27.8.17

Capítulo 48 - Parte 1/2


Estranho como o tempo parecia demorar a passar quando o que Joe mais queria era ir embora. O silêncio absoluto às vezes o assustava porque aquele lugar tinha metros e metros totalizando quase num quarteirão!

Será que tinha sido uma boa ideia trabalhar como vigilante noturno? Era cada susto que o deixava de cabelo em pé e coração para sair boca a fora!

À noite o lugar não ficava bem iluminado e como era enorme com todos os seus corredores com toneladas de cargas de navios do lado de fora, o ruído do vento batendo na lona e os gatos que perambulavam pela área faziam com que o coração acelerasse, a mão suada chegava agarrar a lanterna com mais força e a tremer e a que segurava a pistola abraçava mais o material gelado e rígido.

O bom era que o trabalho não era apenas dele. Dois cães da raça rottweiler circulavam na área aberta onde dava acesso ao prédio da empresa que tinha o contratado. Porém os cães eram grandes e ainda não tinham se acostumado com o novo vigilante.

Arrumando o boné a cabeça, Joe caminhou um pouco até que estava próximo a grade que isolava aquela área. Ele observou a estátua da liberdade com certa curiosidade e esboçou um pequeno sorriso quando de repente os olhos estavam com o olhar fixo na ponte do Brooklyn. Estar ali com Demi, Selena e Ed era uma das melhores lembranças do dia do aniversário. Quando ele ainda morava no Texas, era bom ser mimado por Clara, Laura e Rose, mas ali em Nova York tinha acontecido diferente de tudo que ele conhecia. Os amigos eram adultos como ele e o entendiam. E o que ele sentia por Demi era diferente e novo, o sentimento de tê-la era sem igual e o emocionava. Naquela noite, a cada vez que ela tinha segurado a mão dele, tinha o beijado e sussurrado palavras apenas para ele, Joe se sentia mais apaixonado e sortudo por ter encontrado aquela mulher.

Quando o vento soprou um pouco mais forte que o de costume, os óculos tiveram as lentes embaçadas pelos pingos fracos de chuva que começavam a molhá-lo. Dando um último olhar à ponte se lembrando de como Demi tinha sido paciente e tornado a primeira vez a data mais especial da vida dele, Joe virou as costas e caminhou a passos largos para a área coberta onde dava acesso ao prédio.

A cadeira de madeira o abrigou bem, e mais familiarizado Joe se sentiu aliviado para limpar os óculos para poder observar atentamente se tinha algo de anormal acontecendo. Ele dividiria as rondas de uma e uma hora como o Sr. Potter tinha o orientado. Quando mais tarde os pingos de chuva engrossaram e o barulho deles se chocando contra as cargas era intrigante, e bem, estava frio. Pensando em quantas horas faltavam para ir embora, Joe deu uma olhada demorada aos arredores e então sentiu que poderia pegar o celular sem grandes problemas. Onze e meia da noite. A vontade era de chorar! Parecia que tinha uma eternidade que ele estava ali sozinho tendo minis ataques cardíacos.

“Não conseguimos dormir sem você” – Demi.

O tédio e o medo foram embora para dar lugar a felicidade que o fez sorrir de orelha a orelha. Elas eram lindas! Simplesmente lindas e Joe sentiu uma saudade inconsolável. Demi estava deitada na cama dele vestindo nada mais que uma das camisas dele e com Lucy deitada sobre a barriga e a cabeça aninhada entre os seios que marcavam a camisa. Como ele queria estar ali com elas para mimar Lucy e beijar Demi como se não houvesse o amanhã.

  
“Meu Deus! Eu amo muito vocês! E eu queria muito estar aí para mimá-las. Tenta dormir princesa, amanhã cedo você tem trabalho.” – Joseph.

“Também amamos muito você, amor. Eu não deveria ter dormido mais cedo depois que fizemos amor, agora eu estou sem sono e completamente carente”- Demi. Joe sorriu. Ele tinha passado a tarde toda com Demi na Gyllenhaal, e quando eles chegaram ao apartamento só deu tempo de alimentar Lucy e então a cama foi a próxima parada.

“Gatinha, nós vamos fazer amor quando estivermos em casa. Quer que eu fique aqui até você dormir?” – Joseph.

“Jooooe! Você não vai ficar comigo na Gyllenhaal, amor? Nós podemos fazer amor no meu escritório. Na minha cadeira, de preferência e se aguentarmos, na mesa. Não vou te atrapalhar? A Lucy está começando a pegar no sono” – Demi. Então a foto que Demi enviou de Lucy de olhos fechados o fez sorrir.

“Você nunca atrapalha. Cuida do meu bebê. Acho que não posso ir muitas vezes na semana ficar com você no escritório. Um dia sim, um dia não. Não todos os dias gatinha” – Joseph.

“Ps. Vou cuidar do nosso bebê. Eu quero ficar com você Joseph. Não me importo com o que as pessoas vão dizer, nós não estaremos fazendo nada de errado... Depende do ponto de vista.. Mas no final do dia o meu trabalho estará feito como sempre” – Demi.

“Não é que eu não quero, bem pelo contrário, eu quero muito! Só não quero prejudica-la” – Joseph.

“Eu amo quando você diz que quer transar comigo.” – Demi.

“E quando você fica excitado e de bochechas coradas eu fico maluca de tesão”- Demi.

“Gostoso!” – Demi.

“Princesa, eu estou aqui sozinho, por favor, não diga essas coisas porque eu não quero ficar daquele jeito sem você” – Joseph.

“Prometo que vou me comportar, Sr. Delícia. Amanhã estarei esperando ansiosamente para nós ficarmos sozinhos” – Demi.

“Huumm Joseph.. Você comeu as maçãs e o sanduíche? Está tudo bem?” – Demi.

“Amanhã na nossa cama.” – Joseph.

“Ainda não.” – Joseph. Enviou e então olhou atentamente procurando por algo suspeito.

“Tudo bem. Estou fazendo a ronda de uma e uma hora, então só tenho que ficar observando tudo” – Joseph.

“Tenho a sensação que estou te atrapalhando. O seu chefe não vai gostar nada de saber que o novo vigilante gostoso está trocando mensagens durante o expediente com a namorada carente e abandonada.” – Demi.

“Trocando mensagens com a namorada carente, manhosa e muito gostosa. O seu bumbum estava fantástico naquela saia de hoje à tarde” – Joseph. As bochechas dele tinham corado, mas o sorriso estava nos lábios e o coração levemente acelerado porque ele sabia que Demi estava sorrindo como ele.

“Você estava olhando o meu bumbum, Joseph? Confesso que o seu bumbum também estava fantástico nos jeans. Sei que eu já disse isso hoje milhares de vezes, e quero que saiba que não é clichê, só me deu vontade de dizer, de novo, que eu te amo muito” – Demi.

“Nunca será clichê, meu anjinho. Eu adoro sentir o meu coração bater descontroladamente de amor por você. E bem.. Eu sempre estou olhando para o seu bumbum... E admirando o seu sorriso também, princesa. ” – Joseph.

“Estou quase pegando um táxi para ficar aí com você te ajudando a proteger esse lugar. Por favor querido, tenha cuidado” – Demi.


A conversa com Demi durou até que a chuva passasse. Ela o fez sorrir, rir e querer estar desesperadamente na cama entre as pernas daquela mulher tendo as mãos delicadas acariciando os músculos e puxando o cabelo da nuca. Então Joe se alternava entre vigiar e mandar mensagens. Quando Demi parou de responder por volta de meia noite e meia, Joe soube que ela tinha adormecido já que não existia pessoa no mundo mais sonolenta que a namorada dele.

Espantar o sono era uma das tarefas mais difíceis que qualquer pessoa poderia enfrentar, prova disso era que vez ou outra, Joe tinha que sacudir a cabeça e caminhar para não adormecer. Porém mesmo caminhando o sono queria consumi-lo, mais parecia um peso que só aumentava o esmagando a cada segundo. Era um pacote completo: o sono falava mais alto que a parte racional. Mais horas se passaram e a cada segundo Joe se sentia mais sonso e zonzo. Ele viu a noite ir embora tão devagar para dar lugar aos primeiros raios de sol. Infelizmente o celular estava descarregado e não era possível ter noção da hora, mas pelo frio que fazia ainda deveria ser cedo.

Fazer a última ronda foi um verdadeiro sacrifício. Parecia que alguma coisa tinha mudado. O corpo estava tão absurdamente cansado, os músculos doloridos e cansados como se ele tivesse feito uma série de exercícios físicos que exigiam muita energia. Dando os últimos passos a força, Joe se sentou a cadeira de madeira e lutou para não dormir. Ele tirou os óculos para limpá-los e se endireitou na cadeira fitando a frente depois que colocou os óculos. Bocejar foi inevitável, ele tentou se manter firme olhando para os lados e foi daquele jeito durante alguns minutos.

   - Filho! – O que estava acontecendo? Joe franziu o cenho e quando abriu os olhos, ele tinha visto a imagem borrada do corpo de um homem. Então fechou os olhos de novo franzido o cenho porque o cansaço estava instalado em cada pedacinho do corpo. – Filho, acorda. – O coração quase saiu pela boca quando a parte racional o avisou que ele estava trabalhando e que aquela voz pertencia ao Sr. Potter, o homem quem tinha o contratado.

O pânico foi tão grande que Joe quase caiu da cadeira atrapalhado arrumando os óculos ao rosto e piscando uma série de vezes assimilando melhor o que estava acontecendo.

   - Desculpe! Eu posso explicar. – O que diabos ele diria? Quando fitou os olhos escuros em meio aos traços marcados e expressivos do rosto do Sr. Potter, as bochechas coraram bruscamente e Joe travou como acontecia meses atrás. A única coisa que ele queria fazer era ir embora e se xingar por ter estragado tudo.

   - Vamos tomar café da manhã? Você deve estar faminto. – Será que o Sr. Potter tinha se esquecido de que ele estava dormindo, melhor, cochilando? Os olhos verdes de Joseph estavam levemente arregalados, então ele assentiu arrumando o boné a cabeça e engoliu em seco fitando o chão de concreto escuro.

   - Só preciso pegar a minha mochila. – Ele estava tão envergonhado que caminhou o mais rápido possível para dentro do prédio adentrando a sala onde havia os armários dos funcionários. Não era inteligente deixar o Sr. Potter o esperando, e quando ele voltou, chegava ofegar.

   - Como foi a noite, filho? – Joe não estava acostumado com abraços masculinos, se é que podia ser considerado como um abraço o braço do Sr. Potter nos ombros dele.

   - Bem.. – Murmurou envergonhado preferindo fitar o chão ainda úmido a fitar os olhos do chefe. – Sem movimentação suspeita.. – Disse baixinho. – Fiz as rondas como o senhor recomendou: de uma e uma hora.

   - E você cochilou que horas? – Era uma brincadeira? Joe sentiu as bochechas corarem ainda mais com o sorriso no rosto do chefe. Ele não parecia bravo, pelo menos se estava, sabia disfarçar muito bem. A caminhonete os esperava do outro lado da rua e conforme caminhavam até lá, os funcionários chegavam cumprimentando o Sr. Potter com intimidade e certa euforia. Adentrando o veículo, o corpo de Joe se moldou ao banco do carona e foi aí que os músculos expressaram como estavam absurdamente cansados.

   - Eu.. eu cochilei depois que o dia amanheceu, não sei ao certo quando, mas não tem mais de uma hora. – E era verdade. Ele cochilou assim que o dia amanheceu e a cada dez minutos ou perto disso, o rapaz abria os olhos um pouco assustado porque o consciente o lembrava de que ele não deveria dormir.

   - Está tudo bem, filho. – Ele tinha olhado brevemente para Joe apenas para dizer aquela frase. – Você nunca trabalhou nesse turno? – Perguntou parando a caminhonete em frente a uma lanchonete que não ficava distante do porto.

   - Não. Sempre dormi cedo para acordar cedo, então não tenho costume em dormir muito tarde ou ficar sem dormir. – Comentou tentando ser o mais claro possível como vinha percebendo que as outras pessoas faziam.

   - Nós ainda vamos ajustar melhor o seu horário e contratar outro rapaz para revessar as rondas. – Joe assentiu, ele estava mais preocupado era com a forma que pagaria o que consumiria na lanchonete. Não tinha como dizer que estava sem fome porque o estomago fazia tanto barulho. – Vamos filho, um café forte vai te ajudar a ficar acordado. – Não deu tempo de processar a situação direito, o Sr. Potter saiu da caminhonete e só restou Joe acompanha-lo mesmo estando cansado e com sono.

A chuva não tinha dado trégua, estava fraca e o sol escondido atrás de nuvens carregadas. As pessoas vestiam roupas de frio e mesmo sendo cedo, o movimento delas já era grande. A lanchonete estava cheia e parecia agradável. Joe apenas acompanhou o chefe sem dizer muitas palavras, ele cumprimentou a atendente quando foi apresentado como vigilante noturno e então eles se acomodaram a uma mesa logo sendo servidos com café e exageradas fatias de bolo.

   - Venho aqui há mais de vinte anos. – Comentou o Sr. Potter tirando o boné preto com o logo da empresa mostrando o cabelo escuro com alguns fios grisalhos aos arredores da cabeça já que a parte de cima dessa era careca. – Eu adoro o bolo deles. – Joe não soube o que dizer. Não era que ele não podia comer aquele tipo de comida, só não era de costume e muito menos recomendável. – Não está com fome? – Os olhos escuros fitaram os verdes de Joe que coçou a barba um tanto sem jeito. Quem os visse juntos daquele jeito juraria que eram pai e filho tendo um café da manhã agradável. O Sr. Potter era um pouco mais moreno que Joe, era um homem maduro e até mesmo charmoso com a barba cheia e baixa e o porte físico aparentemente definido por baixo da jaqueta, camisa xadrez de flanela, jeans escuros e bota de operário.

   - Eu sou diabético e hipertenso. Não posso comer sem que antes eu tenha tomado insulina. – Murmurou envergonhado procurando não fitar os olhos do chefe. – E o café aumenta a minha pressão arterial.

   - Não pode nenhum pedacinho do bolo? – Perguntou atentamente e Joe balançou a cabeça negando. – Meu Deus, filho! O que eu vou fazer com você?

   - Obrigado pelo café da manhã. Eu vou para casa para me organizar.

   - Você nem comeu. Onde você mora? Vou leva-lo para casa.

   - Nã..Não precisa. Eu não quero atrapalhá-lo. – Murmurou se ajeitando para se levantar um tanto nervoso, prova disso era que a xícara com café quase caiu.

   - Não vou deixa-lo ir para casa com fome e quase dormindo em pé. – O objetivo não era deixa-lo bravo. Joe engoliu em seco quando o homem abriu a carteira deixando algumas notas sobre a mesa e então se levantou lançando um olhar duro a ele. – As suas condições não impedem que você trabalhe como vigilante? – Perguntou quando eles saíram da lanchonete o mais pacificamente possível.

   - Não. Contando que eu me alimente direito. – Disse Joe com um pouco de receio. Ele só teria mudar toda a rotina para conseguir da conta do trabalho. Ser diabético e hipertenso exigia uma organização detalhada e especial do cotidiano, até mesmo os horários para dormir deveriam ser respeitados com mais rigor. – Minha namorada arrumou a minha mochila, mas nós acabamos esquecendo a caneta para aplicar insulina. – Comentou assim que abriu a porta da caminhonete. É claro que eles tinham esquecido. Os beijos que trocavam era o suficiente para envolvê-los só naquela forma de afeto e nada mais.

   - Qual o nome da sua namorada? – O Sr. Potter perguntou dando partida na caminhonete.

   - Demi. – Joe esboçou um pequeno sorriso ao pensar que poderia encontrar Demi ainda dormindo na cama dele.

   - Quanto tempo vocês estão juntos? – Perguntou e quando fitou a aliança, arqueou uma sobrancelha fazendo Joe corar.

   - Oficialmente juntos há três semanas. – Dessa vez ele deixou o sorriso tomar conta dos lábios. Daqui alguns dias eles comemorariam um mês de namoro.

   - Quantos anos você tem, filho? – Então Joe murmurou vinte e três timidamente. Era visível que ele era diferente dos outros rapazes em todos aspectos, por isso o Sr. Potter o olhou com certa curiosidade quando parou a caminhonete no sinal vermelho. – Primeira namorada?

   - Primeira namorada. – O sorriso tímido de Joe dizia tudo e foi o suficiente para que o homem mais velho entendesse exatamente o que tinha acontecido na vida de Joe nos últimos dias.

   - Nenhum homem esquece a primeira namorada. Ela sempre será especial para você independente das circunstâncias. – A voz soou firme e tão empolgada como se ele estivesse tendo uma boa lembrança. – Você não me passou o seu endereço.

Daquela área do Brooklyn até Manhattan de carro levou pouco mais de quarenta minutos levando em consideração o trânsito da manhã, que como sempre, estava congestionado. Mas as perguntas do Sr. Potter vinham uma atrás da outra e Joe as respondia da melhor forma que podia, assim, o tempo passou mais rápido.

   - Posso fazer uma pergunta? – A caminhonete estava parada em frente ao prédio onde Joe morava e ele se preparava para descer do carro o mais rápido possível na esperança de ainda encontrar Demi.

   - Pode. – Disse Joe mais familiarizado com aquele homem gentil. Mas só de pensar que ele teria que responder uma pergunta sem saber do que se tratava, o nervoso o tomava.

   - Como toda empresa, nós pesquisamos antes de contratar novos funcionários. O seu currículo é bom apesar de não ter experiência como vigia. Nós levamos em conta o seu porte físico e que um rapaz da sua idade poderia ajudar em outras questões. Procuramos por referências no seu antigo emprego e houve uma pequena confusão. Primeiro recebemos uma crítica positiva, e hoje pela manhã recebi um e-mail contradizendo toda a recomendação. Eu decidi que era melhor conversar com você a respeito do assunto antes de tomar qualquer decisão. E por favor, de homem para homem, seja sincero. – Era claro que aquilo era coisa de Jake. As palavras dele ainda estavam frescas na mente de Joe que respirou fundo.

   - Eu vim do Texas para trabalhar na Gyllenhaal como analista de redes. – Começou a dizer fitando os olhos escuros do Sr. Potter. – Antes de entrar na empresa, eu conheci a minha namorada de uma forma trágica. Um doente iria violenta-la e eu impedi. Nos tornamos amigos, só que ela estava envolvida com o neto do dono da Gyllenhaal. – Eram tantas coisas para explicar e a revolta de Joe era tão grande quando se tratava de Jake que ele até mesmo tinha perdido a fome. Alguns detalhes ele preferiu não encaixar, mas pelo que contou ao Sr. Potter a essência da história continuava a mesma. – Eu fui demitido porque bati no dono da empresa dentro de uma delegacia. – Disse um pouco incomodado. – Não sou violento, só que eu não podia deixar essa passar. O Jake humilhou e abusou psicologicamente da minha namorada e da minha amiga. E ele expôs a Demi em sites pornográficos sem o consentimento dela. Eu só perdi a paciência.

   - Eu acredito em você. – Demorou um pouco para a frase ser dita, mas uma vez que foi, Joe soube que ele realmente acreditava. – E eu estou contando com os seus serviços, Joseph. Você é um bom garoto e está certo em defender a sua namorada. Nunca deixe um homem ou até mesmo uma mulher ferir a sua garota da maneira que for, e nem você a machuque. – Joe assentiu. Ele concordava em todos os aspectos, só que os pensamentos sobre o pai de Demi o fez pensar sobre a situação e automaticamente ele estava se sentindo mal.

***

   - Então nada de briga? – Perguntou Selena. O sofá do escritório de Demi acomodava as duas amigas e os objetos que elas usavam para trabalhar naquela manhã fria e de tempo nublado.

   - Eu não diria briga. – Disse Demi mais concentrada no que fazia no notebook a olhar Sel, que não estava muito diferente dela. – Discussão se encaixa melhor. Nós discutimos e transamos depois do almoço assim que chegamos ao apartamento dele. Pagamos o apartamento e hoje ele vai pagar o resto das contas. – Ela aproveitou para conferir a hora no notebook. Eram oito e vinte, Joe já deveria estar em casa dormindo.

   - Ainda bem que ele entendeu. – Disse Sel e Demi assentiu. – Já percebeu que os homens sempre ficam com receio de receber ajuda de uma mulher? – Perguntou pensativamente e Demi tornou a assentir de imediato.

   - Eles são orgulhosos. Eu entendi o lado do Joe, ele só que caminhar sozinho. Mas ainda sim o orgulho o cegou um pouco, ainda bem que não foi o suficiente para ele continuar recusando a minha ajuda.

   - Vocês estão se protegendo? – Selena perguntou fitando o conteúdo no notebook para depois os olhos de Demi que forçou um sorriso. – Demetria!

   - Por que você sempre pergunta isso? – Uma sobrancelha de Demi estava arqueada e o olhar fixo ao de Selena.

   - Você sempre se esquece de tomar o anticoncepcional.

  - Eu esqueço vez ou outra. E quando esqueço, tomo duas pílulas. – Selena arregalou os olhos e Demi deu de ombros um pouco sem graça. – Eu só esqueci uma vez, e nós usamos preservativo no começo.

   - Vocês têm que usar os dois métodos, ainda mais com você se esquecendo das pílulas. E ainda tem a questão do horário.. – Demi revirou os olhos indiscretamente. Então ali começou a brincadeira, elas se pirraçaram e riram tanto como sempre faziam.

  - Qual é o segredo para ter uma bunda desse tamanho? – Arqueando uma sobrancelha, Demi fitou os olhos castanhos de Selena e deu de ombros esboçando um pequeno sorriso. – Parece que a cada que passa ela fica maior. – Comentou Sel se erguendo para tocá-la na cintura. – Fica como se estivesse de perfil. – Pediu e Demi revirou os olhos. Ela estava trabalhando, não tinha tempo para verificar aquele tipo de coisa. E então Selena analisou o corpo da amiga naquela região e esboçou um pequeno sorriso. – Demetria! Que bunda magnífica! – Era algo que se comentava em voz alta? Demi enrolou os documentos e com eles numa espécie de tubo, aproveitou para bater em Selena.

   - Acho que eu posso comentar o mesmo sobre os seus seios. – Ela sorriu amarelo e agora quem arqueou uma sobrancelha foi Selena logo olhando para os seios e os tocando.

   - Você acha que eles estão grandes? – Perguntou esperançosa e Demi se sentou no colo de Sel que estava um pouco deitada já que estavam no sofá.

   - São maiores que os meus, então você não pode reclamar. – Demi esboçou um sorriso tímido e aos pouquinhos se deitou sobre Selena aninhando a cabeça no ombro da amiga.

   - Não quer dizer que eles estão crescendo. - Selena levou as mãos à cintura de Demi e ali a apertou gentilmente. O silêncio entre elas era algo tão natural quanto as conversas. Nos braços de Selena, Demi relaxou fechando os olhos gostando de sentir o calor da amiga e o toque delicado dos dedos na cintura.

Guiada pelo momento, os dedos tocaram a clavícula de Sel e logo a mão abraçou o ombro descendo o carinho até um pouco acima do seio esquerdo. Selena também levou a caricia da cintura para as costas tão timidamente quanto Demi. Ambos os toques eram delicados e tão femininos. Os corações estavam disparados nos peitos, mas a vontade de trocar aqueles carinhos era maior.

Abrindo os olhos, Demi roçou o rosto ao pescoço da amiga sentindo que o coração iria sair boca a fora. A ideia de dar um beijinho ali não parecia errada, bem pelo contrário. Ela pressionou timidamente os lábios abaixo do maxilar de Selena e a mesma arrepiou da cabeça aos pés. Não era a primeira vez que Demi a beijava ali, só que agora era diferente porque das outras vezes tinha sido brincadeira.

Demi preparou os lábios para roçar a pele de pêssego de Selena, umedecendo-os e assim que os roçou fechando os olhos, a respiração pesou quando a mão da amiga lhe acariciou o rosto. Os olhos de Sel eram castanhos como os dela e o olhar profundo era um poço de paixão, amor e segurança. Diferente dos olhos de Demi que mostravam como ela precisava de alguém para amá-la. No momento que se olharam, foi diferente de todas as outras vezes. Estudavam-se e ampliavam ainda mais o sentimento que uma nutria pela outra. Os dedos de Selena deslizaram pelo rosto de Demi das bochechas para o queixo e o olhar dela focou-se nos lábios bem desenhados da amiga para depois fita-la nos olhos. E Demi fez o mesmo arriscando levar a mão à cintura de Sel.

Se fosse outra situação, as duas já teriam trocado um sorriso de orelha a orelha ou começado a rir. Só que aquela conexão que tinham criado era forte demais para ser interrompida por uma brincadeira de melhores amigas. Os olhos de Selena fitaram novamente os lábios de Demi e elas se aproximaram por instinto, que nem perceberam. O beijo aconteceria se não batessem a porta. Aquilo era definitivamente uma droga! Demi se levantou tão sem jeito, as bochechas estavam coradas e ela não teve coragem de olhar para Selena que não estava muito diferente. A batida sutil com certeza não pertencia a Ed, o que era muito mais reconfortante. Arrumando a roupa social ao corpo, Demi passou a mão pelas mechas do cabelo e se preparou psicologicamente para atender a porta.

   - Srta. Lovato, bom dia. – Tudo que ela menos esperava era que quem batia à porta fosse Marcus, o atual presidente da Gyllenhaal e meio-irmão da esposa de Jake. Geralmente o homem estava sério, cara de poucos amigos e fazia questão de olhá-la profundamente como se pudesse enxergar além do normal. Porém Marcus parecia à vontade e envolvido com o trabalho o suficiente para deixar a opinião sobre Demi de lado. – Eu estou precisando da sua ajuda. – Ele disse fixando o olhar dos olhos escuros sobre os dela e Demi assentiu dando passagem para que ele pudesse adentrar o escritório. – Srta. Gomez. – Marcus cumprimentou Selena com um breve aperto de maõ e ela nem mesmo ousou em olhar para Demi. – Já que a Srta. está aqui, poderá ajudar a Srta. Lovato. – Era castigo? Quando elas trabalhavam juntas tudo fluía com naturalidade e o resultado era incrível, só que depois do que tinha acontecido, elas precisavam ficar distantes por pelo menos uma tarde. – Com toda a repercussão do caso do Jake, nós estamos perdemos alguns funcionários de diversos setores aqui na empresa. Nas fábricas os números continuam os mesmos. Eu preciso de pessoas de confiança para contratação de novos funcionários. Nós temos uma entrevista para essa tarde com cerca de cem candidatos. Eu preferia administrar as entrevistas, mas estamos começando a ter problemas com alguns dados da contabilidade... Então eu preciso das duas para organizar as entrevistas, e depois a Srta. – Disse olhando para Demi. – Participará da nossa reunião de estratégia e discutiremos ideias para novos projetos de Software. – Marcus não parou de falar. Eram tantas atividades extras que Demi e Selena tiveram que fazer notas. – Srta. Lovato, desculpe avisá-la hoje. Nós recebemos um convite de uma faculdade em Baltimore para realização de uma palestra sobre tecnologia gráfica. Pensei na Srta., pois é a funcionária mais adequada para a realização da palestra e representará bem a empresa.

   - Em Baltimore? – Demi perguntou apreensiva.

   - São cerca de três horas daqui. A empresa vai disponibilizar um carro e pagar por todos os gastos. – Disse Marcus. Demi arriscou olhar para Selena, pois naquele momento ela precisava da ajuda da melhor amiga.

   - Hoje à tarde? – Selena perguntou devolvendo o olhar de Demi.

   - No final da tarde. A palestra acontecerá no auditório da faculdade às oito da noite, então a Srta. precisa sair as quatro para chegar a tempo. – Mesmo Marcus sendo o atual presidente, Demi arqueou uma sobrancelha na frente dele.

   - E as outras atividades? – Demi perguntou claramente não gostando nada da ideia de ter que viajar porque era justamente no horário que ela poderia ficar com Joe. Sem contar que depois dos vídeos que Jake vazou na internet, tudo que ela queria era distância de multidões.

   - A Srta. as executará até as três, ainda estamos na manhã então temos tempo o suficiente. Pagarei a mais pelo serviço das duas. – Dinheiro não era problema. Demi fitou os próprios pés por alguns segundos sem saber que resposta ela daria. Ficar sem Joe estava fora de cogitação! – A Srta. receberá pela palestra. Mandarei um carro leva-la para casa às três e as quatro vocês saem. Qualquer dúvida trate com o meu secretário, tenho negócios a resolver fora da empresa. – Ele nem mesmo deu a chance de Demi negar. Marcus saiu do escritório às pressas quando o celular começou a tocar.

   - Eu nunca saí da cidade. – Disse Demi de cenho franzido e um pouco nervosa. Ela tinha nascido e crescido em Nova York, e de lá, nunca tinha saído nem mesmo para visitar uma cidade vizinha. – E o Joe? O que eu faço, Sel? – Resmungou aflita e Selena se aproximou para abraça-la.

   - Primeiro mantenha a calma. Eu vou te ajudar com essa lista que temos para cumprir. – Selena a olhou nos olhos e Demi assentiu. – Então você vai para casa às três horas como o Marcus falou. Não será tão ruim, Baltimore é aqui pertinho e você vai poder voltar ainda hoje.

   - E o Joe? – Ela não estava preocupada com a viagem e muitos menos com as atividades que tinha para cumprir.

   - Liga para ele para falar, não manda mensagem.

   - Eu não vou poder ficar com ele. – Resmungou manhosa rompendo o abraço quando tornaram a bater à porta. E pelo desespero, Demi e Selena souberam que era Ed.

   - Meninas, com licença. – E era realmente Ed. Ele abriu a porta na terceira batida e colocou apenas a cabeça para dentro do escritório para verificar se poderia adentrá-lo sem problemas. – Amor, estamos precisando de você. – Disse a Selena adentrando o escritório então os olhos bonitos dele fitaram os de Demi, que corou um pouquinho se lembrando do que tinha acontecido mais cedo com Selena. – Preciso que você verifique o rendimento do departamento. – Disse a Demi ainda o olhando nos olhos.

  - Nós estamos tendo problemas com funcionários? – Demi pegou os papeis das mãos de Ed para que pudesse analisá-los acomodada a cadeira.

  - Vocês duas não leram as últimas notícias? – Perguntou Ed de cenho franzido abraçando Selena por trás. Quando as duas negaram, ele buscou pelo celular no bolso e não demorou nada para encontrar o que procurava. – “Caso Jake Gyllenhaal: o empresário está detido na delegacia central de NY há duas semanas suspeito de matar Jason Gyllenhaal. A acusação de assassinato não foi confirmada pela polícia e o caso segue sendo um mistério. Jake, que está em processo de julgamento, conseguiu ação na justiça para responder pelos crimes de assédio sexual e moral e chantagem em regime aberto.

A paz tinha acabado, as feições tranquilas tinham mudado drasticamente e o clima pesou. Selena estava com os olhos arregalados claramente em estado de pânico e Demi não estava muito diferente, só que estava em estado de choque. Jake estava livre para perturbá-la, e ele iria.

   - Ele não foi carrasco só nesse departamento. O pessoal está pedindo demissão e afastamento com medo da volta dele. – Disse Ed as analisando e demorou um pouco para que Demi e Selena entendessem do que se tratava.

   - Ele vai responder em regime aberto. Não significa que ele vai voltar à presidência da empresa. – Murmurou Demi folheando os papeis que Ed tinha trago. – Com tudo que ele fez, eles não vão deixa-lo voltar. – Demi adentrou o cabelo com as mãos e respirou fundo tentando não ficar apavorada. – Eu vou ligar para o detetive Pine mais tarde. – Disse mais para Ed porque Selena estava aninhada nos braços do namorado escondendo o rosto no peito dele.

   - Nos mantenha informados, Dem. – Disse Ed a Demi que se levantou para se aproximar de Selena.

   - Ei Selly, nós estamos aqui e não vamos deixar nada de ruim acontecer com você. – Disse tocando o ombro da amiga que a olhou assustada. Demi nunca tinha visto Selena com tanto medo e insegura. Aquele era o papel dela, não o de Sel. – Vai ficar tudo bem. – Forçando um sorriso, Demi abraçou Selena e por minutos ficou envolvida naquele abraço oferecendo segurança e amor a Selena. Quando estava sozinha no escritório, Demi analisou os documentos sobre a mesa. Eles tinham perdido quase dez funcionários, dentre eles seis mulheres e quatro homens consideravelmente experientes e de confiança. A situação não melhoraria. Demi só conseguiu concluir aquele pensamento quando pensou linearmente em todos os acontecimentos envolvendo Jake. Ele era sinônimo de caos e todo cuidado era pouco.


Continua... Oi! Tudo bem com vocês? Eu estou bem! Primeiramente, desculpem a demora para postar. Eu demorei a começar escrever porque tive uma avaliação na semana passada e só comecei a escrever esse capítulo(parte dele) na última segunda-feira. Espero que vocês gostem! E aí? Acham que o Jake vai voltar a perturbar? E esse trabalho do Joe?  Obrigada por todos os comentários e visualizações, posto as respostas na próxima parte que já está sendo desenvolvida. Beeeeeijo! 

9 comentários:

  1. Impossível não amar essa fanfic! Tão lindas Semi, achei que ia rolar o beijo mas sempre tem alguém para atrapalhar haha
    O jake vai voltar mais diabólico e disposto a "acabar" com o Joe o que irá refletir na Demi sem dúvidas.
    O trabalho do Joe é aterrorizante, mas tenho certeza que ele vai se sair bem e o chefe dele terá todo o cuidado do mundo com ele..
    Até o próximo capítulo, bjos

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  2. Eu amo tanto Jake que me nego até a ultimo segundo odiar ele. Estamos na luta aqui para ele não atrapalhar os anjos.
    Ainda na torcida de que tudo vai dar certo. Só tenho receio que nos proximos virá bomba para a Demi aaaaaa.
    Posta logo.
    Beijos, Métis (gyllenswift.blogspot.com.br)

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  3. Sincera e honestamente sobre esses climas semi com certeza vai dar merda porque ninguém vai interpretar isso de uma boa forma sendo que as duas têm namorado, o Jake ia ser o primeiro a querer usar isso contra elas. E com certeza o Jake vai voltar a atazanar todos, essa é a função desse filho de satanás. Sobre o trabalho do Joe pra mim ta tudo normal e se eu fosse Demi, Selena e Ed já teria saído dessa Gyllenhal o problema é conseguir emprego em outro lugar com as recomendações que o Jake daria sobre eles né.

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  4. Muito maravilhosa suas histórias Amanda pqp bixa destruidora ❤
    Poste logo pleasee

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  5. Eu odeio o Jake real e oficial.
    Concordo com a Mirely sobre semi, vai dá merda e quero que dê mesmo pois não quero nada além da amizade LOL
    Estou incomunicável e minha preocupação era: Como vou me atualizar e comentar minhas fics favoritas?
    "NOSSO BEBÊ" bERRO
    Estou amando demais a história.

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  6. cadê você????? nos da um sinal nem que seja por fumaça
    estou ansiosa pelo próximo capítulo

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  7. Cadê a dona desse blog aqui hein? Aushaushaushaushaushaushaushaushaushaush

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