20.8.15

Capítulo 69

Sussurros em seu nome lhe perturbava. O mar estava tão lindo azul e calmo naquela tarde de sol, as ondas quebradas chegavam à terra firme molhando os pés descalços de Joe, mas de calmo só tinha o mar. A poucos centímetros de seu corpo em movimento os cabelos de Demi chicoteavam o vento, vez ou outra ela olhava para trás sorrindo logo gargalhando acelerando o passo para que ele não a pegasse.

   - Eu vou te pegar! – Gritou Joe correndo o mais rápido que podia, tinha que confessar que Demi estava dando trabalho já que ele ofegava tanto. – Eu vou te pegar pequena! – Tornou a gritar e a gargalhada gostosa dela o fez rir.

   - Joe! – O sorriso dela era tão hipnotizante que Joe perdeu-se nele quando pegou agilmente Demi em seus a envolvendo em seu calor. – O que foi seu bobo?! – Até a voz dela lhe encantava e hipnotizava. Joe a ergueu em seus braços e Demi envolveu as pernas em sua cintura. Fitara a própria coleção de estrelas, as sardinhas que pintavam o rosto dela na região dos olhos e do nariz, eram tão lindas e sexies, Joe as olhava tão encantado, perdeu-se naqueles olhos marrons e na beleza dos lábios bonitos dela.

   - Você é tão linda. – Disse Joe pondo-se de joelhos e deitando a amada na areia da praia. – Tão linda. – O sussurro lhe escapou por entre os lábios. Nada era capaz de lhe chamar mais a atenção que aquela mulher. Os olhos não conseguiam fitar nada além dos olhos marrons, a sede dos lábios dela parecia sufocá-lo então Joe se curvou deitando-se sobre o corpo da amada com todo o cuidado do mundo, roçou o nariz ao dela e o sorriso nos lábios de Demi o fez suspirar.

   - Joseph... – O gemido de dor dela em seu nome o deixou confuso e quando fitara os olhos marrons não vira mais a felicidade, apenas o medo espantado neles. – Joe. – O outro gemido de dor dela o assustou.

   - Dem, o que foi? – Perguntou preocupado e assustado quando as lágrimas começaram a rolar pelo rosto dela. Será que ele tinha a machucado? Deus! Ela era tão pequena e delicada, jamais se perdoara se tivesse a machucado.

   - Joe! – Quando Joe ergueu-se assustado para olhá-la, o coração saltou a mil por hora. Seguiu a mão dela que caminhava para a direção do ventre e o coração antes agitado ficou a um fio de parar. O vestido estava sujo de sangue naquela região, o sangue sujava até as suas pernas e suas mãos, Joe olhou aos arredores assustado sem saber o que poderia fazer e quando olhou para os olhos apavorados de Demi virou-se para olhar para trás e o medo o engoliu numa enorme e devastadora onda de sangue.

   - Demi! – O grito apavorado foi o suficiente para que Nick freasse o carro bruscamente. Miley, no banco de carona arregalou os olhos azuis ao olhar para o cunhado deitado no banco de trás completamente suado e ofegando, os olhos esverdeados arregalados, o peito subia e descia tão rápido e Joe olhava assustado para os quatro ventos. – Demi, Demi. – Tornou Joe a chamar por Demi ainda assustado e um pouco mais calmo ao notar que nada mais tivera que um sonho, ou melhor, um pesadelo.

   - Joe, calma. – Disse Miley quando Nick voltou a ligar o carro dirigindo um pouco mais devagar até que o irmão estivesse completamente calmo. – Você desmaiou, está tudo bem. – Disse assim que Joe a olhou com os olhos arregalados, mas ergueu-se ainda ofegando e acomodou-se ao banco tão aliviado por saber que só tinha sido um pesadelo.

   - Onde está a Demi? Está tudo bem com ela e com o meu filho? – Perguntou assim que se lembrou da ligação de Daniel. Ele tinha ficado tão apavorado quando escutou a voz mais apavorada do filho no telefone, logo a Jenny se juntara a conversa brigando com Daniel, mas o garoto continuou a falar com o pai de uma forma tão apavorada que Joe acabou pensando no pior e desmaiou.

   - Está tudo bem. – Disse Miley com o tom de voz mais manso para acalmá-lo. – Demi está em trabalho de parto, Alex a levou para o hospital. – Joe arregalou os olhos ao olhar para Miley. Alex? Será que.. Ai meu Deus!

   - Nick, nós podemos ir mais rápido? A minha pequena precisa de mim. E eu quero ver o meu garoto nascer. – Nick arqueou as sobrancelhas ao olhar para Joe assim que parou o carro, e quando Joe olhou pela janela respirou fundo nervoso ao perceber que Nick acabara de estacionar o carro no estacionamento.

   - Joseph, cuidado! – Gritou Miley assim que Joe saiu cambaleando do carro e logo estava correndo pelo estacionamento em direção à entrada principal do hospital, e de tão ansioso que ele estava quase fora atropelado no estacionamento por dois carros.

   - Jose.. Joseph Adam Jo.. Joseph Adam Jonas! – Por que diabos aquela mulher catava as letras no teclado? Joe ofegava muito e sentia que colocaria um ovo a qualquer momento, ele tinha que ser rápido, aliás, a recepcionista tinha que ser rápida para que ele pudesse apoiar Demi e o seu pequeno Bernardo. – Senhora, a minha esposa está dando a luz. – Disse agoniado andando de um lado para o outro e a mulher nada disse, apenas murmurou “Hum”. – Eu quero ver o meu filho nascer! – Disse já nervoso e a mulher arregalou os olhos com o olhar assassino de Joe.

   - Ele só está nervoso. – Disse Nick aproximando-se com os dedos enlaçados aos de Miley. – Joseph, calma, não tem muito tempo que ela está na sala. – Joe adentrou os cabelos com as mãos e os puxou. Tudo que ele queria naquele momento era estar ao lado de Demi e de Bernardo.

   - Sr. Jonas, Kyle irá acompanhá-lo. – Joe assentiu um pouco mais aliviado quando o enfermeiro aproximou-se e os cumprimentou. Nunca tinha sido tão impossível manter as mãos relaxadas, os dedos estavam tão trêmulos que Joe franziu o cenho enquanto tirava o suéter à medida que caminhava ao lado do enfermeiro que o instruiria e o prepararia para que ele pudesse acompanhar o parto, mas Joe já sabia muito bem como funcionava aquele processo, estivera ao lado de Demi no parto de Daniel e no de Elizabeth, por isso tirava as roupas sem se importar com as normas do hospital, ele só queria ser rápido e ágil o suficiente para dar forças a Demi.

   - Pai! – Joe esboçou um sorriso nervoso ao ver Elizabeth junto com Daniel, Eric e Jenny próximos à porta da sala do parto. Ele já estava propriamente vestido para acompanhar o parto e completamente ansioso também.

   - Orando por nós. – Disse Joe assim que Daniel e Elizabeth o abraçou. Não era hora para ele surtar como sentia que estava prestes a fazer, as crianças estavam nervosas e assustadas, ele podia sentir.

A dor era como se estivesse a partindo no meio. As pernas estavam fracas e o peito subia e descia rápido, Demi sentia a garganta seca de tanto gritar e as lágrimas de preocupação molhar o rosto. Não sabia ao certo há quanto tempo estava ali deitada naquela sala onde havia homens e mulheres pedindo que ela fosse forte. Alex tinha a levado para o hospital às pressas conforme a dor piorava, doía tanto que Demi tinha a visão turva, os sentidos desfigurados e o pensamento focado apenas em Bernardo e no bem dele. O seu pequeno estava a um passo de vir ao mundo, ela só tinha que ser um pouco mais forte, focar a força exclusivamente para ajudar o pequeno a nascer e não em esmagar a mão de Dianna. Por um momento pensara em Joe. Será que ele estava esperando por ela lá fora ansioso e orando para que Deus a ajudasse naquele momento difícil? Demi já tinha implorado tanto para que ele a ajudasse, que enviasse os seus anjos para auxiliar aqueles homens e mulheres e para que o próprio lhe desse forças e ajudasse o pequeno Bernardo a nascer. E Deus respondera que não era para ela ter medo, Demi tinha certeza que aquela voz que ecoava em sua mente era a voz dele. Era difícil não ter medo e anular a negatividade, mas tentava a todo custo ser corajosa e forte.

Mais lágrimas molharam o rosto vermelho de Demi, rolavam rápidas e grossas. A respiração estava tão falha que alternava em gritar e respirar pela boca. Quando a outra contração a atingiu com uma dor absurda quase lhe tirando a vida, Demi tombou a cabeça para trás e fechou os olhos gritando na mesma proporção da dor, apertou a mão da mãe e quando a olhou Dianna pediu que ela continuasse, podia ver ao menos três de sua mãe e ao lado dela estava o seu Joe lhe olhando com os olhos marejados e com lágrimas rolando deles. Naquele momento Demi umedeceu os lábios e sentiu toda a força que achara que não existia preenchê-la, o coração gritou de amor por aquele homem e por tudo que eles tinham construído juntos, Joe assumiu o papel de Dianna e enlaçou os dedos aos da esposa, beijou-lhe a testa e o medico gritou que já podia ver a cabeça do pequeno os deixando eufóricos e ansiosos, principalmente Demi que sorriu em meio à dor sentindo-se incrivelmente forte. Deus estava a ajudando e não poderia ser mais especial, ajeitara-se a cama de parto e com muita determinação e com todo o amor que sentia por aquele pequeno ser que tanto amava, respirou fundo e fez toda a força que conseguira, gritara, sentira a dor consumi-la e deixá-la completamente exausta, mas o choro que a começo era apenas um chiado intensificou-se forte e escandaloso preenchendo os seus ouvidos. O melhor som do mundo.

   - Eu consegui. – Disse Demi ofegando e ansiosa para ver o filho. Sentia-se tão orgulhosa de si mesma e completamente agradecida e entregue a Deus, às vezes Demi pegava-se pensando em como poderia existir um ser tão majestoso como ele. Ele sempre cuidava de todos que ela amava, dava-lhe o melhor e o maior, e agora lhe dera um filho e forças para tê-lo em seus braços. – Eu consegui Joe. – Disse mesmo com a voz rouca e falha. Joe a olhou todo orgulhoso e sorridente, beijou-a na mão e depositou um selinho demorado em seus lábios.

   - Meu anjinho, eu estou tão orgulhoso. – A voz dele estava carregada de emoção, dos olhos as lágrimas ainda rolavam e nos lábios estava o lindo sorriso de menino, mas antes que pudessem trocar todos aqueles olhares apaixonados e outro selinho, a enfermeira aproximou-se segurando um pacotinho branco nos braços.

   - Ei, olha só a mamãe e o papai. – O sorriso estava prestes a extrapolar o seu espaço. Os olhos carregados de felicidade e amor, Demi ergueu-se mesmo com o corpo protestando e fitou o seu pequeno, que na verdade não tinha nada de pequeno. Bernardo não era muito comprido, deveria ter os seus trinta e sete centímetros e bem.. Agora Demi sabia o porquê sempre estava com fome, o pequeno era cheinho e tão lindo. Ele era saudável e perfeito, Demi tocou a mão do pequeno com o dedo indicador e sorriu emocionada quando Bernardo envolveu o seu dedo com a mão. – A vovó também está aqui. – Disse a enfermeira assim que Dianna aproximou-se e sorriu de orelha a orelha observando o neto.

   - Posso pegá-lo? – Perguntaram ao mesmo tempo, mas por mais ansioso que Joe estivesse para pegar Bernardo no colo, sabia que deixaria que Demi o fizesse primeiro.

   - Tenho que levá-lo, mas daqui a pouco ele estará com vocês. – Demi deixou que levasse o filho, ele era tão lindo e tudo que ela mais queria fazer era aninhá-lo em seus braços observando cada traço enquanto discutia com Joe sobre quem Bernardo mais se parecia.

   - Ele é tão lindo. – Disse Demi sorrindo de orelha a orelha olhando na direção que a enfermeira partiu com o seu pequeno nos braços.

   - Ele se parece com você. – Dianna sorriu emocionada quando olhou para a filha. Demi era apenas um bebezinho dias atrás e agora acabara de dar a luz ao terceiro filho. O tempo passava tão rápido, ainda podia se lembrar como se fosse ontem de todas as travessuras de sua pequena, de como ela sonhava em ter a sua própria família e ganhar o mundo com a sua música. A felicidade era imensa por saber que tudo dera certo para a sua pequena.

   - As roupinhas dele, amor. – Disse Demi olhando para Joe que entendeu o que ela queria dizer. Como o parto os pegou de surpresa a bolsa de Bernardo com tudo que ele precisaria naqueles primeiros dias estava em casa.

   - O seu pai foi buscar, já deve estar chegando. – Disse Dianna e Demi assentiu aliviada. A roupinha que Joe comprara para o pequeno era perfeita e era a primeira roupinha que Demi queria que Bernardo usasse.

   - Acho que eu não posso ficar. – Joe olhou para a esposa e suspirou. Demi nunca imaginaria como ela era especial para ele. – Amo você anjinho, até daqui a pouco. – Beijando-a na testa, Joe olhou para as enfermeiras que aguardavam para cuidar de Demi e pediu que elas tivessem cuidado com a sua menina e então com pesar ele saiu da sala desejando estar com Demi. Estava preocupado, Demi estava radiante, porém parecia tão fraca e abatida, queria poder fazer alguma coisa para vê-la saudável e diabos.. porque um parto tinha que ser tão difícil como era?

   - Joseph! Como eles estão? - Denise parecia atordoada e tão agitada quanto Joe quando chegara ao hospital. Olhando para a mãe, Joe sorriu com lágrimas nos olhos e Denise o envolveu nos braços num abraço carinhoso de mãe.

  - Estão bem. – Disse Joe sem partir o abraço. Ele precisava tanto daquele abraço acolhedor de mãe, pois estivera com tanto medo de algo ruim acontecer com Demi ou com o pequeno Bernardo. – Ele é tão lindo, mãe. – Disse assim que olhou para os olhos da mãe e Denise o beijou no rosto e o abraçou com mais força.

   - Estou ansiosa para vê-lo, aposto que ele tem os seus olhos. – Joe não queria mesmo largar a mãe, então a abraçou de lado para que eles pudessem caminhar para a sala de espera.

   - A Dianna disse que ele se parece com a Dem. – Comentou Joe esboçando aquele seu sorriso de menino. Seria justo com Demi que pelo menos um de seus filhos herdasse os seus lindos olhos marrons. – Ele é tão fofinho mãe, tão lindo. – Denise sorriu observando Joe falar de Bernardo. Ele estava tão feliz que os olhos chegavam a brilhar, a voz macia e alegre.

   - Ai meu Deus! – Daniel andava de um lado para o outro agoniado, tinha as mãos na cintura e chegara a suar. Elizabeth estava sentada ao lado de Eric, as mãos da menina tremiam e Lizzie parecia estar longe em seus pensamentos. – Como eles estão? – Perguntou Daniel quase derrubando o pai. Deus! O garoto estava a ponto de ter um ataque do coração de tão nervoso e preocupado.

   - Calma, eles estão bem. – Disse Joe apoiando as mãos nos ombros de Dan para aquietá-lo num só lugar. – Ocorreu tudo bem, Bernardo é saudável e as enfermeiras estão cuidando dele e da sua mãe. – Disse olhando para os olhos do garoto que acabou abraçando o pai com força.

   - A mamãe está bem? – Perguntou Elizabeth levantando-se num salto ao notar o pai. Estivera tão preocupada, principalmente depois que mentira dizendo que iria ao banheiro, mas na verdade passara por despercebida para a área restrita e ouviu os gritos arrepiantes da mãe.

   - Está. – Disse Joe puxando Lizzie para o abraço que partilhava com Daniel. – Quero que vocês sejam compreensivos um com o outro, nada de briga e nenhuma confusão Daniel. Nós temos que cuidar da mamãe e do Bernardo, tudo bem? – As crianças se olharam e trocaram aqueles olhares confidentes até que assentiram. Por a mãe e o irmão eles poderiam manter uma espécie de trégua por um tempo.

   - A mamãe está mesmo bem? – Perguntou Elizabeth olhando atentamente para o pai e Joe assentiu a olhando nos olhos.

   - Está meu anjo, ela só precisa de repouso. – Joe beijou a testa da filha e a abraçou carinhosamente para confortá-la. Lizzie parecia mais assustada que feliz. - Um parto não é nada fácil, mas ela vai ficar bem. – Joe correu os olhos pela sala e espantou-se a início ao ver Alex sentada ao lado de Jenny e uma menininha que ele não conhecia os observando. Na verdade ele nem prestara bastante a atenção quando Miley dissera que Alex levara Demi para o hospital já que todo foco estava em Demi e Bernardo.

   - Mas você disse que ela estava bem! – Disse a menina e Joe arqueou as sobrancelhas.

   - Ela está bem meu anjinho, o que o papai quis dizer é que ela precisa se recuperar do parto para ficar novinha e folha. – Elizabeth correu dos braços do pai para os braços das avós que conversavam entre si e Joe caminhou até Alex e Jenny para cumprimentá-las. – Oi mocinha. – Disse sentando-se ao lado de Jenny e eles trocaram um abraço confortável em consideração a boa amizade que tinham. Joe adorava conversar com Jenny e ela com ele, a personalidade da menina parecia tanto com a dele, os gostos musicais e cinematográficos eram os mesmos, o que resultava uma boa tarde de conversas animadas.

   - Por que você não conversa Elizabeth? Ela é sua amiga e precisa distrair um pouquinho. – Disse Alex à filha assim que percebeu que Joe queria conversar a sós com ela, porém estava sem jeito para pedir que Jenny os deixasse sozinhos.

   - Obrigado, eu não sei o que aconteceria se você não estivesse por perto. – Disse Joe assim que Jenny caminhou até Elizabeth sobre o olhar da mãe e de Joe. E pensando no que acabara de falar Joe franziu o cenho sem entender o porquê Demi estar perto de Alex e vice-versa. – A bolsa estourou? Como aconteceu? – Perguntou curioso fitando os olhos de Alex.

   - Demi me procurou. – Começou a dizer e Joe levou a mão à testa. Até quando ele teria que vigiá-la? Às vezes Demi era como uma criança que era só sumir de vista que começara apontar. – Nós tivemos uma conversa sincera, esclarecemos muitas coisas que nos perturbavam há anos. Perdoamos-nos. Quando ela estava de saída à bolsa rompeu e as cólicas começaram, tentei entrar em contato com você, mas o seu celular estava desligado, então achei melhor levá-la para o hospital enquanto Jenny tentava contato com um de seus filhos para te avisar. – Joe estava surpreso e ao mesmo tempo queria dar umas boas broncas em Demi, ela deveria descansar e não procurar encrencas, ao menos Alex não era mais uma “inimiga” e sim uma amiga que Joe seria eternamente grato.

   - Não é bom guardar rancor por ninguém e eu fico muito feliz por vocês duas, isso era muito importante para a Dem, ela estava se preparando há meses para conversar com você. Sem contar que as crianças tem uma amizade forte. – Joe franziu o cenho ao observar os filhos. Daniel conversava com Miley e Nick, e Elizabeth ainda estava nos braços das avós e Jenny desconfiada e assustada.

   - Então, está tudo bem com a Demi e o bebê? – Alex não deixou de sorrir ao ver o sorriso de orelha a orelha de Joe. Ele estava tão radiante. Bernardo era o centro das atenções, para todos da família Joe contava sobre o pequeno e como ele era fofo.

(...)

A aparência física era gasta e sofrida. Demi estava tão cansada e abatida que assim que Joe, um tanto preocupado, adentrou o quarto e a encontrou dormindo, ele arregalou os olhos assustado com o estado da esposa uma vez que Demi não sofrera tanto como no parto dos outros dois bebês.

   - Oh meu anjo. – Sussurrou Joe baixinho sentando-se na poltrona branca que ficava logo ao lado da cama e aproveitando que Demi estava mais próxima do lado que ele estava, Joe curvou-se e tocou-lhe a mão com todo o cuidado do mundo. Observou centrado o quanto delicada ela era, como era a mulher mais linda e encantadora mesmo depois de um parto que exigira muito dela. – Obrigado por protegê-la. – Tornou a sussurrar Joe agradecendo a Deus por ter atendido todos os seus pedidos.

   - Joseph? – A voz fraca e sonolenta de Demi soou pegando Joe desprevenido. Era para ela estar dormindo para recuperar as forças. – Onde está o nosso Bernardo? – Perguntou Demi o fitando. As mães eram simplesmente os seres mais incríveis de todo o mundo! Joe sorriu e depositou um beijo na mão da esposa, respirou fundo sem conseguir conter o sorriso e a agradeceu de todo o seu coração por ter sido forte para dar à luz ao pequeno Bernardo.

   - Ele deve está chegando. – Se fosse Demi a única a estar completamente ansiosa para ter o bebê nos braços.. Joe só faltara invadir a sala do pediatra que realizava os demais processos de pesar, medir e verificar se estava tudo bem com Bernardo. A ansiedade era tão grande e sufocante que ele considerara aquela loucura, mas acabara se convencendo que esperar mais algumas horas não o mataria até porque ele já esperara nove meses. – Como você está? Est.. Está doendo muito? – Perguntou com receio e medo que alguma coisa de errado estivesse acontecendo com Demi.

   - Eu só quero o nosso filho, Joe. – Disse Demi um pouco baixo demais fitando os olhos brilhantes de Joe. – Estou cansada e me sinto vazia querido, e não está doendo mais, o pior já passou. – Demi sorriu na tentativa de animá-lo, pois sabia que Joe estava preocupado com o seu estado de saúde. – Agora eu acho que mereço um beijo e depois você pode buscar Bernardo para mim. – Joe esboçou aquele sorriso apaixonado e curvou para cobrir os lábios da amada com os seus num beijo lento e carregado de amor.

   - Olha só Bernardo, acho melhor a gente voltar outra hora, o papai e a mamãe já estão providenciando um bebezinho para brincar com você. – O coração de Demi quase saiu pela boca ao ouvir a voz da enfermeira que a ajudara no parto, olhara para Joe esboçando o seu melhor sorriso e ajeitou-se na cama na melhor posição para receber Bernardo em seus braços. – Olha o papai, anjinho. – Bernardo era tão encantador que rolaram lágrimas de pura alegria pelo rosto de Joe assim que ele se levantou e se aproximou da enfermeira para ver o seu bebê.

   - É o papai, rapazinho. – Joe não secou as lágrimas e nem se importava com elas, aninhou Bernardo em seus braços fortes mesmo com os resmungos de Demi. Ele era tão lindo! Simplesmente lindo e saudável! A pele ainda estava rosada, mas Joe tinha certeza que ele puxara a mãe. As bochechas eram cheinhas, o rosto tinha os traços delicados como o rosto de qualquer recém-nascido, os cabelos eram uma leve sombra não escura e não muito clara, mas alguns fiozinhos denunciara que Bernardo teria os mesmos cabelos castanhos amarronzados da mãe. Deus! O pequeno não chegara a ser um bebê gordinho, ele não era muito comprido e os membros não eram magros, eram levemente cheinhos e fofos. – Deus! Você é tão lindo meu amor, tão lindo! – Disse Joe emocionado levando o rosto à região da barriga de Bernardo para começar a beijá-lo dali ao rosto.

   - Joe! – Murmurou Demi toda manhosa. Ela estava tão ansiosa para aninhar Bernardo em seus braços por mais que ver Joe mimar Bernardo fosse à coisa mais fofa do mundo.

   - É só a mamãe meu anjinho. – Disse Joe tentando acalmar o pequeno já que quando tentara colocá-lo nos braços da mãe com todo o cuidado do mundo Bernardo começou a chorar assustado e faminto.

   - Sou eu, a mamãe anjinho. – As lágrimas rolaram incontrolavelmente pelo rosto de Demi assim que aninhara o pacotinho azul com o seu anjinho o protegendo em seus braços. Ele era simplesmente lindo! Tão lindo e delicado o seu bebezinho. Demi o beijou e o tocou nas mãos e acariciou as bochechas, contornou a orelhinha rosada e com muito cuidado acariciou os poucos cabelos ralhos que cobriam a cabeça do pequeno. – Shh.. shh.. A mamãe está aqui. – A voz soou tão carinhosa quase numa canção de ninar. Demi o tocou e o beijou, conversou com o pequeno até que ele estivesse mais calmo, porém ainda continuara irritado até que a enfermeira pediu que Demi o alimentasse e ela o fez. Ajudou Bernardo o posicionando em seus braços para que ele não engasgasse e pudesse abocanhar o bico de seu seio da forma correta para se alimentar e garantir a produção do leite materno uma vez que é necessário estimular as glândulas mamarias localizadas ao arredor do bico do seio.

   - Ele está com muita fome? – Perguntou Joe curioso assim que a enfermeira os deixou a sós e curvando-se para poder olhar o filho mamar.

   - Está, mas ele não é desesperado como os irmãos. – Demi deixou de fitar o filho por alguns segundos para sorrir e fitar os olhos de Joe. Céus! Daniel e Elizabeth eram recém-nascidos tão esfomeados e insaciáveis, já Bernardo estava com fome, porém não precisava fazer um escândalo para chamar a atenção da mãe. – Olha como ele é lindo amor, tão lindo e paciente.  – Joe acabou se sentando ao lado de Demi na cama, deitou a cabeça no ombro dela e brincou com Bernardo o tocando com os dedos até que o pequeno envolveu o indicador de Joe com a sua mãozinha cheinha numa leve pressão.

   - Papai ama você rapazinho. – Disse Joe curvando-se para depositar um beijinho delicado na testa do filho.

   - Joe, amor... – O sussurro de Demi assustou Joe que observava Bernardo mamar a minutos e mais minutos e quando Demi o olhou nos olhos Joe quase infartou preocupado ao ver as lágrimas que rolavam pelo rosto dela, mas logo um sorriso formou-se nos lábios bonitos acalmando os seus nervos. – Nosso menino, amor. Ele é tão lindo. – Disse Demi emocionada. Esboçando um sorriso orgulhoso, Joe ergueu-se e secou as lágrimas que rolavam pelo rosto de Demi, fixou o olhar e depositou um beijo apaixonado nos lábios dela.

   - Nosso menino, princesa. – Olharam-se com os olhos brilhando de alegria até que trocaram outro beijo lento e gentil. E claro, focaram em Bernardo por tanto tempo conversando com o pequeno e rindo das expressões que o bebê fazia quando a mãe o tocava até que a canção de ninar cantada pelos pais foi o suficiente para fazê-lo dormir depois de golfar.

Ficar longe do pequenino fora um problema para Demi, ela queria segurá-lo o tempo todo para observá-lo dormir serenamente e guardar o sono tranquilo de Bernardo e Joe a importunava já que também queria segurar Bernardo e mimá-lo enquanto o pequeno dormia. Discutiam numa troca de olhares porque não podiam “dialogar” porque gritariam um com o outro.

   - Eu quero ficar com ele. – Sussurrou Joe tentando pegar o pequeno e Demi franziu o cenho e usou a mão livre para empurrá-lo. – Deixa de ser egoísta Demi! – Murmurou Joe tentando se equilibrar para pegar Bernardo dos braços da mãe, porém Demi o empurrou de novo e dessa vez Joe caiu da cama.

   - Eu não sou egoísta! Só quero ficar com o meu bebê. – Joe cerrou os olhos ao olhá-la. Era óbvio que ela era egoísta, ele só queria segurar Bernardo um pouquinho e depois o colocaria no berço.

   - Nosso bebê! Querida, deixe-me segurá-lo só um pouquinho. – Só depois de beijar Bernardo e verificar se estava tudo bem com ele que Demi o ajeitou nos braços do pai que sorriu bobo vendo o seu pequenino vestido com a roupinha que ele mesmo tinha comprado meses atrás quando descobriu que a amada esperava um bebê seu. – Vou colocá-lo no berço. – Disse Joe ainda bobo beijando e aspirando aquele cheirinho fascinante de bebê.

   - Verifique se tem não nenhum objeto que possa machucá-lo. – Disse Demi assim que Joe aproximou-se do berço. Ela queria tanto poder se levantar para ajudá-lo, mas estava morrendo de medo de fazer algum movimento brusco demais e complicar a cicatrização dos pontos ou qualquer outra coisa que poderia prejudicá-la. – Joe, cuidado! – Disse assim que viu que Joe segurava Bernardo só com um braço e com o outro usava a mão para tatear a superfície do colchão.

   - Eu sei amor, não vou deixar nada de mal acontecer com o nosso bebê. – Joe deitou Bernardo de lado berço, uma posição um pouco desconfortável, porém uma das mais seguras segundo os médicos para que o recém-nascido não corresse nenhum risco de morte durante o sono. – Você tinha que vê-lo, ele é tão lindo dormindo. – Comentou enquanto cobria o pequeno com o cobertor antialérgico azul com desenhos de estrelas brancas que Bernardo ganhara do tio Kevin.

   - Queria que as crianças estivessem aqui com a gente. – Choramingou Demi tristonha e enciumada vendo Joe beijar a bochecha de Bernardo desejando um bom sono e dizendo que amava o pequeno. – Eu, você e os nossos anjinhos. Seria tão perfeito. – Joe sorriu assentindo e sentou-se a beirada da cama.

   - Elizabeth está muito assustada e preocupada com você. – Disse Joe ajeitando o cobertor no corpo de Demi. – Daniel estava para colocar um ovo. Eles estão preocupados com você, querida. – Demi franziu o cenho não gostando nada de saber que os filhos estavam naquele estado, um parto não era lá um bicho de sete cabeças.

   - Pensei que você não queria ficar comigo. – Disse Demi um pouco baixo demais para não acordar Bernardo quebrando o silêncio que se formara entre eles. – Alex me trouxe para o hospital, ela é incrível Joe. Ela estava tão preocupada e nervosa, mas mesmo assim conseguiu me acalmar. – Joe assentiu lembrando-se da conversa com Alex. Ela realmente parecia ser uma boa pessoa.

   - Eu estava negociando com um espanhol que Sara está louca para conseguir um contrato, mas não deu muito certo.. Ele parecia não entender as coisas ou fingia não entender, perdi a paciência e quando eu estava descendo as escadas para voltar para o escritório meu celular tocou, era Daniel. Ele me avisou que você tinha entrado em trabalho de parto de uma forma tão desesperada que pensei no pior e desmaiei. – Demi o olhou com curiosidade e riu.

   - Um homem desse tamanho desmaiando, Joseph! – Demi tornou a olhá-lo, mas dessa vez concentrou-se em todos aqueles músculos dos braços e o peitoral largo. – Você é tão forte, não consigo te imaginar desmaiado no meio da rua só porque Dan foi um pouquinho exagerado. – Tocara os braços dele contornando os bíceps e finalmente espalmou o peito como ela adorava fazer.

   - Só tenho músculos Dem, se eu estivesse no seu lugar e tivesse que dar a luz... Uau! Eu não teria conseguido. – Disse Joe um tanto assustado só de imaginar como aquilo acontecia... Era tão estranho e encantador ao mesmo tempo.

   - E eu não suportaria passar o dia no escritório mexendo com aquela papelada chata, trabalhando com pessoas exigentes e que não falam a nossa língua. Ah! E Eu acabaria surtando com aquelas planilhas e aquela coisa de organizar documentos por data. – Joe riu e aproximou-se mais da esposa gostando de sentir as mãos femininas delas em seu peito o acariciando.

   - Eu acho que eu seria uma boa mãe, não melhor que você, mas eu iria adorar amamentar, ficar com o meu bebezinho o dia todo e não deixar ninguém tocar nele. – Demi fez careta com a indireta dele, mas riu enquanto ele a abraçava de lado.

   - Nós vamos acordar o nosso pequeno. – Sussurrou Demi aninhando-se a ele da melhor forma que pudera. Tudo estava tão bem e em perfeita ordem. A relação com Joe só melhorava a cada dia, a carreira estava parada, porém tudo estava nos eixos e ela até fora indicada ao Grammy! Elizabeth já não estava mais estranha e Demi sentia que tinha feito à coisa certa com a filha, orientou-a e a encaminhou, de agora em diante deixaria que Lizzie tomasse as próprias decisões, claro que a acompanharia de longe para que a menina não fizesse uma besteira horripilante. Bem, Daniel não parecia tão triste como estava quando terminou o namoro com Jenny, e Demi tinha certeza que se ela fosse um pouquinho mais persistente Alex aprovaria o namoro. E a melhor parte sobre si mesma. Ela estava bem, feliz e segura consigo mesma. O medo havia sumido e junto com culpa e a família ganhara um novo membro, aliás, ganhara sete membros contando com Bernardo e a cachorrada! – O que foi? – Perguntou Demi baixinho fitando os olhos de Joe que fitava os dela intensamente. Mas ele não disse nada, esboçou um pequeno sorriso e continuou a fitar os olhos dela e conforme se aproximava Joe revezava em fitar os olhos e os lábios de Demi. Ele o fez até que os lábios estavam a pouquíssimos centímetros de selar os dela, as respirações se misturavam e o desejo estava estampado nos olhos de ambos até que Joe o saciou selando os lábios aos dela.

Joe não queria passar dos limites e nem forçar nada, naquele momento ele só queria mostrar a Demi como ele estava feliz e orgulhoso por ela ter sido uma guerreira, então o beijo fora simples, porém era o suficiente para que ambos sentissem o quão especial um era para o outro. Até que o grunhido do estômago de Demi a deixou tão corada de vergonha que ela finalizou o beijo com um rápido selinho e escondeu o rosto na curva do pescoço de Joe.

   - Dem? Você ainda não comeu? – Perguntou Joe da forma mais carinhosa que conseguira para não constrangê-la mais. – Está tudo bem. – Disse afastando-se um pouco para que pudesse olhá-la. – Você ainda não comeu? – Perguntou acariciando o queixo dela com a mão e Demi desviou o olhar dele ainda envergonhada.

   - Não. – Murmurou e Joe cerrou os olhos. Ela deveria estar com fome, o esforço físico fora devastador, não era para menos que o estômago gritava por comida.

   - Deus! Eu vou buscar comida para você. – Joe a beijou rapidamente no rosto e levantou-se determinado a enfrentar quem quer que fosse para trazer comida para Demi. Céus! Ela precisava se alimentar para recompor as forças para estar bem para amamentar Bernardo.

   - Sr. Jonas, vim verificar como Demi e o bebê estão. – Joe surpreendeu-se ao topar com o médico que fizera o parto de Bernardo assim que abriu a porta do quarto e com ele uma mulher de branco trazia um carrinho com algumas bandejas, o que deveria ser o jantar de Demi.

   - Demi precisa se alimentar. – Murmurou Joe um pouco irritado conforme a mulher adentrava a sala com o carrinho. Bem, Demi estava literalmente faminta e o prato de sopa recheado de verduras e carne nunca pareceu satisfazê-la tanto, Joe apostara que se Dianna estivesse ali naquele exato momento enquanto a filha se alimentava, ela daria pulos de alegria.

   - Vocês fizeram um bom trabalho, ele está dormindo tem muito tempo? – Perguntou o médico depois que verificou se tudo estava nos conformes com Bernardo.

   - Pouco mais de uma hora, ele mamou e dormiu. – Joe estava tão encantado observando Demi comer avidamente uma cocha de frango que mal olhara para o médico. Aquela deveria ser a primeira vez em anos de casado que ele a via comer daquela forma.

   - É um bebê muito saudável e forte. – De certo modo Joe não gostou nadinha da forma que o Dr. Allan, médico que fizera o parto de Bernardo, olhou para Demi, porém preferiu ignorar aquela pontadinha de ciúme que começara a incomodá-lo. Nesses últimos meses Joe não podia negar que tinha sido fácil controlar o ciúme, ele tentara a todo custo e conseguira claro que agora não brigava com Demi como fazia antes, bastava um olhar matador para os homens que devorava a esposa com os olhos ou até mesmo ignorá-los e seguir em frente com Demi ao seu lado. – Não foi um parto fácil, nós pensamos que ela não tinha mais forças, mas ela nos surpreendeu. – Joe arqueou as sobrancelhas afirmando consigo mesmo que aquele médico estava apenas impressionado com a força de Demi, e que a maneira que ele a olhava era apenas admiração...

   - É o nosso terceiro filho. Os partos nunca são fáceis, mas a Dem é muito forte e Deus sempre nos ajuda. – Comentou Joe esboçando um sorriso assim que Demi o olhou e corou ao perceber que era observada enquanto se alimentava como uma selvagem. Mas Deus! Ela estava tão faminta que poderia comer um elefante e ainda repetir.

   - Srta. Lovato! Não sei se a senhorita se lembra, mas fiz o parto do seu filho a algumas horas. – Agora Joe tinha certeza que aquele médico estava um pouco empolgado demais. – Digo: a senhorita estava um pouco nervosa e não deve se lembrar de mim. – Suspirando, Demi choramingou mentalmente. Poxa, o frango estava tão delicioso e ela não poderia simplesmente pedir que ficasse sozinha com a comida, Bernardo e Joe.

   - Por favor, Sra. Jonas. – Disse Demi esboçando o seu melhor sorriso. – Claro que eu me lembro, nunca vou me esquecer. – Até hoje não tinha um simples detalhe no parto de Daniel que ela não se recordava, das palavras de Dianna a primeira vez que vira o rosto do pequeno. Com Lizzie também era o mesmo assim como com Bernardo. – Está tudo bem com o meu filho? – Perguntou já que até agora não sabia muito sobre Bernardo. E saber que ele nascera com nada mais nada menos que três quilos e seiscentas gramas e trinta e sete centímetros de comprimento lhe dera um sorriso magnífico, o pequeno era realmente saudável, não havia nada que pudesse lhe roubar o sono, claro, apenas a fome de Bernardo nas próximas noites.

   - Pega ele para mim amor. – Joe sorriu de orelha a orelha ao ouvir o choro chiado de Bernardo, ele era tão calminho que assim que estava aninhado aos braços do pai parou de chorar sentindo-se protegido e aquecido.

   - Quero ficar com ele querida. – Demi fez careta, mas assentiu e observou cada detalhe conforme Joe caminhava e se sentava à cadeira. – Nós podemos receber duas visitas? – Perguntou a Allan que ainda estava no quarto, mas dessa vez estava mais focado em Bernardo a fitá-la indiscretamente.

   - Os seus filhos? – Por que ele tentava flertar com ela mesmo com Joe presente? Ela era casada e a aliança de ouro e brilhantes mostrava muito bem aquilo.

   - O senhor pode chamá-los para mim? Daniel e Elizabeth. – Bem, fuzilá-lo não pareceu dar muito certo, então ao menos poderia despachá-lo e ainda ter os seus bebês todos juntos e pertinho dela e de Joe.

   - Claro. Com licença. – Demi respirou fundo aliviada quando o homem saiu do quarto, porém levou a mulher que a serviu junto com a comida. – Amor, por que você não bateu nele? – Disse assim que olhou para Joe, mas ele estava tão envolvido sorrindo e olhando para Bernardo em seus braços.

   - Joe, quero ficar um pouquinho com ele. – Murmurou manhosa e Joe levantou-se e caminhou a passos lentos para perto dela.

   - É só a mamãe, não precisa ter medo pequeno. – Bernardo adorava ficar nos braços do pai, prova disso foi quando Joe foi colocar o pequeno nos braços de Demi e ele ameaçou chorar, mas assim que ouviu a voz da mãe acalmou-se. – O papai vai ficar ai pertinho. – Disse Joe sentando-se a cama e descansando a cabeça no ombro de Demi para fazer o que ele mais gostava: olhar e mimar Bernardo.

   - Mãe? – Demi sorriu de orelha a orelha ao escutar a voz de Elizabeth e logo a porta foi aberta pela menina e por Daniel. Eles pareciam tão receosos e assustados, mas assim que olharam para Demi e o pacotinho azul em seus braços, respiraram aliviados e só Elizabeth caminhou até a beirada da cama, Daniel preferiu ficar de longe os olhando. – Ai meu Deus! – Murmurou a menina arregalando os olhos ao fixar o olhar no pequeno Bernardo. Aquilo era tão fantástico e estranho ao mesmo tempo. Lizzie se lembrara do que acontecera naquela manhã, a barriga da mãe estava enorme e nela tinha um bebezinho que agora estava nos braços da mãe quietinho.

   - Vem cá. – Demi chamou a menina e Lizzie sentou-se a beirada da cama e pela primeira vez sorriu ao olhar para o irmão. – A sua irmãzinha está aqui pequeno, ela sempre vai cuidar de você quando a mamãe não estiver por perto, o papai, ela e o seu irmão. – Daniel engoliu em seco assim que a mãe o olhou e ele respirou fundo caminhando para perto da cama. – Tudo bem meu amor? – Perguntou a Daniel que assentiu balançando a cabeça. Ele estava sério e não parava de fitar Bernardo.

   - Posso tocá-lo? – Perguntou Elizabeth curiosa fitando os olhos da mãe e Demi assentiu esboçando um pequeno sorriso para a filha.

   - É só um bebezinho querida, ele não vai te machucar. – Disse Joe ao ver que a filha tocara apenas o pé de Bernardo e esperara pela reação dele. – Ele gosta de apertar o dedo. – Joe levou o dedo à mãozinha do pequeno e Bernardo a apertou. – Você gosta mais do papai do que a mamãe, não é pequeno? O papai vai contar muitas historinhas para você, vai te ensinar a deixar a mamãe louca e conquistar as gatinhas da escola. – Demi arqueou as sobrancelhas e só não gargalhou porque assustaria Bernardo.

   - E o papai vai dormir no quintal nesse frio enquanto a mamãe dorme na cama quentinha com o bebezinho dela. – Joe engoliu em seco com o olhar da esposa, sabia que ela estava brincando, mas aprendera com anos e anos de casado que jamais deveria duvidar da capacidade de uma mulher, principalmente a de Demi.

   - Ele não está com fome? – Perguntou Elizabeth levando o dedo para a mãozinha de Bernardo que o recebeu com um abraço tímido. – Eu posso pegá-lo no colo? Doeu muito? Por que ele está com os olhos fechados? – Às vezes Elizabeth deixava Demi tonta com tantas perguntas, e daquela vez não foi diferente.

   - Ele é muito pequeno ainda, quando ele estava dentro da barriga tudo era escuro, por isso ele ainda não consegue enxergar direito e não abriu os olhos, ele precisa se adaptar ao nosso mundo. – Explicou Demi deslizando as pontas dos dedos pelo rosto de Bernardo. – Ele já mamou, e você pode ficar um pouquinho com ele, mas tem que ter muito cuidado, ele não pode cair e nem ficar exposto ao frio e calor. – Pensar que Bernardo poderia cair ou que ela não conseguira posicioná-lo corretamente nos braços assustara a menina e Lizzie não queria mais pegar o irmão com medo de machucá-lo. – E doeu muito querida, mas sempre vale a pena. – O sorriso dos filhos falava mais alto que toda aquela dor, vê-los felizes e sempre ao lado dela era o que mais importava.

   - Vocês vão ter mais bebês? – Perguntou Elizabeth brincando com a mãozinha de Bernardo ao mesmo tempo em que fitava os olhos da mãe e logo os do pai.

   - Eu estou velha para ter mais bebês. – Comentou Demi fitando o rosto de Bernardo. – Ter um bebê dá muito trabalho e é uma responsabilidade enorme, e eu já tenho três bebês para cuidar. – A felicidade de Demi era tão grande que ela mal conseguiu conter um sorriso ao olhar para Bernardo, Elizabeth e Daniel.

   - Você não está velha. – Disse Daniel pela primeira vez sentando-se ao lado da irmã e fixando o olhar no irmão.

   - É claro que não está. Nós ainda podemos ter muitos bebês, querida. – Pronunciou-se Joe e Demi arqueou as sobrancelhas ao olhá-lo.

   - A fabrica está oficialmente fechada. – Demi riu da careta de Joe e o beijou no rosto. Daniel e Elizabeth já a deixava maluca de preocupação, imagina Daniel, Elizabeth e Bernardo? Demi iria enlouquecer. – O que foi Dan? Você não.. não gostou dele? – Perguntou Demi ao garoto com um pouco de receio. Daniel a intrigava com aqueles lindos olhos verdes fitando incansavelmente o pequeno Bernardo.

   - Eu.. – Começou a dizer Daniel recebendo os olhares carregados de ansiedade dos pais e da irmã. – Ele é tão.. tão lindo. – Disse o garoto esboçando um sorriso para o pequeno Bernardo. – E pequeno. Eu nunca fiquei perto de um bebê assim, tenho medo de machucá-lo. – Daniel realmente estava com medo de machucar o irmão, tanto que quando levara a mão até a do pequeno a tocou com muito receio. – Fiz alguma coisa de errado? – Perguntou o garoto assustado afastando a mão quando o pequeno moveu os bracinhos e ameaçou a chorar.

   - Claro que não, ele só está com fome. – Disse Joe e Bernardo realmente estava com fome, sugara o bico do seio da mãe sem pestanejar quando Demi o ofereceu.

   - Isso dói? – Perguntou Elizabeth curiosa como sempre observando o irmão se alimentar.

   - Ei, rapazinho, vai devagar. – Disse Demi ajeitando o pequeno nos braços. Bernardo estava mais esperto e sugava com mais fome. – Não dói, mas quando os dentinhos começam a nascer e o bebê começa a te morder dói. – Demi olhou para Elizabeth e logo para Daniel e riu. – Vocês dois adoravam fazer isso comigo. No dia que você nasceu Daniel estava com tanto ciúme que chorou quando viu que tinha um bebezinho mamando no lugar dele e praticamente te expulsou e tomou o seu lugar. – Disse Demi a Elizabeth, e eles riram da careta de Daniel.

   - A gente dava muito trabalho? – Perguntou Daniel aproximando-se mais de Bernardo para depositar um beijinho no pé do pequeno.

   - Vocês ainda dão trabalho. – Disse Joe enlaçando os dedos aos de Demi. – Você adorava quebrar os vasos de cristal da sua mãe e Elizabeth as maquiagens. Uma vez vocês quebraram a nossa árvore de natal e a casa quase pegou fogo. – Eram tantas lembranças que Joe poderia passar a noite em claro contando todas as histórias de Daniel e Elizabeth quando eram bebê.

   - Acho que eu me lembro. – Disse Daniel estranhando a irmã aninhando-se a ele para que pudessem ficar juntos e confortáveis perto da mãe observando Bernardo. – Na verdade eu me lembro da bronca que a gente levou, acho que nunca vi a mamãe tão brava. – Demi era uma ótima mãe, sempre fazia o impossível pelos filhos e cuidava deles com a sua vida, mas quando eles aprontavam, ela não perdoava.

   - Eu me apresentei naquele dia, obriguei o meu piloto a pilotar na nevasca, cheguei em casa faltando poucas horas para a meia-noite, improvisei a melhor ceia e montei a árvore de natal, não passou da meia-noite e vocês dois deram um jeito de derrubá-la, deu curto-circuito no pisca-pisca, a árvore começou a pegar fogo, o fogo passou para a cortina e se não fosse o alarme de incêndio e o seu pai... – Naquela noite Demi quase morrera, não por conta das chamas que por um pouco não incendiaram toda a sua casa, quase morrera de preocupação e medo pelos filhos e Joe.

   - Nós passamos o natal onde? – Perguntou Elizabeth de olhos arregalados brincando com os pezinhos de Bernardo.

   - No hospital. – Disse Joe levantando-se da cama para conferir a hora no relógio. – Vou pedir para Kevin ficar com vocês essa noite, está tarde e nós precisamos descansar. – Os protestos foram tantos, ninguém queria ir para a escola no dia seguinte e muito menos Demi queria que eles ficassem longe.

   - Eles não podem ficar comigo? – Perguntou Demi tirando Bernardo do seio e o colocando para golfar.

   - Você precisa de uma boa noite de sono Dem, e não tem espaço para nós três na cama e nem na poltrona. – Joe passara um mês dormindo numa poltrona quando Demi estava em coma, era tão desconfortável, mas de lá ninguém o tirou e nem o tiraria naquela noite, fora que dormir com Daniel e Elizabeth na poltrona era algo impossível.

   - Não podemos levar a mamãe e o bebê hoje para casa? – Perguntou Elizabeth. A menina gostava tanto de ficar com a mãe e conversar sobre milhares e milhares de coisas, e agora com Bernardo ela não largaria Demi nem mesmo para ficar com Eric.

   - Hoje não princesa, talvez amanhã ou depois. – Disse Joe para a infelicidade dos filhos. – Vocês tem um minuto para se despedir da mamãe e do Bernardo. – Demi recebeu beijos exagerados e abraçados afobados, Daniel e Elizabeth não queriam ir, mas Joe os levou para que Kevin ou Nick cuidasse deles naquela noite.

   - Joe, a gente podia dar um jeito. – Disse Demi assim que Joe adentrou o quarto. E ele cerrou os olhos ao ver que Demi não estava na cama, estava em pé e ajeitava Bernardo no berço.

   - Deus! Você é tão teimosa Demetria, por que não me esperou? Não quero que você fique fazendo estripulias, está na hora de descansar querida. – Demi assentiu calada, cobriu Bernardo com o cobertor até a altura do peito deixando os bracinhos de fora para que ele não corresse nenhum risco durante o sono. – Onde Dan e Lizzie dormiriam? Prometo que amanhã cedinho vou buscá-los na casa do Kev, tudo bem? – Demi conferiu mais uma vez se Bernardo estava seguro e bem e só depois assentiu virando-se para olhar para Joe.

   - Você está feliz? – Perguntou Demi o olhando com certa curiosidade e Joe assentiu esboçando o seu sorriso de menino que inevitavelmente deixava a esposa de pernas bambas.

   - E você? Está feliz? – Perguntou Joe envolvendo o corpo de Demi com os braços quando ela o envolveu pelo pescoço com os dela repousando as mãos no lugar de sempre: em seus cabelos da nuca.

   - Muito feliz meu amor. – Algumas lágrimas rolaram pelo rosto de Joe e outras pelo rosto de Demi, trocaram um selinho demorado e se abraçaram por minutos e mais minutos derramando lágrimas e esboçando lindos sorrisos observando juntos Bernardo dormir.


Continua... Oi, como vocês estão? Eu estou bem!! Ufa! Esse capítulo me deu um trabalho que ninguém faz ideia, demorei em escrever e postar porque eu não sabia o que escrever, na verdade eu sabia, mas não como montar e organizar... Não sei se ficou bom, se é o último ou.. Eu simplesmente não sei! Tentei estendê-lo o máximo que pude porque a história realmente chegou ao final.. é, chegamos depois de quase um ano a escrevendo eu cheguei lá.. Não vou dizer que é “oficialmente” o último capítulo no título e nem nessa nota final porque vou enrolar vocês mais um pouquinho, talvez o próximo capítulo seja mais focado no Daniel e na Jenny com algumas fofuras do Bernardo e até flashbacks, depois teremos o epílogo e será o “adeus” </3; Meninas, sério, de coração, obrigada pelos comentários do último capítulo. Nesses dois últimos meses os comentários diminuíram tanto, oscilavam entre 3 e 6, e geralmente eu tinha 12 comentários por capítulo.. Eu pensei que ninguém estava mais gostando da fic ou sei lá.. Acho que vocês não me abandonaram certo? Obrigadaaa!
ps. Hoje é o aniversário da nossa princesa. Só Deus sabe como eu amo essa mulher, como a admiro e torço para que ela seja feliz! 

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