforme o tempo passava, o constrangimento para ela aumentava.

   - Pai, eu quero fazer isso sozinha. Eu realmente gostei do lugar, mas estou pensando em algo mais simples e pessoal. Aqui é muito grande, dá até para usar como salão de festa. – Ela sorriu e para aliviar o nervoso, segurou a mão de Joe.

   - O que você acha, garoto? – A pergunta era inofensiva, mas mesmo assim Joe ficou com receio e sem saber o que poderia responder.

   - E..eu ac..acho que a D..Demi tem razão. – E para finalizar com chave de ouro, as bochechas dele estavam coradas! Porque logo agora? E tinha que ser com Inácio? Joe quis chorar de raiva porque o sogro sorriu, mas assentiu. Era mais um motivo para ele continuar sendo tachado de garoto.

   - Querida, não é nada demais, estou fazendo de coração. Sua mãe cuidou de você sozinha, agora é a minha vez de fazer alguma coisa por você. – Explicou-se a olhando nos olhos. – Não estou tentando te sufocar. Anna preferiu que eu a ajudasse com os estudos. Bella foi bolsista e eu a ajudei com um carro. Agora é sua vez, você não estuda mais. Acho que um lugar para trabalhar é o melhor que eu posso fazer por você.

   - Não fica preocupado com isso. Eu não me importo com essas coisas. – E era realmente verdade. Uma das lições mais valiosas que Demi tinha aprendido no decorrer da vida era que não tinha sensação mais gratificante que conseguir alcançar um objetivo por mérito próprio. Com muito esforço, ela comprou um apartamento e seria da mesma forma com o escritório. – Hannah está terminando a escola, ela vai precisar mais de você do que eu.

   - Já tenho tudo planejado para Hann. Então vamos procurar um lugar como você está pensando? – Perguntou preocupado e agoniado com a situação. Na cabeça de Inácio, ele tinha que ajudar Demi com alguma coisa porque era o que os pais faziam, e como ele não teve participação na criação da filha, algo deveria ser feito para tentar suprir aquele vazio financeiro e de suporte.

   - Vamos, mas eu sou responsável pelo aluguel. – Demi riu da careta do pai e num impulso acabou o abraçando porque gostava da forma que ele era cuidadoso e protetor. – Você pode comprar tinta e me ajudar com a organização. – Era uma atividade que os ajudariam a desenvolver mais laços porque passariam mais tempo juntos. Seria perfeito e tudo que Demi precisava, ter mais laços com o pai.

   - Isso é muito simples. – Murmurou Inácio colocando uma mecha do cabelo da filha atrás da orelha. – Mas até lá vou pensando em alguma coisa para te convencer a aceitar a minha ajuda. – Demi fez careta e riu quando teve a ponta do nariz apertada suavemente. – O que vocês acham de tomar café comigo? Conheço uma cafeteria aqui perto.

   - Por mim tudo bem. – Não tinha nada de muito complicado em tomar café com Inácio e Demi. Joe tentou se acalmar e não gaguejar porque não queria deixar mais evidente que estava intimidado, e tropeçar na escada não melhorava as coisas para o lado dele.

   - Tudo bem, rapaz? – Por que sempre parecia que Inácio estava torcendo contra ele? Joe assentiu sem jeito e envergonhado se recompondo com a ajuda de Demi. Ele estava começando a voltar a ser o velho tímido e atrapalhado Joe que gaguejava e derrubava as coisas quando ficava nervoso. – Você é muito tímido, hum? Tem que se soltar mais. Nós deveríamos marcar um futebol ou sinuca, o que você acha? – Ser abraçado de lado foi uma surpresa que Joe não soube como reagir, então ele olhou para Demi e por ela, assentiu porque a namorada parecia feliz com a sugestão do pai. – Ele é sempre assim calado? – Perguntou a Demi porque Joe não o respondia com palavras, apenas balançava a cabeça envergonhado.

   - Não seja malvado com ele. – Eles já tinham intimidade o suficiente para Demi fazer aquele pedido. E ela assentiu quando o pai arqueou uma sobrancelha. – Ele só está sem jeito, não é amor? – Será que ela estava o ajudando? Se era ajuda, não estava funcionando muito bem. Demi praticamente entregou o medo dele de bandeja para Inácio.

   - Não tem motivo para ficar sem jeito, filho. Não vou te morder. – E não era algo bom de escutar. Dessa vez Joe nem assentiu, ele preferiu ficar quieto enquanto Inácio trancava o prédio.

   - Relaxa, querido. – Joe estava sério a ponto de ficar rígido como um soldado, que nem quando Demi o abraçou de lado, ele teve uma reação diferente.

   - A cafeteria é aqui perto, é só seguir o meu carro.

   - Sim, senhor. – Ele tinha feito algo de errado? Joe franziu o cenho quando Inácio sorriu e assentiu negativamente caminhando em direção ao carro estacionado do outro lado da rua. Estava claro que Inácio não o aprovava, mas mesmo assim Joe abriu a porta do carro para Demi como sempre fazia e o adentrou.

   - Só seja você mesmo, é o suficiente para ele gostar de você. – Será que era? Joe deu um breve beijo nos lábios de Demi e seguiu o carro de Inácio com toda atenção para não cometer uma gafe como acontecia quando ele ficava nervoso.

O resto da tarde teve tudo para ser agradável. Na cafeteria, Joe até conseguiu se enturmar melhor e aos pouquinhos deixou a vergonha de lado para conversar normalmente com Inácio como ele já tinha feito. O que estragou a tarde, foi exatamente na hora de pagar o que consumiram. Justo seria se cada um desse uma parte, Joe até pagaria o de Demi sem se importar e também não se importaria se Inácio pagasse o dela. Mas Inácio recusar a nota que ele tinha tirado da carteira para cobrir a conta com uma de valor maior e ainda deixando o troco de gorjeta foi simplesmente desagradável. Não havia outra palavra para definir que desagradável. Joe não ficou à vontade com a situação, bem pelo contrário. Depois do infortuno episódio da cafeteria, o clima entre ele e Demi só não desabou porque eles foram a escola onde Joe tralhava para buscar Megan, Amber e Hannah. As meninas eram divertidas e não intimidavam o rapaz, por um momento Joe até se esqueceu de Inácio porque ele tinha feito a proposta do passeio. A animação dentro do carro era contagiante. Ficou combinado de saírem para assistir uma peça na BroadWay ainda naquela semana, depois patinariam na pista de gelo do Rockefeller Center e comeriam hamburguer em algum fast food.

Demi ficou na casa do pai junto com as irmãs já que o Joe teria que resolver compromissos do trabalho, e ficou combinado de ele busca-la na volta. O problema da vez era o notebook esquecido no apartamento onde morava. Joe já se sentia mal por não estar trabalhando todos os dias porque Steve permitiu que ele trabalhasse em casa para ficar de olho em Demi, então chegar atrasado ou não cumprir o trabalho como deveria não era bom. A mensagem se desculpando pelo atraso era melhor que fazer Steve espera-lo por mais de trinta minutos sem dar notícia de vida.

Ao chegar ao apartamento, Joe fez muito mais que pegar a pasta com o notebook. Ele conferiu se Lucy estava bem e a alimentou com ração e água fresca, até mesmo um cantinho quente e confortável Joe organizou para a cadelinha.

   - Está tudo bem? – O coração quase parou. Quem iria adivinhar que ao abrir a porta Inácio estaria em pé prestes a bater? O primeiro pensamento de Joe foi que algo de ruim tinha acontecido com Demi.

   - Está. Só passei para dar um aviso. – O tom não era o mesmo agradável que Inácio usava com Demi. E Joe ficou sem saber se o convidava para entrar ou continuava no corredor onde os vizinhos escutariam os gritos dele.

   - Você quer entrar? – Perguntou tentando disfarçar o nervoso. Ainda por cima ele estava atrasado.

   - Você levou Anna e Demi ao shopping sem a minha permissão para encontrar o maldito Harris. Se eu souber que aconteceu de novo no shopping ou em qualquer outro lugar desse planeta, eu vou te quebrar em dois, ouviu? – Rick nunca foi um cara bem visto entre os vizinhos, nem mesmo quando estudou e se tornou um pediatra bem sucedido. Inácio conhecia muito bem o rapaz e todo o histórico sujo do mesmo quando era adolescente. Afasta-lo de Anna e Bella quando eles ainda eram amigos deu muito trabalho e deveria continuar daquele jeito. – E não se faça de sonso, eu conheço o seu tipo, moleque. – Não deu tempo de se defender porque Inácio virou as costas e foi embora sem dizer “Tchau”.

O susto repentino obrigou que Joe se acomodasse ao sofá porque começou a se sentir tonto. Se ele arriscasse levantar, com certeza perderia o equilibrio. O bom de ter um animal de estimação dentro de casa era que ajudava aliviar o stress e a tensão, e se Lucy não tivesse no sofá para interagir com o dono, com certeza Joe teria uma crise de nervoso.

Não dava para continuar daquele jeito, não iria funcionar se Inácio o pressionasse tanto. A falta de experiência também o colocava numa posição ruim. O que ele deveria fazer? Será que todo o pavor era normal ou só medo de iniciante? Ele deveria contar para Demi? Joe resmungou se levantando porque já se sentia melhor. Um copo com água melhorou um pouco o estado do rapaz, mas ainda sim ele estava estava em pânico.

Depois de uma bronca, a vida tinha que seguir o curso. Havia o trabalho o esperando e ele não iria desanimar para ter uma noite agradável com Demi. Inácio não iria conseguir afastá-lo facilmente, ele tinha chegado primeiro e lutaria por Demi mesmo que ficasse vermelho como um pimentão e todo sem jeito. Mesmo com a tontura, Joe arriscou dirigir porque não tinha outra saída, ele sabia que tinha que se controlar para não passar mal e se continuasse em pânico, só pioria a situação.

No escritório de Steve, Joe entregou o trabalho daquele dia aproveitando também para explicar ao chefe o que ele planejava desenvolver para ajudar o processo na empresa ser mais eficiente. Como Steve era muito mais que um chefe, Joe passou bons minutos conversando com o amigo enquanto comia por influência dele. Os dois tinham a personalidade parecida e conseguiam conversar sobre diversos assuntos como bons amigos. Era quase sete horas quando Joe saiu do escritório do chefe, a conversa o ajudou a distrair e relaxar, mas quando lembrou para onde estava indo, a tensão se instalou nos músculos dos ombros e a ansiedade era uma dor irritante na barriga. Não tinha como ele fazer nada porque já tinha enviado mensagem a Demi avisando que estava a caminho.

 Como era difícil aquele tipo de situação! Por que a vida não podia ser menos complicada? Quando chegou a casa de Inácio, Joe levou as mãos ao volante e repousou a cabeça nos dedos. Não era uma posição muito confortável, mas ele precisava daquele tempo para criar coragem por ele e Demi. Engraçado era que onde o carro estava estacionado, Joe tinha toda a visão da casa de Inácio. Era uma casa muito grande para o padrão do bairro, e quando olhou para o jardim, um pequeno sorriso surgiu nos lábios dele. Demi estava tão menina correndo, e pelo visto ela estava sendo perseguida pelas irmãs com bolinhas de neve nas mãos. Não dava para distinguir qual das meninas estavam junto a Demi, Joe só a identificou porque ele era capaz de fazê-lo até mesmo se Demi estivesse em meio a uma multidão. Ela estava feliz. Era claro que estava! Quem não ficaria feliz em ter uma família grande como aquela onde todos se amavam? Joe sabia que era impossível querer ter um irmão. Se ele pudesse escolher, escolheria ter os pais para ama-lo. Pensar no assunto nunca resultava em boa coisa, o rapaz ficava sentido e queria se isolar, por isso entrar em contato com Demi foi o melhor a fazer no momento.

   - Ei! Por que você não desceu? – Correr e passar a tarde brincando com as irmãs resultou num sorriso lindo nos lábios de Demi, e as bochechas dela também estavam coradas por conta do esforço físico.

   - É que estou com pressa. – Disse tentando procurar uma desculpa para ir embora logo. Em relação as garotas estava tudo bem, Joe só não queria arriscar encontrar Inácio. – Você não vai entrar? – Perguntou porque Demi ainda estava do lado de fora do carro conversando com ele pela janela.

   - Vem aos menos cumprimenta-las, não vamos demorar, prometo. – Eles se olharam sem interromper a conexão, e Joe ficou pensando se Demi não tinha entendido que ele não aprovava a ideia de sair do carro.

   - Vocês estão sozinhas? – Perguntou porque não queria correr o risco de topar com Inácio.

   - Meu pai acabou de chegar do trabalho com a Anna. – Era impressão dele ou Demi estava com receio? Ela nunca desviava o olhar para ficar cabisbaixa.

   - Fala com as meninas que mandei oi e que eu estou ansioso para o nosso passeio. – Joe foi sério o bastante para que Demi entendesse que ele não iria entrar. Ela assentiu e forçando um sorriso, virou as costas para ir se despedir do pessoal.

Tinha que ser daquela forma. Joe entendia que num relacionamento, os dois deveriam ceder, mas também deveriam se entender e respeitar as decisões que tomavam. E ele já tinha cedido muito as vontades de Demi. Nos guias da internet que ele costumava ler, dizia que abrir mão de uma coisa ou outra era normal, mas se sacrificar o tempo todo não caracterizava uma relação saudável porque alguém sempre se machucaria.

   - Acho que está emperrado. – O cinto de segurança não colaborou com as tentativas de Demi, então Joe tirou o dele para conseguir mobilidade para ajuda-la.

   - Agora está bem. – O barulho da fivela do cinto se encaixando a trava fivela foi o último ruído dentro do carro. Os olhos verdes tinham o olhar focado nos marrons de Demi. Os lábios se tocaram com paciência num beijo breve. Joe voltaria a se acomodar ao lugar onde estava sentado, mas Demi o beijou novamente dessa vez investindo num beijo mais intenso.

 O silêncio entre eles não foi interpretado como um sinal ruim, e eles até estavam de mãos dadas sobre a marcha do carro. Demi ligou o som baixinho e durante todo o caminho, fitou o movimento da cidade com a cabeça escorada ao vidro da janela. Já Joe vez ou outra observava a namorada porque não era certo Demi estar calada, ela era naturalmente inquieta e muito tagarela.

   - Você vai ficar comigo e a Lucy? – Perguntou Joe porque já estavam perto do prédio onde Demi morava.

   - Nós ainda vamos sair? – Demi se acomodou ao banco de forma que podia olhar para Joe.

   - Vamos? – A situação com Inácio estava o incomodando e não seria legal seguir a noite daquela forma. – Demi, nós precisamos conversar.


Continua... Oi! Tudo bem com vocês? Eu estou bem, graças a Deus! Espero que vocês gostem dessa capítulo, demorou a sair, mas é isso, acontece! Ter ideias e coloca-las em palavras é difícil. Então é isso, até o próximo capítulo! Obrigada pelos comentários e não esqueçam de comentar a opinião de vocês. #Quevenhamaistreta

4 comentários:

  1. Maravilhoso define hahaha
    #quevenhamaistreta

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  2. Mais um capítulo maravilhoso, já disse que sempre irei dizer o quão eu amo essa fic, aguardando ansiosamente pelo próximo capítulo
    Ass: D.F

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  3. posto logo pelo amor de deus, amo sua fic

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