Não
era possível prever o que aconteceria. Geralmente a vida tinha uns repentes,
assim, nada era muito certo. Havia uma semana desde a descoberta da verdade
sobre os pais. Nesses sete dias que se passaram, Demi optou por ficar sozinha
pensando e refletindo, e no final do dia Joe a buscava no trabalho e de mãos
dadas eles caminhavam até que estavam em frente ao apartamento de Demi trocando
beijos intensos antes de se despedirem.
Dianna
tinha tentando entrar em contato quando apareceu na Gyllenhaal, porém foi
ignorada pela filha e nesse dia tudo que tinha para acontecer de errado
aconteceu.
Selena
estava distante, aliás, Demi também estava e a amizade tinha esfriado
absurdamente. Todos tinham percebido como elas estavam diferentes uma com a
outra. Cumprimentavam-se com brevíssimos “Bom dia” quando chegavam a Gyllenhaal
e cada uma seguia seu rumo.
Em
um daqueles dias, Demi acabou num estúdio de tatuagem e nos pulsos estava
eternizado um lema que a definiu e que ela precisava se lembrar todos os dias.
A frase surgiu através dos pensamentos sobre Dianna e Inácio, de como ela
estava magoada e precisava superar a infância, adolescência e os abusos da
mulher que tinha a gerado. Stay Strong. No pulso esquerdo Stay e no direito
Strong. Foi doloroso e por um pouco Demi desistiu, porém depois de pronta ela
estava assustada e feliz.
A
arte exigia uma série de cuidados e Demi estava os seguindo rigidamente, não
deixava os pulsos expostos ao sol, não tocava na região que tinha coçado algumas
vezes, usava pomada uma vez por dia depois de higienizar o local com o coração
na mão de tanto medo que estava de se machucar e desde que tinha feito, ela
usava blazer e camisas para cobrir. Nem mesmo Joe tinha descoberto e ela não
tinha contado.
Sozinha
no escritório, os punhos da camisa estavam desabotoados e de tão distraída que
estava com o trabalho e a música que tocava baixinho no celular, Demi puxou as
mangas até a altura dos cotovelos para que pudesse desenhar à vontade como nos
velhos tempos. Ela se alternava entre projetar no notebook e traçar os olhos de
Joe no bloquinho. A saudade estava a
sufocando. Ter Joe apenas por uma hora de relógio era uma droga. Quando ela
estava dormindo, ele estava trabalho e vice-versa. E para piorar, Joe ainda
estava dando aula à tarde por três dias na semana e em dois cumprindo o serviço
voluntário para não ser preso.
Ao
se lembrar das aulas, Demi revirou os olhos com muita vontade. Ela não gostava
nadinha de como tudo estava acontecendo. Não estavam sendo dias ruins, só que
Joe ter o contato de uma aluna e respondê-la durante o pequeno tempo que eles
tinham juntos foi o suficiente para matar Demi de ciúmes. Tinha sido no dia
passado quando estavam no Top of the Rock
abraçados vendo as estrelas. Demi o convidaria para visitar o apartamento
dela.. Mas depois que ela viu as mensagens da menina no celular de Joe que a
respondia, a coisa ficou feia.
- Ridícula.. – Sussurrou irritada e consequentemente o traço do desenho ficou
mais grosso e desproporcional. Demi queria saber mais sobre a menina, mas ela
não estava nas redes sociais de Joe e ter acesso ao celular dele era
impossível. Principalmente depois que ela tinha olhado as mensagens de Rose as
escondidas. Era o que dava namorar um homem absurdamente lindo como Joe.
“Você já está em casa?”
– Demi.
Enviou a mensagem para Joe e bloqueou o aparelho voltando para o projeto no
notebook. Foram minutos tediosos e pouco produtivos. Ela só tinha alterado
alguns detalhes e as ideias fugiram quando mais eram necessárias para o próximo
passo.
“Estou. Tem dez minutos
que cheguei, já iria mandar mensagem, estava cuidando da Lucy e arrumando algo
para comer.” – Joseph.
“Hum.” – Demi. Droga! Ele não
tinha visualizado como era o de costume, porém estava online.
“Você ainda está
brava.” – Joseph.
Tinha como não ficar brava? Demi girou a poltrona e fitou o namorado começar a
escrever e logo apagar. Ele estava começando a irrita-la. – “Eu já disse, era apenas uma aluna com uma
dúvida que não deu tempo de tirar, ela teve que ir embora mais cedo porque
jantaria com os pais divorciados” – Joseph.
“Hum.” – Demi. O nervoso foi tão
grande que Demi quase arremessou o celular contra a mesa de vidro para quebrar
o aparelho e o móvel. – “Você não acha
que está sabendo muito para um professor de reforço??? Atreva-se a continuar
trocando mensagem com essa pirralha catarrenta que eu acabo com a raça dos
dois!”
“Você está muito brava,
Dem.. Eu não vou te trocar” – Joseph.
“Eu não divido o que é
meu, só para deixar claro.” – Demi.
“Não há nada
acontecendo para você ficar tão nervosa.” – Joseph. O fato de ele achar que ela
estava nervosa só a irritava e ajudava a situação ficar complicada.
“Eu não estou nervosa!
Você é que está começando a me irritar, que droga Joseph. Eu conheço muito bem
os homens para saber quando um está escondendo alguma coisa” – Demi.
“Não acredito que nós
estamos discutindo por mensagem. Eu vou ter que ir ao seu trabalho para
convencê-la que não tem nada de errado acontecendo? ” – Joseph.
“Você ficará onde está
e descansando. Mais tarde nós terminamos” – Demi.
“Daqui a pouco eu estou
aí e nós vamos conversar sobre o que não está acontecendo e que você insiste
que está.” – Joseph.
Ela
quem tinha procurado. Demi cobriu o rosto com as mãos e respirou fundo tentando
se controlar. Talvez ela estivesse exagerando um pouquinho, Joe não era como os
outros caras e ele a amava de verdade. Era só precaução. Perdê-lo não era uma
opção. Poderia soar possessivo, mas Demi não conseguia se imaginar longe do
namorado e nem mesmo em compartilha-lo com outra mulher.
- Entra. – Murmurou quando bateram à porta.
Ela estava distraída o suficiente para não cobrir os pulsos. Demi até mesmo
tinha pensando que era Joe, porém era pouquíssimo tempo para ele chegar a
Gyllenhaal.
- Demi, bom dia. – Não, não e não! Foi
inevitável não arregalar os olhos levemente. Demi engoliu em seco e sentiu o
coração acelerar no peito de uma forma bem estranha e desconfortável. Desde que
tinha encontrado Mary no escuro as quase sete horas da noite, o sentimento de
medo começava a consumi-la toda vez que elas estavam no mesmo ambiente. – Será
que nós podemos conversar? – Mary era aquela mesma figura tímida e cativante de
sempre. Pelo menos era o que mostrava. Demi fitou os olhos dela e assentiu
movendo a cabeça. Ela não tinha escolha, aliás, quando se tratava de trabalho
as opiniões pessoais ficavam a parte.
- Estou ouvindo. – Disse Demi desconfortável
com o olhar indiscreto de Mary sobre os pulsos tatuados. Ela puxou os punhos
discretamente e sem graça, enlaçou os dedos e concentrou-se em ser
profissional.
- Então. – Mary mordeu o lábio inferior para
conter um sorriso e cruzou as pernas se ajeitando mais a poltrona. – Eu preciso
de uma licença para essa tarde, tenho que resolver algumas questões pessoais na
minha cidade. – Disse colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha.
- Você deveria ter avisado antes, não sei se
conseguirei. – Para agilizar o processo, Demi buscou por um protocolo para
preenchê-lo e pesquisou nos dados da empresa se era possível liberar Mary de
última hora. – Você precisa de um atestado para justificar a falta. – Disse
entregando a Mary o documento para que ela o assinasse.
- Eu não tenho um atestado. – Ela assinou
tão brevemente e sustentou o olhar de Demi sem receios.
- Sem atestado, você terá problemas que eu
não serei capaz de reverter. – Disse por que ela estava no grupo das pessoas
que cuidavam da gestão dos funcionários do departamento de Design. – Com um
atestado você comprovará que não pode trabalhar nessa tarde, então não terá
problemas com o salário e nem outras burocracias.
- Foi algo que não estava previsto, eu
simplesmente vou sair independente de ter ou não um atestado.
- Estou entendendo. – Murmurou Demi
desconfortável com a situação. – Só estou pedindo o atestado para comprovar a
sua falta. – Explicou pacientemente.
- Verei o que posso fazer. – Demi assentiu
verificando se Mary tinha assinado em todos os campos solicitados pelo documento,
e assinatura estava lá miúda e imperceptível. – Posso fazer uma pergunta
pessoal? – Mary perguntou colocando uma mecha do cabelo atrás da orelha e
fitando os olhos de Demi que assentiu já não gostando, mesmo sem saber do que
se tratava. – O que aconteceu entre você e a Selena? – Porque diabos parecia
que Mary sabia exatamente o que tinha acontecido? Demi sustentou o olhar pelo
tempo que conseguiu, umedeceu os lábios e franziu levemente o cenho.
- Não aconteceu nada. – Jamais contaria para
outra pessoa o que tinha acontecido entre ela e Selena. Joe sabia porque ele era
de confiança e merecia saber, já Mary... – Eu estou ocupada com as minhas
coisas e a Selena com as dela. – Completou voltando a fitar os olhos de Mary. –
Você precisa de mais alguma coisa?
- Não.. Tudo bem. – Mary mordeu o lábio
inferior para conter um sorriso e Demi franziu o cenho sem entender muito bem.
– Estou indo. Obrigada, Srta. Lovato. – Soou
tão irônico e a cara de Jake. Demi não pode se esquecer do fato de Mary ser uma
das amantes dele. Ela a observou se levantar e caminhar até a porta do
escritório, e antes de fecha-la, acenar esboçando um daqueles sorrisos
perfeitos dela. Era cada uma que aparecia!
“Demi, bom dia! Como
você está? Por favor, diga ao Joseph para ele responder as minhas mensagens.
ps. Adorei a música! Se puder, me envia mais! Nós conversamos mais tarde.” – Laura. Trocar mensagens
com a tia de Joe era tão bom que Demi sempre dava um jeitinho de conversar com
Laura nem que fosse por trinta minutos. Elas tinham muito em comum e estavam
desenvolvendo uma amizade forte.
“Olá Laura! Bom dia! Eu
estou bem, e você? Pode deixar que darei o recado. Ele passará aqui no
escritório mais tarde, falarei para ele ligar, tudo bem? Vou organizar uma
playlist e envio.” –
Demi.
A
mensagem não chegou para Laura e Joe não estava mais online. Demi bateu a ponta
dos dedos a mesa e mordeu o lábio inferior a procura pela conversa com Selena.
Era horrível não poder mandar mensagem para Sel. Geralmente elas estavam
conversando o tempo todo sobre assuntos aleatórios e improváveis, porém era bom
e arrancavam risadas exageradas das duas.
“eu te amo muito mais,
agora vai dormir meu bebê” – Selena.
Era
a última mensagem da última conversa há quase quatro dias. E Sel estava online
sem a foto do perfil. Demi quase perguntou o que estava acontecendo, já que
para Selena tirar a foto do perfil, algo realmente ruim tinha acontecido.
“Está tudo bem?” – Demi. Ela enviou para
Ed, porém ele não estava online. Alguma coisa de errado estava acontecendo! Só
podia ser.
Intrigada,
Demi caminhou até a janela do escritório que tinha a vista para o departamento
e olhou em direção a mesa da pessoa que ela tanto estava evitando pelas brechas
da persiana. Selena sentada a cadeira e Ed estava próximo a ela. Eles
conversavam e trocavam olhares intensos, e quando Ed apontou para o computador para explicar algo
para Sel e logo a beijou, Demi engoliu em seco sentindo o coração acelerar. O
beijo dela era incrível e um dos melhores que Demi já tinha provado.
- Ela é apenas a sua melhor amiga, Demetria. – Murmurou cobrindo o rosto
ruborizado com as mãos. Não tinha motivos para ficar sem jeito e tensa com a
situação. O beijo não tinha significado sentimental, era apenas uma atração que
estava mexendo com ela e Selena. Sempre existiu e só porque elas tinham se
beijado as coisas não mudariam. Era isso. Uma atração. Não tinha motivo para
estabelecer toda aquela distância.
Demi
umedeceu os lábios e controlou a respiração. Pensaria em algo para reverter a
situação com Sel. Não tinha como tê-la longe. Por alguns minutos ela ficou
parada pensando no que poderia fazer, mas então fitou a mesa e se lembrou que o
trabalho não seria feito sozinho.
Ficar
doente não tinha ajudado em nada, aliás, ela tinha pensando muito sobre os
pais, Joseph e o que faria da vida. Porém lá estava o trabalho mais acumulado
que o aceitável. Demi respirou fundo e quando começou a caminhar de volta para
a poltrona de onde ela não deveria ter saído, o bilhete caído no chão a fez
franzir o cenho. Ela costumava manter a higiene no escritório de forma rígida e
sistemática. Os papeis sempre estavam acomodados na lata do lixo e não havia
farelos de comida e quaisquer resíduos. Agachando, Demi pegou o pedaço de papel
e o desdobrou.
“Harrisburg,
Pensilvânia. Código 24999. Mary.”
- Demi, boa tarde. – Não tinha dado tempo de
processar nada a respeito daquele bilhete. Bateram à porta, e quando Demi a
abriu, ela sorriu educadamente para a diretora de financias da empresa. – Nós
podemos conversar sobre a festa de
aniversário da Gyllenhaal daqui alguns meses?
***
Brigar
com Joseph não estava nos planos de Demi. Porém quando ele apareceu à tarde na
Gyllenhaal, tudo já estava muito corrido. Marcus tinha destinado Demi a cumprir
uma das “missões” da Gyllenhaal de última hora, então ela estava de saída
quando topou com o namorado na entrada do prédio. O nervoso do dia passado tinha
passado um pouquinho, Demi deixou Joe beija-la e até sorriu para ele, porém não
demorou cinco minutos para o clima desabar entre eles porque a mesma menina que
enviava mensagens estava ligando. O rosto de Demi chegou a ficar vermelho. E
para não fazer um escândalo, ela deixou Joe falando sozinho para acompanhar o
motorista que a levaria para resolver os demais problemas daquela tarde.
A
vontade de bater em Joe a consumiu durante toda a tarde. O que não foi bom já que
a desconcentrou dos principais objetivos que estavam relacionados com o
trabalho. Demi era esperta e ela soube reverter facilmente as situações que se
envolveu por falta de atenção. Também visitar duas empresas e conversar com
pelo menos cinco pessoas de diferentes setores exigia muito jogo de cintura.
- Qual o nosso próximo destino? – A voz
grossa do motorista quebrou o silêncio dentro do carro despertando a atenção de
Demi que desviou o olhar do celular para fitar brevemente os olhos azuis do
homem pelo espelho interno.
- O Marcus me liberou. – Ela leu o email
mais uma vez confirmando que estava livre para ir para casa e então fitou o
movimento do lado de fora do carro. Não estava longe de casa, e ela não queria
ficar confinada no apartamento naquela tarde linda. – Eu vou ficar por aqui. –
A ideia de sentar-se num dos banquinhos do Central Park para tomar sorvete ou
simplesmente observar os pombos a agradava. Seria bom para tomar ar puro e
pensar.
- Não prefere ir para casa? – Ela não tinha
tanta intimidade com aquele motorista como tinha com Tony, então Demi apenas
assentiu negativamente.
- Obrigada, tenha uma boa tarde. – Ela
sorriu educadamente saindo do carro.
Foi
delicioso quando os raios de sol beijaram a pele do rosto a aquecendo. Demi
buscou pelos óculos escuros, plugou o fone de ouvido no celular, tirou o blazer
e puxou as mangas da camisa. Tinha coisa melhor que ouvir música e andar por
aquela cidade linda? Como sempre acontecia, as pessoas e suas diversas culturas
eram encantadoras. Eram rostos e línguas diferentes. E quando um rapaz espanhol
esbarrou com ela? Demi sorriu porque ele era tão fofo e ela tinha certeza que
caso fosse mais nova, o coração teria batido mais rápido por aqueles olhos
castanhos e cabelo cacheado.
Seguindo
caminho, Demi observou as vitrines das lojas com certa curiosidade se demorando
em cada detalhe que a conquistava. Foi bom para distrair, ela não pensava em
lojas há um bom tempo.
A
playlist acertou em cheio quando começou a tocar All I want, da banda kodaline. Demi já tinha escutado a música uma
vez ou outra, e era tão bom ouvir aquela música que ela se sentou a escadaria
de uma padaria e suspirou observando o movimento das pessoas. Jovens de mãos
dados esboçando sorrisos felizes, pessoas apressadas como ela que mal percebiam
como era bom parar um pouquinho para observar a cidade e as pessoas, e quando os
olhos encontraram uma criança segurando a mão de uma mulher e a de um homem,
Demi franziu o cenho. Ela não voltaria a ser criança, jamais terei a inocência
de uma novamente.
Quando tinha a idade daquele menino, tudo que
ela se lembrava de querer era a atenção da mãe, um pouquinho de amor e
atenção... E como não entendia o que era um pai, Demi simplesmente aceitava que
só tinha a mãe. Os anos se passaram e quando ela questionou sobre o pai, as
coisas não ficaram boas. Dianna não tinha paciência e sequer alguma conduta
para impedi-la de agredir a própria filha.
Não
era ruim viver com aquela realidade. Uma coisa Demi tinha aprendido: o mundo
não era cruel, as pessoas que eram. E foi bom descobrir mais uma mentira, só a
ajudava a ficar mais forte e criar imunidade contra o sofrimento que estava
ciente que enfrentaria no decorrer da vida.
Levantando-se,
Demi caminhou por um quarteirão todo até que estava no Central Park. O lugar
era bonito o suficiente para fazê-la encher os pulmões de ar com vontade porque
quase tinha perdido o fôlego. Estar envolta pela natureza era bom, pois ela se
sentia à vontade, tão à vontade quanto estava em casa. A caminhada foi um
pouquinho cansativa, razão pela qual ela se acomodou ao banquinho de madeira.
- Srta. Lovato. – Das pessoas que ela
poderia encontrar, o detetive Pine estava na última posição da lista. O homem a
olhou com curiosidade e sem ser convidado se acomodou ao lado no banco. – Como
você está? – Perguntou a olhando nos olhos e Demi desviou o olhar incomodada
com a repentina companhia.
- Estou bem. – Disse abaixando o volume da
música. Para o tipo de abordagem de Chris, ela estava realmente bem até porque
ele não precisava saber detalhes pessoais.
- Estou incomodando? – Demi o olhou, franziu
um pouco o cenho e deu de ombros. Não era que ele estava incomodando. Chris era
um policial, muito bonito por sinal, que tinha assistido aos vídeos de sexo
onde ela era a estrela principal. – Eu só queria saber se está tudo bem. – Ele
disse menos rígido e intimidante que chegou a relaxar. – Sei que você não faz
mais parte do caso, desculpe, me expressei mal. Sei que você não é mais a chave
para o caso Jason Gyllenhaal. Nós
estamos trabalhando, mas há perguntas sem respostas que está deixando tudo tão
bagunçado e confuso. – Chris estava cansado e o que ele dizia era quase um desabafo.
Razão pela qual a feição do detetive estava cansada e abatida. – Sempre que
resolvemos algumas questões, aparecem outras. É como se o Jake estivesse encobrindo alguém,
não há outra explicação. Eu só não sei mais por onde começar. Ele não falará quem
é a mulher do vídeo e nem a pessoa ou as pessoas que estão envolvidas no caso.
- Acho que eu posso ajudar. – A informação
que ela tinha era importante, e Demi só constatou aquele fato quando se lembrou
da gravidade da situação. Mary era amante de Jake e ultimamente estava tão
estranha. Para alguma coisa aquilo deveria servir. – Ontem acabei perdendo a
hora no escritório. O segurança me avisou que já tinha passado do horário. –
Comentou se lembrando do dia passado. – Estava tudo escuro no departamento, mas
eu notei uma luz acesa e resolvi apaga-la. Uma das nossas funcionárias estava
lá. O nome dela é Mary e quando nós entramos no elevador, percebi que ela
estava usando o mesmo colar de joaninha da mulher do vídeo. Acho que ela é uma
das amantes do Jake.
- Você tem certeza que o colar era igual? –
Chris perguntou atento e aparentemente feliz pela possibilidade de a informação
dar novos caminhos ao caso.
- Absoluta. – Disse Demi sustentando o olhar
do detetive. – Eu acho que pode ser ela. Sempre percebi que ela me tratava
diferente quando nós estávamos sozinhas, acho que pode ser por causa do meu..
meu relacionamento com o Jake.
- Entendi. Faz sentido. Eu gostaria que você
me acompanhasse a delegacia. Seria mais interessante se essa informação fosse
formal. – Por que ele era tão apressado? Demi arqueou uma sobrancelha quando
Chris se levantou já pronto para leva-la.
- Eu não vou voltar a delegacia. – Era
traumatizante ficar confinada numa sala sendo interrogada, principalmente na
sala que já conhecia. – Você não pode anotar como uma observação ou um
depoimento anônimo? – Perguntou sem saber ao certo se era possível. – Eu não
quero voltar lá, não são boas as lembranças da última vez. – Explicou-se corada
e com medo do que Chris poderia pensar. – Só estou contando porque acho que
pode ser relevante para o caso.
- É muito relevante e pode solucionar várias
questões. – Ele disse bruscamente. – Eu vou atender ao seu pedido. Obrigado
Demi, tenha uma boa tarde. – Ao menos ele esboçou um sorriso e educadamente
estendeu a mão para que Demi a apertasse.
Se
Mary tinha envolvimento na morte de Jason, era um mistério. Daquela história,
Demi só esperava que a justiça acontecesse e ficava feliz em contribuir com
informações que ajudasse o caso progredir. Porém ela não iria mais focar as
energias em Jake e em nada negativo.
O
dia estava lindo. O sol distribuía raios que ardiam a pele. Estava quente e
havia poucas nuvens no céu de azul claro e vivo. Demi observou o movimento até
que moderado naquela área do parque e lembrou-se do primeiro beijo com Joe. Foi
engraçado e simplesmente maravilhoso beijar aquele homem. Uma sensação única e
boa. Ela sorriu sozinha e o sorriso se alargou um pouco mais ao fitar o mesmo
carrinho de sorvete que tinha comprado água mineral para ajudar Joe a se
limpar.
Comprar
sorvete não faria mal, e sorvete, principalmente de chocolate, era a cara de
Joe. O engraçado era que ele tinha que ficar longe de sorvete e uma lista
enorme de alimentos. Os desmaios. Demi franziu o cenho ao se lembrar das
conversas com Laura. Joe precisava visitar o consultório médico com muita urgência!
O caso era sério e se dependesse dele, continuaria desmaiando e ficando tonto
como se fosse normal.
A
casquinha não suportou o sorvete derretido, os guardanapos começaram a ficar
úmidos e por um pouco Demi se sujou. Ela tinha ficado distraída o suficiente
para o sorvete derreter e o sol começar a se por. Estava anoitecendo rápido
demais. Demi se livrou do sorvete antes que se sujasse e ainda sim ela sentiu
os dedos embrenhados com o líquido viscoso amarronzado. Tocar no touch screen
do celular foi um pecado, porém necessário! A música foi pausada e o fone
guardado dentro da bolsa. O bom era que na área do Central Park que ela estava
ficava próxima do Rockefeller Center.
O
caminho era o mesmo que a levaria para o apartamento onde morava. Era que ela
estava acostumada a voltar do Central Park com Joe diretamente para o
apartamento dele. Como não era longe, Demi caminhou distraidamente pela calçada
larga vez ou outra fitando, quando tinha a oportunidade, o céu que começava
ganhar o azul escuro e estrelas.
Junto
as outras pessoas ela atravessou a rua e arrumou a alça da bolsa ao ombro. Foi
automático quando uma mecha do cabelo foi colocada atrás da orelha e os lábios
umedecidos. E o melhor, Joseph estava em pé na calçada do prédio onde morava.
Demi tinha certeza que era ele. O porte físico não negava. Quem era que tinha
costas largas, um bumbum tão redondo e o cabelo arrumadinho? Aquele homem era
lindo demais! E de tão feliz que estava por vê-lo, Demi pensou em perdoa-lo e
também pedir desculpa porque tinha exagerado um pouquinho no ciúme.
- Ei amor. – Ela estava próxima o suficiente
para que Joe a ouvisse. Demi só não esperava que ele a olhasse como quem acaba
de tomar um susto. O rosto de Joe empalideceu e por alguns segundos Demi jurou
que teria que correr para o hospital com o namorado.. Apenas por alguns
segundos.
- O..oi..oi Dem. – Quando tinha sido a
última vez que Joe gaguejou? Ele tirou os óculos de grau e Demi o fitou com
curiosidade, até que ela olhou para a pessoa que ele conversava. Diabos. O ódio
a consumiu que o gosto da boca chegou a ficar amargo.
A
menina era uma estudante, sim, era. A mesma que estava mandando mensagens e
ligando. O cabelo era longo, mais longo que o de Selena! Deveria bater na
altura do bumbum e era escuro. Será que ela era uma espécie daquelas meninas de
tumblr ou alguma modelo? A pele morena maquiada era vibrante,
os lábios bem desenhados assim como as maçãs do rosto. E a altura e as curvas
do corpo? A camisa do uniforme era moldada o suficiente para deixar explícito o
formato dos seios médios e a cintura fina. A calça jeans escura estava apertada
e Demi não queria pensar no tamanho daquele traseiro. Para completar, ela não
estava sozinha. Porém a outra menina
parecia tão incomodada quanto Demi. Diferente da colega, Hannah vestia a camisa do uniforme um pouco mais larga e calça
jeans não tão colada. O cabelo estava preso e o rosto estava livre de
maquiagem, era o suficiente para ela estar linda.
- Thaisa, vamos. – O sussurro de Hannah foi
uma negação e a menina ficou tão vermelha e desconfortável com a situação,
porém a Thaisa parecia ser a única que não enxergava a cara de poucos amigos de
Demi e Joe pálido.
- Espera aí Hann, o Joseph ainda não tirou a minha dúvida. – Diabos. A menina
ainda tinha que ser tirada. Demi não queria fazer um escândalo e nem ser
grossa, porém o que ela não podia dizer as feições gritavam escandalosamente. –
Joseph, amor, você sabe como isso é importante para mim, eu preciso passar em
geometria e a prova é depois de amanhã. – A tal Thaisa só lançou um breve olhar
para Demi que quase espumou de raiva. Amor? Quem aquela menina pensava que era?
E Joe não sabia o que fazer, se ele olhasse para Demi, ela o mataria com um
olhar e se ele olhasse para Thaisa, Demi o mataria da mesma forma.
- Eu.. – Joe umedeceu os lábios e desviou o
olhar da menina porque ela sorria para ele. – Eu posso resolver e enviar por
e-mail junto com anotações, tudo bem? – Se ele falasse do celular, Demi
acabaria com ele, então o e-mail era mais formal.
- Está ótimo. – Protestou Hannah envolvendo
o braço da amiga com o dela, e Thaisa a olhou feio. – Desculpe o incomodo
Joseph, nós já estamos indo. – Joe não sabia se queria ficar sozinho com Demi.
Porém também não queria ficar perto de Thaisa, pois desde que a menina o viu,
ela não o deixava em paz. Estava em todas as aulas extras, sentava nas cadeiras
da frente e o questionava a respeito de coisas óbvias.
- O motorista do meu pai não está com pressa
para nos levar para casa. E você não quer passar em geometria? – Demi revirou
os olhos discretamente depois que fitou a morena e ela não se atreveu a olhar
para Joe porque era capaz de esbofeteá-lo ali mesmo na frente das duas meninas.
- Eu estou bem em geometria. – Disse Hannah
envergonhada. Demi a olhou e foi aí que a menina ficou ainda mais sem jeito.
Porém diferente da amiga, Hannah já tinha desconfiado que estava na hora de ir
embora e que Joe era comprometido. – Eu vou embora com o meu namorado. –
Discretamente Demi arqueou uma sobrancelha fitando o chão, ao menos uma delas
era comprometida e tinha juízo. Já a tal da Thaisa era desafiadora e não tinha
limites, só podia ser. Demi sustentou o olhar dela, mas a menina voltou toda
atenção para Joe a ignorando. Ela conhecia muito aquelas jogadas de cabelo e
sabia que quando Thaisa mordeu o lábio inferior, foi para tentar chamar atenção
de Joe e provoca-la.
Joe
não podia ser um idiota. Demi estava cansada de namorar homens que traiam e que
não eram capazes de respeita-la. Ela o olhou por algum tempo pensando como
queria xinga-lo ali mesmo e ataca-lo com muitos tapas porque se aquela menina
estava ali em frente ao prédio onde Joe morava, era porque ele não tinha sido
direto o suficiente para dispensa-la.
- Eu senti sua falta. – A voz de Augusto era
grossa e interrompeu os pensamentos de Demi por breves segundos, então ela
olhou para Joe. Ele estava tenso e começando a ficar vermelho de vergonha. – Hannah, eu não ganho o meu beijo? – O
nome era familiar. Hannah e Augusto.
O coração de Demi quase que parou. Ela fitou o casal que trocava um inocente
beijo e demorou-se na menina. Elas eram um pouco parecidas na cor da pele,
olhos marrons, as sardas no rosto e a cor do cabelo era a mesma: marrom. A
diferença era que o cabelo de Hannah era volumoso, diferente do dela que era
mais liso e comportado com algumas ondas. – Ei Joseph, estava dando aula? –
Augusto era um rapaz bonito e simpático, ele cumprimentou Joe com um aperto de mão,
porém sequer chamou a atenção de Demi que continuou a olhar para Hannah curiosa para saber se era uma de
suas irmãs. E quando Hannah a olhou de volta vergonhada, tudo que Demi fez foi
mostrar um pequeno e tímido sorriso sentindo o coração bater mais rápido.
A
conversa dos rapazes quebrava o clima estranho entre as garotas e assim Thaisa
perdeu o espaço que tinha com Joe ficando mais de lado e com cara de poucos
amigos. Não demorou nada para o carro preto parar para busca-la. A menina não
ficou nenhum pouco feliz e o beijo que ela deu na bochecha de Joe foi o
suficiente para Demi lançar um olhar mortal a garota, assim desviando mais a
atenção de Hannah que já se sentia sufocada com toda a situação.
- Essa menina é um grude. – Comentou Augusto
com a namorada a abraçando e Joe para tentar descontrair o clima e aliviar o
lado do amigo. – O que você estava fazendo com ela, Hannah? – Perguntou
trocando um breve e intenso olhar com Hannah que corou brevemente.
- Nós estávamos estudando e decidimos ficar
para aula de reforço para tirarmos dúvidas do exercício da Sra. Rodrigues. – Ela
nem mesmo se atreveu a olhar para Joe e a namorada dele, retribuiu o abraço de
Augusto se sentindo segura nos braços dele. – Vamos? – Sem querer Hannah lançou
um rápido olhar na direção de Demi e respirou aliviada porque ela olhava para a
entrada do prédio para depois Joe.
- É.. – Joe corou, umedeceu os lábios sem
saber para quem olhava, mas decidiu fitar os olhos de Demi mesmo com medo do
que ela faria quando eles estivessem sozinhos, se é que ficariam. – Pessoal,
essa é a minha namorada, Demi. Dem, esses são os meus amigos, Augusto e Hannah. – Então era ela mesma.
Era para ter sido um sorriso mais fechado, porém ele se abriu e Demi olhou para
a irmã sem saber como se sentia. Ela tinha uma irmã e aquilo parecia ser tão
legal. Já Hannah retribuiu o sorriso porque era simpática e porque Demi não
parecia mais tão intimidante depois que tinha sorrido.
- É um prazer conhece-la. – Augusto tinha um
sorriso bonito e olhos intensos. Demi apertou a mão dele e forçou o melhor
sorriso porque ela estava começando a ficar nervosa porque falaria diretamente
com Hannah.
- Oi. – As duas disseram ao mesmo tempo e
coraram, e Joe aproveitou o momento que elas riram envergonhadas para se
aproximar de Demi tocando-a no ombro. – É um prazer conhece-la. – Disse Demi
fitando os olhos de Hannah que sorriu educadamente mais confortável.
- O prazer é todo meu, Demi. – Disse e as
duas sustentaram o olhar por alguns segundos. Demi estava nervosa, na verdade
uma mistura de sentimentos que ela não sabia como poderia defini-los.
Agora
Hannah, assim como as outras meninas e Inácio faziam parte da vida dela, aliás,
eles sempre fizeram. Só caberia ela decidir se confiaria em Inácio ou
continuaria vivendo como tinha sido nos últimos vinte e três anos. Eram tantas
informações para processar. Demi não queria complicar a situação e não ser
machucada novamente, o que implicava na primeira condição.
- Nós
já vamos, tenho que levar esse bebê para
casa. – Disse Augusto fazendo com que as bochechas de Hannah corassem. Demi se
viu quando adolescente. Hannah e Augusto eram parecidos com ela e André. Dois
adolescentes apaixonados que fariam tudo um pelo outro. Eles se despediram e
quando já estavam longe, beijaram-se apaixonadamente.
- Dem, você não está brava comigo, está? – Demorou
para que Demi entendesse o que Joe queria dizer, os pensamentos dela ainda
giravam em torno de Hannah, porém quando ela fitou os olhos verdes de Joe,
cerrou os dela.
- Eu não vou te dizer nada. – Disse
rispidamente quase que soltando fogo pelas ventas e Joe arregalou os olhos
assustado. – Tchau, Joseph. – De tão nervosa que estava, Demi puxou a alça da
bolsa com certa força e virou as costas para o namorado.
- Demi, volta aqui. – Joe tratou de acelerar
o passo atrás de Demi, e porque ela caminhava muito rápido, ele quase que foi
atropelado quando atravessou a rua. – Ei, volta aqui. – Ele disse um pouco
ofegante ao lado de Demi que não ousou em olha-lo, ela esperou o sinal ficar
verde para os pedestres e atravessou a rua caminhando furiosamente em direção
ao prédio em que morava com Joe logo atrás a chamando e com as pessoas olhando.
- O que diabos você quer? – Perguntou
bruscamente se virando. – Vai resolver os exercícios para a sua namoradinha e
me deixa em paz Joseph. – Exaltou-se ríspida e sem nenhuma paciência.
- Ela não é minha namoradinha. – Não, a fofura dele não o salvaria daquela vez. Joe
arrumou os óculos de grau ao rosto e porque algumas pessoas olhavam ele estava
corado. – Dem, para com isso. – Disse sem jeito e sentindo as bochechas
esquentarem mais. Ora, eles estavam em Nova York! A cidade era muito
movimentada na região de Manhattan, principalmente ali no complexo do
Rockefeller. E ninguém fazia questão de disfarçar os olhares.
- Vai embora Joseph, eu estou falando sério.
– Demi franziu o cenho sustentando o olhar carente de Joe, então ela decidiu
virar as costas e caminhar para dentro do prédio mesmo sobre os protestos dele
e a insistência para que ela o olhasse. – Eu vou chamar o porteiro para te
colocar para fora. – Disse assim que adentrou o hall do prédio com Joe a cola.
- Você sabe que eu não estou te traindo, para
que essa cena toda? – Ele perguntou tão próximo a ela que Demi pode sentir o
calor delicioso envolve-la. – É só uma aluna. – Completou e Demi cerrou os
dentes de raiva.
- Uma aluna que está se oferecendo para você
na maior cara dura e tudo que você faz é ficar com essa cara de santo, amor? – Disparou adentrando o elevador.
– Eu já disse que é para você ir embora. – Droga! Eles não estavam sozinhos
dentro do elevador, e Joe corou tanto quando as outras pessoas olharam para
ele. Demi nem mesmo parecia se importar, ela estava visivelmente furiosa.
- Eu só vou embora depois que a gente
conversar sobre essa situação que só existe na sua cabeça. – Ele foi firme o
suficiente para não gaguejar ou parecer tímido. O elevador tinha acabado de
deixá-los no andar onde Demi morava e agora eram apenas os dois.
- Só existe na minha cabeça? – Demi
arregalou os olhos e quase o acertou com um tapa. Era desculpa típica de homem.
– Essa merda desse seu celular tocando agora é coisa da minha cabeça? – Perguntou
um pouquinho alto em frente a porta do apartamento onde morava. – Eu aposto que
é ela! Você não vai atender? – Joe não disse nada porque ele sabia que qualquer
movimento brusco e Demi o acertaria com um senhor tapa, e também ele estava com
medo de pegar o celular no bolso e descobrir que a ligação era de Thaisa. –
Você não vai atender? – Perguntou séria o olhando. – Você não vai atender? –
Demi sustentou o olhar de Joe enquanto adentrava o bolso da calça dele com a
mão para buscar o celular que não parava de tocar. – Olha só, é ela! Atende a
sua namoradinha, amor! – Ela chocou o
celular contra o peito dele e se virou bruscamente para abrir a porta do
apartamento.
- Demi! Qual é! – Joe guardou o celular no
bolso e antes que Demi fechasse a porta, ele tentou adentrar o apartamento. Foi
uma luta que só, ele empurrava de um lado e ela do outro, mas acabou que Joe
adentrou o apartamento sendo recebido por tapas exagerados no peito. – Para com
isso Dem, é só uma garota. – Ele disse tentando segura-la pelos pulsos, mas os
tapas eram rápidos e ardidos.
- Vai ficar com ela então. Por que diabos
você está aqui? Aposto que você está louco para comer outra mulher, seu nerd caipira virgem idiota! – Joe franziu o
cenho e finalmente conseguiu segurar as mãos da namorada interrompendo os tapas
que recebia no peito.
- Dá para você parar de fazer tempestade num
copo d’água? – A voz dele soou tão séria e os olhos verdes estavam escuros. – Para
com isso, ok? – Disse sustentando o olhar dela. – Você está com ciúme de uma
adolescente? – Joe praguejou mentalmente quando o celular começou a tocar de
novo. Era Thaisa e ele desligou o celular sem paciência. – O que te faz pensar
que vou te trocar por ela? – Ele perguntou soltando os pulsos de Demi para
levar as mãos a cintura delicada. – Eu não quero comer outra mulher. Não quero beijar e nem assistir desenho animado
com outra mulher. Para com isso. Você é uma mulher com todas as letras, e eu
não quero ficar com outra, só com você. Pra que essa insegurança, Demi? É só
uma pirralha. – Ele disse sem esboçar um sorriso. As feições estavam sérias e a
paciência no limite.
- Ela está te mandando mensagens. – Disse
Demi mais calma e sem repelir Joe. – E está ligando. Eu conheço esse tipo de
garota. Ela vai fazer tudo pra ficar com você, e do jeito que você é um banana, ela vai conseguir.
- Eu não sou um banana. – Joe cerrou os olhos e engoliu em seco. – Deixa de ser
insegura. – As mãos dele foram da cintura para as costas e Joe puxou mais o
corpo de Demi para o dele. – Não se comporte como uma pirralha imatura. – Disse
umedecendo os lábios para roçar os dela. – Não seja tão pirralha quanto ela. –
Demi se afastaria, mas ele não deixou porque a envolveu contra o peito com
força e a beijou até que ela estava ofegando. – Para com isso, eu sou só seu,
está bem? – Ele arriscou mais um beijo e desse vez Demi o correspondeu.
- Ela é tão linda, é o tipo que todo cara
sonha. – Joe negou a abraçando e apertando no bumbum.
- Eu não sou como os outros caras. –
Murmurou fitando os olhos dela e roçando os lábios. – Eu sou um nerd caipira virgem idiota, e você é a
mulher que eu sonho, a mulher que eu sempre sonhei e a que me faz feliz. – Os
lábios dele beijaram o pescoço de Demi que fechou os olhos para sentir o
carinho de coração disparado. – Eu não consigo parar de pensar em você. – Tinha
quase uma semana que ele não apartava aquele bumbum, e ele o fez com tanta
vontade.
- Eu odeio você, Joseph. – Joe sorriu quando
Demi envolveu lhe pescoço com os braços e cedeu ao beijo intenso mergulhando a
língua na boca dele com tanta vontade que ele só a apertou mais no bumbum.
- Você não me odeia. – Foram incontáveis os
selinhos que ele deu nos lábios dela. Joe acariciou o rosto da amada e sorriu.
– Brigona, eu sei do que você precisa. – A careta dela era engraçada. Demi
estava atenta a todo os movimentos, não estava para conversa, porém não falou
nada quando Joe pegou a bolsa dela para colocar sobre a mesa junto a dele. –
Deixa de ser mal-humorada e ciumenta. – Joe a abraçou por trás e a beijou com
carinho no pescoço.
- Você está se complicando. – Era para soar
ameaçador, porém Demi gemeu baixinho gostando dos beijos que recebia no pescoço
e de ter os seios acariciados como Joe sabia que ela gostava. – Eu não quero
mais te ver com aquela piranha. – Murmurou
se virando para beijá-lo na boca. – Você está me entendendo, Joseph? – Demi
tombou a cabeça para trás e fechou os olhos para que o namorado pudesse
beijá-la na garganta e no pequeno decote da camisa social.
- É só uma aluna. – Ele disse a virando para
que pudesse olhá-la nos olhos. – Você não precisa se preocupar. – Disse a
acariciando no rosto com a ponta dos dedos. – Você sabe que pode confiar em
mim, você sabe que pode, certo? – Joe sustentou o olhar de Demi até que ela
desviou e respirou fundo.
- Eu sei. – Disse levando as mãos para
acaricia-lo na nuca. – É só que.. Eu não gosto de me sentir ameaçada. –
Resmungou, mas acabou sorrindo quando foi beijada na ponta do nariz e teve os
lábios roçados.
- Hum.. – Joe arqueou uma sobrancelha e
sorriu a apertando no bumbum. – Eu também não. Quando nós estamos juntos na
rua, os homens olham para você, mas eu prefiro ignorá-los porque sei que você é
apenas minha.
- Joe.. Ela beijou sua bochecha. – Resmungou
manhosa fazendo careta conforme era beijada e apertada. – Para com isso.
- Você fica fofa com ciúme, amor. – Ele
disse a abraçando com força contra o peito só para descontrair o clima entre
eles. – Parece uma gatinha brava. – Demi revirou os olhos, mas riu se aninhando
mais ao peito gostando de sentir o calor e o cheiro dele. – Viu? Gatinhas
adoram se esfregar nas coisas e nas pessoas.
- Estou com saudade. – Dessa vez quem teve o
bumbum apertado foi Joe, e ele corou mesmo sorrindo com os beijos que Demi
distribuía no peito e no pescoço barbado.
- Nós vamos resolver isso agora. – Demi
assentiu tirando os óculos de grau dele para coloca-los sobre a mesa, e como
ela apostava, Joe a abraçou por trás firmemente aproveitando para acariciar as
coxas nuas e mordiscar o pescoço. – Você fica sexy de camisa e saia. Não
consigo parar de olhar para suas pernas e imagina-las me abraçando enquanto..
- Enquanto você mete em mim sem parar? – Joe
engoliu em seco e sentiu as bochechas corarem, mas assentiu um pouco desnorteado
porque Demi o empurrou para se deitar no sofá e se deitou sobre ele para
beija-lo e acaricia-lo. – Você pode me dizer coisas quentes, eu gosto de ouvir.
– O sorriso sapeca que ela esboçou era contagiante, então Joe também sorriu a
abraçando porque gostava de sentir cada pedacinho de Demi se roçando ao corpo.
- Eu tenho vergonha. – Confessou corado,
porém não desviou o olhar.
- Eu também tenho. – Demi roçou os lábios
nos dele e respirou fundo. – Mas gosto de ouvir. Você pode me dizer as coisas
que você quer fazer comigo, é o suficiente para me deixar molhada. – Ela encostou a testa na dele para que pudesse fitar os
olhos mais lindos que já tinha visto.
As
bochechas dele continuaram coradas, porém a forma que Joe a tocava nas pernas
nuas, no traseiro e subia as mãos pelas costas dizia o contrário a respeito de
toda a vergonha que ele dizia sentir. E Demi gostava de ser apertada pelas mãos
dele, e gostava ainda mais de beijá-lo na boca e se esfregar a ele ansiando o
que estava por vir.
- Tira essa camisa. – Joe reclamou tão
descabelado quanto Demi. – Demi, fica quieta. – Reclamou novamente porque ele
tinha as mãos no bumbum dela e Demi estava inquieta o beijando ora no pescoço
ora nos lábios e ainda por cima não sabia se o apertava nos músculos do braço
ou adentrava a calça social para acaricia-lo. – Agora você vai ficar quieta? –
Ele riu porque tinha a deitado no sofá e Demi não esperava por ser agarrada tão
bruscamente como ele tinha o feito. – Amor, eu adoro como suas coxas são
gostosas. – Disse concentrado em tirar o sapato de salto para começar beija-la
nas panturrilhas.
- Você está gostoso Joseph. – Demi sorriu o
observando todo concentrado entre as pernas dela as beijando de olhos fechados.
A camisa estava tão arrumadinha ao corpo dele mesmo depois de todos os beijos e
carinhos que tinham trocado. A gravata fina o deixava sexy e o volume na calça
social era o suficiente para Demi sentir arrepios. – Ei, vem cá. – E ele foi. A
saia ficou embolada no quadril e como de costume, as pernas foram enlaçadas ao
corpo de Joe. – Amo você coisa fofa. – Disse Demi nos lábios dele para então
beijá-lo com vontade.
- Eu também, gatinha. – O sorriso de menino
dele a fez sorrir também. Demi o beijou novamente e quando ele se levantou
corado e sorridente, ela tornou a sorrir de olhos fechados apreciando os beijos
que recebia nas coxas. – Eu gosto de preto. – Ele disse fitando a calcinha de
renda na cor preta e depois enlaçou os dedos em ambos os lados da peça a
puxando pelas coxas grossas. – Por que você está corada? – Joe deslizou a ponta
dos dedos pela fenda rosada e sorriu ao fitar os olhos de Demi. – Gostosa. – Os
dois sorriram e Joe se curvou para depositar um beijinho carinhoso nos lábios
de Demi que enlaçou os dedos no cabelo dele naqueles minutos que Joe ficou
deitado sobre ela a olhando todo apaixonado. – Levanta um pouquinho. – Pediu
louco para se livrar da saia, e quando Demi o fez, o membro dele doeu com a
vista das coxas grossas juntas e o íntimo rosado.
Como
Demi tinha dito, ele não precisava ter vergonha. E Joe esqueceu que aquela
palavrinha existia quando prolongou os beijos com a namorada e focou em trocar
carinhos com ela. Foi muito bom sentir os dedos de Demi puxar as mechas de
cabelo enquanto ele a chupava devagar
e cheio de cuidados para não machuca-la. Já Demi fechou os olhos e não poupou
gemidos, tombou a cabeça no sofá e chegou ao orgasmo exatamente ao fitar os
olhos de Joe e sentir os dedos dele penetra-la devagar.
Mais
tarde, a camisa de Joe estava entreaberta, a gravata com o nó na região do
peito e o cabelo escuro estava uma bagunça de tanto Demi puxa-lo. Já ela mordia
o lábio inferior e tentava não gemer tão alto a cada vez que o membro a
preenchia e esvaziava com certa rapidez e firmeza. E o melhor era que Joe a segurava
pela cintura e vez ou outra dava tapas no traseiro fazendo com que Demi ficasse
ainda mais excitada.
- Demetria. – Joe a chamou de cenho franzido
acariciando o traseiro avantajado e se curvando para beijar a linha da coluna
mesmo com os fios do cabelo longo o atrapalhando. – Demi, vem. – Tornou a
chamar enlaçando os dedos para conduzi-la a se erguer como ele queria. – O que
você acha de a gente ir para cama? Vai ficar mais confortável para você. – Ele
a beijou na bochecha sem parar de se mover devagar arrancando suspiros
baixinhos de Demi.
- Tudo bem, só vamos ficar mais um pouquinho
assim, está gostoso. – Era tão bom satisfaze-la que Joe mordiscou o ombro
delicado e enlaçou os dedos aos dela se movendo da forma que podia, e quando
Demi o ajudou, foi ainda mais intenso e delicioso.
- Não para princesa. – Ele respirou fundo e
deixou que Demi se movimentasse sozinha aproveitando para estudar como ela era
bonita. A cor castanha do cabelo estava viva e as mechas balançavam lindamente
conforme Demi se movia. Joe sorriu fitando a região da cintura sobre a camisa
branca de botões, era delicada e feminina. E não tinha palavras para descrever
como aquele traseiro era maravilhoso juntamente com as pernas. Ele se moveu
contra ela só para sentir o bumbum roça-lo. – Já passou da hora de você ficar
nua. – Disse interessado em acariciar os seios que ainda estavam protegidos
pelo sutiã e a camisa desgrenhada.
- Então me ajuda? – Perguntou o olhando
sobre o ombro e Joe assentiu roçando os lábios aos dela. Eles nem precisaram
trocar o típico “eu te amo”, os
olhares já diziam tudo.
- Vira pra mim, cansei de ficar por trás. –
Demi fez careta, mas se virou não gostando nadinha de ter o corpo dele longe. –
Você está tão bonita. – Ele comentou depois de dar um selinho nos lábios dela. –
Eu quero você nua primeiro. – Disse quando ela levou as mãos para terminar de
desabotoar a camisa dele.
- Tão mandão. – Brincou distribuindo
selinhos no rosto de Joe que sorriu. – Só quero que você faça o que quiser
comigo, querido. – Joe assentiu cobrindo os lábios dela com os dele.
Os
botões da camisa que Demi vestia foram pacientemente postos para fora de suas
casas pelos dedos de Joe que vez deslizavam por a pele que era descoberta. O
sutiã fazia conjunto com a calcinha, então também era de renda preta e o melhor:
o feixe era na parte da frente sem grandes complicações.
Os
seios redondos, claros e de mamilos escuros foram expostos. Os lábios
envolveram a ponta e beijaram a carne macia, a língua deslizou na pele clara e
se concentrou novamente nos mamilos onde Joe chupou na mesma hora em que
penetrava a namorada com um dedo.
Na
hora de tirar a camisa, Demi engoliu em seco e desviou o olhar porque estava
com medo de ouvir o que Joe diria quando encontrasse os pulsos tatuados. Não
tinha como voltar atrás e não era ruim, ela só não queria ser julgada e muito
menos magoa-lo por não ter contado antes.
- O que foi? – Ele perguntou levando as mãos
a cintura delicada e se aproximando para beijá-la na bochecha.
- Nada. – Ronronou Demi o abraçando de
volta, porém Joe negou de cenho franzido.
- Não está gostoso para você? Eu fiz alguma
coisa que não deveria? – Perguntou preocupado e Demi negou balançando a cabeça.
– O que foi então?
- Bem.. – Demi umedeceu os lábios e fixou o
olhar ao dele. – Tatuei os meus pulsos. – Disse baixinho desviando o olhar de
Joe.
- Eu te machuquei mais cedo quando você
queria me bater e eu te segurei pelos pulsos? – Era a única explicação que Joe
poderia encontrar para toda a tensão que Demi estava.
- Não, você não me machucou. – Disse para o
alívio dele.
- Então, você não vai me mostrar a sua
tatuagem? – Era um sorriso no rosto dele? Demi assentiu um pouco sem jeito,
tirou a camisa com a ajuda dele e o coração disparou quando os olhos verdes
fitaram os pulsos com certa curiosidade. – O que significa? – Perguntou tocando
o desenho com receio de acabar machucando Demi.
- Stay Strong. Eu pensei tanto nesses dias
que estive sozinha. Tudo que eu preciso é ficar forte todos os dias para
enfrentar os obstáculos que me deparo. – Comentou também fitando as tatuagens. –
Pensei que tatuar algo simbólico me ajudaria a lembrar que eu não preciso me
julgar por não ter o amor da minha mãe, ou por ter acontecido alguma coisa, que
eu não preciso dela para continuar a viver. Eu só preciso ficar forte para
esquecer essa história e focar no presente ao lado das pessoas que eu amo.
- Eu concordo com você e fico feliz por
pensar assim. É o que você precisa: ficar forte. E eu vou estar aqui para te
amar e cuidar de você, fazer valer cada segundo que passamos juntos. – Demi o abraçou
e o beijou com paixão. As coisas poderiam ter sido complicadas na maioria das
vezes, mas encontrar Joe superou cada momento como se eles não existissem para
atordoa-la.
A
próxima parada seria o quarto, mas aconteceu mesmo no corredor numa posição muito
improvável que arrancou gargalhadas e gemidos de Demi. O resultado foi
fantástico e ambos estavam deitados no chão gelado ofegando e por hora,
satisfeitos.
- Cama Joseph? – Ronronou tão manhosa de
olhos fechados que Joe riu e fitou o teto de mente limpa. – Me leva pra cama,
amor. Aqui está frio e desconfortável. – Tornou a ronronar da mesma forma que
estava: de olhos fechados, lábios levemente inchados e uma das pernas entre as
de Joe.
- Vou te levar para cama, mas não é para
dormir. – O ruim foi se levantar. Os ossos pareciam ter virado gelatina. Joe
resmungou baixinho e quando se levantou com Demi nos braços, ele deu um tapa no
travesseiro dela que resmungou manhosa se aninhando ao peito dele. – O que eu
disse? – Ele tinha a deitado na cama e no mesmo instante Demi se acomodou
fechando os olhos. – Nada de dormir, nós ainda nem começamos. – Demi franziu o
cenho procurando pelo membro às cegas e quando o encontrou duro, revirou os
olhos.
- Nossa maratona é no final de semana. –
Comentou espalmando o peito largo quando Joe se deitou sobre ela para começar a
beija-la.
- Podemos começar a fazer o aquecimento
agora. – Sussurrou roçando o íntimo dela com o dele. – Amo você princesa. – O
jeito que ele a olhava dizia tudo e um pouco mais. Demi o abrigou entre as
pernas e se entregou de corpo e alma ao momento, assim como Joe que não deixava
de toca-la por um minuto sequer, investindo em carinhos pelas coxas, cintura,
seios e onde as mãos conseguiam chegar para aperta-la.
Sentir-se
amada e ter toda atenção de Joe era tão bom que Demi se esqueceu de todos os
problemas porque Joe era tudo que ela conseguia pensar e sentir. Os lábios e o
corpo dele eram capazes de leva-la para um nível superior onde só existia ele
com toda aquela paixão e amor que os envolviam. Os gemidos se propagaram pelo
quarto por minutos e mais minutos. Os olhos tinham o olhar fixo e os lábios
quando não estavam juntos, estavam quase que roçados. Os dedos estavam
enlaçados e Joe tinha guiado as mãos de Demi para repousa-las no travesseiro. As
posições foram invertidas, mais gemidos e declarações quebraram o silêncio e
eles ficaram daquela forma até atingirem o ponto máximo um nos braços do outro
extasiados e se possível, mais apaixonados.
- Stay Strong. – Disse Joe deslizando as
pontas dos dedos pelo pulso direito. – Eu realmente gostei. – Comentou
colocando uma mecha do cabelo de Demi atrás da orelha. Ela estava tão linda nua
o abraçando de lado quase que dormindo de tão manhosa que era. – Doeu? –
Perguntou deslizando a mão pela coxa dela para então acariciar a nádega
direita.
- Quase desisti. Doeu muito, mas acabei
acostumando. O Strong doeu mais. –
Demi deslizou a ponta dos dedos pelo peito brincando com os pelos do abdômen
parando um pouquinho abaixo do umbigo.
- Você está quase dormindo. – Joe adentrou o
cabelo dela com os dedos só para vê-la fechar os olhos e respirar fundo
cansada.
- Queria dormir com você. – Demi passou para
cima dele para abraça-lo e beija-lo. – Joseph.. – Era muito bom quando ele a
abraçava com força contra o peito e a beijava na testa cheio de cuidado. – Amor,
eu senti tanta a sua falta. – Disse agarrada a ele e Joe adentrou o cabelo dela
com os dedos e puxou as mechas maravilhado com o quão bonita Demi era.
- Eu também senti a sua falta. – Ele disse a
beijando no queixo. – Eu também queria dormir com você. – Joe olhou para o
relógio digital sobre o criado-mudo para verificar a hora. – Nós ainda temos
duas para ficarmos juntos. – Demi assentiu um pouco triste e o olhar que ela
lançou para ele foi tão carente que Joe se sentiu culpado. – Podemos tomar
banho, comer e cochilar um pouco.
- Você está com fome querido? – Demi
perguntou se deitando ao lado dele e quando Joe se deitou de bruços e esboçou
um pequeno sorriso, o coração dela quase saiu pela boca.
- Estou faminto. – Desde quando havia
segundas intenções por trás das coisas que Joe dizia? Demi mordeu o lábio
inferior para conter um sorriso, mas não funcionou. – Ah Dem, isso é bom. –
Sussurrou de olhos fechados quando Demi massageou as costas largas e o beijou
atrás da orelha.
- Eu vou cozinhar para você, grandão. – O apelido fazia jus. Joe era
tão grande em comparação a ela, grande e forte. As mãos acariciaram os músculos
do braço e os seios foram atritados contra as costas lardas porque ela se
deitou sobre ele. – Você está uma gracinha cabeludo. – Comentou adentrando as
mechas do cabelo dele com os dedos para puxa-los e Joe fechou os olhos gostando
do que Demi fazia.
- Vou cortar o cabelo, está começando a dar
trabalho. – Disse e ela riu porque Joe demorava muito para pentear o cabelo, e
sempre ficava a mesma coisa: arrumadinho e ultimamente com um sutil topete. – E
agora que tem a escola, eu tenho que ir um pouco mais formal e alinhado. Por
que você não fica quieta? – Perguntou porque os lábios dela estavam abaixo da
orelha o beijando e as mãos pequenas cobrindo as dele.
- A culpa não é minha se você é beijável. – Sussurrou
e por alguns minutos fechou os olhos para abraçar Joe. – Bebê, você fica
quietinho aqui enquanto eu cozinho para você?
- Não amor, eu vou ficar com você na
cozinha. – Joe agilmente a virou e sorriu fitando o sorriso de Demi. – Não
quero ficar longe de você por um segundo. – Disse a olhando nos olhos. – Quero
aproveitar o pouco tempo que nós temos. – Demi suspirou, mas assentiu porque
entendia que tudo que Joe fazia era para sobreviver. Ela tinha feito o mesmo
anos atrás quando ainda estudava, e continuava o fazendo, claro que não tão
puxado como antes.
- Então vamos tomar banho primeiro? – Joe
franziu o cenho fitando os olhos de Demi que o acariciava na barba.
- Não fica triste. – Pediu também a
acariciando no rosto e Demi suspirou levando a mão para o músculo do braço
esquerdo. – Nós vamos ficar juntos amanhã, depois de amanhã e nossa vida toda,
se você quiser, é claro. Porque eu vou estar aqui por você para sempre.
- Eu te amo Joe. – As lágrimas rolaram que
Demi nem se importou.
***
- Dem,
deixa de ser exagerada. – O prato tinha sido carregado de comida mais uma vez.
Estava tudo muito gostoso, mas Joe estava começando a se sentir empanzinado.
- Você precisa comer. – Ela disse se
acomodando a cadeira ao lado dele depois de se servir com um sutil pedaço de
lasanha enquanto no prato de Joe o excesso de comida chegava a criar um pico. –
Não me olha assim, olha o seu tamanho. – Demi sabia que Joe precisava se
alimentar bem justamente por conta das tonturas que ela julgava como fraqueza.
– Conversei com a sua tia mais cedo, ela pediu para você entrar em contato.
Desculpa dar o recado tarde, eu só lembrei agora.
- Está tudo bem. – Joe franziu o cenho
quando espetou o pedaço exagerado de lasanha com o garfo sem saber por onde ele
poderia começar a comer. – A tia Laura está te influenciando a me fazer comer
esse tanto? – Ele sorriu e quando Demi fez careta, Joe se curvou para beijá-la
na bochecha.
- Na verdade.. – Começou a dizer esboçando
um pequeno sorriso. – Eu gosto de cuidar de você. – Joe sorriu apaixonado e
sustentou o olhar de Demi até que ela sorriu também. – Se você não comer, vou pensar que a minha
comida é horrível. – Brincou e Joe negou prontamente começando a comer.
- Sua comida é deliciosa. – Ele disse depois
de limpar os lábios com o guardanapo. – Só que você é realmente exagerada, Dem.
– Demi revirou os olhos. Talvez ela realmente fosse um pouquinho exagerada, só
um pouquinho, porém não iria admitir.
- Se você estiver com vergonha, eu vou ficar
brava. – Avisou porque era uma possibilidade uma vez que Joe sentia vergonha de
coisas simples.
- Eu tenho que ir. – Ele disse olhando a
hora no celular. Era quase oito e dez da noite, e por conta do horário do
metrô, Joe tinha que sair mais cedo. – Ainda tenho que trocar de roupa e cuidar
da Lucy.
- Então come, quero você saudável. – Demi o
beijou na testa quando se levantou para agilizar a marmita e o lanche que fazia
questão que Joe levasse. O serviço de segurança não era fácil, demandava de
muito tempo, concentração e disposição. Ficar com fome estava completamente
fora de cogitação.
A
bolsa térmica era da mãe de Selena. Demi engoliu em seco ao se lembrar da amiga
enquanto organizava a marmita e a vasilha de tampa com o lanche. Ela não tinha
coragem para tocar no assunto com Selena, e o ruim era que Demi sentia falta de
ter a melhor amiga por perto.
- Amor, vou lavar a louça. – Quando Joe a
tocou no ombro, Demi franziu o cenho um pouco assustada.
- Não precisa. Posso cuidar de tudo. – Disse
fechando a bolsa térmica ainda pensando em Selena.
- O que foi? – Perguntou a abraçando por
trás e Demi se virou para retribuir o abraço. – Eu estou te chamando tem um
tempo, mas você estava tão concentrada.
- Eu estava pensando na Selena. – Disse se
escorando no balcão. – Não sei o que fazer. – Demi o olhou nos olhos e respirou
fundo sentindo o coração pesar.
- Você deveria falar com ela. Até quando
vocês vão continuar fingindo que nada aconteceu? A atitude tem que partir de
alguém.
- Você tem razão, mas eu não quero fazer
isso.
- Então fica difícil. Não tenha medo e não
seja orgulhosa. – Ele disse a abraçando pela cintura. – Estuda a possibilidade
e tome atitude de falar com ela. – Demi assentiu recebendo o selinho nos lábios
de bom grado. – Agora eu tenho que ir.
- Está tudo pronto. Vou acompanha-lo. – Era
sempre daquela forma quando eles iriam se despedir. Demi não conseguia esconder
como não aprovava a ideia de ficar longe do namorado. – Vou buscar uma blusa de
frio. – Comentou porque vestia apenas camisa sem sutiã e shorts. Joe assentiu e
levou a bolsa térmica para sala onde esperou por Demi.
- Não faz essa cara. – Ele disse depois de
colocar a bolsa no ombro e segurar a térmica do mesmo lado. – Vai passar
rapidinho, ok? – Demi continuaria com aquela cara de poucos amigos. Ela só
murmurou um sim manhoso apagando a luz do apartamento e o trancando quando já
estavam no corredor.
- Vamos descer de escada? – Perguntou
abraçando o namorado de lado e Joe assentiu porque sabia que descer de escada levaria
mais tempo, e era o que Demi estava pensando: ganhar mais tempo ao lado dele. –
Não ouse em conversar com aquela menina. – Disse Demi chamando atenção de Joe
que arqueou uma sobrancelha, mas pelo olhar ameaçador que recebeu, assentiu
também prestando atenção nos degraus da escada.
- Dem, a Hannah
é sua irmã. – Como o resultado de
esconder um segredo de Demi não tinha terminado bem, Joe não queria que
acontecesse novamente, então quando contou sobre Hannah, foi com toda cautela
que poderia usar para não assustar Demi.
- Eu sei. – Ela disse para surpresa de Joe. –
Fiquei um pouco nervosa e sem saber o que fazer, acho que foi isso que me
impediu de fazer uma besteira. – Joe riu da careta dela e Demi o acertou com um
soco de mentira na barriga. – Você não deveria rir. A coisa ficará feia para o seu lado e para o dela, caso eu encontre alguma mensagem, ligação, qualquer coisa! –
Resmungou segurando no corrimão. – A Hannah
parece ser uma boa menina. Ela é tão bonita.
- Ela é. Ela tem as suas sardas, só é um
pouquinho mais rosada. – Demi fez careta, mas acabou assentindo ao se lembrar
da irmã.
- Ela tem dezessete anos, certo? – Perguntou
curiosa e triste ao mesmo tempo porque eles tinham acabado de chegar ao hall do
prédio.
- Sim, dezessete. Está no último ano da
escola e quer cursar psicologia. Ela é madura para idade.
- É muito estranho para mim. – Comentou
agora realmente triste porque eles estavam chegando a calçada do prédio. – Por
favor, tenha cuidado no trabalho. Qualquer coisa liga para polícia. Eu vou
sentir saudade, Joe. – Joe assentiu a abraçando pela cintura.
- Eu também vou sentir saudade. – Disse e
roçou os lábios nos dela. –. Não precisa ficar preocupada, eu vou ficar bem.
Quero que você descanse, nada de ficar pensando no que aconteceu e se culpando.
Fique forte, ok? – Demi assentiu e para finalizar a despedida, ela beijou os
lábios de Joe com tanta paixão que os dois ofegaram.
- Eu te amo. – Disse nos lábios dele e Joe a
puxou para mais um beijo, e esse foi calmo e gentil.
- Eu também te amo. – Ele a beijou na testa
e a abraçou forte contra o peito. – Tchau, amor.
- Tchau Joseph. Bom trabalho! Cuida da Lucy.
– Joe assentiu. Difícil foi para cada um seguir um caminho, porém era preciso.
Demi sorriu e se sentou a um degrau da escada para ver Joe caminhar vez ou
outra olhando para trás e sorrindo exclusivamente para ela. A melhor coisa era
saber que em meio a todas situações que tinha enfrentado nos últimos meses, lá
estava Joe para enchê-la de alegria e vontade de viver. Minutos depois Joe
virou a esquina acenando para ela e Demi acenou de volta sorrindo e de coração
disparado no peito de tanto amor que sentia por aquele homem. Então ela fitou o
céu estrelado e se sentiu feliz e abençoada por ter Joe.
- Demi, nós podemos conversar? – A voz era
tão familiar e ao constatar a quem ela pertencia, o coração de Demi bateu mais
rápido e o desespero começou a toma-la.
- Eu nã..não.. – Como estava nervosa, Demi
não teve coragem de fitar os olhos de Inácio e nem de dispensa-lo. O coração
batia tão rápido que ela jurava poder ouvi-lo.
- Eu só quero conversar com você. – Inácio
estava tão nervoso quanto Demi. Ele tinha decidido que precisava procurar pela
filha e organizar aquela situação. Não dava para esperar como Anna tinha
sugerido. Consertar as coisas com Demi, por mais que não era culpa dele, era o
que ele deveria e queria fazer. A garota merecia uma explicação decente sobre a
ausência do pai, ao menos aquilo. – Está tudo bem? – Ele perguntou fitando o
rosto de Demi que preferia fitar o prédio a frente aos olhos do pai.
- O que você quer? – Não soou grosso. Demi
queria poder falar tudo que pensava, mas ela ficava mais nervosa ainda só de
saber que o homem que estava sentado ao lado era o pai que ela sonhou conhecer
durante toda vida.
- Conversar. - Inácio tornou a olha-la e se
sentiu péssimo por Demi não ter nem mesmo coragem para retribuir o olhar, mas
ele não poderia julgá-la, ela não tinha culpa. – Eu sei que está cedo e que as
coisas estão confusas para você, eu só fiquei preocupado e precisava conversar
com você para saber se tudo está bem.
- Você nem me conhece. – Ela disse a
primeira coisa que veio em mente. Saber que Inácio se importava, ou só dizia se
importar para se aproximar, era um caminho perigoso que envolvia uma série de
fatores que Demi não queria sentir novamente. Tinha acontecido meses atrás com
Dianna.
- Você é minha filha e eu me importo com
você. – Ah como ela queria chorar e gritar colocando toda a frustração, raiva e
culpa para fora.
- Você está me vigiando? – Perguntou porque
não sabia o que dizer.
- Não estou te vigiando. Decidi procura-la
no final da tarde e quando cheguei, tive a sorte de te encontrar aqui sentada.
– Bem, não parecia ser mentira. Demi ainda não o olhava, dobrou os joelhos os
abraçando e tentando se acalmar com a ideia de ter Inácio ali com ela. – Eu
sinto muito por tudo que você teve que passar. Eu não queria mentir sobre quem
eu era, mas a sua mãe pediu. – Era claro que tinha o dedo dela, mas Demi não o
conhecia e não estava interessada em ser enganada novamente por um estranho
como Jake e milhares de pessoas tinham feito no decorrer da vida.
- Você não imaginou que eu preferiria saber
de uma vez sem mentiras? Não pensou no depois? Você acha mesmo que eu ficaria
feliz, independente de ter sido ou não mentira, em saber que o meu.. meu pai estava fingindo ser um cara legal a
troco de o que? Eu realmente não entendo.
- Eu só fiz o que sua mãe pediu. – Foi a
primeira vez que Demi o olhou nos olhos tão magoada e machucada que era de
partir o coração.
- Para de tentar colocar a culpa nela.
Assume que você não teve atitude. – Murmurou repousando o rosto no joelho se
sentindo vulnerável e irritada.
- Eu não tive. Quando o seu tio descobriu
sobre você, foi uma surpresa. Então eu pedi que ele conseguisse algumas
informações básicas sobre você e preferimos localizar a sua mãe primeiro.
- Chame-a de Dianna. – Murmurou sem
conseguir esconder a tristeza e Inácio assentiu pensativo.
- Concordei em usar o meu nome do meio
porque sua ma... Porque a Dianna
pediu. – Demi nada disse porque entendeu que Dianna manipulou Inácio como ela
fazia com todos, porém não queria dizer que ela confiaria na primeira conversa com
um homem que não conhecia. – Você pensava que eu a machuquei. – Minutos mais tarde
depois de um silêncio profundo entre eles, a voz de Inácio soou baixa e com
tanto receio que Demi o olhou.
- Foi o que ela me disse. – Doeu quando
Dianna contou da forma mais abrupta que ela era fruto de um estupro. Era tão
pesado e turbulento receber aquele tipo de informação. Uma covardia que mudou
as perspectivas de Demi. – Foi alguns meses atrás. – Começou a dizer fitando o
céu estrelado. – Desde a adolescência, eu sempre quis saber quem era o meu pai.
Eu sonhava com o nosso encontro e era o que me dava esperança. Sabe, ter alguém
que se importaria, alguém que me amaria e cuidaria de mim. Eu perguntava sobre
você, principalmente quando o dia dos pais estava próximo, e ela inventava
alguma desculpa ou simplesmente ficava brava e me batia. Alguns meses atrás eu
perguntei novamente com a esperança que ela mudaria de ideia, e ela me
surpreendeu quando contou que eu era fruto de um estupro. – Se ela estivesse
olhando para Inácio, ele a abraçaria ao se deparar com a tristeza estampada nos
olhos de Demi.
- Você não é. – Disse Inácio comovido ao
mesmo tempo em que estava furioso e sem entender o porquê da mentira de Dianna.
– Quando conheci a Dianna, eu estava tão apaixonado por ela, e ela por mim. Nós
passamos dias namorando na chácara do seu
avô, e do nada ela sumiu e eu fui forçado a casar porque seria pai de
gêmeas. Eu não sabia que ela estava grávida e nem que a mãe das minhas meninas
estava, mas sei que você é minha menina. Posso
sentir que é. Você tem os meus olhos
e é a cara das suas irmãs. – Não
confiar. Não se comover. Não chorar. Demi tentava não fazer aquelas três
coisas, porém parecia impossível não gostar de Inácio. A forma que ele falava a
incluindo como se ela fosse realmente um membro da família era o suficiente
para Demi querer se entregar e deixar acontecer tudo que deveria. Então ela
teria um pai e muitas irmãs. – Ela me contou que o meu pai a estuprou, mas eu não sei se é verdade. – Demi franziu o
cenho porque acreditar em Dianna era difícil.
- Eu não sei. Ela é uma caixinha de
surpresas. Nunca é o que você está pensando. Não consigo entende-la. – E depois
de todas as decepções, Demi tinha decidido cortar a relação com a mãe. – E
nunca vou conseguir entender.
- Ela é sua mãe. – Disse Inácio e Demi o
olhou de cenho franzido. Tudo que ele sabia sobre mães, era que as mulheres
desenvolviam um papel crucial na vida dos filhos. Então Dianna era necessária
na vida de Demi independente da mentira. – Nós não sabemos os motivos. Estou
tentando não julgar por mais difícil que seja.
- Você não a conhece como eu. – Para contar
tudo que já tinha passado com Dianna, Demi tinha certeza que levaria mais de um
dia falando sem interrupções. Isso porque ela não se lembrava perfeitamente de
todos os detalhes, mas uma coisa era certa: Dianna já a fez sofrer muito. – Se
você não quer problemas, é melhor ficar longe dela. – Disse magoada abraçando
as pernas e repousando a cabeça nos joelhos.
- Eu não estou entendendo. – Dianna não
contaria para ele. Demi o olhou procurando por algum traço de mentira, mas
Inácio parecia confuso com a situação como alguém que estava realmente
surpreso.
- Eu não quero falar sobre ela. – Disse
chateada só de pensar em toda a história que teria que contar sobre Dianna. E
falar sobre ela incomodava Demi. – Você deveria ir. Eu vou entrar. – Ela iria
ignorar a vontade de ficar mais um pouquinho sentada na escada da entrada do
prédio na noite linda de Nova York conversando com o pai. Não fazia parte do
plano de manter distância de problemas.
- Fica só mais um pouco. – Pediu a tocando
no ombro. Demi fitou os olhos castanhos dele e não soube exatamente o que
poderia dizer. – Posso mostrar uma foto das suas irmãs? – Inácio era gentil e
amoroso o suficiente para Demi ficar com vergonha de ser grossa, então ela
assentiu mesmo desconfortável. – Contei para Anna sobre você. Ela quer te
conhecer. – As bochechas coraram que Demi ficou cabisbaixa. Irmãs. Ela tinha seis
irmãs. – Depois que eu contar para elas sobre você, gostaria de apresenta-las.
O que você acha? – As coisas não funcionavam daquela forma. Demi fitou Inácio
procurando pela foto das filhas no celular um pouco mais animado do que
deveria.
- Não quero ser grossa. – Começou a dizer
colocando uma mecha do cabelo atrás da orelha. – É que está muito cedo, eu não
me acostumei com... Com os últimos acontecimentos. É muita novidade para
processar em pouco tempo. – Ela fitou os olhos do pai e respirou fundo. Era
necessário esclarecer todas as variáveis. Inácio não era uma pessoa ruim e não
tinha culpa, e ele era o pai dela. Não tinha como ignorar o fato de um dia se relacionar com ele e a
família. – Não me entenda mal, eu só não estou preparada para conhece-las agora
e nem sei quando vou estar. Pode ser daqui alguns dias ou meses. Eu só não
estou preparada para tudo isso, entendeu? Ainda preciso de tempo para colocar a
cabeça no lugar, passei por muita coisa nesses
últimos três meses que você nem imagina.
- Eu quero você junto com as suas irmãs na sua casa. É um caos porque nós somos muitos, mas sempre cabe mais
um. – Como não sorrir. Demi tentou disfarçar, mas confessava que estava tentada
a ser mimada pelo pai e ter todo o cuidado e carinho que Inácio mostrava que
tinha para oferecer. – Não posso exigir nada de você, meu anjo. Vou estar sempre à disposição e esperando ansiosamente
pelo momento que você decidir me ter como pai. – Ele não deveria levar a mão a
dela e nem dizer aquelas palavras. Demi não queria chorar de felicidade, os
olhos marejaram e ela lutou bravamente contra as lágrimas. – Não concordo em
ficar longe de você de novo, foram vinte e três anos. Mas posso esperar mais
alguns meses. – Ela apenas sustentou o olhar dele e forçou um pequeno sorriso
de coração acelerado. Já Inácio, que percebeu que estava deixando a filha sem
jeito, voltou a atenção para o celular buscando pela foto mais espontânea que
tinha das filhas. – Como eu já disse, tenho seis meninas em casa. – Comentou
sorridente e Demi sorriu porque o sorriso dele era contagiante. – As da ponta
são as minhas gêmeas: Anna e Isabella. Hannah está com Alicia no colo. Amber e
Megan são as do meio. Megan é mais velha três anos e adora videogames. Já
Amber tem onze anos e gosta de ler e dançar balé. É por isso que elas estão
brigando pelo controle. – Demi sorriu ao fitar as irmãs e o ambiente onde elas
estavam. Era uma típica casa americana cheia de vida e amor. E as meninas eram
do mesmo padrão que ela, diferenciando em alguns detalhes como o cabelo, todas
tinham a mesma tonalidade de pele e cor de cabelo, como o pai.
- Eu conheci a Hannah. – Deixou escapar e
corou porque Inácio a olhou surpreso. – O meu namorado é professor de reforço
de geometria da escola onde ela estuda. – Comentou sem graça. – Hoje à tarde
quando eu estava voltando do trabalho, ela
estava com uma.. uma amiga conversando com o Joe sobre alguns exercícios.
Eu já sabia sobre ela porque o Joe é amigo do Augusto, o namorado da Hannah. E
ele me contou sobre o Central Park.
- Ela é uma boa garota, um pouco difícil às
vezes. – Disse Inácio fitando o prédio a frente. – Acho que você se
identificará com ela. Espero que a aconselhe sobre o Augusto.
- Eu o conheci. Ele não é má companhia. –
Ela nem sabia ao certo o que estava dizendo porque não conhecia Augusto. Porém
ele parecia ser um cara legal, caso contrário Joe não o teria como amigo.
- Ela é uma menina e ele é mais velho. –
Inácio franziu o cenho e olhou para Demi. – Você também é uma menina e não
deveria estar com uma aliança no dedo. – Comentou fitando o anel de compromisso
e Demi engoliu em seco com o tom rígido usado pelo pai.
- Deixei de ser uma menina desde que saí de
casa anos atrás para ter uma vida melhor. Sempre lutei para conseguir tudo que
tenho. Não sou uma menina. – Ela disse pensando em todas as lutas que já tinha
enfrentado para ter uma vida diferente da programada pela mãe e a avó.
- O que eu quero dizer é: você é jovem para
ter um relacionamento. Há tantas coisas melhores na vida que garotos espertos.
– Demi teve vontade de rir da forma desconfortável que Inácio disse aquela
frase. Se ele soubesse que era ela quem tinha levado Joe para o lado negro da força...
- Demi? – E falando nele, os olhos de Demi
chegaram a ganhar brilho quando fitaram os de Joe. Ele estava com a roupa de
segurança, ou seja, de camisa preta, colete, calça de tactel, boné e botas. A
mochila pesada também estava nas costas do rapaz e como ele segurava as alças,
os músculos dos braços estavam flexionados justamente para desconcentrar as
mulheres. – Está tudo bem? – Perguntou com receio fitando Inácio, que arqueou
uma sobrancelha, para depois Demi.
- Está. – Demi disse louca para agarrá-lo e
beijá-lo como se não houvesse amanhã.
- Eu estava indo para subestação e.. – Joe
fitou Inácio e depois a namorada juntando a coragem que ele precisava para
administrar aquela situação. – E quando a vi, quis saber se está tudo certo. – Disse
diretamente para Demi que assentiu tentando esconder o sorriso. Joe e Inácio
não funcionariam juntos, não um sendo pai e o outro o namorado.
- Está tudo bem. – Ela disse sustentando o
olhar de Joe que assentiu e com muita coragem ele fitou Inácio.
- Boa noite, Sr. Lovato. – Cumprimentou
simples e educadamente estendendo a mão para Inácio que se levantou mostrando
que era maior e mais encorpado que Joe.
- Boa noite Joseph. – Cumprimentou apertando
a mão do rapaz firmemente e Joe sustentou o aperto tranquilamente. – Está indo
trabalhar? – Inácio perguntou desconfortável quando Demi se levantou e envolveu
Joe num abraço surpresa.
- Estou. – Joe desviou o olhar do sogro para
esboçar um pequeno sorriso ao fitar os olhos de Demi. Ela estava tão bonita
natural e depois da tarde que eles tiveram, a vontade de Joe era de passar a
noite toda nos braços da namorada. – Eu já vou, bebê. Vou acabar perdendo o
metrô. Tudo bem? – Perguntou todo carinhoso para Demi que sorriu ansiosa para
beijá-lo como eles tinham feito mais cedo, porém com Inácio ficava complicado.
- Posso te dar uma carona. – Sugeriu Inácio.
Joe fitou brevemente os olhos de Demi como se perguntasse se estava realmente
tudo bem e se ela concordava com a carona.
- Tudo bem. – Inácio existia e não tinha
como ignora-lo. Ele era o pai de Demi e Joe sabia que teria que se relacionar
com ele mais cedo ou mais tarde. – Já está indo? – Perguntou um pouco sem jeito
e o homem mais velho assentiu. – Tchau, gatinha. Se cuida, ok? – Trocar um
selinho não faria mal a ninguém. Joe encostou os lábios nos de Demi brevemente
e então a beijou na testa logo a abraçando com força contra o peito, e em troca
ouviu reclamações sobre o colete ser rígido e ele muito forte.
- Se cuida também, amor. Qualquer coisa
estranha liga para polícia. – Ela disse de cenho franzido e Joe riu colocando
uma mecha do cabelo castanho atrás da orelha. – Eu te amo. – Não teve como
Inácio não ouvir, porém ele preferiu não fitar a filha beijar o namorando
inofensivamente e sussurrar algo apenas para Joe. Então era a vez dele se
despedir.
- Obrigado por conversar comigo. – Aos
pouquinhos Inácio conseguiu se aproximar da filha como gostaria. – Eu vou respeitar o seu tempo, mas qualquer coisa você pode entrar em contato. – Demi
assentiu aceitando o cartão onde estava disponível o nome, telefone e endereço
do pai. Ela queria que as coisas fossem diferentes entres eles, mas infelizmente
era aquela bagunça que Dianna tinha feito. – Tenha cuidado, boa noite querida.
– Ela não esperava ser puxada para um abraço, mas o aceitou tão naturalmente
gostando de se sentir protegida e importante nos braços do homem que ela sonhou
conhecer durante toda a vida: o pai.
Continua... Oi! Tudo
bem com vcs? Eu tô bem, porém super cansada, estou tendo provas e está
complicado pra ter tempo, por isso demorei pra postar. Como ficou o capítulo?
Vcs estão gostando da fanfic? Agora estamos chegando no final.. Então eu tenho
que ir, prova amanhã. Beijo e muito obrigada pelo carinho! Até mais <3