*não revisei*
De todas as músicas do repertório, The Night We Met era a última que
deveria ser tocada. Se antes já estava difícil dormir dentro de um avião, agora
com o cérebro reproduzindo várias imagens de Joseph na mente, dormir era uma
missão impossível. Deu tanto trabalho para esquecê-lo por pelo menos alguns
minutos, e agora tudo tinha voltado ao som da música através dos headphones. Por um momento Demi pensou
em pausar ou trocar para uma faixa mais animada, porém com o fluir da música,
as lembranças eram reproduzidas a envolvendo.
Flashback: Festa de Halloween, 31 de Outubro
– Casa dos Gomez, NY
A
cultura é um fator que determina um povo em aspectos de costumes, crenças,
ritos, valores e paradigmas, e com o passar do tempo, ela só tendia a ser
reforçada e moldada. Segundo a história, as raízes do Halloween estavam firmadas
na cultura do povo que viveu na Europa, o povo Celta. Com o passar do tempo, a
festa em países de língua inglesa passou a ter um simples significado: a
diversão.
O
volume do som era absurdo a ponto de camuflar o som da fala. Estava intenso o
suficiente para que qualquer pessoa sentisse o coração bater com desconforto no
peito. Porém como se passava de uma festa, a bebida alcoólica, as comidas e as
boas conversas eram perfeitas para disfarçar o volume desconfortável do som. Até
porque havia as pessoas que gostavam de dançar até não sentir as pernas.
Para
decoração, Selena tinha escolhido muitas abóboras personalizadas com rostos maliciosos
sorridentes, velas, tecidos na cor preta, enfeites de morcegos, fantasmas,
vampiros, bruxas e tantas outras criaturas mitológicas. Não foi nada fácil
decorar a casa dos pais, e para se livrar deles mais cedo, Sel teve que comprar
passagens para uma cidadezinha próxima à Nova York alegando que os pais
precisavam de uma segunda lua de mel... Então colocar a mão na massa depois que
a casa estava livre foi um stress!
Quase
que Demi desistiu porque não conseguia entender certas exigências da amiga,
porém havia um senhor bonitão de olhos verdes que sempre conseguia acalma-la
com beijos e com uma voz tão calma e deliciosa de se ouvir. Joseph. Ele era um
amor e depois da descoberta sobre os pais meses atrás, a decisão de Demi de se
afastar de Dianna e Inácio estava valendo muito a pena porque passar o tempo
com Joe era incrível.
Dormiam
vestidos e acordavam nus. Brigavam por besteiras, mas era de lei encontrar um
ponto de paz com beijos e declarações melosas. Quando chegava do trabalho na
Gyllenhaal, Demi ansiosamente tomava um caprichado banho para se arrumar num
pijama ou com as roupas deliciosas de Joe. Não passavam muitos minutos para ela
estar ofegando e com a testa suada nos braços do namorado no primeiro lugar
seguro que encontravam. Ele conseguia esgota-la naquele restinho de tarde e
juntos eles dormiam abraçados até por volta das sete da noite quando o maldito
celular despertava indicando que estava no horário de Joe começar a se arrumar
para trabalhar como vigilante. Era a pior parte, mas Demi não podia ser egoísta
de querer ter Joe apenas para ela. Então tudo funcionava muito bem entre eles.
As conversas, o namoro, as risadas, a cumplicidade, a amizade com Ed e Selena. Não
dava para ser mais feliz e se sentir realizada.
Por
volta de uma hora da manhã, o som da casa de Selena continuava no último volume
e elas tinham perdido o controle da quantidade de convidados... Ficou combinado
de apenas convidar os primos e primas de Sel, algumas pessoas da Gyllenhaal e
os colegas de Ed. Mas lá estava a casa transbordando de pessoas que se
divertiam de forma peculiar e engraçada...
Enquanto
as fantasias... Não era esperada outra coisa daquele casal, seria absurdo se
fosse diferente. Bruce Wayne não era moreno e não tinha olhos verdes,
geralmente o personagem era descrito nas histórias em quadrinhos como
caucasiano de olhos azuis ou pretos, porém Demi nunca tinha visto um Batman
mais lindo que aquele. Apenas a região do maxilar estava à mostra, enquanto a
do nariz para cima a máscara do morcego de Gotham cobria o rosto de Joe
deixando a mostra apenas os olhos. Era simplesmente sexy olhar para os lábios e
o queixo. No peito, o símbolo do morcego negro ficou muito bem desenhado, Joe
não era tão definido como o herói, mas o porte físico junto à fantasia poderia
levá-lo as telas de cinema. A sorte de Joe era que o Batman usava capa, pois
caso contrário Demi teria o pirraçado um pouco mais por conta do bumbum.. Ah!
Ele tinha ficado com tanta vergonha a ponto de ficar todo coradinho usando a
máscara do herói mais sério do universo dos super-heróis. Foi simplesmente
fofo! Então a capa do Batman ajudava Joe a disfarçar aquela péssima ideia do
herói usar aquela espécie calça legging depois do cinto de “apetrechos”... Era
que marcava muito o bumbum e se ele ficasse animadinho demais.. A ideia não era
agradável e Joe franziu o cenho emburrado a cada vez que Demi o pirraçou sobre
o assunto e tentou excitá-lo só para rir de como ele ficava com vergonha.
Bem,
enquanto a fantasia de Demi. Jesus. A mulher queria se fantasiar de tantas
personagens. Começou com a ideia da Harley Quinn, zumbi do clipe Thriller, depois
Poison Ivy, Mulher Maravilha, então Harley Quinn novamente, Super Girl, Bat
Girl, até que finalmente e depois de deixar todos cansados, Demi decidiu que se
fantasiaria de Mulher Gato, o par romântico do Batman. E se tinha uma coisa que
era certa, era: a roupa colada de um material que parecia couro tinha chamado
muito atenção! Começava pelas curvas do corpo, então o bumbum.. Joe não estava
muito contente porque parecia que o bumbum da namorada naquela roupa apertada
de couro preto que ainda por cima tinha certo brilho parecia uma luz no final
do túnel! Todos, sem exceção, que passavam perto de Demi tinham que encarar o
bumbum dela nem que fosse por questão de segundos.
- Aí, eu mereço. – Selena deveria ter bebido
um pouco além da conta. O cabelo estava tão charmoso jogado de lado, a roupa
era preta e colada com um belo decote. No rosto havia uma sutil máscara
protegendo apenas a região dos olhos, como era característica da Canário Negro.
Selena não fazia ideia de quem aquela personagem era no mundo dos quadrinhos, apenas
escolheu se fantasiar como ela porque a achou bonita. Só que não tinha sido uma
boa ideia combinar com Ed que as fantasias que eles usariam seriam surpresas. –
Ed, você acha que eu sou tonta? – Perguntou Selena sem entender como o namorado
iria conseguir abraça-la com aquelas coisas nos braços... E Demi, abraçada a
Joe, riu da cara da amiga.
- Sel, eu pensei que você tinha entendido o
recado. Eu deixei referências sobre lagostas em tudo que falei com você. – Sim,
Ed usava uma fantasia de um alaranjado avermelhado de lagosta e Selena estava uma fera
porque não achava nenhum pouco legal à fantasia do namorado. – Você é a minha
lagosta. – Disse Ed a olhando nos olhos e Selena nem mesmo sorriu, só franziu o
cenho com a gargalhada exagerada de Demi.
- A Sel não conhece a teoria das lagostas
apaixonadas da Phoebe. – Disse Demi se referindo à personagem da série Friends na
tentativa de ajudar Sel e Ed com aquela incompatibilidade de fantasias.
- Vocês dois vão me deixar louca. – Disse
Selena aproveitando para pegar uma bebida quando teve a oportunidade. – Que
diabo de lagosta... Eu odeio lagosta. – Resmungou para Ed. Não tinha jeito. Ele
era um cara grande e estava engraçado numa fantasia desjeitosa com as mãos em
formatos de garras, duas antenas na cabeça e um corpo do formato de uma garrafa
de refrigerante. – Você não está fantasiado de Seu Siriguejo do Bob esponja?
Faz mais sentido. – Disse Selena parando para olhar para o namorado de cima a
baixo de cenho franzido enquanto bebericava a bebida.
- O Seu Siriguejo é um caranguejo, Sel. Eu
sou uma lagosta. – Disse Ed já tão cansado e frustrado.
- Sel, o que a Phoebe queria dizer era que a
Rachel era a parceira do Ross, ou seja, eles estavam apaixonados e deveriam
ficar juntos. Ela usou uma analogia para compara-los com algo que ela inventou
sobre lagostas se apaixonarem e ficarem juntas para sempre uma segurando a
garrinha da outra. – Disse Joe todo calmo e fofo a ponto de Demi se agarrar a
ele e suspirar toda apaixonada. – O Ed é a sua lagosta, você não é a lagosta
dele? – Joe sorriu quando Selena desviou o olhar do dele para olhar nos olhos
de Ed, que a abraçou e tentou colocar uma mecha do cabelo dela atrás da orelha
sem muito sucesso por conta das garras de lagosta.
- Você é minha lagosta, Sel? – Perguntou Ed
a Selena, que o beijou segundos depois. O beijo foi aplaudido e recebeu tantos
assovios porque desde o início da festa a lagosta tinha sido rejeitada pelo
Canário Negro.
- Você não tem uma lagosta, Dem. – Disse
Selena aninhada nos braços de Ed mesmo sem jeito e olhando para Demi, que
sorriu arqueando uma sobrancelha.
- Eu tenho o morceguinho mais fofo e sexy do
mundo, não preciso de uma lagosta. – Enquanto Demi enchia Joe de beijos
exagerados no rosto, Selena e Ed riram da reação do rapaz que nada mais era que
caretas e porque exagero era pouco para definir o que Demi fazia com ele. – Meu
bebê é fofinho, Sel. – Demi aproveitou para morder o queixo de Joe e tentou não
sorrir quando ele se curvou para beija-la na boca brevemente.
- Ótimo, porque essa lagosta sexy é só
minha. – Selena nem mesmo olhou para Demi, a atenção estava toda voltada para Ed,
que não estava nenhum pouco diferente dela. O beijo que eles trocaram foi muito
mais íntimo e apaixonado que deveria porque estavam em público. – Eu vou
mostrar uma coisa para o Ed lá em cima. – Disse Selena mais concentrada em Ed
que em qualquer outra coisa.
- A Sel vai me mostrar uma coisa lá em cima.
– Disse Ed ansioso para ficar sozinho com Selena lançando um breve olhar para
Joe e Demi para depois fitar os olhos marrons da namorada.
- Será o que a Sel vai mostrar para o Ed? – Não
era possível que ele estava fazendo aquela pergunta. Demi franziu o cenho
desviando o olhar de Selena e Ed que caminhavam apressadamente de mãos dadas na
direção do andar de cima. O pior foi que quando ela olhou para Joe, percebeu
que ele não estava brincando, não havia nenhuma malícia na pergunta.
- Joe. – Só foi preciso Demi arquear uma
sobrancelha, claro que demorou alguns segundos a Joe processar o que ela queria
dizer, mas depois que aconteceu ele sorriu envergonhado e desviou o olhar do
dela. – Vamos lá fora? Eu também quero te mostrar uma coisa... – Demi riu
quando Joe se curvou para beija-la na boca e a abraçou apertado contra o corpo.
Aquele momento era para ser carregado de segundas intenções, mas não passou de
beijos e sorrisos largos felizes.
- Eu estou ansioso para saber o que você
quer me mostrar. – Mesmo que era naturalmente lerdo e inocente, às vezes Joe
tinha seus momentos.. A se tinha! Demi sorriu corada com o olhar que recebeu do
namorado, e automaticamente caminhar com Joe pertinho fez com que o corpo se
aquecesse mais do que deveria já ansioso para o que estava por vir.
- Joe.. – Demi até fechou os olhos quando
foi abraçada por trás e beijada no pescoço depois de ter o cabelo
cuidadosamente afastado da região. Sempre que ele fazia aquilo, o coração
faltava sair pela boca. Beija-lo na boca foi como realizar um sonho porque Joe
estava maravilhoso naquela fantasia. Demi até franziu o cenho levando uma mão
para acaricia-lo no queixo enquanto o beijava na boca e o acariciava no peito
largo. – Você vai me matar.. – Sussurrou porque Joe tinha interrompido o beijo
para beija-la no pescoço dando chupões molhados naquela região e atrás da
orelha.
- Você está linda, Dem. – Foi complicado
entender as palavras dele porque os lábios de Joe estavam sobre o pescoço
feminino. – Nós precisamos encontrar um lugar sossegado. – Comentou olhando
brevemente onde estavam. Era o fundo da casa onde alguns carros estavam
estacionados, a piscina coberta com uma capa e espreguiçadeiras ocupadas por
pessoas que também namoravam.
- Vamos procurar um quarto.. - Disse Demi ao
se virar para beijar o pescoço de Joe e depois o mordiscar no queixo. - Você
está tão lindo com essa fantasia, só vamos devolvê-la depois que você realizar
todos os meus desejos, cowboy. - Demi sorriu ao olha-lo nos olhos e se sentiu
nas nuvens quando Joe a abraçou e a beijou os lábios.
- Eu digo o mesmo, gatinha. - Joe sorriu e
depois abraçou Demi de lado. - Aqui está muito bom, mas eu queria ir para casa.
Me sentiria mais à vontade para a gente namorar. - Disse ajudando Demi a subir
o primeiro degrau da escada que levava aos andares superiores da casa de Sel,
já que a namorada usava um sapato de salto muito alto.
- Eu também preferiria, querido. Só que será
divertido uma rapidinha. - Demi sempre sorria quando eles tinham que enfrentar
aquele tipo de situação porque Joe era tímido e tão politicamente correto para
pensar em qualquer coisa daquele tipo. - Nós já fizemos isso na Gyllenhaal. Não
vai ser tão emocionante como lá. - Demi abraçou o braço de Joe e envolveu os
dedos nos dele para que pudessem caminhar juntos. A festa estava animada, mas
já se era de imaginar como Selena ficaria furiosa no dia seguinte. As pessoas
não tinham um pingo de consideração e educação. Jogavam copos descartáveis no
chão e faziam bagunça sem nenhum pudor.
- Eu vou estar com você, é o que importa. - Disse
Joe a olhando nos olhos e Demi mordeu o lábio inferior e colocou uma mecha do
cabelo atrás da orelha ainda sustentando o olhar do namorado.
E eles encontraram um espaço livre? A resposta era
negativa. Nos cômodos que não estavam trancados havia um casal ou até mais de
um... Foi até engraçado para Demi ver como Joe ficava assustado e terrivelmente
envergonhado nas vezes que eles encontravam um casal que já tinha passado dos
beijos.. Ah! E Selena e Ed estavam inclusos. Demi segurou o riso porque a porta
do quarto de Sel tinha ficado entreaberta e bem.. Através da brecha dava para
ver muito bem o que acontecia entre os amigos. A fantasia de lagosta de Ed mal
tinha sido tirada e bem, o resto era de se imaginar. Para protegê-los de
pessoas mal intencionadas, Demi fechou a porta do quarto e frustrada caminhou
na frente puxando Joe pela mão porque ele fazia corpo mole.
- Nós poderíamos ir embora, mas a chave dos
nossos apartamentos está no quarto da Sel. - Resmungou Demi quando o
namorado a abraçou por trás. - Eu estou ficando entediada. - Murmurou
manhosa virando-se para beijar Joe brevemente nos lábios quando ele se curvou.
- Eu tive uma ideia. - Joe tinha parado para
tirar aquela máscara do rosto porque estava começando a incomodá-lo de calor.
Deveria ser difícil demais ser um super herói por conta da vestimenta. Era
fato. - Prometo que você não vai ficar entediada, não comigo amor. - Demi
sorriu porque o cabelo antes arrumadinho de Joe estava uma completa bagunça. Os
fios estavam médios e ficavam tão fofos quando Joe os penteavam de lado
resultando na frente um topete rebelde.
- Eu sei que não. - Ela ainda bagunçou mais
o cabelo do namorado e quando o abraçou, sentiu-se verdadeiramente feliz.
O sentimento era real e senti-lo chegava a ser
emocionante. Joe tinha razão quando disse que ela não ficaria entediada.
Sentaram-se na primeira espreguiçadeira livre e a hora pareceu não passar
porque as histórias de Joe eram envolventes, divertidas e tão espontâneas, e a
cada vez que ele falava do futuro que queria ter com ela, Demi o observava
atentamente sentindo o amor por Joe aflorar de uma forma que ela nunca chegou
perto de sentir por outra pessoa. O coração pedia sempre para que ela ficasse
ao lado dele até o último suspiro, o medo de perdê-lo era um incomodo que Demi
preferia não pensar. Aquele momento foi especial porque enquanto o dia nascia
em Nova York, mais uma vez Demi teve certeza que tinha feito a escolha certa e
estava imensamente feliz por tudo que tinha feito e conquistado nos últimos
meses.
Flashback off
Ao se lembrar da festa
de Halloween de Sel, Demi se sentiu tão triste porque era uma das melhores
lembranças que ela tinha de Joe. Naquela noite a paixão e o amor que sentia por
ele se elevaram a um nível que ela nunca tinha estado e sequer sentido. Era
doloroso pensar que Joe tinha mentido. Não era algo que dava para simplesmente
relevar, por mais que Demi sabia que os sentimentos dele por ela eram
verdadeiros. Era o motivo que ela estava sentada naquela poltrona de avião por
mais de duas horas esperando ansiosamente que a aeromoça anunciasse que pousariam
em Nova York.
O pior era que o
tempo não passava. A cabeça começava a doer a ponto de os olhos ficarem
irritados. Deveria ser por conta do choro. Foi difícil se despedir de Joe,
Deus! Como foi difícil! Joe tinha segurado o choro desde que Demi se despediu
do pessoal na fazenda, durante o caminho para Austin, ele disse poucas palavras
assim como ela, que permitiu como contato apenas um toque de mãos. Então no
aeroporto eles não conversaram durante uma hora até o voo ser anunciado. Porém
quando se despediram.. Doeu tanto. Não era como se Joe fosse voltar para Nova
York dentro de poucos dias, foi como uma despedida para toda vida e nenhum dos
dois ficou bem.
Demi tinha
recorrido às músicas para tentar distrair a mente, porém não deu muito certo
porque em pouco tempo ela já tinha criado tantas teorias e pensado sobre Joe
freneticamente. Agora sentada à poltrona, o sono estava demorando demais para
vir, dormir costumava melhorar tanto as coisas, claro que Demi sentia que
desabaria quando estivesse nos braços de Selena em Nova York porque lá a
realidade seria nua e crua mostrando que ela não tinha mais Joe como namorado e
que as mentiras dele doíam.
Como não podia
lutar contra a saudade, a tristeza e angustia, Demi se deixou vencer pelos
sentimentos e eles fizeram dela uma escrava do choro e tornou o peito um buraco
vazio que doía muito. Ao menos eram apenas lágrimas sem soluços ou sons que
mostravam as pessoas que ela estava chorando. Demi se ajeitou da melhor forma
possível agradecendo por ter comprado a poltrona que ficava ao lado da janela
do avião, assim ela podia ficar de costas para o colega ao lado evitando
constrangimentos.
Quando o sono veio
já era tarde demais. Demi dormiu vencida pelo cansaço de sentir o coração e a
cabeça doerem por tanto tempo. O sono era a única saída que oferecia paz e tranquilidade,
e mesmo que de mau jeito, Demi dormiu até que o avião pousou em Nova York mais
de dez horas da noite para acordar com a aeromoça a chamando.
Por que eles
precisavam de tanta neve? Estava dez vezes pior do que a neve de três dias
atrás. Então sair do avião usando apenas uma blusa de moletom “fina” foi
praticamente o mesmo que sair nua numa noite fria. O céu chegava estar cinza e
os flocos de neve derretiam a pele quente. Demi caminhou o mais rápido possível
para dentro do aeroporto onde os aquecedores quebrariam mais aquele gelo com um
delicioso calor artificial, a última coisa que ela precisava era ficar
resfriada.
Se fosse da vontade
dela, as malas ficariam naquele aeroporto até que o corpo estivesse mais
disposto e ela com mais paciência, porém havia o comprometimento com as roupas
de Selena e Isabella. Demi sabia que Selena surtaria, caso ela perdesse alguma
roupa, e provavelmente Bella também já que ela muito parecia com Selena, claro
que tirando todo o stress e o perfil autoritário. Então pedir ajuda aos
seguranças não foi complicado e em questão de segundos Demi já tinha as três
enormes malas esperando por ela.
- Demetria, eu estava preocupada. – Selena
tinha esperado por Demi por mais de duas horas porque tudo que ela sabia estava
na mensagem que Demi tinha enviado antes de entrar no avião: “Estou voltando para casa, pode me buscar no
aeroporto? Não diga nada aos meus pais e nem as meninas.”. – Jesus Cristo,
quem eu vou ter que matar? – Disse Selena de cenho franzido porque Demi não
disse nada, deixou a bolsa cair no chão e a abraçou com força. Aquilo não era
nada bom. Sel trocou um breve olhar com Ed, que também estava preocupado, e
deixou que Demi a abraçasse pelo tempo que ela achava necessário. – Ei, Dem,
fala comigo. – Disse Sel minutos mais tarde mais preocupada que antes e foi aí
que Demi desfez do abraço para levar as mãos ao rosto e franzir o cenho.
- Oi. – Disse Demi. Se tinha algo que Selena
sabia sobre a amiga era que sorrisos forçados não indicavam boa coisa. Era através
deles que Demi tentava esconder toda a dor que sentia e como o coração estava
machucado. Foi assim com André anos atrás e agora não dava para acreditar que
estava acontecendo novamente. – Desculpa por avisar em cima da hora, eu estava
com um pouco de pressa. – Elas se olharam por tantos segundos, e Sel não
quebraria aquela troca de olhares tão cedo, só que Demi o fez primeiro para
esboçar aquele lindo sorriso falso para Ed. – Espero que você tenha cuidado bem
da minha menina e da Lucy. – Disse
Demi a Ed o olhando nos olhos e o rapaz franziu o cenho.
- Bem.. Eu não tenho boas notícias. – Disse
Ed coçando a nuca e Selena revirou os olhos porque não era para dizer nada
sobre o assunto até que ela descobrisse o porquê da repentina volta de Demi
para Nova York e ainda por cima sem Joseph, mas não precisava ser muito esperto
para saber o motivo...
- Jesse! – Reclamou Selena olhando para o
namorado, que deu de ombros.
- A Lucy fugiu hoje à tarde, eu a procurei
por três quarteirões e não a encontrei. – Ed se sentia péssimo. Ele murmurou um
“eu sinto muito” todo murcho e tímido, o que era estranho para alguém como ele.
- Como isso aconteceu? – Perguntou Demi
sentindo a cabeça doer. Tudo que Demi conseguia pensar era que a cidade era enorme,
estava nevando muito como era comum em Dezembro e Joe ficaria tão preocupado
quanto ela. – Nós precisamos encontra-la. – Disse aflita esquecendo um pouco
mais a história com o ex-namorado.
- Eu acionei a polícia e colei alguns
cartazes com uma foto e os dados dela. – Disse Ed envergonhado e todo culpado.
– Você sabe como ela é ansiosa para passear... Esqueci a porta aberta porque eu
estava com pressa para colocar o Harry na cama, ele estava com febre e precisei
busca-lo mais cedo na escola. – Explicou-se e só restou a Demi assentir. Ao
menos Ed já tinha tomado uma atitude para encontrar a pequena.
- Nós resolvemos isso amanhã. – Disse Sel
olhando para Ed para depois para Demi. – Agora nós vamos para casa descansar. –
Sel sorriu quando Ed tirou a jaqueta que vestia ficando apenas com o suéter de
lã para vesti-la em Demi. – Tudo bem? – Perguntou ao perceber que Ed estava
distraído guiando as duas malas maiores enquanto Demi guiava a menor.
- Está tudo uma bagunça, eu só estou cansada
e preciso muito de você. – Disse Demi olhando para Selena de cenho franzido. –
Nós conversamos depois, eu não estou com cabeça para nada. – Era compreensível.
O corpo estava tão pesado, sensível e
a cabeça dolorida por conta do choro. Demi se sentia mal a ponto de ter ânsia
de vomito, geralmente acontecia quando ela ficava muito cansada, então tudo que
desejava era poder ir para o apartamento descansar bastante.
A jaqueta de Ed
ajudou a combater o frio. Ficar exposto ao tempo não era uma boa ideia, os
poucos segundos que demoraram fora do carro para guardar as malas foi uma tortura!
Demi tinha se esquecido de como era difícil conviver com toda a neve, era
bonito apenas em filmes, e na vida real causava um transtorno para realizar
simples tarefas. No banco de trás do carro Demi descansou a cabeça e por
algumas vezes olhou pela janela de vidro embaçado os seus lugares favoritos de
Nova York. Mesmo que o tempo não colaborava, aquela cidade era o lugar onde ela
tinha crescido e amava com todas as forças.
- Tenha cuidado, meu amor. – Disse Selena a
Ed que se preparava para ir embora do apartamento de Demi. – Se o Harry piorar,
me liga que o levamos ao hospital. – Ed assentiu se curvando para beijar os
lábios da noiva e depois se agachou para beijar a barriga e conversar com o
bebê.
- Cuida do nosso garoto, princesa. Amanhã
passo aqui cedo para te levar para casa. – Selena assentiu gostando muito de
todo o cuidado que Ed tinha para falar com ela e do carinho que ele fazia.
Naqueles últimos dias Sel se sentia sensível, carente e necessitada dos
carinhos do namorado, que se saía muito bem em protegê-la e amá-la. – Amo muito
vocês. – Ele disse novamente olhando nos olhos da amada e acariciando a barriga
de grávida que já aparecia. – Dem, eu estou indo. – Disse Ed olhando para Demi,
ela estava largada no sofá de olhos fechados, mas não dormia porque vez ou
outra franzia o cenho e fazia expressões que certamente faziam jus aos
pensamentos. – Demi, estou indo. – Tornou a dizer Ed trocando um breve olhar
com Selena.
- Obrigada pela carona, deseje melhoras para
o Harry por mim. – Disse Demi se sentindo incapaz de ficar de pé para se
despedir de Ed com um abraço. – Nós procuramos a Lucy amanhã quando você
estiver livre, vou chamar as minhas irmãs para nos ajudar. – Era uma excelente
ideia. Elas eram muitas e se dividissem-se, as chances de encontrar a cadelinha
seriam bem maiores.
- Tudo bem. Descansa bastante e fique bem,
Dem. – Ed se aproximou e gentilmente a beijou na testa todo carinhoso e
protetor. – Juízo, garotas. Qualquer coisa é só ligar, amo vocês. – Ele disse
se despedindo de cada uma com um breve beijo.
- Eu vou tomar um banho. – Disse Demi
minutos mais tarde. Ela não poderia ignorar Selena para sempre, não era o que
fazia, só que provavelmente era o que parecia já que estava deitada e tão calada
olhando para o nada.
- Você está com fome? Posso preparar algo. –
Disse Sel gentilmente se sentando na beiradinha do sofá antes que Demi se
levantasse apressada.
- Se não der trabalho, um sanduiche natural não
seria ruim. – Demi forçou o melhor sorriso que podia, levantou-se erguendo o
tronco e voltou à atenção para o bebê que Sel carregava no ventre. – Não passei
uma semana fora e parece que foi uma eternidade. Ele está enorme. – Comentou
guiando a mão para acariciar a barriga sobre a jaqueta e Selena sorriu se
deitando ao sofá toda manhosa. – Você vai ser mãe, Sel. – Disse Demi segundos
mais tarde. Ela tinha afastado o suéter para conseguir tocar a barriga pele na
pele e depois se curvou para beijá-la um tanto emocionada.
- Eu sei, meu amor. – Disse Selena sorrindo
para Demi. – Estou tão feliz com o meu bebê, ele me completa e agora eu só me
sinto feliz e satisfeita. – Sorrindo, Demi se curvou e beijou a bochecha de
Selena se acomodando ao lado no sofá. – Não vai tomar banho para ajudar a
relaxar? Está ficando tarde e nós precisamos descansar. – Disse minutos mais
tarde depois de muito ficar abraçada a Demi sem dizer uma palavra.
- Estou indo. Não vou demorar, está muito
frio. – Então entrar para o quarto foi uma surpresa para Demi porque parecia
que o consciente queria traí-la, só podia. Assim que adentrou o cômodo, a
primeira coisa que identificou foi o ursinho de pelúcia que ela tinha ganhado
meses atrás de Joe. Demi pegou a gatinha nas suas cores favoritas: rosa e roxo,
e exatamente se lembrou de como Joe estava fofo e todo tímido naquela noite que
jantaram no apartamento dela.
O plano não era
chorar no banho. Demi achou que estava cansada demais para continuar chorando,
mas depois que viu o ursinho de pelúcia que tinha ganhado de Joe, as lembranças
sobre ele não foram embora num estalar de dedos. As lágrimas só cessaram quando
Demi teve que enxuga-las rapidamente ao ouvir a voz de Selena chamando por ela,
porém sabia que não seria simples explicar a amiga que não estava chorando
porque a ponta do nariz estava rosada e os olhos inchados.
- Dem, eu fiquei com muita vontade de comer
hambúrgueres. Improvisei a carn.. – Selena terminava de fatiar os tomates, o
celular tocava Take me church num
volume moderado e no fogão havia uma panela onde fritava mais carne. – Você
parte o meu coração quando fica assim. – Comentou Selena sem conseguir pensar
em mais nada que envolver Demi num abraço apertado. Era verdade. Toda vez que
ela se deparava com a amiga a olhando como um animal assustado, o coração se
partia em milhares de pedaços. – Vamos fazer assim, eu vou terminar aqui e nós
duas vamos ficar embrulhadas no sofá da sala assistindo alguma coisa legal, o
que você acha? Mas se você quiser conversar agora,
nós também podemos. – Perguntou por que sabia que seria bom para Demi
distrair. Filmes, séries e animações sempre a envolviam.
- Eu estou sem fome. – Ronronou Demi
limpando as lágrimas. – Estou sem vontade de comer, assistir.. Meu coração está
doendo tanto e eu estou confusa. – Selena quis chorar junto com Demi quando ela
foi abraçada novamente. Uma coisa era certa: Sel mataria um por Demi.
- Eu odeio isso.. – Resmungou Selena. – Mas
você precisa comer, e você vai comer. – Da última vez que Demi ficou mal por um
fim de namoro daquela forma, ela ficou sem comer, sem assistir aulas, faltou o
trabalho e só sabia chorar. Sel sabia que ter o coração partido doía, mas não
deixaria que a amiga entrasse naquele estado caótico novamente. – Seja lá o que
aconteceu, nós vamos superar juntas. – Disse Sel olhando nos olhos de Demi
enquanto enxugava todas aquelas lágrimas. – Senta que eu já vou servir. – Demi
fez careta, mas desanimadamente se acomodou numa das cadeiras da cozinha se
lembrando da vez que ela se sentou ao colo de Joe quando ainda eram amigos e o
beijou como se não houvesse o amanhã, e também teve aquela vez que eles fizeram
amor no balcão de mármore enquanto cozinhavam.
- Sel. – Resmungou Demi porque Selena tinha
feito um hambúrguer com duas camadas de queijo, carne, fora as outras coisas.
Era comida demais para uma mulher cansada e deprimida. – Se eu não comer, você
vai me bater. – Murmurou arrumando o hambúrguer nas mãos de uma forma que não
desmancharia na primeira mordida.
- Dem, parece que você nunca comeu um
hambúrguer. – Reclamou Selena mostrando a
amiga como ela deveria segurar o pão. – Manda vê. – As duas morderam ao
mesmo tempo e acabaram sorrindo.
- Está gostoso. – Comentou Demi esboçando um
pequeno sorriso para Sel. – Só muito grande. – Disse olhando a quantidade de
ingredientes que havia dentro do pão. – Você tem que trabalhar amanhã? –
Perguntou Demi olhando para Selena. A vontade era de ficar com a amiga debaixo
da coberta para sempre.
- Tenho. Resolvi voltar antes de a licença
vencer, vou pedir demissão. – A licença era a de quinze dias que Sel recebeu
para se recuperar do ataque de Mary, assassina de Jason Gyllenhaal.
- Você se importa se eu não comer tudo? –
Perguntou Demi minutos mais tarde. O máximo que ela tinha conseguido era a
metade do hambúrguer, que por um milagre conseguiu envolvê-la por algum tempo
sem pensar em Joe. – Estou satisfeita. – Disse colocando o resto sobre o prato
e Selena assentiu.
- Tudo bem, também estou satisfeita. – A
diferença era que Sel tinha conseguido comer tudo.
Como era tarde,
organizaram brevemente a bagunça da cozinha deixando a maior parte para o dia
seguinte, já que a água da torneira ficava muito mais gelada à noite. Estava
frio o suficiente para que usar três pares de meias fosse algo normal. Para
ajudar a coberta, foram necessárias mais duas garantindo que nenhum frio
incomodaria.
- Eu terminei com ele. É para valer. – Disse
Demi quebrando o silêncio da noite e Selena umedeceu os lábios e se deitou de
lado para olhar a amiga. – Dessa vez não tem volta, não tem perdão, não tem nada que me faça voltar para ele. – Demi
não chorou como pensou que faria, porém o peito esquerdo estava tão dolorido de
angustia, um nó estava formado na garganta e não havia nada capaz de animá-la.
- Eu tenho até medo de perguntar o que ele
fez. – Disse Selena tão preocupada. Demi jamais falaria daquela forma se não
fosse algo muito mais sério que o quase beijo com Evelyn.
- Sel, eu passei seis meses namorando um
cara que não existe. – Murmurou desanimada
olhando para o teto do quarto. Talvez ela estivesse exagerando um pouco, mas se
sentia tão péssima e machucada que não pouparia palavras para descrever como se
sentia. – Ele mentiu de novo para mim, tudo que eu vivi nesses últimos meses é
algo que.. que não era para ser assim. – Disse sentindo a cabeça doer e Selena
franziu o sem entender o que Demi queria dizer. – O Joe tem insuficiência
cardíaca, ele não está bem e ele só me disse isso ontem porque ele me contou
que na noite de formatura da Rose, ele bebeu muito, foi drogado e acabou
beijando a menina e fez Deus sabe lá o que.. Ele descobriu uma semana depois do
Halloween e não me disse nada porque
estava com medo de estragar a minha felicidade. – Demi olhou brevemente para
Selena e franziu o cenho. – Eu estou cansada de mentiras. Pensei que ele tinha
aprendido com a mentira sobre os meus pais. Sempre deixei muito claro que
jamais deveríamos mentir ou esconder algo um do outro. Em todo esse tempo,
sempre fui verdadeira com ele. O que aconteceria se algo sério tivesse
acontecido nesse tempo? Eu tinha todo o direito de saber desde o início, Sel.
Eu lutaria junto com ele, eu faria o meu impossível para que a gente
conseguisse vencer. Eu me sinto traída e nada que ele disser vai mudar como eu
me sinto. – Demi se virou e abraçou Selena procurando se sentir segura. – Ele
mentiu para mim, ficou com a Rose com a justificativa que só queria se divertir
e acabou acontecendo, ele não se lembra de nada. Tudo que eu queria era me
desculpar por ter sido preconceituosa com o lugar onde ele nasceu, precipitada
em julgar a família dele e egoísta por ter olhado apenas o lado do meu pai. Nós
ficaríamos bem, faríamos uma viajem incrível e.. Eu estava disposta a enfrentar
o mundo para ficar com ele. – Demi fechou os olhos quando sentiu o beijo de
Selena na testa. – Me coração está partido, e tudo que eu consigo pensar é que
eu não quero que o Joe morra, eu não quero perdê-lo de forma alguma, mas eu não
consigo estar com ele porque acabou toda confiança. – Selena assentiu limpando
as lágrimas de Demi. Era difícil se impor diante daquele tipo de situação, mas
Sel tinha se atentado a todos os detalhes e tentava entender Demi e o que Joe
tinha feito.
- Dem.
Eu te entendo e acho que não faria diferente se estivesse no seu lugar. –
Disse Selena pensando bem no que deveria dizer.
- Não é como se eu estivesse o descartando
porque ele não funciona mais, você entende? – Perguntou toda chorosa abraçando
Selena que assentiu prontamente.
- Isso é tão sério, Dem. – Selena franziu o
cenho quando olhou para Demi e se acomodou melhor a cama. – O que você sabe
mais sobre a doença? – Perguntou a olhando nos olhos e Demi franziu o cenho
irritada.
- Eu não sei, estou pensando em conversar
com a Anna, ela com certeza saberá me informar melhor. – Disse e Sel assentindo
sabendo que Demi só estava brava com Joe, ela não o deixaria sozinho. – O Joe
disse que descobriu nas consultas aqui em Nova York, e que é grave, ele
provavelmente precisará de um transplante. – Demi murmurou um palavrão e
emburrada franziu o cenho se agarrando a Sel. – Ele é maluco, Sel. Ele está
correndo risco de vida mais que o normal e não está se cuidando. – Se ela que
não tinha nenhum problema cardíaco tinha quase tido um ataque do coração ao
subir para aquela casinha da árvore, imagina Joe? Tudo bem que ele já era
acostumado, mas será que ele não pensava que seria muito complicado ajuda-lo
caso ele começasse a se sentir mal há metros do solo firme?
- O que ele decidiu? Ele vai ficar no Texas
ou voltará para cá? – Perguntou Selena e Demi franziu o cenho sentindo o peito
doer com a ideia de Joe ficar no Texas. Significava que ela não o veria por um
bom tempo.
- Eu não sei.. Depois que eu terminei com
ele, nós conversamos pela amanhã quando eu disse que estava voltando para casa,
depois ele teve que sair para ajudar o tio com os cavalos porque estava
chovendo. – Aquela era a parte que Demi mais se arrependia. Ela deveria ao
menos ter enchido Rose de boas palmadas, valeria a pena já que ela nunca mais
voltaria ao Texas. – Eu conheci a Rose hoje pela manhã. Pensei que ela era
apenas uma adolescente apaixonada, mas é uma cobra venenosa. Eu quase bati
nela. – Resmungou irritada. – Ela age como se o Joe fosse uma propriedade
apenas dela sempre tentando protegê-lo e conquista-lo. Ele machucou o tornozelo
e tomou banho de chuva, você tinha que ver como ela fingiu estar preocupada.
Ela me disse tantas coisas.. Garota estúpida. – Selena quase sorriu de como
Demi estava possessa, só não o fez porque sabia que receberia um olhar feio. –
Nós fizemos amor hoje pela manhã. Eu chorei nos braços dele, eu o quero de
volta, mas eu não consigo. – E como era de costume, Selena abraçou Demi quando
as lágrimas rolaram violentas e em grande quantidade.
- Você já pensou em como deve ter sido
difícil para ele descobrir que está doente? – Perguntou Selena com toda cautela
do mundo e Demi assentiu de cenho franzido.
- Eu sei, Sel. Mas eu o amo e só quero que
ele fique bem e feliz. Seria difícil, mas nós estaríamos lutando contra isso
tudo juntos desde o começo. – Disse chateada. A verdade era que Demi odiava a
ideia de perder Joe, e também o fato dele ter mentido durante semanas e mais
semanas! – Eu vou dar todo apoio que ele precisar, mas como amiga. – Disse
fitando os olhos de Selena. Aquele seria um longo e doloroso caminho.
***
Não existia
sensação melhor que dormir com Selena. Demi a abraçou por trás durante toda a
noite descansando as mãos sobre o volume da barriga, e mesmo quando se deitou
ficando de barriga para cima para Sel se deitar com a cabeça apoiada nos seios,
ainda foi muito bom. As duas ficaram juntas e se aqueceram tornando o sono
delicioso e o descanso perfeito para quem estava cansada de chorar.
- Ei, meu
bebê, acorda. – Selena sorriu desejando poder compartilhar mais tempo com
Demi naquela cama quentinha. Ela já tinha se levantado para escovar os dentes e
lavar o rosto quando o celular tocou com a ligação de Ed. – Dem, estou indo. – Se
tinha alguém que sempre seria manhosa, aquele alguém era Demi. Ainda em sono
ela murmurou e puxou Selena para se aninhar a ela porque adorava dormir
abraçada a outra pessoa. – Hum, acorda Dem,
estou indo. – Não era para se esperar menos. Selena riu quando Demi tentou
beija-la, provavelmente pensando que era Joe. – Estou indo para casa agora,
Demetria. – Não fez mal beija-la na brincadeira no pescoço. Selena riu cedendo
ao abraço e fez careta quando a amiga abriu os olhos como se a pouca luz do
quarto fosse capaz de cega-la. – Dorminhoca, vou trabalhar. Vejo você no almoço
ou mais tarde, tudo bem? – Perguntou fazendo o mesmo biquinho que Demi fazia.
- Eu preciso de você aqui comigo, Selly. – Ronronou Demi manhosa como uma
criança e sonolenta. – Como vou viver esse dia sem você? – Selena a olhou nos
olhos e beijou o topo da testa da amiga sabendo que seria muito difícil para
ela ficar sozinha e pensando em Joe.
- São apenas algumas horas, eu venho te ver.
– Disse Selena a olhando e então quando o celular começou a tocar novamente,
Sel soube que era Ed. – Aproveita para dormir bastante, se quiser, posso te
pegar para o almoço. – Era muita informação para quem tinha acabado de acordar.
Demi assentiu porque sabia que não tinha escolha e também não poderia
atrapalhar Sel com o trabalho.
- Obrigada por dormir comigo. – Disse se
erguendo. – Tenha um bom trabalho, Sel. – As bochechas coraram um pouquinho
quando Selena a olhou sorrindo, e o motivo provavelmente estava relacionado com
o fato de ela estar uma bagunça enquanto Selena estava linda de rosto lavado e
cabelo penteado.
- Não agradeça. Qualquer coisa é só me
ligar. – Disse Selena a abraçando pelos ombros e Demi aproveitou para beijar a barriga
da amiga e dizer para o bebê que o amava. – Também amamos você, Dem. Até mais
tarde. – Despedidas eram horríveis! Demi se deitou a cama e ficou olhando na
direção que Selena tinha caminhado como um cãozinho carente esperando pelo
dono.
O correto era
voltar a dormir até quem sabe depois do meio dia, Demi tentou quando abraçou o
travesseiro que Sel tinha usado e protegeu o corpo um pouco mais com a coberta
evitando qualquer possibilidade do frio ataca-la. Então quando fechou os olhos
e relaxou o corpo, o sono não veio. Foram minutos daquela forma, e quanto
estava próximo de completar quase uma hora, Demi franziu o cenho incomodada e
abriu os olhos no mesmo instante que o pensamento veio: “Será o que o Joe está fazendo?” E por auto provocamento, pensou: “Ele deve estar exatamente agora na cama com
a Rose e a Evelyn.”. Bem, agora ele estava solteiro e poderia ficar com
quem quisesse, assim como ela. “Será que o
Joe vai sair com outra mulher?”. Perguntou-se Demi sem ousar em piscar as
pálpebras. Além de solteiro, o ex-namorado
era um cara inexperiente e que com certeza iria querer sair com outra
mulher por curiosidade... “Será que ele
já arrumou alguém?”. Eram muitas perguntas, e Demi franziu o cenho sentindo
uma enorme vontade de bater em qualquer mulher que ousasse em cruzar o caminho
de Joe. “Mas ele está doente.. Será que
ele está sentindo a minha falta?” Demi abraçou mais o travesso e suspirou
tristonha. Tudo que ela queria era que Joe estivesse deitado àquele mesma cama
dormindo serenamente ao lado dela, então mais tarde eles acordariam, teriam uma
maravilhosa rapidinha tomando banho quente e passariam maior parte do dia
juntos.
Ronronando, Demi
ergueu apenas o braço na direção do criado-mudo e pegou o celular. Eram muitas
mensagens a responder. Porém a única que realmente a interessava era dele. O
contato ainda estava com o nome Gatinho. Demi
abriu a conversa e a vontade era de chorar. Joe estava até no wallpaper do WhatsApp dela sem camisa e abraçando Lucy enquanto dormia.
“Chegou bem?” – Joseph.
A mensagem era de
oito horas atrás e Demi se sentiu péssima por ter demorado tanto a responder.
Joe tinha se atentado a todos os detalhes e ainda foi gentil ao perguntar se
tudo ocorreu bem no voo.
“Sim.” – Demi.
O que mais ela
poderia dizer? Era apenas a resposta da pergunta dele, não havia grande coisa
sobre aquela mensagem, mas mesmo assim Demi se sentiu mal por enviar algo tão
breve.
“E você? Chegou bem na fazenda? É uma viagem longa até Austin.”
– Demi.
Ela tinha acabado
de enviar a mensagem e quando Joe a visualizou praticamente no mesmo instante,
tudo que Demi fez foi sair do aplicativo o mais rápido possível. Não estava tão
cedo, eram quase oito da manhã e Demi se perguntou se Joe tinha dormido.
Geralmente ele era muito ansioso e não a surpreenderia se a resposta fosse
negativa. Olhar as mensagens dele escondido pela barra de notificações foi a
melhor estratégia que Demi conseguiu pensar.
“É sim uma viagem muito longa. Tudo
ocorreu bem :)” – Joseph.
“Choveu um pouco mais como mais
cedo...” – Joseph.
“Hum...” – Joseph.
“Você esqueceu a sua blusa de moletom”
– Joseph.
“Vou leva-la quando voltar para Nova
York” – Joseph.
“Como você está?” – Joseph.
Ele não deveria
fazer aquele tipo de pergunta. Era óbvio que ela estava arrasada. Demi pensou
se ele tinha feito com más intenções, mas ela sabia que não.. Joe não era capaz
de tratá-la mal ou com intenções questionáveis. Ele sempre seria um amor e a
vontade era de protegê-lo para sempre. Porém a responder as mensagens, Demi
preferiu abrir a galeria de fotos do celular.
Era um bom número
de fotos, poucas apenas de Demi, na maioria ela estava agarrada a Joe de alguma
forma, às vezes num abraço, um beijo ou literalmente o agarrando com direito a
envolvê-lo com os braços e as pernas. Demi tinha algumas favoritas. Ela se
lembrava muito bem daquela foto. Eles tinham acordado muito tarde naquele
domingo e tinham combinado de sair para almoçar com Selena e Ed. Enquanto Demi
já estava arrumada, Joe vestia apenas uma calça de moletom e calçava
chinelos. O cabelo estava grande
bagunçado e úmido. Em frente ao espelho, o rapaz olhava para o reflexo
de cenho franzido estudando se tirar a barba era realmente uma boa ideia. E
Demi, que já estava impaciente, resolveu dar um desconto para Joe. Da cama ela
o olhou todo sério se barbeando e sorriu de orelha a orelha quando viu que ele
tinha apenas deixado o bigode para fazer por último.
- Você
fica lindo de todas as formas, grandão. – Sussurrou Demi beijando as costas
largas do namorado para depois registrar aquele momento.
Era uma boa
lembrança e ao pensar em como eles tinham se divertido com Sel e Ed naquele
dia, Demi franziu o cenho pensando que não teria mais momentos como aquele e
sentiria muita falta de Joe como namorado. A próxima foto era simplesmente a
preferida. O porte físico de Joe não queria dizer nada sobre o quão amável e
doce ele era. Quem visse aqueles braços largos e o peito largo cabeludo não
imaginária que o rapaz tinha chorado na noite passada com Up Altas Aventuras. Foi tão fofo e Demi só observou Joe se sentindo
sortuda e tão feliz por tê-lo, claro que ele ficou envergonhado, o que tornou o
momento mais fofo porque as bochechas ficaram coradinhas como sempre. Naquela
noite eles dormiram com a televisão ligada, e quem tinha tomado o lugar de
Demi, era Lucy, que se aninhou no peito do dono e dormiu serenamente até que
foi fotografada pela dona.
Demi franziu o
cenho ao se lembrar de Lucy. Ela era tão esperta e indefesa, e estava perdida
numa cidade enorme! Será que a encontrariam? A região que Ed morava era longe
de Manhattan e Lucy não conhecia nada
por lá, ficaria muito difícil para ela conseguir voltar para uma casa conhecida
sozinha, ainda mais com toda aquela neve atrapalhando. Enquanto pensava sobre a
mascote, Demi olhava mais fotos junto à pequena família que agora estava
desfeita, pois ela não tinha mais Joe e Lucy estava perdida. O que faria sem
aqueles dois? Como o dia seria divertido sem as travessuras da cadelinha e as
bochechas coradas do homem que ela mais amava em todo o universo?
“Anne, eu estou no meu apartamento.
Voltei ontem à noite.. Preciso muito conversar com você, podemos nos encontrar?
Não conte nada às garotas e nem ao papai.” – Demi.
Estava decidido.
Demi daria uma volta nas redondezas do prédio onde Ed morava a procura de Lucy,
e se não a encontrasse, reuniria uma equipe de buscas com a família e os
amigos. Enquanto a conversa com Anna, era porque Demi precisava entender o que
estava de fato acontecendo com Joe e se era grave como ela estava pensando.
“Eu sinto a sua falta” – Joseph.
***
Fazenda Jonas – Marble Falls, Texas – USA
Depois da
tempestade, sempre vinha o sol. Era um caso curioso como à natureza carregava
formas curiosas e de encher os olhos. Como em uma simples flor poderia existir
tantos detalhes? Para enxergar perfeitamente, Joe colocou os óculos de grau e
ergueu a flor no campo de visão quando se deitou no chão gramado do bosque. O
pedúnculo era mais fino como um palito de dente e estava preso ao caule, era
tão simples de um verde claro aveludado. Joe examinou perfeitamente os traços
na pequena folha e levou a flor às narinas para cheira-la. Era uma simples flor
de camomila de pétalas brancas e miolo amarelo.
Caso Demi estivesse
ali com ele, a flor ficaria bonita entre as mechas de cabelo castanho. Joe
tinha certeza que ficaria. Deixando a pequena flor entre a grama, o rapaz
respirou fundo e olhou para o céu limpo de um azul claro que transmitia uma
sensação de paz. Como estava deitado na parte mais alta do bosque, parecia que
ficava um pouquinho mais perto do céu. Era só uma supertição boba. Joe fechou
os olhos quando o vento soprou e gostou muito de sentir o sol da manhã
aquecê-lo. Era um dia bonito e estava muito cedo para estar acordado, mas o
rapaz não conseguia encontrar uma razão para continuar de braços cruzados.
Ele precisava
pensar em algo para reverter àquela situação. À noite foi muito mal dormida
porque o cérebro não o deixou em paz com todas as lembranças ao lado de Demi e
a culpa por ter omitido tanta informação tanta estava lá para julga-lo. O que
ele sabia era que o coração estava fraco e pelo que a médica disse, dentro de
alguns meses ele precisaria de um transplante. Ainda dava para fazer algumas
coisas, nada muito exagerado como pegar peso ou fazer atividade que exigiam
esforço físico.. Joe sempre acabava se esquecendo daquela parte.
O motivo de estar
deitado à grama olhando para o céu não tinha muito a ver com o fato de ele ser
um amante da natureza. Joe até gostava muito de se aventurar por entre as árvores,
cuidar dos animais e tomar banho de cachoeira, fazia parte de crescer numa
fazenda. Só que ali naquela elevação, além de poder enxergar no campo de visão
apenas o céu que parecia estar em movimento com as pouquíssimas nuvens, o sinal
de internet e celular era maravilhoso porque havia uma torre ali pertinho.
A mensagem ainda
estava lá intacta: “Chegou bem?”. Será
que ele deveria enviar mensagens? Não era ser insistente, era? Na verdade era
apenas preocupação, pois Demi não reagia muito bem com meios de transportes.
Teve aquela vez que ela ficou enjoada ao viajar de carro, e como era a segunda
vez que cruzava o país de avião, não custava nada ser gentil ao perguntar se
estava tudo bem. A resposta demoraria muito a vir. Joe sabia que sim, pois era
muito cedo e ele sabia que Demi dormia muito. O celular foi guardado no bolso
da bermuda e Joe se espreguiçou para depois se deitar a grama de braços abertos
e olhos fechados porque era muito bom sentir os raios de sol de a manhã
aquecê-lo. E quando o celular vibrou, o rapaz franziu o cenho e o pegou no
bolso.
E para desbloquear
o aparelho? Joe franziu o cenho porque ele não tinha segurado direito o celular
e em troca o mesmo caiu sobre os lábios ferindo a gengiva superficialmente. Era
uma droga ser desastrado! Então quando se deitou de lado, ficou melhor para
desbloquear o celular e Joe precisou ajustar o brilho no máximo para conseguir
enxergar as mensagens que havia recebido:
“Sim.” – Demi.
“E você? Chegou bem na fazenda? É uma
viagem longa até Austin.” – Demi.
Algo sobre a
segunda mensagem de Demi o fez sorrir de orelha a orelha. Ele ficaria decepcionado
se ela tivesse enviado apenas a primeira mensagem, que era um simples e modesto
“Sim”. No fundo, Joe sabia que Demi
se importava muito com ele e que terminar o que eles tinham era a única opção
depois das coisas que ele tinha aprontado nos últimos dias.
“É sim uma viagem muito longa. Tudo
ocorreu bem :)” – Joseph.
“Choveu um pouco mais como mais
cedo...” – Joseph.
“Hum...” – Joseph.
“Você esqueceu a sua blusa de moletom”
– Joseph.
“Vou leva-la quando voltar para Nova
York” – Joseph.
“Como você está?” – Joseph.
Seis mensagens. Ele
tinha ficado um pouco nervoso e ansioso para continuar aquela conversa, e era
aquela a oportunidade já que Demi ainda estava online. Porém ela nem mesmo visualizou a primeira, o que foi
decepcionante. Murmurando um palavrão, o rapaz se sentou à grama abraçando os
joelhos e franziu o cenho quando teve vontade de chorar. Não foi fácil guardar
aquele segredo por algumas semanas. Todas as noites em que tinha passado ao
lado de Demi, Joe desejava ter tido a coragem suficiente para contar o que
estava acontecendo, mas ele nunca deixava que as conversas fossem focadas nele,
não depois que Demi contava como ela estava absurdamente feliz por ter as
melhores irmãs de todo o mundo e um pai presente, carinhoso e protetor. Ele
poderia ter simplesmente contado, mas também havia algo que o fazia sentir
tanto medo de perder tudo que tinha conquistado em Nova York. Ele era feliz, e
no momento que assumisse em alto e bom som que estava doente, as coisas
mudariam drasticamente para todos.
“Eu sinto a sua falta” – Joseph.
Algo que Ed sempre
dizia: Seja sempre sincero, vai evitar
muita confusão se você deixar claro como se sente. Elas precisam ouvir
exatamente a forma como você se sente, é uma necessidade feminina, pode ser confuso
para homens, mas depois que você começa a praticar, é até melhor. Era um
bom conselho e Joe deveria ter o colocado em prática em relação a todas as
formas como se sentia desde o começo, e caso tivesse feito, era certeza que
Demi estaria ali deitada na grama com ele. Não era tarde demais para começar a
praticar, era? Joe não sabia, mas resolveu que não deixaria de tentar, motivo
pelo qual enviou a última mensagem a Demi.
Não havia muito
para ser feito no Texas. Pensou o rapaz deixando de olhar para o céu para olhar
cada pedacinho da fazenda e do campo. Ele simplesmente amava estar ali, porém
não gostava da forma como se sentia e nem das lembranças que tinha. Parecia que
no Texas ele sempre seria aquele rapaz imaturo que era extremamente tímido e
solitário. Talvez ele ainda não estivesse pronto para viver ali e nem para
assumir as responsabilidades que o esperava. Não por questão de idade, já que
existiam muitos fazendeiros e fazendeiras texanos bem sucedidos com menos de
vinte e cinco anos. As terras que pertenciam a ele ficariam da mesma forma que
estavam: a mercê do mundo, talvez no futuro ele assumiria tudo, construiria um
casarão e começaria uma plantação de aboboras ou café. Mas sozinho? Seria muito
chato e certamente quando chegasse aos quarenta, Joe não seria um velho
rabugento. O pensamento o fez franzir o cenho e depois rir voltando a se deitar
a grama. O certo seria se Demi estivesse ao lado dele. Eles usariam grossas
alianças de ouro maciço no dedo anelar esquerdo que mostraria a quilômetros de
distância que eram casados. Três ou quatro crianças sorridentes e traquinas
como a mãe, e quem sabe uma comportadinha como ele? Era a melhor visão de
futuro. E não importava se era no Texas, em Nova York ou em qualquer outro
lugar do planeta, se ele estivesse com Demi, valeria a pena! Ao pensar naquelas
coisas, Joe se sentiu determinado a ficar bem e saudável porque ele queria ser
alguém melhor para viver uma vida abençoada ao lado da mulher que tanto amava,
então ficar deitado num gramado não ajudaria em nada.
“Eu estou bem. E você?” – Demi.
“Quando puder, deixe o moletom na
portaria do meu prédio.” – Demi
Não era exatamente
o que ele esperava e Joe franziu o cenho ao se lembrar do que Ed tinha dito uma
vez: Você é tão trouxa pela Demi. Ele
não podia negar que queria uma mensagem menos fria, mas sabia que não tinha
direito nenhum de exigir carinho da parte dela. E para ele mostrar que não
estava sendo um completo trouxa, só visualizou a mensagem e não respondeu.
- Você está aí! Até na plantação eu fui te
procurar. – Rose era a última pessoa no mundo que Joe queria contato, e ele não
escondeu como a presença dela era desagradável, franziu o cenho e fez cara de poucos
amigos.
- Eu só queria ficar sozinho e em paz. –
Resmungou desinteressado se levantando quando a menina se sentou a grama.
- Joseph, será que nós podemos conversar? –
Perguntou Rose colocando uma mecha do cabelo castanho atrás da orelha e Joe
negou balançando a cabeça e começando a dar os primeiros passos. Ele iria era
arrumar as malas para voltar para Nova York.
- Nós não temos nada para conversar. – Disse
apressando o passo para ver Rose se esforçar para alcança-lo, porém não deu
muito certo já que o fôlego foi embora muito rápido e Joe precisou respirar
fundo por alguns segundos.
- Deixa de ser chato, ok? – Rose o olhou nos
olhos quando levou as mãos ao peito masculino e o empurrou. – Joseph, não faz
isso. – Disse Rose se acomodando a grama e olhando para Joe, que revirou os
olhos e se acomodou ao lado da prima com raiva.
- Você tem cinco minutos. – Resmungou Joe
abraçando os joelhos e Rose o empurrou na brincadeira.
- Eu odeio quando você está triste. –
Começou a dizer a menina o olhando e Joe franziu o cenho fitando o céu. – Eram
para ter sido as nossas duas melhores semanas, mas eu sinto que tudo deu errado
e agora nós estamos todos chateados uns com os outros. – Rose colocou uma mecha
do cabelo atrás da orelha e voltou a olhar para Joe que finalmente tinha a
olhado. – Desculpa pelo que aconteceu na formatura. Eu realmente levei muito a
sério todos esses.. esses hormônios. Eu
não consigo enxergar você dessa forma romântica.
– Rose se sentiu envergonhada com o olhar de Joe, por isso preferiu fitar o
céu. – Eu não deveria ter deixado você beber daquela forma sabendo como a sua
saúde é frágil, mas eu confesso que não tinha noção da proporção que tudo isso
tomaria. Desculpa. – O tom de voz longe da arrogância e petulância era o mesmo
calmo e determinado que Joe gostava de ouvir. Era aquela Rose que ele amava,
não a menina obcecada.
- Está desculpada. – Disse o rapaz tentando
ser um pouco sério, mas acabou sorrindo quando Rose o abraçou de lado e o
beijou na bochecha como ela sempre faria. – Eu não me lembro do que aconteceu.
Eu deveria ser mais responsável, acabei bebendo naquela noite porque estava
muito chateado e não pensei nas consequências. – Joe beijou a palma da mão de
Rose e se sentiu péssimo por ter se esquecido de que no fundo Rose era apenas
uma menina. – Desculpa se fiz algo que te assustou, você sabe que eu jamais
faria... – A frase ficou subentendida e Rose negou segurando a mão de Rose para
depois abraça-lo de lado. Ela não tinha esquecido a forma como o beijo ficou um
pouco mais apimentado porque foi
estranho e desconfortável.. mas
também não podia culpar Joe porque ele estava fora de si e de certa forma, ela
o conduziu a situação.
- Tudo bem. Foi estranho, mas.. repetindo:
foi estranho. – Rose riu e Joe acabou fazendo o mesmo se sentindo envergonhado.
– Enfim, foi estranho, mas no fundo eu fico confortável
porque o meu primeiro beijo foi com alguém especial e de confiança,
independente da situação... – Os dois
franziram o cenho e estavam envergonhados, mas sorriram porque era muito bom
saber que depois de tudo que aconteceu, eles poderiam ficar bem como antes. – O
que você vai fazer, Joseph? –
Perguntou minutos depois e Joe a olhou sem entender o fundamento da pergunta. –
O que você vai fazer? Vai ficar aqui com a gente ou vai voltar para Nova York? – Perguntou se deitando perto
dele e Joe a abraçou carinhosamente de lado.
- Eu vou voltar para Nova York, minha vida
toda está lá. Estou pensando em voltar hoje mesmo. – Joe assentiu quando Rose
se ergueu para olha-lo nos olhos. – Não tem nada para eu fazer aqui.. Só vim
para sua formatura, e agora que passou, eu tenho que voltar para minha vida..
meu trabalho e tudo mais. – Explicou e Rose nada disse, só se acomodou ao lado
dele quieta.
- Você vai atrás dela. – Não houve
julgamentos ou preconceitos. Rose suspirou e logo fechou os olhos. – Nós duas
conversamos, ainda não sei quem ela é. – Rose o olhou nos olhos e Joe franziu o
cenho esperando pelo que ela tinha a dizer. – Ela foi gentil, perguntou sobre a
faculdade e o que tinha realmente acontecido na formatura, eu disse a verdade,
mas eu forcei um pouco a barra e ela quase me bateu. – Disse Rose sorrindo e
Joe se ergueu para olha-la nos olhos pedindo que ela explicasse a situação. – Eu
a chamei de suja, sem princípios e quando ela pediu para o Derick pegar as
malas, falei que ela voltaria para o puteiro.
– Rose não se orgulhava do que tinha dito, e Joe a olhou tão perplexo. Demi
não merecia ouvir aqueles julgamentos.
- Rose?! – Repreendeu-a chateado. – Por que
toda essa implicância? Você deveria estar feliz por mim. – Joe cobriu o rosto
com as mãos e sentiu vergonha de Demi. Ela tinha razão de estar muito chateada,
e aquilo de certa forma complicava um pouco mais as coisas entre eles.
- Eu quero estar. Mas.. Sinceramente, eu
acho que você merece alguém muito melhor, e eu não estou falando que eu sou
esse alguém. Só acho que há mulheres que combinam mais com você.. O estilo da Demi é muito diferente para você. –
Disse a menina e Joe negou balançando a cabeça. – Joseph, ela estava saindo com um cara casado, não dá para
defender... – Não era certo julgar, mas Joe pensou a respeito da situação. Rose
conhecia Demi pelo que tinha visto através de fofocas maldosas em noticiários.
Ela não conhecia realmente quem Demi era, e era dever dele apresentar a ex-namorada da forma correta.
- Vou contar tudo e você só vai fazer
comentários no final, combinado? – Disse gentilmente a olhando e Rose assentiu
com pesar. – A Demi é filha de uma prostituta, na verdade filha e neta. A mãe
dela, a Dianna, engravidou quando tinha mais ou menos a sua idade, acho que ela
era apenas um ano mais velha. Ela estava apaixonada pelo pai da Demi, e ele por
ela. Eles se conheceram na chácara do pai do Inácio e começaram a namorar lá
mesmo.. Só que o Inácio descobriu que seria pai de gêmeas antes de saber que a
Dianna estava grávida, ele nem teve a oportunidade porque o avô da Demi estuprou a Dianna e a colocou para fora
da chácara porque a família da outra menina era importante e certamente ele não
queria estragar as coisas... Então a Dem cresceu
sem pai. A mãe dela acabou entrando no mundo da prostituição por influência da
mãe porque elas não tinham trabalho e nem uma fonte de dinheiro. A Demi é muito
diferente da mãe e da avó. Ela estudou e trabalhou muito para ser alguém. Ela é
a única da família por parte de mãe que é formada e conseguiu estabilidade
financeira através de um trabalho digno..
– Joe olhou para Rose e depois para o céu. Eram tantos detalhes para
contar, mas encaixar todos era um pouco complicado. – Ela conheceu o Jake Gyllenhaal na noite que a mãe contou
que ela era fruto de um estupro, o que não é verdade.. A Dem começou a se
envolver com o Jake sem saber que ele era casado, aliás, ninguém da empresa
sabia, e ele tinha a maior cara de pau de exibir a minha namorada como um troféu e ainda tentar algo com a Sel. Só
descobrimos depois que ele era casado e tinha filhos, foi quando a Demi
terminou com ele para ficar comigo. – Joe verificou o celular a procura de uma
mensagem de Demi e foi aí que se lembrou de que ainda não tinha a respondido. –
Ela é honrada, Ro. Ela conquistou tudo que ela tem através dos estudos. Ela não
sabia que o Jake era casado e nem que ele estava a filmando. Ela ficou mal por
isso, e... Não a julgue, você não a conhece e não tem ideia de como ela me faz
bem. Eu a amo e sou muito feliz por tudo que vivi em Nova York por causa da Dem. – Era tudo que ele tinha a dizer e Joe
esperava que Rose o compreendesse, porque assim como Demi era importante, a
menina também era e não fazia sentido entrar em conflito com alguém que ele
amava por algo que nem mesmo era verdade.
- Eu não fazia ideia de que ela tinha
passado por tudo isso. – Murmurou Rose sem graça e Joe assentiu prontamente. –
Eu sinto muito, Joseph. Eu fiquei com
tanto ciúme de você que acabei transformando a imagem da sua namorada na de um
monstro. – Disse toda envergonhada e Joe a abraçou de lado. Era o que meninas
apaixonadas faziam, e ele podia entender.
- Sabe, você não deve desculpas a mim. –
Disse Joe a olhando e quando Rose entendeu o que ele quis dizer, Joe assentiu
prontamente. – Pedir desculpas não arranca pedaço. – Disse a olhando e Rose
revirou os olhos.
- Eu não sei... Você acha que ela aceitaria
as minhas desculpas? – Perguntou Rose o olhando nos olhos e Joe fechou um olho,
acariciou o queixo realmente pensando no que Demi diria, caso Rose pedisse
desculpas. Era uma mulher difícil, mas de um coração de manteiga. – E também
não tem como eu me desculpar.. Provavelmente nunca mais vou vê-la. – Disse a
menina um pouco nervosa e o rapaz riu.
- A Dem é uma mulher incrível e eu tenho
certeza que ela vai te desculpar. – Disse mais concentrado em mexer no celular,
para depois o de Rose vibrar no bolso. – E agora você tem o contato dela, não
tem mais desculpas para não pedir desculpa. – Ele riu da frase e se sentiu mais
tranquilo e satisfeito por ter esclarecido as coisas com Rose.
- Gatinha?
É sério? – Perguntou Rose de cenho franzido em relação ao nome do contato
de Demi, e Joe assentiu sorrindo. – Você é muito brega, Joseph. – Disse o olhando de cenho franzido para depois ser envolta
num abraço apertado de Joe.
- O amor é brega, princesinha. – Joe a abraçava como quem abraçava um ursinho de
pelúcia, o que fez Rose rir e aos poucos se aninhar ao peito do primo gostando
muito de estar daquela forma com ele. – E me chama de Joe, Joseph é muito sério. – Disse quando Rose se ergueu para
olha-lo.
- Joe..
A Demi de te chama assim, tudo bem se eu te chamar também? – Perguntou um
pouco receosa e Joe assentiu se deitando a grama para olhar o céu.
- O dia está bonito. – Comentou Joe quando
Rose se deitou ao lado dele fazendo o mesmo: olhando para o céu.
- A Demi foi o seu primeiro beijo? –
Perguntou Rose curiosa como sempre e sem muita vontade Joe murmurou um sim. –
Então ela também foi a sua primeira garota.
– Concluiu e Deus! Joe ficou todo corado que mal sabia para onde olhar de
tão envergonhado que estava. – Achei que nós podíamos conversar sobre qualquer
coisa. – Comentou Rose rindo e Joe também o fez cobrindo o rosto com as mãos. –
Vinte e três anos, Joseph. É tempo demais. Por que você esperou tanto? –
Perguntou olhando o céu e Joe fez careta e grunhiu porque não queria ter aquela
conversa com Rose, na verdade ele só estava muito envergonhado.
- Ah... – Disse olhando para o céu, e quando
os olhos castanho de Rose entraram no campo de visão, Joe sustentou o olhar
dela com muita coragem. – Nós podemos conversar sobre qualquer coisa, só que
isso é muito estranho. – Comentou corado e Rose arqueou uma sobrancelha
pensando melhor no assunto.
- Não é. Nós somos amigos, primos e quase
irmãos. Podemos conversar sobre qualquer coisa. – Concluiu a menina
determinada, então Joe sabia que não podia fazer nada diferente de concordar,
pois discutir com mulheres determinadas como as que ele conhecia era perda de
tempo.
- Eu não sei, ok? Só nunca entendi o motivo
de sair por aí fazendo com qualquer pessoa. Escolhi esperar para ser com alguém
especial, e valeu muito a pena. – Disse descansando a cabeça nas mãos e
respirando fundo se lembrando da primeira noite com Demi. – É o seu corpo,
entende? Não vale a pena compartilha-lo só por diversão. Nós precisamos saber
exatamente o que estamos fazendo para depois entender todas as consequências e
saber administra-las. Sexo é coisa
séria e você precisa ter responsabilidade para.. para.. para praticar.. –
Murmurou a última frase todo coradinho e Rose riu. – Sabe, você pode colocar
mais alguém no mundo, ou pode pegar uma doença. Então tem que ser com a pessoa
certa, está bem? O que o tio Lucas e
os meninos fazem é nojento e não tem nenhum sentido, nós jamais devemos fazer o
mesmo. – O que Lucas e aqueles meninos aprontavam não estava escrito! Era coisa
absurda e pesada, que só de pensar Joe se sentia enjoado e altamente em estado
de alerta.
- Entendi. Você tem razão, farei o mesmo. –
Disse Rose pensando nas palavras de Joe. Ele sempre foi um bom exemplo a
seguir, e Rose não podia se lembrar de uma única vez que os conselhos de Joe
falharam. – Você é romântico? – Perguntou minutos mais tarde e Joe bocejou se
sentindo preguiçoso e sonolento por ficar tanto tempo olhando para o céu.
- Não sei. – Joe não quis comentar sobre a
primeira noite que ele encheu o quarto com pétalas de rosas, e ao se lembrar
daquela noite com Demi, ele decidiu que iria surpreendê-la mais, caso
voltassem. – Eu sempre compro chocolate para ela, assistimos desenhos juntos,
passeamos sempre que pudemos. Acho que não sou necessariamente romântico, só um
pouquinho. As eu gosto de me vestir socialmente para encontra-la. – E ele
adorava quando Demi vestia um daqueles vestidos bonitos de festa e se maquiava.
- Você não parece ser ruim. – Comentou Rose
e Joe riu arqueando uma sobrancelha. – Seja mais romântico, nós gostamos muito.
– Bem, ele era o mais carinhoso possível com Demi, era muito compreensivo e
sempre estava a escutando. A dica de Rose era interessante e Joe decidiu
segui-la, seria legal surpreender Demi a cada vez que a elogiasse com um poema ou
a presenteasse com uma rosa. – Ela cozinha? – Perguntou Rose e Joe assentiu. –
Os pratos que você pode comer? – Perguntou preocupada e ele tornou a assentir.
- Ela é muito boa na cozinha e sempre cuida
de mim. – O coração chegou a apertar no peito e a vontade de Joe era de poder
voltar no tempo para corrigir tudo que tinha feito de errado. – Você não
precisa ficar preocupada, a Dem cuida
muito bem de mim, às vezes ela parece mais a minha mãe que a minha namorada.
Ela sabe ser autoritária quando quer. – E não existia coisa melhor no mundo que
saber que Demi fazia todas as coisas para ele com muito carinho e amor, assim
como ele também fazia por ela.
- Vocês são lindos juntos. – Comentou Rose
minutos mais tarde e Joe ficou surpreso pelo elogio. – O sorriso dela é lindo.
Ela também.. Combina com você. – Ele até se ergueu para olha-la nos olhos e
Rose riu envergonhada dando de ombros.
- Sabe, eu acho que você deveria dar uma
chance para o Derick. – Disse Joe e ele ficou ainda mais surpreso quando Rose
não começou a falar sem parar no mesmo instante que ele tinha acabado de falar.
– Ele é de confiança, é um cara muito legal, gosta de você e é bonito. –
Sorrindo, Joe ficou muito satisfeito por Rose não estar brigando sem parar com
ele.
- Eu nunca o enxerguei dessa forma. – Disse
Rose o olhando e Joe deixou de olhar para o céu por breves segundos para
olha-la nos olhos.
- Não estou dizendo que você deve ficar com
ele. – Disse Joe se erguendo ao avistar Derick caminhando na direção deles. –
Só tenta, se a ideia te agradar. Você pode convida-lo para sair, não fará mal e
se não acontecer, vocês ainda serão amigos. – Joe sorriu quando Derick sorriu
quando já estava próximo a eles porque Rose olhava para o rapaz de uma forma um
pouco diferente da habitual.
- Isso é seu. – Do bolso da calça Rose tirou
o anel que Joe pretendia pedir em casamento que tinha sumido do quarto alguns
dias atrás. – Desculpa, eu estava fora de mim quando o peguei. – Joe franziu o
cenho, mas assentiu. Ele estava preparando um senhor sermão para Rose, porém
antes mesmo que pudesse dizer uma palavra, Derick se aproximou:
- Vocês estão aí. – Comentou Derick
esboçando o sorriso tímido dele para se acomodar ao lado de Rose. – Tem uma
abelha no seu cabelo. – Disse Derick ao perceber que o inseto estava enroscado
no mexa de cabelo de Rose e ela nem mesmo percebia. – Fica quieta. – Pediu
levando as mãos as de Rose para que ela não se movimentasse apavorada como
sempre ficava quando ficava perto de um inseto. – Eu vou tirar, ok? – Joe
sorriu discretamente porque Derick era muito protetor quando o assunto era
Rose, e daquela vez não foi diferente. Todo concentrado, o rapaz tirou a abelha
da mexa de cabelo a aprisionando nas mãos para depois fazer uma careta porque
tinha sido picado.
- Você está bem? – Rose perguntou preocupada
segurando as mãos de Derick.
- Ao menos não foi um marimbondo. – Comentou
fazendo careta porque ele sentia o lugar queimando.
- Vamos limpar, a vovó provavelmente tem
algo para passar. – Disse Rose toda determinada e Joe só sorriu quando a menina
se levantou oferecendo a mão para Derick, que a segurou e prontamente se
levantou sustentando o olhar de Rose.
- Você não vem, Joseph? – Perguntou Derick
terrivelmente envergonhado olhando para trás porque Rose segurava a mão dele.
- Claro. – Joe riu e se levantou. Ele faria
de tudo para que ele casal acontecesse.
***
Apartamento de Demi – Manhattan, Nova York – USA.
Não, ela não se
cansava de ver todas aquelas fotos. E a cada foto, havia uma lembrança para
viver. Suspirando, Demi deixou o celular de lado e abraçou o travesseiro como
se nele fosse encontrar o mesmo calor de Joe.
“ – O que? – O dia deveria ter amanhecido há pouco tempo,
e foi incrível ver a noite perder lugar para o dia. Pelo visto seria muito
quente em Nova York, pois os raios de sol já estavam fervorosos por todas as
partes. Dentro do quarto de Joe não era diferente porque a persiana dormiu
aberta, então o quarto estava todo iluminado perfeitamente.
- O que? –
Repetiu Demi descansando o queixo sobre o peito do namorado e sorrindo de uma
forma tão fofa. Então os minutos se passaram e eles não conseguiam parar de se
olhar e sorrir. Demi olhando para os olhos verdes e Joe para os marrons dela.
- Fala você primeiro.
– Ele disse sem conseguir desviar o olhar e Demi negou balançando a cabeça. Ela
estava simplesmente linda! O cabelo solto uma bagunça sexy e tão marrom quanto
Joe podia se lembrar. Os olhos sempre meigos e carregados de amor eram lindos
marrons e femininos. Joe sorriu e adentrou a camisa que Demi vestia com as mãos
para toca-la nas costas e fazer carinho ali. – Tudo bem, eu falo. – Disse
quando ela murmurou um não toda manhosa fechando os olhos afirmando que o
carinho que ele fazia não iria compra-la. – Vem mais perto. – Pediu ao deslizar
uma mão para o bumbum mesmo sobre a calça de pijama, o que foi motivo de riso.
- Assim está
bom? – Perguntou Demi quando já tinha a testa encostada a dele.
- Não, vira a
cabeça para eu sussurrar para você bebê. – Ela só o fez depois que olhou nos
olhos verdes de Joe gostando muito daquela conexão que eles tinham. – Eu amo
você. – Disse sério e quando Demi o olhou, Joe colocou uma mecha do cabelo dela
atrás da orelha, apertou-a nas bochechas e fitou os olhos marrons, os lábios
rosados para depois gentilmente sela-los.
- Eu também amo
você “.
Era tortura demais
pensar em Joe e em todos aqueles momentos que eles compartilharam. Demi
umedeceu os lábios e quando deixaria as primeiras lágrimas rolarem, o celular
vibrou e ansiosamente ela o pegou pensando que era a resposta de Joe, mas era
apenas Anna:
“Combinado, não contarei nada a eles. Estou saindo da
casa do Rick agora, estou a caminho” – Anna.
“Estou esperando <3” – Demi.
“<3<3” – Anna.
Não era porque Anna
era família que Demi iria recebê-la toda descabelada, porém ela preferiu não
trocar de roupa porque o conjunto de moletom que vestia junto às demais roupas
estava a aquecendo muito. Então só deu tempo pentear o cabelo, escovar os
dentes e lavar o rosto com muito sacrifício, já que a água da torneira estava
muito gelada.
- Eu senti tanta sua falta. – Murmurou Anna
entre o abraço e Demi só fez se aninhar mais a irmã. – As garotas não param de
falar de você. – Anna sorriu quando olhou Demi nos olhos, e depois ficou
surpresa porque foi envolta noutro abraço de urso.
- Eu também senti a sua falta, Anne. – Murmurou Demi sem conseguir
deixar a manhã de lado. – Passou a noite com o Rick? – Perguntou Demi fechando
a porta do apartamento para depois tranca-la.
- Sim, nós terminamos de revisar a minha
monografia. – Disse Anna sorridente e um pouco ansiosa. – Eu estou muito
ansiosa, vou apresentar o TCC no
final dessa semana. – Comentou Anna se acomodando ao sofá e Demi se sentou ao
lado da irmã o mais perto possível porque estava frio.
- Eu tenho certeza que você fará uma
apresentação espetacular. – Comentou Demi descansando a cabeça no ombro da irmã
que negou, mas ainda sim sorriu.
- Eu tentarei, vou precisar muito de vocês
para me apoiar. – Disse Anna e Demi assentiu quando elas se abraçaram.
- Eu estarei lá. – No dia da apresentação do
TCC, as únicas pessoas familiares eram Selena e os pais, mas mesmo assim Demi
se sentiu confiante e feliz por tê-los para apoiá-la. A noite terminou com várias
pizzas e uma noite divertida na casa de Sel. – Você quer comer? – Perguntou
Demi se encolhendo do sofá da melhor forma que podia porque ela sentia frio até
no rosto.
- Estou bem, obrigada Dem. – Anna sorriu quando olhou para Demi, mas logo franziu o cenho
ao ver que o olhar da irmã estava distante e triste. – O que foi? – Perguntou
preocupada segurando a mão de Demi com a dela mostrando que Demi sempre teria
apoio para qualquer coisa.
- Nós podemos ir para debaixo das cobertas?
Está muito frio. – Demi não tinha conseguido sustentar o olhar de Anna por
muito tempo porque se sentia intimidada e a um passo de desabar em choro.
- Tudo bem, Dem. Está realmente frio. – E
foi a melhor opção. Estava tão delicioso debaixo das cobertas, e a vontade era
de não sair de lá tão cedo.
- Como está com o Rick? – Perguntou Demi se
deitando de lado para poder olhar para Anna, que sorriu e desviou o olhar toda
envergonhada.
- Muito bom. – Comentou Anna e Demi riu toda
sapeca porque a irmã estava corada. – Eu não esperava que o sexo pudesse
começar a ficar bom.. Eu estou começando a ficar ansiosa para ficar sozinha com
ele.. Você sabe. – Anna sorriu porque Demi também o fazia, mas ainda estava
envergonhada. – Enfim, está maravilhoso, Dem. Eu o amo e estou feliz de saber
que ele também me ama. – Comentou toda sorridente e Demi a abraçou. – Obrigada,
se você não tivesse me encorajado, provavelmente eu estaria torcendo para ele
terminar com a atual namorada como foi durante todos esses anos. – Disse Anna a
olhando nos olhos e Demi assentiu.
- Vocês são lindos juntos. – O sentimento de
felicidade por Anna era real, porém a tristeza por conta do termino com Joe era
muito maior e forte para permitir que Demi esboçasse um sorriso verdadeiro, o
que foi facilmente percebido por Anna.
- Eu estou sentindo que você não está bem. –
Anna colocou uma mecha do cabelo de Demi atrás da orelha e se sentiu péssima
quando a irmã desviou o olhar do dela porque os olhos marejaram e as lágrimas
começaram a rolar sem pudor. – Ei, eu estou aqui para você. – O melhor que ela
podia fazer era envolver Demi num abraço acolhedor e beija-la na testa com todo
carinho que tinha. Foram minutos e mais minutos onde Demi chorava abraçada a
Anna de forma que a cabeça estava acolhida no peito e o cabelo gentilmente
acariciado pela irmã. – Você pode falar comigo, pequena. – O apelido carinhoso foi surpresa para Demi, mas o jeito
que Anna tinha dito a fez se sentir tão especial e acolhida. Algo sobre o tom
de voz da irmã era muito materno e acolhedor, Anna sempre o usava para
cuidar as irmãs mais novas. E agora era a vez de Demi.
- Eu e o Joe não estamos mais juntos. – Foi
de partir o coração como Demi estava chorosa, manhosa e tristonha. Anna a
beijou na testa e a abraçou forte.
- Meu anjo, eu sinto muito. – Disse afogando
os dedos no cabelo da nuca da irmã. – Eu sei que é muito difícil para você, mas
eu estou aqui. Eu, as nossas irmãs e o papai, nós amamos muito você e vamos te
ajudar a ficar bem. – Anna sorriu quando Demi murmurou um choroso “também amo vocês”. – O que aconteceu,
Dem? – Perguntou Anna pacientemente quando Demi se deitou ao lado toda triste e
suspirando. Até o olhar parecia perdido em tristeza.
- O Joe está doente, ele disse que tem
insuficiência cardíaca e que o coração dele está fraco. – Murmurou Demi olhando
para Anna. – Ele escondeu isso de mim desde o início. Por favor, me conta tudo
que você puder sobre essa doença. – Ela precisava saber de tudo porque queria
entender o que de fato estava acontecendo com o namorado, e ninguém melhor para
esclarecer as coisas que Anna.
***
Fazenda Jonas, Marble Falls – Texas
Não, ele não
deveria fazer esforços físicos e nem ficar muito agitado, porém quando Joe teve
a ideia de passar o resto do dia com Rose e Derick, automaticamente coisas como
corridas, brincadeiras agitadas e muita bagunça estavam envolvidas. Eles se
divertiram tanto. Tomaram banho de piscina, andaram a cavalo, correram no
pasto, jogaram videogame e quando voltaram para casa no final do dia, estavam
cansados, mas a ideia de jogar Just Dance
pareceu ótima e não faltou adrenalina para desmotiva-los, bem pelo
contrário.
- Vocês são fracos demais, não tem graça
ganhar sempre. – Disse Rose sem interromper os movimentos de Where Have You Been, a menina chegava
ofegava, mas fazia todos os passos da melhor forma que podia enquanto Derick e
Joe, que ofegava de cansaço, estavam sentados ao sofá. Se um deles acertou ao
menos três passos, foi muito. – Eu vou desistir, não tem graça jogar sem
concorrência. – Rose só fez mais alguns passos e parou de vez quando Lucas
apareceu na sala e ao ver o que os três faziam, arqueou uma sobrancelha e
murmurou “Eu sempre soube que vocês dois
eram bichas”. – Vocês estão acabados. – Disse Rose se sentando entre os
dois rapazes.
- Eu nunca mais vou dançar Single Ladies. – Disse Joe emburrado e
envergonhado. Ele deveria saber que fazer todos aqueles movimentos era demais
para ele.. E agora se sentia mais cansado do que deveria.
- Você ficou engraçado. Só faltou um maiô e
sapato de salto. – Derick riu e Joe fechou a cara de vez emburrado.
- Você não pode falar nada, você dançou Waka Waka. – Retrucou Joe mais
carrancudo que tudo e Rose riu com os olhares que Joe trocou com Derick. Até
parecia que os dois brigariam.
- Parem com isso. – Disse Rose segurando a
mão de Joe e a de Derick. – Eu estou tão feliz que nós estamos juntos. – Ela os
olhos e sorriu. – Vamos tirar uma foto. – E como sempre, o que Rose dizia eles
faziam. – Agora, parem de reclamar. – Pediu toda autoritária, mas mesmo assim
eles continuaram reclamando que estavam cansados. Resultado: Rose tirou a foto
e a postou.
- Eu estou muito cansado. – Disse Derick se
acomodando melhor as almofadas do sofá já de olhos fechados.
- Eu também estou. – Disse Rose se escorando
a Joe que gentilmente a abraçou enquanto ele fazia o mesmo que Derick, estava
escorado as almofadas e respirava fundo muito quieto. – Joe, por que vocês terminaram? – Era apenas uma pergunta simples
para Rose, porém Joe foi pego de surpresa e quando percebeu que era olhado pela
prima e o melhor amigo, tudo que ele fez foi olhar para o teto e franzir o
cenho. – Falei algo que não devia? – Perguntou Rose um pouco confusa e
envergonhada porque ela esperava uma reação mais positiva de Joe. – Se for por
minha culpa, vou explicar tudo pra ela agora. – Disse baixinho a menina e Joe
negou prontamente.
- Quando você está num relacionamento, não
devem existir segredos. – Joe coçou o queixo que começava a incomoda-lo por
conta da barba que nascia. – Não fui completamente honesto com a Dem... Não contei sobre o dinheiro da
minha família e nada sobre a herança, quase beijei a Evelyn, beijei você, Ro. – Ele tinha ficado tão envergonhado que
não teve coragem de olhar Rose nos olhos, e muito menos Derick. – E eu não tive
coragem de contar para ela que eu descobri que tenho insuficiência cardíaca. – Foi muito ruim ouvir os suspiros pesados
e ver como eles pareciam preocupados. – Ela ficou muito chateada e terminou
comigo porque eu menti. – Disse envergonhado.
- Joseph! – Disse Rose o olhando e Joe ficou
cabisbaixo. – Você está se cuidando? – Perguntou um pouco confusa porque ela
não sabia exatamente como aquilo funcionava. – Eu.. Eu.. Eu não sei. Você está
bem? – Perguntou o olhando e Joe arqueou as sobrancelhas.
- Acho que sim, eu ainda estou fazendo
consultas, estou tomando alguns medicamentos. – Disse se erguendo no sofá
porque às vezes ficar deitado o incomodava.
- Quando você descobriu? – Perguntou Derick
sério e pensando em Demi e no que ela tinha dito mais cedo sobre Joe ser um
mentiroso.
- Não sei.. Acho que na primeira semana de
novembro, algo assim. – Disse Joe sustentando o olhar do amigo.
- E o quão grave isso é? Vai conseguir
tratar com medicamentos? – Perguntou o rapaz sem demonstrar um único sentimento
e Joe franziu o cenho sem entender o porquê Derick parecia tão frio e
impessoal.
- Eu não sei, ok? – Joe cobriu o rosto com
as mãos e respirou fundo se sentindo cansado e irritado. – Por agora a medicação
está resolvendo, estou evitando comer alguns alimentos e a minha pressão não
pode ultrapassar o comum. Não sei como vai ser, estou fazendo acompanhamento e
de último caso precisarei de um transplante,
o que provavelmente acontecerá. – Os próximos minutos foram de silêncio
quebrado apenas pelo choro baixo de Rose, que se agarrou a Joe como se ela
nunca mais fosse vê-lo. Era uma situação muito difícil, motivo pelo qual Joe preferiu
não contar quando descobriu. Ele não queria ver ninguém sofrer antecipadamente
e também não queria entrar em pânico. – Eu vou ficar bem, não precisa chorar. –
Disse Joe a Rose a tocando no rosto e a menina franziu o cenho e negou o
abraçando com mais força. – Isso acontece com pessoas com as minhas condições. Eu
vou voltar para casa e vou me cuidar como sempre faço, se eu for precisar de um
transplante, não quero que vocês fiquem apavorados, não é o fim do mundo. – Ele
não sabia como poderia consolar uma pessoa, não numa situação como aquela.
- Você não deveria voltar para Nova York,
você está doente. – Disse Derick de cenho franzido. – A sua família toda está
aqui e nós vamos te dar o suporte necessário. Têm bons hospitais em Austin,
você pode fazer o tratamento aqui. – Joe negou balançando a cabeça. Ficar no
Texas não era uma opção que ele queria escolher, e enquanto estava bem, faria o
que acharia melhor.
- Eu vou voltar para Nova York amanhã.
Comecei o tratamento lá, fora que eu tenho as minhas coisas. – Joe não queria
soar irritado, e não o fez, ele só não estava entendendo o porquê de Derick
estar tão chateado.
- Você pode transferir ou começar os exames
do zero. – Nenhum deles esperava que Laura estivesse ouvindo a conversa. Joe
sustentou o olhar da tia e se sentiu como uma criança com o olhar severo de
Laura. – É o que você vai fazer, Joseph. – A feição de Laura era séria e
mostrava como ela estava firme e segura da decisão que eles deveriam tomar
sobre a situação.
- Eu vou voltar para casa. – Ele não
costumava desafiar Laura ou qualquer pessoal que tinha o criado, eles decidiam
quando ele era menor de idade, agora tudo era muito diferente.
- Crianças, eu preciso falar com o Joseph a sós.
– Laura só desviou o olhar do sobrinho para colocar a xícara com café sobre a
mesinha de centro.
- Eu vou ficar bem. – Disse Joe a Rose e
Derick quando eles se despediram tão preocupados.
- Joseph, o que você está pensando? – Laura estava
sentada ao lado de Joe, as pernas cruzadas, o olhar carregado de preocupação
que até a forma como a mulher se expressava demonstrava. – Eu não estou
entendendo as suas decisões. O que está acontecendo com você? – Perguntou séria
o olhando. – Não tem uma semana que você está aqui e eu acho que não te conheço
mais. Eu tentei entender que a sua briga com a Demi te deixou irritado e o
levou a fazer coisas estúpidas, então quando ela veio para cá pensei que tudo
ficaria bem, mas aparentemente vocês terminaram e você não contou nada. Agora
eu descubro que você está doente. Onde você acha que vai chegar com essas
atitudes? – Tudo em relação a Joe despertava o lado materno de Laura e o
sentimento era muito mais forte porque Joe era a única lembrança que os Jonas
tinham de Laura e Antônio.
- Eu sou um adulto, estou tomando as minhas
próprias decisões. – Ele foi simples e direto. Franziu o cenho desviando o
olhar da tia para depois voltar a olha-la. – Não tem porque se preocupar, está
bem? Há médicos em Nova York, bons hospitais. Eu vou ficar bem. – Não ficaria estressado
porque sabia que Laura estava agindo em função do medo e ela só queria que ele
ficasse bem.
- O Derick está certo. A sua família está
aqui e nós vamos cuidar de você, querido. – Joe franziu o cenho quando Laura
envolveu os dedos aos dele e o beijou na bochecha. – Você não precisará se
preocupar com nada, só vai focar na sua saúde. – Aquele era o problema, Joe
negou balançando a cabeça e massageou o cenho.
- É por isso que eu não quero ficar aqui. Eu
posso seguir a minha vida sozinho, não vou ser tratado como alguém que não pode
tomar conta de si mesmo. – Disse chateado. – A insuficiência cardíaca não fez
de mim um inválido. – Murmurou de
cenho franzido e Laura negou o abraçando de lado.
- Claro que não, meu amor. Você só está
doente e precisa de ajuda até ficar bom de novo. – Quando se olharam, Joe
franziu o cenho e deixou as primeiras lágrimas rolarem quando Laura o beijou na
testa e o aninhou nos braços como se ele fosse o mesmo garotinho indefeso de
anos atrás. – Eu amo muito você, sempre vou amar, Joseph. – Joe assentiu
deixando que Laura limpasse as lágrimas que ele derramava.
- Eu também amo você. – Disse voltando a
abraçá-la porque Laura tinha aquele misterioso poder que o deixava tão seguro e
com a sensação que nada no mundo poderia machuca-lo. Ela era como uma mãe. – Eu
vou voltar para casa, eu quero fazer isso. – Disse quando se ergueu e Laura
deitou a cabeça ao ombro dele.
- Você vai atrás dela. – Não era uma
pergunta. E Joe nada disse, respirou fundo e fitou com curiosidade a estante
onde estava a televisão. – Você a ama, eu entendo. Mas não acha que é melhor
deixar tudo do jeito que está? A Demi precisa de tempo, você poderia focar em
você agora, na sua saúde. Quando você estiver bom, você resolve a sua vida com
ela. – Joe franziu o cenho, mas pensou no que Laura tinha dito.
- Eu vou voltar para casa, vou me cuidar e
tentar resolver as coisas com a Dem. – Se fosse para ficar, seria por Laura,
Clara, Rose e Derick. Não existiam mais motivos para prendê-lo ao Texas, e
mesmo assim Joe sabia que não teria paz enquanto estivesse compartilhando o
mesmo ar que Lucas, ele acabaria se envolvendo em alguma confusão e aí sim tudo
ficaria muito mais sério. Em Nova York Demi o apoiaria, Joe sabia que ela iria
cumprir com a palavra e o ajudaria a ficar bem. – Vamos fazer o seguinte, se eu
ficar realmente ruim, você vai para Nova York para cuidar de mim. – Disse a
Laura e ela assentiu como se fosse óbvio.
- Eu estou cogitando a ideia de ir com você
agora. – Disse o olhando. – A sua avó vai ficar uma fera quando souber que você
está indo embora, ainda mais nessas condições. – Joe assentiu. Clara ficaria
brava, mas teria que entender a decisão dele.
- Não fala nada para ela, contarei quando eu
estiver em Nova York. – Joe assentiu quando Laura franziu o cenho. – Eu vou
ficar bem, prometo que vou. Só não quero deixar a vovó preocupada. – E novamente
ele foi abraçado pela tia. – Vou arrumar as minhas coisas, sairei amanhã de
manhã.
Continua... Oi! Tudo bem com vocês? Eu tô viva. Desculpem pela demora, eu fiquei presa em algumas partes do capítulo e não conseguia desenvolver de forma alguma, por isso acho que ficou um pouco forçado... Enfim, com toda a situação com a Demi, bateu um desanimo tão grande. As notícias que temos dela são tão rasas, eu só queria saber se ela está realmente bem. Orem por nosso bebê, ela precisa muito de todos nós nesse momento. Vamos enviar muita energia positiva para ela, ok? Beijo para vocês e obrigada pelos comentários <3