6.4.18

Capítulo 7 - Parte 2


Fazenda Jonas, Marble Falls – Texas

Era um pouco mais que saudade. Dar um tempo tinha sido mesmo uma boa ideia? Havia quase duas horas que Joe estava deitado na cama de solteiro do quarto que o pertencia. E em todo aquele tempo que ele estava ali, os pensamentos se concentravam em Demi. Era para ela estar ali agarrada a ele nua e sonolenta. O cabelo castanho caindo pelas costas, os seios nus roçando o peito e as bochechas levemente coradas. Não era para ele pensar em Demi daquela forma. Joe resmungou um palavrão e cobriu o rosto com as mãos. Toda vez que ele pensava na namorada, o corpo ficava em estado de alerta e acontecia algo que ele não conseguia resolver sozinho. Suspirando, mesmo sem querer o rapaz fechou os olhos e imaginou que a namorada estava ali com ele o abraçando e o beijando como ela sempre fazia. Joe quase abraçou o nada porque se deixou levar pelos pensamentos.

   - Por que você faz isso comigo? – Perguntou baixinho se sentando na cama porque sabia que não resultaria em nada bom ficar pensando em Demi.

Estava tão ruim ficar sem ela. O tempo demorava a passar, os momentos pareciam vagos e entediantes e nada era capaz de fazer Joe sorrir feliz. Bem pelo contrário, ele estava mais mal-humorado do que podia se lembrar. No dia passado, dormiu dentro da caminhonete no meio do pasto e não se sentiu culpado quando foi acordado pelo xerife e mais três viaturas. Clara o encheu de broncas e Rose ficou uma fera porque ele não tinha provado o terno, mas não foi nada que o abalou. Ele só deu de ombros e resolveu passar o resto do dia confinado no quarto dormindo.

Sobre a mesinha do criado-mudo estava a caixinha que protegia o objeto mais importante para Joe. Ele se curvou para pega-la e analisou a joia. Eram diamantes legítimos cravados no ouro branco. Mas o significado da peça não envolvia o valor material. Aquilo nem de fato contava para Joe. O que tornava o anel especial era o fato de ele ter pertencido à falecida Juliana, a mãe do rapaz. E a peça seria de Demi. Seria, se eles não estivessem brigados.

   - Posso entrar? – Foram duas batidas e então a voz de Rose soou. Joe respirou fundo e murmurou um “Aham” sem nem mesmo se importar em buscar uma camisa como sempre fazia quando Rose estava por perto. Era o dia dela e ele não a destrataria. – A vovó disse que você não desceu nem para comer. – Os olhos castanhos da menina analisavam e gravavam cada detalhe do corpo do rapaz sentado a cama. Eram raras as vezes que Joe ficava sem camisa e expunha as pernas porque não gostava de usar bermudas.

   - Eu estou sem fome. – Murmurou se espreguiçando de olhos fechados. Rose até engoliu em seco porque se antes ela já admirava Joe, agora o coração batia um pouquinho mais rápido e no corpo havia sensações que a menina não conseguia descrever. – E você? Está animada para hoje? – Perguntou sorrindo todo fofo observando a prima se aproximar timidamente para se sentar a cama ao lado dele.

   - Estou um pouco nervosa, Joseph. – Rose sorriu tímida porque Joe a abraçou de lado e a beijou na testa.

   - Eu estarei lá, não precisa ficar nervosa. – Ele sorriu a olhando nos olhos se sentindo tão orgulhoso. Até dos primeiros passos da menina, Joe podia se lembrar. Rose era como uma irmã mais nova que ele sempre protegeria e amaria. – Agora você está livre da escola e está com tudo arrumado para ir à faculdade aqui pertinho da cidade. Pensa nas coisas boas, pensa que você conseguiu concluir com muito sucesso uma etapa importante da sua vida. – Joe continuou abraçado a prima e usava todo um jeito especial para falar com a menina.

   - Eu prometo que vou pensar no que você me disse. – Sorrindo envergonhada, Rose deitou a cabeça no ombro de Joe e enlaçou os dedos aos dele surpreendendo o rapaz. – Eu senti muita saudade de você. – Disse um pouco nervosa porque Joe estava diferente, mas não era nada que a assustava. – Você está tão diferente. – Com muita coragem, a menina levou a mão ao rosto de Joe e o acariciou na bochecha onde havia barba. – Eu acho que você está mais bonito. – Se Joe não tivesse desviado o olhar, Rose tentaria beija-lo sem pensar duas vezes.

   - Acho que você deveria estar se arrumando, não? – Se tinha uma situação que o deixava completamente desconfortável, era quando Rose abandonava a garota que ele considerava como irmã para ser aquela adolescente que insistia estar apaixonada por ele. – Ir ao salão, essas coisas. – Disse se levantando para buscar uma camisa no closet.

   - Ah.. Na verdade, eu estou a caminho do salão com a minha mãe. Só passei para saber como você está e para entregar o seu celular. – Enquanto Joe vestia a camisa, Rose observava tudo atentamente para saber o que o rapaz estava fazendo. E a caixinha sobre o criado-mudo a menina conhecia muito bem...

   - E onde está o meu celular? – Perguntou Joe se escorando no batente da porta do closet.

   - Está lá no carro, eu o esqueci. – Disse colocando uma mecha do cabelo atrás da orelha. – A vovó te deu o anel? – Perguntou curiosa. Quando criança, Rose sempre estava ao lado de Joe seguindo os passos do rapaz, vivendo as mesmas aventuras, aprendendo as mesmas coisas e ouvindo as mesmas histórias. E a história que Rose sabia que era a mais importante para Joe, era sobre aquele anel que pertencia à mãe dele.

   - Ele sempre foi meu. – Murmurou se acomodando a cama ao lado da menina. – Mas agora... eu posso ficar com ele. – Joe forçou um sorriso quando olhou para Rose e se lembrando de quem aquela garota representava para ele, suspirou porque estava cansado de guardar o que sentia. Ele precisava desabafar com um amigo que o ouviria e o apoiaria. – Eu quero consertar as coisas com a Dem e pedi-la em casamento. – Disse olhando nos olhos da menina que nada disse. – Mas.. É muito complicado e eu estou cansado disso tudo. – Da mesma forma rápida que ele se abriu para dizer um pouquinho de como se sentia, se fechou porque não queria mostrar como estava magoado. – Enfim, vamos pegar o meu celular? – Ele sorriu e enlaçou os dedos aos de Rose para ajuda-la a se levantar. – É muito chato ficar sem celular. – A atenção dele estava toda em Rose, que assentiu e o abraçou de lado e fechou os olhos para curtir o momento. – Rose. – Murmurou com receio e quando fitou os olhos da prima, arqueou uma sobrancelha.

   - Não posso abraçar você? – Perguntou Rose guiando as mãos para o rosto de Joe o acariciando na barba. – Eu senti a sua falta, Joseph. Essa cidade não é a mesma sem você. – Se não fosse a diferença de altura, Rose teria facilmente conseguido alcançar os lábios de Joe com os dela como desejava fazer.

   - Eu também senti a sua falta. – Ele foi um pouco frio porque não queria dar falsas esperanças a Rose. – Vamos? – Disse a olhando nos olhos e resolveu que não brigaria com Rose. Ela o olhava daquele jeito que o incomodava, e já não bastava Demi para deixa-lo bravo.

   - Você nunca é tão sério dessa forma. – A menina comentou logo atrás de Joe que abria a porta do quarto sem dizer uma palavra e com cara de poucos amigos. E a vontade de Joe era de responder: é porque antes eu não sabia como uma mulher pode acabar com a vida de um homem. Ao invés disso, ele respondeu carrancudo:

   - Só é dor de cabeça, nada demais. – Ele só forçou um sorriso que se tornou verdadeiro porque assim que abriu a porta do quarto, topou com Derick que estava prestes a bater. Eram características completamente diferentes.

Enquanto Joe era moreno e tinha o porte físico forte e encorpado, Derick era da mesma altura, porém quatro anos mais novo que Joe. Era um rapaz de dezenove anos que parecia ter seus dezesseis. Tudo pelo fato de ser magro e a barba que ele tanto lutava para crescer, só nascia no queixo, e em alguns lugares do maxilar. Porém era um rapaz encantador e tinha sua própria beleza. O rosto era bem desenhado e tinha sutis marcas de covinhas. A região dos olhos de um azul marcante e de sobrancelhas negras grossas carregava sardas. O cabelo era moldado em ondas e leves cachos que caiam pela testa e tocavam as orelhas rosadas.

   - Sua avó disse que eu poderia subir. – Explicou-se tímido e Joe sorriu o envolvendo num abraço apertado que poderia destroçar o pobre coitado que só não reclamou porque Rose estava ali ao lado os olhando com cara de poucos amigos. – O..oi Rose. – Perto da prima de Joe, Derick sempre perdia a postura e a coragem que tinha para falar com uma garota. Gentilmente ele sorriu e colocou uma mecha do cabelo que o incomodava atrás da orelha. – Você está muito bonita. – Elogiou mesmo de bochechas coradas e Rose fez pouco caso quando desviou o olhar do rapaz para olhar o primo ao lado que sorria lindamente. E foi aí que Rose se perguntou do porque que Joe não a elogiava como Derick fazia e com as mesmas intenções.

   - Onde está os seus óculos, garoto? – Resmungou mal humorada. – Que seja, nós temos que descer. – E como sempre, Rose tomava a liderança do trio e passava a frente determinada. Mas a cabeça da menina ainda estava na situação com Joe e não demorou muito para o cérebro traçar um plano para aproximá-los da forma que ela desejava.

   - Ro, deixa de ser chata. – Disse Joe para a surpresa dos dois amigos. – E você deveria dar uma chance para o nosso amigão aqui. Aposto que você não vai encontrar um cara mais gente boa que o Derick nessa cidade. – Joe abraçou Derick de lado para fazer a propaganda do amigo que, por mais envergonhado que estava, só sorriu timidamente porque sabia que poderia resultar em boa coisa...

   - Nem vem, Joseph.. Eu esqueci o meu celular no seu quarto, já volto. – Quando os dois perceberam, Rose já tinha adentrado o quarto rapidamente.

   - Eu acho que agora eu definitivamente não tenho chances com ela. – Resmungou Derick se encostando na parede e Joseph sorriu fazendo o mesmo.

   - Eu prometo que esse namoro vai sair. – Disse Joe todo empolgado e Derick franziu o cenho e negou balançando a cabeça.

   - Eu acho difícil, ela só tem olhos para você. Foram meses insuportáveis, se eu não gostasse muito dela, eu tiria desistido da nossa amizade. – Até as mãos ao rosto Derick levou porque estava cansado de tentar agradar Rose sem obter sucesso.

   - Você está falando sério? – Joe perguntou de cenho franzido e Derick assentiu o olhando brevemente, porém a conversa não continuou porque Rose saiu do quarto não muito feliz e desconfiada, porém quando viu que não estava sozinha, sorriu se aproximando. – A gente conversa depois. – Deveria ser a primeira vez que Joe piscava para alguém e a reação de Derick e Rose mais uma vez foi surpresa.

   - Vão conversar sobre o que? – Perguntou a menina curiosa caminhando entre os dois.

   - Conversa de homem. – E novamente o jeito dele foi novidade. Joe apenas deu de ombros e focou toda atenção em descer a escada.

   - Posso deixar a minha mochila no seu quarto? – Perguntou Derick no meio do caminho e Joe assentiu prontamente.

   - Você vai pensar no que eu disse sobre o Derick? – Joe só esperou o amigo subir para fazer a pergunta, e pelo jeito que Rose o olhou a resposta era negativa.

   - Eu deveria? Você pensa no que eu te falo quase todos os dias sobre nós dois? – O clima pesou tanto entre os dois. Joe franziu o cenho e desviou o olhar da menina. Na cabeça dele jamais existiria ele e Rose da forma que ela sugeria. – Você sequer me dá uma chance e agor... – Rose não teve a oportunidade de terminar o que diria por que Laura adentrou a sala junto a Letícia, mãe da menina.

   - O que vocês estão fazendo parados no meio da escada? – Questionou-os Laura e a resposta veio logo quando Derick surgiu caminhando apressadamente para não atrasar os amigos.

   - Esperando o Derick. – Disse Joe esboçando um pequeno sorriso e quando ele terminou de descer a escada, cumprimentou a mãe de Rose com um breve beijo na bochecha e um abraço. – Pensei que vocês já estariam no salão. – Comentou porque pelo que ele podia se lembrar, Selena sempre arrastava Demi para o quarto para que elas pudessem se arrumar com pelo menos três horas de antecedência quando eles iriam sair para um lugar especial.

   - Nós já estamos a caminho. – Disse Letícia desviando o olhar do rapaz para a filha. – Você sumiu. – Disse a Rose que deu de ombros. Joe e todos a conheciam muito bem para saber que Rose estava emburrada.

   - Eu só vim falar com o Joseph. – Explicou-se sem muita empolgação e Letícia assentiu. – Eu só vou entregar o celular do Joseph e nós vamos. – E como sempre determinada, Rose saiu caminhando na frente dessa vez mais rápido porque queria dizer muitas coisas a Joe que ela tinha certeza que ele jamais entenderia.

   - Então você vai receber o diploma e depois nós vamos comemorar? – Perguntou Joe para quebrar o clima tenso, e Rose o olhou brevemente com certa ironia porque Joe sabia exatamente como era um baile de formatura. Principalmente o de uma garota já o que não faltava na família do rapaz eram meninas.

   - Exatamente. Vou ser chamada, vou caminhar até o palco do salão cheio de formandos e familiares para receber o meu diploma. Vou sorrir para foto com os meus pais e depois da cerimônia da entrega do diploma, nós vamos dançar e curtir durante toda a noite e se aguentarmos, até o amanhecer. – A voz não carregava tanta ironia quanto Rose gostaria, porém Joe e Derick sabiam que para a menina perder a paciência faltava muito pouco.

   - E você sabe o que vai vestir? – A pergunta de Derick foi motivo para que Joe e Rose olhassem para ele de cenho franzido. – Ah! A..a..a rou..roupa que nós experimentamos ontem. – Ele só conseguiu terminar a frase sem gaguejar porque respirou fundo e conseguiu se controlar, diferente do Joe alguns meses atrás que quando começava a gaguejar não parava facilmente, aliás, ele só piorava a situação porque ficava tão atrapalhado derrubando as coisas.

   - É Derick, a roupa que só nós dois experimentamos ontem. – Disse Rose olhando para Joe porque ele nem mesmo deu notícias de onde estava na hora que combinaram para experimentar as roupas.

   - Presta atenção. – Murmurou Joe baixinho para Derick que assentiu prontamente e no mesmo instante quase tropeçou no degrau que ficava na porta de saída da casa. – Presta atenção. – Repetiu rindo e então ajudou o amigo a se recompor sobre o olhar de dúvida de Rose.

   - O que.. que.. que vocês acham de passar a noite de amanhã na casinha da árvore? – Disse Derick e Joe sorriu orgulhoso porque o amigo tinha tudo para travar como no começo, mas se recompôs facilmente. – Eu posso pegar o projetor do meu pai, nós pedimos a tia Laura para fazer pipoca sem sal e amanhecemos o dia assistindo filme. – Era uma das milhares de coisas que os três faziam juntos. E a ideia agradou a todos, para felicidade de Derick.

   - Pode ser divertido, só não garanto ficar acordada a noite toda. – Disse Rose e Joe comemorou com Derick com um toque de mãos porque eles poderiam fazer alguma coisa para ajudar o rapaz com Rose.

   - Tudo bem, Ro. O importante é que você vai. – Pobre Derick. Ele nem mesmo recebeu um sorriso da menina, mas poderia ser pior. Rose focou toda atenção em destravar a caminhonete da mãe e assim que o fez, buscou pelo celular de Joe no porta-luvas.

   - O seu celular, Joseph. – Disse Rose entregando o celular a Joe que franziu o cenho assim que tentou desbloquear o aparelho que nem mesmo a tela ligava. – Está descarregado. – A bateria não costumava durar de um dia para o outro e Joe apenas assentiu conformado. Ele estava ansioso para abrir o Whatsapp para verificar se Demi tinha deixado alguma mensagem. – O que vocês vão fazer até a hora da minha festa? – Perguntou Rose se acomodando ao banco do carona e Joe puxou uma das espreguiçadeiras que ficavam aos arredores da piscina para se sentar.

   - Eu vou levar algumas frutas e legumes para uma amiga daqui a pouco. – Disse Joe. O fato era que ele não queria ficar na fazenda. Não faltava serviço para ocupa-lo e nem gente para passar o dia. O que o incomodava era o fato de ter que topar com os primos ou o tio Lucas a qualquer momento. E Joe confessava que estava ansioso para conversar um pouco mais com Evelyn e quem sabe até conhecer a filhinha dela.

   - Eu vou ficar com o Joseph. – Disse Derick, mas Rose nem mesmo o olhou
. Os olhos estavam focados em Joe.

   - Que amiga? – Perguntou a menina cruzando as pernas e Joe coçou o cabelo da nuca.

   - Você não a conhece. Ela não mora aqui perto. – Comentou um pouco desconfortável com a situação. Ele jamais contaria aos familiares, exceto Laura e Clara, que tinha feito amizade com uma pessoa que morava nas terras que o pertencia.

   - É uma cidade pequena. Todo mundo se conhece. Nós nem temos nomes repetidos. – Disse Rose forçando um pequeno sorriso. Ela tinha razão. Era uma cidade muito pequena e todos se conheciam porque as famílias eram tradicionais e praticamente tinham fundado a cidade. – Eu não fazia ideia que você tinha amigas. Ela é de onde?

   - Eu tenho amigas. – Disse Joe mal humorado. – Tenho a Selena que é melhor amiga da Dem. Tenho a Hannah, a irmã da Dem. Eu conheci a Evelyn ontem no centro da cidade. Nós passamos um bom tempo conversando. – Explicou-se brevemente porque sabia que se desse mais detalhes, Rose encontraria uma forma de descobrir tudo sobre a vida de Evelyn como Demi também fazia.

   - Eu pensei que eu era uma das suas amigas. – Disse Rose e Joe suspirou já impaciente. Ele não se lembrava da menina ser tão carente de atenção como ela estava se mostrando.

O drama de Rose não foi a frente porque de uma hora para outra Letícia e Laura surgiriam trazendo boa parte das primas de Joe que também iriam para o salão porque também estavam formando junto com Rose. Joe ficou envergonhado, mas não deixou de sorrir e não deu para traz quando teve as bochechas beijadas por aquele tanto de garota.

   - Se não der certo com a Rose, você tem a minha permissão para tentar com uma das minhas primas. – Disse Joe a Derick observando os dois carros partirem para fora da fazenda.

   - Eu vou me lembrar disso. – Derick sorriu e então olhou para o amigo. – O que você quer fazer? Meus pais me deixaram passar a noite aqui com você. – Juntos, eles poderiam se divertir a ponto de Joe esquecer que estava brigado com Demi.

   - Acho que nós poderíamos conversar um pouco. Daqui a pouco eu vou a casa da Evelyn. – Joe examinou o estado do celular para depois guarda-lo no bolso e quando olhou para Derick, deu de ombros e esboçou um pequeno sorriso. – O que? – Perguntou dando um leve soco no braço do amigo que fez careta.

   - E a sua namorada? – Perguntou o menino todo confuso e Joe franziu o cenho sem entender o que Derick queria dizer.

   - Nós brigamos? – Era uma pergunta retórica. Joe tirou os chinelos e caminhou para perto da piscina onde se sentou à beirada molhando os pés e metade das pernas. – Eu dei um tempo no meu relacionamento com a Demi. – Explicou quando Derick se acomodou ao lado dele depois de tirar o all star e subir as pernas da calça jeans.

   - Não é porque você deu um tempo com a Demi que quer dizer que você pode sair com a Evelyn. Isso é muito errado. – O céu estava tão bonito azul com algumas nuvens brancas, o sol emanava deliciosos raios de sol que aqueciam e davam vida ao lugar. Joe desviou o olhar do céu para fitar os olhos de Derick.

   - Eu não vou ficar com a Evelyn. Eu só gosto muito de conversar com ela e acho que ela iria gostar de ter bons legumes e verduras para preparar para a filhinha dela. – Talvez o coração dele batia um pouquinho acelerado por Evelyn, porém não era nada comparado a forma como Demi o deixava desnorteado e apaixonado. Era apenas uma sensação nova que Joe estava gostando de sentir.

   - Se for só isso, então tudo bem. Você só não pode ficar com as duas mulheres ao mesmo tempo. – A conversa nem tinha para onde fluir porque os dois rapazes estavam contentes com o tempo daquela tarde, principalmente Joe porque ali no Texas não tinha neve para deixa-lo morrendo de frio e resfriado. – Joseph, você pode me falar sobre garotas? – Perguntou Derick dez minutos mais tarde todo tímido e Joe riu empurrando o amigo para o lado para pirraça-lo.

   - O que você quer saber sobre garotas? – Perguntou Joe esboçando um sorriso de lado e Derick ficou todo vermelho de vergonha.

   - Como é namorar uma garota? – Joe arqueou as sobrancelhas e sorriu fitando o movimentar da água da piscina. Meses atrás, Derick sempre dizia que iria namorar primeiro que ele, porém aconteceu o contrário.

   - É muito bom. – Bom? Joe umedeceu os lábios e quase perdeu o fôlego ao pensar em Demi. – A Demi é uma mulher, entende? – Perguntou olhando brevemente para Derick que assentiu envergonhado, até os cachinhos do cabelo dele balançavam. – Ela é independente. Ela é formada, tem o próprio apartamento e vai abrir um escritório. E ela tem a minha idade, o que torna as coisas bem melhores porque nós queremos as mesmas coisas, se bem que a Dem é mais esperta e pra frente que eu. – Quando ele falava sobre Demi, até mesmo a postura mudava e sempre um sorriso ou a sombra dele estava lá nos lábios de Joe.

   - Ela fica emburrada igual a Rose? – A pergunta de Derick foi motivo da risada de Joe.

   - Não. A Rose é muito diferente, ela é uma menina. A Dem fica brava, e ela não esconde que está brava. Ela abre o jogo, sabe? Não temos que adivinhar o que ela quer, ela simplesmente fala e nós resolvemos. – O “nós resolvemos” soou de uma forma que Joe não planejava, então as bochechas dele coraram porque Derick entendeu e o empurrou rindo. – É muito bom. – Disse mais reservado minutos depois. – Eu não me arrependo nenhum pouco de ter esperado. Foi incrível só porque foi com ela. Eu a amo, entende? Não foi só porque ela é uma mulher bonita e atraente, tanto que a amiga dela, a Selena, também é muito bonita e eu não sinto nenhum tipo de atração por ela. A Dem me faz tão feliz, cara. E eu a amo com a minha vida e ficar longe dela está acabando comigo. – Joe não sentiu vergonha quando os olhos marejaram. Com Derick, ele podia se abrir sem receio porque o amigo o ouviria como sempre. – Eu planejei trazê-la aqui porque eu iria pedi-la em casamento. – Murmurou balançando os pés gostando de sentir como a água estava morna.

   - Eu acho que é normal sentir a falta dela e que você está certo em dar um tempo porque vai ser melhor assim. Ela vai poder aproveitar a família e pensar em tudo que te disse, e você vai ficar aqui com a gente descansando. Pelo que você me contou, do jeito que estava, eu acho que vocês terminariam. – Disse Derick pacientemente e Joe assentiu apoiando as mãos no chão para que pudesse inclinar as costas.

   - Eu queria que ela estivesse aqui comigo. – Até de olhos fechados Joe estava imaginando Demi ali com ele o beijando e toda fofa seguindo todos os passos dele.  – Não apressa as coisas, deixa acontecer como aconteceu comigo. Deixa acontecer com a mulher certa, com a mulher que fará o seu coração bater mais rápido de amor. – Disse olhando nos olhos do amigo que assentiu.

   - Às vezes eu acho que não vou aguentar esperar. Eu só queria que acontecess.. – O susto foi tão grande que o coração quase saiu boca a fora. Derick foi empurrado para dentro da piscina e logo foi a vez de Joe que quase se afagou pela quantidade de água que engoliu e porque também tentava respirar normalmente, só depois que entendeu o que estava acontecendo que começou a lutar para tentar sair da piscina, sem sucesso já que uma mão o empurrava cabeça a baixo.

Foi quase um minuto daquele jeito. Joe lutava para conseguir sair debaixo d’água sem sucesso. Os músculos já estavam ficando fracos porque o rapaz estava em estado de choque e desesperado sem saber o que estava acontecendo, tanto que nem percebeu que Derick já tinha mergulhado para o meio da piscina. Joe entendeu o que estava acontecendo segundos depois quando finalmente conseguiu se erguer e deitar ao arredor da piscina tentando se livrar de toda a água que tinha engolido. Enquanto isso, ele podia ouvir a avó Clara gritando irritada com eles..

   - Nós só estamos brincando com o Joe, vó. – A voz era de Igor, o primo mais velho de Joe e logo a de Juan e Peter se juntaram a conversa.

   - Eles só estão brincando, mãe. – Foi no mesmo instante que Joe se ergueu. O rapaz se virou tão irritado ao fitar Lucas. Era simplesmente o pior tio... – Ele está fugindo da gente desde que chegou, mas não tem para onde correr. – Até mesmo a forma que Lucas andava era o suficiente para deixar Joe completamente receoso. De todos da família Jonas, Lucas era o pior canalha sem coração que poderia existir. E desde pequeno, Joe não tinha boas lembranças do tio, apenas raiva e medo.

   - Eu não aceito esse tipo de brincadeira. – Resmungou Clara irritada com a atitude dos netos e do filho e se aproximou de Joe para verificar se está tudo bem. – Vocês poderiam machuca-lo. – Joe só desviou o olhar de Lucas que o olhava com certo deboche para fitar os olhos verdes da avó e esboçar um pequeno sorriso.

   - Está tudo bem, vovó. – As brincadeiras eram daquele estilo para pior. Não era a toa que quando Joe era mais novo, o rapaz era reprimido e às vezes apareciam hematomas...

  - Vamos entrar. – Derick estava com mais receio que Joe porque com ele, era muito pior. O rapaz não tinha nem mesmo coragem para olhar Lucas. E quando Derick ajudou Joe a se levantar, os olhares não foram nada amigáveis.

   - Bem-vindo de volta, Joe. Onde está a sua namoradinha linda? – Joe quase perdeu a paciência com o comentário de Peter, porém a confronta-los fisicamente, ele preferiu olha-los sem desviar o olhar enquanto caminhava com a ajuda de Derick e Clara para dentro da casa. Eram adolescentes rebeldes e ignorantes que agiam perante as vontades de Lucas, o filho mais novo de Clara que se comportava como um adolescente de trinta e poucos anos.

   - Eu vou conversar com os seus tios, meu anjo. – Era tão bom receber o carinho de Clara. Joe assentiu prontamente porque ele jamais iria explodir na frente dela. – Vão trocar de roupa, eu vou preparar algo para vocês comerem. – Uma ordem era uma ordem. Com Clara não tinha conversa, Joe e Derick seguiram para o quarto em silêncio.


***

O pôr do sol estava deslumbrante. O céu de um alaranjado tão forte perto da linha do horizonte e no centro dela o sol brilhava intensamente. Iria escurecer em pouco tempo. Dentro da caminhonete, Joe acendeu a luz e se olhou no espelho interno. O cabelo estava arrepiado na frente com a ajuda de gel, combinava com a barba baixa. A gravata preta foi arrumada ao colarinho da camisa branca e o paletó alinhado ao corpo. Ele não estava nada mal.

Era só bater a porta e sorrir quando Evelyn a abrisse. Doces não eram permitidos para diabéticos, porém no bolso do paletó havia uma pastilha de menta e Joe chupou uma delas e tornou a respirar fundo. Faltava algum tempo para a formatura de Rose e a ideia de visitar Evelyn o agradava. Ao abrir a porta da caminhonete, o rapaz se certificou de pisar na grama longe da terra vermelha que sujaria o sapato social preto impecável que chegava a refletir a luz.

Mesmo que ainda era dia, o lugar estava iluminado por postes improvisados pelos moradores. Joe olhou brevemente para o casarão que pertencia aos pais e engoliu em seco. A última coisa que ele queria pensar era que os pais estavam mortos. Aquela história naquela noite linda estava proibida! Caminhando determinado, Joe bateu à porta da casa que ele se lembrava que pertencia a Evelyn. Foram três batidas sutis e segundos depois a porta foi aberta.

   - Oi, como eu posso ajuda-lo? – A voz de menina era fina e carregada de curiosidade. Joe olhou para baixo e sorriu. Era a cópia da mãe. O cabelo cor de mel quase loiro de um tamanho médio, os olhinhos cor de mel com o olhar fixo a ele demonstravam como a menina era esperta e inteligente.

   - Catty, Catelyn! O que a mamãe já disse de abrir a porta sem permissão? – Era para ter soado como uma bronca, mas no momento que Evelyn percebeu que quem batia à porta era Joe, um sorriso nasceu nos lábios da moça.

   - Eu passei para deixar algumas verduras e legumes para você preparar para essa mocinha. – O que diabos estava acontecendo com ele? Joe podia sentir que as bochechas estavam coradas, e ele queria tentar parar de observar como Evelyn estava bonita com o cabelo preso num rabo de cavalo e como o vestido soltinho estava lindo no corpo feminino.

   - Mamãe, quem é esse moço que me conhece? – Se não fosse a fala da pequena, os dois adultos não teriam sequer percebido que não estavam sozinhos.

   - Filha, esse é o Joe. O amigo da mamãe. – Evelyn desviou o olhar do de Joe para pegar Catty no colo. – Joe, esse é o meu filhotinho. – O coração do rapaz bateu mais rápido porque Evelyn mordeu a bochecha de Catty e a pequena gargalhou alto escondendo o rosto no pescoço da mãe, e tudo que Joe tinha pensado era em Demi com uma menininha dele e dela nos braços.

   - Prazer em conhecer você, Catty. – Simpático, Joe ofereceu a mão para a menina apertar e sorriu de orelha a orelha quando Catty o fez toda sorridente.

   - Prazer em conhecer você, Joe. – Ela era esperta demais para uma menina de quatro anos. Joe sorriu envergonhado, olhou de mãe para filha e então o olhar fixou-se ao de Evelyn.

   - Vamos entrar, Joe? – Convidou, e o rapaz franziu o cenho e negou balançando a cabeça.

   - Eu estou com um pouquinho de pressa e se eu atrasar, a minha prima me mata. – Explicou-se adentrando os bolsos da calça com as mãos. – Onde posso colocar os alimentos? – Exagerado pouco definia Joe... Ele tinha trago caixas de maças, bananas, goiabas e uma melancia. Então tinha as mais diversificadas verduras e muitos legumes que ocuparam toda a mesa da cozinha e boa parte da pia. Quase que não sobrou lugar para as três cartelas de uma dúzia de ovos.

   - Tem muita coisa, Joe. – Evelyn estava assustada com a quantidade de comida, ela esperava no máximo uma caixa de maças, nada tão exagerado. – Eu estou com medo de perder. Não temos pessoas o suficiente para consumir tudo isso. – Comentou a moça observando como os tomates estavam vistosos.

   - Eu não acho que é muita coisa. Enfim, vocês podem distribuir na vizinhança. Na fazenda ainda tem muita comida, vou procurar alguma cidade vizinha para doar antes que vá pro lixo. – Como a fazenda vendia os legumes, verduras e frutas para os mercados, tinham alguns produtos que não se encaixavam nos padrões, então ficava para próprio consumo ou acabaria no lixo.

   - Obrigada Joe. – Evelyn sorriu o olhando e quando Joe assentiu vestindo o paletó que ele tinha tirado antes de buscar as caixas, a moça se aproximou para ajuda-lo.

   - Vou trazer queijo e leite da próxima vez. – Sem jeito, Joe sorriu observando como os lábios de Evelyn eram bonitos rosados e cheios. – Agora eu tenho que ir. – Disse quando ela o olhou nos olhos.

   - Catty, você espera a mamãe lá no quarto com a vovó? Eu vou subir em cinco minutinhos. – Antes de a menina virar as costas para correr para o quarto, Evelyn a chamou. – Agradeça o Joe, ele já está de saída.

   - Obrigada, tio Joe. Eu vou fazer um desenho lindo só para você. – Uma coisa era certa, Joe era apaixonado por crianças. Ele sorriu encantado e se agachou.

   - É para você comer tudinho para ficar forte. – Disse  a menina todo fofo e para se despedir, a beijou gentilmente na testa. – Ela é muito fofa. – Disse a Evelyn quando Catty saiu correndo em direção ao quarto.

   - Eu diria muito sapeca. – Crianças costumavam ser sapecas. Joe podia se lembrar que ele era um pouquinho diferente, sempre estava mais quieto e tentava entender o porquê todo mundo tinha um pai e uma mãe, exceto ele. A casa não era muito grande e então só foi preciso dar poucos passos até estar na porta de saída.

   - Vamos conversar um pouco? – Perguntou Joe olhando nos olhos da moça que assentiu fechando a porta da sala e acompanhando Joe em direção a caminhonete. – Como foi o seu dia? – Perguntou quando já estava acomodado ao banco do motorista e Evelyn no do carona.

   - Cheio de altos e baixos. Eu estou estudando para as provas da faculdade e cuidando da Catty. E o seu dia? – Evelyn sorriu quando flagrou Joe sorrindo tímido e então desviou o olhar do rapaz para o horizonte.

   - Nada demais. Passei boa parte do dia deitado e conversando com o meu melhor amigo. – Disse um pouco ansioso. – Como estão os joelhos? – Ficar em silêncio não era nada bom, não quando parecia que existia um imã em Evelyn que atraia facilmente Joe.

   - Estão bem. – Era possível quebrar aquele olhar? Joe chegou a franzir o cenho enquanto fitava os olhos cor de mel de Evelyn, já ela estava um pouco sem fôlego. Sem que os dois pudessem perceber, se aproximavam. Olharam-se nos olhos e nos lábios prontos para dar o próximo passo. Joe levou a mão a cintura de Evelyn e ela ao ombro largo o acariciando até que tocava a bochecha esquerda do rapaz. – Nós não podemos. – Por um pouco os lábios de Joe trocaram os dela. No momento que ele o faria, Evelyn abaixou a cabeça e o que era para ser um beijo nos lábios, foi um beijo na testa. – Eu estou muito atraída por você, mas nós temos outras pessoas. – Ela ainda se permitiu acariciar a barba de Joe e gostou muito de poder sentir o calor que vinha do rapaz envolve-la. – Você é incrível, Joe. Se não fossemos comprometidos, poderia ser diferente. Vamos ser apenas amigos.

   - Desculpa. – Murmurou envergonhado porque ele só conseguia pensar em Demi e no quão magoada ela ficaria se soubesse o que quase tinha acontecido. – Apenas amigos. – Sentir culpa era horrível! Joe se acomodou ao banco do motorista e massageou o cenho. – Eu já vou, a Rose vai me matar se eu atrasar um minuto. – Infelizmente estava longe de ser mentira e Joe confessava que estava sendo difícil aturar a prima.

   - Tudo bem. Obrigada por tudo, Joe. – O ruim era ter que se despedir com um aperto de mão. Joe encostou o queixo no volante e observou Evelyn caminhar em direção a casa onde morava. O que diabos aconteceria se eles se beijassem? Tudo viraria uma bagunça maior, era certeza! Joe deu partida na caminhonete segundos depois se xingando mentalmente.


Dirigir até a cidade demorou tempo suficiente para anoitecer. E ao estacionar a caminhonete, Joe não sentiu nenhuma vontade de descer do carro e interagir com as pessoas que o esperava. Seria horrível rever os colegas de escola, conhecidos da cidade e os familiares. Em Nova York era muito mais fácil. Não havia primos chatos para perturba-lo, não havia uma herança sólida em terras o esperando, não havia garotas apaixonadas para tira-lo do sério com o comportamento infantil. Fechando os olhos, Joe se acomodou mais ao banco do motorista e respirou fundo cansado. Parecia que nada se resolveria com o passar dos dias como ele tinha pensado, pelo contrário, parecia que tudo só piorava. Rose que o perdoasse, mas ele iria atrasar um pouquinho porque só queria chegar a formatura e se acomodar numa das cadeiras para acompanhar a entrega do diploma. Assim, ele não precisaria cumprimentar a todos porque atrapalharia a cerimônia. Para passar o tempo, o rapaz pegou a caixinha do celular que tinha comprado parcelado em muitas vezes no cartão antes de ir a casa de Evelyn. O antigo não deu nenhum sinal de vida porque a placa foi danificada quando entrou em contato com a água da piscina.

A esperança de Joe era que o chip que estava no celular molhado continuasse funcionando normalmente sem que ele precisasse comprar outro no dia seguinte. Fazer as configurações básicas do novo celular não foi nada complicado, porém para a frustração do rapaz, o chip não estava funcionando e assim não era possível instalar o Whatsapp e também, a internet da escola estava péssima, o que o impossibilitava de instalar os aplicativos de costume. O motivo de ter comprado aquele celular às pressas era exclusivamente por Demi e agora nem entrar em contato era possível! Para não descontar a frustração no celular, Joe bateu com força no volante e no instante seguinte se arrependeu porque agora o braço estava doendo.

Por que seres humanos tinham o poder de transformar pequenos detalhes em monstros de sete cabeças mutantes? Ao abrir a porta da caminhonete, Joe continuou sentado ao banco do motorista, só que com os pés para fora do carro de fora que ele poderia balança-los porque o chão do carro tinha bons centímetros do solo do estacionamento. Encostando-se ao banco, Joe focou toda atenção exclusivamente nas estrelas e suspirou. Há quanto tempo ele não olhava para o céu para admirar as três Marias? Tinha muitos meses! Em Nova York, ele mal podia ver o céu e também estava sempre ocupado.

No Texas não havia prédios gigantes para esconder o céu. Era até mais bonito porque o azul parecia mais natural e único. Era possível ver as estrelas que brilhavam com mais intensidade e as que estavam mais apagadas. Era tão lindo o azul escuro com diversos pontinhos que Joe até esboçou um pequeno sorriso pensando nos pais. Então os pensamentos viajaram para Demi. As palavras dela doíam, a forma que ela o tratou doía, estar longe dela doía, e ele a amava. O mau humor que Joe usava como arma para mascarar a tristeza foi embora dando lugar a ela. Até mesmo os ombros perderam a rigidez, murcharam e ao suspirar, o coração doeu e o choro pareceu ter ficado entalado na garganta. Ao invés do olhar para o céu, Joe olhou para o chão de concreto e franziu o cenho. Palavras e atitudes tinham o poder de acabar com a felicidade num piscar de olhos. Se não fossem as lentes de contato, Joe deixaria as lágrimas rolarem, mas como ele era inexperiente naquele campo, preferiu engolir o choro porque não queria passar sufoco.

   - Joseph? O que você está fazendo aqui? – Joe não tinha muita amizade com os primos por conta da bullying, e também não tinha muita amizade com as primas. Mas quando ele viu Sabrina, uma das primas mais velhas, Joe tratou de esboçar um sorriso e se levantou para cumprimentar a prima e o bebezinho que ela carregava enrolado numa manta. – A Rose está para surtar te procurando, na verdade todos estão preocupados. – Disse o olhando com os mesmos olhos verdes e Joe assentiu mais interessado em brincar com o bebê da prima.

   - Posso pega-lo? – Perguntou todo ansioso e quando o pequeno Miguel estava acomodado nos braços, o rapaz sorriu feliz e super animado com a ideia de ser pai. – Eu só não estava muito a fim de entrar agora. – Disse a prima porque Sabrina poderia entendê-lo já que ela não morava mais na fazenda e sabia exatamente como parentes poderiam ser abusados porque quando ela ficou grávida, foi uma confusão.

   - Não me fala! A nossa família já juntou quatro mesas e como as pessoas ainda estão chegando, nós somos obrigados a ter que conversar. – Joe riu todo sapeca e se sentindo mais confortável com um membro da família. – Você pode segura-lo enquanto eu guardo a bolsa dele? Joshua está trabalhando no som da festa e não pode me dar atenção. – Ficar com um bebê não era nenhum problema. Joe sorriu animado para o priminho e o protegeu nos braços porque não queria que o bebê ficasse exposto à friagem mesmo que a noite estava de um tempo agradável. – Como é em Nova York, Joseph? – Contar sobre Nova York ajudou o tempo a caminhar mais rápido.

Acomodaram-se num dos banquinhos da escola onde o bebê ficaria mais protegido e Joe contou em detalhes as aventuras em Nova York. Contou como tudo era muito diferente do Texas e contou sobre Demi, Selena, Ed e Lucy. E durante a conversa, Joe se perguntou do porque de não ter se aproximado de Sabrina quando eram mais novos. Eles viveram na mesma casa desde crianças, estudaram na mesma escola e na mesma sala de aula e mal se conheciam. Sabrina seria uma ótima amiga e poderia ajuda-lo a se livrar da vergonha. A conversa poderia durar a noite toda, mas ambos concordaram que era castigo deixar Rose preocupada na véspera da formatura.

Anos atrás quando formou no ensino médio, o único sentimento era de alívio! Joe não se importou se o salão estava ou não enfeitado, em vestir um terno caro e nem mesmo de passar a noite se divertindo. Ele não tinha nenhum tipo de condição de ser um adolescente normal, não quando toda escola estava o reprimindo e o fazendo se sentir como um lixo. Durante anos, as brincadeiras eram toleráveis, na pré-adolescência. Mas quando Joe passou dos quatorze anos e já era um rapazinho, as brincadeiras se tornaram agressivas, constrangedoras e poderiam ser classificadas como abuso. Poderia até dar caso de polícia, porém como se tratava da família, as coisas eram bem mais complicadas do que pareciam. Como se não bastasse sofrer bullying na escola, em casa também não era diferente, e às vezes até pior porque as coisas ficavam realmente sérias a ponto de Joe chorar. Era o maior motivo para querer distância dos primos e do tio Lucas. Durantes anos, eles foram um tormento e Joe jamais conseguiu perdoar a brincadeira que tinha atingido a reputação em pleno ensino médio e até mesmo na faculdade.

   - Onde você estava? Eu fiquei muito preocupada! – Não deu tempo de olhar com curiosidade a decoração cor de rosa com dourado, muito menos de ler as frases nas faixas espalhadas. Tudo estava muito bonito e arrumado. Segundos depois, Joe olhou para Rose e sorriu orgulhoso.

  -  Você está linda. – Elogiou porque ele se sentia como um irmão mais velho protetor e orgulhoso que formava a irmãzinha. Porém Rose entendeu tudo errado, o sorriso cresceu nos lábios rosados de batom e ela espalmou o peito de Joe com as mãos até que o abraçou pelo pescoço.

   - Obrigada! Você está lindo, as meninas estão comentando. – Comentou o olhando nos olhos e Joe riu um pouco sem jeito olhando para os lados. Era uma droga o fato de ter alguns dos colegas da época da escola ali com eles, porém era visível como em dentro de poucos anos pessoas podiam ter mudar e crescer. – Eu posso te pedir uma coisa? – Rose perguntou desfazendo do abraço para segurar as mãos de Joe que assentiu a olhando atentamente. – Por favor, não briga comigo, eu não fiz por mal. É que todas as meninas da minha turma têm namorado... E eu achei que seria legal se elas pensassem que eu namoro um cara mais velho. – Joe negou balançando a cabeça sem acreditar no que Rose tinha feito, porém ficava complicado sair da situação uma vez que algumas das colegas de Rose já acenavam para ele esboçando sorrisinhos insinuosos. – Só por hoje Joe! Garanto que você não vai se arrepender de ser meu namorado só por uma noite. – Ele não aprovava nenhum pouco a ideia, e quando Rose foi puxada pelas amigas, não teve como discutir mais. Ele ainda trocou alguns olhares com a prima mostrando como não aprovava o que ela tinha feito, mas Rose estava apaixonada demais para entender que ele jamais a amaria daquela forma, ela só sorria e o olhava toda apaixonada.

   - Ela já te contou?! – Derick! A revolta estava estampada nos olhos azuis do rapaz. Joe assentiu com pesar e Derick praguejou baixinho cobrindo o rosto com as mãos se certificando que não estragaria o cabelo que levou quase uma hora para ficar penteado e quieto no lugar com a ajuda de um gel. – Eu estou pulando fora desse barco furado que é a sua prima, Joseph. – Resmungou pegando uma bebida com o garçom quando a música começou a tocar para distrair o pessoal enquanto a formatura não começava. – E você não pode beber. – Falar que Joe não podia fazer algo era desperdiçar tempo. Ele mal mastigou a azeitona que enfeitava a taça Martini e já tinha consumido todo o líquido.

   - Eu posso beber. Eu só não posso exagerar, é diferente. – Não tinha sido uma boa ideia beber tudo de vez, mas respirar fundo e esperar alguns segundos ajudou muito a manter o equilíbrio e dignidade. Joe umedeceu os lábios e olhou para os lados. Havia muita gente em pé se organizando, porém a maioria das pessoas estava sentada conversando enquanto a cerimônia não começava. – O que tem de legal para gente fazer? – Perguntou ao amigo que ao contrário dele, bebericava a bebida como se fosse um chá quente.

   - Vamos sentar, eu quero comer os salgados. – Comer salgados era pior que beber. Joe revirou os olhos quando Derick deu o primeiro passo e ele foi obrigado a acompanhar o amigo porque não tinha mais ninguém para conversar e ficar em pé sem fazer nada seria muito estranho, ainda mais no meio de tanta gente.

Não teve para onde correr. Quando Joe se acomodou a mesa com Derick, eles tiveram que interagir, caso contrário não teriam salgados. O único fato que os salvava era que a mesa de conversa estava formada e vez ou outra eles eram inclusos para confirmar ou negar alguma coisa. O tempo até que começou a passar rápido porque conversar com Derick era divertido, e quando os salgados estavam quentinhos sobre a bandeja a mesa, Joe arriscou comer um mesmo com o amigo não aprovando pelo fato dele ser diabético e hipertenso.

   - Vai começar. – A mãe de Rose anunciou ansiosa e Joe procurou entender o que aconteceria.

O diretor da escola pediu a atenção de todos e começou a discurso sobre a turma de formandos daquela noite. Todos pareciam animados e até emocionados. E Joe não estava diferente. Ele podia se lembrar que tinha acompanhado a prima no primeiro dia de aula junto com Letícia, e agora lá estava Rose formando e pronta para ir a faculdade começar mais uma etapa da vida. Mesmo que o celular era novo, Joe resolveu tirar algumas fotos de Rose no palco esperando ansiosamente pelo diploma e nos momentos marcantes da cerimônia.

   - Eu estou tão feliz! – Era de se perceber apenas pelo sorriso de Rose. Ela tinha acabado de receber o diploma e como os colegas, quem já tinha sido chamado se juntava a família, porém Rose foi diretamente para os braços de Joe, que a abraçou forte e logo foi a vez de Derick.


   - Vou tirar uma foto de vocês. – Disse a mãe da menina e os três amigos assentiram posando para a foto.

O único motivo de Joe estar naquela formatura era para não decepcionar Rose, e foi com o mesmo objetivo que o rapaz aceitou ficar para a festa. Depois das fotos, o volume do som foi aumentado consideravelmente, as pessoas começaram a dançar e festejar se divertindo. E Joe era uma delas. Ele não tinha experiência com dança, então os movimentos que fazia eram aleatórios e desengonçados.

   - Olha para mim, Joseph. – Disse Derick um pouco alto demais, e quando Joe o fez, ele riu da forma que o amigo movia os ombros e as pernas. Não estava bom, porém Derick estava dando o melhor para conseguir ao menos um elogio de Rose.

   - Vocês dois são bobos. – Comentou Rose rindo. Ela estava mais discreta realmente dançando curtindo a música e o momento.

Dançar era difícil. Era o que Joe tinha concluído. Ele tentou de várias formas melhorar os passos de dança. Até repetiu os movimentos de Derick, mas ao contrário do amigo, Joe parecia ser travado que nada ficava bom. Sem contar que ele era grande e, quando o assunto era dança, desengonçado. A vergonha também o impedia de se soltar porque os parentes estavam ali perto para julga-lo, e Lucas estava no meio deles. O que ajudava a melhorar era a bebida. Primeiro foi uma taça, depois outra e depois mais outra. Não havia ninguém para regula-lo, e Derick e Rose faziam o mesmo. Foi o que realmente ajudou. Joe até sorria, o corpo estava mais relaxado e ele sentia que estava arrasando a cada movimento que fazia.

Teve uma hora onde tudo começou a ficar confuso, o som parecia abafado e a visão esquisita a ponto de ele ver duas imagens de uma pessoa só. Tudo estava muito bom e Joe se sentia estranhamente bem, relaxado e feliz. Rose e Derick estavam normais. E toda vez que eles diziam qualquer coisa, Joe assentia esboçando um sorriso meio abobalhado. O copo estava sempre em mãos e quase no automático, Joe movia o corpo conforme o ritmo da música. Uma hora ele estava muito agitado, noutra mais calmo. Havia picos de adrenalina e o coração saltava no peito... e foi assim até que era quase meia noite e boa parte dos pais e crianças já tinham ido embora.

   - Você pegou o jeito. – Os pés de Rose estavam diretamente em contato com o chão. O penteado foi desfeito de forma que a menina se sentia à vontade na festa. – Você está tão lindo, Joe. – Rose não consumia bebida alcoólica, então estava sóbria. Sorrindo, ela levou as mãos aos ombros de Joe e gostou muito de quando ele levou as mãos à cintura dela para que juntos eles pudessem dançar. – Você está bem? – Perguntou estranhando o fato de Joe estar completamente sorridente e sem se esquivar dos toques dela.

   - Muito bem. – Soou embolado, porém Rose não entendeu direito porque a música ficou mais alta.

A luz que iluminava o salão vinha do globo giratório e dos refletores. Tinha até uma máquina de fumaça para caracterizar uma balada. O som estava alto e bem distribuído fazendo com que todos se movessem dançando no ritmo da música. Joe e Rose dançaram muitos ritmos, desde as eletrônicas mais agitadas aos clássicos remixados. E o que não faltava entre eles eram os olhares e sorrisos.

   - Nós podemos ir para um lugar mais reservado? – Rose perguntou praticamente tendo que gritar porque no lugar que eles estavam, os rapazes começaram a tumultuar com brincadeiras estúpidas e também começaram a jogar os líquidos dos copos para cima. A resposta de Joe não veio, e ele só a acompanhou sendo guiado pela mão depois que pegou um copo qualquer sobre uma mesa e bebeu o líquido sem nem mesmo saber o que era. – Você está mesmo bem? – Perguntou ansiosa quando já estavam do lado de fora do salão e quando ela observou Joe, ele olhava para o céu.

   - Eu.. Eu acho que sim. – O que estava acontecendo Joe não sabia. Escorou-se na parede do salão e cobriu o rosto com as mãos e respirou fundo. Ele estava começando a ficar confuso e se sentia zonzo, porém quando olhou para Rose, forçou um sorriso porque não queria preocupa-la. – Eu estou bem. – A sensação de olhar para Rose era estranha, parecia que a imagem da menina estava se mexendo no mesmo movimento das ondas do mar e por um momento Joe viu a imagem de Demi, e sorriu sentindo o coração acelerar no peito.

   - Joseph... – Com muita coragem, Rose deu o primeiro passo na direção de Joe ficando próxima suficiente para poder sentir o calor que vinha dele. – Eu amo tanto você e.. – Tinha mais o que dizer? Joe sorria para ela. Não era um sorriso grandão, por isso que Rose o interpretou como um sinal positivo para ela avançar.

Alcançar os lábios de Joe era missão muito difícil para mulheres de altura baixa, porém, Rose sentiu o coração quase sair boca a fora quando ela avançou sobre Joe e ele a correspondeu no mesmo instante se curvando para encaixar os lábios nos dela e abraça-la a apertando no bumbum. Estava tudo muito errado e a menina um pouco confusa, só não mais confusa que Joe. Ele foi um pouco desesperado quando fez de um roçar de lábios, um beijo selvagem como Demi gostava. Uma das mãos dele subiu em direção a cintura feminina e Rose sentiu o coração quase sair boca a fora, mas quando Joe deixou os lábios dela para beija-la no pescoço, o corpo arrepiou da cabeça aos pés.

   - Eu senti tanta saud.. – A voz masculina falhou, porém quando um repentino flash os assustou, os dois se separaram assustados e procurando de onde a luz vinha. O jornal do colégio. Rose sorriu para a amiga que tinha a câmera em mãos, mas assustou-se quando olhou para o lado e encontrou um Joe aparentemente bêbado que quase desmoronou sobre ela quando cambaleou. E para o rapaz, abrir os olhos foi uma péssima ideia porque foi quase uma viagem psicodélica que o deixou muito enjoado e o levou a vomitar desamparado.




***

   - Acordada uma hora dessas. – Geralmente todos dormiam muito cedo na fazenda, por isso que Laura se assustou e quase derramou o café ao sentir a mão do irmão mais velho, Jon. Não era para menos, ela estava quase cochilando com uma caneca com café em mãos, o livro estava sobre o colo e era muito confortável a cadeira de descanso na varanda da sala, onde era possível ver o céu estrelado e ouvir os grilos cantarem.

   - Jon! – Reclamou ajustando os óculos de leitura ao rosto e preocupada, olhou na direção da estrada longe se havia sinal de carro. – São mais de duas horas da manhã e o Joseph não chegou com o Derick, estou preocupada.

   - Ele só está se divertindo. – Jon arrumou a camisa xadrez de flanela ao corpo largo e adentrou os cabelos curtos com os dedos. – Vai dormir, amanhã a mamãe manda o xerife procurar o garoto. Pobre coitado, ele está tão apaixonado que está todo mudado, mas eu juro que fiquei surpreso de ele ter dormido na caminhonete no meio do pasto na noite passada. – Laura revirou os olhos porque ela e Clara ficaram tão preocupadas na noite passada e ouvir piadas sobre a situação não era nenhum pouco confortável. Joe era como um filho e a única lembrança viva deixada por Juliana e Antônio.

   - Não seja estúpido. Eu acho muito bom ele querer ser independente, e ter uma namorada é um novo caminho para a vida dele.  – Olhando novamente na direção da estrada, Laura sentiu o coração apertar no peito. Tudo que ela queria no momento era Joe e Derick seguros em casa. No casaco de lã, o celular vibrou a descentrando e quando Laura pegou o aparelho, franziu o cenho. Havia quatro chamadas perdidas de Demi e muitas mensagens, inclusive uma que tinha sido enviada naquele instante. Se tratava de uma interrogação e foi aí que Laura praguejou baixinho porque com a festa de Rose, tinha se esquecido de responder as mensagens de Demi que acidentalmente visualizou.

 Boa tarde, Laura. Tudo bem? Você tem notícias do Joe? Eu não consigo entrar em contato e estou preocupada.”. – Demi, 14h04.

“Eu acabei de comprar minha passagem para o Texas. Amanhã depois do almoço estou saindo. Você pode avisar o Joe?”. – Demi, 18h11.

“Está tudo bem?” – Demi, 19h00.

“Provavelmente o Joe contou que eu fui uma estúpida com ele, mas eu vou consertar tudo! Minha intenção jamais foi magoá-lo. Por favor, responda as minhas mensagens, eu estou preocupada.” – Demi, 19h22.

“Você tem notícias do Joe? Contou a ele que estou a caminho?” – Demi, 22h03.

“?” – 03h00.

Quando viu que Demi estava online, Laura não pensou duas vezes antes de ligar para a moça para explicar a situação e se desculpar por não responde-la quando mais cedo. E no mesmo instante que Laura falava ao celular, Rose ligava para Jon para avisar que Joe não estava nada bem.


Continua... Oi! Tudo bem com vocês? Eu estou bem e muito cansada, mas é assim mesmo. Perdoem a demora a postar, é que são muitas coisas para fazer '-' Então, gostaram do capítulo? Eu curti, não saiu exatamente como eu queria em algumas partes, mas era isso que eu queria passar para vocês. Será que vai ter muitas tretas? Por onde a Rose passou, ela deixou uma sementinha da discórdia e criou situações para enraizar o mal hsauhsausa Comentem a opinião de vocês! E perdoem a demora! Até o próximo capítulo! #SóVemDemi

20 comentários:

  1. Ainda bem que li esse capítulo deitada, porque se fosse em pé.. Mdddddssss eu tô surtando com o Joe que deu pt hahahaha
    Prevejo diversas tretas daqui em diante. Demi vai logo saber que o Joe deu pt pela ligação, a bichinha é capaz de nem esperar da meio dia e ir naquele exato momento pro Texas hahahaha
    #SóVemDemi

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  2. Muito bom esse capítulo <3 ansiosa para poder próximo vc ja pode postar

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  3. Não queria que esse beijo entre Joe e Rose tivesse acontecido, mesmo ele estando bêbado e fora de si... é nojento! O Joseph tá incorporando a música da Marília Mendonça... um belo infiel. Primeiro a atração pela Evelyn, agora esse beijo com a Rose que a Demi com certeza vai ver. Ele perdeu todos os pontos comigo, sinceramente. PARTE PRA OUTRA DEMI, FICA COM A SELENA!!!!

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  4. Joe tá merecendo um gelo da Demi

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  5. FODEEEEEU JDKDJDND menina q capítulo
    Joseph Jonas porque você me matou?
    eu não quero nem imaginar quando a família do Joe ficar sabendo e tô doida pro barraco que a demi vai fazer quando descobrir, essa rose é o cão em forma de gente eu tô muito chocada sim
    esses primos do Joe são tudo uns capetas, meu deus não deixam meu bebê em paz
    quero muito a demi chegando no texas, to com saudade deles dois juntos mas tô doida pra ver o circo pegar fogo porque gosto de uma treta, estarei esperando ansiosamente pelo próximo capítulo
    poste assim que der, bjs

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  6. A Demi foi escrota com o Joe agora a culpa é do Joe? A Rose é o pior tipo de ser humano que existe! E aposto que a Demi também vai fazer uma cagada pq é isso que ela faz! Sempre!
    Pra ser sincera eu achei que ela chegava nesse capítulo! Não foi o que eu esperava mas foi muito bom!

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  7. Pelo o amor de santo Deus posta logo o outro cap

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  8. POSTA LOGO O OUTRO CAP PELO O AMOR DE SENHOR JESUS

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  9. A Demi tem que chegar aí no Texas logo, e por favor NÃO DEIXE ELES FICAREM SEPARADOS POR MUITO TEMPO... e tem que vir baby Jonas né!!!!!!!

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  10. Será que tem como notificar quando você posta um novo cap? Você postou esse e eu não vi, continuei atualizando achando que você não tinha postado ainda

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  11. Eu tô pirando de ansiedade com esse próximo capítulo, naaaooo demoraaa

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  12. Amanda vc quer nos matar de ansiedade... Posta logo por favor! Kkkkk

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  13. Já não tenho mais unhas pra roer só de ansiedade kkk, posta logo em nome de jeová kkkkkkkkk

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  14. Eu sinceramente odeio a Rose a menina é tão idiota que não consegue aceitar que o cara NÃO A AMA meu Deus. Ela n consegue ver q do.consegue as coisas v ele na base da armação quando o.Joe descobrir as coisas q ela faz se eu fosse ele eu iria embora e cortava relações. A Demi errou feio mas da pra perceber que ele sente falta dela e que ta frágil pra caramba achei meio sem sentido do nada ele se sentir atraído por outra só pq brigou com a Demi, mas ok. Eu amo o jeito que vc escreve mas o rumo que a história está tomando por agora ta me deixando nervosa, a imbecil da Rose ta dominando td

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  15. MEU DEUS CADÊ O OUTRO CAP EU não AGUENTO MAIS VOU SURTAR

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  16. Mulher Cadê você, que ninguém viu? Desapareceu, do nada sumiu

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  17. Ela ama nos TORTURAR... Sumindo desse jeitinho

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  18. Gente CADÊ ELA EU NECESSITO DO PRÓXIMO CAP

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