-
Você gostou mesmo do convite? – Foram quantas horas trabalhando no layout do convite de casamento de
Selena? Demi suspeitava que ela esteve sentada por volta de 4 horas sem se
levantar ou fazer qualquer outra coisa que não envolvia o convite. Deu muito
trabalho, mas estava pronto.
-
Ah, Demi. Eu gostei. – Não era a resposta que Demi esperava. Selena estava
estranha desde que chegara. Parecia distante, preocupada e cansada. Mais cedo Ed
a entregou e disse que eles quase desistiram de passar a noite no apartamento
de Demi porque Selena estava super preocupada com Ana e Harry, tanto que a moça
pediu para que a mãe cuidasse muito bem dos
filhos dela.
-
Selena. – Demi estava cansada. Dava para perceber pela voz e feições. Ela tinha
travado uma guerra interior para não dormir, pois o sono não faltava de jeito
nenhum! Naturalmente ela já era sonolenta, e então grávida havia sono para
vender e distribuir. – Nós duas vamos conversar sobre o que está acontecendo. –
Disse repousando o notebook sobre o criado-mudo para depois deitar a cama ao
lado de Selena. – Você estava animada mais cedo e agora está estranha. – Murmurou
se levantando para encostar a porta do quarto porque os meninos, que se
divertiam na sala jogando vídeo game, faziam barulho e porque também teriam
mais privacidade. – Eu fiz algo de errado? Você não gostou das fotos e do
convite? Meu anjo, se você não gostou, não tem nenhum problema. Nós podemos
procurar uma pessoa que pode fazer um trabalho melhor que o meu. Poxa, é o seu
casamento e eu juro que vou entender. – Era verdade. Não haveria nenhum
ressentimento, até porque o casamento era de Selena e Ed. A aprovação vinha
toda deles.
-
Não é nada disso. As fotos e o convite ficaram perfeitos. – Disse Selena
cabisbaixa e suspirando. – Eu acho que vi o Jake hoje à tarde no Central Park. –
Os olhos de Demi faltaram saltar do rosto. O coração veio à boca e ela moveu os
lábios como se fosse dizer uma palavra, mas não teve nenhum som.
-
Selena, ele está preso. – Disse como se fosse óbvio e Selena negou balançando a
cabeça.
-
Ele não está. Eu tenho certeza que eu o vi. Ele sorriu para mim. – Uma coisa
era certa: Sel jamais se esqueceria dos olhos azuis e do sorriso esperto que
pertencia a Jake. Até mesmo a postura, ela era capaz de reconhecer de longe. O
corpo entrava em estado de alerta quando Jake estava por perto porque a tortura
psicológica tinha sido marcante. – Eu estou com medo. E se ele me procurar?
Estou me sentindo apavorada. – Demi não esperava por lágrimas e nem que as mãos
de Selena estivessem trêmulas, por isso ela envolveu a amiga num abraço
apertado. O coração estava partido porque Selena até soluçou enquanto envolta
no abraço.
-
Tenho certeza que não era aquele infeliz.
Ele não pode fazer nada, meu amor. – Gentilmente Demi secou as lágrimas de
Selena e a beijou na bochecha direita. – Ele está bem longe trancado numa cela.
Ele não vai sair tão cedo. – Era verdade. Pelo que diziam os noticiários, Jake
tinha sido condenado a quinze anos de cadeia e Mary a prisão perpétua por
assassinar Jason Gyllenhaal.
- Dem,
eu juro que eu o vi. – Resmungou Selena de cenho franzido e Demi negou
encostando a testa a da amiga.
-
Você viu outro homem e achou que era ele, mas foi só um engano. Não fica
preocupada com isso. – Disse Demi a abraçando com carinho. – Energia positiva
no casamento e no bebê, nós precisamos de toda a sua alegria. Hum? Nossos bebês
também precisam que você esteja saudável e feliz. – Era só falar em bebê que a
postura de Selena era outra. Ela sorriu em meio às lágrimas e guiou a mão à
barriga de Demi.
-
Nem acredito que você está grávida. – Disse Selena sorrindo preguiçosa se ajeitando
a cama para encostar a cabeça à barriga de Demi. – Dem, é tão fofo você
grávida. – Demi fez careta e riu se juntando a Selena de baixo das cobertas.
-
Por que é fofo? – Perguntou curiosa e Sel sorriu a beijando na bochecha para
depois abraça-la de lado.
- Você
é fofa e muito preguiçosa. Só consigo te imaginar dormindo e toda manhosa
chamando pelo Joe. – Demi não negou, pelo contrário. Ela riu assentindo.
- Eu
estou vivendo intensamente os meus três favoritos estados de espírito. – Disse
sorrindo. – Estou dormindo muito, o sexo parece mais intenso que o normal e o
sabor dos alimentos está diferente. Tudo parece mais vivo e excitante. – A
única coisa que não a agradava era ficar enjoada. Sorte ainda não tinha
acontecido naquela noite, pois assim que elas voltaram do Central Park ainda
durante à tarde, Demi correu para o banheiro para vomitar e teve que inventar
uma boa desculpa para Hannah e Isabella.
- Traduzindo:
Você está abusando do Joseph. – Sel arqueou uma sobrancelha e Demi riu dando de
ombros.
- Até
porque ele odeia fazer amor comigo. – Ironizou. – Acho que nós dois estamos
satisfeitos. Tirando os nossos problemas, é claro. – Resmungou olhando para o
teto. – Não é tão ruim. Nós já temos uma profissão, eu tenho o meu apartamento,
ele o trabalho e a herança. Poderia ser pior, sabe? Se eu fosse mais nova ou
desestruturada. As únicas coisas que me deixam preocupada são: a saúde do Joe,
o surto do meu pai e às vezes eu fico pensando que vou fazer besteira como a
minha mãe fez, mas depois passa. – Dianna era o exemplo de mãe que Demi tinha
como referência. Então a mente sempre as comparava.
- Eu
entendo, mas vai dar tudo certo. Sempre terá dificuldades. A gente só tem que saber
contornar essas situações, não deixar que os problemas ofusquem os bons momentos.
– Selena sorriu para Demi tocando-a no braço. – Eu estou aqui para você. – As
duas sorriram e por minutos ficaram quietas, cada um pensando numa situação
diferente.
-
Vocês duas vão mesmo ficar aí? – Ed adentrou o quarto tão silenciosamente que
foi um susto ouvir a voz do rapaz, tanto que Demi ergueu-se de cenho franzido e
Selena arqueou uma sobrancelha ao olhar para o namorado. – Vamos fazer alguma
coisa juntos. – Disse se sentando a cama e no instante seguinte Joe adentrou o
quarto sorrindo exclusivamente para Demi.
- O
que vocês querem fazer? – Perguntou Demi se aninhando ao abraço do namorado. As
bochechas dela coraram forte quando Joe a beijou na bochecha e levou a mão a
barriga, tudo isso porque Ed e Selena olhavam para eles.
-
Nós podemos cozinhar e jogar ou assistir a uma série, o que vocês acham? – Disse
Selena sorridente feliz por Demi e Joe. Não tinha como não sorrir para eles, o
casal estava radiante com a descoberta do bebê.
-
Vamos jogar cartas e depois assistimos um filme. – Disse Ed se deitando ao lado
de Selena para abraça-la e toca-la na barriga com carinho.
- O
que você acha, Dem? – Perguntou Joe ao perceber como a namorada estava quieta.
Ela geralmente era a mais animada quando se tratava de jogos e televisão.
- Eu
confesso que estou morrendo de sono. – Demi teve direito a um bocejo longo
enquanto se espreguiçava e tudo mais. Ela era naturalmente sonolenta, e com o
dia tão puxado como aquele junto a gravidez e ao fato de estar tarde da noite,
tudo que Demi mais queria era dormir e acordar muito tarde no dia seguinte. –
Eu acho que não vou aguentar mais trinta minutos. – Ronronou deitando na cama e
puxando a coberta para cobri-la quando sentiu frio. – Vocês podem se divertir
sem mim. Eu vou ficar quietinha aqui. – Facilmente os olhos fecharam, o corpo
relaxou em cada pedacinho da cama e Demi suspirou manhosa. Por que dormir era
tão bom? Ela se sentiu num delicioso abraço reconfortante quando se envolveu a
coberta e se aninhou mais a cama.
-
Deixem ela dormir, eu sei exatamente como é. – Disse Selena se erguendo para
arrumar a coberta ao corpo de Demi como uma mãe atenciosa. – O bebê precisa que
ela descanse bastante e o dia de hoje foi puxado. – Comentou depois de dar um
beijinho na bochecha de Demi que assentiu com um manhoso “Sim”.
- Eu
jurando que nós teríamos uma noite do pijama agitada com direito até verdade ou
consequência e filmes de terror. – Reclamou Ed se erguendo e Selena o olhou
feio.
-
Nós fazemos isso depois, temos muito tempo para nos divertir. – Ronronou Demi
se espreguiçando para depois abrir os olhos. – Joseph, o que você está
esperando para deitar comigo? – Perguntou manhosa o olhando. Só faltava Joe na
cama para aquecê-la e mima-la mais, se fosse possível.
-
Nós vamos ficar com o sofá. – Disse Selena contagiada pelo bocejo quando Demi a
olhou.
-
Minha cama é grande, tem lugar para nós quatro aqui. – Disse Demi. Joe já
estava deitado com ela e mais uma vez, Demi não podia pensar em algo melhor que
estar nos braços do namorado.
-
Tem certeza que nós quatro vamos ficar confortáveis aqui? – Perguntou Selena
preocupada. As duas precisavam descansar bastante, e Joe precisava de cuidados.
Talvez a noite do pijama não tivesse sido uma boa ideia, sorte era que Selena
podia ir embora com Ed quando quisesse já que estavam de carro.
- Eu
tenho Sel. Vamos ficar bem. – A preguiça era deliciosa! Como era! Aquele estado
de espírito era tão delicioso que Demi nem notou quando Ed se levantou para
desligar o vídeo game e apagar as luzes. A atenção da moça estava toda voltada
para Joe e dormir nos braços dele, tanto que Demi o beijou no peito e depois na
boca antes de fechar os olhos e dormir profundamente.
***
-
Ei, acorda. – A voz era familiar e o rosto também. Demi abriu os olhos, franziu
o cenho e depois voltou a dormir incapaz de processar o que estava acontecendo.
– Acorda, gatinha. – Disse Joe
arrumando uma mecha do cabelo da namorada atrás da orelha. – Dem, já são onze
horas, acorda. – Ele a beijou gentilmente na bochecha e se sentou a beirada da
cama esperando que Demi acordasse.
- A
Sel já foi embora? – Demi perguntou se erguendo ainda sonolenta e às cegas. Ela
tinha se lembrado de que estava combinado de passar o dia resolvendo coisas do
casamento com Selena. Se já eram onze da manhã, praticamente tinham perdido boa
parte do dia já que só teriam o período da tarde para organizar o casamento,
uma vez que as lojas e o comércio fechariam no final da tarde.
-
Ela está quase indo. Levanta para você falar com ela. – O coração de Joe estava
batendo mais rápido e ele se sentia muito mais apaixonado por Demi que o
normal. Tudo isso só de sentir o cheiro inconfundível e ouvir os múrmuros
manhosos em protesto para dormir mais. – Bom dia, princesa. – Quando Demi se
escorou no ombro direito dele de mau jeito para cochilar, o rapaz a abraçou
apertado contra o peito e a beijou nas bochechas. – Eu amo você. – Disse
sorrindo porque ele tinha a namorada mais fofa de todo o mundo. Demi estava
longe de estar arrumada como o de costume. O cabelo estava desgrenhado, os
olhos marrons estavam mais fechados que abertos, o rosto ainda estava inchado e
rosado nas bochechas.
- Eu
também amo você. – Um beijo deveria ter acontecido, só que Demi suspirou e
descansou a cabeça no ombro do namorado que franziu o cenho.
- O
que você disse? – Perguntou Joe porque tudo que ele tinha ouvido foi um murmuro
embolado.
-
Que eu também amo você. – Disse Demi minutos mais tarde soando como ela mesma.
– Eu vou tomar banho, ainda estou com sono. – Murmurou envolvendo os dedos aos
dele e Joe a olhou curioso. Como alguém podia dormir tanto e ainda reclamar que
estava com sono? – Joe, não me olha assim. – Reclamou e depois riu imaginando
que o namorado a chamava mentalmente de preguiçosa. – Ontem eu acordei de
madrugada, não consegui voltar a dormir na mesma hora. Vocês estavam roncando e
o Ed fala dormindo. – Demi quase enfartou quando se levantou e Ed murmurou algo
completamente desconexo sobre pudim de chocolate e a temporada final de Game of Thrones. – Fiquei na sala
assistindo televisão, mas não tinha nada interessante passando além de filmes
de terror. Aproveitei para terminar o meu projeto da Gyllenhaal enquanto eu mastigava cubo de gelo. Quando consegui dormir era quase sete horas da manhã. – Joe
arqueou uma sobrancelha a olhando. O que Demi tinha contado era fruto da
gravidez?
-
Cubo de gelo? – Perguntou arrumando o cabelo da namorada para depois envolver
os dedos aos dela.
- Eu
fiquei com muita vontade. – Demi sorriu envergonhada com o olhar de Joe e em
troca ganhou um selinho. – Me deixa tomar banho. – Ronronou o abraçando
apertado. Ela não tinha nenhuma vontade de sair dos braços do namorado, e se
pudesse passaria o resto do dia com Joe.
- Eu
queria ir com você. – Sussurrou a beijando no maxilar e Demi sorriu de olhos
fechados. – Mas nós estamos com visitas. – Joe a abraçou repousando as mãos no
bumbum da namorada e no instante seguinte se levantou deitando Demi a cama. –
Vou deixar você se organizar. – Os lábios dele beijaram a barriga e então Joe a
deixou a só com um sorriso que ia de orelha a orelha.
- Acordou
a dorminhoca? – Perguntou Selena assim que Joe adentrou a cozinha.
- Ela
está no banho. – Joe se acomodou a cadeira e observou com uma curiosidade
incomum a madeira da mesa enquanto o silêncio prevalecia nada desagradável.
- Eu
estou pensando na despedida de solteiro. – Por que diabos Ed tinha que ter
tocado no assunto? Joe olhou para Selena no mesmo instante, e ela olhava para o
noivo com uma sobrancelha arqueada.
-
Você está pensando na lua de mel também, querido? – Perguntou Selena repousando
os cotovelos sobre a mesa para apoiar à cabeça as mãos. – Pode preparar o seu
bolso porque pobre não vai para Paris e Maldivas numa viagem só. – Ed franziu o
cenho mal humorado quando a namorada se levantou para buscar mais café.
-
Sim, querida. – Murmurou o rapaz com cara de poucos amigos. – Espero que a Demi
não fique tão mandona igual a Selena. – Era para ser um sussurro discreto, mas
ao olhar para trás Ed engoliu em seco porque a namorada o olhava atentamente. –
Mas o pai dela.. Joe, você está ferrado. – Foi a melhor alternativa para mudar
de assunto, Ed umedeceu os lábios desviando o olhar do de Selena para Joe.
- Anna
também está grávida. – Comentou Selena se acomodando a mesa se esquecendo
completamente da despedida de solteiro de Ed, ela até deitou a cabeça no ombro
dele e enlaçou os dedos. – Vocês vão ter que combinar de contar ao mesmo tempo,
eu acho mais seguro. – Seria uma bomba para contar para Inácio, ainda mais se
fosse Anna e Demi ao mesmo tempo.
- Eu
não queria ter que estar por perto na hora de contar para ele. – Resmungou Joe.
Ele não iria mentir. Enfrentar Inácio era demais para qualquer pessoa como ele.
– Mas eu vou estar com ela. – Disse Joe quando percebeu que Selena o olhava
feio. – Eu só não quero apanhar, ele já não gosta de mim. – Joe suspeitava que
ele era o genro mais odiado por Inácio, talvez ele e Augusto pelo fato de serem
mais jovens e simples que Rick e Scott.
- Às
vezes é melhor apanhar que ouvir certas palavras. – Disse Ed se lembrando de
como tinha sido desconfortável a conversa com o pai de Selena sobre a gravidez.
– Mas vocês precisam se organizar. Se quiser, nós podemos marcar para sair com
ele para um jogo de hóquei ou basquete. Você vai ter a oportunidade de
conversar com o Inácio num clima mais agradável. – A ideia era boa, mas Joe não
se sentia nada confortável só de pensar em ficar sem Demi por perto quando ele
estivesse conversando com Inácio. Até porque quem iria salva-lo da surra?
- Explica
sobre a sua saúde, Joseph. – Disse Selena o olhando. – Você tem que convencer o
Inácio que a Demi vai ficar bem com você. Se você continuar mostrando
insegurança e medo, ele vai pegar no seu pé. – Selena tinha razão. Inácio não
gostava de Rick, mas não o importunava com frequência porquê o rapaz sempre
mostrava segurança e calma, ele não se deixava intimidar fácil.
-
Estão falando de que? – Perguntou Demi adentrando a cozinha distraída e curiosa
para saber o que tinha para comer.
-
Você, o Joe e o bebê. – Disse Selena ao perceber como Joe ficou tenso.
Conversar sobre Inácio elevava a probabilidade de estourar uma briga entre o
casal.
- O
que tem? – Perguntou Demi se acomodando ao lado do namorado com uma bela xícara
cheia de leite com cereal. – Bom dia, amor. – O sorriso de Demi foi de orelha a
orelha e ao beijar a bochecha do namorado, que roubou um selinho dela ao virar
o rosto, a sensação foi de borboletas no estomago.
- Só
estávamos conversando. – Disse Selena também aconchegada ao noivo. – Não está
enjoada? – Perguntou quando Demi mordeu uma torrada e depois tomou um pouco do
cereal.
-
Até que não. – Murmurou se sentindo envergonhada com todos os olhares que
recebia. – Me sinto normal, só com sono e vontade de ficar sossegada. – Demi
sorriu e continuou a comer.
-
Então você está no seu estado normal. – Disse Selena se espreguiçando.
-
Como vocês farão com os convites? – Perguntou Demi mais focada em comer que na
conversa.
-
Nós vamos enviar para gráfica assim que sairmos daqui. – Disse Ed. – Vou aproveitar
os meus quinze dias de férias para focar na organização do casamento. Nós
conseguimos pegar os convites ainda hoje e amanhã já podemos entregar. – Eram
tantas coisas a fazer, mas entregar os convites era simplesmente a atividade
principal no momento.
-
Nós vamos precisar de vocês dois. – Disse Selena a Demi e Joe, mas quem disse
que eles prestavam atenção no que ela dizia? Os lábios estavam selados num
beijo doce e inocente, não era nada exagerado, só mostrou como os dois estavam
felizes e unidos. – Como eu disse, eu e o Ed vamos precisar de vocês. – Selena
sorriu quando Demi sorriu a olhando. Os lábios da moça chegaram estar
avermelhados, resultado do recente beijo.
-
Nós vamos ajudar, não é amor? – Demi sorriu olhando para Joe, apertou o queixo
dele e quis beija-lo por várias vezes quando as bochechas do rapaz ficaram
coradas e ele sorriu.
-
Ok, eu e a Selena vamos terminar o café da manhã e ir embora. Vocês vão poder
namorar por tempo indeterminado. – O comentário de Ed foi motivo para riso, e o
rapaz aproveitou que Selena estava mais relaxada para beija-la na boca e
olha-la nos olhos.
-
Nós entendemos esse início de gravidez. – Sel roçou os lábios aos de Ed,
acomodou a cabeça ao ombro dele e enlaçou os dedos.
Grude era pouco para como Joe e Demi se
comportavam. Eram abraços, beijos e um sempre estava pertinho do outro. Depois
do café da manhã, só foi Selena sair com Ed para que os beijos ficassem mais
intensos e quentes. O momento seguinte foi mais que especial, Demi tinha
certeza que jamais o esqueceria. Os sentidos aguçados, a sensibilidade e todo o
carinho e cuidado que Joe demonstrava para com ela resultou em suspiros e a
melhor sensação de ser amada. Foi simplesmente maravilhoso ficar nua envolta
pelos braços fortes e ama-lo como ela adorava fazer.
-
Tudo bem, Demi? – Perguntou Joe a tocando no rosto e estudando as feições dela.
Estavam deitados a cama vestidos com moletons e Demi estava de olhos fechados,
vez os abriam para depois fecha-los preguiçosa.
-
Estou bem, só com sono. – Sorriu o olhando quando Joe a beijou na testa. – Você
vai que horas? – O desejo dos dois era de passar um bom tempo juntos, quem sabe
até dias isolados e curtindo aquele início de gravidez. Mantimentos não
faltavam, e jamais morreriam de tédio porque eram melhores amigos. Porém o
plano foi frustrado porque Joe recebeu a ligação de Laura pedindo que ele
voltasse ao apartamento para eles irem ao hospital naquela tarde. Em
contrapartida Demi tinha sido literalmente intimada para ir a casa do pai à
tarde porque elas precisavam definir como seria a ceia de natal.
- Daqui
a pouco. – Os lábios de Joe sempre desejavam que ele os selasse aos de Demi, e
foi feito. O rapaz sorriu ao puxar a namorada para se deitar sobre ele e
enquanto a beijava, o corpo friccionou o de Demi no intimo quando ela afastou
as pernas para simular o que eles tinham feito mais cedo. – Primeiro vou deixar
você na casa do seu pai. – Disse guiando as mãos adentro do moletom para
toca-la nas costas nuas. – No final da tarde busco você e a gente vai ficar bem
agarradinho assistindo filme e namorando, o que você acha? – O sorriso de Joe
foi de orelha a orelha quando Demi assentiu com um ronrono.
- Eu
realmente queria ir ao hospital com você. – Disse Demi o olhando com pesar.
-
Não vou demorar nada no hospital, a tia Laura só quer que eles afiram a minha
pressão e verifiquem se está tudo bem comigo. Não sei se faremos outro
procedimento. – Do jeito que Laura era, Joe apostava que ela o levaria para o
hospital só para que um médico o alertasse, novamente, sobre todos os cuidados
que ele deveria ter. – Não precisa você ir hoje, só no dia do médico do meu
coração que vou precisar que você segure na minha mão para que eu me sinta
seguro. – Demi sorriu de orelha a orelha e o encheu de beijinhos no rosto. – E
quanto antes eu te deixar na casa do seu pai, mais cedo posso te buscar. – Ela
fez careta e revirou os olhos, porém riu porque queria passar mais tempo com
Joe.
- Tudo
bem, Joseph. – Demi descansou a cabeça no peito do rapaz e preferiu ficar
quieta gostando de todo o carinho que recebia. – Infelizmente eu já estou
pronta para ir. – Murmurou minutos mais tarde quando o celular começou a vibrar
e depois tocar, quando ela foi atender Meggy
tinha encerrado a chamada. – Vou de moletom mesmo. Acho que posso dizer que vou para casa, então moletom está bom. –
Demi não olhou para Joe, e ele, percebendo como ela ficou pensativa com a ideia
da casa do pai ser também dela, beijou-a na testa.
- Seu
pai, suas irmãs, sua família. Lá também é o seu lar, assim como no apartamento
da sua mãe, lá em casa, aqui, na casa da Selena e no apartamento do Ed. Nós
amamos você e a gatinha sempre vai ser bem-vinda em todos esses lares. – Demi o
beijou na boca sem nenhuma pressa, olhou-o nos olhos e segundos depois suspirou.
-
Obrigada por ser incrível. – Ela disse roçando o nariz ao dele para depois
roubar três selinhos molhados. – Joe, nós já tivemos o suficiente por hoje. –
Beijos no pescoço e as mãos grandes dele acariciando-a na cintura só podiam
significar que em poucos segundos os dois estariam se movendo como se não
houvesse o amanhã. – Estou fazendo sério. – Disse segurando o rosto dele com as
mãos. – Não estou dizendo que não podemos, vamos esperar o resultado dos seus
exames. – O olhar de Joe mostrou como ele ficou magoado, tanto que o rapaz se
deitou a cama com o rosto coberto pelas mãos.
-
Tudo bem. – Murmurou respirando fundo porque o corpo dele já estava pronto para
ter o de Demi. – Não faz isso comigo. – Pediu de olhos fechados ao sentir a mão
pequena toca-lo na ereção.
- Eu
amo como você sempre está pronto para mim, amor. – Sussurrou Demi o mordendo no
lóbulo da orelha. – Relaxa, ok? – De olhos fechados Joe assentiu gostando muito
dos beijinhos que recebia na bochecha. – Talvez mais tarde. – Demi riu de como
Joe ficou sorridente e todo sapeca a olhando.
- Eu
vou relaxar. – Respirar fundo por algumas vezes iria ajuda-lo, e foi o que Joe
fez. Fechou os olhos e deitou de barriga para cima a cama procurando pensar em
coisas que não envolviam sexo. E imaginar o rostinho do bebê o ajudou.
- Só
vou vestir uma calça jeans. – Demi beija-lo na bochecha não estava nos planos
do rapaz, e ela só não o desconcentrou porque Joe estava feliz em imaginar como
seria o bebezinho que ele teria com Demi.
Neve acumulada entre a calçada e a rua, neve
sobre os carros e árvores. Aquela era Nova York no inverno em semana de natal.
O Rockefeller Center era uma vista linda. Um enorme pinheiro estava enfeitado com
bolinhas, festão, lacinhos e tantos outros enfeites. Todos na cor dourada. A
pista de gelo estava movimentada desde crianças animadas a adultos. E ambos
davam um verdadeiro show patinando no gelo e se divertindo. Viver naquela cidade era incrível. Demi só se dava
conta de como Nova York era de encher os olhos naquelas semanas de natal, as suas preferidas.
Pena que para dirigir não era nada bom. Foi necessária a ajuda dos guardas de trânsito
para guiar o carro, em baixa velocidade, até o bairro onde Inácio morava. E ao
chegar, o rapaz respirou fundo sentindo o coração saltar no peito porque só de
pensar na reação do sogro quando soubesse da gravidez de Demi, ele ficava
tenso.
-
Dem, como nós vamos fazer? – Perguntou tirando o cinto de segurança para que
pudesse ficar mais à vontade.
-
Sobre? – Demi era a única que não estava tensa? Quando ela tirou o cinto de
segurança, colocou uma mecha do cabelo atrás da orelha e sorriu o olhando, Joe engoliu em seco e umedeceu os lábios claramente incomodado.
-
Você vai contar para o seu pai sobre o nosso
bebê? – Perguntou respirando fundo deixando o corpo relaxar ao sentir o
carinho dos dedos de Demi na bochecha barbada dele.
- Eu
não vou contar sem saber a sua opinião. Como você quer contar para ele? – O
instinto de Demi dizia como Joe estava tenso e assustado, e também estava
facilmente perceptível. As sobrancelhas encolhidas e os músculos faciais
rígidos mostravam claramente a tensão.
- Eu
não sei. – Estar ou não presente era algo que Joe ainda não tinha decidido. E a
opção dele não querer estar com Demi o fazia se sentir como um covarde, mas ele
não podia mentir. – Eu confesso que estou com muito medo do seu pai, e eu me
sinto um covarde medroso. – Disse cabisbaixo. – Mas eu quero tentar, é o
correto e eu não quero que o seu pai pense que eu sou um moleque medroso. – Joe a olhou nos olhos e enlaçou os dedos aos de
Demi. – Quero que o seu pai confie que eu vou ser um bom pai e marido para
vocês. – Demi sorriu o olhando e o abraçou.
- Eu
amo o meu pai, mas não posso aceitar que ele não goste de você sobre nenhuma
circunstância. – Disse Demi adentrando o cabelo da nuca de Joe com os dedos. – Eu
sei que você será um bom pai e marido. É uma das certezas que eu tenho. – Joe
se saía melhor com crianças que ela, a prova eram os sobrinhos de Ed. O rapaz
era genuíno e tão cuidadoso.
-
Vamos combinar para contarmos juntos depois do natal, o que você acha? –
Faltavam poucos dias para o natal, e como a família de Inácio era muito grande,
eles fariam uma senhora festa. Então criar um clima tenso poderia resultar algo
catastrófico.
-
Tudo bem, podemos contar depois do natal. Todo mundo vai estar mais calmo. –
Demi relaxou o corpo no banco do carro e espreguiçou bocejando. – Fica
tranquilo, vai dar tudo certo. – Muita coisa a preocupava, a saúde de Joe, a
falta de um emprego, os traumas de infância e engravidar muito cedo, mas acima
de tudo Demi sabia que precisava ter paciência e mais confiança.
-
Vou te levar na porta. – Ele disse depois do selinho que trocou com a namorada.
– Você está bem aquecida? – Perguntou de cenho franzido ao ver que Demi usava
apenas o moletom na parte de cima, luvas, jeans e calçava botas.
-
Estou. – Ela disse adentrando os bolsos do moletom com as mãos.
-
Dem, você está grávida. – Murmurou tirando o cachecol para enrolar no pescoço
dela. – Você não pode ficar vulnerável. – Sorte que ele sempre carregava um
casaco extra no carro, e foi nele que Joe envolveu Demi.
- Eu
não sinto tanto frio assim, Joseph. – Resmungou Demi quando Joe arrumou a touca
que ele usava na cabeça dela.
-
Não importa. Você vai ficar bem agasalhada. – Disse arrumando o cachecol e as
orelhas de Demi debaixo da touca. – É para se alimentar bem. Hoje à noite nós
vamos comer uma sopa recheada de verduras e carne. – Demi não conseguiu
esconder a cara de descontentamento ao ouvir o trecho sopa recheada de verduras. Ela já não gostava de sopa, já verduras
estavam completamente fora de cogitação. Pelo menos havia carne que nunca
decepcionava.
- Se
você me der um sanduíche duplo hambúrguer
com queijo, ovo e batata palha eu vou te amar para sempre. – Demi sorriu
com o olhar duro que recebeu de Joe. Ele sempre tinha aquela mania de
tentar leva-la para o lado negro da força, ou seja, a comer coisas saudáveis,
que na opinião de Demi era simplesmente desagradável.
- Se
você reclamar, vou colocar repolho e couve na sopa. – Repolho era muito ruim, e
Demi simplesmente não gostava do alimento, principalmente junto a couve-flor. –
Agora vamos. – Disse ao verificar a hora no relógio de pulso se relembrando que
a consulta marcada para aquela tarde começaria em menos de quarenta minutos.
- Eu
gosto de como você é protetor. – Disse Demi quando Joe a abraçou de lado e
olhou atentamente nos dois sentidos da rua a procura de algum automóvel. – Só
não gosto de quando você me obriga a comer verduras. – Ela até gostava de
determinadas verduras, não todas, mas implicava com Joe só para tentar fazê-lo
perder paciência, às vezes era divertido e uma missão muito difícil.
- Você
vai ter que comer. Alimentos naturais são uma boa fonte de energia e
nutrientes. – Demi sorriu e surpreendeu-o com um abraço aconchegante quando
chegaram a calçada.
- Eu
vou comer direitinho, prometo. – Disse apertando o abraço e Joe sorriu, apesar
de ter o cenho franzido.
- É
muito bom ouvir isso, mas a gente não pode se abraçar num lugar coberto? Está
nevando, Dem. – O vento soprava gelado e os flocos de neve estavam constantes
derretendo no rosto.
- Você
ainda vai se acostumar com o frio. – Demi limpou os flocos de Demi do cabelo de
Joe aproveitando para enlaçar o pescoço dele com os braços quando chegaram a
cobertura da casa de Inácio. – Qualquer coisa é só me ligar. Não vou demorar
muito aqui porque quero ficar com você em casa. – Demi o beijou nas bochechas e
roubou um selinho ao ver o biquinho de Joe.
-
Você também. – Disse a olhando nos olhos. – Não deixa de comer só porque você
pode ficar enjoada. Lembra do que o médico disse, dê preferência em alimentos
leves. – Demi assentiu.
- Vou
tentar, Joe. – Sorrindo, ela fechou os olhos quando foi abraçada por trás e
recebeu um beijo de arrepiar no pescoço.
-
Fica bem, meu amor. – Ele disse ainda a abraçando apertado.
- Você
também, senhor delícia. – Demi riu da careta de Joe. Às vezes ela usava o
apelido. E fazia jus a beleza de Joe.
-
Ei, eu vou entrar com você para cumprimentar o pessoal. – Ele disse sentindo as
bochechas corarem e Demi assentiu batendo a porta.
-
Nada de timidez. – Pediu Demi enlaçando os dedos aos dele quando Joe desfez do
abraço para ficar ao lado dela.
-
Parece que tem um século que eu não vejo você. – Anna tinha uma carinha de
sono, uma manta estava sobre os ombros, mas mesmo assim a moça os recepcionou com
um abraço e um sorriso verdadeiro, o que fazia com que Demi se sentisse mais
inclusa e amada com a família. – Você demorou. – Ela disse depois de beijar a
bochecha de Demi para então cumprimentar Joe com um inesperado abraço que o deixou completamente sem jeito a início.
-
Estava com a Selena organizando o convite do casamento. – Disse Demi a Anna
observando como a irmã, apesar de sonolenta, sorria e parecia estar feliz.
- Eu
imagino. Muita correria, mas no final tudo vai dar certo. – Anna deu passagem
para o casal adentrar a casa, daí Demi conseguiu entender o porquê de ela estar
tão quentinha e sonolenta. – Por um milagre de Deus a casa está sossegada. Eu e
Alicia aproveitamos para ver o Grinch. Ela
ficou com medo, mas dormiu. – Demi riu porque também tinha sentido medo ao ver
o Grinch pela primeira vez, depois assistir ao filme mais vezes só restava
boas risadas e a sensação nostálgica do natal na infância.
- Onde
estão as meninas e o papai? – Demi perguntou se agachando perto do sofá onde a
irmãzinha dormia que chegava suspirar envolta nas cobertas.
-
Boa pergunta, Dem. – Disse Anna tentando pegar a pequena Alicia do sofá, mas eram
tantas cobertas envolvendo a menina, que por um pouco ela não escapou dos
braços. Quem acabou com Alicia nos braços foi Joe ao perceber que Anna
precisava de ajuda. Ele era simplesmente bom com bebês. – Vamos leva-la para o
berço, Joe? Ela precisa descansar, Hannah esgotou as energias dela antes de
sumir. – Anna estava tão distraída e acostumada com Joe, enquanto o rapaz estava
rígido de vergonha, na verdade de medo de subir para o quarto de Alicia e topar
com Inácio no caminho.
A casa estava realmente muito quieta, o que
era estranho. Joe seguiu Anna e Demi com a pequena Alicia nos braços sendo
cauteloso para não acorda-la. Já Demi se controlava para não derramar lágrimas,
não lágrimas de tristeza, era que ver Joe com um bebê a emocionava. Todos
pareciam afetados com Alicia, e tinham o mesmo motivo: uma gravidez. Adentrando
o quarto, o cheirinho de bebê e talco resultou numa reação diferente. Anna
sorriu se sentindo ansiosa para ter o espaço onde viveria com Rick e o bebê,
Demi empalideceu e teve que engolir em seco porque a ficha caiu que ela estava
grávida. Era estranho ter alguém, ela
sempre foi sozinha e independente, os namoros quase nunca duravam ou chegavam
perto de ser verdadeiros como com Joe. Falando no rapaz, ele sorria timidamente
de coração acelerado. A ideia de ser pai o enchia de esperança e felicidade.
-
Dorme bem, pequena. – O beijinho na testa de Alicia foi uma ação inesperada
até mesmo para ele, mas era algo que costumava fazer com os primos mais novos
no Texas.
-
Tudo bem, Demi? – Anna perguntou baixinho ao perceber como a irmã estava
desconfortável olhando para os lados e umedecendo os lábios. – Você quer um
copo com água? – Perguntou com o olhar fixo em Demi porque parecia que a moça
iria desmaiar ou ter um ataque de pânico a qualquer momento.
- Demi?
– Joe se aproximou de cenho franzido e preocupado.
- Eu
estou bem, só me lembrei de algo e fiquei preocupada, mas não é nada. – Ela
disse olhando atentamente para Joe, entretanto ele não entendeu que ela queria
dizer que estava assustada com a repentina mudança na vida.
-
Você está sentindo alguma coisa? Tontura, enjoo? – Se era para o bem estar de
Demi, não havia segredo no mundo que o impediria de verificar se a namorada
estava realmente bem. E o olhar intenso e preocupado de Joe não passou
despercebido por Anna.
- Eu
estou bem. – Disse Demi num sussurro trocando um breve olhar com Anna que
entendeu tudo que estava acontecendo. – Vamos, Alicia está dormindo. – O que
ela diria a Anna? Demi preferiu nem olhar para irmã, e muito menos para Joe. As
bochechas estavam coradas e por isso Demi optou por olhar para baixo
enquanto eles voltavam em silêncio para sala.
-
Vamos para cozinha? – Comer não era uma boa. Demi sentia que não era, só não
podia dizer a irmã que preferia não ir a cozinha porque ela tinha certeza que
ficaria enjoada ao sentir o cheiro de qualquer alimento.
- Joseph,
não é melhor você ir? – Falou Demi o olhando. – A sua tia deve estar esperando.
– Completou quando Anna a olhou de cenho franzido.
-
Estou preocupado com você, posso remarcar a consulta para amanhã. – Disse o
rapaz a olhando nos olhos e Demi mordeu o lábio inferior.
- Eu
estou bem, não tem motivo para ficar preocupado. A sua saúde é mais importante.
– Quantos segundos eles ficaram se olhando até Joe entender que ele deveria ir
embora? Demi se sentiu mal, mas não queria Joe desmarcasse a consulta só porque
ela tinha ficado apavorada com a ideia de estar grávida.
-
Tudo bem. – Ele não conseguiu disfarçar como ficou frustrado, tentou até
sorrir, mas já estava sem graça. – Você sabe que qualquer coisa é só me ligar.
– Disse começando a caminhar em direção a porta da sala com Demi e Anna logo
atrás.
- Eu
sei, querido. Você também pode me ligar. – O sentimento de culpa por fazer Joe
ficar desconfortável não iria passar tão cedo, Demi até abraçou por trás o
namorado o surpreendendo e como uma forma discreta de dizer que tudo estava bem
entre eles.
- Até
mais tarde, meninas. – Joe sorriu quando Demi tirou a touca que usava,
colocou-se na pontinha dos pés e tentou coloca-la na cabeça dele.
-
Você vai precisar ficar bem gasalhado. – A touca ela só tinha conseguido
arrumar na cabeça de Joe com a ajuda dele, já o cachecol foi mais fácil. – Amo
você. – Sussurrou de olhos fechados quando Joe a abraçou apertado pela cintura.
- Eu
também amo você. – Disse Joe também de olhos fechados prolongando o abraço por
mais tempo, e quando ele o rompeu foi para dar um beijinho nos lábios da
namorada. – Até mais tarde, Anna. – Envolvê-la num abraço gentil não foi nada
ruim. Joe sorriu tímido para as duas mulheres e então caminhou na direção do
carro.
-
Você ganha de todas nós quando o assunto é namorado fofo. – Disse Anna assim
que elas adentraram a casa. Demi sorriu e se ajeitou ao sofá buscando por uma
almofada para abraçar.
-
Ele é um amor. – Não tinha muito que reclamar de Joe. Ele era atencioso,
prestativo, muito fofo e carinhoso. O único ponto negativo era o fato de ele
ter omitido fatos importantes, como a verdade sobre Inácio assim que descobriu
e o estado de saúde.
-
Não está com frio? – Anna se aninhou a coberta e Demi se juntou a irmã ali
mesmo no sofá. Cada uma numa extremidade do móvel. – É muito estranho ter
silêncio aqui em casa. – Até mesmo à noite havia barulho de gente indo ao
banheiro e cozinha. Durante o dia havia uma guerra entre aquelas meninas.
Sempre haveria uma discussão ou um momento que elas se juntariam para fazer
bagunça.
- O
papai não está em casa? – Perguntou Demi se sentindo desconfortável com o
repentino silêncio entre elas.
-
Foi ao supermercado com Isabella comprar os ingredientes da ceia de natal. –
Comentou Anna se aconchegando ao sofá e olhando para Demi. – Ele está muito
animado e feliz esse natal por causa de você. – As palavras de Anna tocaram o
coração de Demi. Automaticamente ela sorriu emocionada porque era a primeira
vez em toda a vida que passaria o natal ao lado do pai e da família. – Nosso
natal vai ser grande, Dem. – Disse Anna a olhando e Demi assentiu pensando no
natal.
- Eu
estou animada. – Tudo estava diferente, e o natal tinha um potencial para ser
incrível. E Demi só foi parar para pensar que teria que se desdobrar para estar
em quatro lugares: a casa do pai, de Dianna, de Joseph e de Selena. Já era
costume ela passar o natal com os Gomez, mas agora tinham muitas pessoas para
aproveitar o momento. – Só que vai ser muito corrido, Annie. Tem a minha mãe, o
Joe e a Sel. Como vou ficar com todos juntos? – Se ela pudesse, passaria um
pouquinho do dia com cada pessoa que amava, mas a virada do dia vinte e quatro
para o vinte e cinco não era possível, só se todos estivessem na mesma casa.
-
Você pode convidar o Joe e a sua mãe para passar o natal aqui. A Selena também,
mas acho que ela já vai passar o natal com a família. – Será que era uma boa
ideia? Demi sustentou o olhar de Anna e depois o desviou. Era uma solução que a
deixaria muito feliz.
- Eu
vou conversar com o papai a respeito e com o Joe e a minha mãe. – Demi umedeceu
os lábios pensando na festa de natal, será que existia uma chance de os dois
conviverem no mesmo ambiente sem que Inácio tentasse assustar o rapaz? – Você
vai convidar o Rick? – Perguntou a olhando e no mesmo instante Anna assentiu.
- Já
convidei. Ele não vai passar a noite toda aqui. Nós decidimos que ele ficará
aqui comigo até por volta das dez da noite da véspera, depois ele vai para casa
dos pais para ceia. No dia vinte e cinco eu vou almoçar com a família dele. –
Demi apenas assentiu. Ela não tinha feito grandes planos para o natal, só
esperava poder ficar sossegada com Joe. – Bella convidou o Scott, Hannah quer
passar o dia vinte e cinco com o Augusto, mas o papai não deixou. Os dois
brigaram mais cedo. – Hannah era menor de idade e Inácio implicava com o
namorado da menina, então ela não tinha muito sucesso nas decisões que tomava
em relação a Augusto porque Inácio estava sempre atrapalhando.
- Eu
posso tentar conversar com o papai sobre a Hannah. Acho injusto ela não poder
ficar com o Augusto. – Anna assentiu sustentando o olhar de Demi e esperando o
que ela tinha a dizer. – Eu.. – Murmurou Demi se sentindo desconfortável. –
Descobri tem dois dias. Estou feliz e com medo. – Elas sorriram quando se
abraçaram apertado. Demi recebeu beijos nas bochechas e não pode se sentir mais
feliz e amada com o carinho que recebia da irmã.
-
Essa é a sensação, mas a felicidade sempre falará mais alto. – Anna sorriu
realmente feliz, acomodou-se ao sofá ao lado de Demi e sem receios acariciou-a
na barriga. – Nós vamos ser mamães, Dem. – Elas eram tão novas, mas não havia
como voltar atrás. Demi assentiu estudando os carinhos de Anna. Era bom não
estar sozinha.
- Eu
fiquei assustada quando entrei no quarto de Alicia porque parece que a ficha
caiu.. E o Joe estava com ela nos braços, foi muita informação para mim. –
Disse Demi olhando para o teto para depois os olhos castanhos de Anna.
- Eu
entendo. Aconteceu comigo, mas já estou confortável com a ideia de estar
grávida. – Anna não falou muito alto porque havia o risco de Inácio chegar a
qualquer segundo. – O Joe vai ser um pai excelente. Ele é muito carinhoso e
protetor. – Demi assentiu prontamente.
- E
o papai? Quando você vai contar? – Perguntou Demi curiosa.
- Eu
não faço ideia de quando ou como contar, mas eu acho que nós podíamos fazer
isso juntas. – As duas ficaram em silêncio pensando em como poderia contar para
Inácio de uma forma que ele não passasse mal ou qualquer coisa do tipo.
- Eu
acho que vai ser muita informação para ele. – Resmungou Demi cobrindo o rosto
com as mãos.
-
Vai ser um choque de qualquer forma, Dem. – Disse Anna a olhando. – Daqui
alguns meses nossas barrigas estarão grandes e não vai ter como esconder. Nós
precisamos planejar como vamos contar para ele não passar mal. – Bem, quem
quase passou mal foi Anna quando o pai abriu a porta da sala com uma cara não
muito boa, e Isabella vinha logo atrás carregando sacolas não parecendo muito
feliz.
-
Nossa conversa não acabou, Isabella. – Inácio não estava bom! Ele parecia
impassível e muito mal humorado, e chamar Bella de Isabella só mostrava como
ele estava realmente chateado.
- O
que foi? – Anna se ergueu no sofá e perguntou para irmã gêmea, mas Bella só
suspirou e seguiu para cozinha. – Às vezes eu sinto como se uma bomba fosse
explodir aqui em casa a qualquer momento. – Resmungou ao se lembrar de que ela
e Demi contariam para Inácio sobre a gravidez, Hannah estava sumida naquela
tarde, assim como Megan e Amber. As chances das meninas estarem aprontando era
muito grande.
- Eu
não sei nem o que dizer. – Murmurou Demi. Ela estava acostumada a discutir com
Dianna, mas em comparação a toda atual situação, as discussões com a mãe nem
chegavam aos pés do que poderia acontecer. – Por que tudo não pode ser simples?
– Perguntou Demi um tanto pensativa olhando para o teto, mas no instante
seguinte o rosto de Bella estava em seu campo de visão e tudo que ela fez foi
sorrir deixando que a irmã a abraçasse e a beijasse na bochecha calorosamente.
- Apareceu
a margarida. – Disse Isabella se ajeitando entre as duas irmãs no sofá. – Ficar
com o Joe é tão bom assim que você se esquece da gente? – Bella perguntou
sorrindo, e Demi riu, mas sentiu as bochechas corarem quando viu que o pai
estava ali em pé a olhando.
- Eu
estava morrendo de saudades. – Disse Inácio quando Demi o abraçou forte. E para ela foi estranho estar naquele abraço porque era muito ruim sentir receio do
pai. A notícia que ela e Anna estavam grávidas deveria ser motivo de
celebração, não de tensão e medo. – Como você está, filhote? – Ele perguntou
tão carinhoso colocando uma mecha do cabelo castanho dela atrás da orelha e a
olhando nos olhos com tanto carinho. Só restou a Demi sorrir se sentindo amada.
-
Estou bem. E você? – Perguntou ao pai sorrindo porque gostava do carinho que
Inácio fazia em suas bochechas.
-
Estou bem e cheio de coisas para fazer. – De um segundo para o outro todo
aquele lado carinhoso de Inácio foi embora quando ele olhou para Isabella. – Vamos
colocar as compras para dentro, Isabella. – Demi e Anna ainda ganharam um
sorriso, e Isabella apenas um olhar duro do pai.
- Você
sabe o porquê dele estar tão bravo com a Bella? – Perguntou Demi a Anna.
-
Provavelmente ela finalmente contou para o papai que vai sair de casa para
morar com o Scott. – Disse Anna baixinho depois que o pai passou para cozinha
carregando as compras. Não era novidade para as meninas. Bella era feliz com o
namorado, tinha conseguido um emprego que a agradava depois de meses formada e
se recuperando da morte da mãe. Estava na hora dela seguir normalmente com a
vida como desejava. – Eu odeio isso. – Resmungou Anna. – Mas sei que é
necessário. Não consigo imaginar essa casa sem a minha Bella. – Demi sorriu a olhando. Bella era uma presença forte
entre elas, a mais paciente e que conseguia uni-las sobre todas as
circunstâncias. E quem cozinharia? Anna sentiria falta da irmã gêmea, mas ela
também iria embora dentro de poucos meses.
-
Quase ninguém gosta de mudanças, Annie. Mas
às vezes elas são necessárias. – Disse Demi. Ela tinha medo de mudanças,
mudanças ruins, porém as boas eram sempre bem-vindas, fato era o que tinha
acontecido durante aqueles seis meses. Ela simplesmente tinha encontrado o cara
certo, a amizade com Selena não podia estar mais forte, Dianna a amava e ela
tinha um pai e muitas irmãs. Existia uma mudança melhor? – Bella não vai embora
porque deixou de amar vocês, ela quer tentar construir a vida dela com o Scott
assim como eu quero com o Joe e você com o Rick. – Anna assentiu num balançar
de cabeça.
-
Deixou de nos amar. – Corrigiu Anna a olhando e Demi franziu o cenho sem
entender. – Você disse “Bella não vai embora porque deixou de amar vocês”,
quando o correto é “deixou de nos amar”. Você também faz parte da família, e
por mais que já tenha o seu apartamento, aqui também é o seu lar. – Demi sorriu
e beijou a bochecha da irmã. – Depois dessas festas de final de ano nós vamos
organizar o seu quarto. – Se Inácio assim permitisse. Demi tinha medo de como
as coisas ficariam entre eles depois que a gravidez fosse revelada.
- Meninas,
preciso da ajuda de vocês para guardar as compras. – Anna e Demi estavam
envolvidas demais na conversa para perceber que Inácio se aproximava. – Vocês
podem me ajudar? – Ele perguntou esboçando um sorriso tímido e parecia feliz
pelo olhar carinhoso do qual as examinava.
-
Podemos. – Disse Anna depois de olhar para Demi. – Mas você comprou o meu Bis de limão? – Anna só ajudaria o pai
se em troca recebesse o Bis que tinha falado durante toda manhã.
-
Acho que esqueci. – Brincou Inácio e no instante seguinte ele franziu o cenho
porque Anna o olhou de cenho franzido e com uma cara nada boa. – Não esqueci. –
Murmurou coçando o cabelo da nuca. – Comprei uma caixinha de Bis para cada uma
porque eu sei que daria briga se eu trouxesse só uma. – Inácio mal tinha
terminado de falar e Anna já estava na cozinha vasculhando todas as sacolas
atrás dos Bis.
-
Isabella, o seu bis é meu! – Demi fez careta ao ver a irmã. Anna mal tinha aberto
ao caixinha do bis é já tinha comido pelo menos três e já pensava no bis de
Bella.
-
Você pode ao menos deixar um bis para mim? – Resmungou Bella colocando as
últimas sacolas sobre a mesa. – Pode se aproximar Dem, eu acho que a Annie não vai te morder por causa de um bis. – Disse
Bella ao perceber como Demi parecia distante e receosa.
-
Tem bis para todo mundo. – Disse Inácio colocando a última caixa de leite sobre
a mesa. – Onde estão as outras meninas? Esta casa está muito silenciosa. – Reclamou
porque naquela altura do campeonato era para estar estourando uma discussão
entre Megan e Hannah.
-
Estão por aí. – Murmurou Anna comendo mais um bis. – Vem Dem, está uma delicia.
– Anna podia dizer que era um desejo realizado. Cada pedacinho do bis parecia
fazê-la mais feliz, e ao olhar para irmã, ela não soube se Demi compartilharia
da mesma sensação.
-
Por aí onde? – Resmungou Inácio olhando para Anna que simplesmente deu de
ombros, então ele saiu cozinha a fora gritando por Amber, Megan e Hannah.
-
Alicia está dormindo! – Disse Anna alto o suficiente para o pai ouvir. – Eu
poderia comer só bis pelo resto da minha vida. – Era um exagero e tanto, Demi
arqueou uma sobrancelha sem saber se deveria abrir a caixinha de bis ou não, já
Isabella pegou um dos bis de Anna e em troca quase levou um tapa.
- Você
não gosta de bis? – Perguntou Isabella olhando para Demi com curiosidade. – Tem
outros doces, se você quiser. O papai comprou chocolate e chicletes. – A sacola
que Bella havia mostrado para Demi estava sortida de doces e guloseimas. O
problema não era o tipo do doce, se tivesse um ali que Demi não gostava era
porque tinha amendoim ou avelã, porém o resto ela jamais recusaria.
- Obrigada,
é que eu estou sem vontade de comer doce. – Mentira! Ela até tinha se imagino
sentada sobre a mesa balançando os pés e devorando cada um daqueles doces.
- Nada
das irmãs de vocês. Onde essas garotas se meteram?! – Reclamou Inácio
adentrando a cozinha de cenho franzido. Ele tinha adentrado todos os quartos e
chamado pelas filhas, mas não obteve resposta. – Elas não estão brincando na
vizinhança? – Perguntou se recostando a mesa ao lado de Demi.
- Eu
não faço ideia, pai. – Murmurou Anna com a boca cheia de bis. – Amber estava
dançando balé no quarto dela. Alicia estava comigo, as outras duas eu não faço
ideia. – Certeza era que Hannah estava com Augusto, quando Inácio foi ao
mercado com Bella não se passaram cinco minutos para o rapaz bater a porta todo
sorridente atrás da namorada. Anna só não deduraria a irmã porque Inácio faria
um senhor escândalo. – Eu realmente não sei onde Megan e Amber estão, elas não
avisaram que iriam brincar na vizinhança. – Como era época de neve, as crianças
gostavam brincar no quintal de guerra de bola de neve, faziam bonecos e anjos
de neve.
-
Eu vou ligar para Meggy. – Resmungou Inácio saindo da cozinha. Uma coisa era
certa: ele só sossegaria quando tivesse certeza que todas as meninas estavam
bem.
-
Hannah está em algum lugar dessa casa com o Augusto. – Disse Anna esboçando um
pequeno sorriso. – Ele veio assim que vocês saíram. – O que não faltava naquela
casa era bons lugares para se esconder, e Anna tinha certeza que Hannah tinha
levado Augusto para um lugar onde Inácio jamais sonharia em procura-la. – Amber
e Megan, eu não faço ideia de onde estão. – Megan sumida era sinônimo certeiro
de confusão.
-
Você sabe que se o papai pegar a Hannah com o Augusto aqui dentro de casa nós
viveremos um inferno. – Disse Bella olhando fixamente para Anna. Não havia como
dizer em outras palavras o drama que Inácio faria. – Por que adolescentes
sempre tem que dar trabalho? – Resmungou massageando o cenho sem querer pensar
no que a irmã poderia estar fazendo.
-
Megan me ligou mais cedo. – Disse Demi ao se lembrar da ligação da irmã. – Foi
um pouco antes de eu chegar aqui, mas ela não me esperou atender. – Murmurou
buscando pelo celular no bolso quando ele vibrou.
- Eu
estou sentindo que ela vai aprontar. – Resmungou Bella repassando o dia
mentalmente. No café da manhã, se Megan disse mais de dez palavras foi muito. E
dez palavras para a menina era pouquíssimo! Ela conversava muito, conversava
que às vezes nem deixava as outras falarem. No almoço a menina estava ainda
mais calada e envolvida com o celular, e antes de Inácio sair, Meggy tinha
pedido dinheiro ao pai. – Você não faz ideia de onde Amber está? – O repentino
sumiço de Amber podia ter envolvimento com o de Megan, que sempre dava um
jeitinho que colocar a irmã em encrencas.
- “Estou escondida no meu quarto porque sem
querer quebrei o relógio do papai. Vocês podem me ajudar? Ele vai ficar uma
fera quando descobrir” – A mensagem de Amber era de dez minutos atrás. E
pelas caras de Bella e Anna, Inácio realmente ficaria uma fera.
-
Quantas vezes nós falamos para ela não mexer naquele relógio? – Reclamou Anna
pela primeira vez largando a caixinha do bis que estava quase pela metade. –
Ele vai ficar muito irritado quando descobrir. – O relógio
era o presente do primeiro aniversário de casamento que Inácio tinha recebido
da falecida esposa.
-
Está chamando, mas ninguém atende não atende! – Bem, Inácio já estava irritado. Ele
adentrou a cozinha de cenho franzido e puxou uma cadeira para se sentar próximo
a Anna, cobriu o rosto com as mãos e suspirou. – Vamos ligar para todos os
amigos e colegas, para a casa dos seus tios e tias. Se elas não estiverem em
nenhum desses lugares nós vamos fazer uma ronda no bairro, e se não as
encontrarmos.. eu vou ligar para polícia. – Apesar de irritado, Inácio também
estava preocupado. Era de se perceber só de olha-lo nos olhos. E não tinha como
ele estar diferente. Megan era uma menina inteligente e sagaz, mas ainda não
tinha experiência de vida para saber onde deveria ou não se meter. Ela só
pensava nas atitudes, mas não nas consequências. Ser pai viúvo era uma
responsabilidade incomparável e se algo de ruim acontecesse a qualquer uma das garotas
Inácio perderia o chão.
- Pai,
elas estão bem. Vamos nos organizar para não perder a calma. – Bella foi
firme nas palavras. Segurou as mãos de Inácio quando se agachou perto dele e
o olhou nos olhos transmitindo segurança e a paciência que Inácio estava perto
de perder. – Respira fundo. – Ela disse trocando um breve olhar com Demi em agradecimento
pelo copo com água.
- É por isso que você não pode ir embora, Bell. – Disse Inácio olhando nos olhos da filha e Bella franziu o cenho sem saber o que poderia dizer. Era fato que ela sabia controlar as irmãs e a casa, mas também Bella queria viver a própria vida. Ter a própria casa e família não significava que ela desistiria das irmãs.
- É por isso que você não pode ir embora, Bell. – Disse Inácio olhando nos olhos da filha e Bella franziu o cenho sem saber o que poderia dizer. Era fato que ela sabia controlar as irmãs e a casa, mas também Bella queria viver a própria vida. Ter a própria casa e família não significava que ela desistiria das irmãs.
-
Olha se ela está online no Whatsapp, Demi.
– Disse Anna percebendo como Isabella tinha ficado tensa e sem jeito pelo pai ter tocado no assunto. Demi o
fez, abriu a conversa privada com Megan e mandou algumas mensagens. Demoraram a
chegar, porém Megan não ficou online.
“Amb,
você sabe onde a Megan está? Olha se ela visualizou a sua mensagem no grupo. É
melhor você descer, o papai está preocupado, depois nós resolvemos o relógio”.
– Demi.
- Amber
está aqui, ela estava no quarto. – Disse Anna para acalmar mais Inácio que a
olhou atentamente.
-
Hannah e Megan? Onde elas estão? – Perguntou Inácio assim que Amber adentrou a
cozinha se sentindo envergonhada com o tanto de olhares que recebeu. E pela
cara do pai, ela choraria se ele aumentasse o tom de voz. – Eu fiquei
preocupado com você, anjo. – Às vezes Inácio era grosso quando perdia a calma,
mas ele sempre era carinhoso e não deixava de demonstrar como as filhas eram
importantes, tanto que ele abraçou Amber apertado e a beijou nas bochechas
olhando atentamente para a menina se certificando que ela estava bem.
- Eu
não sei onde elas estão. – Disse Amber olhando para as irmãs mais velhas com
uma carinha de culpada e arrependida. Era mentira e verdade. Mentira porque Amber
sabia que Hannah estava com Augusto porque a irmã tinha pedido para ela não
contar para ninguém que Augusto estava ali. Verdade porque Megan realmente não
disse nada sobre o que faria durante o dia.
- Hannah
está online. – Disse Demi concentrada no celular digitando uma mensagem
agilmente: "Onde você está? O papai está
preocupado." Quando Hannah começou a digitar, no instante seguinte ela parou
e o motivo era a ligação de Inácio.
-
Hannah! Cadê você? Estou preocupado. – Será que era possível Inácio franzir
mais o cenho. Não deu dois minutos e Hannah adentrou a cozinha. Ah! Ela recebeu
olhares cerrados de Bella e Anna, porém manteve-se impassível ignorando as
irmãs. – Eu chamei por vocês na casa toda. – Reclamou Inácio olhando para Amber
e depois para Hannah.
- Eu
estava lá no sótão organizando algumas
coisas, não ouvi ninguém me chamar. – Hannah tirou uma mecha do cabelo de
trás da orelha porque ela tinha certeza que o pescoço marcado com um chupão a
entregaria. Ora! Ela não podia arriscar, Augusto tinha se escondido em algum
cômodo da casa e tira-lo de lá sem que Inácio o visse daria muito trabalho, em contrapartida a
adrenalina seria deliciosa.
-
Onde está Megan? – Inácio perguntou a Hannah e tudo que a menina fez foi dar de
ombros.
- O
que? Eu não faço ideia de onde ela se meteu. A última vez que a vi ela me
expulso do quarto para jogar vídeo game. – Era típica aquela rixa entre as
duas. Mesmo que cada uma tinha um quarto, exceto as gêmeas por que gostavam de
dividir o espaço, Hannah adorava visitar Megan para importunar a menina ou
simplesmente conversar quando elas não estavam brigadas, e receber a porta na
cara quando Meggy estava jogando vídeo game era normal.
- Falta
só uma. – Sussurrou Inácio se sentindo mais aliviado. Ele tinha cinco meninas
na cozinha, Alicia estava dormindo e Megan sumida. Que responsabilidade era ter
sete filhas! A consciência só o deixaria tranquilo quando Megan aparecesse ou
entrasse em contato dizendo onde e com quem estava. – Dez dólares para quem
disser onde Meggy está. – Dava para sentir como elas estavam tensas, por isso
Inácio sorriu e se levantou para oferecer doces para Hannah e Amber.
- Eu
não sei onde ela está, infelizmente. – Disse Hannah mais uma vez. Ela
entregaria Megan até por menos de dez dólares porque a menina estava irritante
naquela manhã. – Ou felizmente. –
Murmurou e o pai a olhou feio.
-
Nós só vamos planejar a nossa ceia de natal quando todas estiverem aqui. –
Organizar uma ceia de natal com aquelas meninas era uma dor de cabeça. Quando
Caroline estava viva era muito mais fácil entrar num bom senso porque ela unia as garotas, agora as meninas estavam mais maduras e, por mais que eram amigas,
nem sempre era fácil uma abrir mão de uma vontade pela outra. – Dem, você vai dormir aqui? – Inácio
perguntou olhando para Demi.
-
Hoje eu não posso. – Demi simplesmente não sabia o que dizer quando virava
aquela bagunça. Bastou ela terminar a frase para que as meninas começassem a
falar sem respeitar a vez. Virou uma poluição sonora em pouquíssimos segundos e
logo mais o choro de Alicia ecoou. – Eu tenho que ajudar a Selena a distribuir
os convites do casamento mais tarde e eu prometi ao Joe que passaria a noite com ele. –
Disse assim que Inácio deixou a cozinha para buscar Alicia no berço.
- Vai
ser a sua primeira ceia com a gente. – Disse Hannah. – Nós vamos organizar o
que faremos hoje, e às vezes demora muito para definirmos o que vamos
cozinhar.. – Depois de dita a frase, Hannah umedeceu os lábios e fitou o chão
se sentindo triste. Quem cozinharia naquele natal? Por um pouco a menina chorou
ao pensar na mãe. Os olhos marejaram, mas Hannah os fechou no mesmo instante e
sorriu ao ser abraçada por trás.
- O
papai não está aqui, está? – Agora o tecido gelado do casaco fazia sentido.
Hannah olhou para as mãos da pessoa que a abraçava e soube que era Megan porque
as unhas estavam pintadas de preto, como de costume.
-
Onde você estava, Megan? – Perguntou Isabella de cenho franzido e irritada com
a atitude rebelde da irmã.
- Eu
estava por aí. – Respondeu Megan ainda abraçada a Hannah.
-
Megan, sai. – Ok, elas não eram de se abraçar com tanta frequência, e quando
faziam os abraços não eram longos. Hannah franziu o cenho quando deu um passo
a frente e Megan continuou a abraçando por trás. – Megan, é sério. –
Reclamou a menina porque ela precisava urgente aproveitar que o pai estava
entretido com Alicia para saber onde Augusto tinha se escondido.
- Dá
para vocês pararem com essas brincadeiras? – Reclamou Anna irritada com a
situação. Hannah dava passos para frente e para trás tentando se livrar do
abraço de Megan, e em troca a menina só ria.
-
Megan! – Demi se assustou ao ouvir Meggy murmurar um “ai!” quando Hannah
finalmente tinha conseguido se livrar do abraço grudento.
O sumiço estava justificado. Não havia uma
peça de roupa que Megan vestia que não era preta desde o all star a touca. O
cabelo castanho longo estava alisado e tinha uma única mecha cor de rosa que
vinha da nuca entre a cabeleira. A parte mais impactante estava longe de ser a novidade no
cabelo, o piercing tradicional numa argolinha cor de outro estava no nariz da
menina que chegava estar rosado entregando o recente furo. Inácio viraria uma fera.
***
Fix
You do Coldplay
tocava num volume baixo dentro do carro parado numa via pouco movimentada
de Nova York. Joe estava quase fora da cidade e tinha se deixado guiar por
todas as músicas que tocavam no Spotify na
tentativa de relaxar. Ele precisava daquele momento sozinho para processar
todas as informações das últimas setenta e duas horas, e dirigir era relaxante,
ainda mais ouvindo música. O rapaz só não podia se deixar envolver muito com as
músicas porque toda atenção no trânsito de NY era necessária.
Parado, Joe tinha inclinado um pouco mais o
banco do carro para baixo e às vezes suspirava pensando em tudo e em nada
simultaneamente. Ele precisava se organizar com urgência! Não era brincadeira,
agora a responsabilidade ia além dele mesmo e a cadelinha Lucy. Um bebê estava a caminho e ele precisaria de muito amor e apoio para crescer! Precisavam de um
lar, de paz e sossego para viver os três juntos.
As mãos foram ao rosto quando a preocupação
ultrapassou o normal, Joe respirou fundo algumas vezes porque não adiantava
nada ficar nervoso, pois ele poderia passar mal. O que precisava fazer era: pedir Demi em casamento, comprar
uma casa e, sobretudo, ficar bem de saúde para executar cada plano que tinha em
mente. O emprego viria depois, na necessidade ele usaria a herança para
sobreviver.
A música o ajudou a relaxar, até porque não
podia ser diferente. As músicas da banda Pink
Floyd eram ótimas para aquele quesito. Até de olhos fechados Joe estava, e
ele imaginou um lar onde poderia
morar com Demi e o bebê. Nova York era uma cidade grande e oferecia tudo que
eles precisavam, encontrar um bairro mais sossegado que Manhattan era possível, e Joe o faria. Prepararia o pedido de
casamento e começaria a pesquisar por casas. Mas e se Demi quisesse escolher
junto com ele? O rapaz franziu o cenho quando os pensamentos viraram uma
bagunça que envolvia a saúde, Inácio, discussão para saber se morariam em Nova
York ou no Texas. Era uma infinidade de argumentos que o deixava confuso, e a
ligação de Laura foi na hora certa.
- “Onde você está, Joseph?” – Disse Laura com
o tom de voz alterado e Joe só foi entender o motivo quando olhou a hora no
painel do carro. – “Faltam vinte minutos
para a sua consulta.”.
- Estou pronto e a
caminho de casa, passei para deixar a Demi na casa do pai dela e parei para
resolver algumas coisas... – Laura não precisava saber que ele estava muito
preocupado com toda atual situação. Ao encerrar a ligação Joe saiu com o carro
prestando atenção no local. Ele estava em Manhattan
na região do bairro Chelsea, o
lugar era bonito e tinha uma arquitetura criativa em forma e cores, o maior
problema de Nova York era que tudo parecia muito movimentado e corriqueiro,
talvez no Texas a chance de ter uma vida mais sossega e familiar seria maior.
Continua...
Continua...