18.6.18

Capítulo 11 - Parte I/II


   - Eu adoro ouvir o barulho dos grilos. – Comentou Demi. Ela não sabia para onde olhar porque o céu estava lindo todo estrelado, ao olhar para trás o casarão também era lindo iluminado com uma luz baixa que era refletida na água da piscina. Mas a casinha na árvore era a grande atração da noite. E mesmo que estivesse com um pouco de medo porque onde a árvore estava era longe da casa e depois dela tudo estava escuro, Demi estava animada para a noite.

   - Eu também. Depois nós podemos pegar alguns vagalumes e coloca-los dentro de um pote de vidro. – Disse Joe ao ver a luz do inseto por entre a grama onde eles passavam.

   - Joseph! É muita maldade. – Comentou Demi abraçando mais o namorado porque ela estava com um pouquinho de medo.

   - Mas é divertido. Depois é só soltá-los. – Ele esboçou o melhor sorriso de menino e se curvou para beijar a bochecha da namorada. – Espero que você goste. – Estavam em frente à árvore onde ficava a casinha, e ansiosos, sorriram quando se olharam. Seria a melhor noite de todas.

   - Amor, eu estou com um pouco de medo. – A árvore era alta o suficiente para que uma queda dali de cima fosse fatal. Demi abraçou o braço de Joe e fez a melhor cara de cachorrinho carente quando ele a olhou e sorriu.

   - Eu estou aqui e vou te proteger. – Carinhoso Joe tocou a ponta do nariz da namorada e a beijou brevemente nos lábios. – Você não vai cair, prometo. A escada é firme e segura. Só não olhe para baixo, vou estar logo atrás de você. – Explicou a olhando nos olhos e ansiosa, Demi assentiu.

Era como Joe tinha dito: ela não deveria olhar para baixo. Subir os primeiros degraus foi estranho porque a ansiedade a dominava a ponto de as mãos suarem, o coração estar ligeiramente mais acelerado que o normal e o frio na barriga uma deliciosa adrenalina misturada ao medo.

   - Joe... – Murmurou Demi porque ela tinha olhado para baixo involuntariamente para saber se o namorado a seguia ou não. – Amor.. – Tornou a murmurar sem conseguir coragem para mover um músculo para continuar subindo.

   - Confia em mim, continua, princesa. Eu estou aqui e você não vai cair. – Ao ouvir a voz de Joe, Demi fechou os olhos e foi pensando nas palavras da pessoa que ela mais amava em todo mundo que conseguiu forças para continuar subindo, mesmo devagar, cada degrau da escada.

   - Meu coração vai sair pela boca. – Assustada, Demi acomodou a espécie de varanda e abraçou os joelhos porque não conseguia acreditar que estava a tantos metros do solo firme.

   - Ei, calma. Está tudo bem. – Sorrindo, Joe se acomodou ao lado dela e segurou com firmeza a mão feminina. – Já passou, só respira fundo e relaxa. – Ele sabia exatamente como era a sensação de medo de subir pela primeira vez na casinha. O coração batia mais rápido de medo, porém estar naquele lugar sossegado e que tinha a vista mais bonita de toda não tinha preço.

   - Eu vou tentar relaxar, só me abraça. – Murmurou Demi de olhos fechados e Joe assentiu. Ele tirou a mochila que carregava e ajudou Demi a tirar a dela, para depois puxa-la para entre as pernas e abraça-la com todo amor que sentia. – É uma sensação diferente. – Disse baixinho e de olhos fechados ainda sentindo os beijos de Joe no ombro e os braços dele envolvê-la com firmeza.

   - É sim, mas é muito bom. Você confia em mim? – Perguntou envolvendo os dedos aos dela e Demi só balançou a cabeça assentindo. – Vamos ficar em pé, prometo que você vai amar a vista. – O melhor daquela noite era que o céu estava fantástico carregado de estrelas e de um azul tão puro, que toda vez que Joe olhava para a imensidão, a mente viajava por entre aquelas estrelas e a sensação de paz era maravilhosa.

   - Joe.. – Murmurou Demi apertando mais as mãos as do namorado, que sussurrou para ela:

  - Confia em mim. – Joe podia sentir todos os músculos de Demi rígidos de tensão por conta do medo, então para fazer o primeiro movimento, ele precisou de muita calma e transmitir toda confiança que podia para que continuassem. Acabou que ele ficou em pé primeiro e sorriu ao olha-la ainda de olhos fechados. – Aqui é seguro, está tudo bem, anjo. – Pelo visto, as palavras dele surgiram efeito, porque Demi aos pouquinhos se ergueu segurando as mãos dele até que estava na planta dos pés. – Vamos, abra os olhos. – Pediu todo carinhoso aproveitando para roubar um selinho que resultou num sorriso tímido dela.

   - Eu.. Eu gosto do cheiro dessa árvore. – As mãos dela foram de encontro com o peito de Joe para que pudesse abraça-lo para se sentir segura antes de abrir os olhos. – Agora eu me sinto completamente segura. – O sorriso de Demi foi motivo para o sorriso de Joe, que colocou uma mecha do cabelo castanho atrás da orelha e se curvou para dar um selinho nos lábios da namorada.

   - Vem cá, princesa. – Aos pouquinhos Joe conseguiu que Demi relaxasse, mas ainda sim ela sempre estava o abraçando ou o segurando a mão. – Olha como o céu está bonito. – Comentou encostando a namorada na varanda para que pudesse abraça-la por trás.

   - Está. – O coração ainda batia tão rápido, mas Demi preferiu se concentrar em relaxar nos braços do amado. Beijou-o no peito e levou as mãos às dele no parapeito da varanda. Era realmente de tirar o fôlego. Por que parecia que as estrelas brilhavam mais no Texas? No Top of The Rock a vista também era magnífica, talvez a resposta para aquela pergunta fosse o fato de que ali, estavam no campo e não havia nenhum arranha-céu e muito menos as fachadas luminosas da Times Square. Era só a natureza.

   - Eu sempre gostei de olhar as três Marias. – Deveriam ter ficado em silêncio por tantos minutos. Era que o céu estava chamativo demais e ao olha-lo, a atenção era toda voltada para ele e todas aquelas estrelas. Demi sentia que o canto dos grilos, o assoviar das corujas e a brisa deliciosa também a distraía. – Elas são as minhas estrelas. A vovó contou que o meu pai dizia que elas representavam a nossa família. Eu, ele e a mamãe. – Ao ver os olhos de Joe marejados, os dela também ficaram a ponto de Demi ter que respirar fundo enquanto pensava no que poderia dizer.

   - Querido... Eu amo você. – Quando beijou no rosto onde a lágrima solitária rolava, Demi sorriu e gentilmente o acariciou no cabelo da nuca. – Eles estão orgulhosos do homem maravilhoso que você é. E eu também.  Tenho tanta sorte de ter você. Nunca pensei que.. que eu poderia amar alguém como eu amo você. Eu encontrei o meu amor, e estou tão radiante de dizer que é você. – Apaixonada era pouco para defini-la. Quando abraçou o corpo de Joe e olhou para cima, o suspiro foi pesado porque o sorriso dele a fazia feliz.

  - Eu também amo você, sempre vou amar. – Ele estava emocionado porque não a merecia de nenhuma forma, e ao se lembrar de como Lucas quis negocia-la como uma mercadoria por conta das malditas fotos com Rose, Joe franziu o cenho e puxou Demi para um abraço protetor que por ela foi interpretado com outro significado. – Eu não mereço você. – Disse baixinho sem conseguir olha-la nos olhos.

  - Não diga besteiras, Joseph. – Pondo-se na ponta dos pés, Demi levou as mãos ao rosto de Joe e o direcionou para olha-la nos olhos. – Essa noite eu só quero você. Só quero sentir como você me ama e mostrar como eu te amo e preciso de você. Apenas nós dois. – Sorrindo, ao levar as mãos dele para cintura, Demi se lembrou de quando eles começaram a se envolver e ela sempre tinha que guia-lo. – Eu estou com medo porque estamos no alto, mas é perfeito. Só nós dois longe de tudo e todos. – Demi sorriu e para começar, deu um beijinho no peito de Joe onde geralmente conseguia alcançar sem grandes problemas. – Relaxa, meu amor. – Disse o abraçando pelo pescoço e Joe a abraçou de volta rodeando a cintura delicada com os braços. – O que foi? Você está tão calado. Não quer ficar comigo? Só nós dois hoje, querido, nada mais. – Demi aproveitou para enchê-lo de beijinhos no pescoço e no peito, e quando o olhou nos olhos, sorriu.

   - Só nós dois? – Era demais para ele. Quando teve as costas acariciadas, Joe franziu o cenho e se curvou para beijar os lábios de Demi, que o beijou de volta ansiosa e toda apaixonada. – Dem, nós temo.. – Murmurou porque pensar era muito difícil com Demi o enchendo de beijos no rosto e no pescoço, também aproveitando para apertar e acariciá-lo nas costas e na virilha.

   - Nós dois, só nós dois. – Demi umedeceu os lábios e os entreabriu de olhos fechados porque ela adorava quando Joe a beijava na garganta enquanto a apertava no bumbum. Era simplesmente delicioso sentir como os beijos e carinhos dele causavam sensações de um prazer fora do comum.

Algumas palavras escaparam pelos lábios de Demi, nada com sentido e que nem ela mesma entendia. Os olhos estavam fechados, os lábios entreabertos e os dedos enlaçados puxando o cabelo curto e macio da nuca de Joe conforme ele a mordia e a beijava incansavelmente no pescoço, rosto e a apertava nos seios mesmo sobre a camisa. O resultado das mãos bobas foi um beijo de perder o fôlego, e quando finalizado, Demi não perdeu tempo, beijou o peito largo, distribuiu muitos beijos no maxilar, pescoço e fez como Joe fazia: beijou a garganta, arrancando suspiros do namorado.

   - Aqui está frio. – Mordendo o lábio inferior, Demi enlaçou os dedos aos de Joe e o guiou na direção da porta da casinha como se ela realmente conhecesse tudo e soubesse como abria aquela porta, o que foi frustrante porque o plano era não fazer longas pausas, apenas focar no que realmente interessava: passar toda a noite namorando. – Abre pra gente, coisa fofa. – Beijá-lo nas costas foi uma excelente ideia. Demi até de olhos fechados estava enquanto Joe buscava pela chave no bolso da calça para depois encaixa-la ao miolo da maçaneta desconcentrado porque dos beijos nas costas Demi tinha passado para mãos bobas o arranhando no abdômen e o apertando na ereção absurdamente pronta para aquela noite.

   - Dem, eu.. – Murmurou Joe um pouco preocupado caminhando na direção do interruptor da luz. Como ele poderia começar a contar sobre tudo que tinha acontecido de forma que Demi entendesse do ponto de vista dele? Era tão complexo e toda vez que pensava no assunto, surgiam muitas variáveis necessitando de uma resposta que ele não fazia ideia de qual era. – Nós precisamos conversar. – Disse a olhando todo concentrado, mas no instante que a luz estava acesa, Demi sorriu de orelha a orelha. A culpa era toda dele! As pétalas de rosas estavam espalhadas pelo colchão forrado com um lençol de seda branca para aquela noite, mas agora Joe não conseguia continuar porque a consciência não deixava.

   - Amor, está tão lindo. – Disse Demi logo umedecendo os lábios porque ela adorava quando Joe era romântico e pensava em todos os detalhes para conquistá-la. – Joe! – Toda sorridente, quando se aproximou, Demi abraçou o namorado pela cintura e direcionou a cabeça para olha-lo nos olhos. – Amor, eu.. eu amo tanto você. – Disse o abraçando pelo pescoço e o puxou para um beijo que mal foi correspondido. – O que foi? – Perguntou o olhando nos olhos porque sentia falta dos braços de Joe rodeando-a pela cintura e da língua junta a dela.

   - Dem, eu quero muito que essa noite seja especial para nós dois. Quero muito fazer amor com você. – Disse Joe com um pouco de receio, mas Demi acabou sorrindo aliviada ao ouvir a última frase dele.

   - Qual o problema? – Perguntou o puxando pela mão na direção do colchão e Joe respirou fundo porque ele teria que ser muito paciente para conseguir tirar da cabeça de Demi que eles não namorariam naquela hora. – Ei, me abraça. – Pediu toda manhosa e de cenho franzido, e Joe a puxou para um abraço apertado quando se deitou no colchão. – Não tão forte. – Brincou o mordendo no lóbulo da orelha e Joe sorriu fraco.

   - Porque você nunca fica quietinha? – Joe perguntou quando Demi se deitou sobre ele e o encheu de beijos molhados no pescoço. – Ei. – Chamou a segurando pela cintura ao sentir as mãos de Demi explora-lo nas costas e no peito. – Dem, nós precisamos conversar. É muito sério. – Ele não alterou o tom, deu um beijinho nos lábios para depois na testa dela aninhando-a nos braços. – Não quero que você pense que eu.. que eu estou tirando proveito de você depois. – Explicou-se e Demi franziu o cenho se erguendo.

   - Eu jamais pensaria isso. – Disse intrigada e sem entender o que estava acontecendo. – Você é o homem que eu amo e o meu melhor amigo, por que eu pensaria isso? – Perguntou receosa e Joe massageou o cenho.

   - Por que nós temos que conversar sobre a nossa relação e se você ficar chateada comigo, não quero que pense que eu me aproveitei de você mesmo sabendo que tudo entre nós desmoronaria depois. – Explicou-se a olhando nos olhos e Demi franziu o cenho, mas assentiu se deitando ao lado dele para olhar o teto da casinha atravessada pelo tronco da árvore. – Eu preciso dizer tantas coisas.. – Começou ainda sem coragem porque o risco de perdê-la era tão grande que o coração doía. Entre uma brechinha e outra dava para ver as estrelas, e Joe preferiu olha-las enquanto se preparava para dizer tudo que precisava.

   - Você tem razão. Nós precisamos conversar e colocar tudo no lugar antes de qualquer coisa. Eu não quis forçar a barra, desculpa. – Não tinha nenhum problema aceitar o selinho dela e muito menos abraça-la, tinha? Joe estava tão surpreso porque Demi tinha tomado a frente, e talvez seria melhor ela começar. – Joseph, eu amo você, a Sel e o Ed. Desde adolescente até a Gyllenhaal, era apenas eu e a Sel. Ela me acolheu e era a minha família. E mesmo tendo a melhor companhia que uma garota poderia ter, eu queria mais porque achava pouco ter apenas ela. Sempre procurei o amor dos meus pais em outras pessoas e nunca desisti de conseguir essa atenção, não me julgue por ser tão carente, por isso que minha lista de namorados é gigante. Só que quando você cresce com a sua mãe e não tem nenhuma atenção e carinho, você se sente rejeitado.. É por isso que eu preciso que as pessoas gostem de quem eu sou porque não quero me sentir rejeitada porque dói. – O sorriso surgiu quando Joe a beijou brevemente porque ele sabia que ela era incrível e merecia muito ser feliz depois de tudo que tinha acontecido. – Quando descobri sobre o meu pai e as minhas irmãs, o meu mundo mudou. Na verdade, eu acho que tudo que eu conhecia de rejeição se desfez e eu só queria sentir a atenção, carinho e amor que eles tinham para me oferecer. Foi demais para mim. Tudo aconteceu muito rápido e.. Eu não soube administrar bem a situação. Jamais deveria ter deixado vocês de lado, eu errei, não de propósito, mas assumo a minha responsabilidade e me desculpa por ter dito tantos absurdos para você. Deixei o medo de perder o meu pai subir à cabeça. Eu o amo, mas agora entendo que ele não tem o direito de decidir com quem eu posso ou não me relacionar. Você é um homem incrível, inteligente e generoso. Todas essas pessoas que você ajuda têm muita sorte por ter você, e eu também. Desculpa pelas palavras maldosas e por tudo que nós passamos, eu não queria que nossa relação chegasse a esse ponto. – O que ele diria? Joe quis chorar quando Demi envolveu os dedos aos dele e se acomodou pertinho dele pedindo por um beijo depois que o olhou com os olhos marejados.

   - Doeu o que você disse, mas eu entendo a sua frustração. Você sempre teve a sua mãe, e ela não te amar deve ter sido horrível porque ela.. ela está viva, saudável e.. Eu entendo, Dem. Não sei o que é esse tipo de amor porque os meus pais estão mortos. Você tem todo o direito de.. De lutar por sua mãe, de aproveitar da melhor forma possível o tempo com o seu pai e as suas irmãs. – Não era para ele ter chorado. Só que como fazia para controlar todas aquelas lágrimas e a emoção quando o assunto era absurdamente delicado? Joe levou as mãos ao rosto e tentou secar as lágrimas da melhor forma que podia, e ainda se sentiu pior porque Demi também derramava as dela e tinha o abraçado com força.

   - Eu sei que nada é capaz de substituir um pai e mãe, mas você tem todos nós. Amamos muito você, Joseph. Eu, a Sel, o Ed, o Derick e a sua família. – Era uma droga! Só podia ser. Era por isso que ele não gostava de falar do Texas a ponto de evitar sempre que podia o assunto, porque ali, não tinha como evitar pensar sobre os pais e o sofrimento na adolescência. – Amor, eu amo muito você, não fica assim. – O abraço de Demi o confortou de uma forma tão especial, e Joe a abraçou de volta porque na amada encontrava a paz que precisava.

   - Eu também amo muito você, Demi. – Disse levando uma mão ao rosto para acaricia-la. – Você é simplesmente a melhor coisa que já me aconteceu. Quando nós estamos juntos, eu me sinto tão feliz e realizado, acho que ninguém jamais irá conseguir me fazer feliz como você. Eu odeio tudo que aconteceu desde a nossa briga em Nova York até hoje. – Joe a deitou ao lado e se ergueu para conseguir abraçar os joelhos.

   - Eu sei.. Mas vamos pensar positivo. Eu simplesmente amei a sua cidade e sei que juntos, nós podemos fazer dessa viagem incríveis lembranças. – Quando Joe encostou a cabeça nos joelhos, Demi franziu o cenho porque o olhar do namorado estava carregado de tristeza. – Amor.. – Chamou-o se erguendo para abraça-lo de lado. – Se você está triste pelo que aconteceu mais cedo, eu juro que estou tentando entender... Fiquei com muito ciúme da Evelyn, mas... Estou feliz porque você me contou, isso é importante para nós.. Um confiar no outro. – Como viu que as palavras não tiveram efeito, Demi deu um beijinho na bochecha de Joe e exageradamente o abraçou até que os dois caíram no colchão. – Hum, eu entendo. Nós somos seres humanos e não quer dizer que só porque estamos namorando que você é Edsexual. – Demi franziu o cenho e xingou mentalmente Selena por dar aquele exemplo.

   - Eu realmente não sou Edsexual. – Foi o primeiro sorriso de Joe, apesar de fraco.

   - Foi um exemplo da Sel.. Enfim, o que eu quero dizer é que é normal você sentir atração por outra mulher, por mais que eu odeio muito esse fato e já estou avisando que vou fazer um escândalo, eu entendo. Eu também sinto atração por outros homens, mas não é nada comparada a forma como eu amo e respeito você. – Sorrindo, Demi deu de ombros quando Joe arqueou uma sobrancelha, mas não disse nada porque concordava com ela e porque tinha passado de todos os limites nos últimos dias.

   - Eu não estou chateado por conta disso. – Murmurou sem olha-la, mas depois o fez porque Demi se deitou sobre ele e o beijou nos lábios. – Dem, é sério. – Joe queria poder brincar com Demi da mesma forma que ela fazia com ele tentando descontrair a conversa, mas com o que estava por vir, não dava para brincar. – Eu ainda preciso contar muitas coisas. – Disse sério e Demi assentiu suspirando.

   - Tudo bem, eu vou ficar quietinha. – Ela ainda roubou um selinho, o que fez Joe se sentir péssimo porque ele tinha a melhor namorada do mundo por tentar fazê-lo se sentir bem enquanto ele tentava contar para ela algo que a deixaria arrasada.

   - Fiquei muito chateado com as coisas que você me disse e por você ter me deixado de lado. – Disse a olhando brevemente. – Quando eu cheguei aqui, fiquei tão mal humorado, a maior parte do tempo preferia ficar sozinho porque eu não conseguia parar de ser grosso com as pessoas porque eu estava irritado por não estar falando com você e pela briga. Foi horrível e eu não sei o que aconteceu comigo, nunca fiquei tão irritado e antipático como aconteceu nesses dias... – Joe respirou fundo pensando no que ele poderia contar primeiro, mas sabia que no final o resultado seria desastroso. – No dia que quase aconteceu um beijo com a Evelyn, era a formatura da Rose. – O coração já estava tão acelerado de uma forma absurda só porque o que estava por vir acabaria com Demi. – Eu só queria me divertir como um cara normal e comemorar. Tomei muitas cervejas e bebidas que nem faço ideia do que eram. Nós três, eu, o Derick e a Rose aproveitamos à noite dançando e rindo de bobeiras. Eu não me lembro de muita coisa, aliás, minhas lembranças só vão até à pista de dança e nada mais.. Quando acordei, estava no hospital com muita dor de cabeça e eles disseram que fui drogado. – Murmurou um pouco envergonhado. – Acontece que. – Respirando fundo, Joe sustentou o olhar de Demi que estava séria ouvindo atentamente o que ele dizia. – De alguma forma, há fotos circulando por aí. E nelas, eu estou beijando a Rose. – O frio na barriga foi insuportável. O coração batia muito rápido e Joe sentiu as mãos suarem. – Eu não faço ideia de como isso foi acontecer e eu não me lembro de absolutamente nada. – Disse todo receoso porque deveria completar quase quinze minutos que Demi não dizia uma única palavra.

   - Uau. – Murmurou Demi desacreditada olhando para o tronco da árvore onde ironicamente havia gravado três iniciais dentro de um coração: J + R na parte de cima do coração e na ponta já na parte de baixo o V, havia o D que certamente significava Derick. – Então, você e a Rose.. – Por que diabo estava sorrindo? Demi não sabia explicar. O cérebro processava tantas informações e a decisão a tomar, era um caminho dificílimo que a confundia. – Ela conseguiu o que sempre quis. – Franzindo o cenho, Demi encostou a cabeça nos joelhos e abraçou as pernas. – Eu.. Joseph.. – Respirando fundo, Demi cobriu o rosto com as mãos e quando teve vontade de chorar, o pensamento veio: ele estava inconsciente. – É tudo o que aconteceu? – Perguntou sem conseguir esconder como estava chateada e Joe engoliu em seco sem dizer e emitir nada.

   - Eu não me lembro. – Disse baixinho.

   - Vocês foram pra cama? Ou.. Nem chegaram até ela? – E novamente o sorriso que nem ela entendia. Quando a primeira lágrima rolou, Demi a secou rapidamente e se levantou se aproximando da janela. Logo Rose! Era tão complexo assimilar tudo aquilo. – Você não sabe? – Perguntou minutos mais tarde quando controlar as lágrimas e o nervoso da melhor forma que podia já não era possível. – Joseph?! – Demi o olhou o questionando e tudo que Joe fez foi abaixar a cabeça. – Você sabe como essa menina é louca por você! Qual o seu problema? Por quê? Por quê? – Massageando o cenho, Demi logo o franziu. – Você tinha que beber e dar essa brecha pra ela? E ainda por cima não se lembra nem se transou com ela ou Deus sabe lá quem? – Ela tinha explodido e estava com tanta raiva que até as mãos gesticulava.

   - Eu não sei o que aconteceu. – Murmurou Joe intimidado e com tanto medo. – Tudo foi tão rápido. Eu só queria me divertir, não esperava que à noite tomasse esse rumo. – Terminou falando baixinho porque só de olhar para Demi, ele se sentia mais intimidado e envergonhado.

   - Ótimo! Agora que você já se divertiu, me diz como eu fico? – Perguntou irritada o olhando fixamente. – Eu estou tentando entender o que aconteceu. Você estava drogado.. mas.. Olha como as coisas aconteceram! Não tem como eu não ficar chateada, Joseph! Você não pode exigir isso de mim. Primeiro a história com a Evelyn e a agora a Rose? Tem mais algo que eu deveria saber? Por que até então eu sinto que eu nunca conheci quem é o cara que eu venho compartilhando a minha vida há seis meses.

   - Tem. – O sussurro foi uma decepção para Demi, e ao mesmo tempo o coração se partiu em tantos pedaços porque a teoria que ela não queria acreditar estava se concretizando: ela não conhecia quem Joe era. – Eu.. Como você sabe, eu fiz algumas consultas para saber o que estava acontecendo comigo. – Disse sem conseguir olha-la. – E.. Dem, eu juro que não contei antes porque eu não queria que você ficasse preocupada. Eu só queria que você fosse feliz depois de tudo que aconteceu com a sua mãe, o Jake, a Mary.. Achei que você só precisava de momentos felizes e.. – Os olhos dele estavam tão marejados e os de Demi não estavam diferentes. Ela o olhava fixamente sentindo o coração doer no peito porque aquilo tinha que ser um pesadelo! – Eu fui diagnosticado com insuficiência cardíaca direita alguns meses atrás. Está grave e.. Meu coração está muito fraco e a médica disse que provavelmente precisarei de um transplante.

O que ela poderia fazer? A vontade de Demi era de gritar com Joe e insulta-lo com os piores palavrões. Tudo estava tão confuso e a saída para Demi foi apenas derramar muitas lágrimas até que ela estava soluçando desamparada entre o choro e olhando para o nada. Ele não podia fazer aquilo. Não podia de forma alguma e tudo que Demi sentia era uma mistura desagradável de sentimentos começarem a sufoca-la.

   - Você não tinha esse direito, não tinha! – Disse entre o choro e quando Joe se aproximou, ela o empurrou com certa violência. – O que adiantaria depois que você estivesse na droga de uma sala de cirurgia entre a vida e a morte? Ou quando você.. Quando você.. você estivesse dentro de uma droga de um caixão. – O desespero foi tão grande que Demi gaguejou e se sentiu apavorada só com o pensamento. – Você acha que eu iria sofrer menos? Como você acha que eu me sentiria quando soubesse que.. Que nós poderíamos ter enfrentado isso juntos, mas que você preferiu esconder? – Perguntou irritada o olhando. – O que infernos passa por sua cabeça? Qual o seu problema? – Gritou tão emocionada o olhando e quando Joe não disse nada, Demi passou por ele rapidamente caminhando em direção à porta. Ela nem mesmo olhou para a mochila do lado de fora da casinha, mas quando se lembrou de que tinha que descer aquela escada, o corpo todo travou e as mãos começaram a tremer de medo. – Não me toca! – Gritou quando Joe a puxou para um abraço e a beijou na testa mesmo contra a vontade dela. – Eu disse para você não me tocar. – Ao mesmo tempo em que recusava o abraço, ele era muito bem-vindo e reconfortante.

   - Desculpa, por favor. – Pediu entre lágrimas, e Demi o abraçou porque não queria mais resistir e continuou chorando inconsolavelmente.

   - Só me tira daqui, eu não quero ficar perto de você. – Disse Demi minutos mais tarde. Ela nem mesmo o olhou, desfez do abraço limpando as lágrimas e se sentindo exausta.

   - Só tem a escada. – Explicou Joe a olhando. Ele nunca tinha visto Demi com o olhar vago e tão desanimada a ponto de os ombros estarem franzidos. – Eu ensino você a descer. – Ele tinha a perdido. Era a sensação que vinha a cada vez que Joe olhava para a amada e a encontrava fechada, indecifrável e sem aquela alegria de menina que o fazia sorrir feliz.

   - Que seja. – Com ou sem Joe, ela teria que descer. Os músculos pareceram perder a força e o medo falou um pouquinho mais alto, porém Demi juntou toda a coragem que tinha e a raiva também a ajudou a começar a descer degrau por degrau daquela escada certificando-se que nunca mais inventaria de subi-la. Foram minutos e mais minutos para descer, e quando lá estava chegando ao solo, Demi sentiu um alívio tão grande por ter conseguido.

 Ela nem esperou por Joe, que descia com as duas mochilas. E deveria? Não mesmo porque a última coisa que Demi queria era olhar para a cara do namorado. Estava escuro e frio por conta do sereno, e a cada passo, Demi olhava para os lados porque era naquele tipo de situação que a mente a enchia de besteiras, mas acabou que tudo que Joe tinha dito a deixou de cenho franzido, irritada e obrigando-a a derramar tantas lágrimas.

   - Demi? – Quando olhou para o lado e viu que o namorado ofegava, Demi quis xinga-lo e se xingar porque ao mesmo tempo que a raiva por Joe era grande, o medo de que ele passasse mal era muito maior.

   - Eu.. Eu vou embora amanhã. – Disse Demi antes de adentrar a casa. Ela mal conseguia olha-lo porque se sentia tão chateada e confusa. – Vou separar as suas roupas que estão comigo aqui, você pega no quarto depois. As coisas que estão no meu apartamento você pega quando voltar para Nova York, ou se quiser, eu envio para cá. – Demi colocou uma mecha do cabelo atrás da orelha e olhou para o céu para não chorar. – Você comprou as alianças então elas são suas, nós resolvemos como vamos cuidar da Lucy.

   - O que você quer dizer? – No fundo ele sabia exatamente o que aquelas palavras significavam, só era muito difícil acreditar nelas.

   - Não dá pra mim.. – Por que sempre as lágrimas tinham que traí-la? Por que o coração tinha que doer daquela forma absurda? – Não posso continuar um relacionamento assim. É melhor cada um seguir sozinho. – Pior que sentir o coração doer, era saber que ela tinha machucado Joe. Porém uma vez que a confiança estava estraçalhada, continuar com aquele relacionamento só resultaria em problemas. – O que eu puder fazer por você, prometo que farei. – Disse antes de virar as costas sentindo como se o mundo todo estivesse a desabar em segundos e que nenhuma ação resultaria em algo diferente da destruição e caos.

   - Você pode ficar comigo, pode me amar e cuidar de mim. – Ao ouvir as palavras de Joe, Demi cobriu o rosto com as mãos e chorou baixinho sem conseguir forças suficientes para olha-lo nos olhos.

   - Joseph, não torna isso mais difícil do que já é. – Pediu de cenho franzido odiando todas aquelas lágrimas rolarem pelos olhos dele e o coração doer. – Eu amo você e sinto que sempre vou amar, só não posso ficar com você. – Será que o tempo fazia com que términos piorassem? Será que um dia aquela dor passaria? Demi subiu para o quarto, e quando fechou a porta, se sentou ao chão e chorou sentindo a cabeça doer, assim como o coração. Joe não teve forças para subir a escada, acomodou-se ao sofá da sala e quando se deitou, chorou tanto que até soluçava e tinha as veias levemente alteradas.

Os minutos pareceram horas. Não havia sono, não havia alegria, não havia esperança. Era a primeira vez que Demi passava uma madrugada acordada onde não existia espaço para o sono. E durante aquele tempo, ela reviveu todos os momentos com Joe. Quando ele a salvou no beco escuro, a amizade no hospital, o primeiro beijo dele no Central Park, os momentos divertidos jogando videogame e assistindo desenho animado, a primeira noite de amor de Joe, os momentos de ciúmes, as fotos com Lucy, a forma que os dois eram companheiros, apaixonados e estavam sempre namorando. Eram boas lembranças, mas não eram reais. Havia a maldita mentira que mudava tudo. Seria diferente se ela soubesse? Com tamanha certeza as coisas seriam mais difíceis, mas eles enfrentariam aquele monstro juntos e venceriam. O fato de Joe ter mentido era tão determinante que as fotos com Rose praticamente não queria dizer nada. Claro que as duas coisas juntas viraram uma bola de neve, e a raiva era grande.

Por volta das seis, Demi se levantou. A cabeça estava doendo, os olhos inchados e a ponta do nariz avermelhada. Fora o corpo dolorido... Tomar um banho ajudou, e quando se trocou, Demi aproveitou para separar as camisas e pijamas de Joe que costumava vestir. Como era organizada e não tinha passado muito tempo no Texas, não foi trabalhoso arrumar as malas. Ela só esperaria o pessoal terminar o café da manhã porque jamais se juntaria a família de Joe da forma que estava. E foi pensando na família que o pensamento veio: o que diria a Clara e Laura? Inventar uma desculpa sobre o trabalho era uma boa saída, Joe cuidaria do resto... Aliás, não era bem uma desculpa já que ainda havia um projeto da Gyllenhaal para terminar e um escritório para montar. Coisas para fazer em Nova York não faltavam, e Demi esperava que as tarefas fossem o suficiente para ocupar a mente. Também havia o Café Wha? onde ela poderia passar as madrugadas tomando cerveja e procurando alguém para aquecer a cama. Não era como se Joe fosse o último homem do mundo... Mas ao pensar nos outros, Demi se sentiu estranha e desconfortável com a ideia de partilhar os sonhos, sentimentos e o corpo com uma pessoa diferente do ex-namorado.

O celular estava com Joe dentro da mochila. Caso ele estivesse por perto, Demi poderia trocar mensagens com Selena ou com as irmãs, ajudaria a não pensar em mais besteiras porque ela já se sentia exausta física e psicologicamente. Ao olhar pela janela, Demi franziu o cenho porque o cenário era completamente diferente do dia passado. No céu havia nuvens escuras e o azul era uma lembrança vaga dando lugar ao tom roxo. Por segundos, os olhos foram fechados quando Demi se escorou no batente da janela, e ela poderia dormir vencida pelo cansaço, mas preferiu olhar a hora no relógio no criado-mudo. Oito horas já era mais seguro... E passar um pouco de maquiagem no rosto resultou em mais minutos a favor. O que ela faria? Desceria primeiro com uma mala? Conversaria com Laura e Clara enquanto tomava café? A indecisão foi tão grande e Demi desejou ter Selena ali com ela para ajuda-la a decidir. De qualquer forma ela precisaria de ajuda para descer com as malas, talvez Derick a ajudasse.. E um táxi para Marble Falls não deveria ficar tão caro.

Primeiro ela conversaria com Clara e Laura, depois pegaria a mochila com Joe e iria embora. Não estava tão ruim... Ao abrir a porta do quarto, foi como se fosse encontrar leões famintos a qualquer momento. Discretamente Demi olhou para os lados do corredor e quando notou que era seguro, caminhou sem fazer muito barulho. Era estranho como estava silêncio, mas também a casa era tão grande. Tudo era uma questão de muita cautela porque topar com um parente de Joe estava fora de cogitação, então ao descer degrau por degrau da escada principal, Demi fazia breves pausas para se atentar ao barulho. O caminho para cozinha era o mais conhecido, e ao chegar lá, não havia ninguém, apenas o café da manhã separado como no dia passado.

O toque do despertador por muitas vezes era o pior som do mundo porque significava que ela tinha que levantar. E vinha do celular. Demi franziu o cenho e caminhou na direção do toque do aparelho que tinha programado na noite passada porque não queria levantar muito tarde. E lá estava ela na sala.

   - Dormiu no sofá, Joseph? A gatinha te expulsou da cama porque você não deu conta do serviço? Acho que eu vou subir e fazê-la gemer mais alto que naquele vídeo para você escutar daqui mesmo. – Foi simplesmente ridículo, humilhante e constrangedor. Demi franziu o cenho ao ouvir a fala de Lucas e se sentiu constrangida quando um rapaz que aparentava ter a mesma idade que ela começou a imita-la como naqueles malditos vídeos que graças a Jake circulavam pela internet.

   - Não me faç... – Joe não tinha nenhuma energia e paciência para suportar as “brincadeiras” de Lucas. Já não bastava ter sido acordado com empurrões e o fundo quente do copo de café posto na testa. Mas se Lucas continuasse, Joe descontaria toda frustração nele e nos primos, só não esperava encontrar Demi parada na entrada da sala claramente desconfortável.

   - Vai por mim, você nem chegaria perto de conseguir. – De onde ela tinha tirado coragem para olhar para Lucas e dizer aquelas palavras? Era um mistério! Demi sustentou o olhar dele o tempo suficiente para que Lucas se sentisse constrangido e saísse da sala sem jeito acompanhado pelos sobrinhos que não conseguiam controlar o riso. - E você disse que eu não precisava me preocupar.. – Demi mordeu o lábio inferior e adentrou os bolsos da blusa de moletom que vestia. – Eu estou com tudo pronto. Se o Derick estiver livre, pode pedir para ele me ajudar com as malas, por favor? – Perguntou educadamente lançando um rápido olhar para Joe. Ele estava descabelado, tinha as roupas desgrenhadas e amassadas, e um olhar tão perdido e cansado.

   - Eu vou descer com as suas malas. – Disse Joe massageando o cenho. – Dem,  por favor, pensa um pouco mais sobre nós dois. – Pediu a olhando e nos minutos que Demi ficou calada, Joe franziu o cenho ao ver um clarão vindo da janela para depois ouvir o som do trovão.

   - Você não vai descer com peso. Provavelmente é uma das restrições médicas que você ignora na maior cara de pau e eu não vou permitir que nada aconteça por minha culpa. Se você não quer falar com o Derick, eu mesma falo. – Quando Demi virou as costas depois de pegar a mochila, Joe respirou fundo e caminhou atrás da namorada porque deveria existir algo que ele poderia fazer para reverter a situação.

   - Joseph? Ainda bem que você está acordado. Eu queria mesmo falar com você, urgente. – Foi no momento errado. O mundo estava tramando contra ele? Joe franziu o cenho e respirou fundo porque não dava para acreditar que tinha que acontecer logo naquela hora. Demi estava subindo a escada e ele prestes a subi-la... E quem tinha surgido para piorar a situação para ele, era Rose, que nem mais o olhava.. A menina media Demi de cima a baixo, que não fazia diferente com ela. Era basicamente como dizia a lei de Murphy: tudo que tem para dar errado dará, e da pior forma.

Continua... Oi! Tudo bem? Eu estou bem!! Espero que vocês gostem do capítulo, foi mais curtinho, mas era isso... Ele é meio que uma parte do capítulo passado e parte do próximo, resolvi fazer assim pra não demorar muito a postar. Obrigada pelos comentários!! Beijos para vocês e comentem o que acharam da mentira do Joe por todo esse tempo e da reação da Demi.. Acham que ela fez certo?

8.6.18

Capítulo 10

   – Eu amo você. Ok? – Começou a dizer um pouco desesperado e foi aí que o coração de Demi acelerou e os olhos se abriram um pouco mais porque ela conhecia muito bem aquele começo de frase. – Não aconteceu nada entre a gente. – Ele disse de imediato quando percebeu como a namorada estava estática o olhando. – Só que... Rolou um clima e eu quase a beijei. – Não tinha problema um cara chorar, não mesmo. Joe só não o fez porque sabia que não resolveria nada para o lado dele. Era só que quando ele via Demi decepcionada, decepcionada com ele, e chorando, o coração doía. – Eu... Desculpa. Minha intenção jamais foi te machucar ou pensar em te trair. Eu nunca faria isso, Demi. Meu coração é seu. – O que ele poderia dizer para fazê-la feliz? O que ele poderia fazer para reverter a situação? Doeu tanto quando Demi levou as mãos ao rosto e começou a chorar baixinho. Uma lágrima rolou pelo rosto e Joe cerrou os punhos porque a culpa era toda dele. – Ei, não chora. – Pediu engolindo em seco cogitando a possibilidade de se aproximar. – Não aconteceu nada, foi só um momento insignificante. Eu estava tão chateado e fora de mim. – Como Demi não tinha dito nada, Joe se aproximou e quando tentou abraça-la, a namorada escapou por entre os braços e secou as lágrimas furiosamente.

   - Se é realmente insignificante, você não teria a olhado da forma que olhou. – Não soou escandaloso, bem pelo contrário, tão calmo que Demi até se estranhou. – Não. – Interrompeu antes que Joe sequer pudesse dizer uma palavra. – Não minta para mim, Joseph. Você a ama? – Perguntou o olhando nos olhos e no mesmo instante que ouviu a frase, Joe negou balançando a cabeça. Uma coisa era certa, quando Demi queria, ela podia ser mais dramática que o necessário.

   - É claro que eu não a amo. – Resmungou Joe de cenho franzido como se fosse o maior absurdo do mundo, e para ele, era! – Demi, eu estava chateado e tão mal humorado. Eu a conheci quando fui entregar tomates, ela precisava de ajuda porque tinha brigado com o namorado. Nós começamos a conversar e nos identificamos. Não foi nada demais. Nós estávamos com problemas com os nossos relacionamentos e conversamos. – Tentou explicar da melhor forma possível, e o olhar interrupto de Demi o intimidava. – E.. No outro dia fui a casa dela levar legumes para ela e a Catty. Nós conversamos e quase aconteceu um beijo, não aconteceu mais nada.

   - Quando você pretendia me contar? – Perguntou Demi quando já não aguentava mais ficar em silêncio. – Ela é melhor que eu? – Diabos! Joe franziu o cenho porque ele não mentia de forma alguma. E ao olhar para Demi, ele viu que ela falava realmente sério.

   - Que? Claro que não. – Caso Ed estivesse ali, Joe sabia que receberia um olhar severo do amigo porque ele jamais deveria ter respondido a pergunta independente da resposta. – Dem. Eu sou um idiota e.. Só me perdoa, eu nunca tive a intenção de te machucar. – Disse um pouco aflito e quando Demi levou a mão para abrir o carro, automaticamente Joe se curvou sobre ela para impedir.

   - O que você está fazendo? – A pergunta o deixou de olhos arregalados e Joe engoliu em seco porque ele conhecia aquele olhar. Era o mesmo olhar de quando Demi estava de TPM e queria matá-lo. – Joseph, eu quero sair. Não quero ficar perto de você agora e não quero estragar ainda mais as coisas entre a gente. – Joe não soube o que dizer por que Demi falava sério. Quando ele voltou para o banco do motorista, respirou fundo e olhou para a namorada com a esperança que Demi estivesse o olhando, mas ela preferia olhar para o próprio colo.

   - Dem, vamos para casa? – Pediu Joe minutos mais tarde. Ele tinha esperado a namorada sair do carro, e como ela não o fez, o melhor a fazer era voltar à fazenda onde eles poderiam descansar e ficariam à vontade.

A resposta de Demi não veio. Joe a olhou e como era ignorado, resolveu sair com o carro. Para o silêncio não ser completamente absoluto, ligar o rádio não foi uma má ideia, até porque era quase uma hora até a fazenda. Durante o tempo que dirigia, Joe resolveu guiar o carro sem pressa porque a estrada era traiçoeira e era noite. Teve alguns momentos que ele estava completamente focado em dirigir, mas em outros e breves, olhava para o céu estrelado e imenso acima do campo pensando que iria corrigir todos os erros que tinha cometido para ser feliz com Demi. E ao pensar nela, Joe teve que parar a caminhonete no acostamento porque Demi dormia toda torta. Ele fez questão de abaixar o banco da melhor forma que podia e de cobrir a namorada com a blusa de frio que o pertencia.

   - Eu prometo que vou consertar essa bagunça e te fazer a mulher mais feliz do mundo. – Tinha como um homem ser mais especial que aquele? Joe arrumou a blusa de frio ao corpo de Demi e a beijou inofensivamente nos lábios e na ponta do nariz, e quando olhou para namorada, sentiu uma força imensa motivá-lo a jamais desistir daquela mulher por mais teimosa, carente e dramática que ela conseguia ser.

Nostálgico era poder ouvir o canto dos grilos, a brisa fresca do campo e olhar para o céu estrelado. Não existia coisa melhor a se fazer. O cotovelo estava escorado na janela do carro saindo um pouco para fora desse, o vento forte em razão da velocidade da caminhonete bagunçava os fios de cabelo curtos e durante quase uma hora e poucos minutos foi daquela forma até que Joe avistou a luz que vinha da fazenda quebrar a escuridão da noite.

Mesmo que sabia que Demi estava uma fera, Joe não poupou carinhos para acordá-la. Ele a beijou na bochecha e gentilmente a chamou a quantidade de vezes necessárias até que Demi franzia o cenho e abria preguiçosamente os olhos. Os dois estavam cansados e como era de costume, Demi sempre cedia primeiro. Não era para menos, o sono à noite foi pouco e o dia cansativo.

   - Nós já chegamos. – Ele sorriu para Demi, mas o sorriso foi breve porque ela revirou os olhos e ficou de costas para ele se aninhando mais a blusa como se fosse uma coberta. O que ele faria? Joe se sentiu constrangido e incomodado como nunca por causa da reação de Demi. Ele nem mesmo sabia o que dizer e nem se deveria. – Eu.. Eu vou entrar. – Murmurou coçando o cabelo da nuca. – Se você quiser ficar aqui, tranca quando sair. A chave está na ignição. – As bochechas dele estavam tão coradas que Joe saiu da caminhonete antes que Demi pudesse perceber e respondê-lo.

   - Joseph, espera. – Quando estava com sono, Demi não era a melhor companhia do mundo. Tinha dado muito trabalho abrir a porta da caminhonete às pressas e por um pouco o cinto de segurança a derrubou. Por mais que estivesse chateada, Demi não sabia como trancar a caminhonete e não queria ficar sem Joe por perto porque se ela esbarrasse com alguém da família do rapaz, não saberia o que diria. – Eu não sei trancar a caminhonete. – Murmurou o olhando brevemente e Joe assentiu cabisbaixo, e foi assim que ele passou por ela e trancou a caminhonete sem nenhuma dificuldade.

   - Eu vou subir, você vem? – Era óbvio que ela não ficaria ali sozinha. Joe só queria tentar quebrar aquele gelo mesmo que fosse com perguntas estúpidas.

Cabisbaixa, Demi assentiu e seguiu o namorado quando ele começou a caminhar. A raiva estava começando a passar, mas ela não iria ceder tão fácil porque doía muito só de imaginar Joe nos braços de outra mulher. De imagina-lo desejando alguém que não era ela. Conviver com a ideia era insuportável e criava um ciúme que a tornava irracional a ponto de quase ser agressiva. Não era saudável pensar e agir daquela forma, mas a carência dentro de Demi era mais forte que a sabedoria que a guiaria a perdoar Joe porque ele não tinha feito nada com Evelyn.

   - Como foi o dia? – Demi gostava muito de Laura, mas no momento tudo que ela queria era poder subir para o quarto de hospedes e só sair de lá quando tivesse algum posicionamento sobre o que Joe tinha feito, porque no momento ela só conseguia pensar em xinga-lo.

   - Divertido. – Disse Demi esboçando um tímido sorriso para Laura sem querer mostrar que estava para matar Joe a qualquer segundo.

  - Vocês estão com uma cara de cansados. Se estiverem com fome, tem bolo, biscoitos, suco e uma variedade de pratos na cozinha. – Disse Laura, que sorriu e arqueou uma sobrancelha olhando do sobrinho para Demi.

   - Obrigada. Eu preciso tomar um banho e trocar de roupa. – Disse Demi diretamente para Laura que assentiu a olhando e quando Demi apontou para as escadas, murmurou um pedido de licença e em questão de segundos já subia degrau por degrau rapidamente.

   - Que cara é essa? – Laura perguntou ao perceber como Joe parecia aflito e preocupado, ela o abraçou de lado e Joe a abraçou de volta e suspirou olhando na direção da escada.

   - Ela está muito brava comigo. – Murmurou envergonhado porque ele receberia uma bronca da tia quando ela soubesse de toda história. – A culpa é minha. – Disse de imediato quando Laura franziu o cenho.

   - Joseph, o que você fez? – Perguntou Laura levando a mão à cintura sem acreditar que Joe era capaz de deixar alguém chateado. Geralmente o rapaz era a pessoa mais tranquila e gentil para conversar e conviver.

   - Eu não quero contar aqui. – Disse Joe olhando para os lados porque sabia que a qualquer instante a casa poderia ficar cheia e a última coisa que ele queria era que boatos da vida pessoal com Demi se espalhasse entre os familiares. – Podemos conversar com meu quarto ou no seu? – Perguntou timidamente fitando os olhos verdes da tia que assentiu prontamente. Era bom ter a opinião e os conselhos de Ed, mas ter uma orientação feminina o ajudaria a entender melhor o ponto de vista de Demi. Joe até tinha amizade com Selena, mas sabia que ela pegaria o próximo avião para Nova York e acabaria com ele sem pensar duas vezes.

   - Vamos para o seu quarto, rapazinho. – Toda vez que Laura o chamava de rapazinho, Joe se lembrava de quando era criança e a tia o chamava pelo apelido para elogiá-lo e carinhosamente conversar com ele. – Nós aplicamos a insulina e conversamos no tempo de espera para você comer. – Joe assentiu e riu quando a tia o abraçou de lado para que eles pudessem caminhar juntos para o quarto. Depois de Clara, Laura era a pessoa da família que mais mostrava que se importava com ele em todos os aspectos. Joe a tinha como mãe e referência.

   - Finalmente! Que feira demorada. – Murmurou Derick assim que Joe abriu a porta do quarto. As histórias em quadrinhos eram o passatempo do rapaz que tinha perdido o melhor amigo para namorada. E quando Joe viu que as revistinhas estavam desorganizadas sobre a mesa do computador, automaticamente ele franziu o cenho e só não brigou com Derick porque o comentário sobre a feira o deixou de bochechas coradas porque Laura estava no quarto com eles.

   - Demorou quase uma hora e vinte minutos da cidade para cá. – Disse Joe se acomodando a cama, e a olhar para Derick, o rapaz olhava na direção do closet onde Laura buscava os materiais para aplicar a insulina. A sorte era que ele tinha deixado os preservativos dentro do saco de papel, caso contrário Joe tinha certeza que ficaria constrangido.

   - E onde está a Demi? – Derick perguntou se sentando ao lado de Joe, que revirou os olhos porque recebeu um soco no braço.

   - Está no quarto. – Murmurou Joe todo mal humorado porque ele queria poder desfazer toda aquela confusão que estava metido e que ainda tinha coisa para contar a Demi.

   - Braço ou barriga? – Laura perguntou já com a injeção pronta, mas acabou que quem aplicou foi Joe um pouco abaixo do umbigo. – O Derick sabe o que você aprontou? – Joe fez careta com a pergunta da tia que tinha saído para guardar os materiais.

   - Que ele beijou a Rose na noite da formatura? – Disse Derick olhando de Joe para Laura. Os olhos de Joe ficaram arregalados e o coração para sair pela boca. Será que aquelas paredes eram grossas o suficiente para Demi não ouvir o que Derick tinha dito? A situação era tão embaraçosa que ao olhar para tia, Joe coçou o cabelo da nuca porque Laura não parecia nada feliz.

   - Eu estava bêbado e não me lembro de nada. – Disse Joe como se a justificativa fosse livra-lo, mas pela cara de Laura, ele estava muito encrencado, e de fato estava. – Não é por isso que a Demi está brava. Ela ainda não sabe, e eu que vou contar. – Ele tinha que olhar para Derick porque sabia que quando o amigo ficava nervoso, acabava dizendo coisas sem nem pensar.

   - Joseph! – Disse Laura respirando fundo e Joe deu de ombros sem conseguir sustentar o olhar da tia. – Vocês homens não tem juízo, só pode! – Laura se sentou entre os dois rapazes e apoiou os cotovelos nos joelhos.

   - Não me lembro do que aconteceu. Eu jamais a beijaria. – Era a certeza que Joe tinha. Rose era como uma irmã e ele nunca pensou em romper aquela barreira. – A Demi está brava porque ela está com ciúme da Evelyn, uma amiga... E porque eu contei que quase a beijei. – Agora ele não tinha tido coragem para olhar para Laura, que revirou os olhos e murmurou.

   - Ela vai ficar muito brava. – Disse Derick e Joe só assentiu porque Demi faria um escândalo quando soubesse de Rose.

   - Eu disse que jamais tive a intenção de traí-la e que eu estava muito bravo quando cheguei aqui. – Explicou Joe olhando brevemente para tia porque ele sabia que precisava de ajuda para conseguir o perdão de Demi. – E eu realmente não tive. Eu só queria ajudar a Evelyn e conversar com ela. Nós temos gostos parecidos e estávamos passando por momentos ruins nos nossos relacionamentos. Ela é bonita e... Eu gosto da beleza dela. Gosto muito e quase aconteceu um beijo. – Tudo que ele tinha dito era o que realmente sentia. Joe descansou a cabeça na palma da mão e respirou fundo ao olhar para a mesinha do computador. – Eu não queria magoar a Demi. Eu a amo e me sinto péssimo. Não quero que o meu relacionamento com ela termine por isso. Eu sei que tive culpa, mas... – Murmurou frustrado.

   - Você vai ter que ser sincero com ela. Contar tudo que aconteceu da forma correta e aceitar as consequências. Não tem como ela não ficar magoada, querido. Você gostaria que ela fizesse o mesmo com você? – Perguntou Laura o olhando e Joe negou balançando a cabeça. – Você tem que entender que situações desse tipo ferem a confiança, e quando isso acontece, a outra pessoa se sente ameaçada e insegura porque ela não quer te perder. Ela só quer poder confiar em você e te amar. – Joe assentiu de cenho franzido, abraçou Laura e suspirou fundo quando teve a testa beijada carinhosamente. Ele sabia de tudo que a tia tinha dito, mas estava com medo da reação de Demi quando soubesse de Rose.

   - Eu não queria que nada disso tivesse acontecido. Era para ter sido a viagem perfeita, mas tudo está dando errado. – Joe se ergueu e se recostou na parede porque ele não fazia ideia do que poderia acontecer caso Demi tivesse acesso a uma das fotos dele com Rose e muito menos se ela ouvisse de uma pessoa que não era ele. – Eu planejei pedi-la em casamento. – Disse Joe e quando passou minutos e não houve resposta, o rapaz franziu o cenho quando encontrou a tia e o amigo o olhando. – Eu a amo, nós queremos ter filhos e.. Ela é incrível.

   - Luta por ela, peça perdão quantas vezes isso for necessário e mostra como você está arrependido por ter sido um idiota que beijou a Rose e quase beijou a Evelyn. – Joe assentiu olhando para Derick. Ele nunca pensou em desistir de Demi, só não sabia ao certo por onde poderia começar a corrigir os erros.


***

Joe não era mentiroso. Ele não a enganaria! Demi sabia que o namorado dizia a verdade, mas custava tanto separar a fantasia dele com Evelyn do que realmente tinha acontecido. A mente fazia questão de debochar dos sentimentos quando simulava os dois juntos trocando muito mais que beijos. Irritada, Demi se deitou bruscamente a cama e abraçou o travesseiro com força contra o corpo. Por que diabos aquele tipo de coisa tinha que acontecer? E porque ela tinha que se importar tanto a ponto de sentir o coração acelerar de raiva?! Ah! Era porque a ideia de Joe ter outra mulher a despedaçava.

  - Dem, o que foi? – Demi sabia que jamais deveria ligar para Selena e ficar calada nos primeiros segundos da ligação assustando a amiga. – Demetria, você está me assustando! Você está aí? – Perguntou Selena agoniada e Demi a respondeu quando se lembrou do bebê que a amiga carregava no ventre.

   - Oi Sel. – Ronronou Demi porque tudo que ela queria era poder ter Selena para abraça-la e mima-la. – Desculpa, eu não queria assustar você. – Disse se erguendo para que pudesse conversar melhor com a amiga.

   - Tudo bem, Dem. O que aconteceu? – Perguntou Selena porque ela conhecia Demi a ponto de entender que aquele silêncio e o tom da voz significavam que algo estava fora do normal.

   - Eu briguei com o Joe. – Murmurou Demi olhando na direção da porta de madeira escura. – Ele me contou que quase beijou uma amiga. – Resmungou Demi emburrada e de olhos fechados. – Eu estou com tanta raiva dele, que eu não sei o que posso fazer.

   - Ficar nervosa só vai te ajudar a perder a razão. – Selena sabia exatamente como Demi ficava quando tinha ciúmes e estava chateada. Acertar tapas em Joe e xinga-lo não resolveria a situação, bem pelo contrário, abriria uma brecha para que ele também se sentisse no direito de ofendê-la. – Respira fundo e me conta direito essa história. – Disse Selena calmamente e Demi assentiu fazendo o que amiga tinha pedido.

   - Nós passamos o dia juntos, ele veio dormir comigo no quarto de hospedes, mas ainda não aconteceu o que queremos... Hoje à tarde, nós doamos frutas no centro e no final do dia, fomos à feira porque o Joe queria que eu conhecesse o pessoal e ele queria comprar todas as comidas diferentes para eu experimentar. Até aí tudo bem, decidimos voltar para casa e no caminho esbarramos com ela.. Evelyn. Ela é bonita, Sel. Quando o Joe nos apresentou, ele não conseguiu disfarçar como estava tenso. Eu a cumprimentei normalmente e ela também. Eles se conheceram alguns dias atrás quando ela brigou com o namorado. Ela tem uma filha e o Joe foi a casa dela levar frutas. – Nenhum detalhe passava por despercebido quando o assunto era Joe. Demi se deitou a cama e murmurou porque ainda tinha mais coisa para contar. – Você sabe que eu mostrei que estava com ciúmes assim que fiquei sozinha com ele. – Murmurou Demi e Selena assentiu prontamente. – No carro ele disse “Eu amo você. Ok? Só que... Rolou um clima e eu quase a beijei.”. Eu disse muitas coisas a ele porque fiquei nervosa. Agora eu não sei o que fazer.

   - Vamos com calma. – Disse Selena. – Dem, você sabe muito bem que às vezes essas coisas acontecem. – Selena fechou os olhos e franziu os lábios porque ela sabia que Demi resmungaria palavrões como ela tinha acabado de fazer. – É um saco, eu sei. Mas ele contou para você e não a beijou. Se o Joe fosse um cara estúpido e egoísta, ele não contaria sobre hipótese alguma só para não te perder.

   - Selena! Eu não quero que essas coisas aconteçam comigo e com o meu namorado! Que aconteça com o seu, mas o meu jamais! Eu odeio a ideia de compartilhar o Joe com outra mulher e isso me mata. Eu só não quero perdê-lo porque eu o amo. Já que ele não é estúpido e egoísta, porque ele pensou com a cabeça de baixo? – Demi sabia que tinha dito mais do que deveria, e que a raiva só passaria quando ela descontasse em Joe.

   - Vamos com calma, Demetria! – Aquele tom de Selena, Demi conhecia muito bem para saber que lá vinha sermão. – O Detetive Pine não te lembra de alguma coisa? Você se lembra de como você flertou com ele quando nós o conhecemos? Aliás, eu não vou ser hipócrita! Também flertei com ele e contei para o Ed, sabe por quê? Porque nós dois temos maturidade suficiente para conversar sobre os homens e mulheres que sentimos certo tipo de atração. Eu sou uma mulher e amo o meu noivo, mas não quer dizer que sou Edsexual. O fato de conversamos sobre outras pessoas atraentes não quer dizer que vamos dormir com elas, só é normal e humano. Você deveria tentar entender o Joe mais que ninguém e pensar duas vezes antes de julgá-lo, até porque ele te contou algo que nem mesmo aconteceu.

   - Edsexual? Que droga, Selena! – Demi não sabia o que dizer e até se sentia mais calma e acabou rindo junto com a amiga. – Eu sei que você tem razão. Isso que vocês fazem é muito bom num relacionamento, só que eu não.. Eu confio no Joe, só que o meu medo de perdê-lo é muito maior. Não gosto nem de imaginar, Sel. – Demorou quase cinco minutos para que Demi conseguisse dizer tudo que sentia para Selena, e naquele tempo em silêncio não foi nada constrangedor e muito menos desconfortável.

   - Eu sei, meu anjo. Mas você pode tentar, o que acha? Conversa com o Joe, ele é o seu parceiro e eu tenho certeza que ele vai te ajudar a superar isso. – Conversar com Selena era tão bom que Demi estendeu a ligação até mesmo enquanto tomava banho, colocando-a no viva-voz. Naqueles minutos, foram muitas risadas e conversas aleatórias e depois concentradas exclusivamente no bebezinho de Sel, até que bateram à porta e Demi teve que desligar.

A esperança que fosse Joe encheu o coração de Demi de alegria e ansiedade, a moça até se preparou arrumando o cabelo e conferindo brevemente no espelho do banheiro se estava tudo nos conformes, e ao abrir a porta, foi uma surpresa porque Clara tinha um sorriso gentil nos lábios a esperando.

   - Querida, eu tenho algumas fotos de quando o Joseph era bebê, você gostaria de vê-las enquanto nós conversamos e comemos um tira gosto antes do jantar? – Como Demi podia negar a tanta gentileza e o sorriso sincero de Clara?

A avó de Joe era uma mulher que se mostrava bondosa e um exemplo de pessoa. Demi assentiu e timidamente seguiu Clara até a sala. Acomodada ao sofá, a vontade era de ajudar Clara com a bandeja com biscoitos e chá, mas a mulher era claramente uma anfitriã que adorava agradar visitas, então recusou a ajuda e educadamente serviu Demi e se serviu. A conversa entre as duas surgiu naturalmente com Clara contando sobre quando descobriu que a mãe de Joe estava grávida, Demi escutava atentamente e às vezes perguntava.

A história era de uma jovem apaixonada por cavalos e de um rapaz de boa família que vivia bons quilômetros de Marble Falls. Juliana e Antonio. Ambos de origem texana. A moça, segundo o que mostrava nas fotos, carregava lindos olhos cor de esmeralda herdados da família, cabelos escuros e longos enquanto a pele era mais clara. Já Antonio era moreno de cabelos castanhos, alto e forte, tinha um sorriso marcante e Clara destacava como ele era sonhador e tinha grande aptidão por ciência e tecnologia. Conheceram-se na adolescência nas ruas do centro da cidade, e meses depois se tornaram um casal quando Antonio se mudou com a família para o casarão nas terras dos Adams, que eram vastas e de solo rico. As fotos mostravam detalhadamente a gravidez de Juliana desde o primeiro mês. E era de se perceber como a jovem estava feliz por esperar um bebê mesmo ainda sendo muito cedo.

Três quilos e oitocentas gramas. Bochechas cheinhas e as pernas gordinhas. Joe era simplesmente um amor quando bebê. Ele era grande e na primeira foto, tinha acabado de nascer, razão pela qual ainda estava sujo e de olhos fechados. Nas próximas fotos, Demi não conseguiu conter o sorriso! Era o bebê mais fofo que ela já tinha visto! Na maioria das fotos, o pequeno Joseph estava nos braços da mãe e ele tinha o sorriso mais alegre e contagiante que um bebê poderia ter. Só era uma pena que as fotos com os pais só iam até o primeiro ano de vida do rapaz. Juliana e Antonio tinham partido cedo demais deixando todos de coração devastado e o pequeno Joseph sozinho no mundo. Quando Clara ficou emocionada ao contar sobre o acidente, Demi a abraçou e tentou não chorar para não piorar a situação, mas ainda sim derramou algumas lágrimas e segurou as mãos da mulher mais velha a olhando nos olhos:

   - Eu tenho certeza que eles estão orgulhosos do homem incrível que a senhora criou. O Joe é a pessoa mais gentil, simples e generosa que eu já conheci. Obrigada por criá-lo tão bem. – Demi sorriu quando Clara a abraçou novamente dizendo que só tinha feito o trabalho dela.

   - São as minhas fotos? – No mesmo instante que ouviu a voz calma dele, o coração acelerou e a melhor sensação de paz e amor a preencheu. Demi acompanhou o caminhar de Joe o olhando até que ele se sentou entre ela e Clara, ainda sem olhá-la porque pensava que ela estava chateada.

   - São, meu anjo. – Quando Clara olhou para Joe, ela sorriu porque ele usava os óculos de grau e tinha tirado toda a barba, o que o deixava com cara de menino. – Estou mostrando para Demi, quero que ela veja como você era fofo. – Disse Clara e as bochechas de Joe ficaram coradas! Demi sorriu e discretamente cobriu a mão de Joe com a dela mostrando que estava tudo bem, e porque estava envergonhado, ele não a olhou, apenas apertou as mãos e se aproximou um pouco mais para que pudessem ficar juntos.

   - Ah não, vó! Não mostra essa foto. – Resmungou Joe porque era uma foto que ele estava nu brincando na banheira de madeira com um dinossauro e cavalo de borracha. – Eu tinha quantos anos? Quatro? – Perguntou e Clara assentiu começando a contar a história da foto, que foi motivo para o riso de Demi e das bochechas super coradas de Joe.

   - Eu sabia que a senhora estava mostrando as fotos para Demi, então eu trouxe mais. – Disse Laura. Ela trazia consigo dois álbuns de fotos numa mão e Derick carregava mais um.

Quanto tempo eles ficaram conversando? Foram horas! Pelas fotos, Demi tinha conhecido toda família de Joe porque eram tantas histórias que nem mesmo o rapaz sabia. E como não podia ser diferente, o momento foi divertido e Demi se sentia mais conectada a Joe e de certa forma, parte da família que tinha a acolhido tão bem. Laura e Clara eram incríveis! Mais tarde Jon brevemente se juntou a eles para olhar as fotos, mas como estava cansado se despediu.

Joe tinha tantas fotos e ao ver cada uma delas, Demi se perguntava do porque que Dianna não tinha a fotografado daquela forma... A resposta da pergunta era óbvia, mas era difícil não pensar no por que. Nas fotografias de mais velho, Joe se mostrava um adolescente sério e de poucos sorrisos, os melhores momentos dele eram ao lado de Derick e Rose, que em vista do adolescente de treze/quatorze anos ainda eram crianças.

Quando descobriram que já era pouco mais de nove da noite, Clara tomou frente da cozinha e em dentro de trinta minutos todos jantavam uma bela macarronada com almôndegas, com a exceção do prato de Joe que era carregado com legumes e verduras.

   - Deixe-me ajuda-las. – Disse Demi a Clara e Laura, e como sempre a resposta foi negativa.

   - Obrigada Demi. Não se preocupe, é pouca coisa. – Disse Laura esboçando um sorriso gentil a Demi, que franziu o cenho e até tentou convencer a tia de Joe sustentando o olhar dela, mas Laura sorriu e a dispensou quando chamou por Joe.

   - Vamos lá fora? – Disse Joe a olhando nos olhos e Demi mordeu o lábio inferior. Era a primeira vez que ela o via com os óculos de grau desde o dia que tinha chegado. Não tinha nenhum problema abraça-lo, tinha? Demi o fez surpreendendo Joe, que abraçou-a forte e sorriu envergonhado porque a tia e a avó os olhavam também sorrindo. – Eu te amo. – Sussurrou apenas para ela antes de romper o abraço e o sorriso de Demi o encheu de felicidade.

   - Eu também amo você. – Disse Demi baixinho olhando para Joe toda apaixonada e eles só não trocaram um beijo porque não estavam sozinhos. – Nós vamos lá fora, você vem? – Perguntou Demi a Derick, ele até iria, mas quando pensou em assentir e olhou para Joe, coçou o cabelo da nuca.

   - Eu estou com sono, vou subir. Amanhã nós fazemos algo legal. – A desculpa de Derick era muito ruim, e quando Demi olhou para Joe que olhava para o amigo, ela revirou os olhos porque o namorado intimidava Derick justamente para ele não ir, mas ela não iria reclamar porque queria ficar sozinha com Joe.

   - Gostou das minhas fotos? – Perguntou Joe a abraçando por trás e Demi sorriu gostando muito do beijo que recebia no pescoço e da forma que era abraçada.

   - Gostei muito, você era uma gracinha. – Com jeito, ela conseguiu se virar e enlaçou os braços no pescoço e adentrou o cabelo curto da nuca com os dedos. – Quero que o nosso bebê seja fofo e lindo como você. – As palavras de Demi fizeram Joe perder o ar. Ele a abraçou pela cintura com mais força e franziu o cenho porque o coração bateu tão rápido.

   - E eu quero que seja uma menininha linda como a mãe. – Joe se curvou um pouco mais e quando encostou os lábios nos dela, o beijo foi como algo mágico que o fazia pensar apenas em Demi e em como a amava. E de tão envolvente que estava, as mãos dele desceram da cintura para o traseiro o apertando e quando os lábios já não estavam mais roçados aos dela, eles tiveram uma nova missão que era mordiscar e beijar o pescoço feminino. – Já que você não está mais brava comigo, quer conhecer a minha casinha na árvore agora? – Perguntou Joe um pouco ofegante porque eles não poderiam continuar trocando aquele tipo de carinho perto da entrada da casa, já que ele tinha ouvido o barulho da caminhonete alertando que alguém tinha chegado.

   - Eu adoraria, amor. – Toca-lo na ereção sobre o moletom não era nada de mais. E depois que o fez, Demi abraçou Joe e o beijou na bochecha logo descansando a cabeça no ombro assim como ele fazia. – Não estou brava e quero muito fazer amor com você exatamente agora. – Disse sussurrado e depois o mordiscou na orelha.

   - Eu também quero, Dem. Nós vamos passar a noite e a manhã toda juntos. Deus sabe lá quando vamos sair daquela casinha, pode ser daqui há dias ou quem sabe anos? – Sorrindo, Demi assentiu e deu uma série de selinhos nos lábios do namorado.

   - Quem sabe se vamos sair de lá um dia. – Disse Demi esboçando o melhor sorriso sapeca e Joe assentiu a abraçando.

   - Vamos fazer assim, eu vou me acalmar um pouco e depois nós subimos para pegarmos as nossas coisas e comida, o que você acha? – Perguntou Joe abraçando a namorada pela cintura, e infelizmente não deu tempo de Demi responder por que quando Lucas entrou no campo de visão de Joe, automaticamente ele ficou tenso e rígido.

   - Que sortudo que eu sou! – Aquele sorriso era tão desgraçadamente cínico! Não havia palavra melhor para descrevê-lo. Lucas apontou para caixa de pizza que tinha em mãos e gesticulou a cabeça na direção da porta da casa. – Eu realmente estava a procura do meu sobrinho e da minha sobrinha. Não sei se o Joseph já falou sobre mim. Sou Lucas, se você preferir, tio Lucas. – Quem o visse até poderia se enganar. Joe abraçou Demi com um pouco mais de força, não passando por despercebido por ela e muito menos por Lucas, que sorriu. – Eu trouxe pizza para você, dizem que nova-iorquinas amam pizza, ainda está quentinha. – Disse mostrando novamente a caixa e Demi sorriu envergonhada.

   - Muito obrigada, Lucas. Mas nós acabamos de comer. – Disse Demi sem conseguir ser simpática como era com Laura e com os outros parentes de Joe porque ele tirava toda a atenção que ela tinha em Lucas, por conta da cara emburrada e o abraço apertado.

   - Só uma fatia, hum? Nós podemos conversar um pouco enquanto comemos, comprei a pizza pensando em você... Quero conhecer melhor a namorada do meu sobrinho. – O olhar de Lucas era tão intimidante e o fato de Demi querer agradar a todos a obrigava a aceitar o convite, até porque ela sabia que seria falta de educação recusar a pizza. Talvez uma mordida ou outra à pizza enquanto conversavam seria o suficiente para que Lucas não pensasse que ela estava fazendo desfeita.

   - Tudo bem. – Disse Demi sorrindo e quando tentou desfazer do abraço de Joe, deu muito trabalho a ponto de ela ter que olhá-lo e intimidá-lo com o olhar para que pudesse caminhar.

   - Dem, nós não íamos caminhar agora? – Perguntou Joe. Ele só tinha dado espaço para ela dar dois passos e não conseguir mais sair do lugar porque segurava a mão dele, que continuava estático.

   - Joe.. – Murmurou Demi o olhando e Joe desviou o olhar do dela para Lucas.

   - Relaxa, Joseph. Eu não vou contar as coisas que você aprontava quando moleque. – Era claramente uma brincadeira, e Joe ficou tão sério que Demi não entendeu o que estava acontecendo. – Relaxa, cara! Ele é assim desde pequeno. Sempre tentamos enturma-lo com os outros meninos, mas ele só queria saber de ficar sozinho ou de brincar de boneca com a filha de uma amiga da família. – A proximidade de Lucas ia além do confortável, ele até tocou o ombro de Demi com uma mão e sorriu para o sobrinho.

   - Lucas! – A forma como Laura abordou Lucas foi ríspida. Sempre acontecia porque depois do abuso há dez anos, deixar Joe perto de Lucas sozinho não era uma boa opção. – Eu preciso falar com você agora. – Disse Laura olhando brevemente para Joe, que entendeu facilmente o recado da tia.

   - Você ainda está me devendo uma conversa, princesa. – Disse Lucas depois de beijar a bochecha de Demi. Joe quase o atacou. Se ele tivesse a visão de calor do Superman... Adeus Lucas!

   - Se você estiver sozinha e ele aparecer, por favor, inventa qualquer desculpa e procura alguém de confiança para ficar com você. Pode ser eu, a vovó, a tia Laura, o Derick, o tio Jon.. Só não fique sozinha com ele. – Disse Joe tão sério olhando nos olhos de Demi, que assentiu porque pelo visto ela não tinha outra opção.

   - Eu não estou entendendo. – Disse Demi olhando na direção da porta para depois olhar nos olhos de Joe.

   - Ele não é uma boa pessoa. É uma longa história... Eu não quero me estressar com isso hoje, prometo que depois eu conto. – Joe sabia que se contasse para Demi o que tinha acontecido no celeiro quando ele era apenas um garoto, eles não conseguiriam aproveitar o tempo juntos e muito menos namorar. – Eu já estou bem, vamos subir? Hoje à noite eu só quero gastar as minhas energias com você, meu amor – Sorrindo, Joe a abraçou pela cintura e roubou um selinho fazendo Demi também sorrir.

   - Vamos. – Era muito bom olhar para cima e encontrar os lindos olhos de Joe a olhando. Fazendo jus ao apelido, Demi abraçou o namorado e se roçou a ele como uma gata manhosa distribuindo beijinhos no pescoço e no maxilar quando Joe se curvou para beija-la na boca. – Isso é tão bom. – Ronronou sentindo as mãos grandes acariciá-la nas costas e depois apertá-la contra o corpo másculo e quente. Demi até suspirou porque adorava quando eles ficavam enroscados um no outro trocando carinhos.

   - É muito bom, princesa. – Mordiscá-la na orelha era demais, e Demi tornou a suspirar e retribuiu o carinho beijando o pescoço do namorado enquanto o coração quase saía boca a fora de tanta adrenalina, porque quando o vento bateu, ela se lembrou de que eles ainda estavam no lado de fora da casa, ou seja, alguém poderia flagrá-los a qualquer momento.

   - Por que a gente não está subindo? – Perguntou Demi envolvendo o pescoço de Joe com os braços, e ele fez a melhor cara de pensativo olhando brevemente para o céu escuro e estrelado para depois olha-la esboçando um sorriso lindo.

   - Sabe por quê? Você é linda demais e eu sou apenas um pobre homem apaixonado que não consegue resistir a um sorriso da minha gatinha gostosa. – Ele até roçou o nariz ao dela e carinhosamente o beijou na pontinha fazendo Demi sorrir de olhos fechados porque esperava por um beijo nos lábios. – Por que você é tão linda assim e me deixa louco desse jeito? – Sussurrou, brevemente beijou-a com um selinho para depois beijá-la atrás da orelha. – Eu sou louco por você, sabia? – Se Joe continuasse a abraçando daquela forma possessiva a beijando com carinho, Demi sabia que eles se acabariam no primeiro cômodo vazio que encontrassem.. Ou talvez nem precisaria ser num ambiente fechado. A ideia era muito boa, mas naquelas circunstâncias jamais deveria ser executada.

   - Eu também sou louca por você, coisa gostosa. – Ficar longe dele era tão ruim, mas Demi teve que romper aquele abraço porque não resultaria em boa coisa se eles continuassem colados daquela forma. – Agora vamos? Você tem que me mostrar a sua casinha na árvore. – Sorrindo, ela começou a caminhar e riu quando Joe a abraçou por trás a beijando exageradamente na bochecha.

   - Você está ansiosa para conhecer a casinha na árvore? – Ele perguntou mesmo estando corado por ter roçado o corpo ao dela mais do que deveria, e quando Demi o olhou sobre o ombro, ela sorriu assentindo porque era muito bom saber que Joe já estava pronto... – Se comporta. – Pediu parando para olha-lo lá em baixo antes que pudessem adentrar a casa, e Joe deu de ombros ainda corado e todo risonho olhando para o céu.

   - Vamos logo, ninguém vai perceber. – Disse Joe e Demi arqueou uma sobrancelha. A calça não era muito apertada, mas também não era folgada o suficiente para ajudar a disfarçar a ereção. – É só a gente passar correndo. – Quando ele começou a correr puxando Demi pela mão, lembrou-se de quando era pequeno e sempre estava correndo a andar normalmente, e como de costume, Clara brigava com ele. A única diferença era que quando era pequeno, terminar de subir a escada não o deixava tão ofegante, agora.. Joe chegava estar um pouco vermelho e ele riu porque Demi também estava.

   - Agora eu vou ter que tomar outro banho, Jonas. – Resmungou Demi e Joe sorriu e respirou fundo algumas vezes para recuperar o fôlego.

   - Você está achando ruim ter que tomar outro banho. Eu estou certo sobre você ser uma gatinha. Gatos não gostam de tomar banho. – Era apenas uma brincadeira, mas Demi revirou os olhos e assentiu negativamente o olhando. – Estou brincando. – Disse se aproximando para abraça-la e Demi se aninhou aos braços dele de bom grado.

   - Eu sei, bobão. Agora vamos? – Do jeito que eles estavam, não demoraria muito para que alguém aparecesse para flagrá-los. Joe quase não deixou Demi entrar no quarto, e ela confessava que nem queria entrar.. Mas o fez empurrando o namorado pra longe do corpo e sorrindo sapeca porque sabia que passar a noite na casinha da árvore renderia boas histórias e poderia ser a melhor noite de amor de toda a vida com o homem que amava.

   - Que cara de idiota é essa? – Derick perguntou assim que Joe adentrou ao quarto todo sorridente e sonhador.

   - Você precisa de uma namorada urgente! – Disse o rapaz pensando em como Demi o fazia feliz como ninguém e nada nunca o fez. – Eu vou passar a noite com a Dem na casinha da árvore. – Comentou do closet mais concentrado em buscar por um lençol sem estampas de super heróis, talvez um branco ou cor de champanhe cairia bem... E pela última opção Joe escolheu. Quando foi a vez da coberta, resolveu levar a mais fina e leve porque não queria arriscar que Demi sentisse frio, mesmo que no Texas fazia muito calor.

   - Você não vai fazer nada com ela lá, vai? – Perguntou Derick de olhos arregalados adentrando o closet e Joe mordeu o lábio inferior. – Que droga, Joseph! Nós deveríamos ter um trato de nunca levar garotas para lá.. para fazer essas coisas. – Murmurou envergonhado e Joe sorriu.

   - Ela não é qualquer uma, é a mulher que eu amo que estou levando para a nossa casinha. – Disse olhando para o amigo. – Provavelmente nós vamos fazer amor, mas também vamos nos divertir juntos, conversar, namorar.. E eu estou pensando em pedi-la em casamento agora. – A palavra casamento deixou Derick de olhos arregalados, ele coçou a nuca e franziu o cenho pensando na conversa de Joe e Laura mais cedo.

   - Eu acho que é melhor você esperar e só pedir quando tudo estiver resolvido entre vocês. Ela vai ficar muito magoada se souber depois. – Disse Derick depois de pensar muito na situação e Joe o olhou com curiosidade enquanto separava três camisas e duas cuecas. Ele ainda tinha que passar na cozinha.

   - Bem.. – Murmurou Joe saindo às pressas do closet para colocar tudo o que tinha separado na mochila. – Você tem razão, acho que vou esperar mais alguns dias, mas quero pedi-la aqui no Texas. – Mesmo estando com pressa, Joe verificou se as alianças de namoro estavam na mochila, e ao se lembrar do anel de noivado da família que Clara tinha dado a ele, o rapaz se aproximou do closet e abriu a caixinha que guardava a joia... – Você viu o anel que estava aqui? – Perguntou Joe procurando pela peça sobre o tampo do criado-mudo, mas não havia nada.

   - Eu não faço a mínima ideia do que você está falando. – Disse Derick mais interessado em ler a revista em quadrinhos e mexer no celular a olhar para Joe.

   - É o anel que a vovó me deu.. Ele era da minha mãe e vai ser da Demi. – Resmungou ainda procurando pelo anel e tentando se lembrar se ele realmente tinha o guardado naquela caixinha, mas naquele tipo de situação, nenhuma lembrança colaborava. – Eu vou pedi-la em casamento com esse anel. – Explicou ainda envolvido em procurar a joia, mas quando ouviu a batida à porta, a atenção foi focada em Demi.

   - Joseph, você é tão lerdo. – Disse Demi assim que adentrou o quarto. Ela já estava com tudo pronto, e pelo cheiro delicioso, Joe sabia que ela tinha tomado outro banho. – Estou brincando. – Demi riu de como Joe ficou todo sem jeito, e também se sentiu culpada porque não gostava quando o namorado ficava deslocado daquela forma. Então ela deu um beijo na bochecha dele, o que deveria melhorar as coisas, não deixar Joe de bochechas supercoradas.

   - Eu já arrumei tudo que vou levar, eu só vou tomar um banho rápido, cinco minutos. Você espera? – Joe tinha Demi nos braços e a mantinha pertinho dele. As bochechas só estavam coradas porque Derick estava ouvindo e vendo tudo.

   - Espero. – Sorrindo, Demi abraçou o namorado e quando teve a testa beijada, ela fechou os olhos e beijou o peito largo.

   - Então vou tomar banho, vocês ficarão bem? – Perguntou a Derick e Demi, que assentiram trocando um breve olhar. As ideias estavam a mil e ele tinha que ser rápido. Quando adentrou o banheiro, Joe quase tropeçou porque ele fazia tudo muito rápido para não deixar Demi esperando. E também chegaria num ponto que Derick não saberia mais improvisar, já que ele tinha se aproximado com as mesmas revistas em quadrinhos para discuti-las com Demi.

A sorte era que ele tinha tirado a barba mais cedo, caso contrário tira-la agora demoraria muito! A decisão de se barbear veio do nada, e quando percebeu, ele estava sem barba parecendo o Joe de seis meses atrás que gaguejava muito e era todo atrapalhado. Ele tinha mudado e estava feliz. Pensando em felicidade, Joe tirou a roupa o mais rápido possível e adentrou o Box quando estava nu. Será que era uma boa ideia passar a noite com Demi na casinha da árvore? E se ela ficasse com medo, receio e tensa? Era um pouco alto e à noite fazia frio. A noite tinha que ser deles! E pensando em como poderia fazer para deixar tudo perfeito, Joe sorriu enquanto colocava shampoo nas mãos para lavar o cabelo.

   - Derick! – Chamou alto e quando passou alguns segundos e o amigo não pareceu, Joe o chamou novamente duas vezes até que Derick bateu à porta perguntando o que ele queria. – Entra. – Era a primeira vez na história que acontecia algo daquele tipo, e Joe colocou a cabeça fora do Box para olhar o amigo, que estava de costas para ele.

   - Que droga, Joseph. Espero que ela não pense que nós somos gay. – Resmungou Derick e Joe fez careta. Ele nunca nem mesmo pensou na ideia de gostar de homens daquela forma...

   - Eu me garanto. – Brincou jogando um pouco de água em Derick, que o olhou feio. – Estou brincando, eu só queria saber se você pode pegar algumas rosas da vovó, trocar o lençol do colchão da casinha e forrar o sofá. Quero que tire as pétalas da rosa e as jogue no colchão e no sofá. – Explicou voltando a se ensaboar para agilizar o banho.

   - Joseph, eu não vou nem tocar nas rosas da sua avó. Ela me mata! – Resmungou Derick. – Você sabe como ela é ciumenta com aquelas flores.

   - Você tem razão, então fica com a Dem enquanto eu faço isso? – Perguntou desligando o chuveiro e Derick murmurou um sim saindo dali o mais rápido possível porque não iria rolar de forma alguma ver o melhor amigo nu. – Eu só vou me vestir e preciso de vinte minutinhos. – Disse Joe a Demi e ela arqueou uma sobrancelha o olhando, mas assentiu;

Ir ao quarto da avó desejar boa noite foi a estratégia perfeita para Joe conferir se Clara já estava acomodada para dormir para não flagra-lo mexendo nas rosas. Mas quando chegou ao quarto, Clara já dormia tranquilamente, Joe só a beijou na testa e a cobriu com a coberta um pouco mais porque a avó sempre reclamava que sentia muito frio à noite. Pelo visto todos estavam em seus respectivos quartos se ajeitando para descansar para mais um dia.

As roseiras de Clara eram tão bem cuidadas e havia rosas de quatro cores: vermelhas, rosas, amarelas e brancas. Como era romântico, Joe optou pelas vermelhas. Ele teve que procurar as flores mais escondidas para a avó não suspeitar de nada, caso contrário ele estaria muito encrencado. E por culpa da pressa, Joe tinha trago apenas uma faquinha de cortar pão para tirar a rosa, o que ajudou pouco e ele acabou com alguns dedos espetados, porém também com quatro rosas vermelhas.

   - Se a mamãe te pegar mexendo rosas, ela vai surtar. – O coração de Joe quase saiu boca a fora. E ao olhar para trás, ele franziu o cenho para Lucas. Como diabos tinha se esquecido de que a caminhonete estacionada ali pertinho era do tio?

   - Ela não vai ficar sabendo de nada. Quem é que vai contar? – Desafiou se levantando e Lucas umedeceu os lábios antes de sorrir e se aproximar de Joe ficando com o rosto a centímetros do dele.

   - Não sei, não faço ideia... Ninguém viu. – Disse Lucas sustentando o olhar de Joe. – Mas tem muita gente que viu você dando uns bons amassos com a Rose. Ela é até gostosinha, eu só não pego porque não gosto de crianças. – Sorrindo, Lucas olhou para os lados e quando voltou a olhar para Joe, gostou muito de ver como o sobrinho estava a um passo de surtar de raiva. – Vamos fazer o seguinte: Eu garanto que as fotos ficarão longe da sua namorada. – Disse pegando uma das rosas da mão de Joe para cheirá-la. – Vai simplesmente desaparecer do nada, e em troca, você vai levar a sua gatinha para o meu apartamento.. Nós vamos beber alguma coisa forte, e quando ela estiver muito soltinha, você vai deixar a gente brincar com ela e vai assistir calado.

Por segundos, Joe pensou exatamente em como ele queria Lucas: muito machucado. E o primeiro soco que atingiu o rosto do tio não foi nem o suficiente para satisfazê-lo. Depois que acertou outro soco e desviou do de Lucas, Joe o empurrou bruscamente contra a caminhonete, que só não fez muito barulho porque estava destravada.

   - Respira perto dela. Pense nela. Faça qualquer coisa que a envolva que você é um hom.. um homem. – Disse Joe entre dentes segurando Lucas pela gola da camisa. – Que você vai para cadeia ficar junto com estupradores nojentos e sociopatas como você. – Lucas não conseguiria estragar aquela noite. Ninguém conseguiria. Joe derramou algumas lágrimas porque estava nervoso, pegou as rosas caídas na grama e começou a caminhar na direção da casinha na árvore onde ele teria a melhor noite de amor com a mulher que amava.

Por que ele tinha que passar por aquele tipo de coisa? Por que não dava para ser normal estando em casa? Ficar nervoso e de coração disparado não era bom.. Joe se recostou a árvore onde ficava a casinha e olhou para o casarão onde morou durante toda a vida. Era tão grande, tão rico e não faltava nada. E mesmo assim, toda vez que ele se lembrava de quando era criança e adolescente, só conseguia pensar em como era horrível se sentir sozinho, constrangido e humilhado. Tudo porque ele era órfão e o tio queria usa-lo como um brinquedo. Havia a parte boa, que era ter pessoas como a avó, Laura, Jon, Derick e os demais familiares, mas ainda sim ele se sentia sozinho e reprimido. Talvez Demi tinha razão em estar receosa sobre aquela viagem. E como ele não pensou em como Lucas o tiraria do sério? Era sempre daquela forma e não iria mudar.

Foram alguns minutos parado olhando para o nada pensando nas coisas ruins que Lucas já tinha feito quando ele era pequeno debaixo do próprio teto e na escola, Joe só voltou a realidade quando viu que o maldito estava indo embora. Foram muitos palavrões que Joe insultou o tio mentalmente. E a cada um deles, o coração batia mais rápido e os punhos quase cerrados. Se não fosse o espinho da rosa para machuca-lo, Joe não teria se acalmado. Ele olhou para a flor e pensou em Demi. Lucas não era uma ameaça para Demi porque ele jamais permitiria. Não tinha porque se preocupar, qualquer coisa a polícia seria acionada e não demoraria nada para Lucas ficar no lugar do qual pertencia: a cadeia.


   - Eu adoro ouvir o barulho dos grilos. – Disse Demi. Ela não sabia para onde olhar porque o céu estava lindo todo estrelado, ao olhar para trás o casarão também era lindo iluminado com uma luz baixa que era refletida na água da piscina. Mas a casinha na árvore era a grande atração da noite. E mesmo que estivesse com um pouco de medo porque onde a árvore estava era longe da casa e depois dela tudo estava escuro, Demi estava animada para a noite.

   - Eu também. Depois nós podemos pegar alguns vaga-lumes e coloca-los dentro de um pote de vidro. – Disse Joe ao ver a luz do inseto por entre a grama onde passavam.

   - Joseph! É muita maldade. – Comentou Demi abraçando mais o namorado porque ela estava com um pouquinho de medo.


   - Mas é divertido. Depois é só soltá-los. – Ele esboçou o melhor sorriso de menino e se curvou para beijar a bochecha da namorada. – Espero que você goste. – Estavam em frente a árvore onde ficava a casinha, e ansiosos, sorriram quando se olharam. Seria a melhor noite de todas. 

Continua... Oii! Tudo bem com vocês? Eu tô bem :) Resolvi postar esse capítulo do tamanho que está porquê o que acontecerá de agora em diante virá em muitas e muitas páginas e eu achei que ficaria muito demorado e longo esse capítulo, caso resolvesse colocar essas partes que comentei com vocês nele.. Mas espero que vocês tenham gostado da forma como está. O próximo capítulo será muito focado no nosso casal, teremos algumas conversas... romance e acho que está na hora da Demi conhecer pessoalmente a Rose, não acham? :) Espero que vocês gostem! Um abraço para vocês e muito obrigada pelos comentários! Até breve, se Deus quiser. Beijo <3
ps.ainda vou revisar