Demi
não sabia distinguir se o frio que sentia era de medo ou o do ambiente
geralmente gelado do banheiro. O coração estava tão acelerado e as mãos
trêmulas. Engolindo em seco, ela moveu a mão em direção a porta da cabine
depois de juntar toda a coragem que tinha. Selena não tinha respondido, mas o
barulho os passos indicava que alguma coisa estava acontecendo.
- Selena? – Chamou e fechou os olhos porque
o medo estava a dominando. O silêncio era tão absoluto que quando o som da voz
abaixou-se até que era nulo, o clima ficou pesado. Demi podia sentir que tinha
alguém a esperando e era o que mais a assustava, a presença intimidante. – Que
seja apenas uma brincadeira. – A voz quase não saiu, e foi tão baixa que só ela
escutou. – Que seja apenas uma brincadeira. – As mãos tremeram e por instinto
Demi olhou para cima da porta porque estava se sentindo observada. – Selena?
Isso não tem graça! – Não era uma brincadeira, Demi engoliu em seco começando a
ficar apavorada de medo. Se ela soubesse que era uma brincadeira da melhor
amiga, não teria tanto medo de sair daquela cabine. O extinto a ajudaria, mas
agora tudo que ele fazia era alerta-la.
Silêncio!
Lutando contra o medo que começava a toma-la na mente e no corpo, Demi se
esforçou e respirou fundo retomando os pensamentos. O coração acelerou
absurdamente quando ela levou a mão ao trinco e o barulho do metal soou pelo
banheiro fazendo eco. O medo era de abrir aquela porta e encontrar um monstro
do outro mundo esperando ansiosamente para devora-la numa bocada só. Demi ouviu
os próprios batimentos cardíacos conforme abriu a porta. E a coragem de olhar
para frente? Ela o fez aos pouquinhos e não encontrou nada além que a vista
para pia e o enorme espelho que a refletia assim como as cabinas que estavam no
ângulo de reflexão. Porém um único passo foi suficiente para que a pele
perdesse toda a cor a ponto da boca ficar esbranquiçada.
Erguer
as mãos em sinal de rendição como nos filmes era o correto, certo? Demi não
soube reagir a cena. Não soube se avançava ou se continuava parada, e pela
última opção escolheu em prol da vida de Selena.
Mary
era baixinha e visualmente parecia inofensiva. Mas aquela mulher que tinha uma
mão cobrindo a boca de Selena para impedia-la de falar e uma arma apontada para a cabeça, era outra mulher.
Os saltos eram poderosos e negros como o resto da roupa. As olheiras tinham
contraste com o cabelo escuro que sempre aparentava estar impecável agora
aparentemente sujo e seboso. A face estava indecifrável. O olhar vazio e
perdido.
O
que ela faria? Demi arriscou virar a cabeça na direção da porta e assim que
constatou que estava travada com uma barra de metal apoiada à maçaneta e ao
chão, Mary apertou mais Selena contra o corpo já que a abraçava por atrás e
roçou a arma contra o couro cabeludo grosseiramente fazendo com que Selena
automaticamente choramingasse de medo e dor.
- Vo..Vo..Você não precisa fazer isso. – Era
uma boa ideia falar? Demi estava com tanto medo, mas o motivo de Selena estar
com uma arma apontada para a cabeça era o suficiente para motiva-la a tentar
fazer o melhor para manter a amiga e o bebê seguros. – Deixa-a em paz. – Disse
e o coração quase saiu pela boca quando Mary mirou a arma exatamente na direção
dela.
- O que você acha Selena? Os seus miolos ou dela
primeiro? – O sorriso de Mary era perturbador e doente, o olhar lunático. Demi
quis chorar por ouvir aquela frase e principalmente por estar naquela situação
que jamais havia se imaginado. Pior de tudo era fitar os olhos de Selena
carregados de desespero e medo.
- Vam.. – O disparo foi rápido e
ensurdecedor. Selena se remexeu nos braços de Mary tentando se soltar de qualquer
forma, mas sem sucesso. As pernas perderam a força e o choro a tomou. Já Demi
franziu o cenho se sentindo confusa e aérea, foram segundos daquela forma até
que a dor começou a arder e queimar. Do antebraço do braço esquerdo para baixo
o sangue escorria e quando o viu descer continuamente a sujando, ela se
desesperou levando, num gesto automático, a mão ao braço.
- Deu sorte que não acertei os seus miolos
como aconteceu com o Jason, sua
vagabunda. – Selena franziu o cenho e continuou derramando lágrimas porque a
mão de Mary pressionada sobre a boca machucava e o abraço por trás era forte e
começava a sufoca-la. – Não faça drama Lovato,
só foi um arranhão.
- O que você quer? – Demi franziu o cenho se
sentindo fraca e com tanta dor no braço. Não dava para saber se a bala estava
alojada no braço porque a dor era agonizante, o sangue já pingava no chão e
estava impregnado nas pernas e no vestido.
Mary
dispararia aquela arma novamente, Selena podia sentir que ela o faria,
principalmente se Demi continuasse insistindo em falar. E prevendo que o pior
iria acontecer, quando Mary mirou a arma na direção da cabeça de Demi pronta
para disparar, Selena deu um jeito de empurra-la se remexendo fazendo com que o
tiro acertasse o lustre luxuoso que começou a sair faísca de energia,
certamente por ter acertado uma parte do circuito elétrico. A luz começou a
piscar e a briga corporal foi intensa.
Selena
usou as duas mãos para segurar a de Mary que portava a arma fazendo com que ela
disparasse duas vezes na direção do teto, porém, por usar as duas mãos, a
desvantagem era absurda. Mary a agarrou por trás pelos cabelos os puxando sem
dó e chocou o corpo de Selena contra a parede com força, ela retomaria o
controle, porém Demi a puxou por trás juntando toda a força que tinha para que
Mary não machucasse Selena e nem o bebê. No meio daquela confusão toda, Demi se
desequilibrou caindo no chão deitava com Mary sobre o corpo. A arma caiu longe,
porém não deu tempo de saber onde, já que Mary atacou Demi com tapas no rosto e
também foi atacada com socos que dificilmente chocavam-se em seu alvo.
- Eu vou te matar pelo Jake, depois que você
apareceu a nossa vida virou um inferno. – O tapa que Mary acertou o rosto de
Demi ardeu, e movida pela raiva e ódio, Demi quase conseguiu inverter as
posições acertando o rosto de Mary com tapas e usando as unhas para arranhar o
que encontrasse a frente, porém ela não esperava que a cabeça fosse chocada com
força contra o chão e nem receber mordidas nas mãos, e quando o dedo seria
quebrado, a voz de Selena a assustou.
- Sai de cima dela! – Gritou Selena nervosa
e tremendo apontando a arma para Mary que a olhou assustada, mas logo a feição
mudou para algo zombeteiro e incrédulo. – Eu mandei você sair de cima dela! –
Tornou a gritar respirando fundo e olhando para Demi que tinha o cenho franzido
e o rosto avermelhado e com alguns arranhões. Sel levou a outra mão para a
segurar a arma com mais força e engoliu em seco. – Eu juro por Deus que eu vou
atirar! – Disse firme, apesar que o corpo todo tremia de medo.
Sel
realmente atiraria, caso Mary continuasse a machucar Demi, mas o barulho da
porta sendo arrombada foi ensurdecedor porque atiraram contra a fechadura e um
grupo de policiais a chutaram pelo lado de fora. Em questão de segundos o
banheiro feminino estava tomado pelos seguranças e policiais que renderam Mary.
***
- Onde está o saco da ração? – Com todo o
trabalho pesado, era impossível sentir frio. Joe vestia apena um suéter e o
cabelo estava começando a ficar úmido de suor, até porque estava grande por
insistência de Demi. Ela gostava de como nas pontas criavam algumas voltas,
então o rapaz decidiu deixar o cabelo daquele jeito justamente para agradar a
namorada. Motivo também pelo qual ele usava barba. Joe se recostou na coluna do
celeiro e fechou os olhos descansando um pouco quando Steve murmurou “Hum” como
ele sempre fazia quando o pedia para esperar.
- Está no andar de cima sobre a mesa de
madeira, filho. – Disse pacientemente e Joe assentiu. Ele subiu as escadas de
madeira se deparando com muito feno pelo caminho, acendeu a luz baixa amarelada
e encheu os pulmões de ar para que pudesse colocar o saco pesado de ração sobre
o ombro esquerdo. – Terminando aqui, nós vamos comer e descansar um pouco. –
Disse assim que Joe desceu as escadas e colocou o saco recostado numa coluna
para que eles pudessem alimentar os animais.
- O que nós vamos fazer depois? – Perguntou Joe
um pouco sem graça buscando pelo medidor de alumínio onde colocaria a ração.
- Pensei que você poderia me ajudar com o
computador. – Joe assentiu e respirou fundo. E como Steve o conhecia muito bem,
ele sorriu observando o rapaz começar a alimentar os cavalos também conversando
com eles. – Você quer ir para casa, certo? – Perguntou se juntando a Joe para
agilizar o serviço.
- Quero. A Demi está na festa de aniversário
da Gyllenhaal, prometi a ela que eu
iria encontra-la assim que terminasse aqui. – Disse envergonhado. Além de
chefe, Steve também era um bom amigo e Joe tinha contado exatamente tudo que
tinha acontecido entre ele e Demi, e às vezes ele recebia valiosos conselhos
quando brigava com a namorada.
- Então deixamos o computador para uma outra
hora, quando terminarmos aqui, nós comemos e eu vou te levar para casa. – Joe
assentiu esboçando um sorriso tímido quando o chefe riu e o apertou no ombro
direito. – Quando vai ser esse casamento? – Perguntou brincando e Joe ficou
vermelho, mas não deixou de sorrir.
- Estou planejando pedi-la nesse final de ano, já estou com dinheiro para conseguir um
bom anel. – Ele disse todo sonhador. Se não fosse pelas condições financeiras,
Joe já teria pedido Demi em casamento há meses, o ruim era que ele nem mesmo
tinha um carro ou moradia própria, o que de certa forma desmotivava o rapaz.
Ele queria poder cuidar de Demi da melhor forma que ela merecia e da família
que eles construiriam juntos.
O
sítio não era parecido com o da família de Joe, era mais simples e pequeno,
porém fazia o rapaz se lembrar do Texas e de todas as pessoas queridas que amava.
O trabalho era árduo, porém com a boa companhia de Steve, não demorou nada para
que eles terminassem.
- Eu estava pensando. – O homem mais velho
levou um guardanapo aos lábios e Joe o observou por segundos antes de voltar a
atenção para o prato carregado de comida. Steve tinha aquela mania de fazê-lo
comer até não aguentar. E comer raízes como mandioca e batata doce em grande
quantidade era de deixar qualquer um ofegando e absurdamente satisfeito. – Você
deveria contar à garota sobre os desmaios e que às vezes fica tonto. – Disse
Steve passando um rabo de olho em Joe que bebeu um pouco do café com leite para
ajudar a massa descer.
- Eu não quero preocupa-la, Steve. – Ele
disse depois de respirar fundo. – A Demi está feliz. Eu posso sentir e ver só
de olhar nos olhos dela. Ela está em paz depois de tudo que aconteceu. Eu não
quero preocupa-la com besteira. Estou fazendo exames e consultando regulamente
com a minha médica. Não é nada de grave,
se fosse, eles já teriam avisado.
- Você já pediu a opinião de outro
profissional? Procurou um bom especialista? Você sabe, erros podem acontecer. –
Disse Steve e Joe franziu o cenho. Ele odiava tocar naquele assunto porque parecia
que ele não queria ajuda.
- Me sinto bem. Não acho que eu estou
doente. – Murmurou um pouco irritado. – Estou satisfeito. – Tornou a murmurar
cabisbaixo. Será que ele parecia tão frágil só porque era diabético e
hipertenso? Às vezes Demi o sufocava com todos os cuidados, e também havia
Steve e Ed que eram os responsáveis pelas broncas.
- Estou preocupado com você, filho. Não me
entenda mal. – Joe chegava estar com o cenho franzido, mas assim que fitou os
olhos de Steve, assentiu se sentindo cansado.
- Eu sei. Desculpa. Eu cresci cercado de
cuidados. Eu só quero que as pessoas saibam que eu não sou de vidro, não sou um
garoto.
- Você não é, filho. – Os dois sorriram
quando se olharam. Passar o tempo com Steve era fantástico. Ele tinha aprendido
tantas coisas com aquele homem, e sentia que poderia contar tudo porque Steve o
ouviria como um pai ouve um filho. – Vamos?
A
cada quilometro percorrido Joe sentia o coração ficar mais agitado no peito. Ele
estava ansioso para ver o sorriso de Demi e para leva-la para casa. O plano era
passar à noite toda com ela nos braços a beijando e se movendo junto com ela
como eles vinham fazendo no decorrer daquela semana. A mensagem avisando que
estava chegando não foi enviada porque naquela área não havia cobertura para
sinal de celular.
- Tenho uma coisa para dizer para você. –
Disse Steve concentrado em dirigir já que era noite e ainda por cima estava
nevando, todo cuidado era pouco. E Joe nada disse, apenas fitou o chefe
esperando pelo que estava por vir. – Você está demitido, filho. – As bochechas
de Joe perderam a cor e o cenho foi franzido, mas assim que Steve o olhou
sorrindo, Joe revirou os olhos. – Está demitido do cargo de segurança. Nós
precisamos de alguém competente para cuidar da parte da TI, então eu pensei:
você é jovem e inteligente, está tentando ter uma vida melhor para pedir a
namorada em casamento. O salário na TI é melhor e você não vai precisar passar
a noite toda acordado. O que você acha? – Joe assentiu prontamente sorrindo.
Depois de meses de noites em claro, ele poderia finalmente ter a segurança que
estaria todos os dias à noite em casa com Demi e Lucy.
- Você está falando sério? – Perguntou
animada e Steve assentiu ainda concentrado em guiar o carro.
- Estou. Das oito da manhã até as quatro da
tarde. Você ainda terá tempo para dar aula. – Disse e Joe assentiu radiante.
Ele ganharia mais, poderia dar aulas para complementar a renda e ainda teria
tempo para ficar com Demi.
- Quando eu começo? – E para completar a
felicidade, quando ele fitou o horizonte, avistou os arranha-céus quebrando o
escuro da noite refletindo as luzes da cidade. Eles estavam chegando em Nova
York!
- Amanhã? – Steve olhou brevemente para o
rapaz que assentiu. – Estou oferecendo esse cargo porque eu não quero nunca
mais encontra-lo desmaiado na madrugada. Então tem uma condição: você vai
procurar outro médico. – Tinha escolha? Joe assentiu depois de engolir em seco.
Não
havia época do ano para que Nova York desacelerasse. Com a chegada do inverno,
e consequentemente do natal dentro de um mês e poucas semanas, a cidade já
começava a tomar forma para a maior festa do ano. Quando o carro já estava
entre as ruas da cidade, Joe observou pela janela um grupo de moradores
organizar um enorme pinheiro certamente para usá-lo como árvore de natal. Já
mais para o centro, o movimento de pessoas agasalhadas ainda era grande e
turbulento mesmo sendo tarde da noite. Steve o deixaria em casa, mas Joe
preferiu que o chefe o levasse para o salão de eventos onde aconteceria a festa
da Gyllenhaal para que ele pudesse encontrar
Demi.
Chegou
em determinado ponto que Steve não conseguiu avançar com o carro porque o engarrafamento não permitia, aliás, não
dava para saber o motivo de ter um engarrafamento naquele horário, geralmente
acontecia no final da tarde, não as quase onze horas da noite. Joe se sentiu
aflito e ainda mais ansioso para ver Demi, inquieto, ele arriscou abrir o vidro
da janela do carro para olhar melhor o que estava acontecendo.
- Eu vou seguir a pé. – Comentou com Steve
de cenho franzido quando viu uma moto da polícia
se espreitar entre os carro conseguindo avançar. – Alguma coisa está
acontecendo. – Murmurou quando mais uma moto seguiu em rumo ao salão.
- Não está longe? – Perguntou preocupado com
a ideia de Joe se atolar em toda aquela neve, ele não era muito bom em
conseguir dribla-la e também havia a possibilidade do rapaz desmaiar.
- Não. – Murmurou já nervoso quando viu que
as pessoas que estavam no carro a frente tinham o abandonado e avançavam em
direção ao salão onde acontecia a festa da Gyllenhaal
com o celular em mãos. Tudo que acontecia era motivo para que as pessoas
filmassem e gravassem, o que indicava que realmente tinha acontecido algum
acidente, ou era uma celebridade ou algum fenômeno anormal. – Eu estou indo,
ok? Amanhã cedo eu apareço na empresa. – Ele estava mais concentrado em
observar o movimento lá fora a olhar para Steve.
- Tenha cuidado rapaz, qualquer coisa é só
ligar. Até amanhã. – Joe assentiu e Deus! Ele teve que juntar forças para não
se desequilibrar na neve. Estava frio e uma luta para caminhar, principalmente
entre os carros mesmo parados. Joe teve que caminhar pela calçada já que
algumas pessoas conseguiam passar com as motos entre o espaço de um carro para
o outro, e entre elas estavam mais policiais. Alguma coisa estava errada, ele
podia sentir que estava e a cada vez que via as pessoas correndo com câmeras e
celulares na mão, o coração apertava mais um pouquinho.
Como
havia pensado, Joe quase desfaleceu no chão quando viu a horda de pessoas que
estavam cercando a entrada do salão de eventos. As luzes da viatura estavam
acesas assim como as da ambulância. Havia policiais, paramédicos, reportes e
milhares paparazzi. Ele torcia mentalmente para que Demi estivesse bem, a
preocupação era tanta, que para atravessar o mar de pessoas, ele teve que ser
muito persistente e usar a força em alguns casos.
- Assassina de Jason Gyllenhaal é presa nesta noite.
- Jovem não resiste aos ferimentos.
- Amante
de Jake Gyllenhaal é baleada no braço pela assassina de Jason Gyllenhaal.
- Mulher é baleada no banheiro da festa da
maior empresa de tecnologia dos Estados Unidos, boatos afirmam que a jovem foi
atacada por assassina de Jason Gyllenhaal.
- Quem
é a jovem baleada na noite gloriosa da Gyllenhaal Enterprise?
Amante; Não resiste
aos ferimentos; Mulher baleada. O desespero tomou conta de Joe a ponto de
olhos marejarem, ele atravessou o rio de pessoas depois de empurrar muitos, e
quando conseguiu, tentou avançar para dentro do salão sendo barrado pelos
policiais.
Era
confuso ouvir toda aquela gente falando sem parar sobre teorias que ele nem
mesmo sabia se eram verídicas. O barulho se misturava ao da ambulância e ao da
viatura. Junto ao frio e a neve que não dava trégua, tudo se tornava
insuportável. Houve um murmuro ensurdecedor quando de dentro do salão três
policiais escoltaram Mary algemada e com as roupas ensanguentadas. Joe a fitou
de olhos arregalados e estático, nem mesmo as pessoas o empurrando era o
suficiente para desviar a atenção do rapaz.
Onde
diabos estava Demi? O coração estava começando a doer e os olhos carregados de
lágrimas. Não era possível que a moça que todos tanto falavam era ela. Ela não
podia partir e deixa-lo. Quando uma lágrima rolou, o rapaz a secou sentindo uma
dor gritante crescer dentro do peito esquerdo, ele soluçou e olhou atentamente
a procura da namorada sem sucesso. Onde ela estava? Onde ela estava? Joe
caminhou desesperado a procura de Demi e na primeira brecha que conseguiu,
adentrou o salão de festas correndo porque dois policiais o avistaram.
- Eu só quero saber onde está minha
namorada! – Ele gritou quando foi detido sendo derrubado com tudo no chão por um
dos policiais que era duas vezes maior que ele.
- Ele está comigo, ok? – Joe franziu o cenho
quando ouviu a voz de Ed. Ele tinha o rosto forçado contra o chão gelado e o
pulso esquerdo já estava envolvido pela algema, motivo pelo qual não conseguiu
olhar para o amigo de imediato, só quando foi bruscamente solto.
- Onde ela está? – Murmurou se erguendo com
a ajuda de Ed que o abraçou com força. – Ed! Onde ela está? – Perguntou sério e
aflito levando as mãos para o rosto de Ed e fitando os olhos do amigo como se a
verdade estivesse estampada neles.
- Ela
está bem, ok? – Mesmo aliviado, Joe chorou de emoção e porque ele nunca
mais queria sentir medo de perder Demi. Estava fora de cogitação perde-la. – Só
está um pouco machucada, mas está bem. – Os dois se abraçaram com força e
deixando as lágrimas rolarem.
- Eu quero vê-la, Ed. Eu preciso. – Disse ao
amigo que assentiu limpando as lágrimas e logo o guiando pela mão para a área
onde Demi e Selena recebiam os primeiros atendimentos.
Joe
e Ed foram barrados, mas de longe eles ficaram quietos e atentos observando as
namoradas. Selena estava acordada e claramente em estado de choque, o olhar
perdido e ao mesmo tempo ela estava atenta. Havia um curativo na testa e alguns
arranhões de unha no rosto. Já Demi estava quieta demais. A começo Joe se
desesperou porque ela estava deitada e imóvel, ele chegou a pensar no pior, mas
quando Demi moveu vagorosamente a perna esquerda e ajudou o pessoal da equipe
médica a deita-la com muita dificuldade numa maca, ele soube que ela estava
viva. O que tinha acontecido com a garota dele? O braço esquerdo estava
enfaixado assim como a mão esquerda, o vestido que ele tinha a presenteado
estava sujo de sangue e o rosto de Demi estava um pouco avermelhado e com
arranhões de unha.
***
Ao
abrir os olhos, a luz do interior do quarto a obrigou a fecha-los. O cenho foi
franzido ao escutar o barulho que vinha da máquina que fazia a medição dos
batimentos cardíacos. Demi tentou abrir os olhos novamente dessa vez
conciliando o ambiente onde estava. Um quarto de hospital. Quando ela tentou se
mover, a cabeça doeu que chegou a latejar. O que tinha mesmo acontecido para
ela estar naquela cama? De cenho franzido, aos poucos ela se lembrou. Morte de
Jason, Joseph, Jake, briga com Selena, a carta de Dianna, Mary com uma arma. Assassina de Jason.
- Droga. – Murmurou baixinho quando se
lembrou que o braço estava machucado. Ela nunca tinha se acidentado daquela
forma. O máximo foi ralar os joelhos e chocar os dedos dos pés contra as quinas
dos moveis.
- Calma, não se mexa. – O que diabos era
aquilo? Será que ela estava ficando maluca? Demi arregalou os olhos ao fitar o
rosto da mulher de branco para depois fitar o da que estava ao lado. Eram
iguais! Sem tirar nem por. Será que era efeito de algum remédio? – Droga, Bella, você vai confundi-la. – Disse
Anna constatando que não tinha sido uma boa ideia deixar Isabella adentrar o
quarto de Demi com ela. Se o supervisor a pegasse, bem, aquilo definitivamente
não poderia acontecer.
- Eu só quero saber se ela está bem. – Disse
Isabella e Anna massageou o cenho pensando na encrenca que tinha se metido.
Demi estava medicada e carregada de curativos. Tinha levado pancadas na cabeça
e sido agredida. Confundi-la não era uma alternativa inteligente. – Calma, nós
só estamos preocupadas com você. – Disse a Demi que arregalou ainda mais os
olhos e engoliu em seco. Certamente ela jurava que estava delirando.
- Eu já volto, ok? – Disse Anna para Demi
que nada disse, apenas se ergueu pensando que estava louca para que pudesse
olhar as gêmeas saírem do quarto. – Você nunca esteve nesse quarto, Isabella,
você está me ouvindo? – Disse para irmã depois de olhar se estava vindo alguém,
e Bella revirou os olhos.
- Não foi tão ruim. – Não foi ruim? Anna respirou
fundo e negou balançando a cabeça.
- Ela está medicada. E nós duas somos
gêmeas. Imagina a confusão na cabeça dela?! É melhor você ir controlar o papai,
ele vai matar o namorado dela.
- Me mantenha informada! – Anna assentiu se
despedindo da irmã com um rápido abraço. Inácio tinha decidido contar para
Isabella e Hannah sobre Demi, e quando elas ficaram sabendo do que tinha
acontecido pelo noticiário, correram para o hospital junto com o pai que estava
para enlouquecer de preocupação na sala de espera.
Antes
de adentrar o quarto, Anna respirou fundo porque ela era a estagiária
responsável por cuidar de Demi enquanto o médico estivesse fora. Não era nada
demais, apenas tarefas simples. Ao adentrar o quarto, ela evitou sorrir para
irmã e teve que adotar a postura profissional, até porque Demi não fazia ideia
de quem ela era.
- Você está se sentindo melhor? – Perguntou
gentilmente buscando pela prancheta sobre o criado-mudo para anotar qualquer
queixa da paciente.
- Minha cabeça está doendo muito. –
Resmungou Demi toda manhosa. – Você sabe onde está a minha amiga? Eu não
consigo me lembrar de tudo. Depois que a polícia chegou, eu não consigo me
lembrar de nada, não consigo me lembrar de tu..tudo. – Anna franziu levemente o
cenho com a confusão da frase, mas entendeu que era uma espécie de choque pós-trauma.
- Não fique agitada, está tudo bem, ok? Sua
amiga está sendo atendida. Nós a levamos para cuidar dos ferimentos e daqui a
pouco vamos confirmar se está tudo bem com o bebê por exames. – Disse
gentilmente para acamá-la e Demi assentiu fechando os olhos pensando em como
ela se sentiria culpada se alguma coisa tivesse acontecido a Selena e ao bebê.
- Eles estão bem? A Sel e o bebê? –
Perguntou preocupada e Anna assentiu. – Eu posso ver o meu namorado? Ele está aqui?
Eu quero muito vê-lo. Sinto a falta dele. – O olhar foi tão triste e perdido
que Anna sentiu vontade de abraçar Demi com forçar e dizer que tudo ficaria
bem, que ela não precisava ter medo porque eles jamais deixariam que nada de mal
acontecesse a ela novamente.
- Seu namorado está na sala de espera. Você
pode, querida. Só vou pedir para que você não fique agitada. – Disse Anna
arrancando um sorriso fraco de Demi que logo fechou os olhos tentando se
concentrar para se livrar daquela dor insuportável na cabeça.
Receber
os olhares ameaçadores de Inácio não atingia Joe em nada. Ele estava acomodado
ao lado de Ed e Steve, que evitou que Inácio partisse para cima dele o culpando
por tudo que tinha acontecido com Demi. Não tinha como prever que uma psicopata
a atacaria, tinha? Joe cobriu o rosto com as mãos e respirou fundo apoiando os
cotovelos nas coxas. Demi poderia ter.. Ela poderia ter partido. Impaciente, o rapaz se levantou e caminhou sobre o olhar
dos conhecidos para longe dali. Ele acabou num corredor sem movimento de
pessoas. E se ela tivesse partido? Engolindo em seco, Joe se sentou ao chão com
as costas recostadas na parede e abraçou os joelhos.
Ele
deveria pensar era que Demi estava viva, com alguns arranhões e um tiro de
raspão no braço esquerdo, porém saudável. O ruim era só pensar que por um pouco
ela se foi. A ideia era angustiante e o devastava. Angustiado, Joe fechou os
olhos e abraçou os joelhos com mais força se sentindo impotente. Inácio tinha
razão em culpa-lo, pois caso ele estivesse naquela festa, não permitiria que
nada de ruim tivesse acontecido.
- Joseph? – O cansaço, a preocupação, a
culpa, tudo o puxava para um mundo longe do real, um mundo do qual só existia
em pensamento. – Joseph? – Ele só olhou porque sentiu o toque no musculo do
braço, mesmo assim o cenho estava franzido e demorou um pouco para conseguir
assimilar o que estava acontecendo. Espiar o crachá escrito Anna Lovato o ajudou a reconhecer que
aquela era uma das irmãs de Demi. Quando Inácio chegou, ele estava acompanhado
por Isabella, e quando Anna apareceu, foi uma confusão para saber quem era
quem, poucos eram os traços físicos as distinguiam. O fato de Anna estar
vestida toda de branco com direito a jaleco e com um estetoscópio nos ombros
ajudava. – A Demi quer falar com você. – Ela disse gentilmente estendendo a mão
para ajudá-lo a se levantar, e Joe não soube o que fazer, mas como não queria
parecer mal educado, segurou a mão da moça e se levantou. Ele não podia
descontar o mal humor nas pessoas. Ninguém tinha culpa dos conflitos internos
que ele estava enfrentando.
- Ela sabe que você é uma das irmãs? –
Perguntou tão sério que o cenho chegava estar franzido, ele não conseguia
evitar.
- Não, ela não sabe. – Anna respirou fundo
quando eles pararam em frente ao quarto onde a irmã estava repousando. Levar
assuntos familiares para dentro do hospital nunca resultava em coisa boa, ainda
mais um complicado como aquele. – Posso falar com você? Digo, antes de entrar
no quarto? – Perguntou um pouco corada com o olhar intimidante de Joe quando
ela o tocou no músculo do braço, e o silêncio foi interpretado como sinal
positivo. – Ela está confusa e precisa de repouso, o quadro não é grave, mas é
bom evitar stress. – Por que diabos ele a olhava daquele jeito intimidante? Não
havia um sorriso no rosto de Joe e nem a sombra dele. – Não vou deixar o meu
pai fazer confusão, acredite, ele é impossível quando quer. Só cuide dela, ok?
- Ok. – Demorou um pouco para ele
responde-la, porém quando o fez, Joe quebrou mais o ar sério. – Obrigado por
cuidar dela. – Disse assim que levou a mão a maçaneta da porta e se virou para
fitar os olhos de Anna. Era uma mulher bonita, e com certeza os traços de Demi
eram fieis aos da família: sardas, pele clara e olhos e cabelos marrons. Anna era
delicada nos traços do rosto e no corpo, tinha o cabelo longo e um jeito tão
singelo e natural, quase tímida, diferente de Demi que era uma força da
natureza que vez ou outra ficava quieta e corada.
- Não precisa agradecer, família em primeiro lugar. – Joe
assentiu esboçando um pequeno sorriso que foi retribuído, e quando Anna foi
chamada por uma enfermeira, ele assentiu se despedindo.
Os
olhos verdes ficaram marejados assim que ele a viu. Todas as defesas foram
desarmadas e o coração ficou inquieto no peito. Joe engoliu em seco quando
fechou a porta do quarto se demorando o máximo possível porque Anna tinha
razão, Demi não podia sofrer com stress ou qualquer desgaste psicológico. Então
se ela o visse chorar, ficaria preocupada. As mãos grandes cobriram o rosto
para enxugar as lágrimas e Joe tentou não soluçar, mas quando ela o chamou
baixinho, foi difícil se conter. Doía na alma vê-la deitada um pouco sonsa com
arranhões no rosto, o braço e a mão esquerda enfaixados. Onde estava o sorriso
sapeca de sempre? A forma que ela ficava deitada seminua toda insinuosa o
fazendo ficar corado de vergonha por conta das coisas que sussurrava. Era a
garota dele. A única que ele amava e queria.
- Joseph? Está tudo bem? – Estava? O voz
baixa e inofensiva catalisava a vontade de chorar. Joe respirou fundo e se
preparou para se aproximar. O planejado era sorrir, mas passou bem longe.
- Meu anjo, eu fiquei tão preocupado. – Joe
ficou com medo de esmaga-la, mas quando se aproximou só conseguiu envolver Demi
num abraço que foi igualmente retribuído mesmo com os múrmuros de dor. – Eu
fiquei tão preocupado, amor. – Ele disse se atentando em cada detalhe. Fitou os
olhos marrons, estudo o rosto bonito e quando tornou a abraça-la, aproveitou
para sentir o cheiro que só pertencia a ela e grava-lo num lugarzinho especial
na memória.
- Eu nunca vou te deixar, amor. – Demi
fechou os olhos e se aconchegou nos braços dele se sentindo protegida e amada
como sempre.
- Você promete? – Perguntou emocionado
fitando os olhos marrons que carregavam aquele brilho especial que surgia
apenas quando ele estava por perto.
- Prometo. – O beijo que ele recebeu no
queixo e depois nos lábios o fez sorrir de olhos fechados. Quando Joe abriu os
olhos, ele sorriu ainda mais porque Demi estava de olhos fechados e esperava
que ele a beijasse.
- Eu também prometo. – Disse acariciando a
bochecha dela, e em recompensa o sorriso o deixou zonzo de paixão. Era
simplesmente lindo e Joe não conseguia pensar em algo melhor do que ver aquela
mulher sorrir para ele durante todos os anos que ainda estavam por vir. – Eu te
amo. – O beijo não foi intenso e nem prolongado como os de costume. Foi mais um
roçar de lábios puro e apaixonado que os fizeram sorrir de testas encostadas. –
Vamos, deita. Quero que você descanse o máximo que puder. – Ele disse todo
cuidadoso e Demi franziu o cenho sem mover um músculo. Ela preferia ficar no
calor dos braços dele.
- Você vai ficar aqui comigo? Eu estou zonza
e com dor de cabeça. Se eu ficar sozinha, vai ser mil vezes pior. – Resmungou
manhosa quando Joe a conduziu para se deitar e para a tristeza dela, ele se
acomodou a poltrona que ficava relativamente longe da cama.
- Não sairei dessa poltrona para nada. – Ele
disse decidido e Demi franziu o cenho logo se arrependendo porque o supercílio estava
com um leve arranhão.
- Você pode ao menos segurar a minha mão? –
Joe riu de como ela era manhosa, enlaçou os dedos e a surpreendeu quando se
ergueu para beija-la na boca.
- Posso beija-la também, gatinha. – Ele
sorriu e a beijou novamente feliz demais por Demi estar viva e bem. – Agora, a
senhorita vai descansar, ouviu gatinha? – A cada palavra era um selinho, e o
melhor era vê-la sorrir.
- Tudo bem, eu estou mesmo quebrada. –
Murmurou fitando o braço que ela nem mesmo tinha coragem de mexer. O ferimento
doía e as vezes ela o sentia repuxando quando tentava mover o braço. Os dedos da mão esquerda estavam envolvidos em curativos, já que as mordidas os feriram . – Espero poder passar o natal longe de curativos. –
Tornou a murmurar tateando o rosto com a mão livre encontrando alguns
curativos.
- Você é saudável, e com a sopa de verduras
que eu vou fazer quando voltarmos para casa, em duas semanas você vai estar
nova em folha. – Demi fez uma careta tão engraçada que Joe riu cheio de vontade
de abraça-la forte contra o peito.
- Não tem nada a ver uma coisa com a outra,
isso é mito. – Resmungou e ele riu.
- É claro que tem, uma alimentação reforçada
faz toda diferença. E você vai comer tudo sem reclamar. Acho que agora mesmo
vou conversar com o pessoal do hospital para trazer um prato daqueles para você. – Ele não resistia quando Demi murmurava
um “Ah não, Joe” toda manhosa, e por isso ele a beijou na boca até que ambos
estavam ofegando, porém satisfeitos. – Promete que vai comer tudo? – Ele roçou
os lábios aos dela e sorriu assim que fitou os olhos marrons.
- Só se você ficar aqui comigo. – Os dois
sorriram e trocaram um selinho demorado. Os minutos que seguiram foram mais de
silêncio e troca de olhares e carinhos que os faziam sorrir confortáveis e seguros.
- Você pode dormir, não vou sair daqui. –
Disse Joe a Demi assim que a viu fechar os olhos e se aninhar mais a cama.
- Eu não quero dormir. – Disse de olhos
entreabertos e Joe entendeu que ela estava cansada. – Nós podemos conversar,
amor? – Perguntou timidamente esticando a mão direita para enlaçar os dedos aos
dele que assentiu prontamente.
- Vamos fazer o seguinte, eu vou apagar a
luz do quarto e nós vamos ficar apenas com a do abajur acesa. – E foi dito e
feito. O ambiente ficou mais agradável para Demi que ainda continuava grogue. –
Bebê, você deveria dormir, não? Já são mais de uma hora da manhã. – Por
insistência dela, Joe acabou sentado a beirada da cama, e ele confessava que
estava louco para ficar agarrado a ela.
- Você pode me contar o que está
acontecendo? Eu estou confusa sobre algumas coisas. – Disse encostando a cabeça
no peito dele para que Joe pudesse acaricia-la no couro cabeludo. – Eu estava
no banheiro com a Sel. Nós decidimos usar
a cabine... Lembro de ouvir a porta do banheiro bater com muita força,
depois ouvi passos. Chamei a Sel e ela não respondeu. Fiquei com medo porque eu
sabia que alguma coisa de errado estava acontecendo. Ao abrir a porta do
banheiro, me deparei com a Mary apontando uma arma para cabeça da Sel e a
impedindo de falar. – Joe franziu o cenho porque ele não queria que Demi se
estressasse com algo que já tinha acontecido.
- Eu sei, a Selena contou. Você não deveria
ter partido para cima da Mary, ela é perigosa. – Era tão estranho dizer aquelas
palavras, mas depois de tudo que tinha acontecido naquela noite, a máscara de
Mary caiu.
- Amor, eu só vou contar porque sei que você
não é fofoqueiro. – Demi riu da cara de espanto misturada a de confusão de Joe,
e em troca se ergueu para beijá-lo na bochecha. – A Selena está grávida. Eu jamais
permitiria que ela fosse machucada. Quando eu a vi refém nos braços daquela maluca, temi por ela e o bebê.
Ninguém iria nos salvar. O banheiro era um pouco distante da movimentação da
festa. Eles só souberam que algo estava errado quando ouviram os disparos. A
porta estava travada com uma barra de ferro, se nós não tivéssemos lutado,
estaríamos mortas. – Joe abraçou o corpo de Demi com força que ela gemeu
manhosa porque odiava mover qualquer músculo do braço esquerdo.
- Não diga isso. – Murmurou tocando o rosto
dela e o estudando com atenção.
- É a verdade. Não me arrependo de nada. Eu
só não suportaria ver a Sel machucada. É isso que melhores amigas fazem,
entende? Uma luta pela outra. Uma defende a outra. Uma encobre a outra. A Mary
atiraria na minha cabeça se a Sel não tivesse dado um jeito de empurra-la e
tentado tomar a arma.
- A Mary é perigosa e está longe de ser quem
nós pensávamos. Ela é uma paciente foragida de um hospital psiquiátrico. – Joe franziu
o cenho e preferiu não olhar para Demi. Aquela mulher esteve entre eles por
meses e meses, e ele até tinha a beijado! Era difícil de acreditar. – Ela foi
internada justamente porque já matou antes, e confessou ser a assassina do
Jason. A polícia está juntando as peças para construir a história.
- Eu juro que sabia que tinha alguma coisa
anormal com aquela maluca estranha.
***
Mal
humor era o nome do meio de Inácio. Ele estava irritado e difícil de
compartilhar um mesmo ambiente. Começava pelo cenho constantemente franzido que
chegou a criar uma marca de expressão na testa. As palavras que o homem dizia
eram intimidantes e carregadas de farpas. Ele não esboçou um sorriso desde que
tinha chegado e não pretendia esboçar. Tinha sobrado para Joe, depois para
Hannah que defendeu o rapaz, e a próxima vítima do mal humor seria Isabella ou
Anna, caso ela não aparecesse para dar notícias de Demi. E de tão chato que
Inácio estava, Ed e os pais de Selena preferiam esperar no refeitório por
notícias.
- Pai, está tarde. É melhor você descansar.
– Bella tinha muito jeito com o pai, sempre conseguia acalma-lo antes que ele
explodisse, mas agora estava difícil de administrar a situação, razão pela qual
Hannah estava com cara de poucos amigos preferindo ficar entretida com o
celular a socializar como ela sempre fazia.
- Quando a sua irmã aparecer aqui, eu quero
estar acordado. – Ele disse um pouco mais calmo, certamente porque o cansaço
estava começando a vencê-lo. – Eu vou ligar para o seu tio para levar as duas
para casa. – Disse decidido já buscando pelo celular aproveitando também para
trocar um olhar intimidante com Steve.
- Pai, nós estamos aqui para apoia-lo e
também queremos saber se está tudo bem com a Demi. – Disse Hannah sustentando o
olhar intimidante do pai. – Não queremos ir para casa. – Hannah olhou para
Isabella para conseguir ajuda da irmã que assentiu envolvendo os dedos aos de
Inácio que assentiu derrotado.
- Eu quero que as duas vão ao refeitório
comer. – Disse Inácio mais a Bella que a Hannah. – Nada de comer besteiras,
ouviu dona Hannah? Só deixe-a comer bolo e tomar café com leite. – Disse a
Isabella que riu da cara de poucas amigos da irmã. – Vocês tem trinta minutos a
partir de agora. – Era sempre daquele jeito. Hannah e Isabella saíram
apressadas cada uma com uma nota de cinquenta dólares porque se elas não
voltassem em meia hora, Inácio apareceria no refeitório.
- Você não precisa ser duro com o garoto. –
Disse Steve se sentando ao lado de Inácio que cerrou os olhos ao olha-lo. – Ele
cuida bem dela. – Insistiu porque não poderia deixar que Joe tivesse a imagem
queimada para o pai da namorada. – Ele é um bom rapaz, trabalhador, inteligente
e honesto. Não poderia ter alguém melhor para ficar com a Demi. – Inácio
franziu o cenho e permaneceu calado fitando o corredor ansioso para que Anna
trouxesse notícias de Demi. – Filhos. Você não pode protege-los para sempre. Um
dia eles darão os próprios passos e tomarão as próprias decisões, e não há nada
que você poderá fazer.
- Você não é pai do garoto. Por que está o
defendendo tanto? – Inácio sustentou o olhar de Steve porque estava começando a
ficar irritado. Ele não queria saber de Joe, ele só queria abraçar Demi e
mima-la.
- Passo boa parte do meu dia com o Joe. Não
posso deixar que você pense que ele é um vagabundo
sem caráter porque eu o conheço, ele é como um filho para mim. – Inácio
pensou nas palavras de Steve e as associou a forma que ele cuidava das filhas.
Se alguém insinuasse algo de ruim sobre as garotas, ele ficaria bravo porque
conhecia cada uma delas. A forma que Steve falava sobre Joe era como um pai
protetor, o único problema era que Inácio sabia como garotos poderiam ser
impulsivos quando estavam apaixonados porque um dia ele também teve aquela
mesma idade, e foi quando engravidou duas garotas e tudo virou uma bagunça.
- Eu sei o que estou fazendo, é apenas para
o bem delas. – Ele não pediu licença para Steve porque a ansiedade o tomou
quando Anna se aproximou aparentemente cansada. – Ei meu amor, que carinha é
essa? – Perguntou todo carinhoso abraçando a filha que se jogou nos braços dele
o abraçando com força. Dentro do hospital havia dias de vitória, mas também os
de derrota.
- Desculpa não aparecer antes. Tivemos uma
emergência e.. E não conseguimos. – Inácio odiava quando aquilo acontecia. Anna
o olhava nos olhos com medo e lágrimas que não poderiam ser derrubadas naquele
ambiente profissional.
- É dessa forma, meu anjo. Há coisas que
acontecem que nós não conseguimos consertar. Vocês tentaram da melhor forma que
puderam. É isso que importa. – Ele disse e depois a beijou carinhosamente na
testa dando o tempo que Anna precisava para se recompor. Ela seria uma médica
dentro de poucos meses, e chorar em público quando algum paciente viesse a
óbito não era adequado.
- Onde estão as garotas? – Perguntou
limpando as lágrimas e assumindo a postura que deveria. A garota frágil deveria
ficar em casa, não no hospital onde ela deveria se mostrar forte e solidária.
- Estão no refeitório, e é pra lá que a
senhorita vai. – Disse Inácio porque desde que ele chegou ao hospital, Anna não
parava quieta. E faria dois dias que ela estava dando plantão.
- Eu preciso mesmo de um café forte. – Anna
franziu o cenho quando enlaçou os dedos aos de Inácio e ele nem mesmo saiu do
lugar. – O que foi? – Perguntou cansada escorando a cabeça no ombro do pai.
- Eu posso vê-la? – Perguntou ansioso e Anna
arqueou uma sobrancelha, levou a mão ao pulso esquerdo do pai para encolher a
manga do suéter revelando o relógio.
- Quase duas horas da manhã. Ela está
dormindo. E você também deveria dormir já que pode. – Anna sorriu quando viu a
careta do pai. Ele estava ansioso e preocupado, e não conseguia esconder.
- Anna, por favor. Eu estou preocupado. –
Murmurou um pouco envergonhado e a filha riu.
- As visitas estão liberadas. Só que é como
eu disse, grandão: ela está dormindo. – Inácio sorriu porque Anna tinha dito
tudo que ele queria ouvir: Demi poderia receber visitas. – E o namorado está
com ela. – Completou fazendo com que o sorriso do pai sumisse dos lábios.
- Eu vou conferir se está tudo bem, só quero
vê-la, quando o dia amanhecer, converso com ela. – Anna não podia fazer nada
porque quando o pai queria alguma coisa, ninguém conseguia convencê-lo do contrário.
– Tomar café, mocinha. – E lá se foram mais cinquenta dólares. Ele era
exagerado até mesmo naquele detalhe. Inácio instruiu a filha para ficar de olho
em Hannah, que poderia realmente aprontar na primeira oportunidade, já que ela
conseguia enganar Isabella fácil. E ele seguiu para o quarto onde Demi estava
depois de trocar um breve olhar com Steve.
Será
que ela iria recebe-lo? Será que estaria acordada? As perguntas eram tantas e a
cada passo a ansiedade falava mais alto. Em frente a porta do quarto, Inácio
arrumou o suéter ao corpo e respirou fundo. Bater à porta não faria mal, a
batida foi de leve, e quem abriu a porta foi Joe sonolento e com a roupa um
pouco amassada por conta da posição desconfortável na poltrona.
- Ela está dormindo. – Disse Joe sem muita
paciência, mas também preservando a boa educação que tinha.
- Só quero vê-la. – Inácio estava tão aflito
que a implicância com Joe ficou de lado. Aliás, ficou para outra hora.
- Eu vou falar com o Sr. Potter e o Ed,
daqui a pouco estou de volta. – Joe deu uma última olhada em Demi que dormia
tão serenamente para depois fitar os olhos de Inácio. Será que ele deveria
deixa-lo com Demi? Anna foi muito clara quando disse sobre evitar stress. E a
situação por si só era desgastante. – Não force a barra. – Murmurou um pouco
sem jeito, porém firme e com o olhar claro que se alguma coisa acontecesse com
Demi, teria volta.
Inácio
não disse nada a Joe, sustentou o olhar dele até que o rapaz o desviou porque
precisava seguir caminho. A porta do quarto ficou entreaberta, e o coração
disparou no peito quando ele a viu dormindo serenamente. Era tão linda e
delicada, Inácio adentrou o quarto evitando fazer barulho até mesmo nos passos
geralmente pesados das botas.
- Meu anjo. – Sussurrou de cenho franzido e
se amaldiçoando por vê-la machucada. Era covardia feri-la. E ele se sentia
culpado. – Eu não vou deixar ninguém te machucar. – Disse baixinho para Demi
arrumando a coberta ao corpo e depositando na testa um beijo delicado. O
murmúrio de Demi o fez sorrir, mas logo franzir o cenho ao perceber que ela
tinha chamado por Joe quando ele enlaçou os dedos aos dela já acomodado a
poltrona.
Por
minutos Inácio a observou em completo silêncio para não acorda-la. Ela não
tinha nada da mãe, nem um traço físico e nem na personalidade. O único detalhe
que as ligavam era a paixão pelo desenho, em campos diferentes. Dianna gostava
de desenhar roupas e Demi modelava produtos e gostava de desenhar personagens
fictícios e inventar novos. Ela era uma garota muito inteligente e persistente
que tinha vencido muitas batalhas para conseguir ser uma pessoa honesta e
digna.
- Se eu pudesse escolher, jamais permitiria
que nós ficássemos longe. – Disse a Demi triste porque sabia que todo ser
humano precisava da presença do pai e da mãe, precisava de carinho e atenção. –
Eu adoraria vê-la correr junto com as suas irmãs no jardim de casa brincando
feliz. – E ele tentou imaginar Demi quando criança correndo junto com Anna,
Bella e Hannah bebê tentando seguir o passo das irmãs mais velhas. – Leva-la
para escola, ajudá-la a apagar a velinha do bolo de aniversário e contar
historinhas a noite. Mas você já cresceu e se transformou numa mulher tão
bonita e admirável. Quando Anna me ligou desesperada falando que você estava
aqui machucada, fiquei com tanto medo de perdê-la. Ultimamente não está sendo
fácil para mim, filha. Perdi para o câncer a mulher que amei durante a minha
vida, perdi o meu pai tem poucos meses e sinto que perdi a sua mãe. De todo o
meu coração, você é a única que eu não aceito perder. Nós precisamos consertar,
juntos, o que a vida nos fez. Não dá para voltar há vinte três anos, mas nós
podemos começar agora a construir a nossa história como uma família. – Inácio
franziu o cenho porque tudo que ele tinha dito a Demi era de coração. Os dedos
envolveram os dela com mais força e um beijo gentil foi depositado nas costas
da mãos.
- Joseph? – Demi chamou manhosa tentando se
erguer, mas logo ficou quieta quando se lembrou do braço machucado. Ela abriu e
fechou os olhos, e quando sentiu os dedos soltando os dela, tornou a abrir os
olhos procurando por Joe. – Inácio? – Não foi um susto, Demi arregalou um pouco
os olhos e sentiu as bochechas corarem quando o pai sorriu para ela.
- Oi. – Ele disse tímido, porém decidido a
não ser repelido. – O Joseph saiu um pouco. – Disse fitando os olhos de Demi
que nada disse. Ela parecia tão sonolenta e um pouco confusa. – Eu fiquei
preocupado com você. – Disse quebrando o silêncio. – Como você está se
sentindo? – Perguntou cobrindo a mão dela com a dele. Demi não soube como
reagir a início, as bochechas coraram e ela preferiu não olhar para o pai,
porém não o afastou.
- Cansada. – Disse porque o corpo estava tão
exausto que ela o sentia mole e frágil. – Estou com medo de mexer o meu braço
esquerdo e a minha mão. – Comentou de cenho franzido fitando o braço com um
curativo. – Eles disseram que dentro de poucas semanas eu estarei melhor. –
Comentou sem saber ao certo o que deveria dizer para não deixar o assunto
morrer. Ela não queria ter que compartilhar de um silêncio incômodo com o pai.
- Estará. – Inácio sorriu e carinhosamente
beijou a mão dela. – Eles estão cuidando bem de você? – Perguntou sorrindo de
orelha a orelha porque ele tinha visto um pequeno sorriso nos lábios de Demi
que tentou disfarçar sem muito sucesso.
- Estão, mas eu quero ir para casa. – Ter o
conforto e a segurança que um lar oferecia não se comparava a nada. – Você está
aqui há quanto tempo? – Perguntou séria puxando a mão da dele e Inácio respirou
fundo e penteou o cabelo com os dedos.
- A sua irmã trabalha aqui. Vim assim que
ela ligou avisando que você estava machucada, mas só consegui visita-la agora.
– Demi fitou os olhos do pai constatando que ele dizia mesmo a verdade. Ela não
precisava de mais alguém para mentir e faze-la sofrer.
- A sua filha mais velha? – Perguntou
tentando lembrar o nome das irmãs por ordem de idade, eram seis garotas e
consequentemente difícil lembrar o nome e o rosto que ela só tinha visto por
foto.
- Anna é meia hora mais nova que Bella.
Isabella é pedagoga e Anna a nossa futura médica. – Demi assentiu, como ela
tinha se esquecido das gêmeas? Deveria ser o cansaço que a impedia de pensar
com agilidade e clareza. – As duas estão aqui, a Hannah também.
- Elas estiveram aqui. Isabella e a Anna. Eu
não as reconheci, foi quando acordei, eu estava um pouco zonza e pensei que
estava blefando quando as vi. Elas são idênticas? – Perguntou corada e Inácio
riu. Isabella e Anna juntas era sinônimo de confusão e muita teimosia quando
queriam.
- Não, Anna é quatro centímetros mais alta e
Bella tem o cabelo um pouco mais claro e maior. – Eram detalhes que não tinha
como ela perceber no estado em que estava. – Você pode conhece-las amanhã. –
Comentou a olhando nos olhos e Demi franziu levemente o cenho.
- Você ficaria chateado se fosse numa outra
hora? Eu não estou muito confortável e não quero ficar sem jeito perto delas. –
Era melhor falar a verdade já que não tinha como evitar a vontade que crescia
cada vez mais de fazer parte daquela família.
- Particularmente, eu acho que vocês serão
incríveis juntas. Vocês têm muito em comum e eu estou vendo que vai dar muito
trabalho para controla-las. – Demi acabou sorrindo junto com o pai. Seria um
caos, mas também seria fantástico ter irmãs. – Não ficarei chateado, sei que é
algo muito novo para você, só não precisa ter vergonha e receio.
- Não conta para elas, ok? Talvez amanhã eu
me sinta melhor. Eu só não quero que elas achem que eu sou chata ou sem graça.
– Ter a aprovação das irmãs seria muito importante para ela conseguir se
enquadrar na família Lovato, e do jeito que ela estava grogue e desanimada,
ficaria difícil enfrentar uma situação como aquela.
- Você não é. Mas vamos fazer do seu jeito.
– Eles sorriram e pela primeira vez aceitaram o silêncio, que não foi nada
ruim. A sensação de estar com Inácio era tão boa que Demi se sentia
estranhamente confortável e segura, e ela já começava a pensar que deveria se
policiar para ter receio para evitar uma futura decepção.
- A minha mãe foi embora. – Comentou e não
conseguiu evitar o bocejo. – Ela deixou uma carta hoje, fui ao aeroporto tentar
impedi-la, mas cheguei tarde. – Murmurou triste e Inácio envolveu os dedos dela
da mão direita com os dele.
- Eu também recebi uma carta dela. Dianna
viveu muitas coisas ruins. Não foi fácil para ela e muito menos justo, filha. Espero de coração que ela seja
feliz. – Demi assentiu pensando nos maus bocados que a mãe já tinha passado.
- Ela contou tudo para você? – Perguntou com
um pouco de receio e Inácio assentiu. – Eu odeio que ela tenha passado por tudo
isso. Eu gostaria de poder fazer algo por ela. – Inácio era o único que podia
entende-la porque um dia ele tinha amado Dianna.
- Eu me sinto culpado. – Deixou escapar e
quando Demi o olhou como se dissesse que ele não tinha culpa, Inácio deu de
ombros e respirou fundo cansado. – A melhor coisa dessa história toda é você. Eu e a sua mãe somos sortudos. –
Dava para ficar mais corada? Demi não conseguiu parar de sorrir sentindo as
bochechas quentes. – Não está com sono? – Ele perguntou todo carinhoso se
levantando para arrumar a coberta ao corpo dela.
- Estou com muito sono. – Disse envergonhada
e Inácio assentiu se acomodando mais a poltrona para descansar também.
- Eu posso ficar aqui? Ou você prefere que
eu chame o seu namorado? – Joe ou
Inácio? Demi optaria pelo namorado sem pensar duas vezes, ela adorava a ideia
de ter toda atenção de Joe, mas naquele momento, ter a companhia do pai não era
ruim, a sensação era muito boa e ela não podia negar que estava ansiosa para
passar mais tempo com ele.
- Você pode ficar. – Disse depois de muito
pensar. – Mas se você quiser ir para casa, tudo bem. Essa poltrona é bastante
desconfortável. – Bem, ela não sabia se era, só não queria ficar sem ter o que
falar. Na última vez que tinha dormido numa poltrona, foi quando Joe passou
mal, e bem, quando ela dormia, só o sono que importava.
- Nem tanto. Já dormi em lugares piores.
Qualquer coisa é só me chamar. – Disse e Demi assentiu prontamente. Ela não
podia negar que estava com receio e um pouquinho sem jeito. – Boa noite, filha. – O beijo na testa foi
inesperado, mas nada ruim. Demi sorriu emocionada quando fitou os olhos do pai
que também sorriu tornando a arrumar a coberta ao corpo dela todo cuidadoso e
protetor.
***
Selena
estava cansada. Passar a noite no hospital foi estressante e exaustivo porque
demorou para pegar no sono. Sentada a maca vestindo apenas uma camisola, toda
hora Sel fitava a porta do consultório médico fantasiando Mary o invadindo
apontando uma arma para a cabeça dela. Havia apenas alguns arranhões, nada tão
sério. O problema era o trauma e o medo que a consumia.
- Srta. Gomez? – Sel engoliu em seco quando
ouviu a voz da médica, porém pode respirar aliviada. Ela desviou o olhar da
porta ainda com receio de acontecer algo parecido com o que aconteceu no
banheiro, e fitou os olhos azuis da médica. – Está tudo bem com o bebê. Ele
está com cinco semanas e precisa que a Srta. repouse o máximo que puder. –
Selena sorriu fraco levando a mão ao ventre. Ela jamais se perdoaria se algo de
ruim tivesse acontecido a inocente vida que carregava. – Eu vou encaminha-la
para o quarto, a senhorita precisa descansar. – Para ela conseguir se livrar
dos pais e Ed deu muito trabalho, envolveu até a ajuda do médico que respeitou
a decisão de não contar aos familiares sobre a gravidez.
- Quando como, fico enjoada. – Disse
arriscando olhar para porta só para depois fitar os olhos da médica.
- Qual foi a sua última refeição? – Como ela
diria aquilo? Selena ficou tão sem graça que as bochechas coraram.
- O café da manhã de ontem, mas eu o
vomitei. – Murmurou. Não deu muito tempo de sentir fome, à tarde o passeio com
Ed no shopping foi estressante, depois no apartamento de Demi teve todo o
choque por descobrir a gravidez. E na festa da Gyllenhaal estava fora de
cogitação.
- Posso chama-la de Selena? – A médica
perguntou se acomodando a maca como Sel que assentiu com receio do que ouviria.
– Selena, você precisa comer para continuar saudável e também para manter o
bebê, mamãe. Ele ainda é tão
pequenino e precisa de você mais do que você imagina. Não é todo alimento ou
cheiro que a deixará enjoada. Você deve comer sem pensar no possível enjoo. Se
acontecer, enfrente como uma situação normal porque faz parte da gestação nesse
primeiro estágio. Entendo que o que você passou ontem à noite foi apavorante, e
saiba que nós a ajudaremos enquanto for necessário, mas pense que agora também
tem o bebê. – Eram tantas coisas! Selena cobriu o rosto com as mãos e soltou a
respiração relaxando o corpo. Estava tão difícil naqueles últimos dias.
Primeiro foi ficar afastada de Demi por três meses, depois as brigas com Ed, a
recém descoberta da gravidez e a inacreditável descoberta sobre Mary. Ela tinha
compartilhado segredos e momentos com uma assassina! Se Mary quisesse
machuca-la, ela poderia ter o feito facilmente nos momentos que as duas ficavam
sozinhas. De quebra ainda tinha Jake que a apavorava.
- Eu não estou bem, psicologicamente falando.
– Disse tristonha. Não era normal se sentir confusa, insegura e cansada o tempo
todo. – Tudo que eu quero é cuidar do meu
bebê junto com as pessoas que amo, mas eu tenho medo de o Jake ser solto e voltar a me assediar,
da Demi ficar sem falar comigo, da Mary tentar nos machucar. Não consigo
ficar em paz porque não consigo parar de pensar que alguma coisa de ruim vai
acontecer. – Era exatamente aquele ponto. Desde que Jake tinha entrado na vida
dela, as coisas viraram uma bagunça.
- Você não precisa ter medo, não mais, essas
pessoas não vão te machucar. – Sel
franziu o cenho e segurou o choro. – Quero que volte para o quarto, vou pedir
para prepararem uma refeição forte e saudável. Depois que você descansar, vou encaminha-la
a nossa psicóloga.
Um
sorriso conseguia amenizar uma situação que poderia se tornar drástica. Selena
até um abraço reconfortante recebeu e se sentiu muito melhor. Ela faria tudo
sugerido pela médica pensando no bem do bebê que esperava. Ao sair do
consultório, Sel estava mais leve e com a esperança de que tudo ficaria bem,
mas quando ela o viu a esperando de braços cruzados e tão sério, o frio na
barriga a incomodou. Despistar Ed deu muito trabalho, mas agora lá estava ele
em frente a sala a esperando.
- Os seus pais estão preocupados. Eu estou
preocupado. – Disse Ed a olhando e aos poucos ele se aproximou. – O que está
acontecendo com você, pequena? –
Perguntou carinhosamente a abraçando pela cintura e Sel se entregou ao abraço
se sentindo tão segura e amada nos braços do homem que amava.
- Ed. – Chamou envolvendo o pescoço dele com
os braços e em troca Ed a acariciou no cabelo da nuca a olhando fixamente. – Eu
amo muito você. – Disse emocionada e
o rapaz sorriu também emocionado.
- Eu também amo você. – Ele disse esboçando
um pequeno sorriso para depois beijar os lábios dela carinhosamente. – Por que
você está chorando? – Perguntou confuso quando Selena encostou a cabeça no
peito dele e começou a chorar baixinho. – Ei, o que foi meu anjo? – Perguntou
erguendo o rosto dela para que pudesse olha-la nos olhos e limpar as lágrimas.
– Eu estou aqui para você. Não chora, por favor. – Se ela chorasse, Ed tinha
certeza que ele também acabaria em lágrimas. – Amor, não chora. – Pediu
novamente a abraçando com força contra o peito deixando que as lágrimas
rolassem porque ele tinha ficado com tanto medo de perde-la quando soube o que
estava acontecendo naquele banheiro. Se a perdesse, ele simplesmente não
suportaria.
- Só me abraça. – O abraço durou o tempo
suficiente para que conseguissem se acalmar. E quando eles se olharam, trocaram
um beijo intenso. – Eu preciso falar uma coisa. – Disse fitando os olhos de Ed
que assentiu um pouco tenso.
- Quer ir para o quarto? – Perguntou
colocando uma mecha do cabelo dela atrás da orelha.
- Quero caminhar um pouco mesmo que seja
pelos corredores. – Selena sorriu sem jeito e Ed assentiu enlaçando os dedos
aos dela para que eles pudessem começar a caminhar.
- Então. – Ed a abraçou de lado sem quebrar
o laço dos dedos e Sel o envolveu com o braço livre. – Como você está se
sentindo? – Perguntou a observando.
- Sinceramente? Eu não estou bem. Estou com
medo e abalada com tudo que aconteceu. Fiquei com tanto medo de perder a Dem.
Quando a vi sangrar, pensei que ela.. – Selena franziu o cenho e fechou os
olhos tentando esquecer a cena. – Foi horrível. – Disse baixinho.
- Eu estou aqui e não vou deixar nada de
ruim acontecer. – Estava fora do alcance de qualquer ser humano impedir algo
ruim, mas Selena acreditava que aquele homem bonito que a abraçava a protegeria
de todo o mal.
- Eu dividi segredos com ela. Eu gastei meu
tempo com ela. Isso não é normal e eu não sei como vou confiar nas pessoas de
agora em diante.
- Não tinha como saber. Ninguém imaginava. –
Disse Ed receoso se lembrando dos momentos que tinha compartilhado com Mary. –
O que nós podemos fazer agora é esquecer, passado é passado. Vamos fazer dos
nossos dias os melhores daqui pra frente sem Jake e Mary. Foram momentos ruins, mas deles nós aprend..
- Eu estou grávida. – Ed continuou falando
por alguns segundos até que ele entendeu o que aquela pequena frase
significava. Selena sustentou o olhar dele procurando por raiva ou qualquer
sentimento negativo como esperava, mas só havia surpresa.
- Você está... grávida? – Disse Ed. Ele
tinha engolido em seco e estava um pouco pálido. Não era um sinal, era? Selena
assentiu com medo ainda fitando os olhos dele. – Grávida? – Repetiu e ela se
preparou mentalmente para enfrentar a fúria de Ed, mas ele sorriu e a abraçou
com força quase que a sufocando. – Grávida pequena?
– O sorriso que Selena esboçou foi desjeitoso, mas ainda assim era um lindo e
feliz sorriso que se alargou nos lábios porque Ed a olhava com tanta paixão e
felicidade.
- Nós vamos ter um bebê. – Disse com todas
as palavras que ele precisava ouvir.
Compartilhar
com Ed a notícia que estava grávida fez com que realmente fosse verdade no
mundo de Selena, pois a alegria, amor e felicidade desencadeados da espera de
um bebê tomou conta do coração e a fez tão feliz e especial. Ed a abraçou e
quando a beijou sorrindo, levou a mão ao ventre para acaricia-lo com cuidado e
respeito. O melhor de tudo foi esquecer que estavam num corredor de hospital e
o motivo por estarem ali.
***
- Ei! Eu sei que você me ama, não precisa se entregar com esse sorriso de orelha a
orelha. – Disse Demi sorrindo quando Selena fechou a porta do quarto e feliz,
correu para cama onde ela estava deitada.
- Você é sempre uma chata. – Disse Sel sorrindo e abraçando Demi com força, e ela
reclamou porque estava toda manhosa sem coragem para mexer o braço.
- Vai com calma, ok? Eu sou um bebê e preciso de cuidados. – Demi mostrou língua e
Selena revirou os olhos com tanta vontade. – Falando em bebê, como está o meu pequeno? – Perguntou acariciando o
ventre de Sel com a mão boa para depois sorrir sem graça porque Selena a olhou
feio por conta da forma exagerada que ela tinha dito.
- Está muito bem. Estou de cinco semanas. –
Disse e Demi franziu o cenho.
- Sel, você está grávida, tudo bem. Mas pelo amor de Deus, não faça isso
comigo. O que diabos são cinco semanas? Eu não consigo racionar com essa
contagem de tempo, então nós vamos trabalhar com meses e dias, ok? Ah! Os dias
têm limite, e no nosso caso, vamos
considerar apenas até trinta. Agora traduz, o que são cinco semanas? – Selena
gargalhou e só não apertou as bochechas da amiga porque ela reclamaria.
- Cinco semanas são... Hum.. Um mês nove
dias, ou seja, cinco semanas. – Disse e Demi respirou fundo aliviada.
- Viu como é mais simples e claro? Nada de
cinco semanas. – Resmungou. – Imagina só quando você estiver com, sei lá,
cinquenta semanas, como vamos saber que já passou dos nove meses? – Selena
revirou os olhos e se acomodou a cama ao lado da amiga.
- Dem, uma gestão dura em torno de quarenta
semanas. Você não estudou biologia? Ah é, lembrei que você matava todas as
aulas para fugir com o André para fazer Deus sabe lá o que.
- Não sou obrigada e nem me arrependo. E
você não vai querer saber o que eu e o André fazíamos. – Ela esboçou um sorriso
sapeca apenas para provocar Selena. – Você contou, Srta. Cinco semanas?
- Contei. Ele está radiante e eu tive que
ameaça-lo. Agora nós dois estamos num barco só e temos que nos preparar para
enfrentar a tempestade que é o meu pai. Ele queria contar, e eu fiquei tipo:
você perdeu o juízo? – Demi riu junto com Selena. Era muito reconfortante saber
que tudo estava dando certo com Sel e Ed.
- Estou muito feliz por vocês. – Disse
sorridente. – Vai dar tudo certo. Eu estou muito ansiosa para cuidar dele.
Vocês têm preferência? – Perguntou distraída acariciando o ventre de Sel que
nada fez, era estranho, mas nada desconfortável, bem pelo contrário.
- O Ed quer uma menina. Estarei satisfeita
independente do sexo. E você? Como está? – Perguntou fitando o braço com um
curativo limpo e os demais arranhões de Demi.
- Quebrada. – Ela forçou um sorriso e
colocou uma mecha do cabelo atrás da orelha com a mão boa. – Meu pai passou uma parte da noite aqui comigo.
– As bochechas de Demi coraram bruscamente quando ela percebeu que tinha
chamado Inácio de pai. – O Inácio. – Corrigiu-se
engolindo e seco e Sel sorriu a olhando. – Nós conversamos e ele cuidou de mim.
– Disse ainda envergonhada fitando a estampa da camisa. – Eu quero muito isso,
quero tanto, mas eu preciso estar
atenta a todos os detalhes, não quero ter meu coração partido novamente.
- Você realmente precisa. Todos nós, Dem. Siga o seu coração. Eu estarei sempre ao
seu lado para vibrar com você nos momentos bons e também para caso aconteça
algum imprevisto, te ajudar a catar todos os pedacinhos do seu coração. Irmãs são pra isso. – Difícil foi
abraçar Selena, mas Demi o fez do jeito que conseguiu. O que de fato importava
era estar nos braços daquela mulher.
- Eu te amo muito. – Disse Demi fitando os
olhos marrons da amiga que sorriu encostando a testa a dela. – Sel, eu tenho cinco irmãs. – Comentou sorridente e
Selena arqueou uma sobrancelha. – Seis. –
Corrigiu e as duas sorriram. – Não precisa ter ciúme, eu estou aqui para todas.
– Brincou, mas acabou corada. – Falando sério, eu não sei se estou preparada
para conhece-las. Estou com medo de parecer chata ou elas simplesmente não
gostarem de mim.
- Dem, primeiro: você não é chata, você só é
uma adolescente presa no corpo delicioso de
uma mulher. Resumindo, se você largar essa coisa estranha de criança de desenho
animado, Batman, e essas coisas de nerd,
você seria mais legal. E segundo: não tem como não gostar de você. É tipo uma
lei da natureza, algo assim, você é simplesmente alguém que as pessoas querem
conversar. – Demi levou a mão a de Selena e sorriu quando fitou os olhos
marrons. O brilho deles era fantástico! Dava para perceber claramente como Sel
estava feliz através de um simples olhar.
- Eu conheci a Anna e a Isabella ontem,
tomei um susto porque elas são idênticas e eu tinha acabado de acordar tonta, o
Inácio disse que elas não são
idênticas, mas eu aposto que ele está enganado. Hoje a Anna trocou o meu
curativo. Acho que ela não sabe que eu sei que ela é minha irmã.
- Eu as vi. E a mais nova também, ela
defendeu o Joe quando o seu pai o culpou por você estar machucada. – Demi
franziu o cenho. Joe não tinha comentado nada.
- A Hannah.
– Disse e Sel assentiu. – Ele não gosta do Joe e nem do Augusto, o namorado
da Hannah. Não sei o que vou fazer, eu só não posso ficar sem o meu gatinho.
- Eu já disse que odeio esses apelidos? –
Resmungou e Demi riu da careta de Sel. – Você não o chama assim quando vocês
estão transando, chama?
- Isso não é pergunta que se faça, Srta.
Enxerida. Às vezes sim, às vezes não. Depende muito do nosso ritmo. – Selena
tornou a fazer careta, mas riu. – Previsão de quando vamos sair daqui? Quero ir
para casa. – Resmungou manhosa se acomodando mais a cama que estava longe de
ser confortável como a dela ou a de Joe.
- Provavelmente amanhã. Ainda tem muita
coisa para resolvermos sobre isso. Já estou imaginando o detetive Pine
adentrando esse quarto para te interrogar.
- Eu só quero que isso acabe. – Disse Demi séria.
– Vou pedir demissão. Quando eu chegar em casa, vou escrever a minha carta
explicando os meus motivos. – Chegar naquela decisão foi difícil, era o sonhado
emprego desde a época da faculdade, mas não dava para continuar, não depois de
tudo que tinha acontecido. – Tenho dinheiro no banco, não é muita coisa, mas é
o suficiente para abrir um escritório.
O Joe pode programar para mim e eu fico com a parte gráfica, eu não sei, é
apenas uma ideia. Nós temos muito conhecimento na área de TI, não vamos passar dificuldade,
é o que importa.
- Se você precisar de uma secretária e de
alguém para a parte da administração,
estou à disposição. – Demi esboçou um pequeno sorriso quando Sel a olhou nos
olhos. Seria um novo começo, e o melhor era que ela poderia ficar mais tempo
com as pessoas que amava.
***
- Quero que você seja o mais coerente
possível. – A delegacia estava um caos, mas o motivo não era ruim. Do lado de
fora da sala, vários policiais comentavam fervorosamente sobre a prisão de Mary
e do depoimento de Jake Gyllenhaal que
acontecia exatamente naquele momento dentro da sala sendo elaborado pelo
Detetive Pine. – Me conta tudo que aconteceu naquela noite. Precisamos do seu
depoimento para encerrar o caso. – Chris fitou os olhos de Jake que assentiu um
pouco assustado.
- Eu vim para Nova York porque minha empresa
estava falindo. – Começou a dizer fitando as algemas geladas que envolviam os
pulsos. – Foi alguns meses atrás, seis meses para ser específico. Procurei o
meu avô porque eu precisava da ajuda dele. A Gyllenhaal é uma das maiores empresas desse país e se eu
conseguisse ao menos um patrocínio, já ajudaria. Meu nome estava na lama, o meu
sócio estava prestes a quebrar o contrato e em casa a minha esposa com o nosso
recém-nascido. Meu avô disse que ajudaria com a condição que eu teria que ficar
em Nova York para aprender com ele a como administrar uma empresa. – Jake olhou
para o detetive e depois para os outros homens na sala. Todos o olhavam com
atenção. – Durante um tempo eu fiquei na casa dele estudando o que ele pedia,
fui a Gyllenhaal poucas vezes. Conheci a Mary lá no departamento de Design. Ela
era nova na empresa e não demorou muito para começarmos a sair. Era só sexo para mim, sempre deixei claro e ela
disse que entendia. Quando meu avô descobriu, ele não gostou...
- Você tem três crianças e uma esposa. Onde
você está com a cabeça? – Jason estava furioso e Jake sem saber o que dizer ao
avô. – Eu não criei um canalha! – Infelizmente tinha soado alto o suficiente
para que quem estivesse do lado de fora ouvisse, e era Mary quem estava do
outro lado da parede se vestindo porque Jason tinha a flagrado com Jake.
- Eu não vou troca-los por ela. – Disse Jake
tentando não ficar alterado e muito menos destratar o avô. – Vô, eu só estou me
divertindo. Em casa as coisas não estão boas, minha empresa está falindo. Eles
dependem de mim, todos eles! O Marcus, a Susan, as crianças. Eu estou acabado,
só preciso colocar a cabeça no lugar para conseguir reverter essa situação. Um
pouco de sexo não fará mal.
- Você está saindo com essa moça e Demetria.
– Jake engoliu em seco com o olhar que recebeu do avô e ele queria muito que
Mary não tivesse ouvido aquela parte. – Demi é uma boa garota e não merece ser
usada dessa forma. É melhor você acabar com isso, caso queira continuar tendo a
minha ajuda.
- Eu estou com a Mary por sexo. Demi me faz
esquecer que o mundo me odeia, ela é uma boa companhia em todos os sentidos. –
Jake franziu o cenho e preferiu ficar em silêncio observando o avô andar de um
lado para o outro claramente nervoso.
- Eu não quero você perto delas.
Principalmente da Demi. É melhor você acabar com isso antes que as pessoas
descubram. Eu não quero mandar você para casa do mesmo jeito que chegou.
Garanto que Susan e as crianças não vão passar fome, mas será apenas isso. –
Tinha saída? Jake assentiu e antes de virar as costas, abraçou o avô com força
e o beijou na bochecha. Quem sabe um dia ele seria alguém tão importante como
Jason? Jake observou a sala presidencial e respirou fundo.
- Vou para casa, você não vem? – Perguntou
fitando os olhos azuis idênticos aos dele.
- Ainda tenho trabalho para fazer, não faço
ideia de quando vou chegar, não me espere para o jantar. – E foi a última vez
que ele ouviu a voz do avô. Ao sair da sala, Jake procurou por Mary
encontrando-a escorada numa parede e esboçando um sorriso convidativo para ele
que também sorriu.
- Vamos continuar o que começamos? – Ela era
ousada o suficiente para deixar qualquer homem fraco por sexo como Jake
hipnotizado e completamente envolvido. – Vou deixar você brincar com o outro
buraquinho. – Ele sorriu torto e a beijou com fome e desejo começando a
aperta-la nas pernas nuas enquanto Mary o arranhava nas costas. Ela não o
deixou em paz desde o dia em que se conheceram, sempre estava ligando e
insistindo, estava completamente obcecada por Jake e não deixaria que nada os
separassem.
- Vamos para o carro? – Ele estava tão
excitado que tinha medo do botão da calça estourar, e Mary se esfregando a ele
e o apertando não ajudava em nada. De nada adiantaram as palavras de Jason,
apenas o que importava era o prazer que um bom sexo poderia proporcionar.
- A gente começa no elevador e no carro você
tem a sua recompensa. – Disse Mary o mordendo no lóbulo da orelha e Jake
assentiu prontamente envolvido o bastante para se lembrar que era casado.
Aconteceu como eles
planejaram. Uma rapidinha no elevador e quando chegaram ao carro aos beijos,
Jake respirou fundo quando sentiu o celular vibrar e depois tocar quebrando o
clima.
- Eu preciso atender. – Ele disse fitando
brevemente os olhos de Mary para depois o nome de Susan no visor do celular.
- Você não precisa, Jake. – Até mesmo a fala
ficava diferente. Mary sustentou o olhar de Jake sem ousar em desvia-lo e
interrompeu a ligação. – Não pense que eu não ouvi o que você e o Jason estavam
conversando. Você está comendo a Demi? – Jake mordeu o lábio inferior quando
teve a gravata puxada, mas logo sorriu encostando Mary na parte de trás do
carro.
- Estou. Ela é uma puta de uma gostosa, eu
não poderia deixar passar. – Sussurrou no ouvido dela completamente descarado.
– E eu já te disse, você é apenas sexo para mim. Você e ela. Se eu pudesse,
juntaria você, ela e a Srta. Gomez com aqueles peitos fantásticos. Eu comerei
as três ao mesmo tempo e sem parar. – Ele tornou a sorrir quando Mary assentiu
o olhando nos olhos.
- O que você vai fazer sobre o seu avô?
Quando ele souber que você ainda está comendo nós duas, a coisa vai ficar feia
para você. – Jake sorriu arqueando uma sobrancelha enquanto roçava o corpo ao
de Mary para provoca-la.
- Ele só não precisa saber. Vai ser o nosso
segredinho, princesa. – Eles trocaram um beijo longo já se preparando para
adentrar o carro quando o celular de Jake começou a tocar novamente.
“Cadê você, Jake? O
leite das crianças acabou e Peter está com febre. Eu não sei o que fazer,
Marcus não está em casa.” – Susan.
Ao ler a mensagem,
Jake assumiu outra postura. E enquanto ele conversava no celular completamente
sério com a esposa, Mary o observava minuciosamente desde os detalhes físicos
ao jeito de se comportar. Ele era dela, apenas dela e não havia Jason, Demi ou
Susan para impedi-la de ficar com Jake.
- Eu precisei sair para depositar o que eu
tinha na carteira na conta da minha esposa. – Disse Jake depois de umedecer os
lábios. – Na caminho eu acabei esbarrando com a Srta. Lovato, ela estava
chorando porque tinha brigado com a mãe. Eu não podia deixa-la sozinha. Pedi
para ela esperar e segui caminho para o primeiro caixa eletrônico. Eu tinha
duas mulheres me esperando. Por conta da distância, ficou melhor encontrar a
Mary primeiro e despacha-la. Eu estava mais interessado em dormir com a Demi.
Eu gostava de como ela era carinhosa comigo e completamente inocente, ao
contrário da Mary. Tudo que contei foi o que realmente aconteceu naquela noite:
Meu avô descobriu sobre a Mary e a Demi, eu transei no elevador com a Mary,
depositei dinheiro na conta da minha esposa, me livrei da Mary e passei o resto
da noite com a Demi. Eu não fazia ideia que estava comendo uma louca.
O
caso foi encerrado quando o material encontrado na casa de Mary chegou às mãos
do Detetive Pine. A pistola que usava o mesmo projétil que o encontrado no
corpo de Jason e as fitas que mostravam claramente Mary atirando contra o dono
da Gyllenhaal.
Continua... Demorou muito, mas saiu! Primeiro desculpem pela demora, é aquela velha história: final de semestre. Minhas provas acabaram ontem e pelo visto, estou de férias! Bem, voltando a fanfic, espero que vocês gostem dessa parte do capítulo, está oficialmente encerrado o caso Jake. Então, eu estava conversando com a Brunna, e acho que vou dividir essa fanfic em duas temporadas, pois ainda tem muita coisa para acontecer e nós já estamos no capítulo 53 parte dois. O que vocês acham? Obrigada pelos comentários, visualizações e compreensão! Até qualquer hora! Beijo e um abraço apertado.
Claro que você deve dividir em suas temporadas eu relmente amo sua fic sério eu fico muitooooo ansiosa para cada capítulo só uma sujestão bem que vocês poderiam fazer uma maratona de uns 5 ou 10 capítulos ���� sério amo muito a fic parabéns
ResponderExcluirPs; Não demorem para postar pq fico muito ansiosa para cada novo capítulo bjs
E a gente achando que tinha sido o jake que tinha matado o avô, foi a mary se bem que no fundo achava que era ela mas n tinha como saber, agora eu sei e estou chocada!
ResponderExcluirO capítulo está muito bom, se você quiser dividi-lo em duas temporadas eu acho que vai ficar mais bom ainda, ou seja: quero kkk
Amo esses momentos com a Demi e o Inácio, com a sel e o Joe
Continua bjss
UM CAPÍTULO É UM CAPÍTULO!
ResponderExcluirAMANDA PQ VOCÊ ME MATOU?????
eu sabia que a mary tinha matado o jason, algo dentro de mim desconfiava mas não imaginava que ela era tão louca assim.. tô shook
eu fiquei com tanto medo da selena perder o bebê e meu coração chegou a bater mais forte quando pensei que a Demi tinha morrido
deus me defenderay
eu tô apaixonada pela família da Demi, as irmãs dela são tão fofas e eu quero muito que elas se deem bem e que sejam bem amiguinhas, já tô até imaginando a Demi com a mais nova no colo aaahhh
EU SOU MUITO APAIXONADA POR UMA FANFIC!!!
quero muito uma segunda temporada, seria meu sonho?
poste assim que der, estarei aguardando ansiosamente
bjss
Ainnnnn quero o próximo capítulo pra ontem, pleaseeee. Bjos, amei esse capítulo
ResponderExcluirS O C O R R O meu Deus que capítulo foi esse? Quantas revelações, sabia que ela n era do bem, mas n a esse ponto!
ResponderExcluirSo faltou o Joe dizer que ta em outro emprego, se ele disse eu n lembro kkkkk
Estou amando tudo e já quero o próximo, boas férias