-
Já pode falar. – As mãos de Megan cobriam as orelhas de Amber para evitar que a
menina ouvisse a parte “inapropriada” da história de Hannah, o que foi motivo
para risos entre elas. Já tinha passado de meia noite e conforme a hora avançava,
o que aquelas garotas mais faziam era falar que mal dava para ouvir as músicas
da Katy Perry que passavam num volume baixinho.
-
Então, como eu dizia. – Disse Hannah colocando uma mecha do cabelo atrás da
orelha e depois riu porque contaria uma parte importante sobre o namoro com
Augusto. – Foi muito natural e eu não senti dor quando ele.. – Por que elas
eram tão bobas? Toda vez que o assunto era sexo, o que não faltavam eram risos
e bochechas rosadas. Megan revirou os olhos, Demi sorriu, Anna escondeu o rosto
no travesseiro e Isabella observou a irmã um tanto quanto curiosa para saber
mais. – Sim, foi com camisinha. – Disse assim que percebeu que Bella já estava
pronta para fazer a pergunta. – E na casa dele numa noite de lua cheia a luz de
velas, eu menti para vocês dizendo que iria fazer um trabalho na casa de uma
colega. – O sorriso de Hannah não durou nada porque de repente travesseiros
voavam na direção da menina e então elas estavam gargalhando.
-
Nós deveríamos ter um código para falar sobre essas coisas. – Disse Megan
tirando as mãos das orelhas de Amber para abraçar a irmãzinha de lado. Estavam
no quarto das gêmeas. Anna e Bella numa cama, Amber, Demi e Megan noutra e
Hannah estava embrulhada a coberta e encolhida numa poltrona. – Se o papai ouvir
ou nos flagrar falando dessas coisas, eu morreria de vergonha. – Resmungou
corada.
-
Por que vocês têm que falar sobre isso toda vez que nós estamos juntas? –
Resmungou Amber corada. – Não podemos conversar sobre outra coisa? Eu sempre
acabo ficando de lado. – Explicou-se porque mesmo não ouvindo as partes que as
irmãs diziam que eram as mais pesadas, sentia vergonha.
-
Não é ruim você nos ouvir conversar sobre essas coisas, Amb. Você vai começar a
entender melhor como as coisas funcionam. – Disse Hannah mais concentrada no
celular a olhar Amber nos olhos.
-
Vocês são chatas, só sabem falar de garotos o tempo todo. – Amber tinha razão.
Quando não estavam fazendo bagunça ou brigando, estavam conversando sobre
garotos.
-
Tudo bem, você quer falar sobre o que, bebê? – Anna sorriu para Amber se
lembrando de quando a menina era apenas um bebê. Tudo tinha passado tão rápido,
e agora Amber era uma mocinha.
-
Eu não faço ideia, eu só estou ansiosa para a nossa pizza, está demorando
muito. – Então a bagunça começou. Elas riram de como Amber ficou corada e a
falação começou. Era tanto barulho, risadas exageradas e uma falta de
harmonia... Porém acima de tudo era divertido.
-
Ok! Chega de barulho. – Bella teve que se levantar e falar mais alto que as
irmãs, que ficaram em silêncio, mas riram baixinho para não perder o costume. –
Vamos conversar sobre o quarto da Dem. – Demi sorriu um tanto
sonolenta. A ideia de transformar o quarto de hospedes no quarto para Demi
estava mais que aprovada e mais cedo, elas tinham conversado sobre o assunto,
mas no momento tudo que Demi queria era dormir porque se sentia muito cansada e
estava ansiosa para encontrar com Joe.
-
Vamos pedir para o papai comprar as tintas amanhã? Nós podemos pintar, vai ser
divertido. – Comentou Hannah tão empolgada que tinha se esquecido de que mexer
com pintura naquele tempo era inviável porque geralmente não fazia nem dez
graus durante o dia, ou seja, a umidade não ajudaria em nada.
-
Vai ser tão corrido. – Ronronou Demi se aninhando mais a cama. – Não podemos
deixar para depois? Essa semana já vai ser tão corrida. Tem o aniversário da
Meggy, a formatura da Anne, tenho meu projeto da Gyllenhaal para terminar,
semana que vem já é o natal e tem o casamento da Selena. – Demi quase tinha
fechado os olhos, mas se esforçou para mantê-los abertos o máximo que pode.
-
Você está bem? – Amber perguntou guiando a mão para fazer carinho no cabelo de
Demi, e tudo que ela fez foi suspirar.
-
Acho que isso se chama saudade do Joe. – Comentou Hannah e Demi assentiu toda
manhosa.
-
A Hann tem razão, eu só estou com saudade do meu bebê. – Ela não tinha motivos
para mentir, se pudesse estaria deitada com a cabeça escorada no peito largo,
os lábios vez ou outra tocariam os de Joe e depois ele a abraçaria por trás e
colocaria uma perna entre as dela para que pudessem dormir agarrados.
-
O que aconteceu, Dem? – Perguntou Megan. Geralmente a menina só queria zombar
das irmãs, mas daquela vez Megan foi gentil e carinhosa, aliás, desde a
conversa com Demi a menina estava mais calma e amigável.
-
Nós não estamos mais juntos. – Ronronou Demi toda tristonha abraçando o
travesseiro e olhando atentamente para o desenho do carpete.
-
Mas vocês trocaram um beijo mais cedo. – Disse a menina envergonhada e Demi
assentiu murmurando.
- Sim,
mas não estamos juntos. – Demi olhou na direção da porta do quarto encostada
porque a última coisa que ela precisava era que Inácio fosse atrás de Joe para
assusta-lo. – Ele mentiu para mim durante esses últimos meses sobre a saúde. O
Joe está doente e ele disse que não me contou porque não queria que eu ficasse
preocupada. Ele descobriu que tem insuficiência cardíaca e que o coração está
fraco. Isso é muito sério. – Disse as olhando. – Como eu ficaria se algo de
ruim tivesse acontecido? Quando eu o conheci, não fui completamente sincera
sobre os meus sentimentos em relação a ele, e ainda por cima eu estava saindo
com outro cara, mas resolvi toda situação porque nunca gostei
de me envolver com mentiras e coisas erradas. Sempre deixei claro para o Joe
que mentiras não contribuem para nada, e mesmo assim ele escondeu de mim algo
dessa proporção. E não foi a primeira mentira dele. – Demi forçou um sorriso
quando sentiu os dedos de Amber começarem acaricia-la superficialmente no couro
cabeludo, e Megan tinha se deitado pertinho dela para ajudar a aquecer.
-
Dem, mentir é errado, mas ele com certeza ficou assustado. Tudo que o Joe
precisa é do seu apoio, fará toda a diferença na vida dele. – Disse Hannah a olhando
nos olhos e Demi franziu o cenho e nada disse de imediato.
-
Eu estou tentando entender isso. – Era difícil tentar compreender a decisão de
Joe porque não tinha como deixar os próprios sentimentos de lado,
principalmente em relação ao homem que amava. – Independente dos meus
sentimentos, eu vou apoia-lo no que for preciso. Preferi terminar porque eu não
queria machuca-lo porque eu não consigo acreditar no que ele diz. Fora que ele
me traiu com a prima no baile de formatura dela, ele bebeu e disse que não se
lembra de nada. E ainda quase beijou uma amiga. – Demi não esperava que fosse
chover xingamentos. As meninas antes concentradas na história tinham o cenho
franzido e não conseguiam acreditar no que Joe tinha feito, e Demi, numa
tentativa frustrada tentou indiretamente defender o ex-namorado, porém quase
não teve vez para falar. Só foi uma pena que a história tinha sido contada no
tempo errado: as pizzas recém-chegadas seriam entregues ao quarto por Inácio,
que estava mais que feliz e animado por ter as filhas todas juntas e se
divertindo. Como o pai coruja que era, para agradar, Inácio levava chocolate e
guloseimas junto às pizzas, e como pretendia fazer surpresa, ele acabou ouvindo
Demi contando sobre Joe às irmãs, porém apenas a parte da traição.
***
Dormir tarde tinha
suas vantagens e desvantagens. As vantagens com certeza eram os momentos
divertidos, as risadas altas, o sentimento de pertencimento, compartilhar uma
cama quentinha com as pessoas que amava. Entretanto, existia o lado negativo.
Quantas horas eram? E porque diabos alguém puxava uma mexa do cabelo? Demi fez
careta e murmurou baixinho. O bom de dormir numa cama com várias pessoas – Sim,
elas tinham juntado a cama de Bella com a de Anna, resultando numa cama enorme
que as acolhia muito bem – era que o frio jamais seria um problema, porém por
que estava quente? Deveria ser por conta da quantidade de coberta que acabou se
misturando. O ruim também era o fato de o espaço ser pouco. Demi estava
acostumada a dormir em camas de casal geralmente sozinha ou com Joe, que dormia
abraçado a ela. E os dois sabiam partilhar muito bem a cama..
Quando Joe não estava a abraçando, certamente ele estava quase deitado na
beirada do colchão porque Demi não sabia compartilhar muito bem o espaço...
-
Demi, acorda. – Ouvir a voz de uma criança era como ouvir boa música. Demi
sorriu ainda de olhos fechados e guiou a mão na direção de Alicia para fazer
cócegas na pequena. – Demi! – Em questão de segundos Demi tinha puxado Alicia
para o colo e a aninhava nos braços feliz por ter sido acordada pela irmã mais
nova.
-
Você deveria ter dormido comigo ontem, coisa fofa. – Demi estava distraída
obversando como Alicia ficava fofa usando touca com pompom que só percebeu que
Inácio estava sentado a olhando um tempo depois. – Bom dia. – Disse um pouco
envergonhada porque deveria ser quase tarde e ela tinha acabado de levantar.
-
Bom dia, Dem. – Inácio sempre era carinhoso, e daquela vez não foi diferente.
Ele a beijou na testa e sorriu a olhando nos olhos. – Estamos só nós três em
casa. Bella saiu para uma entrevista, Anna está no hospital e as outras na
escola. Vou ter que sair para o escritório agora e preciso que você olhe
Alicia, tudo bem? – Ela nem precisava pensar, por isso assentiu prontamente e
sorriu quando Alicia riu apontando para o desenho de ursinhos na coberta que
deveria ser de Amber.
-
Ainda é manhã? – Ronronou Demi de olhos fechados. Ela tinha envolvido Alicia
num abraço de urso e se controlava para não morder a pequena nas bochechas e
aperta-la nas perninhas grossas.
-
São dez horas. O seu café da manhã está separado, mas se você quiser comer
outra coisa, sabe que está em casa e pode ficar a vontade para preparar. –
Inácio sorriu emocionado porque não existia nada mais precioso que aquelas
garotas. Elas tinham tanto domínio sobre ele, era o principal motivo para o
ciúme e o extinto de proteção falar mais alto quando o assunto eram as filhas.
– Vocês vão ficar bem? – Até a forma que ele olhava para Demi e Alicia era
diferente. Uma mistura de carinho, amor e proteção.
-
Nós vamos, pai. – Alicia era fofa o suficiente para roubar toda a atenção de
Demi, que só tinha olhos para a menina. – Quer que eu prepare o almoço? –
Perguntou se erguendo cuidadosamente para não assustar a irmãzinha que brincava
serenamente com o desenho do moletom.
-
Você quem sabe. Se quiser adiantar, tudo bem. Daqui a pouco Bella estará de
volta e vocês poderão cozinhar juntas. Eu volto para o almoço, cuida do meu
bebê, bebê. – Demi sorriu com o beijo que recebeu na testa e também porque
Inácio encheu Alicia de beijos no rosto e também recebeu alguns da pequena. –
Amo vocês. – Ele disse se levantando e arrumando a jaqueta ao corpo.
-
Nós também. – Demi umedeceu os lábios e sorriu sustentando o olhar de Inácio. –
Pai. – Chamou-o antes que ele virasse as costas. – Amanhã é o aniversário da
Meggy. Nós podemos fazer algo para ela? Bolo, docinhos, as comidas favoritas
dela.. – A conversa com Megan a fez pensar em como a menina precisava da
família e de muito carinho para ficar bem. Demi sabia como era difícil não ter
a mãe por perto, mas entendia que para Megan e as outras meninas era muito pior
porque Caroline jamais voltaria e cabia a ela, Inácio e o restante da família
confortar as garotas. – Por favor, ela merece. – Disse porque Inácio não
pareceu muito feliz com o assunto, e Demi apostava que era pelos últimos
ocorridos na escola. Desde o dia passado Megan e Inácio trocavam poucas
palavras, e elas estavam carregadas de farpas.
-
Nós podemos fazer, Dem. Conversamos sobre isso mais tarde. – Ele soou incerto,
receoso e um pouco desconfortável, mas mesmo assim era melhor que um não. Ser
pai não era fácil, principalmente quando era necessário exercer o papel de mãe
também. Inácio já vivia chateado com a rebeldia de Hannah por conta do namoro
com Augusto, e ter problemas com Megan foi algo que o pegou de surpresa, claro
que ele tinha noção que a menina não era flor que se cheire, mas não esperava
que Megan arrumaria sérios problemas na escola.
- Nós
vamos amolecer o coração desse grandão. – Disse Demi a Alicia. Ela sabia que
Inácio só estava resistindo porque ele se preocupava, mas não significava que
ele precisava ficar preocupado e na defensiva, tinha uma forma muito mais
gentil e fácil de melhorar as coisas. – Isso doeu. – E como doeu! Demi fez
careta porque quando Alicia a abraçou os seios doeram tanto. Estavam sensíveis
desde o dia passado e a única explicação lógica era TPM.. – Quando você estiver
mocinha, também vai passar por isso. – Ela acabou rindo de como Alicia ficou
curiosa para saber o que tinha de tão precioso dentro do moletom, porque Demi
tinha olhado brevemente os seios pela gola do moletom.
-
Hannah falou que Amb é uma mocinha. Eu também sou uma mocinha. – Demi riu de
como Alicia soou chorosa e manhosa, e automaticamente ela abraçou a menina e a
beijou exageradamente na testa sem se importar com o incomodo nos seios.
-
Você é uma bebê, daqui alguns anos será uma mocinha. Agora vamos descer para
comer? – Mais beijos e abraços em Alicia não faria mal algum. Demi sorriu feliz
quando se levantou e olhou para a pequena deitada a cama e sorrindo toda sapeca
para ela depois da “enxurrada” de beijos que tinha recebido. – Vou escovar os
dentes, volto num minuto, não vai aprontar. – Quem disse que ela conseguiu
escovar os dentes em paz? O medo de Alicia aprontar uma de suas traquinagens de
bebê falou mais alto que Demi teve que escovar os dentes escorada ao batente da
porta do banheiro assistindo a irmãzinha brincar com as pantufas que usava como
se elas fossem o brinquedo mais interessante de todo o mundo.
-
Dem, bico e a Jessie. – O murmuro de Alicia foi carregado de dengo, tanto que
Demi a imitou quando a pegou no colo.
-
Nós vamos pegar o seu bico e a Jessie, não precisa chorar, está bem? – Era
sempre daquela forma, quando Alicia queria algo, ela usava a estratégia do
biquinho e a cada olhar carente fazia qualquer pessoa se sentir culpada por não
atender logo ao pedido. – Você já tomou mamadeira? – Perguntou Demi colocando
Alicia na cadeirinha da cozinha, e a menina assentiu porque chupava o bico e
não o tiraria tão cedo. – Então eu vou tomar o meu café da manhã sozinha? –
Demi sorriu quando Alicia voltou a assentir mais envolvida com a boneca e o
bico. – Você não quer nenhum pedacinho de bolo? – Tornou a insistir puxando
numa cadeira para se sentar ao lado de Alicia, que negou apontando para
televisão.
Como a irmãzinha
não queria conversar, Demi se atentou a olha-la, mas como Alicia era
comportada, as duas foram entretidas pela animação que passava na televisão.
Existia uma forma de parar de comer aquele bolo? Demi se sentiu envergonhada
porque sozinha, ela tinha comido boa parte do alimento e ainda não estava
satisfeita, bem pelo contrário. Mas era bolo de milho, não existia melhor e
estava muito gostoso acompanhado da vitamina de banana. Do maravilhoso doce de
leite de Clara, sobraram apenas três pedaços porque na noite passada Demi tinha
dividido com as irmãs e elas ficaram em êxtase, o que resultou nos três últimos
pedaços. Demi até comeria os três de vez, mas resolveu que deixaria o último
pedaço para Anna porque ela tinha pedido na noite passada com direito a ameaças
e tudo mais.
-
Adivinha quem é?! – Gêmeas não deveriam fazer aquele tipo de brincadeira. Demi
lavava a louça que tinha sujado e fez careta ao olhar na entrada da cozinha.
Bella e Anna tinham a voz muito semelhante, mas ao se lembrar do que Inácio
tinha dito mais cedo e que Anna provavelmente estaria vestida com roupas
brancas ou de tom claro, com certeza era Bella.
-
Isabella. Se fosse a Anna, ela não me cumprimentaria, iria procurar o doce de
leite. – Demi riu quando Bella piscou para ela e então se aproximou de Alicia
para enchê-la de beijos, mas parecia que naquele dia a menina não estava muito
interessada em carinhos, apenas no bico e na boneca.
-
Você ainda pensou Dem. – Resmungou Isabella abraçando Demi por trás. – Não
acredito que você ainda não sabe quem eu sou. – Demi fez careta e chapiscou
água em Bella para pirraça-la.
-
Eu nunca convivi com gêmeas, e vocês são quase idênticas. – Era de notar as
pequenas diferenças entre Bella e Anna apenas se parasse para olha-las por
muito tempo. Em situações extremas e de pânico, provavelmente nem Inácio
conseguiria distingui-las.
-
Nós não somos idênticas. – Disse Bella como se fosse óbvio e Demi murmurou um
“são sim”. – Dem, meu cabelo é mais claro e eu sou um pouquinho mais baixa e
quarenta minutos mais velha. Anne não tem muita paciência com as garotas, já eu
sempre caio nas armadilhas delas. – Isabella era também mais brincalhona que
Anna e sempre uma vítima de Megan e Hannah.
-
Não tem uma hora de relógio que eu acordei, ainda não consigo identificar a
diferença entre vocês. – Demi gargalhou alto da careta de Isabella. Era apenas
brincadeira, mas ela confessava que ainda ficava confusa. – Eu estou brincando.
– Disse tentando conter o riso e Isabella revirou os olhos, mas riu também se
acomodando a mesa.
-
Vou começar a trabalhar na semana que vem na escola primária com o Scott. – O
sorriso de Bella era contagiante. Seria o primeiro emprego depois de quase um
ano formada em pedagogia, Bella só não tinha começado a trabalhar antes porque
com a morte da mãe tudo ganhou uma perspectiva diferente da planejada, e só
agora as coisas tinham melhorado. – Vou lecionar e o Scott será o meu
assistente, ele vai tocar e cantar para as crianças nos momentos recreativos. –
Demi fez biquinho e um sinal de coração com as mãos porque Bella e Scott eram
tão espontâneos juntos.
-
Por favor, casem e tenham muitos bebês. – Disse Demi sorrindo de orelha a
orelha porque Bella tinha corado, mas não deixava de sorrir.
-
Estamos pensando em dividir um apartamento, só não sei como o papai vai reagir.
Eu estou animada. Tenho o meu emprego, estou com um cara legal e as coisas
estão melhores aqui em casa. Acho que está na hora de começar a viver como uma
adulta independente. – Demi não soube ao certo o que dizer porque eram
situações invertidas. Bella sempre esteve num ambiente familiar com direito a
irmãs e pais amorosos, enquanto Demi vivia como uma adulta desde os dezessete
anos tendo que sozinha tomar decisões e se esforçando para estudar e trabalhar.
-
Eu acho que será bom para você. – Demi umedeceu os lábios e brevemente olhou
para Alicia. – Mas e as garotas? Elas precisam de você. O que aconteceu ontem
com Amber me deixou preocupada, e Megan precisa de apoio e auxílio. – Ela não
estava sendo intrometida, estava? Demi só se sentia na obrigação de intervir
pelas irmãs porque se importava.
-
Jamais vou abandonar vocês. – Disse Bella guiando a mão a de
Demi. – Eu, você, o papai e a Anna podemos cuidar das meninas, elas ficarão
bem, não precisa ficar preocupada. Acima de tudo nós somos uma família, Dem. E
sempre vamos nos proteger e nos amar. – Era tão bom estar inclusa. O olhar de
Demi a Bella foi de pura gratidão, e em troca ela foi abraçada pela irmã que a
fez se sentir ainda mais acolhida. – Vamos começar a cozinhar? Daqui a pouco um
batalhão de garotas famintas chegará e não será nada interessante se o almoço
não estiver pronto. – Isabella sabia como as irmãs ficavam impossíveis quando
estavam famintas, principalmente Hannah e Megan que estavam no ápice da
adolescência.
-
Eu não faço ideia do que podemos fazer para comer. – Demi só percebeu que comia
um pedaço do bolo de milho quando já o mastigava. E automaticamente fez careta
porque ela não tinha costume de comer muito, apenas besteiras como pizza e
hambúrguer.
-
Estou pensando num macarrão a bolonhesa, nós podemos colocar bastante queijo
por cima e levar ao forno. Amber adora macarrão, e eu quero agrada-la, o que
aconteceu com ela ontem foi assustador e eu espero que a escola tome uma
providência séria. – Amber tinha passado por muita coisa numa semana só e Demi
admirava a forma como Bella queria agradar a irmã.
-
Eu também, mas acho que vou visita-la nos horários de aula e no intervalo para
saber se está tudo bem. Agressores são insistentes e eles podem ameaça-la ou
algo do tipo. Nós temos que ficar de olho. – Se fosse possível, Demi iria todos
os dias a escola só para verificar se tudo estava bem com Amber e Megan. E ela
tentaria enquanto não estivesse trabalhando.
-
Não fará mal fazer uma visita surpresa. – Disse Bella buscando pelos
ingredientes do macarrão. – Notícias da Lucy? Nós vamos procura-la hoje?
-
Ninguém entrou em contato comigo. – Murmurou Demi pegando o celular para checar
as mensagens. – Hoje eu vou com o Joe.. Nós combinamos ontem. – E ela já estava
ansiosa para encontra-lo e ter mensagens de Joe era muito bom.
“Bom dia
Dem. Podemos nos encontrar depois do almoço para procurar a Lucy?” – Joseph.
“Bom dia
Joseph! Podemos, eu estou na casa do meu pai, depois do almoço vou para o
apartamento e você pode passar lá” – Demi.
Infelizmente Joe
não estava online para trocar mensagens com ela, e como era muito curiosa, Demi
ampliou a nova foto do perfil de Joe. Ele estava sem camisa, olhava para câmera
tão sério e com um sorriso de menino que o deixava sexy. A bagunça na cama era
de cobertas, e Joe estava deitado com Lucy nos braços o lambendo no queixo. E o
melhor era: quem tinha tirado aquela foto foi Demi na semana passada antes de
Joe ir para o Texas.
-
Desculpa Dem, mas eu não pude deixar de notar o que você está olhando. Ele é
muito bonito. – O comentário de Bella deixou Demi surpresa, ela arqueou uma
sobrancelha quando olhou para irmã e sorriu assentindo. Milagre foi que não
sentiu uma pontada de ciúme como geralmente acontecia.
-
Ele é. Esse dia foi tão bom, nós jantamos sopa com milhares de legumes que ele
preparou, assistimos desenho até tarde e dormimos abraçados com a Lucy. – Demi
sorriu ao se lembrar de como ela e Joe estavam felizes naquela noite. Jantar
sopa foi uma decisão complicada de chegar porque Demi não aprovava a ideia, ela
só aceitou quando Joe garantiu que faria a melhor sopa do mundo, e realmente
estava deliciosa. Eram tantos legumes com carne e macarrão, e Joe não deixou
que Demi o ajudasse, principalmente quando ela se ofereceu para descascar os
legumes porque Joe não queria que Demi se cortasse.
-
Ontem você o beijou. – Disse Bella se lembrando do selinho de despedida que
Demi tinha dado em Joe na saída do apartamento.
-
Foi automático, ainda estou tentando me acostumar com a ideia de ser apenas
amiga dele. – No fundo Demi saberia que não funcionaria, ou seria difícil
demais para ela conseguir tentar ser apenas amiga de Joseph. Sempre existiria o
olhar apaixonado, a saudade do calor e do jeito que se amavam. – Ele me beijou
no elevador porque eu o chamei de amor. Não será fácil, e eu sei que essa será
apenas uma de muitas recaídas que teremos. Antes de voltar para casa, nós
passamos a manhã juntos. – Demi só não disse o que de fato
tinha feito com Joe porque tinha medo de Inácio aparecer repentinamente, o que
não seria nada interessante.
-
Onde isso vai parar? – Perguntou Bella trocando um breve olhar com Demi para
começar a preparar o macarrão. – Se você está decidida a ser apenas amiga dele,
é o que você tem que ser. O que está acontecendo entre vocês é errado, Dem.
Você está dando esperanças para ele e será pior. Ou você é amiga, ou namorada.
Não pode existir um meio termo. – Demi olhou para foto de Joe no celular e
assentiu minutos depois. Isabella tinha razão. Não resultaria em nada trocar
beijos com Joe e depois dispensa-lo como se nada tivesse acontecido.
-
Eu realmente não quero ser apenas uma amiga, só estou brava. Aliás, nem sei se
estou realmente brava. – Demi se recostou perto bancada e observou Alicia
assistindo a televisão. – O que ele aprontou não está pesando em nada. Não é
como se eu fosse uma santa, entende? Já flertei com um cara quando namorava o
Joe. Antes eu estava saindo com o Jake à noite e com o Joe de dia.
Eu fui a primeira mulher que ele beijou, a primeira que ele se apaixonou. Na
festa de aniversário da Selena, eu fui com o Jake, beijei o Joe no terraço e
ele se declarou. Eu o despachei para ficar com o Jake porque não correspondia
aos sentimentos dele, depois descobri que estava enganada. Enfim, eu não fui
legal com o Joe no começo, mas depois que senti que o amava, eu só quis ficar
com ele. Sempre fui sincera e o que me incomoda é a forma que ele agiu comigo.
Sinto que ele não confiou em mim. Se eu estivesse doente, ele seria o primeiro
a saber. Agora eu não consigo confiar nele e estou frustrada e com medo de perdê-lo
para sempre. – Demi mordeu o lábio inferior e suspirou. Se ela perdesse Joe
para sempre, o que faria? Será que encontraria alguém bom o suficiente para
esquecê-lo? Um amor jamais poderia ser substituído.
-
Você deveria dizer a ele. As coisas ficarão melhores para você e para ele se
ambos disserem a verdade. – Bella sempre conseguia resolver os problemas dos
relacionamentos a base de uma boa e sincera conversa. Realmente ficava mais
fácil entender uma situação se tudo estivesse esclarecido. – Para quem está
doente nunca é fácil, Dem. Provavelmente deve passar milhares de coisas na
cabeça da pessoa. Todos nós podemos partir a qualquer segundo, mas saber que
você tem algo há mais que pode aumentar as suas chances é pior. Ao menos ele
contou, pior seria se você soubesse por outra pessoa. – Isabella era a segunda
pessoa que fazia aquela colocação. A primeira foi Anna. Elas tinham aquela
experiência com a mãe e provavelmente entendiam melhor que Demi o que era
passar por aquele tipo de situação.
-
Eu vou dizer a ele tudo que sinto, só não sei se é o melhor momento. Ele voltou
para casa ontem e a não está sozinho. A tia Laura veio junto para cuidar do
Joe. – Se era difícil para quem estava doente, para quem era próximo também era
difícil, pois não saber o que fazer para ajudar era frustrante, e Demi também
não queria tirar o foco de Joe do que realmente importava: ele ficar saudável.
-
Não existe o momento ideal para tudo. Apesar das suas dúvidas, você quer ficar
com o Joe. Está escrito na sua testa. Você está perdendo o seu tempo com
incertezas. Só diga como se sente e juntos, vocês vão trabalhar isso no tempo
necessário. Só não fique longe dele, ele precisa de você mais do que qualquer
outra pessoa no mundo. – Isabella parecia tão certa do que dizia, e para ela, a
situação não deveria ficar mais complicada do que de fato já era. Só cabia a
Demi se organizar e decidir o que faria.
***
-
Está frio demais. – Joe era exagerado e friorento. O aquecedor estava
funcionando normalmente, mas mesmo assim o rapaz usava dois suéteres e uma
jaqueta revestida. E ao ver Laura usando apenas um suéter, Joe arregalou os
olhos e buscou a coberta no quarto para envolver a tia com a coberta e num
abraço que o deixou mais quentinho.
-
Você está inquieto, Joseph. – Laura beijou a bochecha do sobrinho e sorriu
quando Joe se acomodou ao sofá puxando a coberta para o colo. Rapazes
geralmente eram desorganizados, não no caso de Joe. O apartamento em que ele
morava era limpo e muito organizado. Sem contar que Joe estava tão mais
independente e melhor com a comunicação. – Encontrei bons apartamentos perto do
hospital, se você concordar, podemos mudar ainda essa semana. – Disse Laura o
olhando e Joe coçou o cabelo da nuca. Eles tinham comprado um carro novo
naquela manhã porque Laura não queria correr o risco de depender de táxi ou
uber para chegar ao hospital em caso de emergência.
-
Nós acabamos de comprar uma Range Rover. – Resmungou Joe. Ele não gostava de
gastar muito, principalmente se era relacionado ao dinheiro dos pais. – Vou
encontrar a Lucy primeiro. Não posso comprar um apartamento sem saber se será
bom para ela. – Teria que ter mais espaço para a cadelinha brincar e correr.
-
Joseph. – Laura o repreendeu porque sabia que não interferia em nada ter Lucy
por perto ou não. Joe sabia o tamanho da cadelinha e o que ela precisava. –
Você não está colaborando, querido. Nós precisamos colocar a sua saúde em
primeiro lugar. Demi e a Lucy vêm depois. – Joe desviou o olhar e franziu o
cenho emburrado. Laura tinha razão, mas se ele não tivesse Demi e Lucy por
perto, só o deixaria desanimado.
-
Nós já vamos visitar o médico amanhã. – Ele podia ter crescido, mas ainda era
teimoso como um menino. Laura sorriu o observando emburrado igual fazia quando
era pequeno. – Eu não vou ficar bem sem a Lucy e a Dem, nem adianta tentar. –
Resmungou deitando a cabeça na almofada do sofá e Laura fechou a tampa do
notebook e o colocou no tapete.
-
E o que adianta elas estarem aqui e você estiver mal? – Perguntou Laura o
abraçando de lado. – Você tem que querer ficar bem por você, Joseph. Você é tão
jovem e tem muitas coisas para viver, não pode depender de outras pessoas para
ser feliz. Pense que você tem que superar a insuficiência cardíaca porque você
quer chegar aos sessenta mais forte que a sua avó. Pense na alegria de ver o
seu filho nascer, de se sentir orgulhoso por algo que você fez para ajudar
outra pessoa. Pense que você quer ficar bem porque você tem que ficar forte
para casar com a mulher que você ama. Preocupe-se com você independente de
tudo. – As palavras de Laura conseguiram fazer Joe entender que independente de
ter Demi ou não, ele precisava ficar bem, e ele precisava se amar e se cuidar
primeiro, para depois lutar pelo que desejava.
-
Eu quero ficar com a Demi porque ela me faz feliz. A Lucy também. – Ele disse
minutos depois pensando na melhor parte da frase Laura: ver um filho dele com
Demi nascer.
-
Eu sei. Só quero que você tenha mais cuidado com você mesmo. Ignorar
recomendações médicas e ficar adiando consultas é um erro que pode ser
irreversível. Se você tivesse tomado uma atitude antes, provavelmente já
estaria bem. – Joe assentiu pensativo e fitou os olhos da tia.
-
Aconteceram muitas coisas comigo nesses últimos meses e acabou que eu não
consegui organizar essa situação direito. – Disse ainda a olhando. –
Eu estou feliz aqui. Feliz pela primeira vez. – Comentou desviando o olhar de
Laura. – A fazenda sempre será a minha casa e você e a vovó são as minhas mães,
mas... Eu sempre me senti tão sozinho e deslocado. Todos tinham os pais por
perto e eu não. Lembro-me das histórias sobre os meus pais nas reuniões de
família e no final do dia eu estava sozinho e pensando em como eles eram de
verdade, em como seria ouvir a voz da minha mãe sem ser uma gravação por um
aparelho de televisão. Ter o carinho do meu pai. Quando eu estou no Texas me
sinto sufocado pela falta dos meus pais, irritado com a forma de como as
pessoas me enxergam como um órfão indefeso, fico assustado com que o tio Lucas
possa fazer comigo. Agarrei a primeira oportunidade de sair do Texas e aqui eu
sou outra pessoa. Eu sou o Joe que tem uma namorada legal e uma cachorrinha
comilona, não o Joseph que gagueja perto das mulheres e tem medo do tio. Eu
tenho um emprego, o meu próprio dinheiro, os meus problemas. Eu sou um adulto.
Nesses últimos meses eu mudei. Me apaixonei, fiz loucuras por amor, fiquei
preocupado com a Demi porque as coisas que aconteceram com ela foram sérias,
perdi meu emprego na Gyllenhaal porque bati no Jake dentro de uma delegacia.
Fui trabalhar como vigilante noturno, depois fui promovido. Aconteceram tantas
coisas ao mesmo tempo, que acabei deixando a minha saúde de lado, não foi com
má intenção. – Laura beijou a mão de Joe e quando o olhou nos olhos, deixou
algumas lágrimas rolarem.
- Eu
sinto muito por tudo que aconteceu com você no Texas, Joe. – Joe
sorriu ao ouvir o apelido na voz da tia. – Não sei se fizemos um bom trabalho
com você, mas fico aliviada de saber que você cresceu e que é um homem bom. –
Joe franziu o cenho e negou balançando a cabeça.
-
Vocês fizeram um bom trabalho. Vocês fizeram o que puderam para me fazer feliz,
e eu sou muito grato por tudo. Eu só sinto falta deles, isso ninguém no mundo
pode mudar. É um vazio que eu vou ter que aprender a conviver até o meu último
dia. – As lágrimas de Joe também rolaram involuntariamente. Viver em Nova York
sempre afastava as lembranças do Texas.
-
Eu estou muito orgulhosa de você, Joe. E eu quero que você fique bem, estou
ansiosa para ver os meus netinhos. – Joe sorriu de orelha a orelha e assentiu
se curvando para beijar a bochecha de Laura.
-
Então você não pode reclamar que eu vou sair agora pouco para procurar a Lucy
com a Demi. Ela será a mãe dos meus filhos. – Joe sorriu todo sapeca com o
olhar que Laura lançou sobre ele.
-
Então é por isso que você está todo arrumado e não para quieto? – Ele não pode
negar. Deu de ombros sorrindo e Laura revirou os olhos, mas sorriu também
porque Joe deitou a cabeça no colo dela e a olhou nos olhos.
-
Você não ficou chateada ontem quando o porteiro pensou que você era minha mãe?
– Perguntou de olhos fechados gostando do carinho que recebia no cabelo e
quando Laura murmurou “hum”, ele a olhou curioso.
-
Claro que não. Você é como um filho para mim. – Laura apertou a ponta do nariz
de Joe e o olhou nos olhos. – E nós somos parecidos na cor dos olhos e a cor do
cabelo. Você só é um pouquinho mais moreno como o seu pai. – Laura era parecida
com Juliana, a mãe de Joe, então dava para passar por despercebido que eram mãe
e filho.
-
E antes eu achava que você e o Derick eram as pessoas mais pálidas que eu
conhecia. A Demi supera vocês, e quando ela fica envergonhada ela fica cor de
rosa. – Laura riu porque Joe parecia tão sonhador falando sobre Demi. Antes o
rapaz mal conseguia conversar com uma mulher e agora ele estava perdidamente
apaixonado.
-
A sua avó não parava de falar na Demi. Ela ficou tão feliz por você ter uma
namorada. – Joe sorriu feliz ao ouvir o comentário. Ter a aprovação de Laura e
Clara era importante para ele.
-
A Demi gostou muito do Texas. Quando eu ficar bom, vou construir uma casa de
férias para nós dois nas minhas terras. – Então ele poderia levar Demi para
conhecer os lugares mais incríveis que conhecia. As aventuras com Rose e Derick
no Texas resultavam em descobertas de lugares fascinantes e era uma das
melhores lembranças que Joe tinha do local onde cresceu.
-
Você está mesmo apaixonado. – Disse Laura o observando e Joe assentiu de olhos
fechados por conta do carinho no cabelo, e quando o celular vibrou no bolso,
ele se levantou num pulo todo ansioso por notícias de Lucy ou Demi. – Joseph! –
Laura o repreendeu e Joe deu de ombros um pouco envergonhado porque ele tinha
exagerado.
- Eu
estou pronto. Estou bem, sim, realmente bem. Já almocei. Sim, tomei meus
remédios. Estou indo. – Joseph. A ligação foi rápida, mas o suficiente
para deixar Joe com um sorriso de orelha a orelha porque Demi tinha acabado de
ligar para falar que o esperava e ainda por cima perguntou com insistência como
ele estava. – Era a Dem. Nós vamos procurar a Lucy. – Ele disse arrumando o
topete despojado que tinha feito. – Eu estou bonito? – Perguntou a Laura depois
que arrumou o suéter ao corpo.
-
Você sempre está bonito, meu anjo. – Laura arrumou os óculos de Joe ao rosto e
penteou o topete com os dedos. – Não vai usar touca? – Perguntou quando Joe se
levantou para pegar o cachecol.
-
Acho que sim, está muito frio lá fora. – Disse o rapaz adentrando o quarto para
buscar pela touca. – Posso levar o carro? – Perguntou envergonhado voltando
para sala e Laura sorriu ao olha-lo.
-
Joseph, o carro é seu. Eu não queria que você estivesse por aí dirigindo e se
expondo a toda essa neve, mas você não vai me obedecer. – Joe assentiu e riu de
como Laura o olhou como uma mãe brava. – Não volte para casa tarde, você
precisa descansar e se alimentar. – Disse se levantando para arrumar a jaqueta
e o cachecol.
-
Devo voltar no final da tarde. Vou levar a Demi para comer, não precisa se
preocupar. – Uma coisa certa sobre mulheres era: toda vez que saíam, ele tinha
que leva-las para comer, era uma regra que Joe tinha aprendido sozinho
observando como Demi sempre ficava mais calma e compreensiva depois de uma
refeição.
-
Não é bom você comer besteiras por aí. Comida caseira é mais saudável,
principalmente no seu caso. – Disse Laura preocupada e Joe assentiu.
-
Não precisa se preocupar. Não vou comer besteiras. A Demi nunca me deixa comer
o que quero, ela é pior que você e a vovó. – Disse buscando pela chave do carro
na estante da televisão. – Fique aquecida. Se precisar de qualquer coisa, pode
me ligar. – Gentilmente Joe beijou a testa de Laura e a abraçou.
-
Você também, querido. Volte para casa logo, ficarei mais aliviada se você
estiver por perto. – Disse a Joe o olhando nos olhos. – Amo você.
- Eu
também amo você. Até mais tarde. – O bom de ter um carro era que Joe não
ficaria exposto à neve e não teria que ficar esperando por um táxi. O costume
era tão grande, que quando o elevador chegou ao hall, Joe quase saiu para
seguir a pé, então se lembrou de que o carro estava estacionado na garagem
subterrânea.
A cor preta foi a
que chamou mais atenção de Joe na hora de escolher as cores. Vermelho era
chamativo demais. O grafite muito elegante. O branco era equivalente ao grafite
na opinião de Joe, então tinha sobrado apenas o preto para agrada-lo. Joe
sempre gostou de carros grandes por conta do espaço que podia ser explorado
tanto para atividades pessoais quanto para trabalho. Era um bom carro.
Acomodando-se ao banco, Joe observou cada detalhe atentamente. Era um bom
investimento, e agora ele tinha o próprio carro e não dependeria mais do carro
do patrão ou o de Ed. Como o apartamento de Demi era ali pertinho, não demorou
nem cinco minutos para Joe chegar e buzinar porque Demi estava lá fora o
esperando. Será que ele tinha demorado muito? Joe desceu o vidro do carona e
chamou por Demi.
-
Não diga que tem muito tempo que você está me esperando? – Disse Joe todo
preocupado quando Demi se acomodou ao banco passando as mãos nos braços para se
aquecer.
-
Eu estava conversando com o meu porteiro. Acabei me empolgando e esqueci que
estava fora do prédio. – Murmurou Demi fechando os olhos e se atritando o
máximo possível para conseguir se aquecer.
-
Vou aumentar a temperatura do aquecedor. – Disse Joe um tanto preocupado e Demi
assentiu de olhos fechados gostando de como de repente as bochechas já não
estavam mais geladas. E foi aí que ela percebeu o cheiro de novo do carro e os bancos
ainda com o plástico.
-
Esse caro é seu? – Perguntou Demi de olhos arregalados e Joe riu assentindo.
-
Tem quase seis horas que ele é meu. – Disse Joe olhando brevemente para Demi. –
Já que eu tinha que comprar um carro, escolhi um espaçoso e confortável. Dá até
para trabalhar com ele. Eu queria uma pick-up, mas não acho que combina com
Nova York. – Ele não tinha desviado o olhar do trânsito, mas não precisou para
guiar timidamente a mão a de Demi para envolvê-la com a dele. – Sua mão está
gelada, Dem. – Disse preocupado porque ele não queria que Demi ficasse
resfriada.
-
Acho que agora ela vai ficar quietinha. – O mundo estava a favor deles, só
podia ser. O sinal vermelho foi no momento certo, pois Joe pode finalmente
olhar para Demi e admirar cada detalhe constatando mais uma vez que ela era a
mulher mais linda que ele já tinha visto.
-
Vai sim. – Ele a beijou na mão e sustentou o olhar de Demi o tempo que restava
do sinal vermelho.
-
É um carro muito legal, Joseph. – Disse Demi voltando ao assunto do carro
porque ela não queria flertar com Joe sem saber o que faria sobre eles dois.
Era como Bella tinha dito: não era certo iludir Joe com algo que ela não tinha
certeza. – Onde nós vamos procurar? – Perguntou minutos mais tarde olhando
atentamente pelo vidro da janela algum sinal de Lucy.
-
Tem um abrigo para animais algumas quadras do apartamento do Ed. Possa ser que
ela esteja lá. O que você acha? Nós podíamos passar lá, e se não a
encontrarmos, fazemos uma busca nas quadras próximas ao apartamento. – Se Lucy
estivesse no abrigo, provavelmente ela estaria bem alimentada e aquecida, mas
se estivesse nas ruas, Joe temia o pior.
-
Ela pode realmente estar lá. No inverno algumas pessoas levam cães de rua para
os abrigos. Alguém pode ter levado a Lucy para lá. Nós procuramos nas ruas
ontem e não tivemos nenhum sinal. – Demi não soube o que fazer quando Joe
envolveu mais os dedos aos dela. – A sua tia está gostando de Nova York? –
Perguntou minutos mais tarde e Joe assentiu com um “Aham”.
- Não é
a primeira vez que ela vem para NY. Ela só ficou assustada com o frio. É
realmente assustador. Ontem nós estávamos no Texas morrendo de calor e agora
está tão frio e a cidade está cheia de neve. – Resmungou Joe. Ele nunca se
acostumaria com a neve e nem gostava dela.
-
Vocês não têm problemas com neve no Texas. – Disse Demi pensando em como o
clima no Texas era agradável, porém muito quente. – Eu gosto do clima de Nova
York. A cada estação você experimenta um pouquinho de tudo. – Demi não tinha o
que reclamar da cidade onde tinha nascido. Gostava das estações do ano, da
popularidade de Nova York, da variedade de cultura, dos arranha-céus e
principalmente do Central Park. – Só não gosto de toda essa neve porque não
posso subir no Top of The Rock. – Ver a vista da cidade do
maior prédio de NY com toda aquela neve era pedir para ficar doente. Demi já
tinha arriscado com Selena e o resultado não foi nada interessante.
-
Acho que o inverno daqui só tem duas vantagens: ficar em casa assistindo
desenho ou namorando. – O comentário de Joe deixou Demi de bochechas coradas, e
ele ficou envergonhado, mas os dois também sorriram. A coberta para mantê-los
aquecidos, os corpos nus se movendo, os lábios roçados e a forma que se olhavam
era incomparável. O frio servia como um estimulante para que eles ficassem
agarrados.
- Concordo com você. – De onde Demi tinha
tirado coragem para dizer aquelas palavras ela não fazia ideia. Só que ao olhar
para Joe acomodado ao banco do motorista, o corpo aqueceu e tudo ficou mais
sensível e despertava os sentidos de Demi de uma forma estranha. O fato era:
sempre existiria atração por parte dela quando o assunto era Joe, mas querer
agarra-lo e morde-lo já era demais. Demi aproveitou que Joe estava focado em
dirigir e franziu o cenho pensando em como ela queria mordê-lo no lóbulo da
orelha, beijar todo o maxilar e se agarrar a Joe enquanto eles se amavam de um
jeito mais quente que o normal.
- Acho que nós chegamos. – Disse Joe lendo
com toda atenção a placa para ter certeza que estava no local certo. – Espero
que ela esteja aí. – O olhar dele estava carregado de esperança e preocupação.
- Ela vai estar bem, Joe. – Demi assentiu
quando Joe a olhou nos olhos. Ele queria acreditar nas palavras de Demi. Perder
Lucy não era uma opção e Joe lutaria para conseguir encontra-la. Era o dever dele
cuidar da cadelinha e ama-la.
Por qual motivo
algumas pessoas maltratavam animais? Abandonava-os como se fossem objetos que
não possuía mais valor. O abrigo estava cheio a ponto de não ter mais vagas. A
vontade de Joe era de poder levar todos os cães e gatos para casa para
enchê-los de amor e cuidados. O rapaz que estava responsável pelo abrigo
naquele turno, contava sobre os últimos animais que chegaram, e nenhum deles
era Lucy. Angustiado, Joe olhou para Demi porque a esperança de encontrar Lucy
estava diminuindo com o passar do tempo.
- Os pelos são marrons, os olhos castanhos e
as orelhas médias e caídas. Ela ainda é um filhote, e é muito agitada e
brincalhona, está usando uma coleira cor de rosa com o nome e o meu telefone. –
Disse Joe ao rapaz todo preocupado com Lucy.
- Ela tem por volta de seis meses e é de
porte quase médio. – Completou Demi. Agora só restava continuar procurando. –
Nós vamos procurar até encontra-la. – Joe estava tão triste que era de partir o
coração, por isso que Demi segurou a mão dele e o abraçou de lado. – Animo,
temos que pensar positivo. – Disse antes que eles atravessassem a rua e Joe
assentiu.
- Vamos começar por aqui? Vocês chegaram vir
nessa região ontem? – Perguntou olhando para os lados atentamente.
- Aqui perto. – Disse Demi abraçando Joe
para conforta-lo. – Não quero que você fique estressado e preocupado, tente
manter a calma. – Disse quando Joe a olhou nos olhos.
- Eu prometo que vou tentar. – Joe levou a
mão para tocar a bochecha de Demi e se curvou para dar um selinho nos lábios
rosados. – Linda. – Elogiou um pouco envergonhado olhando Demi nos olhos e nos
lábios.
- Fica calmo, tudo vai dar certo. – Tão
naturalmente o pescoço de Joe foi envolto pelos braços de Demi, onde o cabelo
curto da nuca foi suavemente puxado no momento em que Joe se curvou para
receber um selinho nos lábios. – Vamos? – A resposta dele foi um roçar de
lábios seguido doutro selinho demorado.
- Vamos, Dem.
– O sorriso de Joe estava grande e de orelha a orelha. Os selinhos e
abraços que tinham trocado fizeram o coração acelerar, porém a vontade era de
abraçar Demi firmemente contra o corpo e beija-la na boca até que perdesse o
fôlego.
- Vai ficar melhor se nos separarmos. Você
vai de um lado da rua e eu do outro. – Demi sorriu quando percebeu a pequena
careta que Joe fez com a ideia deles ficarem separados, era que caminhar
abraçado naquele frio era muito bom. – Será mais proveitoso. – Explicou o
olhando nos olhos. Joe tinha parado de caminhar só para olha-la e ele estava
fofo todo carente.
- Você tem razão. Tenha cuidado, pequenina. –
Dessa vez Joe se conteve e a beijou carinhosamente na testa, sustentou o olhar
de Demi até que os dois sorriram.
- Tenha cuidado
você também, Joseph. – Quem atravessou foi Demi sobre o olhar atento de Joe.
A busca por Lucy
seria mais efetiva se não estivesse nevando. Mesmo com a constante movimentação
das pernas no ato de caminhar, o frio estava incomodando de forma a não
aguentarem por mais de uma hora e meia caminhando constantemente e chamando por
Lucy nos becos das quadras. Quando decidiram voltar para o carro estacionado há
bons metros de distância de onde estavam, Demi se sentiu péssima porque não era
para Joe estar ali exposto ao tempo e fazendo esforços físicos. Ele já estava
doente e ficar resfriado, sofrer alguma lesão ou qualquer dano à saúde poderia
complicar o caso da insuficiência cardíaca.
- Entra no carro. – Resmungou Demi mal
conseguindo completar a frase porque o frio chegava a deixa-la pálida e de garganta
seca. – Joe, você não deveria ter vindo. – Disse Demi alguns minutos depois que
já estava acomodada ao banco do carona aonde o vento quente vindo do ar
condicionado soprava suavemente aos pouquinhos quebrando todo o frio que
sentiam.
- Como não? – A cabeça de Joe estava
escorada ao volante e o pensamento que o incomodava era sobre Lucy estar
perdida e sofrendo sem que alguém pudesse defendê-la. – Ela é minha
responsabilidade, e é meu dever que ela fique bem. – Explicou um tempo depois quebrando
o silêncio entre eles.
- Ela também é minha responsabilidade, e eu
posso cuidar disso sozinha. Você deveria estar descansando ou cuidando do seu
tratamento. – Disse Demi se sentindo desconfortável com o repentino clima que
se formou entre eles. – Ela vai precisar que você fique bem para cuidar dela. –
Completou segundos depois tão desconfortável quanto antes porque ela tinha a
impressão que Joe não tinha gostado da forma que ela tinha o colocado.
- Estou tomando remédios, por enquanto estou
bem. Não preciso e nem quero ficar confinado numa cama recebendo tudo de outras
pessoas, eu ainda tenho capacidade de fazer as minhas coisas, de realizar as
minhas vontades. – Os olhares farpados era um sinal que brigariam no segundo
seguinte, mas o celular de Joe começou a vibrar e a tocar em alto e bom som
para interromper o momento desagradável. – Eu
estou com a Demi aqui perto, estamos a caminho. – A ligação foi breve e o
sorriso de Joe quebrou o clima desagradável entre eles. – O Ed encontrou a
Lucy. – A notícia arrancou um sorriso de orelha a orelha de Demi, e também
motivou Joe a enlaçar os dedos aos da moça e até se empolgar um pouco ao
dirigir a caminho do apartamento de Ed há poucas quadras dali. Era um alívio
saber que a cadelinha tinha sido encontrada viva!
Saber que Lucy tinha sido encontrada acalmou
os ânimos e colocou um sorriso no rosto de cada um deles. Quando Selena abriu a
porta do apartamento minutos mais tarde, mal foi cumprimentada já que Demi e
Joe adentraram o apartamento às pressas porque precisavam conferir se Lucy
realmente estava bem.
No sofá da sala, a
ponta do nariz de Ed estava rosada, os lábios avermelhados e os olhos
lacrimejados. As cobertas ajudavam a ficar aquecido, mas nada podia combater os
espirros. Antes que Demi e Joe pudessem se aproximar, já que Lucy estava
deitada debaixo da coberta junta a Ed, o rapaz espirrou e depois ronronou um
“Oi” todo desanimado, mas mesmo assim tentou sorrir.
- Eles chegaram tem pouco tempo. A Lucy
estava com tanto frio que achamos melhor deixa-la de baixo da coberta. – Disse
Selena sorrindo porque Lucy só tinha colocado a cabeça para fora da coberta
para olhar toda curiosa os donos.
- Desculpa, Joe. Eu não queria ter perdido a
sua pequenina. Fui mais cedo para procura-la e a encontrei tremendo de frio num
beco aqui mesmo na quadra. – Disse Ed se erguendo para envolver Lucy na
mantinha e entrega-la para Joe.
- O importante é que ela está bem. – Os
olhos de Joe ficaram marejados porque Lucy estava com os pelinhos úmidos e o
nariz molhado porque estava resfriada. – Senti muitas saudades de você. – Disse
olhando para os olhos cor de mel carentes de Lucy, ela estava quietinha
aninhada nos braços do dono como um bebê envolto numa mantinha e sutilmente
abanava o rabinho mostrando como estava feliz.
- Eu também senti a sua falta, menina. – Demi
tinha se curvado para beijar a cadelinha como sempre gostava de fazer, e em
troca recebeu lambidas na bochecha que a fez sorrir e querer apertar Lucy num
abraço apertado porque não tinha como resistir aos olhinhos cor de mel carentes
e aqueles orelhinhas fofas.
- Ela comeu bastante e só quer ficar
coberta. – Disse Selena fazendo um breve carinho na cabeça da cadelinha que a lambeu
nos dedos adorando todoa atenção que recebia.
- Oi Selena. – O abraço que Demi envolveu
Sel foi repentino e tão exagerado que Selena sorriu olhando para os olhos
marrons da amiga que esboçava um sorriso feliz. – Oi bebê. – O beijo na barriga
foi tão exagerado quanto o abraço porque foi uma enxurrada de beijos que fez
Sel sorrir.
- Vocês estão com fome? – Perguntou Selena
deslizando os dedos pelo cabelo de Demi.
- Eu estou faminta! – Só quem não notou como
tinha soado exagerada foi Demi, ao invés disso ela se levantou e arrastou
Selena em direção à cozinha porque estava realmente faminta.
- Eu desisto de tentar entender essas duas.
– Resmungou Ed de cenho franzido voltando à atenção para Joe. – Você tem muito
que explicar. – Disse ainda de cenho franzido olhando para Joe, que arqueou uma
sobrancelha. – Insuficiência cardíaca, traição, rico? – Por um pouco Ed socou o
braço de Joe, só não o fez por dois motivos: Lucy provavelmente iria mordê-lo e
porque ao pensar duas vezes, pensou que Joe poderia se machucar seriamente e a
culpa seria dele.
- Será que nós podemos conversar sobre isso
depois? – Perguntou Joe olhando na direção da cozinha. – A Demi está muito
brava comigo, na verdade ela terminou o nosso namoro e eu quero reconquista-la.
– Disse baixinho e Ed arqueou uma sobrancelha com uma cara não muito boa.
- Todos nós estamos bravos com você, Joseph.
– Resmungou tão mal humorado olhando para Joe, que Lucy rosnou sentindo que Joe
corria perigo. – Mas juro que vou ouvir tudo que você tem a dizer. A Selena
exagera às vezes porque só sabe o ponto de vista da Demi e quer defende-la com
unhas e dentes. Vou te dar uma chance só porque você é meu melhor amigo, mas
nada explica traição. – Joe assentiu, ele até queria explicar para Ed como
tinha ficado triste com Demi quando foi para o Texas, mas a atenção foi completamente
desviada para a ex-namorada.
Aquele hambúrguer era
enorme para as mãos pequenas de Demi! E o jeito que Demi o segurava e o mordia
com vontade? Joe franziu levemente o cenho e Selena e nem Ed disseram nada
porque Demi estava mais concentrada em comer do que em qualquer outra coisa
naquela sala.
- Quer hambúrguer, Joseph? Temos pães
integrais. – Disse Selena olhando brevemente para Joe, e ele teve a certeza que
Selena estava chateada só pela forma que ela o olhou.
- Não, obrigado. – Infelizmente comer comidas
pesadas que envolviam muito carboidrato, proteínas e fritura não ajudava em
nada com saúde. – Como está o garotinho? – Perguntou Joe desviando o olhar de
Demi para Selena, que tinha se acomodado ao sofá de forma que Ed conseguiu
deitar a cabeça no colo e olha-la todo carente.
- Ele está muito bem. – Disse Sel relaxando
o corpo no sofá e deslizando a mão no volume da barriga. Toda vez que o assunto
era o bebê, Sel se sentia em paz e nada conseguia desestabiliza-la. – Acho que
ele vai nascer no dia do meu aniversário ou no início de Agosto. – Sel sorriu
brevemente para Joe e riu de como Demi parecia uma criança comendo com tanta
vontade.
- E o casamento? – Perguntou Demi depois de
engolir um belo pedaço do hambúrguer. Desde quando o sabor era tão bom? Dava
para sentir o gosto de cada alimento, e misturado ficava tão delicioso.
- Estamos em dúvida entre o dia trinta e o
dia trinta e um. – Demi arregalou os olhos ao olhar para Ed. Organizar um
casamento levava muito tempo! Eram meses de preparação e aquelas datas que ele
tinha dito já eram na semana que vem.
- Vocês estão falando sério? – Perguntou
Demi um tanto assustada. Se tinha uma semana do jantar de noivado de Selena,
era muita coisa! Tudo estava acontecendo rápido demais e Demi estava começando
a ficar assustada.
- Estamos. Nós temos que ficar com o dia
trinta e um, amor. Vamos iniciar o ano novo casados. – Não era para o selinho
que Selena trocou com Ed incomodasse tanto. Foi simplesmente estranho assistir
aquele beijo que Demi franziu o cenho e Joe olhou para Lucy que olhava para o
hambúrguer.
- Dia trinta e um então. Vocês duas já podem
começar a me enlouquecer e acabar com os meus cartões de crédito. – Ed grunhiu
com o tapa que recebeu de Selena e ainda por cima Demi o acertou com uma
almofada. – Eu estou doente. – Resmungou manhoso, mas preferiu ficar quieto com
os olhares que recebeu.
- Você engravidou a minha melhor amiga, é
bom arcar com as consequências, Jesse. – Disse Demi sem sequer esboçar um
sorriso. – Nós vamos organizar o casamento mais bonito desse século, Sel. –
Demi sorriu para Selena e logo voltou a morder o hambúrguer.
- É claro! Você já vai me ajudar hoje à
noite. Nós temos muitas coisas para resolver. Isabella e eu estamos escolhendo
o meu vestido, as flores dos arranjos e a decoração da igreja também. – Demi
parou de escutar exatamente quando Selena disse “Isabella e eu”. E a cara que
ela fez não foi nada boa, o ciúme a incomodou de uma forma tão estranha e como
sempre, Demi não sabia de quem mais sentia ciúmes, se era de Sel, ou de Bella.
- Legal, já escolheram o bolo, os docinhos,
o espaço, os arranjos, o lugar da lua de mel e o que mais, Selena? – Ed olhou
para Joe de olhos arregalados porque Demi estava brava. Já Selena mordeu o
lábio inferior porque não esperava que Demi fosse ficar realmente chateada. –
Que tal você coloca-la como a sua madrinha de casamento no meu lugar? Acho que
ficaria perfeito já que vocês duas são melhores amigas. – Demi franziu o cenho
e mesmo irritada, mordeu o hambúrguer de cara feia.
- Dem. – A intenção de Selena era repreender
Demi porque ela tinha exagerado muito, mas não funcionou de nada. – Eu preciso
adiantar as coisas e você estava viajando. Tenho duas semanas para organizar o
meu casamento. – Explicou-se Selena sem saber o que poderia dizer já que Joe
também estava participando da conversa. – Para com isso, Isabella é minha
amiga, mas você é a minha melhor amiga. – Disse um pouco sem jeito pelo fato de
Ed e Joe estarem ouvindo tudo.
- Perdi o meu lugar de madrinha do seu filho
também, Selena? – Resmungou Demi sem poupar drama, o que fez Ed arregalar ainda
mais os olhos olhando para Joe, que sorriu porque ele achava que Demi ficava muito
fofa quando estava brava.
- Demetria! Se você continuar, sim, você
perderá o seu lugar. – Selena não estava brincando. Sustentou o olhar de Demi
começando a se sentir irritada também e quando arqueou uma sobrancelha, Demi se
levantou bruscamente para lavar as mãos sujar de hambúrguer. O que diabos elas
tinham? Ah! Joe e Ed estavam curiosos para saber, porém jamais se meteriam
naquela encrenca.
- Joseph, nós podemos ir? – Disse Demi assim
que voltou da cozinha sem nem olhar para Selena.
- Podemos. – Pobre Joseph! Soou tão
duvidoso. Ele olhou para Ed procurando por uma resposta, depois para Selena que
estava cabisbaixo fingindo que nada estava acontecendo. Demi estava realmente
brava? – Nós já vamos? – Perguntou para ter certeza que não era uma das
brincadeiras da ex-namorada, e quando
Demi assentiu, ele umedeceu os lábios. – Obrigado por cuidar da Lucy e por
encontra-la. – Disse a Ed se levantando com a cadelinha nos braços. – A gente
se vê. – Como Ed não estava disposto a levantar, Joe esboçou um pequeno sorriso
para o amigo e olhou para Selena pensando no por que ela e Demi tinham que ser
tão complicadas quando queriam. – Tchau, Sel. Obrigado por cuidar da Lucy. –
Disse tão tímido, e quando Sel apenas esboçou um sorriso, Joe soube que ela
realmente estava chateada com ele.
O que fazer com
duas mulheres emburradas? Ed era o melhor em fazer daquele tipo de situação uma
comédia sagaz o suficiente para quebrar o clima pesado entre Selena e Demi,
porém o rapaz mal conseguiu se levantar para se despedir. E o pior foi que Demi
não se despediu de Selena, murmurou “Melhoras” para Ed e saiu do apartamento
deixando Joe para trás.
Por qual motivo as
duas tinham que brigar por ciúmes? Eram melhores amigas e estavam sendo
infantis deixando uma situação daquelas intervir na amizade e tornar o humor
péssimo. Demi não tinha dito muitas palavras no elevador e nem no carro, só
melhorou o humor quando começou a brincar com Lucy já na sinaleira perto do
apartamento onde Joe morava.
- Quer entrar para dizer um “oi” para tia
Laura? Quero colocar a Lucy para descansar e acho que vou precisar de ajuda. –
Foi estranho adentrar a garagem subterrânea com o carro, geralmente era para
ele estar chegando ao apartamento tremendo de frio e estressado com toda a
situação maçante que era Nova York em dias de neve.
- Tudo bem. – Não teria nenhum problema
falar com Laura por breves minutos, Demi aproveitaria também para saber um
pouquinho mais sobre a saúde de Joe e ficaria de olho em Lucy no tempo que
estivesse no apartamento.
O elevador os deixou
no andar onde Joe morava e o assunto que os intertia era Lucy, que sempre fazia
uma de suas fofuras de cachorro para deixar os donos suspirando de paixão por
ela. E ao adentrar o apartamento? Primeiro Lucy sacudiu os pelos,
espreguiçou-se e quando viu Laura, aproximou-se para cheira-la e conhecê-la.
- Lucy, tia Laura. Tia Laura, Lucy. – Disse
Joe todo animado sorrindo de orelha a orelha porque a cadelinha estava de volta
para tornar os dias mais divertidos e amorosos. – O Ed a encontrou, ela não
estava muito longe. – Disse a Laura.
- Ela parece estar bem e muito saudável. – Laura
conquistou Lucy em questão de segundos, e até fazia carinho atrás das
orelhinhas da cadelinha que já estava deitada no chão de pernas abertas esperando
por carinho na barriga sendo simpática como sempre. – Ela é um amor, Joe. –
Sorrindo, Laura deslizou os dedos pela barriga de Lucy e tornou a sorrir quando
olhou para Demi. – Como você está, princesa? – O apelido carinhoso não foi para
Lucy, que chorou quando Laura não oferecia mais carinho a ela. Quem foi a
contemplada da vez foi Demi que recebeu um abraço apertado e um beijo na testa.
- Estou bem e aliviada por a Lucy estar bem.
– Disse Demi um pouco envergonhada. Laura sempre era tão gentil e demonstrava
como gostava dela, e toda aquela beleza também era muito intimidante. Os olhos
eram verdes com uma mistura interessante de azul, o cabelo longo e escuro.
Laura era uma mulher linda e inteligente que intimidava qualquer pessoa. – Fez
uma boa viagem? – Perguntou Demi sem saber ao certo o que falar porque começava
a se sentir desconfortável. Ela não era mais a namorada de Joseph, então não
tinha muitos motivos para estar ao lado do rapaz.
- Tudo foi tranquilo. Só não estou
acostumada com todo esse frio, mas não está ruim. – Laura sorriu com a careta
que Joseph fez. Ele estava uma gracinha todo sorridente e feliz por ter Lucy de
volta e Joe não conseguia esconder de forma alguma como era apaixonado por
Demi.
- É só ficar bem agasalhada e evitar ficar
exposta lá fora. Seguindo essas duas regrinhas, o inverno nem incomoda muito. –
Como Laura não tinha uma rotina de trabalho em Nova York, para ela seria muito
mais fácil ficar aquecida dentro de casa. Já para quem vivia na rotina
nova-iorquina, tudo se transformava num desastre!
- Vou seguir os seus conselhos. – Laura
sorriu para Lucy quando a pequenina apoiou as patinhas na perna para olha-la e
chorar pedindo carinho. – Vocês estão com fome? – Perguntou a Joe e Demi pegando
Lucy no colo para mima-la.
- Eu comi um hambúrguer agora pouco, estou
satisfeita. – Demi só foi ter consciência do tamanho do hambúrguer agora, era
enorme e ela estava mais que satisfeita! E ao se lembrar do alimento, também se
lembrou de Selena.
- Eu estou com fome. – Disse Joe desviando o
olhar de Laura para olhar Demi. – Fica para comer com a gente? - Joe não desviou o olhar de Demi por nada.
Ele queria tanto apreciar aquele momento junto das pessoas que mais amava, e se
Demi não estivesse inclusa, não teria sentido.
- Tudo bem. – Ainda estava cedo e se Demi
voltasse para o apartamento, certamente dormiria até dar a hora de ir para casa
do pai, ou seja, não tinha nada para fazer e a vontade de ficar pertinho de Joe
sempre falaria mais alto. Demi sorriu um pouco envergonhada quando flagrou o
olhar de Laura sobre ela e Joe. – Dessa vez eu vou ajudar. – Brincou porque
quando estavam no Texas, Laura e Clara não deixavam que ela ajudasse na
cozinha.
- Tudo bem querida. O que vocês querem
comer? – Perguntou Laura colocando Lucy no chão porque a cadelinha tinha
começado a ficar inquieta e ansiosa para ficar pulando e correndo agitada pelo
apartamento. – Joseph, você vai ficar descansando. – Disse antes que o rapaz
resolvesse pular com Lucy.
- Eu não posso nem ficar com vocês na
cozinha? – Resmungou Joe emburrado porque ele se sentia bem e normal para
realizar qualquer atividade.
- Você deveria descansar, mas tudo bem. –
Disse Laura o olhando e tudo que Joe fez foi careta.
- Vamos preparar uma lasanha vegana? –
Sugeriu Demi a Laura que já caminhava em direção à cozinha, e Demi preferiu
esperar por Joe para abraça-lo de lado e sussurrar: - Colabora, nós só queremos
que você fique bem. – Ela o olhou nos olhos e sentiu o coração bater mais
rápido no peito quando o medo de perder Joe falou mais alto.
- Acho que pode ser interessante. – Disse
Laura da cozinha mal podendo imaginar que Joe e Demi trocavam um selinho que se
transformou num breve beijo com direito a mordidas, sorrisos e abraços
apertados na sala.
- Fica quietinho, está bem? – Demi sorriu de
olhos fechados ao sentir o beijo na bochecha. Joe a abraçava por trás e
caminhar era uma tarefa difícil, mas o calor de Joe a envolvendo era delicioso.
- Vou roubar você só para mim. – Joe a
abraçou apertado, e quando Lucy latiu enciumada, ele teve que desfazer o abraço
para dar atenção para ela.
O que não faltava
entre Demi e Laura era assunto. As duas poderiam virar a noite toda conversando
que ainda restariam assuntos pendentes. O tempo cozinhando ficou ainda mais
divertido com a música que tocava no rádio e as brincadeiras de Lucy. Era
gratificante vê-la bem e saudável depois de ficar sumida naquela temporada de
frio. Já Joe tinha ficado quieto, como sugerido por Laura, sentado à cadeira
brincando com Lucy e vez ou outra participando da conversa feminina, e Demi
suspeitava que ele só estava obedecendo porque ela estava por perto.
- Agora eu tenho que ir. – Disse Demi
olhando a hora no celular. Ela tinha muitas mensagens das irmãs perguntando a
hora que ela voltaria para casa num novo grupo chamando “Aniversário surpresa da Meggy”. A tarde no apartamento de Joe foi
divertida com direito a muita comilança e conversas, no resto de tempo livre
que tinha, Demi descansaria e se organizaria para a noite com as irmãs. –
Amanhã é o aniversário de Megan e as meninas estão a todo vapor planejando o
que vão fazer, é o primeiro ano dela sem a mãe. – Explicou a Laura se levantando
para buscar a bolsa.
- Dê muito apoio para elas, é importante que
elas não se sintam sozinhas. – Disse Laura se levantando para guiar Demi até a
porta. – Espero que tenha gostado da comida. – Demi sorriu para Laura e
carinhosamente a abraçou.
- Estava delicioso como sempre. – Disse
envergonhada porque Laura tinha arrumado algumas mechas do cabelo dela atrás da
orelha com tanto carinho quanto uma mãe.
- Eu te levo em casa. – Joe se apressou a se
levantar com Lucy no colo para que pudesse acompanhar Demi até o apartamento.
Ainda estava claro lá fora, mas mesmo assim era melhor acompanhar Demi e também
Joe queria aproveitar o tempo apenas com ela. – A Lucy veio se despedir. –
Desde que chegaram ao apartamento, Joe e Lucy estavam um grude que só! Um
brincava com o outro e o carinho que trocavam era simplesmente encantador.
- Cuida dela, Joe. – Disse Demi fazendo
carinho nas orelhinhas de Lucy para depois se curvar e enchê-la de beijos exagerados
e sussurrar: amo você!
- Ela não vai escapulir de novo. – Joe não
cedeu quando Lucy envolveu o dedo dele com a boca ameaçando que iria mordê-lo
só porque ela queria que Joe a deixasse livre no chão.
- Prestem atenção na rua e tenham cuidado. –
Disse Laura os olhando e Joe e Demi assentiriam.
A expectativa de
Joe era que o elevador estivesse vazio para que ele pudesse trocar beijos com
Demi, e já a dela era de que estivesse cheio, pois não era fácil controlar
todos os hormônios quando Joe estava por perto e também porque deveria tomar
uma decisão sobre aquela situação. E como se os pedidos de Demi tivessem sido
atendidos, havia mais pessoas dentro do elevador até o hall do prédio.
Ir de carro até o
prédio onde Demi morava só resultaria em trabalho para estacionar, Joe até
insistiu, mas acabou convencido por Demi que eles poderiam ir caminhando. Não
demorou nada para chegar ao apartamento, o desagradável só foi o vento frio que
soprava. Até que os flocos de neve derretendo nas roupas e na pele do rosto era
uma sensação intrigante, porém no meio urbano a neve acumulada no chão só
servia para dar trabalho e tornar o ambiente uma bagunça porque às vezes a neve
estava misturada a sujeira e ficava encostada na borda da calçada.
- Eu posso subir com você? – Perguntou Joe.
Diabos! Demi o olhou e pensou um alto e sonoro “Não!”. Não tinha como resistir
aos lábios rosados dele, à vontade de esfregar na barriga lisa e no peito
largo, de mordê-lo no pescoço e gemer manhosa quando os braços fortes a
envolvessem num abraço apertado. Joe era irresistível e ficar sozinha com ele
não era uma opção inteligente. – Nós nem conversamos. Só nós dois. – Disse
esboçando um sorriso de menino que o deixava ainda mais fofo, e Demi resmungou
baixinho porque sabia que iria se arrepender. – Não tenho nada para fazer
agora, conversar um pouco com você não fará mal algum. – A explicação dele
enquanto adentravam o prédio só serviu para Demi revirar os olhos sem se
importar se Joe estava vendo ou não.
- Você deveria estar quieto em casa descansando.
Num soprar de vento você já está resfriado. – Não soou nada gentil, bem pelo
contrário, Demi parecia uma mãe que queria esquentar o bumbum do filho, e
talvez ela realmente quisesse esquentar o de Joe. Ele era teimoso e
inconsequente.
- Então eu acho que a minha visita vai ser
demorada. Só vou embora quando todo esse frio passar. – Joe sentiu as bochechas
corarem forte com o olhar que ele recebeu de Demi. Talvez fosse melhor ir um
pouco mais devagar, por isso que ao adentrar o elevador, tudo que Joe fez foi
engolir em seco e ficar quieto. Ele não podia esquecer que Demi tinha terminado
o que eles tinham por culpa dele.
- Essa foi a pior cantada que já recebi. –
Demi deixou escapar, mas quando percebeu como Joe estava sem graça, ela se
lembrou de tudo que Bella e Anna tinham dito: não era fácil para quem estava
doente, e ter o apoio era importante, principalmente das pessoas mais próximas.
– Eu também não tenho nada para fazer. Pensei em dormir um pouco ou visitar a
minha mãe antes de ir para casa do meu pai. Amanhã é o aniversário da Megan e
nós vamos fazer uma festa ou um bolo surpresa. – Explicou porque ela não queria
ser grossa com Joe, ele não merecia.
- Você está gostando de ter uma família? –
Joe já sabia a resposta da pergunta, mas ver o sorriso de Demi de orelha a
orelha não tinha preço. E daquela vez não foi diferente.
- É a melhor sensação do mundo. Nunca pensei
que eu teria tantas irmãs. Estou feliz com a minha família. Às vezes penso que
é um sonho. – Demi sorriu mais que feliz. Estava muito bom para ser verdade!
Havia Inácio, que era um pai espetacular, as irmãs uma mais amável que a outra,
e por Dianna, Demi só faltava explodir de tanto amor. – Eu acho que esqueci
minha chave no apartamento do Ed ou no seu. – Como estava quase chegando ao
andar onde morava, Demi já procurava a chave na bolsa.
- Vou
ligar para tia Laura, tenta contato com o Ed ou a Selena. – Pela careta de
Demi, ela não iria ligar para Selena nem que a pagasse então Joe resolveu que
ligaria, caso Demi não o fizesse.
- Está com o Ed. – Resmungou Demi ao ver a
mensagem do amigo assim que desbloqueou o celular.
- Vamos lá buscar? – Perguntou Joe guardando
o celular no bolso e olhando atentamente para Demi. Ele não tinha levado a
sério a discussão com Selena mais cedo, porém agora percebeu que não tinha sido
brincadeira e Demi estava realmente chateada com a melhor amiga.
- Não mesmo, tenho uma cópia na portaria. – A
viagem de elevador se prolongou e o que era para ter sido simples minutos,
resultou-se em quase quinze minutos de elevador porque no prédio havia muitos
pavimentos.
- Se eu estiver incomodando, você pode me
mandar embora. – Joe estava acomodado ao sofá todo comportadinho. Ele tinha
tirado a touca de pompom e o cabelo curto estava uma bagunça tão fofa e sexy
que Demi teve vontade de beija-lo nas bochechas e arrumar o cabelo com os dedos.
- Combinado. – Sorrindo, Demi se acomodou na
outra ponta do sofá, era a distância suficiente para ela não fazer uma
besteira. – Se tiver fome, é só falar. – Disse o olhando antes de ligar o
notebook. – Você quer um pouquinho de coberta? – Como queria ficar à vontade,
Demi vestia um confortável conjunto de moletom, e não podia faltar a coberta
para ajudar a aquecê-la ainda mais.
- Eu estou bem. – Joe retribuiu o sorriso de
Demi, mas não teve jeito, ele ficou envergonhado porque não sabia o que deveria
falar. – Vai trabalhar? – Perguntou um pouco sem jeito arrumando os óculos de
grau ao rosto.
- Não exatamente. Preciso organizar o que
farei a partir de agora na minha vida profissional. – As contas estavam
chegando e o dinheiro ficando pouco, e Demi sabia que se não investisse logo no
próprio escritório ou em algo que desse retorno, a estabilidade financeira
ficaria em jogo. – Eu estou pensando em montar o escritório e fazer uma
pós-graduação em Design de interiores. – Comentou se escorando nas almofadas do
sofá.
- Acho que vai ser corrido, mas será bom
para você. – Joe não conseguiu sustentar o olhar de Demi porque a tristeza o
pegou de surpresa. Não estava errado Demi pensar em crescer, jamais! Era que de
certa forma, não estar incluso nos planos futuros o deixava profundamente
triste. – Já tem uma faculdade em mente? – Perguntou forçando um sorriso.
-Não, a ideia é muito recente e não sei se
vou voltar a estudar por agora, mas é algo que eu quero começar a fazer pelo
menos no ano que vem. – Era uma droga estar tão acostumada com Joe como
namorado, e como Demi gostava de espaço e era um grude, deitou a cabeça no colo
do rapaz e só depois percebeu o que tinha feito.
- Está tudo bem, Dem. – Carinhosamente Joe deslizou
as pontas dos dedos pelo cabelo longo, tocou as bochechas rosadas e sorriu
brevemente. – Continua falando. – Como ele sabia que ela gostava, começou a
massagear o couro cabeludo e arrumar as mechas marrons de cabelo no devido
lugar.
- Joseph. – Antes que os lábios de Joe
pudessem tocar os dela, Demi virou o rosto e respirou fundo sentindo a
respiração quente de Joe contra o pescoço. – Eu não acho que seja uma boa ideia
ficarmos sozinhos. – Disse se levantando para colocar o notebook sobre o tapete
felpudo. – Nós acabamos de terminar e estamos tentando reconstruir nossa
amizade. – Demi soube exatamente que jamais conseguiria ser apenas amiga de Joe
quando ele a beijou na boca e a puxou para os braços a apertando contra o
corpo.
- Acontece que eu não quero ser apenas um
amigo para você. – A voz soou grave e séria. Joe roçou novamente os lábios aos
de Demi e a beijou no queixo. – Eu sempre fui apaixonado por você. Você é a
minha princesa e eu preciso muito de você. – Beijos no pescoço era uma completa
covardia! Demi fechou os olhos e Joe retribuiu um beijinho no pescoço. – Fica
comigo? – Perguntou a olhando nos olhos.
- Eu já estou com você, sempre vou estar. –
Aos pouquinhos Demi roçou os lábios, sustentou o olhar apaixonado enquanto os
sinais de paixão tomavam conta de todo o corpo. As mãos estavam começando a
ficar suadas, o coração disparado e o frio na barriga causava incomodo.
- Fui um completo idiota com você, só preciso
de mais uma chance. – As mãos grandes estavam firmes na cintura, os olhos
verdes fitavam os marrons incansavelmente e os lábios ansiavam para serem
roçados.
Joe não era um
homem ruim, aliás, ele nem sequer já chegou perto de ser. Quando Demi o
conheceu, ele era fofo e tímido, um rapaz tão gentil e educado. Então eles se
apaixonaram e tudo aconteceu rápido, porém não significava que não tinha sido
intenso. Em todos os dias que esteve com Joe, Demi o amou de todo o coração
como nunca amou nenhum outro homem. E não seria agora que deixaria de amá-lo. O
coração batia rápido demais no peito, as dúvidas surgiam uma atrás da outra, o
corpo pedia para ser roçado ao dele. Levando as mãos ao queixo barbado, Demi o
acariciou ali aproveitando para também arranhar e depois de tanto olhar para os
lábios de Joe, olhou-o nos olhos.
- Você tem mais uma chance. Só não minta ou
omita. Eu preciso saber de tudo, eu preciso te conhecer e preciso sentir que eu
confio em você. – A frase mal tinha acabado, e Joe não poderia esperar nem mais
um minuto. O sorriso foi breve, para depois ser desfeito por um beijo longo,
intenso e que aqueceu as almas.
Continua.. Oi! Tudo bem com vcs? Eu estou bem! Desculpem pela demora, aah, está difícil continuar com a fanfic, eu queria escrever tantas coisas, mas não está acontecendo... Acho que perdi o jeito de escrever :/ De qualquer forma, desculpa! Espero que vocês gostem, beijos e até o próximo capítulo!