Sete e vinte e nove. Sete e trinta. Era agonizante a lerdeza do ponteiro do relógio que representava os segundos. Havia uma hora exata que Demi estava pronta e sentada ao sofá tão tensa que os músculos estavam rígidos. A ansiedade para as sete e cinquenta a matava aos pouquinhos, pois era o horário que Inácio a buscaria.
- Demi, relaxa. – Selena a tocou no ombro e
quando Demi a olhou assustada, Sel sorriu. – Nós estamos aqui, dá pra conversar
com a gente? – Demi mordeu o lábio inferior ao olhar para Joe, que arqueou uma
sobrancelha e sorriu para depois ela olhar para Selena.
- Eu estou nervosa. – Murmurou penteando o
cabelo com os dedos e Selena revirou os olhos porque havia demorado muito para
elas conseguissem colocar tudo no devido lugar.
- Amor, você vai passar mal. – Quando Joe
ficou em frente a Demi e a ajudou a se levantar, Selena revirou os olhos porque
Joe tinha sentado no lugar de Demi e a puxado para o colo. – Relaxa. – Disse a
beijando na bochecha e Demi não se aninhou manhosa ao corpo dele como costumava
fazer.
- Dez minutos está demorando uma eternidade.
– Resmungou levando a mão direita a barriga de Selena e com jeito, ela
conseguiu deitar repousando a cabeça nas coxas de Sel e as pernas, quem ficou
responsável foi Joe. – Como está o bebê da
tia? – Perguntou toda carinhosa beijando a barriga de Sel, que sorriu
acariciando a bochecha de Demi.
- Está muito bem. – Selena sorriu para Joe
que também observava Demi a beijando na barriga e conversando baixinho com o
bebê. – Hoje eu comi tanto chocolate, o Ed teve que acordar às quatro da manhã
para comprar. – Demi cerrou os olhos, mas logo sorriu.
- Você nem lembrou de mim, sua chata. –
Resmungou manhosa e Selena deu de ombros. – Você é a pior amiga que uma mulher
poderia ter. – A ideia era fingir estar emburrada, mas Demi acabou rindo quando
Selena a atacou com cócegas.
- Joseph, não se atreve. – Murmurou toda vermelha de tanto rir quando flagrou
a troca de olhares de Joe e Selena. As gargalhadas de Demi foram altas e
escandalosas, ela até tentou revidar, mas sem sucesso já que Joe e Selena não
davam trégua em momento algum. – Ok, já deu! Eu me rendo, ok?! – O cabelo ficou
uma bagunça e as bochechas coradas.
- Vamos, levanta. A sua roupa vai amassar. –
Reclamou Selena e Demi revirou os olhos, mas se acomodou entre o namorado e a
melhor amiga. – Você parece uma criança, Demetria. – Por que Sel era tão
exigente? Demi ficou quieta enquanto a amiga arrumava a jaqueta jeans escura ao
corpo e colocava o cabelo no lugar. – Já sabe sobre o batom, certo? – Demi
assentiu prontamente. Ela não queria ir tão maquiada, porém não reclamou quando
se olhou no espelho. Foi quase uma hora de relógio sentada a poltrona com
Selena sentada no colo ditando regras e lançando olhares feios a ela, mas pelo
resultado valeu a pena. Os cílios estavam cheios e tão bonitos por conta do
rímel. As pálpebras carregavam sombra escura e as sobrancelhas estavam
impecáveis! E Selena a mataria, caso o batom fosse borrado, razão da qual Demi
estava se matando aos pouquinhos por estar há horas sem beijar Joe.
- Sei. – Murmurou de cenho franzido conforme
Selena dobrava a manga da jaqueta que ela usava. – Sel, eu acho que está bom. –
Disse porque Selena mal tinha largado a
manga da jaqueta para arrumar a gola.
- Agora está. – Selena sabia um pouco de
tudo, e Demi ficava assustada com a forma que a amiga era esperta com aquela
coisa de beleza. Todas as combinações de roupa que Sel planejava ficavam boas,
já Demi demorava algum tempo para conseguir montar um look legal.
- Não é melhor levar mais um casaco, está
frio para sair apenas com um suéter e jaqueta jeans. – Comentou Joe. Demi e
Selena olharam para ele que deu de ombros. Ele vestia três suéteres, uma
jaqueta em couro revestida e touca.
- Você não está com calor? – Perguntou
Selena de cenho franzido. Ela estava aquecida com dois suéteres, jeans e botas.
Joe exagerava a ponto de ser agonizante vê-lo com aquele tanto de roupa.
- Não, estou aquecido. – Murmurou e Demi
sorriu o abraçando.
- Amor, você deveria ao menos tirar essa
jaqueta. Você já é naturalmente
quentinho. – Disse toda manhosa o beijando brevemente nos lábios porque Joe
tinha a puxado para o colo e distribuiu tantos beijinhos pelo rosto, que
ela não conseguia parar de sorrir apaixonada. – Sel, dormir com ele é a melhor
coisa que existe. Ainda mais nesse frio. – Murmurou abraçando o namorado contra
o peito e Joe corou, mas a beijou no queixo e a abraçou descansando a cabeça no
peito.
- O Ed também é. Enquanto eu estou morrendo
de frio, ele está todo quente, principalmente quando está dormindo. – Demi
assentiu sorrindo se lembrando das noites que ela passava agarrada a Joe. Era
tão bom que nem parecia ser verdade. Elas conversariam mais sobre os namorados,
porém quando o celular de Demi começou a tocar, a situação mudou drasticamente.
- Dem, calma. – Disse Joe a olhando nos
olhos.
- É ele?
– Selena perguntou e Demi assentiu olhando o nome do pai na tela do
celular. – Atende! – Disse quando a amiga iria guardar o celular na bolsa.
- Oi.
Estou. Vou descer. – Ela não teve coragem de dizer mais palavras a Inácio,
nem mesmo desejar boa noite como ele tinha feito. – Eu estou nervosa. – Disse a
Selena e Joe. – O que eu vou conversar com ele? E quando eu chegar lá? – Choramingou
sem saber exatamente para quem ela poderia fazer manha, a única coisa boa era
saber que Joe e Sel estavam lá para mima-la.
- Eu não sei. – Murmurou Joe coçando a nuca.
– Vocês podem conversar sobre.. Hum.. Eu não faço ideia. – Ele corou porque Demi
o olhava com esperança e Selena atentamente.
- Dem, seja sincera com ele. Vai ser melhor.
– Disse Sel fitando os olhos de Demi que assentiu. – Diga que você está nervosa
e ansiosa. Ele vai saber conduzir uma conversa agradável. – Sel tinha razão. Inácio
entenderia que ela estava nervosa com a situação, ele até já tinha comentado
que era tudo muito novo para ela, e realmente era. Do dia para noite havia um
pai e seis irmãs. Era muito para qualquer pessoa absorver em pouco tempo.
- Eu só digo isso para ele? – Disse
ajeitando a bolsa de ombro para se levantar.
- Você vai saber o que dizer, nós sabemos
que a senhorita é muito tagarela quando quer. – Disse Selena e Joe riu
assentindo. – Agora vamos? Não queremos deixa-lo esperando por muito tempo. –
Tinha como desistir? Demi engoliu em seco quando Sel e Joe se levantaram e eles
caminharam para fora do apartamento esperando que ela o trancasse. Aquilo era
uma droga. Ao mesmo tempo que a vontade de conhecer melhor o pai e as irmãs era
muita, também era quase nula. Conhecer aquelas pessoas significava dar um novo
rumo a vida. Nada seria como antes. Demi franziu o cenho fitando Selena para
depois Joe. Eles estavam esperando por ela.
- Vamos descer de elevador, não quero você
fazendo esforço físico. – Ela estava tão intrigada com a situação que nem mesmo
conseguiu sorrir para Sel, como a amiga tinha feito. No elevador o clima não
foi ruim porque Joe tinha a abraçado de lado e Demi segurou a mão de Selena. As
duas pessoas que ela mais amava no mundo estavam lá para protege-la, não tinha
como dar nada de errado. – Pessoal, eu amo muito vocês. – Disse e como
recompensa, Sel e Joe a abraçaram até que Demi estava sorrindo de orelha a
orelha.
- Nós também amamos você, gatinha. Só relaxa, vai dá tudo certo e
você vai se divertir muito. – Disse Joe e Demi roubou um selinho o envolvendo
num abraço de urso.
- Exatamente. Você merece relaxar um
pouquinho, Dem. E é a família que você sempre quis. – Disse Selena. Demi
franziu um pouco o cenho pensando nas palavras da amiga. Ela realmente sempre
quis ter uma família amorosa. Ter seis irmãs era mais que o planejado, e não
era ruim. Inácio era um bom homem e um pai maravilhoso. Só faltava Dianna para
completar.
Não
deu tempo para que Demi expor as questões que a perturbava porque o elevador
chegou ao hall do prédio. Se ela não saísse daquele cubículo, ele a levaria de
volta para o andar onde morava. Joe guiou a mão a dela esboçando aquele sorriso
tímido que a deixava ainda mais apaixonada por ele. Os dois sorriram se olhando
e Demi assentiu derrotada deixando que ele a levasse para fora do elevador.
- Relaxa. – Disse Selena a Demi quando elas
notaram que Inácio estava esperando na recepção. Ele conversava com tanta
simpatia com o porteiro e o recepcionista e quando a viu, sorriu ansioso e se
aproximou.
- Boa noite. – Nem mesmo o fato de Joe estar
de mãos dadas com Demi estragaria aquela felicidade que crescia no coração de
Inácio. Ele sorriu exclusivamente para Demi mal prestando atenção em Selena e
em Joe que desejaram boa noite como ele tinha feito. – Está pronta? – Perguntou
a Demi que sorriu envergonhada assentindo. – Nós podemos ir? – Tornou a
perguntar e Demi a assentir.
- Só vou me despedir. – Disse sem saber ao
certo de onde havia tirado forças para dizer aquelas palavras. – Sel, obrigada
por me ajudar. Eu te amo muito, e cuide do nosso
bebê. – Disse baixinho a Selena quando a abraçou calorosamente.
- Vou cuidar, meu amor. – Sel a beijou na
testa e sorriu fitando os olhos de Demi. – Eu também te amo muito. Quero que
você se divirta muito essa noite. Nada de vergonha, ok? – Demi nunca quebrava
uma promessa. Ela enlaçou o dedo mindinho ao de Selena e tornou a abraça-la
gostando de sentir o calor e o cheiro da amiga a envolvendo.
- Qualquer coisa, você me liga. – Disse Joe
depois de beija-la na testa e Demi assentiu o abraçando e o beijando no peito.
– Amo você. Quando você quiser voltar para casa, me liga, vou busca-la, ok? –
Demi assentiu o olhando nos olhos.
- Combinado, príncipe. Amo você. – Demi sabia que não podia trocar o beijo que ela e Joe desejavam, então
eles se contentaram apenas com um selinho demorado que era mais que o
suficiente para que os corações acelerassem e os sorrisos brotassem nos lábios.
– Leva a Sel para casa, tenha cuidado. – Disse e Joe assentiu esboçando um
pequeno sorriso quando ela o beijou demoradamente na bochecha. Então lá estava
Inácio a esperando pacientemente. – Não se esqueça de tomar a insulina e comer,
cuida da nossa pequena. –Demi acariciou o rosto de Joe gostando de sentir os
pelinhos da barba em contato com os dedos e o beijou na boca novamente se
despedindo. – Nós podemos ir. – Disse ao pai que assentiu logo oferecendo a mão
para que Joe a apertasse e Selena, ele a beijou na testa e sorriu educadamente. –
Tchau. – Disse Demi a Sel e Joe quando olhou para trás caminhando ao lado de
Inácio.
- Você está muito bonita. – Agora restavam
apenas ela e Inácio. Demi sorriu envergonhada, e agradeceu ao elogio fitando os
olhos marrons do pai. Inácio parecia tão feliz e radiante que ela também se
sentia feliz por permitindo aquela aproximação. – Vai conseguir andar com toda
essa neve? – Era a pergunta que Demi se fazia. Selena tinha insistido para que
ela calçasse botas com salto, e como Demi estava nervosa e nem se importando
muito com o que iria vestir, ela acabou calçando as botas de salto alto com
direito a tachas neles.
- Eu acho que vou precisar de ajuda. –
Melhor que cair e passar uma vergonha maior. Demi sorriu quando Inácio a
abraçou de lado e atentamente a guiou para onde estava estacionada a SUV
branca. – Obrigada. – Disse educadamente quando o pai abriu a porta do carro e
a ajudou a se acomodar ao banco do carona.
- As garotas estão ansiosas. Lá em casa está
um caos. – Eram cinco garotas e uma bebê.
Quando elas inventavam que iriam se
arrumar, Inácio ficava confuso com tanta bagunça, música em meio ao
converseiro e as brigas e discussões. Não era fácil ser um homem em meio a
tanta mulher. – Está ansiosa? – Ele perguntou dando partida no carro e como não
conseguia sair da vaga por conta dos carros, Inácio olhou para Demi com
ansiedade e uma alegria perceptível.
- Estou. Muito ansiosa. – Demi sorriu quando
teve a mão esquerda cuidadosamente tocada.
- Eu também estou, filha. É muito importante para mim ver todas as minhas garotas
juntas. – Eles não mantiveram contato visual porque Inácio guiava o carro para
fora da vaga, e Demi usou toda a coragem que tinha para envolver os dedos do
pai com os dela. Era tão bom ouvi-lo. Inácio era gentil e falava com tanto gosto
e paixão sobre as filhas.
- Vo..Você tem certeza que não quer um exame
de DNA? – Demi sustentou o olhar de
Inácio e sentiu as bochechas corarem quando ele franziu o cenho e umedeceu os
lábios. Ela tinha que fazer aquela pergunta porque viver mais uma mentira de
Dianna estava fora de cogitação.
- Eu tenho certeza que você é minha filha. –
Disse Inácio pacientemente.
- Mesmo? – Perguntou e ele assentiu sorrindo
para ela. – Eu só não quero que isso seja mentira. É importante para mim. – Ter uma família a mudaria tanto para
melhor. Seria diferente e incrível.
- Eu confio na sua mãe. Sei que ela não está
mentindo. – Disse Inácio e Demi franziu o cenho. Com toda a história de Dianna,
alguns pontos se justificaram, porém outros não, como a história com Jake e
outros absurdos.
- Eu também quero acreditar que ela não
está, mas já passei por tantas coisas por conta das mentiras dela. Eu a amo e
entendo algumas coisas, mas é impossível esquecer que.. – Como ela contaria
para Inácio que já tinha dormido com um homem por dinheiro por ideia da mãe?
Dianna tinha inventado uma história tão convincente, e de tão inocente que Demi
era, acabou entrando no jogo da mãe sem saber do que fato se tratava. E era
apenas a ponta do iceberg.
- Querida, está tudo bem. Sua mãe me contou tudo que aconteceu entre vocês.
Exatamente tudo. – As bochechas dela coraram com o olhar de compreensão de
Inácio. A vontade de Demi era de chorar de vergonha e simplesmente sumir no
mundo. – Eu sinto muito por tudo que você passou, eu queria estar ao seu lado
para te proteger, mas... O que a sua mãe fez é tão absurdo, mas nós não podemos
consertar. Já passou, e agora que eu
tenho você, o que posso fazer é minha função de pai que é garantir que nada te falte e que você esteja feliz e protegida. – Os olhos
de Demi marejaram quando ela teve a mão beijada com tanto carinho. – Sabe por
que eu acredito na sua mãe? Quando a conheci, ela era uma garota incrível e nós
passamos o pouco tempo que tivemos juntos. Planejamos um futuro, nos divertimos
como adolescentes, namoramos e prometemos que nunca iríamos mentir um para o
outro. Eu ainda consigo enxergar
aquela garota de vinte e três anos atrás quando a vejo. Sei que ela ainda está
lá, em algum lugar presa na mulher fria e forte. É por isso que eu acredito que
você é minha.
- Você a amava. – Comentou pensando em todas
as palavras que tinha escutado. A forma como Inácio falava sobre Dianna era
apaixonada e havia certeza nas palavras dele.
- Ela foi a primeira que amei. – Disse
desviando o olhar do trânsito para fitar os olhos de Demi.
- Nós podemos fazer o teste? – Perguntou
sustentando o olhar do pai quando o carro parou numa sinaleira. – Só para
termos certeza. – Disse e Inácio assentiu de cenho franzido.
- Se você acha melhor assim, nós fazemos.
Quando chegarmos em casa, você vai
entender porque eu tenho ainda mais certeza que você é minha filha. – A mãe das
garotas tinha olhos azuis e cabelos claros, Inácio achava incrível como nenhuma
das garotas tinha a mesma cor dos olhos da mãe e a que tinha a cor do cabelo
mais clara era Isabella, porém não era loira como a mãe, o cabelo era castanho
claro. – Você está melhor? – Perguntou a olhando nos olhos brevemente já que o
carro estava inserido no pequeno engarrafamento. Geralmente naquela época do
ano onde havia neve, o Rockefeller Center ficava lotado de turistas, pois a
árvore de natal já estava montada e a pista de gelo era o palco de muitas
pessoas que gostavam de se divertir patinando ou tentando.
- Estou. Fui ao hospital hoje. – Disse mais
relaxada se acomodando ao banco do carro. – Anna trocou o meu curativo, ela
disse que está tudo encaminhado para sarar logo. – Comentou e Inácio assentiu
sorrindo de orelha a orelha. Ele adorava a ideia de ter Demi junto as outras
garotas.
- Ela
não disse nada. – Resmungou de cenho franzido. – Na verdade eu não a vi. Quando
cheguei em casa, ela já estava dentro do quarto trancada longe da bagunça da
cozinha. – Demi assentiu imaginando que Anna deveria estar descansando ou
atualizando algum trecho da monografia que o supervisor pediu. Ela também o
faria se estivesse apaixonada por ele.
O
silêncio era para ser constrangedor e desconfortável, mas não foi nada do que
Demi pensou, bem pelo contrário. Inácio focou a atenção no trânsito que não colaborava
muito para a movimentação do carro e Demi se sentiu bem, segura e aquecida
acomodada ao banco daquele carro. Ela até mesmo poderia cochilar de tão à
vontade que estava.
- Onde você mora? – Demi perguntou ao pai
curiosa.
- Aqui mesmo em Manhattan. No Gramercy. – Era
um bairro mais sossegado, diferente da agitação daquela região do Rockefeller
Center, cheio de edifícios históricos cercados de árvores. Era um lugar
excelente para construir uma família. – Me conta sobre o seu dia. – Demi assentiu
fitando os olhos do pai.
- Dormi até tarde, só acordei porque o Joe
me chamou para comer. – Comentou franzindo um pouco o cenho porque o sono
estava tão bom, que se dependesse dela, nem para comer se levantaria. – Nós
saímos à tarde. – Disse corada porque ela tinha passado boa parte da manhã e do
começo da tarde nos braços de Joe. – Levamos a minha carta de demissão à Gyllenhaal. Fomos ao hospital trocar o
meu curativo e no caminho aproveitei para visitar um ponto que estou pensando
em alugar para abrir o meu escritório. Anna
nos deixou no Brooklyn na empresa
onde o Joe trabalha e depois fomos a barbearia.
- Por que pediu demissão? – Perguntou Inácio
e Demi umedeceu os lábios.
- Não quero mais trabalhar para Gyllenhaal. – Eram tantas razões, e as
principais estavam focadas em Jake e em tudo o que ele aprontou em poucos
meses. – Eu gostava de trabalhar para o Jason, e depois que ele foi
assassinado, as coisas mudaram dentro da empresa. Primeiro teve o Jake, ele era
terrível... E agora o Marcus, que é irmão da esposa do Jake. Eu só quero
recomeçar. Abrir um escritório será bom, vai dar trabalho, mas eu vou
administrar melhor a minha vida. Quando eu estava trabalhando para Gyllenhaal,
eu mal tinha tempo para fazer as minhas coisas.
- Não será fácil, mas vale a pena. – Disse a
olhando e Demi assentiu. Só o fato de poder ficar com Joe e Selena mais tempo
já fazia a decisão valer a pena. – Eu trabalhei a vida toda com o meu pai, e
depois que ele ficou doente, assumi o negócio com os meus irmãos. O trabalho é
puxado, mas eu faço o meu horário e consigo aproveitar melhor o meu tempo com a
família.
- Por isso que eu prefiro abrir um
escritório, quero passar mais tempo com as pessoas que eu amo. – Demi só percebeu que eles tinham chegado quando o carro
parou em frente a casa onde Inácio morava. – Ok, eu estou nervosa. – Disse
colocando uma mecha do cabelo atrás da orelha e mordendo o lábio inferior.
- Quer conversar um pouco? – Disse Inácio
fitando a mensagem de Hannah na tela do celular perguntando o porquê que eles
não tinham entrado.
- Tudo bem. Preciso de alguns minutos. –
Para tentar se acalmar, Demi respirava fundo e concentrava as energias em
pensar que tudo daria certo. – Você pode me contar um pouco sobre as garotas? –
Perguntou sustentando o olhar do pai que assentiu.
- Bella é a nossa cozinheira quando o
assunto é massa. Eu diria que é a mais paciente e compreensível. Anna é
determinada e gosta de ajudar as pessoas. Você pode conversar sobre tudo com
ela. Bem, Megan é.. – Inácio sorriu pensando na filha. – É astuta, inteligente
e argumentativa. Quando ela não está tocando piano, está ouvindo música,
jogando vídeo game ou lendo livros e revistas. Ela é a mais comunicativa e.. É
difícil. – Ele acabou rindo ao se lembrar de como era complicado explicar
alguma coisa para Megan, ela sempre respondia com mais perguntas. – Amber é um
amor. Ela é dedicada ao balé e só não é mais paciente que Bella porque ainda é
criança e não sabe controlar as emoções. Ela e Meggy são melhores amigas, mas
na maior parte do tempo estão brigando. Alicia é uma tagarela. Ela é muito
brincalhona e carente de atenção, ela adora ficar com as meninas quando elas
estão conversando ou se arrumando. – Ele parecia tão animado que Demi sorriu
imaginando como deveria ser bom viver com tantas pessoas diferentes, mas que se
amavam. – Hannah. – Disse Inácio de cenho franzido, mas logo sorriu. – Ela
sempre será o meu bebê. Nós erámos
companheiros antes da minha esposa falecer, mas nos afastamos depois que ela
entrou nessa fase rebelde de adolescente e começou a namorar sem a minha
permissão. Ela é companheira, carinhosa e gentil. Hann sempre fará o melhor para você se sentir bem e te dará
conselhos inteligentes.
- Você deveria deixa-la namorar. O Augusto é
um bom rapaz. – Disse Demi. Ela tinha conhecido Hannah por poucos minutos e foi
o suficiente para saber que era uma boa garota que só queria ficar em paz com o
namorado.
- Não sou malvado, só quero protege-la. –
Disse Inácio fitando a aliança de compromisso que Demi usava. – Está preparada?
– Perguntou quando o celular vibrou em mais uma mensagem, mas dessa era de
Megan.
Não
tinha como estar preparada. Aquela situação era do tipo que se enfrentava com
frio na barriga e muita coragem. Não tinha como evitar estar nervosa e ansiosa.
A porta do carro foi aberta por Inácio e Demi sorriu educadamente em
agradecimento quando o pai ofereceu a mão para que ela pudesse segura-la a
ajudando a sair do carro. A diferença de temperatura fez com Demi se encolhesse
de frio. Estava nevando e o vento que soprava era gelado que doía na alma. Joe
tinha razão em se agasalhar ao ponto de não conseguir se mover. Para subir os
três degraus da varanda, Demi precisou da ajuda do pai e a cada passo ela se
sentia mais nervosa e ansiosa.
- Sinta-se à vontade, você está em casa,
querida. – Disse Inácio a olhando nos olhos e Demi assentiu comovida com toda a
gentiliza e carinho. A porta só foi aberta depois que ela recebeu um beijo na
testa.
Onde
estavam as seis meninas juntas na sala a olhando com atenção como se ela fosse
um ser de outro planeta? E ela faria o mesmo... Porém não havia ninguém na
sala. O silêncio dentro daquela casa era absoluto, até Inácio estranhou.
Demi
só adentrou a casa porque o pai a convidou, caso contrário ela continuaria em
pé na porta de entrada cogitando a ideia de fugir dali correndo ou se acomodar
no sofá. Era uma casa muito aconchegante e rica em detalhes de madeira. Eles
tinham uma lareira onde a lenha queimava aquecendo aquela parte da casa! Aquilo
era tão legal porque a única lareira que Demi tinha visto era a da casa de
Selena. Eram tantas coisas para observar: O conjunto de sofá era branco, e
entre eles o tapete felpudo cor de mel. A televisão tão grande quanto a que
Demi tinha no apartamento, e a ela o videogame estava plugado. Eles também
tinham um piano branco num lugar mais reservado da sala, porta casaco atrás da
porta principal e um lustre. Sem contar que Demi jurava que só a sala de Inácio
era o espaço que ela tinha no apartamento para a sala e a cozinha. Da sala,
abriram-se dois corredores: um que levava ao escritório de Inácio no segundo
andar e a cozinha, e o outro que levava aos quartos e demais cômodos. Era uma
casa grande e com certeza dava para se perder ali dentro.
- Ei, não precisa ficar nervosa. – Inácio
sorriu observando Demi, ela estava sem jeito e as bochechas coradas. Se ele não
a puxasse, ela não daria um passo. – Vem cá, você não me deu o meu abraço. –
Demi acabou sorrindo quando foi puxada para os braços do pai que a envolveu num
abraço de urso que a fez rir mais descontraída. – Você está em casa, ok? –
Disse a olhando nos olhos e Demi acabou assentindo sentindo o coração disparar
no peito. – Vamos procurar as suas irmãs?
– Ao mesmo tempo que era empolgante saber que ela não era a única Lovato no mundo, também era
assustador. – Ora, ora. Que silêncio é esse? – Eles adentrariam a cozinha se não topassem com Hannah. A garota era tão bonita e esboçou o sorriso
mais bonito e acolhedor quando viu Demi.
- Oi Demi. – Hannah nem mesmo respondeu o
pai. Fitou os olhos da irmã igualmente castanhos e a puxou para um abraço
caloroso. – Seja bem-vinda. – Disse ainda abraçando Demi que sorriu tão feliz.
– Você está muito bonita. – Comentou a garota estudando o look da irmã.
- Obrigada Hannah. Você também está bonita.
– Disse Demi sem saber de onde tinha tirado coragem para dizer aquelas
palavras. Hannah era como Inácio tinha descrevido: uma adolescente gentil e
carinhosa. Diferente das roupas de Demi onde só havia preto, Hannah usava
vestido, jaqueta, botas e touca com direito a um pompom.
- Então.. – Hannah mordeu o lábio inferior
também corando como Demi, mas segurou a mão da irmã e riu quando fitou os olhos
do pai que fitava ela e Demi com certo divertimento. – Pai, não seja chato. – Disse envergonhada e Inácio riu
porque ele estava tão feliz por ter todas as suas garotas juntas. – Eu estava
subindo para ajudar Bella trocar a fralda da
bebê. Agora que você está aqui, pode subir, bonitão. – Inácio arqueou uma sobrancelha, mas assentiu.
- Vocês duas vão ficar bem? – Perguntou
observando que Hannah ainda segurava a mão de Demi.
- Nós estamos na cozinha terminando de
organizar o jantar. – Disse Hannah a Demi e ao pai. – Você quer subir com o papai ou ficar com a gente? – Perguntou
a Demi, que mordeu o lábio inferior sem saber ao certo o que queria. Ficar com
Inácio já não a deixava tão envergonhada como no começo, mas ela também queria
conhecer Amber e Megan.
- Posso ficar com vocês. – Disse Demi
fitando os olhos de Hannah que assentiu logo olhando para o pai.
- Não coloquem fogo na minha cozinha, desço
daqui a pouco. – Inácio era um bom pai, ele beijou a testa de cada uma das
filhas. Demi sorriu e Hannah revirou os olhos, mas apesar dos últimos conflitos
que ela tinha tido com o pai, sorriu porque o amava acima de tudo.
- Ele parece ser bravo e durão, mas tem um grande coração. – Comentou
Hannah perdida em pensamentos. – Ok Demi, primeiro você tem que prometer que
não vai contar nada para o papai sobre o que está acontecendo na cozinha. –
Demi franziu o cenho, mas acabou sorrindo porque Hannah tinha um sorriso
sapeca nos lábios.
- O que vocês estão aprontando? – Perguntou
Demi um pouco corada e Hannah riu.
- Não é nada. Você promete? – Perguntou ainda
sorrindo e Demi assentiu.
- Tudo bem, eu prometo. – Disse e Hannah
piscou para ela a puxando pela mão corredor adentro que levava a cozinha.
O
que tinha acontecido naquela ali? Demi mordeu o lábio inferior para conter
o riso e Hannah fez o mesmo quando viu a cena. Anna estava dividida entre
digitar no notebook e vigiar a panela sobre a chama do fogão que certamente
estava no máximo, razão pela qual a panela cor de prata estava com manchas
pretas na parte de baixo. Até avental ela usava. E bem, as outras duas... Megan
era mais alta poucos centímetros que Amber, tinha cabelo longo e de um ondulado
mais solto como o de Hannah. Amber era uma criança, o cabelo estava preso num
coque bailarina com direito até meia e tudo mais. Junto a elas havia um cachorro
e tocava Perfect, do Ed Sheeran.
- Amb,
larga esse cachorro e vem me ajudar. – Disse Megan que se concentrava em
cortar o peito de frango congelado.
- Mas Meggy, ele está com fome. – A voz de
Amber era carregada de manha e era tão fina e delicada. A menina voltou a dar
biscoitos para o cachorro que chegava balançar o rabo e o acariciou na cabeça.
- Eu não sei se está bom. – Murmurou Anna
mexendo o conteúdo da panela com uma colher de pau e quando Meggy se aproximou
para olhar o que a irmã preparava, Anna aproveitou para se esticar e digitar no notebook.
- Ok, é melhor a gente ligar para um
restaurante e pedir comida. – Disse Hannah atraindo o olhar das três irmãs que
coraram de vergonha ao ver que Demi também estava na cozinha. – Eu deveria
filmar a reação de vocês. – Comentou rindo e Demi sorriu logo começando a rir.
- Droga Hann,
você pegou pesado. – Murmurou Meggy envergonhada e Hannah sorriu porque era
difícil deixar Megan sem jeito.
- Oi Demi. – Disse Anna um pouco corada quando
se aproximou. – Seja bem-vinda. Fique à vontade. – A cada abraço que Demi
recebia, ela se sentia mais parte daquela família. E Anna a envolveu num abraço
apertado que a fez sorrir. – Nós estávamos preparando um jantar para você, mas
não está dando muito certo. – Comentou no mesmo instante que elas ouviram um
barulho de estalo para depois sentirem o cheiro de queimado. – Vamos ter que
pedir comida. – Tinha queimado. Anna massageou o cenho e respirou fundo
pensando na bronca que receberia do pai porque eles jogariam comida fora. E era
realmente um absurdo uma vez que aquela refeição, caso estivesse boa, poderia
alimentar alguém que estava lá fora enfrentando o inverno rigoroso e passando
fome.
- Você é uma tragédia, Annie. – Disse Megan para depois olhar para Demi com certa
ansiedade. – Oi, eu sou a Megan. – Hannah riu da pose da irmã, que ofereceu a
mão para Demi apertar. – Eu gostaria de dizer, primeiramente, que adorei o
design do handheld game que vocês lançaram ano passado. É mil vezes
mais confortável que o antigo. – Demi arqueou levemente as sobrancelhas
surpresa com o comentário de Megan. Ela parecia realmente animada e satisfeita com um dos primeiros produtos que Demi tinha desenhado para Gyllenhaal. – É uma
honra tê-la como irmã. Seja bem-vinda. – Megan poderia ter todo aquele ar de
independência, mas ela sorriu para Demi e a envolveu num abraço breve que foi
apertado e acolhedor.
- Obrigada, Megan. – Disse Demi sorrindo
para Meggy e então elas fitaram Amber que estava rosada e sem jeito. E para
quebrar o gelo, Demi ofereceu a mão para Amber como Megan tinha feito. – Oi
Amber. – Disse porque a garota estava mais sem jeito que ela.
- Oi Demi, é um prazer conhece-la. – A
garotinha era encantadora. Demi sorriu e a puxou para um abraço. – Seja
bem-vinda. – Disse baixinho e Demi disse um sorridente obrigada fitando os
olhos marrons de Amber.
- Ok, garotas. Nós precisamos nos organizar.
– Disse Anna franzindo o cenho ao fitar o cachorro comer os biscoitos de Amber
diretamente do saco que estava sobre uma cadeira. – Amb, se o papai souber que o cachorro dos Harris está na nossa cozinha, ele vai surtar.
- Eu não podia deixa-lo lá fora, está
nevando. – Murmurou Amber toda manhosa e cada irmã teve uma reação diferente.
Demi sorriu, Hannah revirou os olhos, Anna assentiu e Megan segurou o cachorro
pela coleira antes que ele pulasse com tudo em Demi para cumprimenta-la com uma
bela lambida no rosto. Era um Flat-Coated
Retriever, uma raça idêntica ao Golden Retriever, porém de pelagem escura.
- O seu namorado deveria ter mais cuidado
com os animais de estimação. – Comentou Megan e Anna respirou fundo antes de
dizer a frase que vinha repetindo há tempos.
- O Rick não
é meu namorado. – Murmurou e Hannah e Megan riram.
- Fala
sério, Annie. Já passou da hora de
você dar o seu jeito. – Disse Hannah pegando o celular no bolso da jaqueta. –
Essa história já está ficando cansativa. Tem quanto tempo que vocês estão nesse
flerte infinito?
- Sabe o que nós deveríamos fazer? Colocar a
Anna para levar o Pluto na casa do
Rick. – Disse Megan arrancando um sorriso de Hannah.
- O papai vai ficar uma fera. – Disse Amber
tentando conter o cachorro e Demi a ajudou quando se agachou para acariciar
Pluto. Lucy era tão imperativa que todo cachorro em comparação a ela, era calmo
e obediente. Bastou acariciar atrás da orelhas de Pluto para que ele
aconchegasse a cabeça na mão de Demi e começasse a lambê-la.
- Demi, não o deixe lamber a sua mão
esquerda. – Alertou Anna e Demi assentiu. – Amb,
nós vamos levar o Pluto agora e Hann,
você e as meninas decidem o que nós vamos pedir antes que o papa.. – Foi tarde
demais. Quando Hannah massageou o cenho e tentou, “discretamente”, alertar Anna
que o pai estava logo atrás com Bella e Alicia, já era tarde demais.
- Se eu não estivesse feliz, vocês estariam
de castigo até completarem a minha idade.
– Disse Inácio para o alívio das garotas.
- Eu falei que elas estavam aprontando. –
Nos braços de Isabella estava a pequena Alicia. Ela tinha bochechas cheias e
coradas, olhos castanhos curiosos e gentis. Era simplesmente uma gracinha! Os
cachinhos saiam de dentro da touca cor de rosa e eram castanho chocolate. – Oi
Demi, seja bem-vinda. – Bella envolveu Demi num abraço apertado e esboçou um
lindo sorriso ao olha-la nos olhos. – Esse é o nosso docinho. – A voz de Isabella mudou completamente para algo mais
meloso e gentil quando ela falou sobre Alicia, que sorriu e escondeu o rosto na
curva do pescoço da irmã. – Bebê, faz
cócegas. – Demi sorriu quando ouviu a risada gostosa de Alicia. Ela tinha
murmurado um “Por quê?” toda sorridente e agarrada a Isabella. – Olha só, você
tem uma nova irmãzinha. Fala um oi para Demi. – Disse e Demi sorriu ansiosa.
Ela não tinha experiência com bebês e muito menos com crianças, mal tinha
estado perto de um.
- Oooi
Dem. – Foi um oi arrastado e tímido que arrancou uma risada de todos
naquela cozinha, e Alicia corou abraçando Isabella.
- Você falou o dia todo sobre conhecer a
Demi e agora está com vergonha? – Disse Inácio correndo os dedos nas costelas
de Alicia para fazê-la rir. – O que nós combinamos? – Inácio sustentou o olhar
de Alicia e ela fez careta como tinha aprendido com Hannah.
- Tudo
bem Dem? – O mais engraçado e fofo era que Alicia olhava para Demi
atentamente e tinha as bochechas coradas.
- Eu estou bem. E você? – Demi sorriu quando
Alicia riu sapeca e olhou para o pai que assentiu.
- Tudo
bem. – Disse a pequena virando um pimentão toda sorridente e o coração de
Demi derreteu. Tinha criança mais fofa? A vontade de Demi era de abraça-la e
morde-la nas bochechas.
- Eu posso pega-la? – Perguntou Demi a
Isabella que assentiu logo cochichando alguma coisa no ouvido da irmãzinha que
riu, mas assentiu esticando os braços para que Demi a pegasse. – Como eu faço
isso? – Perguntou um pouco envergonhada porque ela não fazia ideia de como
segurar corretamente Alicia.
- Abrace o corpo dela repousando as mãos no bumbum. – Disse Inácio sorrindo porque
Alicia também sorria toda sapeca. – Ela vai ajudar. – Demi beijou a testa de Alicia
e abraçou mais contra o corpo quando a pequena fechou os olhos e bocejou
cansada descansando a cabeça no peito da irmã. Era como se ela tivesse sido
feita para ser mãe. Demi nem percebeu quando começou a zanzar com Alicia
suavemente, disse palavras suaves a garotinha completamente apaixonada por ela.
- Jessie, Bella. – Murmurou Alicia tentando lutar contra o sono e Isabella se
aproximou de Demi para mimar a irmã.
- Você quer que eu a segure? Ela está com
sono, mas também está ansiosa para brincar. – Disse Isabella puxando uma
cadeira para que Demi se sentasse já que demoraria para que o caos na cozinha
acabasse.
- Está tudo bem. Gosto de segura-la. – Disse
Demi arrumando a touca de Alicia aproveitando para deslizar a ponta dos dedos
no couro cabeludo da nuca.
- Ela vai dormir em pouco tempo. Vou buscar
a boneca, se não ela vai chorar. – Demi não a imaginava chorando por uma boneca, Alicia parecia ser uma menina tão tranquila e feliz. Segurar a irmãzinha era tão
bom que a fez pensar em Selena que teria um bebê dentro de alguns meses, e bem,
ela e Joe também poderiam ter uma coisinha fofa daquela. Até mesmo o cheiro de
Alicia era irresistível.
- Ela está quietinha agora por um milagre de
Deus, mas essa pequena dá trabalho. – Comentou Megan se acomodando a cadeira
vizinha a de Demi.
- Eu acho que ela é uma boa garota. – Disse
Demi tocando a bochecha de Alicia.
- Ela é sim, mais comportada que Meggy
quando era bebê. – Disse Hannah para implicar com a irmã, porém era realmente
verdade. Megan sempre foi muito comunicativa e esperta desde pequena. – Ok,
pessoal. Nós precisamos pensar no que vamos comer. – Disse quando viu que Bella
voltava para cozinha trazendo a boneca de Alicia.
- O jantar está fora de cogitação. – Disse
Anna e Meggy riu junto com Hannah. – Nós pensamos em pedir comida. – Disse a
Inácio que se acomodou também a mesa ao lado de Demi.
- Como vamos fazer? Bom senso ou o papai vai escolher? – Disse Inácio. Demi
franziu o cenho com o repente barulho. Elas falavam ao mesmo tempo e era tão
difícil para saber do que se tratava.
- Garotas! – Disse Isabella tentando acalmar
as irmãs. – A Demi deveria escolher. – Demi respirou fundo quando teve todos
aqueles olhares sobre si.
- Eu não sei. – Murmurou envergonha e
tentando não se mexer muito para não acordar Alicia. – Pizza é uma opção? –
Perguntou olhando para Inácio e antes que ele pudesse falar alguma coisa, a
discussão novamente: de queijo ou frango? Sem cebola! Com azeitona, sem azeitona.
Sem palmito! Com palmito. Era difícil administrar aquelas meninas, Inácio
acariciou o cenho e respirou fundo. Ele deveria ser paciente, muito paciente.
- Todas estão de acordo com pizza? –
Perguntou Inácio e antes que as garotas começassem novamente, ele pediu por
silêncio erguendo a mão. – Vocês tem dez minutos para decidir o sabor das
quatro pizzas grandes que nós vamos pedir e levar o cachorro embora. – Inácio
sorriu para Demi levando a mão a dela. – Vou segurar Alicia enquanto vocês
decidem. – Participar daquela discussão foi complicado, o ponto que favorecia
Demi era que ela gostava dos sabores mais comuns de pizza e de todos
ingredientes, exceto a cebola. Pizza sempre seria bem-vinda. Os dez minutos de
Inácio estenderam-se para quinze, e foi divertido. Enquanto elas decidiam o que
queriam, acabaram conversando sobre assuntos aleatórios que também englobava
Demi que já não se sentia tão estranha. E quando Anna vestiu o casaco do pai
para levar Pluto? Foram tantas as indiretas que as bochechas da moça ficaram
coradas.
Por
conta do barulho, Alicia não dormiu por muito tempo. A garotinha acordou nos
braços do pai, que observava com orgulho e emocionado as filhas, uma hora mais
tarde quando as pizzas tinham acabado de chegar. A cozinha foi substituída pela
sala, onde elas poderiam ficar mais à vontade esparramadas no tapete felpudo comendo
pizza e concentradas num jogo de tabuleiro que estava empatado com Demi e Megan
na frente.
- Quantas horas? – Demi perguntou a Inácio
que cochilava com Alicia no colo. A menina tinha aproveitado para descansar
mais cedo para brincar com os bonecos Woody e Jessie sentada no colo do pai.
- Meia noite. – Murmurou Inácio e Demi
arregalou os olhos. Joe estava a esperando e estava absurdamente tarde.
- Eu tenho que ir para casa. – Disse
verificando o celular que não pegava desde que tinha chegado. Joe tinha deixado
mensagem, ele e Selena.
- Não mesmo. – Pronunciou-se Megan estudando
como faria para conseguir ultrapassar Demi, ela já tinha usado todas as melhores
habilidades, mas continuava empatada. – Está nevando lá fora. – Murmurou
mordendo o lábio inferior mais concentrada no jogo.
- Você pode dormir aqui com a gente. – Disse
Hannah bocejando. – Vai ser legal. – Será que era muito muito precipitado? A vontade
de Demi era de ligar para Selena perguntando o que ela deveria fazer. Como ela
podia dizer não? Demi fitou os olhos de cada uma delas para depois fitar os
olhos de Inácio como se pedisse permissão.
- Tudo bem querida. – Ele disse sorrindo e
Demi se sentiu tão feliz e acolhida e parte daquela família. As garotas a
receberam com tanto carinho e atenção. E de tão envolvida que Demi estava, ela esqueceu de ligar para Joe para avisar que dormiria na casa do pai.
- Por que nós temos que dormir na cama de
Bella? – Comentou Hannah fazendo careta ao fitar a cama de casal da irmã, e
Isabella revirou os olhos e acertou Hannah com um travesseiro.
- Tem tantos livros na cama da Anna, e ela
jamais vai coloca-los em outro lugar. – Disse olhando brevemente para irmã que
continuava a digitar incansavelmente no notebook. Era claramente perceptível
que Anna estava cansada, mas ela continuava trabalhando na monografia.
- Onde está a Amber? – Megan perguntou a
Hannah que deu de ombros.
- Vocês podem se acomodar. Nós temos
bastante espaço. – Disse Isabella e Demi assentiu se sentando a cama. Ela tinha
tomado banho, limpado a maquiagem e agora estava agasalhada com uma calça de
moletom de Hannah, duas blusas de moletom, uma de Anna e a outra de Bella.
Megan tinha emprestado o cachecol e Amber prometeu uma de suas toucas.
- Eu vou avisar para o Joe que vou dormir
aqui. – Disse Demi depois de um bocejo. Ela estava cansada e sabia que no
momento que estivesse acomodada a cama, iria dormir.
- Demi. – Demi sorriu quando fitou Hannah
deitada ao lado dela, a garota a olhava nos olhos e tinha um sorriso tímido nos
lábios. – Thaisa não é minha amiga. É só uma colega que ficou para aula de
reforço. – Comentou e Demi arqueou uma sobrancelha. – É sério. – Murmurou
envergonhada e Demi riu.
- Ela me irritou. – Na verdade Demi não
sabia se quem tinha a irritado mais era Joe com toda a paciência e vergonha, ou
se era Thaisa se atirando para cima dele na maior cara de pau. – Às
vezes eu tenho vontade de bater no Joe. Ele é tão inocente. – Murmurou e Hannah
riu alto. Na sala de aula, Joe tentava ser o mais sério possível, só que às
vezes a timidez o pegava de jeito e ele começava a gaguejar, o que deixava as
meninas encantadas com o professor de geometria.
- Homens são idiotas. – Comentou Megan se
jogando ao lado de Hannah, e ela fez careta porque Isabella jogou uma coberta
ainda dobrada sobre ela. – Não importa a idade, eles sempre serão bocós e nos
colocarão em problema. – Megan olhou para Hannah, para depois Isabella e Anna
sentada a outra cama. – Aqui nós temos três clássicos problemas. – Disse a
Demi. – Bryan, Augusto e Ricardo. Três idiotas. – Disse e Hannah a acertou com
um tapa, Bella deu de ombros corada e Anna nem mesmo olhou para irmã.
- Eu juro que eu queria entender o porquê de
vocês implicarem tanto com o Augusto. – Disse Hannah de cenho franzido. – Ele
me faz feliz, é que importa.
- O papai não gosta dele. – Disparou Megan.
- O papai não gosta de nenhum garoto. –
Disse Hannah sustentando o olhar da irmã. – Ele não gosta do Augusto, não gosta
do Joe e nem do Ricardo, e bem, ele odeia o Bryan. – Demi, Megan e Hannah
fitaram Bella que umedeceu os lábios se acomodando a cama, até mesmo Anna tinha
olhado, e as garotas suspeitaram que ela tinha o feito só porque ouviu o nome
“Ricardo”.
- Ok! Eu conto. – Apressou-se Megan se
sentando a cama de pernas cruzadas.
- Relaxa Bella, nós estamos aqui para
corrigi-la, caso ela conte algo diferente ou exagerado. – Disse Hannah a Isabella
que assentiu.
- Bryan é o ex-namorado de Bella. – Começou
a dizer Megan toda espirituosa.
- Antes de começar. – Disse Hannah atraindo
os olhares das irmãs. – Antes do Bryan, o papai até que tolerava os meninos.
- Porque a mamãe o obrigava. – Murmurou Isabella. Demi observou como elas se
olharam tristes e distantes.
- Continuando... Bryan é o ex-namorado de
Bella, eles se conheceram na faculdade. Nossa mocinha ficou tão apaixonada que era insuportável conviver com ela.
– Demi riu de como Megan narrava a história e prendia a atenção com direito a
entonações diferentes e gesticulação de mãos. – O rapaz era bonito, intensos
olhos negros, moreno e só sabia pentear o cabelo como o do príncipe da Daniel da Barbie Lago dos Cisnes. Ele era bom de papo, inteligente e o papai
apoiou o namoro. Ah, tinha tudo para dar certo se o Bryan não fosse um
vagabundo de pior categoria. Ele mentiu que era rico, não que isso fosse
importante, quase sujou o nome de Bella, contou tantas mentiras que nós nem
sabemos se ele realmente se chama Bryan. Depois que ele e a mocinha fizeram coisas de adulto, ele sumiu no mapa. – Isabella ficou tão vermelha
que Hannah gargalhou escondendo o rosto com as mãos porque Amber tinha acabado
de entrar no quarto.
- O que são coisas de adulto? – Perguntou a
pequena e Demi arqueou uma sobrancelha e mordeu o lábio inferior para conter o
riso. – E..eu encontrei apenas essa, acho que vai ficar bom em você. – A touca
era cor de rosa e tinha estrelinhas cor de ouro. Era um pouco menor que o
tamanho que Demi costumava usar, mas serviu.
- O que são coisas de adulto? – Disse Demi
quando Amber se sentou ao lado dela ainda tímida. – Bem, pagar contas, ter que
cozinhar sozinha, lavar roupas, dormir muito tarde estudando para as provas da
faculdade, acordar cedo para o estágio e pagar mais contas, muitas contas. – Demi
deu de ombros quando Isabella arqueou as sobrancelhas a olhando.
- Por isso que eu gosto de ser criança. –
Disse Amber arrancando sorrisos das irmãs. – O que vocês estão conversando? –
Perguntou se deitando a cama de barriga para cima.
- Sobre namorados. – Disse Hannah adentrando
o cabelo de Amber com os dedos para acaricia-la no couro cabeludo como sabia
que a irmã gostava desde bebê. – Então é como nós combinamos, vamos avisar
quando é para você tampar os ouvidos. – Disse e a pequena assentiu fechando os
olhos.
- E é por isso que o papai odeia os garotos, por culpa de Bella. – Disse Megan e
Isabella franziu o cenho.
- A culpa não é minha, o que eu poderia fazer?
Eu não sabia que ele estava mentindo e nem que seria tão canalha. – Disse
Isabella.
- A culpa é sua por se apaixonar. Se você
não ficasse tão cega de paixão, nada disso teria acontecido. – Disse Megan.
- Ninguém tem o poder de controlar o coração.
– Disse Demi pensando em como ela tinha ficado cega para o mundo quando
conheceu Jake. – Seria tão bom se nós pudéssemos escolher quem vamos amar, mas
não acontece assim, você tem que passar por coisas ruins primeiro para depois
encontrar alguém especial. – E a lembrança do rosto de Joe a fez sorrir. Até
mesmo o coração batia mais rápido.
- Ou ser muito sortuda para encontrar alguém
especial na primeira tentativa. – Comentou Hannah pensando em Augusto.
- Demi, nos conte mais sobre o seu namorado.
– Demi sorriu fitando os olhos de Megan. Ela tinha tanto para contar sobre Joe,
e por mais que tinha poucas horas que estava longe dele, já sentia saudade.
- O Joe é um amor. – Disse um pouco
envergonhada e as garotas riram. – Ele é do Texas, tem a minha idade e é
analista de redes. Ele veio para Nova York em junho para trabalhar na Gyllenhaal. Eu o conheci na noite que
saí com a minha melhor amiga para comer pizza. Ele estava na pizzaria e eu
topei com ele. Ele era tão tímido que gaguejava, eu o achei fofo e um pouco
cafona. – Demi riu se lembrando das roupas que Joe usava naquela noite. – Eu
não esperei a Sel para ir para casa. Não estava muito tarde quando saí da
pizzaria, eu queria chegar logo em casa e peguei um atalho. Um cara me abordou
com uma faca, tomou a minha bolsa e me levou para um beco escuro. – Ela fitou o
rosto de cada uma das irmãs estudando a reação delas. – Ele me violentaria se o
Joe não tivesse aparecido. Ele lutou com o homem até que eu consegui chamar a
polícia. Ele apanhou um pouco e o homem o atingiu na barriga com a faca, não
foi nada muito sério, mas foi o suficiente para ele ser hospitalizado. Quando
eu o visitei, foi difícil fazer com que ele interagisse. Ele era muito tímido,
gaguejava e as bochechas ficavam coradas fácil. Nós começamos a conversar aos
poucos e descobrimos que tínhamos muito em comum. Ele gosta de animações, HQs e
filmes como eu. Foi o que nos uniu. Nós ficamos amigos em pouco tempo, e eu
estava saindo um cara. – Demi se perguntou se elas sabiam sobre Jake, pois
quando ele a expos na internet, a notícia se espalhou tão rápido nas redes
sociais, jornais e canais de “entretenimento”. Provavelmente Megan sabia. – Eu
acabei entrevistando o Joe sem saber que ele estava concorrendo a vaga de
analista de redes para Gyllenhaal. Ele era bom e nós o contratamos. Nós
começamos a trabalhar juntos no mesmo departamento, íamos embora juntos,
estávamos conversando o tempo todo e eu o convidei para assistir desenho comigo
algumas vezes. Ele se apaixonou primeiro e eu demorei um pouquinho porque eu
estava meio que comprometida. –
Murmurou a última parte com raiva de si mesma por ter perdido tempo com Jake. –
Ele me fazia bem, e eu adorava passar o meu tempo livre com ele. Nós fazíamos
coisas simples, mas que eram tão especiais. Eu ficava ansiosa para dar a hora
da gente assistir desenho, conversar ou dar voltas em quarteirões. Nós adotamos
uma cadelinha, o que nos uniu mais. Escolhemos um apartamento para ele alugar perto do meu e
conforme o tempo, eu preferia ficar com o Joe a com o cara que eu estava
saindo. Eu o beijei no Central Park. – Disse sorrindo. – Não me perguntem o
porquê, foi um impulso e especial. Não comentamos sobre o beijo por um tempo,
mas continuamos ficando até que ele
se declarou e eu decidi que era melhor pararmos porque eu ainda estava com o
cara. Era errado, eu sei e eu machuquei o Joe. Ele se afastou e eu senti muito a
falta dele e descobri que estava apaixonada. Não foi fácil terminar com o outro
cara, mas valeu a pena. Eu e o Joe estamos juntos há quase cinco meses. Nós já
estamos pensando em casamento. – Tinha sido tão difícil resumir tudo que ela
tinha vivido sem citar o nome de Jake, o de Dianna e as confusões que ela tinha
se metido. Demi não sabia se as irmãs tinham conhecimento sobre os vídeos,
então preferia evitar cita-los.
- Casamento é um passo muito grande. – Anna
as assustou já que todas estavam concentradas na história de Demi. – Mas eu os
acho perfeitos juntos, dá para sentir que tem algo especial apenas em olhar
para vocês. – Demi sorriu de orelha a orelha. Joe era simplesmente o cara
perfeito para ela, e sem ele, Demi já não se imaginava.
- Bem, quando eu os vi, acho que você estava
brava com o Joe. – Disse Hannah fazendo careta quando Anna se deitou entre ela
e Amber.
- Eu realmente estava. Ele ainda é muito
tímido e não sabe sair de algumas situações, mas eu estou o ensinando a ficar
longe das garotas atiradas.
- É necessário, elas dão trabalho. –
Comentou Hannah suspirando. – O meu problema é diferente. O Augusto é muito
simpático, e às vezes as pessoas o interpretam errado. Eu não posso fazer muita
coisa porque é o jeito dele.
- É mais complicado, usar aliança pode
ajudar, mas não é uma solução que funciona cem por cento. – Disse Demi ao
perceber que a menina não usava aliança de compromisso.
- Eu usava, mas como o meu namoro foi
proibido e agora é às escondidas, não posso usar aliança.
- Nunca passei por isso, no máximo a minha
mãe não gostava dos meus namorados, ela nunca chegou a proibir. – Dianna não
gostava de André porque ele não tinha dinheiro, e ela não teve muito tempo para
conhecer os outros namorados já que estava envolvida com homens e luxo. – Mas
eu acho que você e o Augusto deveriam conversar com o Inácio. Uma conversa séria e objetiva, pode ter efeito positivo.
- Por que você não chama o papai de pai? –
Amber perguntou e Demi umedeceu os lábios sem saber ao certo o que deveria
responder.
- É complicado, Amb. A Demi conhece o papai tem pouco tempo, ela ainda não se
acostumou com ele. Quando ela estiver pronta, ela vai chama-lo de pai. – Disse
Anna olhando para Demi que assentiu.
- Ele nunca nos dá oportunidade para
conversar. – Disse Hannah. – Tem muito tempo que o Augusto veio aqui.
- Você deveria tentar, acho que ele vai
ceder se perceber que você não vai desistir e que é realmente sério o que vocês
tem. – Era o que ela iria fazer caso Inácio implicasse com Joe.
- Ele vai ficar bravo. – Comentou Hannah
pensando nas palavras de Demi.
- Ele vai, mas faz parte. – Demi franziu o
cenho e se deitou entre as irmãs porque ela começava a ficar com sono. – Você
terminou? – Perguntou a Anna. Ela parecia tão cansada. Tinha olheiras, a
expressão cansada, mas não cochilava, estava perdida em pensamentos e franziu o
cenho quando fitou os olhos de Demi. – Terminou? – Demi tornou a perguntar e Anna
assentiu esboçando um pequeno sorriso.
- Vocês estão com sono? – Megan perguntou
observando que Amber já estava dormindo e Bella cochilava.
- Acho que eu tomei muito café, estou morta
e sem um pingo de sono. – Disse Anna. – Terminei e enviei com quarenta minutos de atraso. – Resmungou e Demi franziu o cenho.
- Vamos continuar conversando, está
divertido, só vamos nos organizar. – Disse Hannah. Não tinha como seis pessoas
dormirem numa cama de casal. Ficaria desconfortável e quando elas estivessem
dormindo, corria o risco de uma bater acidentalmente na outra. – Vamos levar Amb para o quarto dela, depois nós
decidimos como vamos fazer para dormir. Aqui tem duas camas de casal, Annie só tem que colocar os livros na
prateleira. – Bella e Megan levaram Amber para o quarto e a acomodaram na cama,
já Demi, Anna e Hannah cuidaram dos livros e organizaram as camas para que elas
pudessem dormir aquecidas e confortáveis.
- Eu
quero saber sobre o Ricardo. – Disse Demi a Anna que franziu o cenho e se
agarrou mais a coberta.
- Posso contar? – Disse Megan e Anna arqueou
uma sobrancelha. Não era como se ela tivesse opção. Megan contaria de qualquer
forma. – Rick é o nosso vizinho e Annie está apaixonada por ele desde
sempre. Ele é mais velho quatro anos e as meninas cresceram com ele. Ele era o
tipo de garoto que está à frente de todas as brincadeiras, acho que ele era um
pouco rebelde, eu deveria ser um bebê na época, não me lembro direito.
- Você era um bebê, pequena fofoqueira. –
Disse Hannah apertando as bochechas de Megan. – Mas eu me lembro. Bella e Annie viviam atrás do Rick, eles
cresceram juntos, mas quando ele ficou mais velho, começou a andar com uns
garotos idiotas até que o pai o obrigou a estudar. Ele virou outra pessoa em
todos os aspectos e hoje é médico no mesmo hospital que Anna faz estágio.
- A mamãe o ajudou com algumas matérias, ela
era professora na faculdade que ele estudava e chefa da área de pediatria do
hospital, se não fosse ela, o Rick não teria conseguido emprego. – Disse Megan
e Anna arqueou uma sobrancelha.
- Ele conseguiria, Meggy. Ele é bom no que
faz, a mamãe só facilitou as coisas para ele. – Disse Anna e Megan revirou os
olhos.
- Ela deu aula para ele aqui dentro de casa.
Aulas de reforço porque mesmo na faculdade, ele ainda era um idiota que não
conseguia se concentrar nas aulas porque provavelmente ficava pensando e
fazendo besteiras. Eles tiveram sorte de ter a mamãe para ajudar aquele idiota, e ele ainda te beijou na
cozinha e Bella te deu cobertura porque se o papai descobrisse, o Rick estaria
ferrado. – Como Inácio tinha dito, Megan era comunicativa, inteligente e bem,
ela tinha a língua afiada e parecia não ter medo de dizer o que pensava.
- Você é tão linguaruda. – Resmungou Anna
cobrindo o rosto e Megan deu de ombros. Ela era impossível e discutir não
adiantava, pois era desgastante.
- Ela é. – Disse Hannah observando Megan e
quando a irmã a olhou, ela piscou para provoca-la. – Não confie os seus
segredos nessa pequena fofoqueira, Dem. –
Brincou e Megan a acertou um tapa no braço.
- Eu sei guardar segredos, ok? Só não acho
devemos ter segredos entre nós. Somos irmãs. Uma deve cuidar da outra, e se
tiver segredo, como vamos fazer isso? – Megan franziu o cenho quando as irmãs
olharam para ela e depois sorriram.
- Você é terrível, Meggy. Mas sabe ser um
amor às vezes. – Disse Isabella enrolando uma mecha do cabelo de Megan no dedo.
- Você está exagerando Bell, ela só é um amor uma vez por ano. Agora só no ano que vem. –
O comentário de Hannah foi motivo de riso e da careta de Megan.
- Eu só falo a verdade. E eu sei que vocês
adoram me ouvir. – Megan sorriu, ela estava deitada entre Hannah e Demi, e
Isabella e Anna. – Nós deveríamos entrar numa missão especial para ajudar Annie desencalhar. Eu não acho justo ela
passar o natal sem beijar o Rick, por mais que eu o ache um idiota e
desmerecedor da nossa menina prodígio.
Você entende de garotos, Demi e isso vai nos ajudar bastante.
- É uma situação complicada. Pelo que
percebi, ele é do tipo que está flertando o tempo todo, mas não tem atitude.
Não dá para saber o que ele quer. – Disse Demi se esforçando para se lembrar de
como Rick tinha tratado Anna. – Ele é assim com todas as mulheres? – Perguntou
a Anna.
- Ele é muito variável e como todos homens
quando tem uma garota legal por
perto, mas geralmente ele é normal. Não percebo nada especial na forma que ele
trata as mulheres do hospital. – Participar de cirurgias, partos, presenciar
cenas desgastantes e de partir o coração fazia rotina do hospital e consumia
boa parte dos pensamentos de Anna, e nos corredores, a tarefa era vigiar Rick e
atender as exigências dele. – Às vezes ele é muito sério, às vezes ele me
elogia e me olha diferente. Ele dá sinal que quer algo, só que é apenas
isso.
- Anna, pelo amor de Deus. Você já abriu uma
pessoa viva, fez partos e um monte de coisa que pessoas normais não fazem. Você
deveria tomar atitude, deixar apenas para ele não é justo. Talvez ele é mole
assim só porque você não o corresponde à altura. – Disse Megan.
- Você deveria ser tão variável quanto ele.
Mostra que se importa, mas depois seja um pouco mais ousada e o ignore. Ele vai
tomar um choque de realidade e você vai tê-lo na palma da sua mão. – Disse
Hannah e Megan se ergueu para olha-la nos olhos.
- E comece a sair com um cara, isso seria
legal. – Disse Megan pensando em milhares de teorias que poderiam ajudar a
irmã. – Droga Annie, você é a única
universitária que não vai às festas da faculdade. E você não tem amigos. – Anna
corou, mas não negou porque para ela o que de fato importava era aprender e
terminar o curso. Com todo o trabalho que era a faculdade e hospital, não
existia tempo para festas. O que sobrava, ela investia na família que sempre
tinha cuidado dela. – Demi, você tem algum amigo para Annie?
- Não tenho muitos amigos, os que eu tenho
são comprometidos. – Disse Demi pensando em André e Ed. – Vou conversar com o
Joe, ele conhece alguns rapazes do trabalho, mas eu não acho uma boa ideia
envolver outra pessoa, alguém pode acabar com o coração partido. Tudo que Anna
precisa fazer é demonstrar um pouco mais de interesse. Continue sendo discreta
e demonstre que você quer algo a mais nos pequenos detalhes. Você pode
chama-lo para tomar café dentro do hospital. Converse com ele, mas não o deixe
guiar a conversa sempre e jamais deixe que ele te intimide. Tenha controle e
atitude, os homens gostam de mulheres decididas. E nós precisamos de um encontro
duplo, o que você acha?
- Ele é meu orientador e supervisor, tenho
medo de ter algum problema. – Comentou Anna e Megan revirou os olhos com
vontade.
- Annie, não senhora. Você não vai estragar
o plano. É perfeito. Você e o Rick, a Demi e o namorado dela. – Disse Megan. –
Vão ao cinema, e Demi, você tem que sair mais cedo para deixar a Anna sozinha
com o Rick.
- É mais ou menos esse o plano. – Disse Demi
sorrindo. – Só que tem que ser essa semana, eu vou para o Texas com o Joe no
final de semana, ele vai a formatura da prima. – Comentou desanimada.
- Eu iria dizer para vocês marcarem para
amanhã à noite, mas amanhã é o aniversário do papai. – Disse Bella abraçando
Anna por trás e Demi franziu o cenho ao olha-las. Se as vozes não fossem
diferentes, não daria distinguir quem era quem porque apenas a luz do abajur estava
acesa.
- E se ele disser não? – Perguntou Anna.
- Ele não tem essa opção. Nós podemos marcar
para depois de amanhã com a condição que temos que convida-lo amanhã. – Demi riu
quando Megan a olhou e assentiu impressionada.
- Eu não vou saber o que fazer quando nós
ficarmos sozinhos. – Disse Anna olhando para Bella sobre o ombro. Demi mordeu o
lábio inferior entendendo qual era o problema. Anna não tinha experiência com
garotos, dava para perceber pela forma que ela estava insegura e pelo olhar que
tinha trocado com Bella.
- Faça apenas
o que te deixar confortável e segura. – Disse Demi fitando os olhos de
Anna. – Se você não estiver confortável com a situação, não tem problema.
Acontece. Às vezes acontece de uma forma completamente diferente do que
pensamos, e é frustrante, mas às vezes não. O segredo é não criar muita
expectativa. Deixa acontecer. – Anna sorriu assentindo, mas logo a atenção foi
desviada para Megan que tinha suspirado fundo já dormindo.
- Vamos dormir? Amanhã o dia será longo. – Só
ficaram as mais velhas acordadas. Anna e Bella foram dormir na cama vazia e
Demi ficou com Hannah e Megan. O dia foi tão cansativo e cheio de surpresas que
Demi se sentia feliz e tão cansada.
“Amor, estou
preocupado, está tudo bem?” – Joseph.
“Me avisa a hora que
é para te buscar” – Joseph.
“A Lucy está
chorando, ela está sentindo a sua falta. Mostrei uma foto nossa para ela e o
meu celular está todo babado. Sinto sua falta amor” – Joseph.
“Estamos acomodados
na cama esperando a sua ligação. Espero que esteja se divertindo” – Joseph.
“Dem?” – Joseph.
“Acabei de falar com
o seu pai, liguei para ele. Acho que você está muito envolvida com as garotas
para me responder, bebê. Tenha uma boa noite de sono, estou muito feliz porque
está dando tudo certo para você. Você merece o melhor, meu anjo. Vou sentir
saudade porque você não estará aqui comigo para me abraçar. Vou dormir com a
Lucy. Até amanhã. Nem toda a soma das estrelas é maior que o meu amor por você.
Dorme bem, gatinha” – Joseph.
Tinha
sensação melhor? Demi estava tão realizada e feliz. Ela tinha Joe, Selena, Ed, seis irmãs maravilhosas e um pai. Demi sorriu quando sentiu os braços de Hannah,
que a abraçou por trás. Megan estava próxima e por mais que a garota tinha a língua
afiada, era gentil e carinhosa. Arrumando a coberta do corpo da garota, Demi
relaxou na cama e fechou os olhos deixando que a sensação maravilhosa do
descanso a tomasse aos poucos. Bella e Anna eram garotas sonhadoras como ela e
mereciam o melhor. Alicia era de tirar o fôlego, literalmente. A pequena a
fazia sorrir e se derreter toda só com um sorriso. Inácio era o melhor pai que
uma mulher poderia ter. Ele era cuidadoso, protetor e um amor. Só faltava Dianna
para fazê-la sorrir com mais vontade.
Continua.. Oi! Tudo bem com vocês? Feliz natal um pouquinho atrasado. Era para ter postado no dia vinte e quatro, mas eu fiquei sem ideias e só consegui desenvolver a maior parte do capítulo no dia vinte e cinco. Espero que vocês tem tido um natal maravilhoso! Bem, um feliz ano novo para todas, cheio de paz, saúde, amor e todas as coisas boas que Deus possa nos oferecer. Um abraço apertado! ps. Ainda postarei a sinopse dessa segunda temporada e farei a apresentação dos personagens, desculpem pela bagunça :D