Algumas semanas
depois..
- Ai meu Deus! Você está ansiosa? – As
roupinhas delicadas estavam espalhadas pela cama enorme e macia. Juntas, Demi e
Elizabeth dobravam as roupinhas de Bernardo e selecionavam o que Demi levaria
para o hospital assim que entrasse em trabalho de parto daqui mais ou menos
duas semanas. O clima estava descontraído e maravilhoso, as duas conversavam
abertamente sobre como se sentiam e Demi nunca se sentiu tão feliz por saber
que a sua filha estava radiante. Elizabeth estava feliz e era de se notar até
no jeito que a menina falava e via o mundo, o sorriso nunca saía dos lábios
bonitos. Estava mais madura e vaidosa, a cópia da mãe com alguns aspectos
físicos diferentes, mas ainda sim era como uma cópia perfeita de Demi.
- Ansiosa para que anjo? – Perguntou Demi
rindo da animação de Elizabeth. Já era noite e por mais que conversar com a
filha fosse bom, Demi estava com sono e se preparando psicologicamente para o
próximo dia que, querendo ou não, seria um dia decisivo e carregado já que Demi
escolhera aquele dia para procurar Alex, a mãe de Jenny. – Ansiosa para a sua
consulta amanhã? – Agora o sorriso não existia mais nos lábios de Elizabeth e a
menina fizera careta ao se lembrar de que amanhã teria que visitar o consultório
da ginecologista que cuidava da sua saúde íntima desde a sua primeira
menstruação.
- Mãe! – Disse a menina corando envergonhada
desviando os olhos dos da mãe para que pudesse dobrar a primeira peça de roupa
que Bernardo ganhara: o macacão branco com detalhe dourados.
- Separe esse macacão, as luvinhas e os
sapatos. Quero que seja a primeira roupinha dele, foi o seu pai que comprou. –
Elizabeth assentiu sorrindo dobrando cuidadosamente o macacão e o colocando
dentro da mala azul cheia de desenho de ursinhos que Daniel ajudara Demi a
escolher. – Amanhã nós temos que acordar cedo, tenho muitas coisas para
resolver. – Comentou Demi dobrando o par de roupas que Bernardo ganhara de
Dianna. – E a senhorita não vai me contar como foi? – Perguntou Demi esboçando
um pequeno sorriso que deixou Elizabeth vermelha. Desde que contara que tivera
a primeira vez com o namorado Demi vivia importunando a menina, mas nunca
conseguia nenhum pequeno detalhe já que Lizzie sempre acabava mais vermelha que
um pimentão e desconversava.
- Mãe! – Choramingou a menina mordendo o
lábio inferior com ansiedade e Demi não resistiu rindo. No começo estivera tão
preocupada, e ainda estava, mas não havia nada que pudesse fazer para reverter
à situação e pelos tópicos que tinha lido na internet a única coisa que ela
deveria fazer era orientar a filha da melhor forma que podia e tentar ser
compreensiva para que Lizzie continuasse confiando em suas orientações de mãe e
amiga.
- Você quer que eu conte como foi a minha
primeira vez? – Disse Demi recostando-se nos travesseiros que Elizabeth
organizara para que ela pudesse ficar confortável. Conforme os dias se
aproximavam do parto a dor na coluna a deixava completamente desconfortável. –
Meu amor, isso é importante, não precisa entrar em detalhes específicos demais,
só quero saber como você se sentiu. – Disse da forma mais calma possível
buscando no criado-mudo a panela onde tinham feito brigadeiro.
- Onde está o papai? – Perguntou Lizzie
olhando para a porta do banheiro e logo para a porta do closet. Joe aparecera
várias vezes no quarto para importuná-las, principalmente a Demi. Ele tentava
roubar beijos e a panela de brigadeiro. Demi sabia que ele o fazia apenas para
que ela pudesse relaxar e curtir mais aquelas semanas antes que entrasse em
trabalho de parto já que Demi optara pelo parto normal e não era nada fácil
para uma mulher... bem pelo contrário, era uma missão muito difícil, pois duas
vidas estavam em jogo.
- Está por ai, aposto que está perturbando
Daniel ou brincando com Buffy e a gangue. – Disse ao se lembrar de que Joe não
saía do pé do filho, tentava animá-lo sempre que podia com as suas brincadeiras
bobas.
- Como foi a sua primeira vez? – Perguntou a
menina em um sussurro. Lizzie já sabia alguns detalhes da primeira vez da mãe,
mas sempre gostava de ouvir porque sabia que não era toda mãe que compartilhava
aquela parte da vida com a filha. Fora as mães que eram rudes e preconceituosas
em relação a sexo, não conversavam com as filhas, situações sempre acabavam mal
por falta de informações.
- Nós tínhamos seis meses de namoro e eu
sabia que o seu pai queria muito... mas eu ainda não me sentia preparada,
naquela época eu era tão frágil e tinha a autoestima muito baixa, tinha
vergonha do meu corpo e às vezes pensava que um rapaz bonito como o seu pai só
queria me usar.. Claro que ninguém sabia disso, eu escondia muito bem os meus
segredos, mas o seu pai conseguiu quebrar aquelas barreiras e o nosso amor
começou a crescer a partir daquele momento. Ele disse que me amava alguns dias
antes e eu me senti tão feliz. – Elizabeth sorriu encorajando a mãe que
continuasse. – A gente estava no apartamento que usávamos para passar o tempo e
namorar, Joe queria fazer panquecas, mas a ideia não me agradava muito porque
eu sempre evitava comer, e quando comia.. – Demi riu de si mesma quando fingiu
enfiar o dedo na boca simulando o que fazia quando tinha bulimia. – Mas acabei
cedendo, o seu pai estava tão diferente comigo depois daquele dia que disse que
me amava, ele estava mais carinhoso e apaixonado. Eu não fazia ideia de como
fazia panquecas e nós resolvemos pegar a receita na internet. O notebook do seu
pai estava no quarto dele no primeiro andar, mas ele não sabia se estava na
mochila ou no armário. Então ele começou a procurar no armário e eu na mochila,
e para a minha surpresa encontrei uma caixa de preservativo. – Demi riu ao
citar “preservativo” e ver a reação de Lizzie. A menina estava corada! – Eu
fiquei chateada porque pensei que ele estava me traindo e porque nós já
tínhamos conversado sobre sexo e eu disse a ele que não estava preparada.
Tentei ir embora, mas estava chovendo muito e não tinha como dirigir, tive que
voltar para o apartamento e tentei passar a noite no quarto do seu tio Nick,
mas era tão grande, trovejava muito e estava frio... Acabei no quarto do seu
pai e pedi desculpa para que eu pudesse dormir com ele já que estava morrendo
de medo. Ele me abraçou para me proteger do frio e aos poucos a minha raiva
passava e eu sentia que ele me amava de verdade, nós acabamos fazendo amor. Foi
uma das noites mais especiais de toda a minha vida, cada beijo e toque eu me
sentia amada e especial. – Demi suspirou fundo e fechou os olhos ao se lembrar
daquela noite, de como Joe a beijava e a olhava com aqueles lindos olhos
esverdeados gritando de amor como se pedisse permissão para continuar.
- Choveu a noite toda? – Perguntou Elizabeth
esboçando um pequeno sorriso ao ver as bochechas coradas da mãe e o sorriso
magnífico que não saía dos lábios dela.
- Não sei.. Acho que eu estava muito
ocupada.. – Foi inevitável não corar com os olhares que elas trocaram. As
memórias ainda eram tão vivas, mas Demi nunca tinha parado para analisar aquele
detalhe. Choveu a noite toda? Bem, se lembrara de que a chuva ficava cada vez
mais forte e os lindos olhos de Joe junto às palavras dele eram mais que aquela
percepção se estava chovendo ou não.
- E? – A então pergunta de Elizabeth ficou
no ar, mas Demi entendeu o objetivo da menina que já estava tão vermelha e sem
graça quanto como ela.
- Doeu. – Sussurrou Demi mordendo o lábio
inferior e olhando para o resto de brigadeiro que ainda tinha na panela. – Mas
conforme você vai praticando... melhora. – Será que desejar ser uma avestruz
naquele momento era pedir demais? A vontade de Demi era de esconder-se num
buraco mesmo que ele só escondesse apenas o seu rosto.
- E a vovó? – Perguntou Lizzie finalmente
conseguindo sustentar o olhar da mãe sem que as duas ficassem vermelhas e
encolhidas de vergonha.
- A sua vó surtou! – Disse Demi com graça. –
Na verdade nem ela e nem o seu vô gostavam do Joe, não que ele fosse um rapaz
rebelde... bem pelo contrário, mas eles só tinham medo de que alguma coisa
acontecesse. Gravidez cedo e doenças sexualmente transmissíveis, essas coisas.
– Disse olhando para os olhos da menina e Lizzie pareceu entender o porquê dela
ter ficado brava a principio. – Sexo faz parte da vida, e nós temos que saber
como vamos encaixá-lo, sabe? Se você vai fazer por fazer ou porque você ama o
seu parceiro e já se sente preparada para esse passo. E pelo amor de Deus não
pode esquecer o preservativo nessas duas situações. – O bom de contar a sua
história a Lizzie era que ela podia encaixar aos poucos os seus conselhos que
Demi tinha certeza que a menina não deixaria de seguir por hipótese alguma.
- E ela te levou para consultar com o
ginecologista? – Perguntou a menina com receio. Demi compreendia de tal forma
aquele receio de Lizzie já que era horrível visitar o ginecologista... Era tão
constrangedora a situação, principalmente quando era preciso ser examinada.
- Não, ela estava brava comigo e eu fiquei
brava com ela. Então nós ficamos nos preservativos por um bom tempo e depois
eu, infelizmente, tive que procurar um médico, e para piorar a situação Miley
foi comigo para acabar com a minha vida. – Finalmente elas riam juntas
quebrando aquele clima sério e tenso. – Não tem porque ter medo, eu vou estar
ao seu lado para te proteger e não vou fazer como a sua tia. – Demi sorriu de
orelha a orelha quando Lizzie a abraçou apertado. Deus! Era tão gratificante
saber que a sua menina estava permitindo que elas tivessem aquela conversa,
porque assim como tinham mães que não conversavam com as filhas sobre sexo,
tinham as filhas que não permitiam de maneira nenhuma que as mães “invadissem” aquela área e preferiam os
conselhos das amigas que muitas vezes só as levavam para o rumo errado, claro
que tinha as suas exceções.
- Mãe,
eu te amo. – Disse a menina ainda abraçada à mãe minutos mais tarde fitando
os olhos da mãe com os seus lindos olhos esverdeados.
- Também amo você filhote. – Demi aproveitou
para encher a menina de beijos exagerados o que não fazia há meses, e Lizzie
sorriu de orelha a orelha deixando-se ser beijada pela mãe e rindo quando
podia.
- Eu estava com medo. – Começou a dizer
quebrando o silêncio que se formara entre elas há minutos e minutos que estavam
abraçadas. – Na verdade eu não sei o que me deu.. O Eric é tão respeitoso
comigo que às vezes até para conseguir um beijo é difícil, então a gente nunca
tinha chegado quase lá... Quando ele me contou que estudaria engenharia em
Santa Mônica eu quase surtei, não por falta de confiança nele. Eu sei como as
mulheres são, não só as mulheres porque as amizades dos meninos também
influenciam muitos os meninos a trair a namorada. Eu só estava uma bagunça de
sentimentos que me sufocavam, principalmente quando você estava em coma. E o
Eric me ajudou tanto, ele foi tão carinhoso e compreensível comigo todo esse
tempo enquanto eu só surtava e brigava com ele por qualquer menina. Um dia
antes de ele ir para a faculdade eu chorei tanto com medo de perdê-lo, então
pensei que a gente precisava de um tempo só nosso, sem faculdade, ciúmes ou
qualquer coisa. E acabou acontecendo.. – Demi assentiu acariciando os cabelos
da menina. Sabia que era difícil aquela situação que Lizzie vivera com o
namorado. – Tive que mentir sobre a casa da Júlia para conseguir passar a noite
fora de casa. Os pais dele não estariam em casa naquela noite. Nós jantamos,
conversamos enquanto víamos as estrelas e aos poucos a gente... – Lizzie espiou
rapidamente para saber se a mãe a olhava e o rubor tomou conta de se rosto ao
encontrar os lindos olhos marrons de Demi fixos nela. – Eu estava com medo e
ele queria esperar, mas foi tão forte e especial que acabou acontecendo. –
Abraçar a filha e beijá-la era o que Demi mais fazia pensando que por mais que
Lizzie tivera a sua primeira noite de amor, ela jamais deixaria de ser o seu
bebê.
- E a proteção? – Perguntou Demi esboçando
um sorriso divertido e Lizzie deitou-se na cama escondendo o rosto no
travesseiro e bagunçando algumas roupinhas de Bernardo. – Ei! Não é só porque a
senhorita faz coisas com o seu namorado que pode bagunçar as roupinhas do seu
irmão. – Demi tombou a cabeça e gargalhou quando a menina tentou se esconder
ainda mais com o travesseiro.
- Mãe! – Elizabeth acabou rindo junto com a
mãe quando a olhou. – Você é muito boba e pior que a tia Miley. – Disse e
acabara levando um tapa no bumbum.
- Nada disso mocinha. – Disse Demi
controlando-se para não gargalhar novamente. – E a proteção Elizabeth? – Tornou
a perguntar dessa vez com o tom de voz mais sério e olhando para os olhos da
menina.
- Eu tinha algumas que sobraram da aula de
biologia. – Disse envergonhada. Demi respirou fundo. Sentia-se feliz,
preocupada e de alguma forma ausente. Feliz porque sabia que Elizabeth estava
radiante de felicidade e compartilhara com ela. Preocupada porque o seu coração
de mãe sempre queria proteger os filhos em todas as circunstâncias
principalmente porque Lizzie ainda era muito nova para ter sexo com o namorado.
E ausente porque passara aqueles cinco meses desde a primeira vez da menina na
estrada fazendo shows e dando mais atenção a Daniel e Bernardo enquanto
ignorava a sua própria intuição que tinha algo de diferente com Elizabeth.
- Como você se sentiu? – Perguntou Demi
ajeitando-se da forma que podia para se levantar da cama. O ruim de estar
grávida era que a vontade de fazer xixi era incontrolável!
- Quer ajuda? – Perguntou Lizzie preocupada
ao ver a mãe caminhar calçada com as sandálias do pai em direção ao banheiro.
- Estou bem meu anjo. – Depois que estava
aliviada Demi aproveitou para escovar os dentes já que não queria ter que se
levantar mais uma vez para fazer mais nada naquele dia. – Então? – Disse
voltando para cama em passos sutis. A barriga pesava.
- Eu estava com medo, mas eu me senti tão
feliz e amada, ele foi tão carinhoso. – Disse a menina sentando-se para
terminar de dobrar as roupinhas do irmão. – Nós só vamos levar essa mala? –
Perguntou ao notar que a mala de bebê já estava cheia.
- Só, vou colocar o seu pai para fazer a
minha e se faltar alguma coisa coloco junto. – Segundo o médico obstetra, a
bolsa estouraria daqui a mais ou menos duas semanas, e no decorrer daquele
prazo Demi pensara que poderia incrementar o que estivesse faltando das coisas
de Bernardo. – Estou muito feliz por vocês. – Disse voltando à atenção a filha
e Lizzie sorriu levando a mão junto à barriga da mãe para acariciá-la e brincar
com o seu irmãozinho.
- Eu também estou muito feliz por você e
pelo papai. – Disse a menina esboçando um lindo sorriso para a mãe. – E estou
ansiosa para saber como ele é. – Aquela pergunta era fácil de ser respondida,
Demi levou a mão junto à da menina acariciando a barriga e surpreendeu-se com
um chute do pequeno.
- Oi pequeno! – Disse a menina animada e
beijando a barriga da mãe. - Aposto que ele vai ter os olhos do seu pai. – Por
mais que Lizzie fosse a cópia de Demi e Daniel tivesse a pele clara como a da
mãe, Demi não conseguia imaginar Bernardo com alguns de seus traços, sempre o
imaginava um bebê médio, moreno claro e de olhos esverdeados ou verdes como os
irmãos e os do pai.
- Eu também acho. – Lizzie depositou um
beijo demorado no topo da barriga da mãe e empilhou as roupinhas que ficariam
em casa para guardá-las no guarda-roupa do quarto do pequeno Bernardo. O quarto
não era longe e ficava naquele mesmo andar vizinho do quarto de Daniel. – Está
tarde, e você precisa descansar. – Demi não protestou como sempre fazia,
naquela noite ela estava cansada, as costas não davam trégua e a leve azia a
deixava enjoada.
- Você pode trazer o seu pai pela orelha
para mim? Ele sumiu. – Resmungou Demi manhosa acomodando-se na cama da forma
mais confortável que encontrara.
- Claro, vou buscá-lo agora mesmo. – A
oportunidade era perfeita para puxar a orelha do pai por pirraçá-la como Joe
tinha o feito mais cedo. Lizzie dera um beijo demorado na bochecha da mãe
depois que guardara a mala de Bernardo no closet e então despediu-se com um boa
noite e um sorriso tímido logo saindo do quarto para levar as roupinhas do
irmão para o quarto e sair a procura do pai.
O
nono mês era o estágio mais difícil da gravidez. Alisando a barriga, Demi tinha
o coração um pouco mais acelerado apenas em pensar na possibilidade de poder
entrar em trabalho de parto a qualquer momento. Era assustador e uma
responsabilidade muito grande para ela como mãe e mulher. E Deus! Porque a
insegurança a rondava daquele jeito? Demi estava tensa e com medo de não conseguir.
- Querido? – Chamou assim que a porta do
quarto foi aberta e quando olhou na direção de Joe, ele já caminhava apressado
para o banheiro. Demi franziu o cenho estranhando ser ignorada da forma que ele
a ignorou. Será que ao menos ele ouvira? Quando era mais tarde Demi, de olhos
fechados, apenas ouviu os passos de Joe em direção ao closet. – Joseph? –
Tornou a chamar quando sentiu o lado esquerdo da cama afundar. – Está tudo bem
amor? – Perguntou assim que abriu os olhos e o encontrou vestido com um conjunto
de moletom já que por mais que o clima de Los Angeles não fosse como o das
outras cidades americanas e a neve lá fora derretia rápido demais, ainda fazia
frio naquela época do ano.
- Está. – Demi o conhecia o suficiente para
saber que Joe não estava bem. Ele não tinha a olhado nos olhos enquanto falava
e muito menos tentara beijá-la.
- Joseph, o que foi amor? – Perguntou agora
preocupada esforçando-se para se deitar de lado para que pudesse observá-lo.
- Nada Demi. – Disse vagamente suspirando. –
Já hidratou a barriga? – Perguntou Joe erguendo-se para olhá-la. Desde que descobriram
a gravidez Joe vinha ajudando Demi fazendo massagens e hidratando a pele da
esposa com cremes e óleos com fins de evitar as estrias.
- Ainda não, acho que não preciso mais hidratar
a pele, minha barriga já está enorme. – Comentou Demi acariciando a barriga.
- É importante hidratar. – Quando percebera
Joe já curvava-se sobre si para que pudesse alcançar a gaveta do criado-mudo e
pegar os cremes e óleos que vinham ajudando a manter a pele clara de Demi
saudável. – Como estão os seus pés? Quer que eu os massageie. – Às vezes Demi
pensara que era pedir e ser abusar demais, porém era como estar no paraíso
quando Joe a massageava com aquelas mãos divinas, Demi se sentia bem e
relaxada, por isso nunca recusava a massagem.
- Obrigada querido. – Quando as mãos dele
ergueram a blusa de moletom que ela usava e espalharam o óleo suavemente numa
massagem gostosa, Demi respirou fundo e fechou os olhos como uma gata manhosa.
Era tão bom ser mimada e tratada como uma rainha, e quando Joe tornou a se
curvar Demi o espiou e o puxou para um rápido beijo. – Joseph. – Chamou abrindo
os olhos contra a vontade quando Joe se afastou depois que ela separou os
lábios dos dele curiosa para saber o porquê dele não corresponder o beijo como
sempre fazia. – Joe. – Tornou a chamar impaciente segurando as mãos dele
obrigando que Joe a olhasse nos olhos.
- O que? – Murmurou Joe de cenho franzido
curvando-se para capturar os lábios dela com os seus, mas não foi o suficiente
para convencer Demi que tudo estava bem.
- Está tudo bem? – Perguntou Demi o olhando
nos olhos e ele assentiu balançando a cabeça e logo voltou a cuidar da pele da
esposa. – Você está estranho. – Disse Demi quando Joe ergueu a calça de moletom
que ela vestia até a altura da coxa para começar a massageá-la das panturrilhas
aos pés.
- Só estou cansado. – Disse Joe concentrado
no que fazia. E céus! Era uma maravilha sentir as mãos grandes e másculas dele
a abraçando naquela massagem divina, Demi chegara a deixar gemidos escapar. –
Vou buscar meias. – Demi gemeu frustrada quando ele se levantou guardando os
óleos e cremes e foi lavar as mãos e a procura de meias no closet.
- Elizabeth levou as roupinhas do Bernardo
para o quarto dele? – Perguntou Demi distraída enquanto Joe calçava as meias em
seus pés.
- Levou. – Demi franziu o cenho e o olhou.
Joe estava mais tenso e estranho, se é que era possível.. – Boa noite. – Disse
depois que apagara as luzes e deitou-se ao lado dela depositando um rápido
beijo nos lábios femininos.
- Joseph. – Quando escutara a voz da esposa
o chamando Joe curvou-se procurando o rosto dela com as mãos e quando o
encontrou selou os lábios aos dela num beijo quente e intenso. – Não querido,
não estou reclamando. – Sussurrou nos lábios dele e os roçou com os seus. – Eu
te conheço muito bem para saber que tem alguma coisa errada. – Demi ergueu o
braço e as cegas encontrou o abajur e o acendeu para que pudesse fitar o amado.
– Vamos amor, o que aconteceu para você estar assim? – As expressões dele agora
tristonhas foi o suficiente para deixar Demi mais que preocupada e surpresa
quando Joe curvou-se para beijá-la na boca.
- Dem, eu.. – Joe a abraçou de lado
escondendo o rosto na curva do pescoço de Demi. – Eu ouvi toda a sua conversa
com Elizabeth. – Por aquela Demi simplesmente não esperava, tanto que a única
reação que tivera foi arregalar os olhos e contar até dez para que não
infartasse a espera do caos que Joe faria. Ai meu Deus! Ele iria surtar e
provavelmente tentaria estrangular Eric.
- Você o que? – Sussurrou quando era mais
tarde com a voz falha. – Ai meu Deus! – Murmurou Demi tombando a cabeça para
trás. Diabos! O que ela faria? Contaria futuramente a Joe já que os dois teriam
que orientar principalmente Elizabeth já que Eric era mais velho e com certeza
os pais dele já tinham tido aquela conversa com o rapaz. Mas agora tudo estava
fora do controle. – Joseph. – Chamou. De todas as reações de Joe, Demi nunca
imaginara que ele ficaria daquele jeito, pensara que ele teria um surto e
caçaria Eric por Los Angeles com qualquer objeto que pudesse machucar o rapaz.
– Está bravo? – Perguntou acariciando o rosto dele com a mão.
- Furioso. – Sussurrou Joe fechando os olhos
para sentir o carinho que Demi fazia em sua barba.
- Amor... Nós sabíamos que iria acontecer. –
Disse procurando olhá-lo e Joe choramingou quando Demi lhe beijou a testa. –
Quando ela me contou eu queria esganá-la, mas pensei bastante e vi que não era
o caminho certo. – Será que ele estava mesmo furioso? Demi o olhou nos olhos e
além da carência que eles demonstravam a tristeza também estava ali presente, o
que machucou o coração de Demi.
- Eu vou socá-lo tanto querida, você não faz
ideia de como eu quero socá-lo. – Choramingou Joe aninhando-se a ela. – Vou socá-lo
tanto, Dem. Ele nunca mais vai encostar um dedo no meu bebê. – Então aquele era
o ponto. Joe estava com ciúmes e com medo de perder Lizzie assim como Demi.
- Joseph, você não vai socar ninguém. – Ele
estava tão manhoso e sedento a carinho, Demi adentrara os cabelos dele com os
dedos para acariciá-los e em troca recebera um beijo quente no pescoço. –
Elizabeth não é mais um bebê. – Disse e Joe desabou a chorar. Deus! Aquilo
estava mesmo acontecendo? – Joe, amor. – Demi virou-se sentindo a barriga pesar
para o lado para que pudesse acariciar o rosto de Joe e limpar as lágrimas que
molhavam o rosto dele.
- Ela era o meu bebê Dem. – Daniel e o pai
poderiam ser próximos, mas Elizabeth conseguia conquistar o coração do pai de
uma forma incrível com um simples gesto. Joe era simplesmente apaixonado pela
filha e para ele, Lizzie ainda era um bebê que ele teria que proteger sempre,
principalmente dos garotos que queriam tirá-la de seus braços.
- Ela ainda é o seu bebê, amor. – Disse Demi
fazendo carinho no rosto dele. – Não é porque ela teve a primeira vez que as
coisas vão mudar entre vocês. – Ora, Demi não esperava aquela atitude infantil
de Joe, mas ele o fizera.. Ignorara o que ela dizia cantarolando “Lá.. lá.. lá.. lá.. lá..”. – Você está
sendo bobo. – Disse já irritada voltando à posição de origem que a deixara mais
confortável.
- Bobo? Eu estou preocupado com a minha
filha Demetria! Ela só é uma menina inocente e indefesa. – Disse de sobressalto
e Demi respirou fundo já se controlando para enfrentar o Joe ciumento.
- Elizabeth é uma mulher forte. – Disse Demi
o olhando fixamente nos olhos. – Ela ainda está crescendo, é claro, mas sabe
muito bem o que vai fazer da vida, eu acredito nela e sempre vou apoiá-la. O
que nós temos que fazer agora é orientá-la, passar a nossa melhor experiência
para ela que nada vai sair do eixo. Amor, tente compreendê-la, você ouviu da
boca dela, tente sentir como ela está feliz, e isso é o que importa Joe. Não
vale a pena criar uma confusão com algo tão simples e natural, vamos só estar
com ela e amá-la. – As palavras de Demi surgiam efeito conforme Joe se lembrava
da conversa que escutara, de como Lizzie parecia radiante em meio à timidez, de
como ela sorriu para ele quando foi o chamar. Demi tinha razão, deveriam apoiar
a filha a reprimi-la.
- O meu medo não é esse. Eu só não quero que
ninguém brinque de amá-la, que as pessoas a diminua.. Há tantas pessoas boas e
más nesse mundo e nós não sabemos com quem estamos realmente vivendo, é muito
difícil saber se podemos ou não confiar no próximo, principalmente no
relacionamento dos nossos filhos. E se Eric machucá-la, Dem? O que eu vou
fazer? Não quero que Lizzie também fique triste, já não basta Daniel. – Era
simplesmente por isso que Demi o amava incondicionalmente até porque um amor
verdadeiro não incluía apenas amar o parceiro e querê-lo bem, envolvia aquele
amor especial, generoso e bondoso que englobava os filhos e o bem deles. Não
era como aqueles casais egoístas que simplesmente se amavam e se esqueciam de
compartilhar o amor que tinham com os filhos.
- Por isso que nós temos que arriscar e
trabalharmos juntos para orientá-los. Beth e Dan. O apoio é fundamental para a
vida deles. São só adolescentes que estão se descobrindo, amor. Lembra da gente?
– Joe respirou fundo assentindo, tinha que concordar com Demi por mais furioso
que estivesse até porque ele ainda era o pai protetor e babão.
- Agradeço até hoje por te chovido tanto
naquela noite. – O sorriso de Joe foi de orelha a orelha, ele se aproximou mais
de Demi e pressionou os lábios dela com os seus. – Você se lembrar de todos os
detalhes. – Disse fitando os olhos dela deixando que as testas se encostassem.
- Foi uma das melhores noites da minha vida,
não consigo esquecer. – Fitando os olhos dele Demi se lembrou exatamente
daqueles momentos de amor que tiveram juntos, de como Joe a tocava e a fitava
com os olhos bonitos deixando transparecer todo o amor que por ela sentia.
- Você só era uma menina e eu estava tão
assustado porque você me fazia sentir coisas que eu nunca tinha sentido. Eu
estava louco de amor por você. – Demi sorriu ao fitá-lo nos olhos, abraçou-o e
o beijou na boca. Se pudesse o abrigaria entre as pernas para que finalmente
pudesse matar aquela saudade que os consumiam. – Meu bebê. – Disse Joe carinhosamente
a beijando na testa. – Minha menina. – Ele roçou o nariz ao dela e juntou os
lábios num beijo carinhoso e carregado de amor.
- Estava? – Perguntou Demi ainda ofegante
arqueando as sobrancelhas quando Joe separou o beijo e puxou mais o travesseiro
para que ele pudesse dormir agarrado com a esposa.
- Ainda sou. – Disse os cobrindo. Estava
frio e a ideia de aquecer Demi lhe aparecia perfeita. – Posso te abraçar assim?
Não incomoda? – Perguntou quando passou o braço um pouco abaixo da barriga de
grávida e colocou uma perna entre as dela.
- Não, estou bem. – Disse Demi erguendo o
braço para que pudesse desligar o abajur sobre o criado-mudo. – Você tem que me
esquentar querido, está frio. – Joe riu depositando um beijo carinhoso atrás da
orelha dela aproveitando para inebriar-se com aquele cheiro maravilhoso de
frutas dos cabelos de Demi.
- Você também tem que me esquentar bebê. –
Acabaram rindo e trocando uma série de selinhos daquele mesmo jeito que
estavam.
- Joe, está tudo bem? Você não está bravo? –
Perguntou Demi quebrando aquele silêncio que se formara entre eles em meio as
caricias que trocavam.
- Não posso dizer que não estou bravo e que
não quero socar o Eric, mas também não quero ser injusto. – Disse Joe
calmamente já de olhos fechados.
- Entendo. Nós vamos consultar um médico
amanhã.. coisas de mulher. – Disse Demi já sabendo que Joe sabia de seus planos
com Lizzie no dia seguinte na ginecologista, Demi só não queria expor demais a
vida íntima da filha. – Depois nós podemos tomar café juntos, eu, você, Lizzie
e Eric já que Dan vai estar na escola nos dois primeiros horários. – A ideia
era começar a preparar Lizzie e Eric para a futura conversa que teriam sobre
aquele assunto constrangedor.
- Que eu me lembre alguém aqui está grávida e
no nono mês, não pode ficar por ai como se fosse uma garotinha que acabou de
aprender a andar. – Joe espalmou a barriga de Demi já preocupado com ela e
Bernardo. Céus! Por que Demi nunca parava quieta? A mulher sempre tinha que
estar aprontando alguma coisa!
- Eu vou de carro, nada de mal vai nos
acontecer. – Disse levando a mão junto à dele.
- Deus jamais permitiria, amanhã nós
resolvemos como vamos nos encontrar. – Com um beijo carinhoso na bochecha Joe
se afastou assustando Demi e logo sussurrou. - Vou orar. – Como ele sempre
fazia toda vez antes de dormir: colocava-se de joelhos e orava por minutos e
minutos.
Continua...