Três meses e alguns dias depois...
- Está frio... muito frio... – Dois graus célsius.
Chão e árvores tomados por neve. Céu cinzento. Novembro. Aquele mês maravilhoso
era o “aquecimento” para o natal, e então o favorito de Demi. O
dobro de turista estava pelas ruas carregadas de neve de Nova York, e o inverno
estava lá intenso e maltratando pessoas como Joe que nunca tinha visto um floco
de neve de verdade. – Eu estou sentindo minhas bochechas congelarem. – Comentou
o rapaz todo duro por conta do excesso de roupa de frio. Por baixo da calça
jeans estava uma térmica e uma meia calça. Dentro da bota, os pés estavam
protegidos por quatro par de meias. Mesmo com a exagerada quantidade de roupas,
o casaco e o cachecol que o agasalhava parecia estar falhando na missão de
protege-lo, nem mesmo os dois suéteres estavam ajudando. Um floco de neve tocou
a ponta do nariz de Joe e ele olhou para cima a procura do sol, porém só tinha
encontrado neve caindo.
- Nós estamos chegando. – Por que diabos Demi estava
tão graciosa vestindo apenas uma muda de roupa de frio, agasalho, luvas e touca
enquanto ele parecia um robô todo travado? Quando o vento soprou, doeu na alma
e Joe arrumou a touca para que pudesse proteger as orelhas que estavam geladas.
– Joseph? – Tudo bem, caminhar na neve não era agradável, porém os múrmuros de
Joe eram exagerados. Não estava nem frio perto do que Demi já tinha enfrentado.
– Amor, você está péssimo. – Ela comentou o puxando para que pudessem descansar
em frente à entrada de um estabelecimento onde também estariam mais protegidos
da neve. – Vem querido, me abraça. – Disse gentilmente o envolvendo nos braços
e quando Joe a abraçou descansando a cabeça no ombro, a respiração quente junto
com os lábios gelados a fizeram sorrir.
- Eu quero o calor de volta. – Resmungou todo manhoso
e Demi riu roçando o nariz ao dele.
- Estamos em Nova York, só teremos calor por volta de
março. Vamos pegar um táxi. – Disse nos lábios dele e os roçou mais algumas
vezes aproveitando também para dar selinhos ali.
Foram três meses maravilhosos. Meses de paz, felicidade e
muito amor. Demi estava tão apaixonada por Joe quanto ele estava por ela.
Também aconteceram brigas e discussões. Brigas terríveis e violentas, porém não
passavam mais de dois dias sem se falar. Um cedia ao outro porque não
conseguiam ficar separados por nem mesmo uma noite.
Era de partir o coração assistir de camarote Joe sofrer com a
mudança de tempo. Nova-iorquinos como Demi estavam acostumados e conheciam
todos os macetes para conseguir viver normalmente na época, já Joe... Ele
estava acostumado com um calor de altas temperaturas sendo que as mais baixas
mal ultrapassavam os dez graus, então nem mesmo conhecia a neve. Estava sendo
custoso se adaptar ao inverno. Quando o táxi parou para pega-los, Demi teve que
ajudar Joe a caminhar pela neve amontoada nas extremidades da rua. Não era nada
fácil julgando pelo tamanho dele.
- Eu nunca desejei voltar para o Texas como agora. –
Comentou Joe cansado e acomodado no banco de trás do táxi que seguia na direção
do apartamento de Ed.
- Ao menos você está curado do resfriado. – Demi
tirou a touca que ele usava para arrumar o cabelo escuro de Joe como ela achava
que ele ficava um charme. – Você está se deixando derrotar fácil, caubói. Em
janeiro é duas vezes pior. – Disse e Joe arregalou os olhos porque ele não
conseguia imaginar mais neve do que tinha visto. Nada tinha escapado! As
árvores estavam praticamente congeladas, a neve se acumulava no teto dos carros
facilmente e nos monumentos espalhados pela cidade. Ah! E o lago do Central
Park estava começando a congelar!
- Prometo que você vai adorar o campo. – Ele disse
tirando a luva da mão direita para poder segurar a mão de Demi também nua. – E
tomar banho de cachoeira à tarde. Não temos neve e nem esse frio absurdo.
- Eu acho que não me adaptaria. – Disse descansando a
cabeça no ombro largo. – Estou acostumada com barulho, movimento e conviver com
pessoas diferentes. Ficar em um lugar calmo e quente seria estranho.
- Aposto que você vai se apaixonar. A minha cidade é
pequena, mas é um dos lugares mais bonitos que já vi. – Do jeito que ele falava
cheio de orgulho e um sorriso no rosto, Demi assentiu animada por vê-lo feliz.
Era o que mais importava, fazer Joe feliz da mesma forma que ele a fazia.
O taxista os deixou em frente ao prédio onde Ed morava. Não foi
complicado caminhar na neve como tinha sido para entrar no táxi, porém
quando adentraram o edifício, Joe fez careta porque estava quente por conta dos
aquecedores. Aquela era simplesmente a parte mais chata do inverno: nas ruas
fazia frio e nevava, já dentro dos estabelecimentos, prédios e outros, os
aquecedores quebravam o frio.
- Eu estou com calor. – Resmungou Joe tirando o
cachecol porque se sentia sufocado. Demi o observou e arqueou uma sobrancelha
porque a quantidade de roupa que ele usava era absurda.
- Eu avisei. – Disse revirando os olhos porque Joe
tinha tirado o casaco e pediu que ela segurasse, assim como a touca, o cachecol
e as luvas. – Joseph. – Reclamou baixinho fitando o namorado e as pessoas que
estavam junto a eles no elevador. Se Joe começasse a tirar os suéteres, ela
realmente ficaria constrangida e enciumada como vinha acontecendo com muita
frequência.
- Estou melhor. – Quando ele respirou fundo, Demi
esboçou um sorriso ao ver as bochechas coradas por conta dos movimentos que ele
tinha feito para tirar as blusas. Nos quatro meses que eles estavam juntos,
Demi tinha percebido que toda aquela fofura, vergonha e timidez, não importava
o quão íntimos estivessem, era natural de Joe. Assim como também ele era um
cavalheiro, gentil, bondoso e extremamente paciente com os surtos dela. –
Obrigado por segurar. – Em recompensa Demi teve a bochecha beijada
carinhosamente, o que a fez sorrir e de um jeitinho discreto, abraçar o
namorado de lado.
- São raras as vezes que você tem folga, não vamos
ficar muito tempo, ok? Eu quero ir para casa aproveitar o nosso tempo. – Tinham
acabado de sair do elevador sozinhos. Joe continuava trabalhando como
segurança, porém como estava nevando, a empresa o liberou, razão pela qual ele
estava de folga já tinha quase uma semana.
- Tudo bem, não vamos ficar muito. – Ele beijou
brevemente os lábios de Demi e a guiou pela mão até que estavam em frente ao
apartamento que Ed vivia com os sobrinhos e Selena. – Bebê, você vai ficar bem?
– Perguntou carinhosamente a fitando nos olhos antes que batessem à porta.
- Nós estamos conversando, não como antes, mas é
melhor que nada. Vou ficar bem. – Era sobre Selena. O tempo não ajudou a
colocar as coisas no lugar, aliás, elas estavam conversando sobre um assunto ou
outro, mas nada como antes. Nada das brincadeiras que estavam acostumadas, dos
carinhos exagerados e nem mesmo de uma ficar grudada na outra como era de se
esperar.
A batida à porta foi leve e soou duas vezes para que então a porta
fosse aberta por Selena. Ela sorriu verdadeiramente assim como menininha que
estava no colo, Ana, que esticou os braços para que Joe a pegasse. Demi não
ficou para trás, Harry, que desenhava sentado ao tapete da sala sorriu animado
quando a viu e a puxou para desenhar com ele. Os sobrinhos de Ed eram crianças
adoráveis, inteligentes e educadas.
- Tia Demi, assiste desenho comigo,
a mamãe e o Tio Joe? – Demi fitou brevemente
Selena que apenas assentiu sem problemas por Ana ter a chamado de mãe. Então
ela assentiu fitando os olhos de Ana. Era apenas uma criança de seis anos e ela
não sabia dizer não a eles.
- Vamos Harry, nós podemos desenhar juntos. – Pegar
uma criança no colo e interagir era algo novo para Demi. Ela não tinha contato
com bebês, crianças e adolescentes, apenas adultos. Os sobrinhos de Ed eram as
únicas crianças que ela conhecia, e não havia muito tempo. – O que você está
desenhando? – Perguntou carinhosamente para o garotinho colocando uma mexa do
cabelo dele atrás da orelha.
- O Mickey e o Thor. – Demi
riu porque eram personagens tão distintos, daí se lembrou de que o não faltava
para as crianças era criatividade. O desenho de Harry era colorido e
havia mais personagens, alguns que ela já tinha visto em animações e outros que
só existia na cabeça do menino.
- Viu só? Ele desenha bem melhor que você. – Disse
Demi para Joe que estava entretido com Ana e a animação que passava na
televisão, e quando ele a olhou, revirou os olhos.
- Eu também te amo, querida. – Os dois riram e só não
se beijaram porque estavam a certa distância.
- Boa noite. – Ed estava sorridente e foi disputado
por Demi e Joe que queriam dar os parabéns para o amigo. Acabou que Joe cedeu e
Demi envolveu Ed num abraço apertado e demorado deixando Joe e Selena curiosos
com o que ela sussurrava para o aniversariante. Já Joe foi mais discreto,
trocou um abraço com Ed, sorriu um pouco envergonhado e desejou os parabéns. –
Nós vamos sair para comprar carne, vocês duas vão adiantando o resto da comida.
– Selena arqueou uma sobrancelha e Demi mordeu discretamente o lábio inferior.
- Como nós vamos assar essa carne, Jesse? – Perguntou
Selena porque eles estavam num apartamento, não havia espaço e nem lugar para
uma churrasqueira.
- Não se preocupe, eu já pensei em tudo. – Ed sorriu
para Selena e ela revirou os olhos já pensando na loucura que o namorado faria.
– Só se preocupem em preparar a comida, garotas. Nós dois vamos cuidar do
resto. – Demi riu da careta que Joe fez ao olhar as roupas dobradas que ele
teria que vestir novamente para enfrentar a neve lá fora.
- A tia já volta. – Disse Demi a
Harry se aproximando de Joe que também tinha deixado Ana para começar a se
vestir. – Ei, não precisa vestir tudo. – Ela gentilmente acariciou o peito
largo subindo as mãos para o rosto barbado. – Confia em mim, só basta o suéter
e o casaco.
- Eu confio. Só que eu estava congelando lá fora com
todas essas roupas, imagina com uma a menos. – Ele murmurou desanimado fitando
as peças que teria que vestir. – Também preciso de algo para proteger as minhas
bochechas e o nariz.
- Quando você chegar, prometo dar muitos beijinhos
para esquentar. – Eles sorriram e trocaram um rápido selinho. – Longe das
garotas, ok? – Joe assentiu sorrindo travesso enquanto se vestia. – Eu estou
falando sério! – Murmurou Demi ajeitando o cachecol no pescoço dele e para
ameaça-lo, ela apertou um pouquinho para ver Joe arregalar os olhos de susto.
- Se alguma mulher se aproximar, vou mostrar a minha
aliança sem dizer uma palavra e nem olha-la. – Murmurou porque ultimamente era
o que Demi dizia para ele fazer.
- Bom menino. – Ela sorriu e pôs-se na ponta das
botas para conseguir ficar mais próxima do rosto dele. – Mais tarde você terá a
sua recompensa. – Sussurrou e o beijou no queixo.
- Ei, vocês dois, parem com isso. – Ed era tão
brincalhão que tocou um pouco abaixo da costela de Joe apenas para vê-lo se
encolher porque sentia cócegas ali. – A Demi está te dando ordens? – Perguntou
abraçando Joe de lado e sorrindo para Demi, que revirou os olhos dando de
ombros porque sabia que Ed estava brincando.
- Onde está o seu casaco? – Ralhou Selena que Ed
engoliu em seco fazendo Joe e Demi rirem. – Deus, Eden! Você quer congelar lá
fora? – Sel era tão mal-humorada e impaciente com Ed que ela caminhou para o
quarto reclamando baixinho das coisas que o namorado aprontava.
- Pelo menos a Dem não briga comigo o tempo todo. –
Joe riu da cara do amigo que acabou rindo também.
- A Sel também não. É só que ela está para
ficar naqueles dias. – Disse e Demi revirou os olhos porque
para os homens aquela era a única razão para uma mulher estar brava. – Essa
baixinha quase te bateu no restaurante na semana passada. – Comentou
Ed se lembrando da noite que eles tinham saído para jantar e Demi teve uma
crise de ciúmes porque uma mulher tinha se aproximado de Joe para pedir
informação.
- Eu estou aqui, ok? – Resmungou Demi abraçando Joe
porque ela não gostava da ideia de perdê-lo para outra mulher. – Vocês dois
ficam tão idiotas quando estão juntos. – Comentou Demi observando Joe e Ed
rirem de algo que eles tinham sussurrado um para o outro a excluindo.
- Não somos idiotas, você que é curiosa. – Ed sorriu
para Demi e então voltou a atenção para Harry que tinha o chamado para mostrar
o desenho que tinha feito.
- O casaco, querido. – Selena às vezes podia ser
impaciente com Ed, porém tudo que ela queria era que o namorado ficasse bem. –
Não demore e tenha cuidado. – Disse a Ed o ajudando a vestir o casaco assim que
ele se levantou.
- Não vou demorar. – Ed a beijou na testa e Joe fez o
mesmo com Demi, só que a abraçou apertado aproveitando para beijá-la no
pescoço.
Quando Ed e Joe saíram, Demi e Selena suspiraram porque já sentiam
a falta deles. Estranho foi quando elas se olharam porque mal se
cumprimentaram.
- Você sabe como o Ed é exagerado. – Comentou Selena
se sentando entre os sobrinhos e Demi se acomodou ao sofá ao lado de Ana já que
Harry tinha sentado no colo da tia. – Ele quer assar carne para comer com o
jantar, comprou um bolo enorme confeitado e me pediu para fazer doces. – Demi
sorriu quando Selena também sorriu porque Harry tinha cochichado algo para ela.
Se tinha alguém no mundo que seria uma excelente mãe, a mulher era Selena!
- Ele merece. – As duas sabiam que Ed era um cara
incrível e que merecia ser muito feliz. Não era qualquer rapaz que assumia a
responsabilidade como a de cuidar de duas crianças mesmo sendo familiares, e
ainda continuava sorrindo depois de perder o pai, a mãe e a única irmã. Ed era
um cara sozinho, mas com uma imensa vontade de ser feliz que anulava a tristeza
que poderia consumi-lo.
Ter crianças por perto ajudava a descontrair e melhorar o
ambiente. Por um tempo o desenho na televisão envolveu as quatro pessoas que
estavam no apartamento, envolvia mais Selena e Demi que Harry e Ana que
brincavam um com o outro. Quase perderam a hora. Selena só se deu conta que
estava atrasada para terminar de preparar o jantar quando o desenho animado fez
uma breve pausa para o comercial.
- Você pode olhar as crianças? Vou terminar o jantar.
– Demi era tão criança quanto as duas que estavam ali. Os olhos marrons dela
estavam vidrados na televisão e ela parecia realmente animada em continuar
assistindo desenho. – Dem, vou preparar o jantar. Você fica de olho
nas crianças? – Selena perguntou novamente. Ela colocou uma mexa do cabelo que
saía do rabo de cavalo atrás da orelha sustentando o olhar de Demi.
- Fico. – Murmurou Demi se ajeitando no sofá. – Você
não vai precisar de ajuda? – As bochechas coraram quando percebeu o que tinha
dito. Ajudar Selena significava ficar sozinha com ela na cozinha, o que não
acontecia desde o dia que se beijaram há três meses.
- Vou precisar. – Selena fitou os sobrinhos pensando
no que poderia fazer para vigia-los. – Nós revezamos. Uma hora você vem
olha-los, noutra eu venho. – Disse e Demi assentiu se levantando com um pouco
de preguiça e receio do que poderia acontecer. – Cuida do seu irmão, eu e
a tia Demi estaremos na cozinha preparando o jantar. Nós
estamos de olho em vocês. – Ana assentiu gostando do tom brincalhão da tia e
sorriu quando teve a bochecha carinhosamente selada por Sel. – O Harry me chama
de mamãe e chama o Ed de papai. – Disse adentrando
a cozinha com Demi ao lado. – Nós concordamos em deixa-lo nos chamar assim, mas
sempre falamos da Sophia.
- É apenas uma criança. Não vejo problema.
Infelizmente eles perderam a mãe, mas tiveram sorte de ter você e o Ed para
ama-los como se eles fossem seus. Amor, carinho e cuidado de sobra, não fará
mal. – Demi não sustentou o olhar demorado de Selena, preferiu fitar as
próprias unhas porque estava um pouco envergonhada.
- Também não vejo problema. – Disse Selena desviando
o olhar da amiga para começar a buscar pelos ingredientes que usaria. – Animada
para amanhã? – Ela não queria deixar o assunto morrer. Os minutos que ficaram
quietas não tinham sido ruins, só era estranho.
- Sinceramente, nós trabalhamos duro nesses últimos
meses para esse evento acontecer, estou cansada. Comemorar o aniversário
da empresa será estranho sem o Jason, mas eu vou nem que seja por meia
hora. – Demi sentia que não seria uma festa agradável. Ultimamente ela estava
sozinha na Gyllenhaal, só havia Ed para visita-la no escritório e Marcus para
enchê-la de trabalho extra.
- Eu também estou cansada. Ultimamente
é o que eu mais tenho estado. – Selena se espreguiçou e bocejou logo se
escorando na bancada de inox para fitar Demi não muito longe dali. – Acho que é
por isso que acabo descontando no Ed. Sorte é que ele tem paciência. – Murmurou
a última frase.
- Você deveria ir ao médico, Sel. Lembra de quando
você teve início de anemia? Dava muito trabalho para te tirar da cama e você
reclamava de cansaço o tempo todo. – Comentou se aproximando
para descascar as verduras que Sel tinha separado.
- Se não melhorar, eu vou. – Selena fitou os pulsos
tatuados da amiga quando ela puxou as mangas da blusa para lavar as mãos. As
meninas do departamento comentaram a respeito daquela tatuagem, e como Sel
estava distante de Dem, ela mal tinha visto o desenho de perto. – É bonita. –
Comentou e Demi franziu o cenho sem entender. – A sua tatuagem. – Disse fitando
brevemente os olhos de Demi que puxou mais as mangas porque precisava de mobilidade
para cortar as verduras e a roupa a atrapalhava.
- Obrigada. – Murmurou um pouco envergonhada. – Hum..
– Murmurou quebrando os minutos de silêncio que seguiram, mas não era nada
constrangedor e nem desconfortável como tinha acontecido algumas vezes. – Sei
que combinamos de fazer juntas. – Disse atraindo o olhar de Selena. – É que eu
precisava fazer para me ajudar a continuar tentando ser feliz depois de tudo
que passei.
- Está tudo bem. – Selena sorriu e com muita coragem
ela tocou a tatuagem nos pulsos da amiga gentilmente fazendo o coração de Demi
bater mais rápido porque ela sentia falta da melhor amiga. – Quando eu for
fazer a minha, você pode fazer a sua segunda. – Demi franziu o cenho e riu da
piscadela de Sel.
- Não sei se quero fazer outra. Dói muito.
- Alguns anos atrás você prometeu que faria a
nossa tatuagem. – Selena arqueou uma sobrancelha a olhando e Demi
franziu a boca numa linha começando a trabalhar nas verduras.
- Só mais essa então, não quero muitas. – E como elas
tinham combinado, Sel foi verificar se estava tudo nos conformes com as
crianças e quando voltou, a conversa não fluiu como elas esperavam e o silêncio
acabou prevalecendo.
- O cheiro está maravilhoso! – Ed e Joe não fizeram
barulho e então o susto foi grande. – Não me bate, ok? – Disse Ed percebendo o
olhar feio de Selena, nada que ele resolvesse com um abraço e um beijo.
- Passou muito frio? – Demi secou as mãos e se
aproximou de Joe para abraça-lo.
- Passei. Foi horrível, você não estava lá fora para
me aquecer. – Ele disse baixinho a olhando nos olhos e tudo que Demi fez foi
ficar na ponta dos pés para conseguir beijar a boca daquele homem. – Mais
tarde. – Disse ainda com os lábios roçados aos dela aproveitando também para
descer e subir a ponta dos dedos nas costas sugestivamente.
- Estou ansiosa. – Demi umedeceu os lábios antes de
sela-los aos de Joe por mais duas vezes. O coração chegou a bater rápido como
acontecia só quando estavam juntos. – Até o dia amanhecer? –
Sussurrou o abraçando e encostando a cabeça no ombro largo porque ela gostava
de sentir o cheiro suave de Joe.
- Até o dia amanhecer. – A vontade de Joe era de
imprensar a namorada contra o colchão macio da cama e tê-la até que não
aguentasse mais, porém nenhum um beijo propriamente dito ele poderia trocar com
Demi já que os sobrinhos de Ed tinham adentrado a cozinha. – Sossega,
ok? – Advertiu-a a beijando na testa porque ele conhecia muito bem a
namorada que tinha. Demi tinha o feito ficar vermelho em público uma série de vezes
quando começava acaricia-lo ou quando sussurrava coisas quentes.
- Sou quase um anjo. – Demi esboçou o melhor sorriso
inocente que podia e antes de se virar, deu uma bela olhada lá para
baixo fazendo Joe corar, mas também rir discretamente porque ele
gostava das brincadeiras que aconteciam entre eles.
- Um anjo, sei. – Para sussurrar aquelas palavras e
acariciar o traseiro de Demi, Joe lançou um rápido olhar a procura de alguém os
observando e quando teve a bandeira branca, o fez sem pensar duas vezes
deixando Demi com um sorriso divertido nos lábios e as bochechas coradas.
- Srta. Lovato, com licença, estou
roubando o meu melhor amigo. – Estava claro que Ed estava feliz. Demi revirou
os olhos quando Joe foi abraçado por Ed. Como eram homens, e homens juntos era
sinônimo de imaturidade na cabeça de algumas mulheres incluindo Demi e Selena,
eles começaram a trocar socos de brincadeira e Ed ainda abraçava Joe por trás
numa espécie de chave de pescoço. Era tão idiota que Demi observou com tédio e
Selena revirou os olhos quando os dois finalmente se soltaram rindo e
avermelhados. – Vocês duas são chatas. – Resmungou Ed. – E estão tão estranhas.
O que está acontecendo? Elas estão estranhas, não estão? – Perguntou para Joe
que perdeu toda a animação. Ele olhou para Demi e depois para Selena tenso por
elas.
Como nem Demi e nem Selena respondeu, Ed franziu o cenho e teve a
atenção desviada para Harry que o chamou para falar que estava faminto.
Foi como voltar à estaca zero. O clima entre Selena e Demi
desmoronou drasticamente a ponto delas nem mesmo se olharam, o ponto positivo
era que não ficaram sozinhas. Joe e Ed, Ana e Harry. Eles estavam se divertindo
cozinhando e brincando como crianças. Comeram à vontade quando o jantar ficou
pronto, cantaram um animado parabéns para Ed que chegou a sorrir de orelha a
orelha emocionado e apagou as velinhas sobre o bolo com a ajuda dos sobrinhos
que o abraçou.
- Não para. – Joe riu baixinho porque fazer barulho
atrapalharia Ed e Selena. As crianças estavam dormindo e os adultos na sala.
Cada casal abraçado protegido por uma coberta e num sofá. Na televisão, a primeira
temporada de Stranger Things rolava. Estavam no episódio três,
porém Demi já estava caindo de sono só porque Joe deslizava a ponta dos dedos
no couro cabeludo num carinho de movimentos circulares. – Joseph. – Ronronou se
deitando sobre ele e pedindo por um beijo que foi dado de bom grado por Joe que
também a segurou levando uma mão a cintura e a outra a bochecha direita.
- O que foi? – Sussurrou quando sentiu a respiração
quente e pesada de Demi contra a orelha. – Amor, eu não entendi. – Disse apenas
para ela gentilmente descendo as mãos pelas costas para logo enlaçar os dedos
as mexas de cabelo da nuca.
- Eu estou morrendo de sono. – Sussurrou de volta um
pouco envergonhada. Ela não era de ficar com sono quando estava assistindo
alguma série ou filme, principalmente quando estava nos braços do namorado.
Quem costumava dormir era ele.
- Tudo bem. – Joe a abraçou quando Demi se aninhou a
ele e continuou a deslizar a ponta dos dedos no couro cabeludo dela. – Ed. –
Chamou o amigo alguns minutos mais tarde e quando Ed o olhou, Joe tentou não
fazer movimentos bruscos quando ergueu o tronco. – Eu vou levar a Dem para
casa, ela está com sono.. Hum.. Ela dormiu. – Disse ao perceber como a namorada
estava relaxada e agarrada a ele.
- Vocês podem dormir aqui. As crianças podem dormir
na minha cama. – Disse Ed fitando brevemente os olhos de Selena que assentiu
saindo dos braços dele para pausar o episódio.
- Nós temos cobertores e travesseiros de reserva. –
Comentou Selena encostando a cabeça no ombro de Ed e fechando os olhos porque
ela também estava com sono.
- Obrigado. Está tudo bem. Vou chamar um táxi e nós
vamos para casa. – Tirar as crianças das próprias camas em pleno inverno e
estragar a noite de Ed com Selena não estava nos planos de Joe.
- Vou te emprestar o meu carro, amanhã cedo passo
para pegar. – Disse Ed.
- Se for atrapalha-lo, não tem problema ir de táxi.
- Fica tranquilo, Joe. Vou arrumar bolo para você e a
Demi. – Selena se apressou para caminhar para cozinha e Joe deitou Demi no sofá
para que pudesse acorda-la. Costumava dar trabalho acorda-la, e foi estranho
quando Demi abriu os olhos e murmurou algo quando Joe a chamou pela quarta vez.
***
O frio não estava sendo um problema, bem pelo contrário. Era muito
bom porque Joe podia dormir agarrado a Demi e ela a ele dentro dos moletons
largos debaixo de duas cobertas pesadas ainda com o aquecedor do quarto ligado.
As persianas da janela impediam completamente que a luz da noite e quando
mais tarde a do dia amanhecendo invadisse o quarto, então o sono foi contínuo e
delicioso que quando Joe acordou por volta de oito da manhã, ele se sentiu
descansado e disposto. Por minutos o rapaz ficou abraçado a namorada de olhos
fechados sentindo o corpo quente excita-lo num sentido diferente do sexual, Joe
se sentiu feliz e realizado por ter Demi. Pensando em agrada-la, ele se
levantou com certo custo, organizou-se no banheiro e partiu para cozinha onde
encontrou Lucy.
A cadelinha estava bem cuidada e grande, deveria ter crescido
cerca de seis a dez centímetros naqueles três meses. A cada dia que se passava
Lucy perdia mais o ar de filhote e Joe se sentia angustiado como um pai que
presenciava a sua garotinha crescer num piscar de olhos sem poder aproveitar
aquela fase mágica da infância por completa.
- Não vai pular na.. mamãe. – Muito
tarde. O plano era abrir a porta do quarto sem fazer barulho e entrar
cuidadosamente para não derrubar a bandeja onde estava o café da manhã. Ele
acordaria Demi gentilmente, distribuindo beijinhos pelo rosto e a chamando por
apelidos carinhosos, porém Lucy quase o derrubou quando ele abriu a porta do
quarto e ela correu para cama pegando impulso para pular com tudo sobre Demi e
começar a acorda-la com lambidas no rosto e batendo a pata desengonçadamente. –
Lucy! – Joe a repreendeu depois de deixar a bandeja sobre o criado-mudo para
controlar a pequenina. – O que eu já disse sobre pular na cama?
– Disse fitando os olhos cor de mel de Lucy. Ele tinha a pegado no colo e a
colocado no chão logo em seguida, e ela latiu enciumada quando Joe se sentou a
beirada da cama. – Se você continuar chata, o papai vai te
colocar para fora do quarto e o bebê não vai ganhar biscoito.
– Coisa que Lucy iria entender... Joe sustentou o olhar dela e a acariciou no
torso. – Ei, acorda. – Até o tom da voz mudava. O coração acelerou um pouco e a
respiração ficou pesada. – Demi, acorda. – Os dedos roçaram o queixo marcado e
acariciaram a bochecha esquerda. Será que toda mulher era bonita como a dele?
As sardas na região dos olhos e nariz, as curvas bem desenhadas do rosto, as
bochechas rosadas e os lábios avermelhados. Joe se curvou para depositar um
selinho na boca dela sobre o choro de Lucy. – Bom dia meu amor. – Ele sorriu de
orelha a orelha porque Demi tinha acabado de se mexer e abrir os olhos como se
o beijo dele a despertasse do sono profundo como nos contos de fada.
- Bom dia. – Demi sorriu sonolenta quando Lucy apoiou
as patinhas na cama colocando a cabeça entre elas para olha-la com aqueles
lindos olhos castanhos carentes. – Bom dia menina. – Disse a cadelinha a
acariciando atrás das orelhas e Lucy ficou tão feliz que não parava de balançar
o rabo.
- Ela já subiu na cama e te lambeu, amor. Sorte é que
seu sono é pesado. – Joe sorriu para Demi que sorriu de volta se erguendo com
muita preguiça. – Você dormiu bem? – Perguntou cobrindo a mão dela com a dele e
Demi assentiu sorrindo.
- E você? – Uma mão estava envolta pela de Joe e a
outra com os dedos enlaçados nos pelos de Lucy.
- Muito bem. – Eles se olharam mostrando como estavam
apaixonados. – Eu fiz o café da manhã. – Disse nos lábios dela ainda a olhando
nos olhos e Demi apenas encostou os lábios nos dele.
- Você adivinhou. Eu estou faminta. – Demi corou,
sorriu levando as mãos ao rosto de Joe para acaricia-lo conforme ele distribuía
selinhos nos lábios e nas bochechas.
- Está aqui na bandeja. Vamos comer? Se esfriar vai
ficar ruim. – Demi arqueou as sobrancelhas quando viu o café da manhã.
Joe tinha caprichado, tinha ovos com bacon, biscoitos, panquecas, torradas com
geleia, iogurte e misto.
- Só vou ao banheiro. – Ela o encheu de beijinhos e
correu para o banheiro deixando Joe com um sorriso no rosto, e se não fosse
Lucy para desperta-lo para realidade, ele teria continuado ali sentado alheio
ao mundo pensando em como Demi o fazia feliz.
- Ei, a ponta do seu nariz está suja de geleia. –
Demi franziu o cenho e tentou focar o olhar na ponta do nariz, mas acabou
resultando uma careta engraçada que arrancou uma gargalhada de Joe. – Deixa que
eu limpo. – Ele pegou um guardanapo e rapidamente limpou a geleia de cor roxa
da ponta do nariz e também do queixo que acabou sujando.
- Obrigada, querido. – Para agradece-lo, Demi se
esticou para conseguir alcançar a bochecha de Joe depositando um beijo demorado
ali que o deixou todo vermelho. – O café da manhã está uma delícia. – Eram
tantas variedades, Joe tinha organizado a bandeja sobre a cama e ainda buscou
por leite e café na cozinha. – Tem planos para hoje? – Perguntou dividida entre
fitar o iogurte e os olhos de Joe.
- Além de acompanha-la a festa da Gyllenhaal, não. –
Comentou jogando um pedacinho de torrada para Lucy. – Possa ser que o Sr.
Potter ligue pedindo alguma coisa, eu realmente não sei. – Não era bom ficar em
casa, pois a cada dia que Joe não trabalhava na madrugada era descontado no
salário que já não era muito.
- Eu não quero ir. – Organizar a festa da Gyllenhaal
deu muito trabalho, e para o padrão da empresa, seria elegante e luxuosa, uma
festa que daria o que falar no dia seguinte. – Não estou confortável com essa
festa, tantas pessoas importantes estarão lá. Já posso sentir o olhar de cada
uma delas sobre mim. Eles sabem sobre o Jake, todo mundo sabe... É tão
constrangedor. – Há quanto tempo Joe não ouvia aquele nome? Foram realmente
três meses de pura paz sem Jake ou Dianna para atormentá-los.
- Eu vou estar lá com você. A Selena e o Ed também. –
Disse Joe levando a mão livre a dela. – Nós ficamos isolados dos demais,
podemos sair mais cedo e comer alguma coisa na rua. – Sugeriu e Demi deu um
jeito de ir para os braços dele a busca de proteção.
- Não fala da Selena. Eu sinto tanta a falta dela,
amor. – Murmurou tristonha e Joe se recostou a cabeceira da cama esticando as
pernas para ficar mais confortável para ele e Demi. – Ontem foi o dia que nós
mais conversamos desde.. você sabe. – Mesmo chateada com a situação Demi não
deixou de continuar comendo.
- Gatinha, por que você não fala com ela? – Ele
perguntou levando uma mão para acariciar abaixo do umbigo de Demi também
aproveitando para comer um misto. – Tenta se aproximar, ela também sente a sua
falta. O Ed comentou que ela está diferente nesses últimos dias. Anda
estressada, impaciente e ele a pegou chorando algumas vezes. – Demi arregalou
os olhos quando fitou os de Joe. Para Selena estar daquele jeito, algo
realmente sério deveria ter acontecido.
- Ele sabe sobre nós duas? – Perguntou tão baixinho e
vermelha de vergonha.
- Não. Relaxa, ok? Não vou te julgar por isso. – Ele
a beijou na bochecha e a abraçou repousando a cabeça no ombro dela. – Se eu te
perguntar o porquê que vocês se beijaram, você vai ficar chateada?
- Não.. – Murmurou incomodada se ajeitando nos braços
dele e desistindo de terminar o iogurte. – Eu nunca fiquei com uma garota e nem
pretendia ficar. – Começou a dizer alimentando Lucy com o resto do misto. – Eu
e a Sel sempre fomos íntimas. Nossa amizade nasceu tão naturalmente quando ainda
erámos meninas. Não temos segredos, nos protegemos e temos
ciúme uma da outra. Nós gostamos de trocar carinho, dormir de conchinha usando
apenas lingerie, comentar em detalhes sobre os garotos que nós
pegamos e fazer planos para o futuro. – Ela sorriu se lembrando dos melhores
momentos ao lado de Selena, de como era bom fazer a amiga sorrir e protege-la
dos rapazes que queriam apenas usa-la. – Ent..
- Espera. – Joe coçou a nuca e piscou algumas vezes
tentando absorver as informações. – Vocês dormem na mesma cama usando apenas
lingerie? E de conchinha? – Ele perguntou e Demi assentiu rindo.
- Não é sempre de lingerie ou de conchinha, mas nós
dormimos agarradas. – Disse naturalmente. – Posso continuar? – Perguntou o
olhando e Joe mordeu o lábio inferior logo arqueando a sobrancelha esquerda.
- O que você disse sobre mim para ela? – As bochechas
dele estavam coradas! Demi sorriu de orelha a orelha e se virou para beija-lo
na boca e aperta-lo nos músculos grandes dos braços.
- Ah. Que eu me lembro, falei que você é muito
gostoso. E que é muito bom dormir com você porque você é quente e não fica
mexendo. – Demi esboçou um sorriso levado e o beijou no maxilar esquerdo. – Que
você é muito bonito sem roupa e que.. Como posso falar isso sem que as suas
bochechas fiquem ainda mais vermelhas? – Pirraçou-o e Joe desviou o olhar
porque estava com vergonha. – Joseph! – Ela riu se virando para abraça-lo. – Eu
disse que você é um amor, ok? – Joe assentiu sustentando o olhar dela e Demi o
beijou nos lábios. – E que ele é muito gostoso em todos os aspectos, amor. –
Demi tornou a rir porque ela tinha levado a mão ao membro dele para aperta-lo.
- Demi. – Tinha como ele ficar mais sem graça? Joe
desviou o olhar da namorada para encontrar Lucy que tinha dado um jeito de
comer o resto do café da manhã por eles.
- Estou falando sério, ok? – Disse risonha levando a
mão que apertava o membro para a coxa direita de Joe já que ela estava deitada
entre as pernas dele. – Ele só é um pouquinho exagerado, mas não é nada que eu
não possa me acostumar. – Demi riu alto quando Joe murmurou um “Jesus” todo
sem jeito com o comentário. Era divertido faze-lo passar vergonha. – Você não
contou nada sobre o meu corpo para o Ed? – Perguntou curiosa se acomodando a
cama com a cabeça escorada no abdômen de Joe.
- Não. Não falamos de você e nem da Sel dessa forma.
- Vocês não falam de sexo? – Perguntou o acariciando
nos joelhos e Joe suspirou porque Demi era impossível, ela ainda tinha aquele
sorriso levado nos lábios e o olhava nos olhos.
- Dem, deixa de ser curiosa. – Mesmo com as posições
completamente diferentes, Joe se curvou e depositou um selinho demorado nos
lábios dela. – Tudo bem, não faz esse biquinho. – E ele o mordeu e mimou a
namorada com beijos pelo rosto. – Nós só conversamos sobre as nossas posições
favoritas e do que gostamos na cama. Nada muito detalhado. – Comentou corado e
Demi sorriu se erguendo para abraça-lo.
- Querido, leva essa bandeja para cozinha e coloca a
Lucy para brincar lá fora. – Joe sorriu assentindo e beijou os lábios de Demi a
abraçando forte contra o corpo. – Estou esperando você. – Sussurrou no ouvido
dele e deu um pouquinho de trabalho, mas Joe conseguiu se levantar descabelado
e corado por conta dos beijos que tinha trocado com Demi. Já ela sorriu porque
Joe era apaixonante. Ele chamava Lucy todo carinhoso e gentil para fora do
quarto e tinha organizado o que tinham sujado na bandeja.
Para não atrapalha-los, Demi organizou os travesseiros na cama,
empurrou as cobertas para extremidade direita do colchão e caminhou para o
banheiro. O cabelo não estava ruim, ela o penteou com os dedos e como estava
incomodando, os prendeu num coque que sabia que não duraria muito já que Joe o
desmancharia, ele sempre o fazia.
- Dem? – A voz de Joe sempre era suave quando ele
dizia o nome dela. Demi mordeu o lábio inferior e saiu do banheiro se sentindo
estranhamente ansiosa. – Ei, eu adoro dormir com você, mas hoje foi tão
especial. – Joe tinha a puxado para os braços e sorriu fitando os olhos marrons
que tanto amava.
- Por que foi especial? – Ficar na ponta dos pés para
conseguir alcançar o queixo dele era trabalhoso, mas Demi não desistiu tendo
uma pequena ajuda de Joe que se curvou para que ela pudesse beija-lo na boca.
- Sempre é. Hoje eu acordei tão bem. Estou feliz,
Dem. – Disse a olhando nos olhos.
- Eu também estou feliz. – As mãos de Demi eram
delicadas e tinham o toque suave. Estavam espalmadas no tecido de algodão do
moletom sobre o peito largo e ali faziam carinho. – Tem quatro meses e uma
semana que nós estamos juntos, e sinceramente, foram os melhores dias de toda a
minha vida.
- Amor, eu finalmente me sinto vivo e parte desse
mundo. E é por sua causa. – As mãos dele desmancharam o coque, apertaram-na pela
cintura e foram cuidadosamente repousadas nas costas por debaixo da roupa. O
olhar estava fixo ao dela e o coração batendo no mesmo ritmo. Joe não se sentia
diferente do que tinha dito a Demi e não tinha exagerado para impressiona-la.
Depois que a conheceu, a vida finalmente começou a fazer sentido e a vontade de
viver para estar nos braços da mulher que amava o motivava a querer ser alguém
melhor para Demi e para o mundo.
- Você é um homem especial, Joseph. – Ela sorriu
emocionada fitando os olhos dele. – O mundo não merece toda sua bondade,
inocência e gentiliza. E eu tenho tanta sorte de te ter. – Não precisavam
trocar as três palavrinhas. A eletricidade que os envolviam e os olhares que
trocavam era o suficiente para que soubessem que se amavam de toda alma e de
todo coração. – Me sinto completa, amada e pronta para viver toda a minha vida
com você.
Joe não precisava de mais nada. O corpo desejava o dela a ponto de
as mãos estarem tremulas e o resto dele sensível ao toque. A forma que a beijou
foi um pouco brusca, mas conforme a língua tocava a dela sentindo o gosto
suave, as mãos apertavam as curvas do corpo e o calor de Demi o envolvia, o
beijo se tornava mais lento, delicioso e um catalisador perfeito.
As mãos abraçaram o traseiro feminino e ela enlaçou as pernas na
cintura dele quando foi impulsionada. A deita-la na cama, Joe a encostou na
parede e por minutos a beijou e a acariciou também sendo acariciado.
Demi estava ofegante, um pouco zonza e apaixonada. Quando os
lábios de Joe não estavam sobre os dela, os seios eram beijados mesmo sobre o
moletom e o pescoço era constantemente atacado sendo mordiscado e beijado.
Ali na parede não duraram muito, Joe os levou para cama e quando eles se separaram, estavam ofegantes e ansiosos. Demi tirou o moletom que vestia
junto com a camisa, desabotoou o sutiã e partiu para cima do namorado para
beija-lo na boca, arranha-lo no abdômen, aperta-lo no músculo dos braços, no
membro e traseiro. Ela era selvagem! Joe acabou sorrindo e aos poucos conseguiu
controla-la, invertendo as posições que estavam deitados assim ficando por
cima. A camisa foi despida o deixando nu da cintura para cima só depois que os
mamilos marrons foram chupados e os seios beijados até que estavam levemente
rosados e a dona deles de olhos fechados e gemendo baixinho.
Pele sobre pele. Demi tinha o cenho franzido porque as mãos
estavam imobilizadas pelas grandes de Joe acima da cabeça, e por conta das duas
calças de moletom que ele vestia, ficava impossível de sentir o membro a
roçando como geralmente acontecia. Os beijos dele foram retribuídos com mais
desejo, os pés ajudaram a abaixar as calças de Joe e quando ele interrompeu o
beijo para ficar de joelhos entre as pernas dela para tirar as calças e cueca,
Demi abaixou as calças dela e a calcinha tudo de vez desesperada para tê-lo. E daquele mesmo jeito Joe uniu
o corpo ao dela: A calça dela embolada nas canelas e as dele nos pés. Foi
engraçado e eles riram se organizando antes de começarem a se mover. Joe por
cima segurando uma mão de Demi acima da cabeça enquanto a outra tratava de
apalpar a coxa esquerda. Já ela tinha os lábios entreabertos, o cenho franzido conforme sentia o membro a preenchendo e esvaziando vagarosamente, e os pés no
ar e os joelhos dobrados.
- Um pouco devagar. – A voz soou num fio quando Joe
acelerou o movimento. Os olhos marrons estavam arregalados e as bochechas
coradas. Demi fechou os olhos e empurrou um pouco o namorado pelo peito. – Não
tão rápido. – Reclamou quando ele a olhou.
- Desculpa, bebê. – Ele era um amor! Demi se sentiu especial
quando Joe a beijou na testa logo repousando a dele ali e como ela tinha
pedido, ele tratou de se concentrar em se mover devagar, toca-la nas mechas do
cabelo e nos mamilos, deslizar as pontas dos dedos pela extensão dos braços e
beija-la com carinho no pescoço. – Gatinha, puxa a coberta. – Pediu porque
agora quem estava por cima era Demi. Ela assentiu puxando a coberta como ele
tinha dito e o abrigou no calor entre as pernas da forma que gostava, se deitou
sobre Joe e vez os lábios beijavam o queixo barbado e vez os lábios dele.
***
- Eu estou falando sério, é para você escolher. – Há
quanto tempo aquela conversa estava rolando? Joe começava a se sentir cansado e
Demi sem jeito. Estavam sentados num dos bancos espalhados pelo shopping
Center. Ir ao cinema e almoçar na praça de alimentação foi uma ideia complicada
de se executar, porém tudo tinha corrido bem até que tocaram naquele assunto.
- Joseph, sério, obrigada, mas eu tenho vários
vestidos que nunca usei. – Ela não tinha o olhado nos olhos, olhava as poucas
pessoas que caminhavam naquele corredor e quando teve coragem para fitar os
olhos de Joe, corou porque ele estava sério e consequentemente mal-humorado. O
verde dos olhos chegava estar escuro.
- Qual o problema? Eu não posso querer comprar um
vestido para a minha mulher? – Perguntou irritado levando a
mão à coxa de Demi protegida pela calça jeans.
- A ocasião não vale a pena. – Tentou argumentar e
para descontrair o clima, deu um selinho nos lábios dele e arrumou o cachecol ao
pescoço logo acariciando a barba.
- Eu quero comprar um vestido para você. – Insistiu
sério e Demi se sentiu mal por deixa-lo irritado.
- Eu não quero que você faça gastos desnecessários. –
Comentou corada. O trabalho de segurança não pagava muito bem, e com a última
nevasca Joe tinha sido dispensado, então ele não receberia. A escola pagava
pouco mais que a metade de um salário. Não estava fácil, depois que pagava as despesas básicas, sobrava um pouco de
dinheiro que era dividido: metade para o carro que ele queria comprar e metade
para gastar com Demi e Lucy.
- Amor, é um presente. Eu quero muito que você vá com
uma roupa que eu te dei. Não tem nada de errado, você pagou a minha consulta no
mês passado, por que eu não posso agradecer com um presente? – Demi franziu o
cenho, mas assentiu. Ela não discutiria com Joe porque quando ele colocava uma
coisa na cabeça, era difícil de tirar.
- Tudo bem. – Cedeu e de tão feliz que Joe ficou, ele
a beijou no queixo e logo na boca. – Você vai me ajudar escolher? – Perguntou
puxando o cabelo curto da nuca entre os dedos.
- Vou! – O tempo que passaram juntos namorando pela
manhã não serviu de muita coisa já que o desejo continuava o mesmo, e um pouco
mais forte. Como estavam em público, Joe se controlou para não levar uma mão
aos seios ou ao traseiro.
Quatro lojas. Era o bastante para Demi ficar estressada com a
situação. Na primeira, o vendedor praticamente a sufocou. Ele não parava de
sugerir vestidos e não dava espaço. Na segunda, a vendedora estava mais
interessada em Joe a atende-la como deveria. A terceira loja era uma decepção,
o atendimento não era ruim, porém o produto não era muito agradável e o preço
um absurdo!
- Dá uma volta. – Finalmente um lugar agradável. Era
o terceiro vestido que Demi experimentava, e como ela não tinha gostado muito
do que estava vestida, sobrou apenas as duas peças que estavam repousadas no
braço da vendedora que servia de cabide . – A Srta. Vai experimentar qual? – A
moça deveria ter a mesma idade que Demi. Era baixa, morena e tinha cabelos
negros cumpridos. Optando pelo vestido preto, Demi acenou para Joe antes de
adentrar o vestuário.
Não deu muito trabalho para vestir a peça, ela só estava com um
pouco de vergonha porque Joe tinha deixado marcas: uma na curva do maxilar
abaixo da orelha e a outra no lado direito do mamilo esquerdo. O modelo do
vestido era diferente dos que Demi costumava usar. Na frente as alças estavam
cruzadas e envolviam o pescoço. Batia acima dos joelhos e ficava colado nas
coxas.
- Como está? – Ela corou com o olhar da vendedora e o
de Joe, e quando se aproximou, segurou a mão do namorado que a girou.
- Está linda. – Joe comentou com um sorriso discreto
nos lábios. – Vai experimentar o outro? – De tão carinhoso que ele era, Joe
colocou uma mexa do cabelo longo atrás da orelha e acariciou a bochecha rosada.
O outro vestido ficou tão bom quanto o preto, e no final Demi
estava indecisa em qual poderia comprar. Joe a ajudou, escolheu a peça que ele gostou mesmo ela sendo cinquenta dólares mais cara que o vestido preto e com um sorriso no rosto ele pagou e saiu da loja satisfeito
segurando a mão de Demi e as demais sacolas.
- Quer um sorvete? – Perguntou o rapaz. O quiosque
estava vazio mesmo que as imagens dos sorvetes que passavam no painel eram de
dar água na boca. Demi franziu o cenho e negou prontamente.
- Está nevando lá fora. – Disse fazendo uma senhora
careta e Joe riu a abraçando de lado e a beijando na testa. – Nós já comemos,
fomos ao cinema, compramos chocolate, você comprou um vestido. Está na hora de
encerrar a nossa aventura no shopping, não acha?
- Está divertido. – Ele disse sorridente deixando que
Demi o abraçasse pelo pescoço e se esforçasse para conseguir beija-lo no
queixo. – Você é tão baixinha. – Comentou a envolvendo nos braços e se curvando
para beija-la na boca.
- Acho que você é que é grande demais. –
Demi sorriu nos lábios dele e os beijou logo em seguida. – Vamos só dar uma
volta, ok? Precisamos ir para casa. – A resposta foi um beijo, Demi não
entendeu muito bem, e não fazia questão. Abriu um pouco mais os lábios e
participou ativamente do beijo, juntando a língua a dele e enrolando as mechas curtas
do cabelo da nuca nos dedos.
- Gatinha, amo você. – Demi sorriu enquanto recebia o beijo na testa e era abraçada calorosamente por Joe.
- Também amo você, grandão. – Trocaram apenas um
selinho que foi demorado e cheio de vida. Separaram-se segundos depois um sorrindo
um para o outro e se abraçaram como os melhores amigos que eram.
- É destino, só pode! – Joe sorriu para Ed e desfez do
abraço com Demi para abraçar o amigo. Já ela fitou Selena de bochechas coradas,
mas cumprimentou a amiga com um estranho abraço e um sorriso igualmente
forçado. – Vocês estão indo embora? – Ed perguntou animado.
- Nós iríamos dar uma volta e
ir embora. – Disse Joe enlaçando os dedos aos de Demi. – E vocês?
- Nós chegamos deve ter quase
uma hora, certo amor? – Perguntou para Selena que assentiu o abraçando de lado.
Ela estava tão quieta e fechada que Demi estranhou. – Vocês se importam se nós
fossemos olhar os notebooks? – Demi deu de ombros e Selena assentiu de cenho
franzido.
Joe e Ed não conseguiram engloba-las a conversa. Não era por falta de
conhecimento, o clima estava fechado entre as duas e Selena não parecia nada
bem. Joe não queria deixar Demi na mão, ele fez de tudo para conseguir ficar ao
lado dela, porém chegou num ponto que não deu para evitar, Ed o puxou pelo
abraço em direção ao balcão onde os notebooks estavam expostos e não parou de
falar por um minuto.
- Está tudo bem? – Demi
perguntou incomodada sustentando o olhar de Selena. Ela parecia com raiva ou estava irritada.
- Eu posso me arrumar no seu
apartamento? – Demi não esperava por aquilo, e então não soube o que poderia
dizer, mas acabou assentindo. – Eu preciso
muito conversar com alguém. – Selena não estava bem. Dificilmente ela
ficava quieta quando estava no shopping e deveria ser a primeira vez que Demi a
via usando roupas simples fora de casa. Sel costumava se arrumar nos padrões de
moda e tudo mais, sempre estava impecável e maquiada.
- Você está me deixando preocupada. – Disse
Demi e Selena desviou o olhar e caminhou até que estava perto de Ed deixando
Demi sozinha e confusa.
Depois
do que aconteceu na loja de notebooks, Demi não estava mais focada na situação
estranha com Sel. Ela só conseguia pensar no que tinha acontecido com a amiga e
no porquê do comportamento estranho. Selena tinha se fechado até mesmo para Ed.
Era preocupante.
- Obrigado pela carona. – Disse Joe a Ed,
mas demorou para ele entender o que o amigo dizia já que o olhar estava fixo em
Selena. Ela não tinha dito uma palavra sequer desde que saíram do shopping.
Estava quieta e de olhos fechados com a cabeça encostada no vidro da janela da
porta do carro.
- Por nada. – Resmungou Ed de cenho franzido
e fitando Demi na esperança que ela fizesse alguma coisa.
- Selly. – Demi a chamou cheia de receio, e
quando Selena se ergueu para olha-la, ela parecia cansada e abatida. – Você..
Você quer que eu vá a sua casa ou você vem ao meu apartamento? – O receio era
tanto que Demi mordeu o lábio inferior e colocou uma mecha do cabelo atrás da
orelha nervosa com a situação.
- Eu venho para cá daqui a pouco, só vou em
casa tomar um banho. – O sorriso forçado melhorou a situação, porém Selena parecia nem se importar.
- Estarei esperando. – Que situação! Demi
trocou outro olhar com Ed que engoliu em seco preocupado e com medo do que
poderia ser. Não havia muito o que ser feito. Demi e Joe saíram do carro e
acenaram quando Ed buzinou. – Ela não está bem. – Comentou de cenho franzido e
Joe a guiou para dentro do prédio porque ele não suportava ficar exposto a
neve.
- Ela não está. – Ele disse se livrando do
cachecol e da touca. – Vocês vão se arrumar juntas, então já é um começo para
saber o que está acontecendo. – Demi assentiu, mas no fundo tinha medo de
descobrir do que se tratava. – Amor, e.. – Antes que ele pudesse terminar, o
celular começou a tocar e Joe o atendeu no último toque já que as luvas não
facilitavam a entrada da mão no bolso da calça e nem que ele segurasse o
aparelho.
Sim,
não. Não, sim. Era do trabalho. Demi acenou para o recepcionista, fitou as
pessoas entrando no elevador e as que adentravam o prédio. Foi o tempo
suficiente para Joe conversar no celular.
- Demi, eu tenho que ir. O Sr. Potter está
na porta do meu apartamento. Ele precisa da minha ajuda no sítio e com algumas
entregas. – Demi franziu o cenho e abraçou o namorado toda manhosa.
- Ah não, Joe. – Resmungou franzindo os
lábios num biquinho e Joe a abraçou e beijou os lábios dela.
- Ah não, Joe. – Ele a imitou enquanto
distribuía beijinhos no rosto dela e Demi revirou os olhos emburrada. – Não
seja egoísta, ok? – Ele iria apanhar! Joe riu da careta dela e de quando Demi
tentou se soltar dos braços dele sem sucesso. – Estou brincando bebezão. Vou tentar ser o
mais rápido possível, ligo quando terminar.
- Você é um chato. – Reclamou o abraçando
com força como se ele fosse um enorme ursinho de pelúcia, e Joe sorriu a
abraçando de volta. – Tenha cuidado, ok? Você vai à festa, certo? – Perguntou
manhosa e Joe assentiu beijando o biquinho dela.
- Vou tentar. Mas não sei que horas vou
terminar. – Era melhor falar a verdade, ele não sabia quanto demoraria com as
entregas e nem mesmo o que deveria ser feito no sítio. – Eu não vou mentir para
você. – Disse quando Demi o olhou feio. – Dem, da última vez que fui ao sítio,
demorou muito porque o Sr. Potter precisava de ajuda com os animais, era no
começo dessa neve toda. Agora que está nevando pra valer, pode ser sério.
Cuidar de vacas, cavalos e galinhas exige muito tempo. – Explicou-se e Demi
assentiu com muito custo.
- Eu já disse que odeio o Steve? – Resmungou
e Joe riu. Ela não odiava o Steve, Sr. Potter, estava longe de odiá-lo. Eles já
tinham saído juntos algumas vezes e foi muito divertido. – Se puder, explique
para ele que você precisa me acompanhar na festa da Gyllenhaal, Joe. Eu estou
preocupada com a Selena, e ao mesmo tempo morrendo de medo do porquê de ela
estar toda estranha. Se as coisas piorarem agora no final da tarde, com quem eu
vou ficar na festa?
- Vou tentar. – Ele disse a olhando nos
olhos e forçando um sorriso para desmanchar a careta de Demi. – Então eu já
vou. Tchau gatinha. – Era daquele jeito em todas as despedidas. Demi ficava
emburrada e ele de coração partido porque geralmente era sempre ele quem tinha
que ir. – Eu amo você.
- Joe... – Ronronou manhosa o abraçando e
tentando convencê-lo de não ir com o melhor olhar de cachorrinho que caiu da
mudança, mas não tinha jeito. – Eu também amo você. – Ronronou novamente e Joe
a beijou na boca brevemente e sorriu para ela.
- A gente se vê mais tarde, ok? – Disse
entregando as sacolas para ela e Demi assentiu triste. – Não faz essa cara, nós
trocamos mensagens, ok? – Quando ela assentiu novamente triste, Joe a beijou na
testa e envolveu os dedos da mão direita livre dela com os dele. – Tchau amor.
– O “tchau” que Demi murmurou foi tão manhoso que Joe teve que beija-la na boca
novamente arrancando um pequeno sorriso dela. E para que ela soltasse os
dedos dele? Joe sorriu enquanto a olhava, e Demi só soltou a mão dele quando os
braços estavam esticados por conta da distância.
Olharam-se
até que Joe saiu do prédio esbarrando em algumas pessoas e quase se colidindo
contra a porta de vidro, seria engraçado se não fosse trágico. Ele ficou envergonhado,
ainda mais quando Demi riu e disse um mudo “Eu amo você!”. Enfrentar a neve foi
um desafio difícil. Às vezes Joe afundava o pé protegido pela bota num
montueiro branco de gelo e se desequilibrava. Demi não estava lá para ajuda-lo,
e ele teve que ter muito jogo de cintura para atravessar a rua e andar
normalmente como as outras pessoas. A
sorte era que o apartamento dele não era longe, pois se fosse, Joe pegaria um
táxi. Como tinha dito, Steve estava o esperando na caminhonete em frente ao apartamento,
e ele riu de como Joe estava empacotado e atrapalhado.
- Você precisa de ajuda, rapaz? – Perguntou
com aquele típico ar divertido e Joe negou de bochechas coradas. – Quer comer
antes de nós sairmos? Tem muito trabalho no sítio.
- Eu estou bem. Estava com a Demi, nós
comemos no shopping. Só tenho que alimentar a Lucy. – Explicou-se adentrando o
prédio porque ele não gostava de ficar exposto a neve. Joe sentia tanto frio
que chegava a doer nos ossos.
- Você deveria comer, Joe. – Joe engoliu em
seco porque Steve estava sério. Ele o olhava como um pai preocupado e bravo com
o filho teimoso. – Você contou para garota que tem ficado tonto e desmaiou duas
vezes nesses três meses?
***
Era
horrível ficar longe de Joe. Ultimamente eles estavam passando tanto tempo
juntos que Demi não conseguia mais pensar no que poderia fazer sozinha. Quando
Joe sumiu de vista, ela respirou fundo e franziu o cenho. Ela gostava muito de
ficar com Joe, ele era um bom namorado e o melhor amigo que uma mulher poderia
ter.
- Srta. Lovato, boa tarde. – O recepcionista
a chamou e Demi se aproximou do balcão esboçando um sorriso educado. – Antes da
Srta. chegar, uma mulher tentou subir, mas foi barrada na portaria. Ela disse
era que a sua mãe, e insistiu que entregássemos esse envelope. – Dianna. Era
claro que era ela. Demi fitou o envelope nas mãos do recepcionista sentindo o
coração bater mais rápido só de pensar no que teria ali dentro.
- Eu vou ficar com o envelope. – Disse um
pouco incerta se queria mesmo se envolver com Dianna novamente. Três meses se
passaram e desde então, ela estava distante de Dianna e até mesmo de Inácio que
tentou contato algumas vezes. – Se ela aparecer novamente, não a deixe subir. –
Era o certo. Dianna tinha a magoado e Demi tinha decidido que não queria
pessoas como a mãe para lhe tirar a paz. – Só o Sr. Jonas, o Sr. Metcalfe e a
Srta. Gomez têm permissão para subir, os demais não sem me consultar.
- Como quiser. – Demi forçou um sorriso e
com um educado boa tarde se dirigiu ao elevador e esperou ansiosamente que as
portas dele fossem abertas. Ela estava nervosa e com tanto medo do que tinha
naquele envelope. Não havia nada escrito, era de um branco puro e impecável.
Demorou
minutos a fio para que o elevador chegasse, e quando as portas dele foram
abertas no hall, Demi se perguntou como tantas pessoas compartilharam o mesmo
espaço. O único defeito daquele prédio era mesmo o maldito elevador, o resto
era agradável. A subida até o andar onde morava não foi turbulenta, bem pelo
contrário, o elevador estava vazio e Demi cada vez mais ansiosa. Procurar a chave na
bolsa deu trabalho, mas quando a encontrou, o apartamento foi destrancado às
pressas e a luz da sala acesa. Demi trancou a porta e tirou as botas antes de
pisar no tapete felpudo deixando as sacolas e a bolsa nele para que pudesse se deitar no
sofá.
O
que diabos tinha dentro do envelope? Ela o aproximou do nariz e absorveu o
cheiro do perfume de Dianna de olhos fechados. Por que não poderia ser
diferente? Tudo era complicado e traiçoeiro. Dianna vivia mentindo e Demi não
sabia mais no que acreditar. Será que ela deveria abrir o envelope? Será que o
que estava ali dentro iria desestabiliza-la? Demi cheirou mais uma vez o papel
impecável e pensando nas últimas considerações em relação à mãe, que ela o abriu.
Um
papel dobrado num retângulo perfeito e junto, três fotografias. A dor no peito
já era um fato, os olhos estavam marejados e o lábio inferior foi mordido com
força. A primeira fotografia estava integra, parecia que nunca tinha sido
tocada, nem mesmo havia a marca de digitais no papel fotográfico. Demi
umedeceu os lábios e sem saber como se sentia, sorriu observando a foto. Era um
quarto de hospital, não qualquer hospital, um particular julgando pela
estrutura. Na
cama, uma jovem mulher loira sorridente vestia a típica camisola branca, estava
coberta com uma manta cor de rosa e nos braços, havia um pacotinho envolto por
uma manta de cor amarela com flores cor de rosa. Era ela quando bebê! Só podia
ser. “Dianna e Demi – 20 de Agosto de 1992”.
Estava escrito atrás da foto, e aquela letra pertencia Amélia.
Na
segunda fotografia um pouco gasta, Dianna estava tão sorridente quanto na
primeira. Estava sentada de pernas esticadas a cama, e nos braços estava o bebê um pouco maior e saudável mamando
no seio. “Eu e a minha pequenina com
quatro meses. Amo você Demi! – 10 de Dezembro de 1992”. O que sentir? O
coração bateu rápido que Demi pode ouvi-lo. Será que era verdade? A tinha azul
da caneta no verso do papel estava gasta, não tinha como ter sido algo forjado
apenas para comove-la.
A
terceira fotografia arrancou lágrimas e soluços de Demi. O coração partiu-se em
milhares de pedaços quando ela viu a fotografia. Sobre a mesma mesa que estava
na cozinha de Dianna, estava um bolo simples e confeitado de chantili branco e cor
de rosa. No centro estava uma velinha no formato do número um. Dianna estava
bonita, vestia roupas joviais, sorria feliz e nos braços estava o
bebê tão feliz quanto a mãe. O cabelo escuro era diferente do da mãe e o da avó,
as bochechas eram cheinhas e rosadas. Ao lado de Dianna estava Amélia também
sorrindo e abraçando a filha e a neta. Era o que mais partia o coração de Demi.
Ela realmente amava aquela mulher, aliás, amava as duas de todo o coração e se
sentia quebrada. Ela sempre disse a Selena que nunca teve uma festa de
aniversário, mas lá estava a prova viva. Não tinha como ela saber, tinha?
Talvez se perguntasse a Dianna.. Só que era difícil a ponto de ser desgastante
e enjoativo. “O primeiro ano da minha
princesa. Hoje ela disse mamãe – 20 de Agosto de 1993”.
Dianna
não podia fazer aquilo com ela. Não depois de tudo. Era um golpe covarde e não
explicava tudo que aconteceu no decorrer dos vinte e três anos. Era apenas uma
chantagem emocional. Demi sabia que era e no papel dobrado deveria estar a
bomba para ela desarmar. A raiva se misturou a frustração, a culpa, ao
auto-desprezo e aos outros sentimentos que a consumiam. O papel quase foi rasgado
no ato brusco que foi puxado para fora do envelope, e quando foi aberto, Demi
teve que limpar as lágrimas na manga da blusa de frio para começar a ler.
“Como eu posso começar?
Eu não sei o que está passando na sua cabeça e eu não sei o que você pensa
ao meu respeito, só tenho certeza que não é algo bom... Demetria. Dem, provavelmente
quando você começar a ler essa carta, estarei dentro de um avião em destino ao
Reino Unido. Passei três meses pensando em como eu poderia terminar os meus
dias. Não quero mais deitar com homens em troca de dinheiro. Não quero mais ser
sozinha. Não quero mais magoar a única pessoa nesse mundo que eu amo. Talvez em
um lugar novo, eu encontre paz e uma nova chance para recomeçar. Você não leu
errado, filha. Eu sempre te amei, amo você desde o dia que a vi indefesa e
delicada na maternidade. Gostaria de contar tudo a você olhando em seus olhos e
segurando a sua mão, mas não sei se eu suportaria. Então através dessa carta,
contarei tudo, não com o objetivo de conseguir o seu perdão, porque isso eu sei
que jamais vou merecer, só quero que você entenda um pouquinho a forma desumana
que te tratei durante todos esses anos.
Ser uma
garota não é fácil, filha. Você sabe disso, já passou por tantas coisas
terríveis. Eu tinha apenas quatorze anos quando começou acontecer. A sua avó
sempre foi uma mulher de palavras fortes, era gananciosa e nada estava bom.
Nunca conheci o meu pai, e eu sequer sei o nome dele. Nós recebíamos dinheiro
dele o suficiente para viver uma vida boa e luxuosa no centro de Nova York. Lembro-me que na
época, eu sempre tinha que estar impecável nos meus vestidos de chiffon, a
mamãe não perdoava um fio de cabelo fora do lugar. Quando saíamos, havia um
carro nos esperando e eu sempre ficava sentada sem ousar em curvar a coluna
observando as meninas da minha idade brincarem de boneca nas calçadas da rua.
Eu tinha que interagir com adultos, ter uma conversa boa e educada para envolver
os homens mais velhos.. A mamãe costumava sair com eles, e eu tinha que
espera-la no lado de fora do quarto. Nós só soubemos que o meu pai faleceu quando o dinheiro parou de chegar. As contas começaram a chegar,
sustentar o luxo era uma tarefa difícil. Eu já estava grande e começando a
ficar arrogante e exigente como a mamãe. Foi exatamente quando eu tinha
quatorze anos. A saída que a sua vó encontrou foi se prostituir. Ela já o fazia
antes, apenas por diversão, mas depois foi o que conseguiu para nos sustentar.
Não posso culpa-la. Ela era uma mulher sozinha, sem estudos, não sabia nem como
pregar um botão, e com uma filha adolescente para criar e sustentar em plena
década onde as mulheres não tinham vez. É absurdo, eu sei, porém é como as
coisas acontecem. Minha virgindade custou quinhentos dólares, hoje não vale
nada, mas na época foi o dinheiro que pagou o aluguel, a água, a energia, o gás e a
comida que tínhamos na mesa. Eu não fiquei nenhum pouco feliz. Eu tinha planos
de ir a faculdade como você, e antes de acontecer, eu queria material para
continuar desenhando os meus croquis bobos que nunca evoluíram, com o
dinheiro que sobrou, a mamãe comprou o material e a tristeza passou um pouco..
Não foi a primeira noite, acredite, é nojento e repugnante como os homens ficam
empolgados com a imagem de uma menina nua seguindo todas as ordens deles... Eu
consegui um bom dinheiro e nossa vida de luxo voltou aos poucos. A mamãe também
tinha as formas de colocar comida na mesa. Enfrentar esse tipo de situação foi
doloroso, cruel e custou a minha inocência, os meus sonhos e o resto da minha
esperança, mas era o que nós tínhamos para sobreviver. Eu nem acreditava mais
no amor e muito menos estava triste por ser uma prostituta de luxo. Foram três
anos se deitando com homens diferentes, alguns eram clientes fiéis e pagavam
boladas de dinheiro. O vício no luxo me prendeu a essa vida e me possuiu.
Quando
completei dezessete anos, a mamãe precisou viajar para chácara do seu avô paterno...
Não era para negócios... Se tratava de algo pessoal que ela nunca me contou –
nós até discutimos por isso -, eu só sei que quando chegamos ao lugar, eu o vi.
Ele era o garoto mais bonito e diferente que eu já tinha visto até então. Esse não foi o
maior problema, eu já estava acostumada com homens bonitos e eu podia tê-los e
ainda receber por isso. O problema foi como eu me senti. Foi anormal, eu já
tinha lido a respeito e visto em filmes, eu não podia estar apaixonada. Repeti
baixinho comigo mesma por horas “deixa de ser boba, você não está apaixonada”. Nos
hospedamos na chácara e era obrigação cumprimentar a todos, se eu não o
fizesse, certamente apanharia ali mesmo... Lembro-me perfeitamente de tudo. Da arrumação
da cozinha, de como o céu estava com um azul claro bonito naquela tarde e de quando o
seu pai chegou na cozinha. Ele era muito alto e corpudo para idade, claro que
não chega nem aos pés de como ele é grande hoje... digo, em porte físico...
em músculos. A camisa que ele vestia era xadrez preta com um vermelho sangue
vibrante. A calça jeans era grossa e escura, ficava tão bem no quadril dele. E
você tem a péssima mania de querer usar all star em todos lugares que vai por
culpa do seu pai. Ele também usava um par desse maldito tênis, e estava um
pouco sujo. Não tinha muita barba no rosto, apenas alguns fios escuros no
queixo, aos arredores dos lábios e eram falhos abaixo nas bochechas. Nada
comparado ao que é hoje.. O cabelo é da mesma cor que o seu, marrom e liso. Os
olhos e o branco rosado da pele também. Eu não consegui tirar os olhos dele, e
nem ele de mim. Quando os adultos se envolveram na conversa, eu fiquei ao lado
da mamãe tensa porque o seu pai não parava de me olhar e comentar com o seu tio
David. Era óbvio que eles estavam falando de mim. Me senti desconfortável,
nervosa e perdida. Pedi licença e ele me abordou no corredor. Trocamos um oi
tão estranho, havia mais uma tensão sexual e emocional do que nós mesmos,
apresentei-me novamente e ele também, trocamos um aperto de mãos e eu dei um
jeito de entrar no quarto antes que a situação ficasse mais estranha. Passei o
resto do dia pensando nele, tentei criar um croqui novo para tentar me
distrair, mas acabei desenhando o rosto dele. O que posso te contar é que foi a
primeira vez que me senti amada e com esperança de ter uma vida de verdade.
Dentro de dois dias, eu e o seu pai não conseguíamos manter a distância,
estávamos nos beijando em todas as oportunidades que tínhamos e correndo pela
chácara como eu nunca tinha feito. Me senti amada, jovem e tão feliz a ponto de
não parar de sorrir. Sorte era que a mamãe estava envolvida demais para me
corrigir e repreender, mas ela estava ciente do que estava acontecendo, acho que só me
deixou viver o meu romance porque sentia culpa por tudo que tinha me feito
passar quando mais nova.
Foram
semanas namorando, passamos até dois dias sumidos... Tudo estava ficando muito
intenso e nós dois apaixonados. Marcamos um piquenique noturno. O seu pai me
mostrou as músicas da época, e ficou tão surpresa por eu não conhecer Bon Jovi,
Guns ou A-ha. Eu não tive coragem de contar para ele quem eu realmente era, como
vivia em Nova York, estragaria tudo. Nós fizemos amor sobre as estrelas... acho
que posso me referir assim ao que aconteceu, e você já é grande para saber. E
como sempre acontecia, ele me abraçava e começava a falar de coisas que até
então eu não conhecia. Estava tudo perfeito, até que eu vi o seu avô nos
olhando. Senti medo, mas não tive coragem de contar. No dia seguinte eu estava
animada para encontrar o seu pai novamente, eu era muito nova e por mais que já
tivesse me deitado com muitos homens, não significava que tinha maturidade o
suficiente para arcar com certas situações, mas tudo aconteceu de uma hora para
outra. Comecei a sentir enjoos e a mamãe suspeitou que eu poderia estar
grávida, compramos um caro teste de gravidez e o resultado foi positivo. Eu
iria contar no dia seguinte para o seu pai, e estava até feliz porque eu sabia
que estava esperando uma criança dele, do homem que eu amava. Quando acordei, o
boato que ele seria pai de gêmeas estava na boca de todos, ele tinha
engravidado uma garota antes de me conhecer, eles não eram comprometidos. Fiquei
confusa e assustada, a minha mãe não estava por perto naquela manhã, só me
lembro que quando acordei, procurei um rosto familiar por toda casa, não
encontrei ninguém, me preparei para voltar para o quarto porque estava enjoada
e antes de entrar, o seu avô me abordou sem nenhuma gentileza, ele me arrastou
para dentro do quarto pelo abraço, falou que sabia que eu estava grávida de uma criança do filho dele e que não permitiria que o futuro do seu pai ao lado de uma moça de boa família fosse estragado. Ele
me violentou no banheiro do quarto e depois me expulsou da chácara com a sua
avó. Naquele dia eu acordei animada e com a esperança de ser feliz junto com o homem
que eu amava e o fruto do nosso amor, mas quando a noite terminou, a garota
feliz que eu tinha construído naqueles dias morreu junto com a que adorava
desenhar croquis e até a que estava começando a se divertir com os homens por
dinheiro. Passei noites sem conseguir dormir, sem comer, sem tomar banho. Mal
piscava os olhos. Não era como se eu já não tivesse sido violentada. No dia que
a sua avó me vendeu, doeu fisicamente e emocionalmente. Porém quando fui
destruída pela primeira vez, eu não tinha sonhos como os que eu tinha criado
com o seu pai, eu não tinha você no meu ventre. Não foi agressivo, sujo e
brusco. Quando Peter me estuprou no chão sujo daquele banheiro, ele destruiu as
minhas novas esperanças, destruiu os sonhos que o seu pai me fez acreditar, destruiu a minha
felicidade, ele destruiu a minha capacidade de amar, de querer viver, de
querer.. Ele acabou com o que eu tinha de mais precioso. Doeu. Como doeu. A dor
era como um buraco que jamais poderia ser preenchido, nada conseguia me
satisfazer. Os meses passaram, a minha barriga começou a crescer e eu continuei
no mesmo estado vegetativo: dormindo e mal comendo. Quando você nasceu e eu,
desanimada, vi o seu rosto, você me fez sorrir. Foi o primeiro sorriso dentro de
nove meses. Não sei se foi felicidade, ou o que.. Só foi bom ter você, Demi. Se
não fosse você, certamente eu não estaria viva. Eu teria acabado com isso... Nós
duas ficamos juntas e inseparáveis por meses, eu estava começando a me
recuperar. Porém a vida não é um conto de fadas, filha. Ter um bebê dentro de
casa exigia uma série de cuidados, boa alimentação para a mãe e a criança,
roupas, fraldas, e tantas outras coisas. A mamãe continuava se prostituindo porque
era a única forma de ela conseguir colocar comida na mesa. Quando você
completou um ano e dois meses, o meu corpo estava melhor e mais adulto. Como eu
disse, a sua avó era uma mulher gananciosa e o fato dela estar dando conta das
coisas sozinha era um absurdo para ela. Nós discutimos e ela me ameaçou, disse:
se você não começar a ajudar dentro de casa, eu vou levar essa menina para
adoção. O que eu poderia fazer? Tinha apenas dezoito anos, estavam sobre a
responsabilidade dela, eu e você. Fiquei tão revoltada, mas voltei... Me envolvi
com homens perigosos, nos programas às vezes eu usava drogas. Foi assim por
anos e anos. Eu não queria viver aquela vida podre, eu não queria que a minha
filha fosse criada com aquele dinheiro sujo, eu não queria ter que passar por
aquela situação. A revolta só crescia dentro de mim, e a saída ficava cada vez
mais estreita. Quando percebi que não teria jeito, foi onde mergulhei de cabeça
na prostituição, eu não tinha mais nada a perder. Foi uma revolta e ódio sem
tamanho, eu não estava mais me importando, fiquei fora de mim por anos, descontei em
você toda a minha frustração. A situação só melhorava quando eu conseguia
alimentar os meus vícios e descontar em você. Não tem justificativa, você
jamais mereceu o que eu fiz. Eu gostaria de poder dizer que eu te amo em bom e alto som, mas ainda dói tanto. Não sei se algum dia essa dor vai passar, eu
concordei comigo mesma que não continuaria te maltratando, te traindo e
enganando. Eu sempre vou te amar, Demi. Sempre te amei, só não fui capaz de
dizer quando ainda tinha tempo. Quero que você não tenha medo, que continue
sendo essa mulher forte e sonhadora. Não deixe ninguém nesse mundo te machucar
como eu fiz, como o Peter fez com nós duas. Sempre sorria, nunca pare de sonhar
e nem de lutar para tornar os seus sonhos realidade. Seja feliz ao lado dos
seus amigos, não abandone a Selena, eu sempre tive inveja de todo o carinho e
amor que ela tem por você. Não deixe o Joseph, é tão lindo e puro o amor de
vocês. Deixe que ele te faça feliz e o faça feliz. Viva intensamente porque o
tempo não volta. Eu quero uma casa cheia de netinhos e netinhas. Nunca vou conhecê-los, mas eu gostaria que você tivesse uma família grande e que um transborde
amor um pelo outro. Não tenho direito de te pedir nada, mas eu quero muito, de
toda a minha alma, que você seja feliz.
Com o
mais puro e verdadeiro amor, mamãe. Você é a melhor coisa que eu já fiz por esse
mundo! Eu te amo infinitamente, meu amor. – Dianna.”
Continua... Ok, ok. Eu não sei vocês, mas eu estou em lágrimas. Sabe porque eu estou triste? Porque sei que, infelizmente, a realidade da Dianna é a de muitas mulheres por esse mundo. Não é todo mundo que tem a oportunidade de ter pais amorosos, de ter direito ao estudo, educação e tudo que nós temos e às vezes consideramos pouco.. É uma história triste, porém verdadeira. É difícil de entender, muito difícil relacionar as coisas, mas por trás de pessoas que rudes, os "vilões", pode ter uma história tão cruel quanto a da Dianna. Claro que não justifica nada que a Demi passou, só ajuda a entender um pouquinho as atitudes da personagem. Comecei a escrever esse capítulo descrente e um pouquinho desinteressada, por isso demorou, mas conforme o montei, fiquei animada e finalmente saiu. Gostei muito do capítulo e espero que vocês também. Era para acontecer mais coisas, mas estava ficando muito grande e eu tinha que parar porque ficaria cansativo para ler, acho que a carta da Dianna ficou... Então é isso. Perdoem a demora e a falta de atenção, eu estava naquele mesmo e velho sistema cansativo de provas e trabalhos, ontem não teve aula - sim, eu estudo no sábado -, então descansei e hoje ficou mais tranquilo para escrever. Obrigada por todos os comentários e visualizações, obrigada mesmo!!! Comentem a opinião de vocês. Um abraço beeeem apertado <3
Fiquei triste também por ler a carta da Dianna, mas infelizmente é a realidade do mundo e se tornou algo "normal", mas em relação a fanfic eu acredito que a Demi possa refletir sobre a mãe que teve durante os longos e sombrios tempos... E estou mega curiosa para saber sobre o q a selena esconde, já pensei em várias coisas e nada
ResponderExcluirPosta logoooo
capitulo longuissimo amo kk
ResponderExcluirfiquei triste pela carta da mãe dela espero que tudo se acerte
posta logo :)
estaria selena grávida? aaahhh só vem
ResponderExcluirjá estou criando várias teorias loucas na minha mente
jemi é o casal mais fofo do mundo
ahhhh eu sou completamente apaixonada por eles
eles são tão bebês, um otp desses bicho
muito goals sim!
essa distância entre a demi e a selena é de quebrar o coração, espero que a amizade delas volte a ser como antes nos próximos capítulos
essa carta da dianna acabou comigo
eu nem sei o que falar, infelizmente é a realidade de muitas mulheres por aí
espero que a Demi de uma chance pra ela, está bem claro na carta que ela está arrependida
enfim
amei o capítulo como sempre
aguardo ansiosamente o próximo
bjsss
Postaaa, eu amo tanto suas fics aaar ������
ResponderExcluirGente o capítulo foi maravilhoso mas vc me deixou curiosa sobre a Selena. Agr vou roer as unhas até o próximo. Esse cara tinha que chamar o Joe logo perto da festa? Meu Deus! E ele ta mentindo de novo pra Demi, será q ele vai passar mal agr de novo? E sobre a Dianna: é muito difícil quem está de fora entender as atitudes das pessoas, as vezes não tentamos nem ouvi-las mas o passado muitas vezes nos deixa marcas tão grandes. Tem gente q n consegue encontrar outro caminho. Ainda bem q ela vai tentar. Até o próximo capítulo. Beijo e bom final de semestre.
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